idecan sociologia

7/23/2019 IDECAN SOCIOLOGIA

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CADERNO

DE QUESTÕES

SOCIOLOGIA

EDITAL 47/2014

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃOCOLÉGIO PEDRO II

CONCURSO PÚBLICO




CONCURSO PÚBLICO – COLÉGIO PEDRO II

Sociologia Prova aplicada em 01/02/2015 – Disponível no endereço eletrônico www.idecan.org.br a partir do dia 02/02/2015.

‐ 2 ‐

SOCIOLOGIA

01

“[...] pode‐se verificar que pelo menos três tipos de recortes são reiterados nas propostas para o ensino de Sociologia no nível médio e encontráveis nos parâmetros curriculares oficiais, nos livros didáticos e mesmo nas escolas. [...] A

tendência é que os professores, os livros e as propostas apresentem esses recortes separadamente quando não optam

por trabalhar somente com um deles. O que se propõe aqui para a reflexão dos professores é que esses recortes possam ser tomados como mutuamente referentes, isto é, rigorosamente seria impossível trabalhar com um recorte sem se referir aos outros. O que é possível é tomar um deles como ‘centro’ e os outros como referenciais.” (Disponível em: BRASIL, MEC. Ciências humanas e suas tecnologias / Secretaria de Educação Básica. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria

de Educação Básica, 2006, pp. 116‐117. Orientações curriculares para o ensino médio; volume 3.)

Nas Orientações Curriculares para o Ensino Médio, de 2006, são identificados três recortes para o ensino de Sociologia, presentes nos currículos oficiais e nas escolas. Os três recortes identificados são A) conceitos, temas e teorias. C) conceitos, temas e pesquisa social. B) temas, teorias e pesquisa social. D) temas, conceitos e epistemologia.

02

“Este Parecer visa a atender os propósitos expressos na Indicação CNE/CP 06/2002, bem como regulamentar a alteração

trazida à Lei

nº

9.394/96

de

Diretrizes

e Bases

da

Educação

Nacional,

pela

Lei

nº

10.639/2003

que

estabelece

a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro‐Brasileira e Africana na Educação Básica. Desta forma, busca

cumprir o estabelecido na Constituição Federal nos seus Art. 5º, I, Art. 210, Art. 206, I, § 1° do Art. 242, Art. 215 e Art. 216, bem como nos Art. 26, 26 A e 79 B na Lei nº 9.394/96 de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que asseguram o direito à igualdade de condições de vida e de cidadania, assim como garantem igual direito às histórias e culturas que compõem a nação brasileira, além do direito de acesso às diferentes fontes da cultura nacional a todos brasileiros.” (Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico‐Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro‐Brasileira e Africana. Disponível em: http://www.acaoeducativa.org.br/fdh/wp‐content/uploads/2012/10/DCN ‐s‐Educacao‐das‐Relacoes‐Etnico‐Raciais.pdf. Acesso

em: 30/09/2014.)

Essencial no contexto de uma sociedade que visa a democratizar suas relações étnico‐raciais, a legislação em tela entende que a obrigatoriedade de inclusão de História e Cultura Afro‐Brasileira e Africana nos currículos da Educação

Básica

corresponde

a

A)uma medida paliativa, que compensa os danos causados pelo racismo. B) um desagravo público, evidenciando a luta pela revalorização da África. C) um movimento irreversível da história, calcado na luta de classes. D) uma decisão política, com fortes repercussões pedagógicas.

03 “Em 2013, registraram‐se 847 áreas em conflito no Brasil. Nessas áreas, 99.798 famílias estiveram envolvidas. Esse número é ligeiramente menor que o de 2012 (110.130). Mesmo assim, o número de conflitos, em 2013, atingiu uma cifra que é amplamente superior à média anual do período 1985‐2006, que foi de 671 (Vide Atlas dos Conflitos no Campo Brasileiro). Ao longo dos 20 anos analisados no Atlas de Conflitos no Campo Brasileiro ‒ 1985‐2006 (CPT‐LEMTO‐

GeoAgrária, 2013)

‒, o período

entre

2003

e 2006,

no

primeiro

mandato

de

Lula,

foi

o que

registrou

o maior

número

de

conflitos [1.690], de famílias envolvidas [1.190.578 pessoas envolvidas] e de outros indicadores de violência [73 assassinatos]. Nos últimos três anos, no governo Dilma, a média anual supera as médias anuais de todos os períodos analisados no Atlas, exceto o período 2003‐2006.”

(Comissão Pastoral da Terra. Conflitos no Campo – Brasil 2013. Goiânia: CPT Nacional – Brasil, 2013, p. 19. Adaptado.)

Segundo o sociólogo José de Souza Martins, em sua obra Os camponeses e a política no Brasil , o aspecto estrutural do

espaço agrário brasileiro que explica a ocorrência dos conflitos como aqueles descritos pela Comissão Pastoral da Terra é a A) concentração fundiária que determina a sujeição do trabalho aos fazendeiros. B) manutenção dos arcaísmos que mantêm mecanismos de dominação pré‐capitalistas. C) posse da terra nas mãos dos latifundiários que controlam o Estado e o capital.

D) debilidade

da

classe

média

camponesa

que

cria

uma

situação

de

instabilidade

social

e conflito.






‐ 3 ‐

04 “A generalização espantosa das favelas é o principal tema de The

challenge

of

slums (O

desafio

das

favelas), relatório histórico e sombrio publicado em outubro de 2004 pelo Programa de Assentamentos Humanos das Nações Unidas (UN‐Habitat ). Essa primeira auditoria verdadeiramente global da probreza urbana, que segue as famosas pegadas de Friedrich Engels, Henry Mayhew, Charles Booth e Jacob Riis, é ponto culminante de dois séculos de reconhecimento científico da vida favelada, que teve início em 1805 com Survey of poverty in

Dublin (Estudo

da

pobreza

em

Dublin), de James Whitelaw. É também a contrapartida empírica há muito esperada das advertências do Banco Mundial da década de 1990 de que a pobreza urbana se tornaria ‘o problema mais importante e politicamente explosivo do próximo

século’.”

( DAVIS, Mike. Planeta favela. São Paulo: Boitempo, 2006, p. 31.)

Ao analisar a generalização das favelas, Mike Davis relaciona esse processo

A) à crise estrutural do capitalismo. B) ao desenvolvimento do capitalismo neoliberal. C) à periferização do capital. D) ao processo de industrialização hipertardia.

05

O arrastão que levou pânico a praias da Zona Sul do Rio, num domingo de verão fora de época, duas semanas atrás,

terminou

com

mais

de

50

pessoas

detidas.

Entre

os

envolvidos

encaminhados

à

delegacia,

a

grande

maioria

era

de

menores de idade. [...] A redução do limite de idade para a imputação criminal precisa entrar na pauta do país, assim

como, por subjacente, o aperfeiçoamento da rede de acolhimento de jovens delinquentes e dos dispositivos correcionais, uma obrigação do Estado. (Editorial. Nossa Opinião. Fora da realidade. O Globo, 22/09/2014. Disponível em http://oglobo.globo.com/opiniao/fora‐da‐realidade‐13994876.

Acesso em: 14/12/2014.)

“É preciso ter muita coragem para pegar uma arma e cometer um assalto, correndo o risco de morrer. Quem tem

alternativa não faz isso. [...] No fim, tenho muita pena de quem enfrenta a pressão de ter que roubar para lutar por um

mínimo de dignidade e tenho certeza que esse tipo de criminalidade somente pode ser combatido por meio da diminuição da odiosa desigualdade social.” (Filipe Fialdini. Outra Opinião. Dar opções em vez de punir. O Globo, 22/09/2014. Disponível em http://oglobo.globo.com/opiniao/dar ‐opcoes‐

em‐vez‐de‐ punir ‐13994935. Acesso em: 14/12/2014.)

O debate sobre a redução da maioridade penal no Brasil está intimamente relacionado à abordagem midiática da violência nas cidades. Dentre as diferentes abordagens que a Sociologia faz desse fenômeno, uma chave analítica desenvolvida pelo sociólogo francês Loïc Wacquant se sustenta no argumento de que A) a violência urbana é um fenômeno residual nas sociedades cujos padrões de agressividade foram controlados pelo

padrão da civilização ocidental. B) os territórios da pobreza urbana produzem efeitos sociais que engendram uma desapropriação simbólica que

estigmatiza sua população. C) a delinquência urbana está associada a padrões ecológicos de comportamentos desviantes presentes em áreas de

degradação moral nas cidades industriais.

D) o comportamento

criminoso

nas

cidades

demonstra

como

a quebra

do

estilo

de

vida

interiorano

é destruída

pela

velocidade da vida urbana.

06

A socióloga Maria da Glória Gohn, na obra Teoria dos Movimentos Sociais, faz um levantamento e uma análise dos principais paradigmas clássicos e contemporâneos na abordagem e estudo dos movimentos sociais. A autora argumenta que uma das contribuições do paradigma marxista para o estudo dos movimentos sociais foi a introdução

do conceito de A) assimilação. B) identidade. C) conflito. D) cidadania.






‐ 4 ‐

07

“É preciso que, por meio de uma colaboração entre a tradição coletiva e a invenção individual, se elabore e se modifique continuamente uma estrutura, isto é, um sistema de oposições e de correlações que integre todos os elementos de uma situação total em que feiticeiro, doente e público, representações e procedimentos, encontrem cada qual o seu lugar.”

(LÉVI ‐STRAUSS, Claude. O feiticeiro e sua magia. In: Antropologia estrutural I. São Paulo: Editora Cosac Naify, 2008, p. 197.)

A teoria da eficácia simbólica, formulada pelo antropólogo Claude Lévi ‐Strauss, encontra‐se ancorada na sua

concepção

estrutural,

segundo

a

qual

A) os sistemas de representação social são reflexos da vida material que os agentes desenvolvem sobre suas ações. B) os sistemas simbólicos formam uma teia de significados que estruturam as relações entre os indivíduos e os grupos. C) as relações sociais empiricamente observáveis constituem a estrutura das sociedades que determinam suas visões de

mundo. D) as relações sociais são a matéria‐prima para a construção dos modelos que se manifestam na estrutura social.

08 “Para o relacionamento das ideias religiosas fundamentais do protestantismo ascético com as suas máximas da vida econômica cotidiana, é preciso, antes de mais nada, recorrer aos escritos teológicos decorrentes da prática sacerdotal.”

(WEBER, M. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Pioneira, 1987, p. 110.)

Professado especialmente

pelo

puritanismo

britânico,

o ascetismo

é um

dos

fatores

que

impulsionam

o “espírito

do

capitalismo”. Ao mesmo tempo utilitarista e religiosa, essa ética A) liberava o clero para viver de forma contemplativa e pietista. B) condenava o livre usufruto da riqueza e o consumo do luxo. C) legalizava o comércio e a produção manufatureira. D) proibia o metodismo e as seitas batistas.

09

“O Estado moderno, o qual tem por único objetivo a organização, na mais vasta escala, da exploração do trabalho, em

proveito do capital, concentrado em pouquíssimas mãos; o que significa o reino triunfante da judiaria e dos grandes bancos sob a poderosa proteção das autoridades fiscais, administrativas e policiais, que se apoiam, sobretudo, na força

militar, despótica,

por

conseguinte,

em

sua

essência,

mas

que

se

abrigam,

ao

mesmo

tempo,

atrás

do

jogo

parlamentar

de um pseudorregime constitucional. A indústria capitalista e a especulação bancária modernas necessitam, para se desenvolverem em toda a amplitude desejada, destas grandes centralizações estatais, que, sozinhas, são capazes de submeter à sua exploração os milhões e milhões de proletários da massa popular.”

(BAKUNIN, Mikhail. Estatismo e Anarquia. São Paulo: Editora Imaginário, 2003, p. 35.)

“O Estado é o produto e a manifestação do antagonismo inconciliável das classes. O Estado aparece onde e na medida em que os antagonismos de classes não podem objetivamente ser conciliados. E, reciprocamente, a existência do Estado prova que as contradições de classe são inconciliáveis.”

(LENIN, Vladimir. O Estado e a Revolução. Campinas: FE/UNICAMP, 2011, p. 37.)

A partir de perspectivas teórico‐ideológicas distintas, Mikhail Bakunin e Vladimir Lenin desenvolveram teorias críticas do Estado capitalista. Ao comparar as afirmações anteriores, encontram‐se semelhanças entre os autores, como o

entendimento do Estado como instrumento de dominação de classe. Entretanto, a teoria bakuninista se difere da leninista por entender o Estado como A) superestrutura jurídico‐política. C) fator da acumulação capitalista. B) estrutura de opressão política. D) entidade abstrata.






‐ 5 ‐

10 “A convergência de interesses burgueses internos e externos fazia da dominação burguesa uma fonte de estabilidade

econômica e política, sendo esta vista como um componente essencial para o tipo de crescimento econômico, que

ambos pretendiam, e para o estilo de vida política posto em prática pelas elites (e que servia de suporte ao padrão

vigente de estabilidade econômica e política).” (FERNANDES, Florestan. A revolução burguesa no Brasil: ensaio de interpretação sociológica. 2ª edição. Rio de Janeiro: Zahar, 1976, p. 207.)

Florestan Fernandes desenvolveu a noção de autocracia burguesa para designar a estrutura de dominação de classe

no Brasil

e,

por

extensão,

na

América

Latina.

Procurando

atualizar

a teoria

marxista,

considera

que

o sistema

de

dominação autocrático burguês corresponde, dialeticamente,

A) ao modelo do capitalismo agroexportador e à dominação oligárquica.

B) à economia capitalista subdesenvolvida e aos interesses do complexo industrial‐militar imperialista.

C) à estrutura econômica do capitalismo dependente e aos interesses da classe dominante compósita.

D) ao desenvolvimento do capitalismo tardio e à fragilidade das instituições estatais.

11

“O que se conta, nestas páginas, é a parte mais bela e importante de toda a História: a revelação de que todos os seres

humanos, apesar das inúmeras diferenças biológicas e culturais que os distinguem entre si, merecem igual respeito,

como únicos entes no mundo capazes de amar, descobrir a verdade e criar a beleza.” (COMPARATO, F. K. A afirmação histórica dos direitos humanos. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 01.)

Segundo Fábio Comparato, o reconhecimento universal da igualdade entre os homens é um dos elementos mais

importantes para a história da humanidade. O autor assevera que, no século XX, a instituição de uma autêntica

cidadania mundial requer um sistema capaz de fixar regras e estabelecer instituições capazes de prevenir e punir,

individualmente, os agentes políticos responsáveis pelas mais graves violações aos direitos humanos. Para

Comparato, o primeiro passo rumo à fixação desse sistema mundial de responsabilidade foi dado

A) pelo Tribunal Penal Internacional, de 1998.

B) pela Convenção Europeia de Direitos Humanos, de 1950.

C) pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948.

D) pelo Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, de 1966.






‐ 6 ‐

12

(POCHMANN, Márcio. A nova classe média?: o trabalho na base da pirâmide social brasileira. SP: Boitempo Editorial, 2012, p. 27.)

“Por fim, a década de 2000 apresentou uma alteração importante no padrão de trabalho da mão de obra brasileira, marcada pelo forte dinamismo nas ocupações geradas e no perfil remuneratório. Do total líquido de 21 milhões de postos de trabalho criados na primeira década do século XXI, 94,8% foram com rendimentos de até 1,5 salário mínimo mensal. Nas ocupações sem remuneração, houve a redução líquida de 1,1 milhão de postos de trabalho, enquanto na faixa de cinco salários mínimos mensais a queda total atingiu 4,3 milhões de ocupações. Em síntese, ocorreu o avanço das ocupações na base da pirâmide social.”

(POCHMANN, Márcio. A nova classe média?: o trabalho na base da pirâmide social brasileira. SP: Boitempo Editorial, 2012, p. 27.)

Os dados

anteriormente

apresentados

possibilitam

a problematização

do

fenômeno

de

formação

e de

expansão

da

“nova classe média brasileira”, destacadamente na primeira década do século XXI. Segundo Pochmann, em

conformidade com os dados apresentados, a “nova classe média brasileira” deve ser considerada na categoria analítica de A) trabalhadores pobres, pela ampliação de ocupados de salários de base. B) lumpesinato, pelo predomínio de ocupados informalizados. C) precariado, pela sua composição de ocupados de salários médios. D) infoproletário, pela expansão de ocupados especializados.

13

“A característica notável da condição social dos anglo‐americanos é a sua essencial democracia. [...]. Na América, o

elemento aristocrático

sempre

foi

fraco

desde

a nascença;

e se

nos

nossos

dias

não

está

realmente

destruído,

está,

seja

como for, tão incapacitado que mal lhe podemos atribuir qualquer grau de influência no curso dos negócios. O princípio democrático, pelo contrário, ganhou tanta força com o tempo, os eventos e a legislação, que se tornou não só predominante, mas todo‐poderoso. Não há autoridade familiar ou corporativa, e é raro ver até a influência de caráter individual gozar de qualquer durabilidade.”

(TOCQUEVILLE, Alexis de. Democracia na América. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1969, pp. 60‐66.)

Ao desembarcar nos Estados Unidos, em maio de 1831, Tocqueville surpreendeu‐se especialmente com

A) o poder dos exércitos estadunidenses. B) a igualdade geral de condições entre o povo. C) a quantidade de imigrantes que residiam no país. D) o tamanho da fronteira estadunidense com o Canadá.






‐ 7 ‐

14

“Ninguém nasce mulher: torna‐se mulher.” (BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980, p. 9.)

A célebre afirmação da filósofa francesa Simone de Beauvoir , segundo a antropóloga brasileira Adriana Picitelli , estabeleceu um novo marco nos estudos da questão de gênero a partir dos anos de 1950. A obra de Beauvoir contribuiu para o entendimento da questão de gênero como A) determinação cultural. C) imposição das condições econômicas.

B) autodeterminação

individual.

D)

construção

social.

15

“A inserção das mulheres negras no mercado de trabalho brasileiro é nitidamente desvantajosa, ainda que sua participação na força de trabalho seja mais intensa que a de mulheres não negras. A presença da discriminação racial se acumula à ausência de equidade entre os sexos, aprofundando desigualdades e colocando as afrodescendentes na pior situação quando comparada aos demais grupos populacionais – homens negros e não negros e mulheres não negras. Elas são a síntese da dupla discriminação de sexo e cor na sociedade brasileira: mais pobres, em situações de trabalho mais precárias, com menores rendimentos e as mais altas taxas de desemprego.” (A mulher negra no mercado de trabalho metropolitano: inserção marcada pela dupla discriminação. Estudos e pesquisas. DIEESE. Ano II, nº 14, nov. 2005. Disponível em http://www.dieese.org.br/estudosepesquisas/2005/estpesq14112005_mulhernegra.pdf. Acesso em: 14/12/2014.)

Nos anos

1980,

o movimento

feminista

no

“Terceiro

Mundo”

promoveu

uma

crítica

a uma

suposta

identidade

universal entre as mulheres e propôs que a dominação de gênero se diferenciasse de acordo com a A) limitação de direitos raciais presentes na legislação que constitui código civil. B) diferença dos papéis sociais de raça e classe de homens, mulheres e crianças. C) empregabilidade que produz desigualdades raciais nas cidades. D) micropolítica relacionada a classe social, raça, nacionalidade e idade.

16 “Com a globalização, o uso das técnicas disponíveis permite a instalação de um dinheiro fluido, relativamente invisível,

praticamente abstrato. Como equivalente geral, o dinheiro se torna um equivalente realmente universal, ao mesmo

tempo em

que

ganha

uma

existência

praticamente

autônoma

em

relação

ao

resto

da

economia.”

(SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2004, p. 100.)

Um dos mais abalizados críticos dos efeitos deletérios da globalização, Milton Santos assevera que o dinheiro global A) aumenta as fraturas sociais e territoriais, ameaçando as unidades nacionais. B) decreta o fim das empresas regionais, aproximando a cidade do campo.

C) define a inclusão de novos players globais, incluindo os partidos verdes e o terrorismo.

D) amplia os fluxos comerciais e financeiros, reduzindo a força política de países não democráticos.

17 “A vitória na guerra fria não significou que a imposição da Pax Americana trouxesse estabilidade ao mundo. Ao contrário, nunca proliferaram tantos conflitos violentos, porque os EUA se valem da sua superioridade militar para tratar de transferir os conflitos para o plano do enfrentamento violento. Foi assim no Afeganistão, no Iraque, na Líbia,

sem, no entanto, ter capacidade para impor estabilidade política sobre os escombros das intervenções militares. [...] Porém, os EUA seguem sendo a única potência mundial, que articula seu poder econômico, tecnológico, político, militar e cultural, para se impor como país de maior influência no mundo, o único a ter uma estratégia global.”

(Emir Sader. Blog do Emir. 01/01/2014. Disponível em www.cartamaior.com.br/?/Blog/. Acesso em: 17/12/2014.)

Ao avaliar que nenhum governo pode sustentar seu controle sobre a sociedade apenas pela força, mas, principalmente, pela legitimidade e consentimento popular, valemo‐nos principalmente do conceito de A) solidariedade, desenvolvido por Émile Durkheim. B) hegemonia, desenvolvido por Antonio Gramsci . C) vontade geral, desenvolvido por Jean‐ Jacques Rousseau.

D) dominação

racional

‐legal,

desenvolvido

por

Max

Weber.






‐ 8 ‐

18 “Os debates sobre o nacional e o popular , a cultura

popular

e a identidade nacional fazem parte da agenda do pensamento social brasileiro. As obras clássicas de Sérgio Buarque de Holanda e Gilberto Freyre procuraram explicar a cultura brasileira, enquanto as políticas do Estado brasileiro buscaram a construção de uma identidade nacional, especialmente a partir de 1930. Sobre essas questões, o antropólogo Renato Ortiz defende a tese de que ‘o nacional não pode se construir como um prolongamento dos valores populares, mas sim como discurso de segunda ordem’.”

(ORTIZ, Renato. Cultura brasileira e identidade nacional. 2ª ed. São Paulo, Brasiliense, 1986, p. 137).

Essa tese é o resultado do seu entendimento de que A) a identidade nacional é construída a partir das representações e concepções de mundo do conjunto da população. B) o universo simbólico popular, caracterizado pelo hibridismo cultural e pelo predomínio do sincretismo, não fornece

elementos para a unidade nacional. C) a cultura popular, diferentemente da ideia de nação, é vivida nas experiências concretas dos sujeitos sociais. D) o sentimento nacional é elaborado a partir de discursos universalizantes, cujas raízes se encontram na cultura

popular.

19

“Democrático, o rádio transforma‐os a todos igualmente em ouvintes, para entregá‐los autoritariamente aos programas, iguais uns aos outros, das diferentes estações. Não se desenvolveu nenhum dispositivo de réplica e as emissões privadas são submetidas ao controle. Elas limitam‐se ao domínio apócrifo dos ‘amadores’, que ainda por cima são organizados de cima para baixo. [...] A atitude do público que, pretensamente e de fato, favorece à indústria cultural é uma parte do sistema, não sua desculpa. [...] Acresce a isso o acordo, ou pelo menos a determinação comum dos poderosos executivos, de nada produzir ou deixar passar que não corresponda a suas tabelas, a ideia que fazem dos consumidores e, sobretudo, que não se assemelha a eles próprios.”

(ADORNO, Theodor W. e HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985, p. 115.)

A crítica movida por Adorno à indústria cultural exemplificada no trecho anterior descreve os contornos empíricos dos seguintes conceitos: A) Comunicação de massa e consumismo. C) Ideologia e alienação. B) Industrialização e anomia. D) Cultura popular e dominação.

20 “A relação entre os indivíduos e a sociedade é uma coisa singular. [...] Dá‐se algo semelhante com a casa. Aquilo a que chamamos sua estrutura não é a estrutura das pedras isoladas, mas a das relações entre diferentes pedras com que ela é construída; é o complexo das funções que as pedras têm em relação umas às outras na unidade da casa. Essas funções, bem como a estrutura da casa, não podem ser explicadas considerando‐se o formato de cada pedra, independentemente de suas relações mútuas; pelo contrário, o formato das pedras só pode ser explicado em termos de sua função em todo o complexo funcional, a estrutura da casa.”

(ELIAS, Norbert. A sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro: Zahar, 1994. p. 25.)

O texto assinala a perspectiva sociológica de superação da antinomia entre indivíduo e sociedade desenvolvida por Norbert Elias. Para ele, as sociedades são expressões das A) configurações de estruturas. C) consciências coletivas. B) construções mentais. D) ações sociais.

21 “Depois de algum tempo submerso, o debate da meritocracia voltou à superfície. No mundo corporativo, executivos flertam novamente com o tema, ansiosos por superar práticas anacrônicas e ‘mudar a cultura’. No governo, alguns gestores apostam nos poderes mágicos da meritocracia para resolver problemas crônicos de gestão, que desvirtuam

agendas, bloqueiam iniciativas e atrasam prazos.O conceito é polêmico, antigo, e tem raiz política, relacionando‐se à forma de governo no qual o poder é exercido por cidadãos selecionados de acordo com seus méritos e competências. Para crescer em tal sistema, o indivíduo deve demonstrar talento e capacidade de realização.” (Meritocracia Tropical: tentamos combinar sistemas arcaicos com modernos, em uma busca desajeitada de sínteses inviáveis. Carta Capital, por

Thomaz Wood Jr — Publicado 19/06/2014, 8:53. Acesso em: 15/10/2014.)

Os recentes debates acerca das vantagens da adoção da meritocracia na gestão do Estado brasileiro referem‐se

diretamente a um

autor

e a uma

teoria,

respectivamente,

representados

por:

A) Émile Durkheim – Solidariedade Social. C) John Locke – Estado de Natureza. B) Max Weber – Sociedades Burocráticas. D) Karl Marx – Luta de Classes.






‐ 9 ‐

22

“Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCNEBs), a educação contribui para que o jovem

reconheça que ‘os cidadãos, mais do que portadores de direitos, são criadores de novos direitos e de novos espaços

para expressá‐los’, e ainda que ‘a real participação na vida pública exige que os indivíduos, dentre outras coisas, estejam

informados, saibam analisar posições divergentes, saibam elaborar críticas e se posicionar, tenham condições de fazer valer suas reivindicações por meio do diálogo e de assumir responsabilidades e obrigações’.”

(BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica. MEC, SEB, DICEI, 2013, p. 105.)

No que

diz

respeito

ao

exercício

da

cidadania,

o

texto

das

DCNEBs

afirma

que

também

cabe

à escola

desenvolver

habilidades que formem os jovens para sua emancipação, na medida em que fazem valer seus A)direitos civis. C) direitos difusos. B)direitos sociais. D) direitos políticos.

23

“O fato de a Abolição se constituir num movimento concreto é uma terrível ameaça ao edifício econômico e social do país. Deste modo, se a ideologia católica e o formalismo jurídico que veio com Portugal não eram mais suficientes para sustentar o sistema hierárquico, era preciso uma nova ideologia.”

(DAMATTA, Roberto. Relativizando: uma introdução à antropologia social. Rio de Janeiro: Rocco, 1987, p. 69.)

Discutindo as complexas relações sociais no Brasil entre a segunda metade do século XIX e o alvorecer do século XX,

DaMatta afirma que essa nova ideologia, capaz de pensar o país, integrar idealmente sua sociedade e individualizar sua cultura, foi o A) integralismo. C) racismo.

B) protestantismo. D) republicanismo.

24

“Por motivos históricos vinculados aos ciclos econômicos do sistema escravista e às migrações internacionais das

décadas posteriores à abolição da escravidão, os grupos de cor da população apresentam até hoje uma distribuição geográfica muito desigual. Três quartos da população branca estão concentrados nas regiões Sudeste e Sul, as mais desenvolvidas do país, ao passo que quase 3/5 do grupo não branco reside nas regiões Nordeste, Norte e Centro‐Oeste,

menos desenvolvidas.

Esta

desvantagem

locacional

dos

não

brancos,

mais

acentuada

no

grupo

pardo,

significa

menores

oportunidades educacionais e econômicas. Diferenças na distribuição geográfica e discriminação racial constituem os dois fatores explicativos para as desigualdades raciais no Brasil.” (HASENBALG, Carlos; SILVA, Nelson do Valle; LIMA, Marcia (orgs). Cor e estratificação social. Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria, 1999, p. 36.)

Considerando o trecho citado, para Hasenbalg, as desigualdades raciais no Brasil correspondem a

A) uma estratificação social na qual os não brancos são submetidos às desvantagens advindas desse sistema de

classificação via fenótipo. B) um corpo constitutivo do sistema de hierarquia racial discriminatório imposto pelos padrões culturais vigentes. C) uma relação econômica de matriz arcaica que excluiu a população não branca do mercado de trabalho.

D) um sistema de classificação elaborado pelo grupo racial dominante para a manutenção das desigualdades socioeconômicas.

25

“O Kula é uma forma de troca e tem caráter intertribal bastante amplo, é praticado por comunidades localizadas em um

extenso círculo de ilhas, que formam um circuito fechado.” (MALINOWSKI, Bronisł aw. Os Argonautas do Pacífico Ocidental. São Paulo: Abril Cultural, 1976, p. 71.)

Em termos analíticos, o antropólogo Bronisł aw Malinowski propôs explicar o sistema do Kula, estabelecendo sua relação com a totalidade da vida tribal, a partir

A) do seu antagonismo econômico. C) do seu significado cultural. B) da sua legitimidade política. D) da sua função social.






‐ 10 ‐

26 “Conduzida segundo as regras precedentes, a observação confunde duas ordens de fatos muito dessemelhantes em

alguns de seus aspectos: os que são como deviam ser, e os que deviam ser diferentes do que são, isto é, os fenômenos

normais e os fenômenos patológicos.” (DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. São Paulo: Editora Nacional, 1987, p. 41.)

Tendo como referência a Biologia, ciência que teve notáveis progressos principalmente após os estudos

desenvolvidos por Charles Darwin, Durkheim assevera que, assim como nos organismos biológicos, as condições de

saúde e de

doença

nas

sociedades

A) devem ser mensuradas por critérios apriorísticos.

B) não estão sujeitas às análises da Sociologia.

C) não podem ser definidas in

abstracto nem de maneira absoluta.

D) devem seguir uma linha evolutiva que vai das formas simples para as complexas.

27 “Surge um quadro complexo referente ao processo de desenvolvimento histórico da nova economia informacional. Essa

complexidade explica por que dados estatísticos altamente agregados não conseguem refletir diretamente a extensão e

o ritmo da transformação econômica sob o impacto das transformações tecnológicas. A economia informacional é um

sistema

socioeconômico

distinto

em

relação

à

economia

industrial,

mas

não

devido

a

diferenças

nas

fontes

de

crescimento de produtividade. Em ambos os casos, conhecimento econômico, como pode ser ilustrado pela história da

indústria química com base científica ou pela revolução administrativa que criou o Fordismo.” (CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999, p. 109.)

Para Manuel Castells, embora a economia informacional/global seja distinta da economia industrial, ela não se opõe

à lógica desta última uma vez que a

A) primeira abrange a segunda pelo aprofundamento tecnológico.

B) primeira depende da segunda para suprir seus insumos materiais.

C) segunda é consequência do desenvolvimento técnico da primeira.

D) segunda e a primeira são equivalentes com gestão diferenciada.

28 “Meu otimismo, contudo, não promete que a Internet resolverá, em um passe de mágica, todos os problemas culturais

e sociais do planeta. Consiste apenas em reconhecer dois fatos. Em primeiro lugar, que o crescimento do ciberespaço

resulta de um movimento internacional de jovens ávidos para experimentar, coletivamente, formas de comunicação

diferentes daquelas que as mídias clássicas nos propõem. Em segundo lugar, que estamos vivendo a abertura de um

novo espaço de comunicação, e, cabe apenas a nós explorar as potencialidades mais positivas deste espaço nos planos

econômicos, político, cultural e humano.” (LEVY, Pierre. Cibercultura, São Paulo: Ed. 34, 1999, p. 11.)

Na discussão empreendida por Pierre Levy em relação à comunicação digital, os conceitos de ciberespaço e de

cibercultura correspondem, por analogia, respectivamente às ideias de

A) territorialidade

e de

ideologia.

B) infraestrutura e de superestrutura.

C) associação e de ação social.

D) campo simbólico e de habitus.






‐ 11 ‐

29

“O Brasil, um país capitalista importante na geopolítica do ‘Terceiro Mundo’, nos anos 80, estava por fora da nova ordem mundial capitalista instaurada pela globalização. O que viria a seguir, nos anos 90, seria a grande sincronia histórica da ordem capitalista no Brasil com o que ocorria lá fora, inserindo‐se, de modo dependente (e subalterno) na mundialização do capital sob o signo das políticas neoliberais. Foi essa a função histórica dos governos neoliberais dos anos 90. É o novo tempo da era neoliberal que iria dar um novo ritmo no movimento social e político no Brasil. Instaurou, na verdade, uma descontinuidade importante. A ‘explosão do sindicalismo’ seria seguida, a partir dos anos 90, com maior intensidade, de uma crise do sindicalismo que assumiria diversas formas.”

(ALVES, Giovanni. Do “novo sindicalismo” à “concertação social”: ascensão (e crise) do sindicalismo no brasil (1978 ‐1998). Revista de Sociologia e Política. Curitiba: UFPR, v. 15, pp. 111‐124, nov. 2000, p. 112.)

Considerando as formas que a crise do sindicalismo assume a partir do final dos anos 1990, o sociólogo Giovanni Alves destaca que a A) captura da subjetividade dos trabalhadores é um obstáculo para uma consciência classista. B) construção de novos consensos se restringe aos limites do mundo do trabalho. C) nova configuração do tempo de trabalho permite a manutenção da ação sindical corporativa. D) renovação das relações de trabalho reforça os laços classistas.

30

“O

mercado

de

trabalho,

por

exemplo,

passou

por

uma

radical

reestruturação.

Diante

da

forte

volatibilidade

do

mercado, do aumento da competição e do estreitamento das margens de lucro, os patrões tiram proveito do enfraquecimento do poder sindical e da grande quantidade de mão de obra excedente (desempregados ou subempregados) para impor regimes e contrato de trabalho mais flexíveis. É difícil esboçar um quadro geral claro, visto que o propósito dessa flexibilidade é atender as necessidades com frequência muito específicas de cada empresa.”

(HARVEY, David. A condição pós‐moderna. São Paulo: Loyola, 1992. p.143.)

A partir da instauração de um regime de acumulação flexível que sucedeu o fordismo desde meados dos anos 1970, o

trabalho organizado sofreu um duro ataque a sua base, visto que, segundo David Harvey , a acumulação flexível implica A) contrato flexível e eliminação dos sindicatos. B) contrato coletivo e cooptação dos sindicatos.

C) desemprego

friccional

e perdas

salariais

expressivas.

D) desemprego estrutural e pouco ou nenhum ganho salarial.






‐ 12 ‐

QUESTÕES DISCURSIVAS

01

“Cada etapa do desenvolvimento da burguesia é acompanhada de um progresso político correspondente. Classe oprimida pela nobreza feudal, associação armada administrando‐se a si própria na comuna; aqui, república urbana independente (como na Itália e na Alemanha), ali, terceiro estado, tributário da monarquia (como na França). Depois, no período manufatureiro, servindo à monarquia semifeudal ou absoluta como contrapeso da nobreza, de fato pedra angular das grandes monarquias em geral — a burguesia, desde o estabelecimento da indústria moderna e do mercado mundial, conquistou finalmente a soberania política no Estado representativo moderno. O governo do Estado moderno é apenas um comitê para gerir os negócios comuns de toda a burguesia.”

(Disponível em: http://www.aproffesp.pro.br/files/Livros/Karl%20Marx/O_Manifesto_Comunista.pdf, p. 22. Acesso em: 02/11/2014.)

“A máquina do Estado consolidou a tal ponto a sua posição em face da sociedade civil que lhe basta ter à frente o chefe da Sociedade de 10 de dezembro, um aventureiro surgido de fora, glorificado por uma soldadesca embriagada, comprada com aguardente e salsichas e que deve ser constantemente recheada de salsichas. [...] E, não obstante, o poder estatal não está suspenso no ar. Bonaparte representa uma classe, e justamente a classe mais numerosa da sociedade francesa, os pequenos (Parzellen) camponeses. Assim com os Bourbons representavam a grande propriedade territorial e os Orléans a dinastia do dinheiro, os Bonapartes são a dinastia dos camponeses, ou seja, da massa do povo francês. O eleito do campesinato não é o Bonaparte que se curvou ao parlamento burguês, mas o Bonaparte que o

dissolveu.” (MARX, Karl. O 18 Brumário de Luís Bonaparte. RJ: Paz e Terra, 1978, pp. 114‐115.)

A) Explique as bases da teoria desenvolvida por Marx em “O 18 Brumário de Luís Bonaparte” acerca do Estado, destacando sua principal distinção em relação ao exposto pelo mesmo autor em “O Manifesto do Partido

Comunista”.

“Um papel central que o pensamento sociológico realiza é a desnaturalização das concepções ou explicações dos fenômenos sociais. Há uma tendência sempre recorrente a se explicarem as relações sociais, as instituições, os modos de vida, as ações humanas, coletivas ou individuais, a estrutura social, a organização política etc. com argumentos naturalizadores. Primeiro, perde‐se de vista a historicidade desses fenômenos, isto é, que nem sempre foram assim; segundo, que certas mudanças ou continuidades históricas decorrem de decisões, e essas, de interesses, ou seja, de

razões objetivas

e humanas,

não

sendo

fruto

de

tendências

naturais.”

(Ciências humanas e suas tecnologias / Secretaria de Educação Básica. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006. 133 p. (Orientações curriculares para o ensino médio; v. 3, pp. 105‐106.)

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B) Tendo por referência a perspectiva anterior apresentada para o ensino da Sociologia na Educação Básica, apresente uma proposta de atividade para turmas da 2ª série do Ensino Médio, desenvolvendo a discussão sobre o

Estado presente no item “A” dessa questão.

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02 “Os movimentos brasileiros de junho de 2013 têm vários pontos de semelhanças e muitos de diferenças com os movimentos que ocorreram no oriente muçulmano, na Europa e nos Estados Unidos. Em comum: fazem parte de uma nova forma de movimento social composta predominantemente por jovens, escolarizados, predominância de camadas médias, conectados por e em redes digitais, organizados horizontalmente e de forma autônoma, por isso são críticos das formas tradicionais da política, tais como se apresentam na atualidade – especialmente os partidos e os sindicatos. As convocações para os atos são feitas via redes sociais e a grande mídia contribui para a adesão da população ao noticiar a agenda e os locais e hora das manifestações. [...] Eles têm sido alvo de ações violentas por parte da repressão policial.

Conectam

‐se

a redes

de

apoio

internacional

e a solidariedade

entre

eles

é um

valor

e um

princípio.

São

laboratórios de experimentações de novas formas de operar a política.” (Entrevista de Maria da Glória Gohn a Marcelo Beraba publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 14/07/2013.

Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/521933‐apos‐atos‐governo‐nao‐tem‐interlocutores. Acesso em: 17/12/2014.)

“A verdadeira democracia eletrônica consiste em encorajar, tanto quanto possível – graças às possibilidades de comunicação interativa e coletiva oferecidas pelo ciberespaço –, a expressão e a elaboração dos problemas da cidade pelos próprios cidadãos, a auto‐organização das comunidades locais, a participação nas deliberações por parte dos grupos diretamente afetados pelas decisões, a transparência das políticas públicas e sua avaliação pelos cidadãos.”

(LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999, p. 190.)

“Tornou‐se possível inverter as regras sem destruir a organização, porque a base da organização pode ser reprogramada

e

reaparelhada.

Porém,

não

podemos

evitar

um

precipitado

julgamento

de

valores

ligados

a

essa

característica

tecnológica. Isso porque a flexibilidade tanto pode ser uma força libertadora como também uma tendência repressiva, se os redefinidores das regras sempre forem os poderes constituídos”.

(CASTELLS, M. A Era da Informação: economia, sociedade e cultura, p. 78.)

A) O desenvolvimento das tecnologias da informação e comunicação está presente nas análises contemporâneas sobre o papel da juventude na vida política, nos movimentos sociais e nas reivindicações coletivas pela cidadania. A partir desse debate, estabeleça uma relação entre os efeitos alienantes e os emancipatórios dessas tecnologias nas dinâmicas atuais de mobilização social no Brasil.

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B) Proponha uma atividade para estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental, especificando seus objetivos pedagógicos, que utilize recursos tecnológicos de comunicação e informação, sobre o tema “Mídia, Poder e Participação Política”.

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03 “No contexto da discussão entre o poder e o papel ativo da ideologia, István

Mészáros assevera que ‘as mudanças particulares desprovidas de um quadro estratégico de referência (...) em geral ficam limitadas à imediaticidade de seu impacto potencial estreitamente circunscrito’.”

(MÉSZÁROS, I. O poder da ideologia. São Paulo: Boitempo, 2004.)

A) Tendo como parâmetro necessário as ideias desenvolvidas por Mészáros na obra referenciada anteriormente , analise o papel da ideologia socialista no contexto da negação do status quo predominante em nível mundial.

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‐ 22 ‐

B) Agora, mantendo como referência a discussão desenvolvida por Mészáros (em O Poder da Ideologia) entre o poder e o papel ativo da ideologia, elabore uma questão objetiva (item), com quatro alternativas (três distratores e um

gabarito), exclusivamente preparada por você, candidato, diretamente para alunos do Ensino Médio, sem acesso a qualquer fonte de consulta, de acordo com a estrutura assinalada abaixo:

Texto‐Base – Texto inicial que motiva ou compõe a situação‐problema expressa no item. Enunciado – Instrução clara da tarefa a ser realizada pelo examinando. Distratores – Alternativas incorretas que, contudo, devem ser plausíveis, claros e sem ambiguidades, dotadas de

paralelismo sintático

e semântico.

Gabarito ‐ Alternativa correta, com as mesmas características estruturais dos distratores.

PS: As alternativas, ou seja, a união dos distratores e do gabarito, devem ser em número de quatro, considerando, dessa forma, três distratores e um único gabarito.

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04 Jovens ‒ Segundo os últimos números oficiais disponíveis da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE, a taxa de desemprego no Brasil ficou em 7,4% no segundo trimestre de 2013. Até novembro, o desemprego acumulava alta de 4,6%. Para este ano e o próximo, o FMI já havia divulgado estimativas mais otimistas do que as da OIT. Para o Fundo Monetário Internacional, o índice deve fechar este ano em 5,8% (portanto, abaixo da média global da OIT) e, em 2014, em 6% (exatamente a média de 2013). Por sua vez, consultorias como a LCA e a Tendências preveem

uma taxa de desemprego neste ano de no máximo 5,7% neste ano. O estudo da OIT afirma que o Brasil possui um alto índice de jovens entre 15 e 29 anos que não estudam ou fazem cursos profissionalizantes e, ao mesmo tempo, também

não estão

empregados:

18,4%

das

pessoas

nessa

faixa

etária.

Em

todo

o mundo,

74,5

milhões

de

jovens

com

menos

de

25 estariam desempregados. A taxa mundial nessa faixa etária atingiu 13% no ano passado, mais do que o dobro da média global de 6%, que inclui todas as idades. Segundo a OIT, o número de novos desempregados aumentou em 5 milhões no mundo no ano passado, totalizando 202 milhões de pessoas sem emprego. O leste e o sul da Ásia representam mais de 45% dos novos desempregados no mundo em 2013, seguidos pela África subsaariana e pela Europa. Na América Latina, o número de novos desempregados em 2013 ficou pouco abaixo de 50 mil, o que representa apenas cerca de 1% da alta mundial.

(FERNANDES, Daniela. Brasil continuará com desemprego acima de média global até 2016, diz OIT. BBC Brasil, 20/01/2014. Disponível em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/01/140120_desemprego_oitrg. Acesso em: 16/12/2014.)

A partir das teorias e das análises sobre acumulação flexível de capitais, elabore um texto voltado para alunos da 1ª série do Ensino Médio, que explique, pelo menos, duas causas dos elevados índices de desemprego entre os jovens.

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INSTRUÇÕES

1. Material a ser utilizado: caneta esferográfica de tinta azul ou preta. Não é permitido o uso de corretores. Os objetos

restantes devem ser colocados em local indicado pelo fiscal da sala, inclusive aparelho celular desligado e

devidamente identificado.

2. Não é permitido ao candidato entrar e/ou permanecer no local de exame com armas ou utilizar aparelhos

eletrônicos (agenda eletrônica, bip, gravador, notebook , pager , palmtop, receptor, telefone celular, walkman, MP3

Player ,

Tablet ,

Ipod ,

relógio

digital

e

relógio

com

banco

de

dados)

e

outros

equipamentos

similares,

bem

como

protetor auricular.

3. Durante a prova, o candidato não deve levantar‐se, comunicar‐se com outros candidatos.

4. A duração da prova é de 05 (cinco) horas, já incluindo o tempo destinado à entrega do Caderno de Provas e à

identificação – que será feita no decorrer da prova – e ao preenchimento do Cartão de Respostas (Gabarito) e

Folhas de Texto Definitivo (Discursivas).

5. Somente em caso de urgência pedir ao fiscal para ir ao sanitário, devendo no percurso permanecer absolutamente

calado,

podendo antes e depois da entrada sofrer revista através de detector de metais. Ao sair da sala no término

da prova, o candidato não poderá utilizar o sanitário. Caso ocorra uma emergência, o fiscal deverá ser comunicado.

6.

O Caderno

de

Provas

consta

de

30

(trinta)

questões

de

múltipla

escolha

e 04

(quatro)

questões

discursivas.

Leia

‐o atentamente.

7. As questões das provas objetivas são do tipo múltipla escolha, com 04 (quatro) opções (A a D) e uma única

resposta correta.

8. Ao receber o material de realização das provas, o candidato deverá conferir atentamente se o Caderno de Provas

corresponde ao curso a que está concorrendo, bem como se os dados constantes no Cartão de Respostas (Gabarito)

e Folhas de Texto Definitivo (Discursivas) que lhe foram fornecidos estão corretos. Caso os dados estejam

incorretos, ou o material esteja incompleto, ou tenha qualquer imperfeição, o candidato deverá informar tal

ocorrência ao fiscal.

9.

Os

fiscais

não

estão

autorizados

a

emitir

opinião

e

prestar

esclarecimentos

sobre

o

conteúdo

das

provas.

Cabe

única

e exclusivamente ao candidato interpretar e decidir.

10. O candidato poderá retirar‐se do local de provas somente a partir de 2 (duas) horas após o início de sua realização,

contudo, não poderá levar consigo o Caderno de Provas, sendo permitida essa conduta apenas no decurso dos

últimos 60 (sessenta) minutos anteriores ao horário previsto para o seu término.

RESULTADOS E RECURSOS

‐ As provas aplicadas, assim como os gabaritos preliminares das provas objetivas serão divulgados na Internet , no site

www.idecan.org.br,

a

partir

das

16h00min

do

dia

subsequente

ao

da

realização

das

provas.

‐ O candidato que desejar interpor recursos contra o gabarito da parte objetiva da prova escrita e o resultado provisório

da parte discursiva da prova escrita disporá de 2 (dois) dias úteis, a partir das respectivas divulgações, utilizando o

endereço eletrônico do IDECAN (www.idecan.org.br), seguindo as instruções ali contidas.

idecan sociologia

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