i seminário mato-grossense de municípios sustentáveis · i seminário de mato-grossense de...
TRANSCRIPT
“Este trabalho só foi possível graças ao generoso apoio do povo americano através da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID). Os conteúdos são da responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, as opiniões da USAID ou do Governo dos Estados Unidos."
I SEMINÁRIO MATO-GROSSENSE DE
MUNICÍPIOS SUSTENTÁVEIS
RELATÓRIO
Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013
Organização: Instituto Centro de Vida (ICV), The Nature Conservancy (TNC) Instituto
Socioambiental (ISA)
Elaboração do relatório: Ana Paula G. Valdiones e Natália T. Grossi.
Revisão: Irene Duarte e Valmir Ortega
Sumário
CONTEXTO GERAL E OBJETIVOS DO EVENTO ................................................................................... 2
PROGRAMAÇÃO ........................................................................................................................................... 2
PARTICIPANTES .......................................................................................................................................... 3
SÍNTESE DAS APRESENTAÇÕES E DISCUSSÕES ................................................................................. 4
1. Abertura ..................................................................................................................................... 4
2. Municípios e Regularização Ambiental de Propriedades Rurais .................................. 6
3. Descentralização e estruturação da Gestão Ambiental Municipal ............................. 12
4. Município e fomento às cadeias produtivas sustentáveis ........................................... 15
5. Instrumentos econômicos e estratégias de financiamento para a agenda de
municípios sustentáveis ....................................................................................................................... 18
6. O exemplo do Programa Municípios Verdes do Pará .................................................. 22
7. Elementos para um programa de municípios sustentáveis em Mato Grosso ......... 24
PROPOSTAS DOS GRUPOS DE TRABALHO ....................................................................................... 26
CONCLUSÕES E ENCAMINHAMENTOS GERAIS ............................................................................... 34
ANEXOS ........................................................................................................................................... 35
ANEXO A. Lista de presença. ................................................................................................... 35
Anexo B. Perguntas elaboradas pela plateia. ...................................................................... 38
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 2
CONTEXTO GERAL E OBJETIVOS DO EVENTO
Muitos municípios do Mato Grosso têm se engajado em agendas de gestão ambiental. Geralmente
em parceria com organizações da sociedade civil e associações de classe, esses municípios têm
desenvolvido programas de Cadastramento Ambiental Rural, recuperação de nascentes e matas ciliares,
prevenção e controle do fogo, promoção de atividades econômicas sustentáveis, dentre outras ações.
Tais iniciativas foram frequentemente motivadas pela inclusão desses municípios na lista de
municípios prioritários do Ministério do Meio Ambiente, porém a vontade da administração municipal
e de outros atores locais de promover o desenvolvimento sustentável também têm sido fatores
determinantes. Além disso, a tendência e a política nacional e estadual de promoção da descentralização
da gestão ambiental também contribuem nesse sentido.
No estado do Pará, o governo estadual estabeleceu o Programa de Municípios Verdes que visa
enquadrar e fomentar esse tipo de iniciativa. Já em Mato Grosso, os municípios carecem de orientações,
de incentivos e de um espaço de aprendizado e troca de experiências que permitam alcançar melhores
resultados e ampliar o número de municípios envolvidos.
Nesse contexto, o seminário proposto visa reunir as instituições e os municípios mato-
grossenses envolvidos em iniciativas de busca de sustentabilidade, com o objetivo de construir uma
visão compartilhada e iniciar o desenho de um programa de municípios sustentáveis para esse estado.
PROGRAMAÇÃO
Dia 04 de Julho de 2013
Construindo uma visão compartilhada sobre a agenda de Municípios Sustentáveis
08h-09h Abertura, apresentação da programação e dos participantes
09h-10h15
Município e Regularização ambiental de propriedades rurais
Mediador Mauro Pires, Consultor
Paulo Guilherme, Secretário de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável –
MMA
Carlos Eduardo Sturm, Coordenador Geral de Meio Ambiente e Recursos Naturais -
INCRA Brasília
Elaine Corsini, Superintendente de Monitoramento – SEMA-MT
Luciana Estevam da TNC
10h45-12h
Descentralização e estruturação da Gestão Ambiental Municipal
Mediador Valmir Ortega, Consultor
Estela Maria Souza Neves, Pesquisadora do Instituto de Ciência e Tecnologia em Políticas
Públicas, Estratégias e Desenvolvimento - UFRJ
Lourival Vasconcelos, Presidente da Comissão de Municipalização - SEMA-MT
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 3
Solange Fatima de Oliveira Cruz, Coordenadora de Resíduos Sólidos - SEMA-MT
Luciane Copetti, Secretária municipal de Agricultura de Lucas de Rio Verde
13h30-15h
Município e fomento às Cadeias Produtivas sustentáveis Mediador Arnaldo Carneiro, INPA
Camila Rodrigues, Coordenadora da iniciativa de desenvolvimento rural comunitário ICV
Renaldo Loffi, Secretário Adjunto de Desenvolvimento Regional, SEDRAF-MT
Lineu Domit, Chefe de Transferência de Tecnologia – Embrapa Mato Grosso
Rodrigo Junqueira, Coordenador adjunto do programa Xingu – ISA
15h30-18h
Instrumentos econômicos e estratégias de financiamento para a agenda de municípios sustentáveis
Mediador Miguel Calmon, IIS
Fábio Maciel Plotkowski, Gerente de Meio Ambiente – Fundo Amazônia
Roberta Del Giudice, Assessora jurídica – Bolsa Verde do Rio de Janeiro (BVRio)
Luiza Muccillo, da Unidade de Mecanismos Econômicos e Financeiros – Funbio Ane Alencar, Diretora do programa Cenários para Amazônia – IPAM
Dia 05 de Julho de 2013
Desenhando a proposta de um Programa de Municípios Sustentáveis de Mato Grosso
8h30 - 10h
O exemplo do Programa Municípios Verdes do Pará
Justiniano Neto - Secretário Programas Municípios Verdes – PA: História e atuação do
Programa Municípios Verdes
Felipe Zagallo – Secretário de Meio ambiente de Paragominas – PA: A implementação
de uma pauta de sustentabilidade em Paragominas-PA
10h30 -12h Elementos para um programa de municípios sustentáveis em MT
Valmir Ortega – Consultor ICV
13h30 - 14h Formação dos grupos de discussão em cima das perguntas que nortearam o
debate
14h -16h Discussões em grupo
16h-16h30 Encerramento
PARTICIPANTES
O evento contou com a participação de um público diversificado, havendo organizações da
sociedade civil e órgãos e instituições do poder público. Estavam presentes representantes de 23
municípios do Mato Grosso, de 15 organizações privadas civis sem fins lucrativos e de institutos de
pesquisa, além de gestores públicos de níveis estadual e federal (vide Anexo A).
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 4
SÍNTESE DAS APRESENTAÇÕES E DISCUSSÕES
Neste item serão apresentados os pontos levantados pelos diferentes palestrantes1, buscando
sistematizar as informações expostas ao longo do evento.
1. Abertura
Inicialmente, Irene Duarte, coordenadora da iniciativa de municípios sustentáveis do Instituto
ICV, deu as boas-vindas aos participantes e convidou os representantes das instituições organizadoras
do evento (ICV, TNC e ISA) e gestores públicos representantes do nível federal, estadual e municipal
para tecerem algumas considerações iniciais.
Laurent Micol, coordenador executivo do ICV, apontou o fato das iniciativas voltadas à essa
temática ainda conversarem pouco entre si e há a necessidade de momentos de trocas informações e
experiências. A universalização do CAR precisa de grande envolvimento dos municípios. Os municípios
precisam de uma Secretaria de Meio Ambiente estruturada, bem como de um Fundo de Meio Ambiente,
conferindo condições para que eles desenvolvam uma economia sustentável. As prefeituras e os
governos estadual e federal devem atuar em parceria, fomentando ICMS verde, redução do
desmatamento, cadastramento de áreas no CAR, dentre outros mecanismos.
Francisca B. Almeida, do Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Econômico, Social e
Ambiental Vale do Juruena, ressaltou a relevância do evento conferindo subsídios para o fortalecimento
dos consórcios enquanto estratégia para alcançar a sustentabilidade nos municípios.
O prefeito de Marcelândia, Arnóbio Vieira de Andrade, apontou para a necessidade de
orientações aos municípios para que o Sistema de Gestão Ambiental Municipal não se configure como
um entrave aos produtores.
Por fim, Irene Duarte, destacou que esse espaço estava totalmente aberto para a construção de
uma proposta de programa estadual de municípios sustentáveis, ressaltando a importância de se
ampliar as ferramentas de gestão local para a sustentabilidade e da adoção de uma visão sistêmica para
lidar com os desafios da gestão ambiental municipal, que envolvem tanto a agenda relacionada ao
ambiente rural quanto urbano.
1 O resumo das apresentações e falas realizadas buscou fornecer a ideia geral trabalhada por cada convidado, não sendo
registrado nessa relatoria as falas de maneira fidedigna.
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 5
Em seguida deu-se andamento as mesas de debates programadas para o dia. A metodologia
proposta para as mesas realizadas no dia 04 de julho baseou-se na formulação de algumas perguntas
norteadoras feitas pelos mediadores aos convidados, buscando obter apresentações que
contemplassem respostas objetivas sobre os questionamentos levantados. As apresentações do período
da manhã do dia 05 de julho, por sua vez, foram palestras temáticas sem mediação. Após as
apresentações foram realizadas perguntas aos integrantes das mesas pela plateia (vide Anexo B).
Figura 1. Apresentações de abertura do I Seminário Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis.
Fonte: Arquivo do Instituto Centro de Vida.
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 6
2. Municípios e Regularização Ambiental de Propriedades Rurais
Diante da grande pressão de desmatamento relacionado à expansão da agropecuária, buscam-
se formas de conciliar o aumento da produção com a conservação ambiental. Nesse sentido, a promoção
do Cadastro Ambiental Rural (CAR), da regularização ambiental das propriedades rurais, das Boas
Práticas Agropecuárias e da progressiva recuperação das áreas naturais degradas configuram-se como
elementos centrais na construção de municípios sustentáveis no estado de Mato Grosso. A mesa
Box 1 - O que é um município sustentável para você?
Durante o credenciamento, foi questionado aos participantes o que cada um deles entendiam
por município sustentável. As respostas foram diversas, muitos mencionaram que um município
sustentável é aquele que promove a integração entre a dimensão social, ambiental e econômica, prove
qualidade de vida a seus munícipes sem prejudicar o meio ambiente, que gera benefícios com a
manutenção da floresta e, ainda, aquele que promove uma gestão integrada e as boas práticas, cumpre
as suas atribuições relacionadas ao meio ambiente e estabelece programas de educação ambiental.
Foi citado também que um município sustentável é aquele que cria parcerias e que tem interesse
político voltado para à sustentabilidade.
Figura 2. Painel de respostas para a pergunta “O que é um município sustentável para você?”.
Fonte: Arquivo do Instituto Centro de Vida.
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 7
intitulada “Município e Regularização ambiental de propriedades rurais”, com mediação do
consultor Mauro Pires, insere-se nesse contexto.
O primeiro convidado foi Sr. Paulo Guilherme, Secretário de Extrativismo e Desenvolvimento
Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente, ao qual foi proposto os seguintes questionamentos:
O Governo Federal tem conduzido o processo de regulamentação e implementação dos
instrumentos da Lei 13.651/2012, o novo código florestal. Nesse cenário, como o Governo
Federal se relacionará com os estados que já tem seus sistemas implantados, como é o caso do
Mato Grosso? Como está sendo conduzido o processo de integração entre o SIMLAM-MT
(Sistema Integrado de Monitoramento e Licenciamento Ambiental de Mato Grosso) e o SICAR
(Sistema de Cadastro Ambiental Rural)?
A criação da lista dos municípios com alto índices de desmatamento vem cumprindo um
importante papel de mobilização das autoridades públicas e da sociedade local. Qual a estratégia
do MMA para apoiar o municípios que estão se movimentando para sair da lista? E qual a
estratégia para os que já saíram?
Paulo Guilherme destacou que as iniciativas já em curso no estado do Mato Grosso podem servir
de referência para a elaboração de um programa estadual de municípios sustentáveis. A mudança de
sistema produtivo é necessária e os municípios tem grande potencial de gerar transformações. A agenda
de combate ao desmatamento ilegal deve passar por uma agenda de promoção econômica, rumo a uma
conversão produtiva, que garanta a sustentabilidade e a segurança jurídica adequada à uma novo
modelo produtivo. A discussão sobre o Código Florestal apresentou novas formas de implementá-lo.
Uma dessas formas é o CAR, que permitirá um maior conhecimento sobre o território e o uso dos
recursos naturais, criando as condições necessárias para a responsabilização dos usuários/produtores
quanto ao uso e pressão sobre os recursos. O CAR precisa ser feito preferencialmente pelos estados e
pelos municípios. Sendo de competência do nível federal a regulamentação. Um grande ator de todo o
processo serão as secretarias estaduais de meio ambiente. Os modelos de sistemas existentes para o
CAR precisarão ser integrados. A entrada da informação se dá pelo órgão estadual e é o estado quem vai
se posicionar em relação ao Programa de Recuperação Ambiental (PRA). E o papel do município vai ser
fundamental nesse processo de mobilização e apoio aos agricultores familiares. É necessário promover
um maior envolvimento e engajamento do setores representativos dos produtores e trabalhadores, pois
só estratégias de comando e controle não são suficientes. Há espaço para os municípios na promoção de
uma dinâmica econômica que assegure um melhor aproveitamento dos recursos naturais disponíveis e
esse processo pode ter repercussão positiva na arrecadação tributária e na capacidade de investimento
municipal.
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 8
Figura 3. Mesa sobre regularização ambiental em propriedades rurais.
Fonte: Arquivo do Instituto Centro de Vida.
Na sequência, a palavra passou para Carlos Eduardo Sturm, Coordenador Geral de Meio
Ambiente e Recursos Naturais do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), para o
qual foram propostas as seguintes perguntas norteadoras:
O INCRA anunciou, recentemente, o Programa de Assentamentos Verdes. Em que estágio
encontra-se o Programa Assentamentos Verdes no que tange a regularização ambiental dos
assentamentos na Amazônia? Quais as tarefas/responsabilidades que Superintendências
Regionais do INCRA terão nessa agenda? Qual é o papel dos municípios?
Como o INCRA está vendo aqueles Projetos de Assentamentos (PAs) que estão em municípios
com arranjos locais? Como avançar na regularização fundiária e ambiental conjuntamente?
Segundo Carlos Eduardo, a agenda ambiental no INCRA nasceu como uma resposta à pressão
pelo licenciamento e regularização ambiental nos assentamentos, foram iniciadas oficinas regionais
para tratar do tema no pais, mas quando a Resolução do CONAMA Nº 387/2006 que estabelece
procedimentos para o Licenciamento Ambiental de Projetos de Assentamentos de Reforma Agrária foi
revogada pelo novo Código Florestal, a Agenda Ambiental teve que ser alterada. Então, o INCRA passou
a dedicar-se a outras demandas como, por exemplo, o fomento às atividades produtivas sustentáveis
nos assentamentos, a possibilidade do assentado conquistar créditos pelo novo Código e o
desmatamento. Foram realizados trabalhos de aprofundamento da dinâmica do desmatamento por
meio da análise de dados, e depois de entender essa dinâmica nasce um plano de combate, prevenção e
alternativas ao desmatamento ilegal em assentamentos de Reforma Agrária. Esse plano virou o
Programa Assentamentos Verdes, que se estrutura em 4 grandes eixos: Regularidade Ambiental e
fundiária via CAR (o CAR surge, agora, como uma oportunidade para ser o "instrumento" de
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 9
regularização ambiental dos assentamentos); valorização dos ativos ambientais/florestais (manejo de
madeireiros e de não madeireiros), recuperação dos passivos ambientais de forma a gerar renda e
segurança alimentar não se contentando apenas em cercar as APPs, como por exemplo na produção de
sementes e mudas florestais, Sobretudo, dentro desse 3º eixo a primeira fonte de renda poderia ser a
produção de sementes e segunda a produção de mudas. E o último eixo de monitoramento e controle,
identificando quem é o causador do dano ambiental e levando aos agentes federais para saber qual o
tratamento adequado a cada um dos diferentes grupos que estão dentro do assentamento. Os próximos
passos são apresentar o Programa para órgãos federais, estaduais, municipais e ONGs e buscar
integração dentro dos vários setores do INCRA. Tem-se uma importante parceria com o IPAM, buscando
uma futura troca de informações sobre o programa. No Mato Grosso o CAR avançou dentro dos
assentamentos principalmente em decorrência da força dos municípios, o INCRA por sua vez procura
firmar parcerias com os municípios para efetivar e apoiar o CAR. Esse formato de parcerias acontece
também dentro do contexto do Municípios Verdes no Pará, e essa é uma tendência. Se uma ONG apoia a
realização do CAR em determinado município, pensa-se em formas de como o INCRA pode contribuir.
Um exemplo seria fornecer aqueles assentamentos que já avançaram na questão do CAR o
melhoramento das vicinais ou fornecer combustíveis direta ou indiretamente, isso porque as
dificuldades com o deslocamento prejudicam muito o processo e atrasam, por exemplo, a emissão de
certidões. Outras contribuições poderiam ser instrumentalizar as prefeituras com equipamentos para
fazer alguns atendimentos básicos aos assentados e trabalhar com as salas de cidadania digital.
Assistência técnica é o maior entrave. Temos uma série de parcerias protocoladas com a SEMA-
MT, para cooperação mútua e fornecimento de servidores nossos para que a SEMA possa analisar o CAR
nos assentamentos, isso é um compromisso do Presidente Guedes junto com o Secretário Lacerda.
Entretendo o INCRA carece de servidores, numa proporção de 9000 assentamentos sob sua
responsabilidade para menos de 5000 servidores. De um tempo para cá o INCRA tem conseguido
distribuir essas funções com outros órgãos, mas ainda existe um grande déficit no processo de
titulações. Ficou claro durante esse momento do debate que a Regularização Fundiária não impede a
Regularização Ambiental e que a ideia do INCRA é tratar as duas regularizações concomitantemente. O
INCRA está pensando em uma nova estratégia de Reforma Agraria como sendo uma contrapartida do
INCRA nessa discussão de Municípios Sustentáveis. Foram comentadas outras ações possíveis no futuro,
bem como a capacitação dos assentados, a criação de arranjos para que o INCRA possa comprar as
sementes e mudas produzidas por eles, e a rediscussão do Manual do Crédito Rural no MDA. Além disso
foi sugerido pelo Carlos Eduardo Sturm que se trata-se ali mesmo no espaço de discussão sobre a adesão
dos municípios presentes no Seminário ao Programa Assentamentos Verdes.
A terceira convidada da mesa a se pronunciar foi Elaine Corsini, Superintendente de
Monitoramento da SEMA-MT. Os questionamentos colocados pelo mediador foram:
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 10
Houve nos últimos tempos um grande movimento dos municípios para o CAR, principalmente
motivado pelo esforço de sair da lista do MMA, com a nova legislação esse processo deve se
ampliar. Como a Sema está se preparando para a ampliação do volume de CAR? E, como a SEMA
vai lidar com os CAR já realizados? Que tipos de adaptações serão necessárias? Qual o papel no
município nisso?
No que consiste a proposta que está sendo apresentada ao Fundo Amazônia?
Como a SEMA está monitorando ou se preparando para monitorar os TAC e os futuros Termos
de Compromisso do PRA?
Para Elaine Corsini, o Mato Grosso tem um longo histórico de criação de instrumentos de
combate ao desmatamento, desde 92, a partir dos primeiros estudos de dinâmica dos desmatamento.
Na década de 90 esse trabalho se deu por meio do sistema de licenciamento ambiental. O CAR surgiu
para alavancar esse processo à medida que torna mais simples a entrada de informações. Essa política
primeiramente ganhou os estados da Amazônia, sendo incorporada mais tarde pelo novo Código
Florestal. Como a estrutura da SEMA não é suficiente para lidar com toda a demanda que chega até ela,
há a necessidade de automatizar as rotinas de análise dos CAR e de ampliar a transparência pública.
Pensa-se, para tanto, em uma modernização tecnológica para ganhar agilidade na resposta e
alimentação do CAR através da criação de um processo integralmente digital. Dessa forma, cada
indivíduo insere as informações de sua propriedade em um banco de dados e depois é feito o
cruzamento automático entre as informações. Sobre o percentual de desmatamento ilegal têm-se esse
dado somente para alguns estados, mas certamente a maioria está em situação crítica. Existe a
incapacidade de segregar os desmatamentos legais dos ilegais. É preciso que se pense estratégias com
forte suporte tecnológico para monitoramento e controle da recuperação dos passivos ambientais e
restauração florestal. Uma alternativa poderia ser o apoio dos municípios no monitoramento da áreas
de recuperação.
É necessário melhorar a gestão e utilizar tecnologias para respostas mais rápidas, existe recurso
para isso previsto no Fundo Amazônia. Foi pensado pela SEMA uma mudança na lógica que buscando
inserir os pequenos produtores nesse processo, utilizando um pouco da estrutura dos municípios por
meio de parcerias, uma ideia seria envolver as EMPAER (que tem técnicos antigos que já conhecem os
produtores e suas realidades). Sabe-se que dos 46 municípios da lista do MMA de 2012, 22 são do Mato
Grosso. Desses 22, alguns tiveram a oportunidade de trabalhar com a TNC e o Fundo Amazônia para
realizarem o CAR e outros já atingiram 80% de área cadastrada ou estão em vias de. Sendo assim, estes
não seriam incluídos no projeto CAR-FIP, que tem como público alvo aqueles com menores percentuais
de CAR no cerrado, bioma que concentra a maioria dos municípios nessa situação. A SEMA já sabe, após
consulta, quais os municípios com interesse em participar e futuramente será discutido o fortalecimento
institucional desses municípios. A respeito dos municípios que já possuem 80% de CAR, tem de se
pensar nas ações de fomento ao cumprimento e monitoramento dos PRADs, para que não fique só no
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 11
papel, e para isso é necessário que os municípios enxerguem as oportunidades por trás desse processo
a fim de gerar motivação que efetive ações desse cunho. Sobre o compartilhamento de
responsabilidades entre as esferas do poder público, o Estado está com uma agenda de descentralização
para dar maior autonomia aos municípios. Entretanto, isso está sendo trabalhado primeiramente dentro
da pauta de poluição. É possível que num momento futuro a pauta para trabalhar a municipalização seja
o CAR. A princípio temos que pensar no apoio dos municípios e não na transferência de competência.
A mesa também foi contemplada com a fala de Luciana Estevam, representante da TNC, para
quem foi proposta a seguinte pergunta norteadora:
A TNC tem nos últimos anos trabalhado em atividades de regularização ambiental
municipal, como é o caso do projeto do Fundo Amazônia com 16 municípios. Quais são
as lições aprendidas com estas ações no chão e também na articulação com o estado?
De acordo com as considerações feitas pela Luciana Estevam, a TNC já vinha trabalhando com
bases cartográficas que permitem gerar diagnósticos aos municípios e orientar prefeituras e estados na
implementação do CAR, trabalho este que se tem sido desenvolvido também por outras organizações
que atuam na mesma linha. Posteriormente, a instituição passou a desenvolver uma ferramenta de apoio
à gestão dos cadastros em âmbito municipal. Trata-se de um sistema financiado pelo BNDES que obteve
forte adesão dos produtores ao processo de mapeamento dos imóveis, o que não necessariamente
representa adesão ao CAR. Alguns pontos interessantes levantados foram a conclusão de que o CAR
quando realizado em escala municipal reduz o custo de cadastramento para os produtores rurais e a
descentralização da gestão ambiental favorece o processo de regularização dos imóveis rurais. No
entanto, vale ressaltar que o engajamento da prefeitura municipal e organizações locais deve estar
integrado ao envolvimento e participação do órgão ambiental estadual. Essa ferramenta gera o status
do CAR no município de acordo com análises baseadas no Novo Código Florestal e se apresenta no
formato de um portal municipal público e gratuito, denominado Portal Ambiental Municipal, que deve
dialogar com o sistema da SEMA (o formulário é bastante parecido com o oficial), sendo o próximo passo
a regularização ambiental. Dessa forma, o produtor pode acessar o portal e não só registrar suas
delimitações como também informar-se sobre o diagnóstico e as condições de sua propriedade.
Também há espaço para o pós-CAR, para aqueles municípios que atingiram 80% de área cadastrada.
Atualmente existem sete municípios do Mato Grosso comportados nesse portal (financiados pelo Fundo
Amazônia), destes, dois atingiram 80% e os demais cerca de 50% de área cadastrada, mas ainda não foi
possível gerar análises.
Após as falas dos participantes da mesa, algumas perguntas elaboradas pelos ouvintes foram
realizadas e respondidas em seguida pelos convidados.
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 12
3. Descentralização e estruturação da Gestão Ambiental Municipal
A segunda mesa de debate realizada, que teve como tema “Descentralização e estruturação
da Gestão Ambiental Municipal” e mediação do consultor Valmir Ortega, fez referência à esse novo
desafio apresentado aos municípios, que é a implementação de políticas e ações eficientes na área
ambiental pela gestão municipal. Essa discussão envolveu questionamentos sobre a necessidade de
criação de estruturas legal e administrativa adequadas para implementação da gestão ambiental
municipal e de capacitação de pessoal para desempenhar atividades como o monitoramento,
licenciamento e fiscalização ambiental. A participação qualitativa da sociedade civil e o
compartilhamento de experiências entre municípios também são elementos que receberam destaque
nesse debate.
A primeira convidada a falar na mesa foi Estela Maria Souza Neves, pesquisadora do Instituto
de Ciência e Tecnologia em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento da Universidade Federal
do Rio de Janeiro, a qual foi direcionada as seguintes perguntas:
Quais as possibilidades e oportunidades para a promoção da cooperação entre os entes
federativos e do engajamento dos municípios na consolidação da gestão ambiental municipal,
incluindo a estruturação dos órgãos municipais de meio ambiente, a partir da Lei Complementar
nº. 140/20112?
O que é necessário para que os municípios efetivem seus instrumentos de gestão ambiental de
forma conjunta?
Considerando que licenciamento, regularização, monitoramento e outros instrumentos de
controle ambiental são partes conectadas de um mesmo processo: você conhece alguma
experiência em implementação ou implementada?
Segundo Estela Maria Souza Neves, as primeiras experiências de gestão ambiental municipal,
por meio da criação de secretarias municipais, é da década de 70, antes da Política Nacional de Meio
Ambiente (Lei n.°6.938 de 1981) e antes do reconhecimento do papel dos municípios pela Constituição
Federal de 1988. Atualmente, todos os entes federativos tem posição de destaque na construção de
políticas para a Amazônia. Cooperação é um conceito chave. Os municípios brasileiros dispõem de
grande autonomia se comparado a outros países. A partir de 1988, eles passam a ter o poder e o dever
2 Essa lei complementar fixa normas para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas
ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à proteção das paisagens naturais
notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição e à preservação das florestas, da fauna e da flora; e altera
a Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981.
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 13
de proteger o meio ambiente. Mas, o que tínhamos era um quadro de não normatização, o que gerou
grande expectativa em cima da Lei Complementar n°.140/2011 para promover a cooperação entre os
entes federativos. Esperava-se, portanto que a LC n.°140 instituísse as normas de cooperação,
entretanto ela foi recebendo emendas, e se transformou no foco de resoluções de conflitos associados
ao licenciamento, distribuindo responsabilidades entre união, estados e municípios pertinentes a esse
assunto. Entre os avanços, um destaque importante é o reconhecimento dos consórcios intermunicipais
como possibilidade de suporte à gestão ambiental municipal. Para a palestrante, no entanto, existem
algumas lacunas nessa norma, acreditando que por vezes a lei perverte a própria noção de cooperação,
não esclarece sobre as fontes de financiamento e não estabelece os mecanismos de avaliação do
cumprimento dos papeis pelas contrapartes, além de despertar algumas dúvidas quanto à
inconstitucionalidades. A LC 140 impõem dois grandes desafios: um, é a implementação da própria lei,
outro, é a integração como outras políticas públicas.
O segundo participante da mesa foi Lourival Vasconcelos, Presidente da Comissão de
Municipalização da Secretaria de Estado do Meio Ambiente de Mato Grosso (SEMA), ao qual foi proposto
as seguintes perguntas norteadoras:
A SEMA está com uma política de descentralização alicerçada pela lei complementar
nº140/2011. Qual apoio que o estado vai dar aos municípios?
A lei complementar 140/2011 transfere a competência de certos licenciamentos para o
município. Como o estado está lidando com isso? Como será esse processo de adaptação
dos municípios? Quais os apoios previstos?
Figura 4. Mesa sobre descentralização e estruturação da gestão ambiental municipal.
Fonte: Arquivo do Instituto Centro de Vida.
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 14
Para Lourival Vasconcelos, apesar da Constituição Federal de 1988 dar um empoderamento
muito grande ao município, o processo de descentralização só começa a projetar-se a partir da Eco-92,
que criou um ambiente mais favorável para esse debate. Em Mato Grosso, esse processo iniciou-se em
2008, pela elaboração de legislação que subsidiasse esse trabalho. Atualmente, tem-se 20 municípios no
estado que desempenham a gestão ambiental. Com a LC n.º 140, a adesão voluntária dos municípios
passou a ser obrigatória, sendo um dever do poder público municipal legislar sobre as atividades de
impacto local. À SEMA compete dar apoio, capacitação e orientação. Nesse sentido, a SEMA, por meio de
uma resolução, oferecerá aos municípios um prazo para estes se estruturem e se posicionem sobre sua
capacidade de exercer as atribuições estabelecidas pelo artigo 5 da norma referida. Caso o município
não se considere apto, a SEMA prestará o devido auxilio. O convidado ressaltou ainda que é essencial
que o gestor público reconheça e valorize o papel do profissional que lida com as problemáticas
relacionadas à gestão ambiental.
A terceira participante da mesa foi Solange Fátima de Oliveira Cruz, Coordenadora de
Resíduos Sólidos da SEMA, ao qual foi direcionada as seguintes perguntas:
Tendo em vista que os municípios tem até 2014 para desenvolver os planos de resíduos
sólidos, a SEMA tem recurso para apoiar os municípios no desenvolvimento dos seus
planos?
E a implantação dos mesmos, qual é a estratégia para apoiar os municípios?
Quais os principais desafios para os municípios, principalmente para os pequenos e com
pouca estrutura?
Segundo Solange de Fátima, o Mato Grosso publicou sua Política Estadual de Resíduos Sólidos
em 2002 (Lei n.º 7.862/2002), em seguida, implantou a Coordenadoria Estadual de Gestão de Resíduos
Sólidos. Quando em 2010 a lei federal foi publicada, fez-se uma revisão da lei estadual com base na
experiência acumulada do estado e da nova legislação federal. Com a publicação da lei, houveram duas
datas importante: dois anos após, em 2012 os municípios, de forma isolado ou em consórcios, e todos
os empreendimentos deveriam ter seus planos aprovados; e, em 2014, onde deverá ocorrer a
erradicação dos lixões. Todos os municípios mato-grossense já foram notificados para a regularização
de seus sistemas de gerenciamento de resíduos e elaboração dos planos de gerenciamento de resíduos
sólidos. O estado elaborou 13 propostas para os planos de gestão de resíduos sólidos. Em função da
inadimplência dos municípios, 4 consórcios não foram contemplados, sendo que novas estratégias estão
sendo pensadas para esse caso. O apoio da SEMA aos municípios dependerá do que estiver estabelecido
nesses planos. Com relação a questão social, agora se tem um convênio com o Ministério do Trabalho
para fazer um diagnóstico disso e propor alternativas inclusão social de grupos vulneráveis e
dependentes de atividade econômicas associadas aos lixões. A SEMA já está auxiliando os municípios,
desde o momento em que foi ao governo federal captar recursos para que esses Planos de Gestão de
Resíduos Sólidos fossem elaborados. Ainda é necessário que se tenha os diagnóstico para sabermos
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 15
como o estado efetivamente irá apoiar os municípios. Mas temos um caso exitoso para apresentar que é
a experiência no município Colíder com seu Programa de Gerenciamento Integrado dos Resíduos
Sólidos Urbanos.
A mesa também foi contemplada com a fala de Luciane Bertinatto Copetti, secretária de Meio
Ambiente de Lucas de Rio Verde, sendo as seguintes questionamentos direcionados à ela:
Trabalhando a frente do consórcio intermunicipal e da Secretaria de Meio Ambiente
Lucas do Rio Verde você tem acumulado uma importante experiência sobre os desafios
locais da gestão ambiental. Como base nessa experiência, os municípios/secretarias
estão se articulando para efetivar a gestão ambiental municipal? Se sim, quais os desafios
encontrados até então? Se não, é uma agenda que tem sido pensada?
Quais as principais pautas ambientais que os municípios vem trabalhando? Existe uma
visão integrada/sistêmica da gestão ambiental?
Luciane relata que ficou surpresa com o empenho dos secretários para que as experiências bens
sucedidas de Lucas do Rio Verde fosse reproduzidas, mesmo que muitas prefeituras dos municípios
participantes do consórcio tenham sido mudadas. Uma das principais demandas nos consórcios é a
qualificação dos gestores públicos para realizarem a gestão ambiental municipal. As secretarias
municipais hoje tem grandes desafios: qualificar os secretários municipais; compor um quadro técnico
adequado diante da carência de profissionais em âmbito local; levar a discussão da legislação para o
município de maneira participativa, inserindo a comunidade na política de gestão ambiental; elaborar
um Plano Diretor que consiga conter os danos ambientais; e, conciliar todo esse desenvolvimento do
estado de Mato Grosso com a gestão ambiental. Percebe-se certa morosidade no processo, temos a
Constituição Federal de 1988 que precisa ser aplicada, mas o poder público estadual ainda não
internalizou isso plenamente. Não existe espaço para atritos e desgastes, mas sim para parcerias. O
desafio é dar condições para que todas as prefeituras possam iniciar o processo de descentralização.
Após as falas dos participantes da mesa, algumas perguntas elaboradas pelos ouvintes foram
realizadas e respondidas em seguida pelos convidados.
4. Município e fomento às cadeias produtivas sustentáveis
O fortalecimento de alternativas de trabalho e renda pautadas pelo reconhecimento das
potencialidades produtivas da região e pela valorização das atividades que permitam o
desenvolvimento local e a manutenção da floresta, pode configurar-se com uma estratégia de
enfrentamento das desigualdades regionais e de estímulo do dinamismo do território. Nessa
perspectiva, se propôs a mesa intitulada “Município e fomento às cadeias produtivas sustentáveis”
que teve como mediador Arnaldo Carneiro do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 16
Arnaldo Carneiro propôs aos convidados as seguintes indagações:
Considerando as demandas e oportunidades de negócios para a pequena agricultura, que
produtos você considera como oportunos a fomentar com vistas a promover a inclusão social e
produtiva? E quais tecnologias existem ou necessitam ser disseminadas para que estas
oportunidades aconteçam?
A primeira convidada foi Camila Rodrigues, coordenadora da inciativa de Desenvolvimento
Rural Comunitário do ICV, que abordou os desafios para a inserção da agricultura familiar na economia
e na sociedade do Século 21. Esclarecendo quem compõe a agricultura familiar, relembra que apenas
em 2006 foi criada a lei que traz diretrizes e define o que se entender por agricultura familiar no Brasil
(Lei n°. 11.326/2006), usando critérios referentes ao tamanho das propriedades, rendimentos e mão de
obra empregada. Esse é um público extremamente diverso, tanto pelas diferenças regionais, mas
também pelas características dos próprios agricultores em si. A convidada ressalta a importância desse
segmento extremamente heterogêneo e que representa aproximadamente 70% das propriedades do
estado do Mato Grosso e são responsáveis por cerca de 60% da mão de obra ocupada no campo,
contribuindo também para a segurança alimentar das famílias brasileiras, uma vez que parte
significativa do mercado interno é abastecida pela produção familiar. Parte das famílias de produtores
obtém pouca renda das atividades agropecuárias e, caso não desempenhem atividade complementar,
encontram-se em situação de pobreza. Nesse contexto, é preciso pensar como construir arranjos de
parcerias locais que induzam à novas condições e oportunidades de desenvolvimento local. Diante dessa
necessidade de enfrentar os problemas reais, não é possível marginalizar segmentos que, mesmo se
encontrando em situação de irregularidade, devem ser atendidos e apoiados.
O segundo convidado a responder os questionamentos postos pelo mediador foi Renaldo Loffi,
Secretário Adjunto de Desenvolvimento Regional da Secretaria de Desenvolvimento Rural e Agricultura
Familiar do estado do Mato Grosso. Renaldo apresentou que o estado do Mato Grosso tem 188.560
empreendimentos rurais. Destes, 140 mil são estabelecimentos da agricultura familiar, sendo que 90
mil são famílias de produtores que encontram-se em assentamentos. Essas famílias, em sua maioria
descapitalizadas, enfrentam a falta de assistência técnica. Uma vez que 70% dos produtores vieram de
contextos urbanos, não dispõem da técnica para lidar com a atividade produtiva e necessitam de auxílio.
A EMPAER se esforça, no entanto é necessária maior atuação do governo federal. A realização de
trabalhos com a constituição consórcios intermunicipais de desenvolvimento econômico e
socioambiental visou diminuir as desigualdades regionais. Trabalhou-se com os 15 consórcios para
fomentar 12 principais cadeias produtivas do estado. Dentre as cadeias produtivas tinham: turismo,
apicultura, fruticultura, piscicultura, bovino, ovino, heveicultura, projetos avicultura, etc. Outra
preocupação dentro da temática da agricultura familiar é o crescente envelhecimento da população
rural, já que a juventude é, frequentemente, atraída para as cidades e para outras áreas de trabalho,
havendo problemas relacionados a sucessão geracional no campo.
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 17
Na sequência, Lineu Domit, Chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa do Mato Grosso,
teceu algumas considerações sobre as perguntas norteadoras elaboradas pelo mediador da mesa. Como
pontuou o convidado, a EMBRAPA no Mato Grosso ainda é pequena em relação aos desafios do estado.
A estratégia principal é promover arranjos de parceiras, como por exemplo: Emater, Prefeituras,
Cooperativas, revendas de insumos, entre outros. As equipes de assistência técnica não tem capacitação
adequada para a extensão rural. A EMBRAPA também pode participar de processo de capacitação de
técnicos municipais, em parceria com as prefeituras. Essa capacitação continuada de técnicos pode
configurar-se como um instrumento de desenvolvimento regional e local. A formação continuada deve
integrar teoria e prática, tendo as unidades demonstrativas como ferramenta de trabalho para a
capacitação e validação de tecnologias.
Figura 5. Mesa sobre fomento às cadeias produtivas sustentáveis.
Fonte: Arquivo do Instituto Centro de Vida.
Rodrigo Junqueira, coordenador adjunto do Programa Xingu do Instituto Socioambiental,
fechou as apresentações da mesa comentando sobre o duelo ainda presente entre desenvolvimentista e
preservacionistas. Entretanto, não existe um modelo certo, e sim pontos de vista diferentes. Dentro das
diferentes perspectivas é possível achar pontos que são consensos, como, por exemplo, a necessidade
de restaurar as APPs. Para isso, articulação social diária, busca de incentivos e diversidade são
essenciais, sendo necessário se trabalhar com um leque extenso de parcerias. Os arranjos de parceiras
devem respeitar as realidades locais e serem pactuadas entre os atores envolvidos. No que toca o
controle dos passivos ambientais, é importante que a restauração esteja atrelada a geração de renda
para as comunidades, como no caso da rede de sementes do Xingu, que proporciona incremento nos
rendimentos de famílias que trabalham com coleta de sementes e produção de mudas. Caso fosse
necessário colocar o novo Código Florestal em prática hoje, não seria possível pois falta sementes e
mudas para restaurar todo o passivo ambiental existente. Sendo assim, pode-se dizer que a cadeia
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 18
produtiva da restauração pode ser uma fonte geradora de renda para as famílias da agricultura familiar.
A restauração de passivos florestais e a reorientação produtiva podem gerar oportunidade econômicas
para os municípios e comunidades locais.
5. Instrumentos econômicos e estratégias de financiamento para a agenda de municípios
sustentáveis
Recentemente, tem-se aumentado o interesse pela aplicação de instrumentos econômicos que
direcionem o mercado para o uso sustentável dos recursos naturais. Na mesa intitulada “Instrumentos
econômicos e estratégias de financiamento para a agenda de municípios sustentáveis”, mediada
por Miguel Calmon do Instituto Internacional para Sustentabilidade, se discutiu como incentivos
econômicos e estratégias de financiamento podem contribuir para a prevenção e combate ao
desmatamento da Amazônia.
O primeiro convidado da mesa foi Fábio Maciel Plotkowski, Gerente de Meio Ambiente do
Fundo Amazônia, para quem foi direcionado os seguintes questionamentos:
Com base na experiência, desse últimos anos, do Fundo Amazônia com investimentos
diretos em prefeituras, ONGs e com governos estaduais, Como encaixar essa agenda de
municípios sustentáveis na estratégia do Fundo?
Qual o caminho que o Fundo tem considerado mais promissor e como os municípios
podem se organizar para acessar este recurso?
Como os municípios devem se preparar e se estruturar para buscar estes
financiamentos. Se tivermos 50 municípios, ou 10 consórcios municipais, terão
recursos?
Segundo o Fábio Maciel, na primeira fase do Fundo Amazônia existia grande liberdade para
apoiar diversos tipos de projetos oriundos de diferentes proponentes. Atualmente foram definidos dois
pilares, as Chamadas Públicas (comissão de avaliação multisetorial) e os Projetos Estruturantes, este
último deve atender a três critérios: contribuir com a formulação de políticas públicas; ter caráter
resolutivo em relação a alguma situação problema; e, possuir escala no território. O foco desse segundo
pilar recai dessa forma sobre os projetos maiores, favorecendo com isso os governos federais e estaduais
e as organizações privadas sem fins lucrativos na decisão dos beneficiados. Na primeira fase foram feitos
apoios diretos aos municípios, mas nesse biênio isso não será mais possível. Existe uma dúvida
frequente sobre a possibilidade do financiamento direcionado à consórcios. Nesse caso, nos deparamos
com uma questão jurídica, seria necessário verificar se o consórcio se enquadra no mesmo conceito
jurídico das organizações privadas sem fins lucrativos, além disso, tem-se a possibilidade da existência
de diferentes tipos de consórcios, portanto isso precisa ser estudado junto à assessoria jurídica. O Fundo
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 19
Amazônia apoia o CAR, e como o prazo de dois anos para implantar o CAR constitui-se com um grande
desafio, o Fundo priorizará o CAR por meio dos estados. Contudo o Fundo também apoia a
descentralização e o fortalecimento das secretaria municipais de meio ambiente para que estas realizem
a fiscalização do processo, e esse apoio se será feito exclusivamente através de operações com
os estados. A respeito das Chamadas Públicas, estas podem ser diretas ou indiretas. O Fundo Amazônia
realizou uma chamada direta recentemente, recebendo um total de 97 propostas que abrangem os
projetos de menor porte provenientes daqueles com fragilidade e dificuldades frente ao BNDES. Nesse
momento o Fundo encontra-se na fase final de análise dos projetos que requisitaram financiamento.
Como exemplo de Chamadas indiretas foram citadas a FASE pelo Fundo Dema e o ISPN que fazem o
repasse do recurso à organizações locais menores, e também realizam chamada pública. O Convidado
confirmou que, por enquanto, dinheiro não é problema e que atualmente o Fundo conta com
aproximadamente 1 bilhão de reais disponíveis. Como passíveis de receberem recursos o convidado
também mencionou as seguintes atividades: recuperação de áreas degradas, agricultura familiar,
economia extrativista, manejo florestal sustentável e assentamentos verdes.
A segunda convidada foi Roberta Del Giudice, assessora jurídica da Bolsa Verde do Rio de
Janeiro (BVRio). O mediador propôs para Roberta a pergunta:
A Cota de Reserva Legal - O CRA - é um incentivo econômico e de mercado à troca entre
excedentes e passivos de reserva legal, o que pode vir a ser um importante instrumento
de incentivo a regularização ambiental e a viabilização de conservação destas áreas. E,
pelo que entendemos, a BVRio irá viabilizar a troca de CRA e de outros ativos ambientais.
Como funcionará essa operação? E, qual o papel que os municípios podem ter em
promover este instrumento para que se torne realidade nos municípios, além de
palestras e mobilização?
De acordo com Roberta Del Giudice a BVRio é uma bolsa de valores ambientais com atuação
nacional, que tem como propósito facilitar o cumprimento de obrigações ambientais por meio de
mecanismos de mercado. Atualmente o exercício da BVRio consiste em lançar contratos de cotas de
ativos florestais, previstas pela Lei Florestal, e comercializá-las. O mercado dessas cotas, denominadas
Cotas de Reserva Legal para entrega futura (CRAFs), são uma alternativa segura e eficiente para
produtores rurais com déficit de Reserva Legal cumprirem com suas obrigações legais, e para
proprietários com excedente de Reserva comercializarem seus ativos. Segundo a convidada, existe um
milhão de hectares passíveis de emissões de cotas. A BVRio está atuando na mesma linha de
compensação de Reserva Legal com os proprietários de imóveis dentro de Unidades de Conservação,
mas nesse caso os proprietários para realizarem a compensação devem doar esses imóveis ao órgão
gestor da UC, esse formato veio para atender às pretensões do Governo quanto às unidades de
conservação de proteção integral por meio do fomento do mercado nesse nicho específico. A BVRio
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 20
também conta com um mercado para a logística reversa de pneus e outro para catadores de materiais
recicláveis.
Como salientou Roberta, a falta de regularização fundiária pode constituir-se como um gargalo
à oferta de CRAFs, uma vez que para gerar a cota é preciso que se tenha em mãos a documentação
fundiária, mesmo que seja uma posse formalizada, como por exemplo a Certidão de Concessão de Uso
(CCU), e a autorização de emissão da cota fornecida pelo INCRA no caso de assentamentos. O CAR e o
PRA, em contrapartida, não exigem regularização fundiária, o que ocorre é a obrigação de assinar e se
comprometer a recuperar ou recompor (por exemplo para aqueles que não averbaram antes de 2008),
existe apenas exigência de compromisso. A convidada considerou ainda que o mercado tem potencial,
mas só irá se efetivar de fato assim que o comando e controle vigorar, a exemplo do CAR. Pode haver
uma aproximação dos municípios com a BV Rio para a cooperação e desenvolvimento de parcerias.
Para a convidada Luiza Muccillo, da Unidade de Mecanismos Econômicos e Financeiros da
Fundo Nacional para a Biodiversidade (Funbio), foi feita as seguintes perguntas:
O Funbio está trabalhando com o município de São Felix de Xingu para desenvolver um
mecanismo financeiro (Fundo Municipal). Esta abordagem é replicável e adaptável ao
Mato Grosso? Quais as vantagens para o município?
Qual é a relação com o fundo municipal de meio ambiente?
Quais as formas dos municípios arrecadarem dinheiro para a execução da gestão
ambiental?
Segundo Luiza Muccillo, o Funbio é um mecanismo financeiro similar ao Fundo Amazônia,
assumindo papel de intermediário financeiro a medida que recebe recursos e fornece para a ponta. São
elaborados estudos e pesquisas e desenhados mecanismos para as iniciativas a fim de averiguar como
se darão os processos, possuindo estratégias de financiamento de médio e longo prazo. No caso de São
Felix do Xingu, onde a Funbio apoiou a estruturação de um Fundo Municipal, o propósito foi de
contribuir para a contenção do desmatamento. As ONGs por conhecerem muito melhor a realidade do
município são importantes no processo, e o Funbio, por sua vez, visitou o município para conhecer e
entender o contexto local e explicar os conceitos desse mecanismo financeiro. Após serem realizadas
diversas oficinas com os diversos atores e setores envolvidos o Funbio enxergou um forte potencial no
município, que embora incluso na lista do MMA dos municípios com maiores índices de desmatamento
possuía agenda e discussão bem amadurecidos, boa parte do trabalho já pronto e bom engajamento da
sociedade civil, o que precisava ser feito era trabalhar apenas a questão do desmatamento. Dentre as
demandas existentes, algumas eram de responsabilidade do poder público, então o foco foram as
demandas de iniciativas privadas. No que compete às negociações e articulações, optou-se por
consolidar como canal de diálogo uma associação sem fins lucrativos com personalidade jurídica
própria. Foi solicitado pela prefeitura a revisão dos procedimentos dos fundos municipais. Luiza
ressaltou que o mecanismo precisa ter missão, agenda e doadores e que se a missão for trabalhar o
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 21
desmatamento, por exemplo, a estratégia de captação deve contemplar a quantidade de demandas
existentes, o volume de recursos necessários, e as fragilidades e desafios para que os esforços sejam
planejados. A convidada coloca ainda a importância de se casar as iniciativas privadas com as públicas.
A replicabilidade dessa experiência depende fundamentalmente das condições locais de engajamento e
disposição política dos agentes locais. Um fundo não é uma solução para todos os problemas, mas deve
compor uma cesta de instrumentos econômicos e de apoio à construção de alternativas sustentáveis
locais. Alguns dos desafios atuais do Funbio são o desenho de uma manual operacional com os
processos, fluxos e ferramentas de modelos de propostas de projetos e a pretensão de criar indicadores
para avaliar a agenda.
Figura 6. Mesa sobre incentivos econômicos e financiamentos para a agenda de gestão ambiental.
Fonte: Arquivo Instituto Centro de Vida.
Após, a convidada Ane Alencar, diretora do programa Cenários para Amazônia do Instituto de
Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), discorreu sobre as seguintes perguntas:
O IPAM vem desenvolvendo uma importante iniciativa de apoio à constituição do
consórcio intermunicipal de desenvolvimento sustentável (CIDS). Quais são as
vantagens e desvantagens para o municípios trabalhar em consórcios?
Há instrumentos econômicos específicos que vocês estão ajudando a construir ou
implementando? Que podem ser implementados para apoiar esta agenda de Municípios
Sustentáveis?
Quais são os instrumentos econômicos que podem ser implementados nos municípios?
De acordo com Ane Alencar, o CIDS trata-se de experiência envolvendo quatro municípios na
Transamazônica para redução do desmatamento. A ideia inicial era de montar um consórcio pensando
na possibilidade de manter uma estratégia de redução do desmatamento que perdurasse através dos
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 22
mandatos políticos. Dois financiamentos já foram conseguidos. A princípio, eram cinco municípios, mas
um acabou saindo depois da mudança de mandato. O maior desafio é o financeiro, pois para manter o
consórcio e toda a sua estrutura administrativa é preciso ter recurso suficiente. O consórcio já tem dois
anos de criação e agora entra como um dos grupos dentro do Programa Municípios Verdes. Sobre o
papel que os municípios tem tido na redução e controle do desmatamento, a lista do MMA teve uma
função propulsora muito forte, pois esse tipo de instrumento por parte do governo confere
corresponsabilidade aos municípios. A Lista foi uma peça chave, a ideia não é fazer apologia ao comando
e controle, mas foi uma ótima oportunidade para os municípios que assumiram um sentimento de
responsabilidade e imergiram na agenda ambiental. O CAR segue na mesma linha. A respeito do
mecanismo tributário, ICMS verde do Pará trata-se de algo que pode ser feito a curto prazo para que
aqueles municípios que estão fazendo a “lição de casa” sejam remunerados e com isso motivados. É o
primeiro sistema subnacional de transferência financeira que incentiva o CAR e fomenta redução do
desmatamento. O ICMS verde pode significar até 25% da arrecadação do ICMS. Os critérios de
distribuição são: 25% de acordo com a proporção do território coberto por unidades de conservação +
terras indígenas + terras quilombolas; 50% do território cadastrável coberta pelo CAR; critério de
estoque e fluxo no qual só podem receber se houver 20% de cobertura florestal original. Além disso está
previsto que aqueles que conseguirem reduzir o desmatamento em 40% até 2014 receberão os 25%.
Esses critérios são acumulativos. Esse é um instrumento imediato e precisamos nos atentar ao fato de
que apesar da porcentagem parecer baixa, se comparado ao valor perto de zero que é o fornecido
atualmente, esse valor é muito significativo para a gestão ambiental municipal. Agora, é preciso se
certificar e assegurar que isso realmente seja usado para a gestão ambiental.
6. O exemplo do Programa Municípios Verdes do Pará3
No segundo dia de seminário, a manhã foi iniciada com apresentações de Justiniano Neto,
secretário do Programa Municípios Verdes do Pará, e de Felipe Zagallo, secretário de Meio Ambiente
de Paragominas (PA). As exposições versaram sobre o histórico e atuação do Programa Municípios
Verdes (PMV) e sobre a implementação de uma pauta de sustentabilidade em Paragominas.
Segundo Justiniano, o PMV inspirou-se na experiência local bem sucedida que ocorreu em 2008
em Paragominas, com o Projeto Município Verde, voltado ao combate ao desmatamento ilegal por meio
de um pacto entre sociedade e poder público. A inclusão do município na lista dos maiores desmatadores
foi o que incentivou a elaboração do projeto. Tamanho foi o êxito da proposta, que Paragominas foi o
primeiro município a sair da lista do MMA. A principal meta do PMV é a redução de 80% do
3 Para conhecer obter informações mais detalhadas, ver Whately, M. (coord.), Programa Municípios Verdes: lições
aprendidas e desafios para 2013/2014, Governo do Estado do Pará, 2013. Disponível em: < http://
municipiosverdes.com.br>.
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 23
desmatamento no estado do Pará até 2020. Quando o município reduz o desmatamento ele alcança
novos mercados e o nível de renda do produtor pode aumentar consideravelmente. Atualmente, o Pará
tem 58% da sua área cadastrável inserida no CAR, e o objetivo agora é alcançar os 80%. O PMV perpassa
diferentes secretarias, mas centraliza numa coordenação central ligada a casa civil e ao governo e possuí
comitê gestor responsável pela parte jurídica. A atuação se dá em quatro linhas: controle e
monitoramento do desmatamento; ordenamento ambiental e territorial; gestão ambiental
compartilhada; e, produção sustentável. Os municípios que aderirem voluntariamente ao programa se
comprometem a cumprir sete metas, que perpassam a criação de grupos de trabalho para combate ao
desmatamento, inserir mais de 80% da sua área cadastrável no CAR, inserir noções de educação
ambiental nas escolas municipais, dentre outras. O trabalho junto ao PMV é baseado na articulação entre
níveis de governo, a sociedade civil, a iniciativa privada e o Ministério Público, e na construção de
soluções de modo participativo. Uma nova parceria firmada pelo PMV refere-se ao INCRA e ao IPAM,
para auxiliar no combate aos desmatamento em assentamentos rurais. Dentre os resultados está a
redução do desmatamento e o aumento das áreas inseridas no CAR.
Felipe Zagallo, por sua vez, discorreu sobre o Programa Municípios Verdes em Paragominas,
município que já foi conhecido como um dos que mais desmatavam. Chegou a possuir 300 serrarias e
muitas carvoarias. Em 2008 foi incluído na lista do desmatamento e, sendo alvo da operação Arco de
Fogo, centenas de propriedades foram embargadas pelo IBAMA. A empresa Cargil, por exemplo, negou-
se a comprar soja de Paragominas, assim como os frigoríficos que se recusaram a comprar carne
proveniente do município após embargo desse produto pelo Ministério Público Federal. Como efeitos
disso, o desemprego aumentou, a exportação da madeira recuou e alguns empresários foram presos. Em
2008, 51 entidades da sociedade civil se reuniram para um termo de compromisso com o desmatamento
zero, e na sequência outros pactos surgiram. Com a entrada do município no Programa Municípios
Verdes o município foi intensamente beneficiado por meio de desembargos, criação de um novo
ambiente de negócios para o município repleto de oportunidades, como, por exemplo, o interesse das
grandes empresas agrícolas no município, facilitação do processo de regularização fundiária, obtenção
de crédito sem o Certificado de Cadastro do Imóvel Rural – CCIR, SigCar municipal, aumento da quota
do ICMS Verde, que passou de 1,38 para 1,44%, dentre outros. O Programa também facilitou e tornou
mais barato o processo de licenciamento ambiental. Para se ter uma ideia do progresso, de 2007/2012
foram protocolados 850 pedidos e emitidas somente 255 licenças pela SEMA estadual. Já de 2009 a 2012
foram protocolados 1.172 pedidos e emitidos 1.166 licenças pela SEMA municipal. Outro dado
importante são as autuações do IBAMA que caíram drasticamente de 2009 (início do programa) a 2012.
Segundo o convidado, atualmente Paragominas tem um total de 100 hectares de área cadastrada no CAR
e está em um estágio avançado no processo de descentralização da gestão ambiental, a gestão florestal,
por exemplo, é atualmente feita pelo município e esse é um diferencial, a exemplo do licenciamento das
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 24
atividades de manejo. Com a descentralização o município tem maior influência e conhecimento sobre
as atividades que ocorrem no seu território.
7. Elementos para um programa de municípios sustentáveis em Mato Grosso
O consultor Valmir Ortega, realizou uma exposição sobre a construção de uma agenda de
cooperação entre organizações da sociedade civil e autoridades públicas locais para a iniciativa de
municípios sustentáveis em Mato Grosso. Valmir sintetizou a trajetória para um programa estadual,
como pode ser visto no quadro esquemático:
Esse caminho envolve um agenda mínima permeada pelas dimensões: social, com combate à
pobreza e promoção da qualidade de vida; ambiental, pautada pela governança ambiental local,
proteção de ativos ambientais e restauração de passivos ambientais; e, econômica, com promoção de
atividades sustentáveis e reorientação de processos produtivos tradicionais. Dentre os componentes
dessa agenda, segundo o discutido no seminário, é importante que estejam presentes questões sobre:
a regularização ambiental de propriedades rurais, negociando e consolidando o papel
dos municípios na elaboração do CAR dos pequenos produtores e do pós-CAR com foco
na recuperação das áreas degradadas e as parcerias entre União, Estado, organizações
da sociedade civil e representações setoriais. Capturar as oportunidades de
financiamento, utilizar o CAR como oportunidade para “conhecer” o território e
potencializar a oportunidade de integrar o CAR a outros instrumentos de gestão
também são elementos que devem ser considerados;
a descentralização e estruturação da Gestão Ambiental Municipal, firmando a gestão
ambiental é uma responsabilidade do município e a cooperação entre os entes
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 25
federativos, e reconhecendo o papel dos consórcios na estruturação da gestão
ambiental local;
o fomento às cadeias produtivas sustentáveis e redução da pobreza, construindo
arranjos de parceria que viabilizem o fomento da produção sustentável e reconheçam
os consórcios intermunicipais de desenvolvimento econômico e socioambiental e
capacitação continuada de técnicos em Mato Grosso como instrumentos para o
desenvolvimento local, bem como entenda a restauração de passivos (florestais) e a
reorientação produtiva como uma oportunidade econômicas para os municípios e
comunidades locais;
os instrumentos econômicos e estratégias de financiamento para a agenda de
municípios sustentáveis, atentando-se para as oportunidades de financiamento abertas
(p.ex. Fundo Amazônia/BNDES), as experiências de criação de ferramentas ou
instrumentos econômicos que podem inspirar iniciativas no Mato Grosso (p.ex. BV Rio –
FUNBIO/SFX) e aos instrumentos econômicos associados à mecanismos tributários e
incentivos fiscais que podem ter papel relevante para reorientação produtiva e
engajamento do poder local (ICMS-Verde, isenções tributárias para cadeias de base
comunitária ou sustentável, compras sustentáveis, etc.).
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 26
PROPOSTAS DOS GRUPOS DE TRABALHO
Para iniciar o debate sobre os elementos relevantes para a construção de um programa estadual de municípios sustentáveis para o Estado
do Mato Grosso, foram organizados grupos de discussão com os seguintes temas:
Grupo 1. Município e regularização ambiental da propriedades rurais;
Grupo 2. Descentralização e estruturação da Gestão Ambiental Municipal;
Grupo 3. Município e fomento às cadeias produtivas sustentáveis; e,
Grupo 4. Estratégias de financiamento para a agenda de municípios sustentáveis.
As perguntas que orientavam o trabalho dos grupos foram:
Quais são as prioridades para o tema para o tema considerado?
Qual papel de cada ator no fortalecimento de cada prioridade levantada?
As propostas dos grupos de trabalho foram apresentadas em plenária.
GRUPO 1. Município e Regularização Ambiental de propriedades rurais
Facilitador: Jorcelina Ferreira da Conceição. Apoio: Vinicius de Freitas Silgueiro e Natália Grossi
Pontos de partida:
1) Negociar e consolidar o papel dos municípios: papel dos municípios para fazer o CAR para pequenas propriedades; recuperação dos passivos
de APP e Regularização da Reserva Legal (recuperação e cotas);
2) Construir parcerias necessárias – União, Estados, Organizações da Sociedade Civil e Representações Setoriais;
3) Capturar as oportunidades de financiamentos que estão abertas ou que se abrirão;
4) Usar o CAR como oportunidade para conhecer o território;
5) Oportunidades de integrar o CAR a outros instrumentos de gestão (Ex.: integração da GTA ao CAR – Pará).
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 27
Prioridades Nível Federal Nível Estadual Nível Municipal Sociedade Civil Financiadores
Vontade política Regulamenta-ção da lei 12.651/2012
Regulamentação do PRA/CAR
Articulação e implementação do PRA/CAR
Mobilização
Arranjos institucionais: construção de parcerias que dependem do diálogo local e disponibilidade de cada ator (recursos, articulação, equipamentos, troca de experiências, outros
Atores: Incra/ Ibama/ Ministério Público
Atores: Intermat/ Sema/ Empaer
Prefeituras/ Secretarias municipais e Conselhos
Atores: Sindicatos, associações ONG´s
a) Tornar seus mecanismos mais acessíveis; b) Divulgar as linhas de financiamento; c) Ter linhas de financiamento específicas para as prefeituras no tema proposto
Capacitação de recursos humanos
Dar cursos e formação
Dar cursos e formação
Dar cursos e formação
Dar cursos e formação
a) Tornar seus mecanismos mais acessíveis; b) Divulgar as linhas de financiamento; c) Ter linhas de financiamento específicas para as prefeituras no tema proposto
Estruturação física técnica e administrativa
Transferência de recursos
Transferência de tecnologia, recursos e orientações técnicas
Priorizar a gestão ambiental e implementá-la Dar transparência ao processo para a sociedade
a) Fomentar o processo; b) monitorar e divulgar
a) Tornar seus mecanismos mais acessíveis; b) Divulgar as linhas de financiamento; c) Ter linhas de financiamento específicas para as prefeituras no tema proposto
Descentralização da regularização ambiental para viabilizar e agilizar a emissão de CAR a partir de um sistema integrado ao estado
Inscrição e análise do CAR pelas Unidades Regionais da Sema
Inscrição e análise do CAR pelas prefeituras – Propostas: a) treinamento de recurso humano da prefeitura; b) disponibilização de
a) Fomentar o processo; b) monitorar e divulgar
a) Tornar seus mecanismos mais acessíveis; b) Divulgar as linhas de financiamento; c) Ter linhas de financiamento específicas para as prefeituras no tema proposto
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 28
servidor da Sema na prefeitura)
Recuperação de APP É um processo complexo que exige muita dedicação do município e de todos os atores. Exigem-se arranjos institucionais, recursos financeiros e humanos, modelos de metodologia que dependem de cada região/ município
a) Tornar seus mecanismos mais acessíveis; b) Divulgar as linhas de financiamento; c) Ter linhas de financiamento específicas para as prefeituras no tema proposto
Regularização da Reserva Legal
a) Tornar seus mecanismos mais acessíveis; b) Divulgar as linhas de financiamento; c) Ter linhas de financiamento específicas para as prefeituras no tema proposto
Atividades Obs.: o grupo avalia que licenciamento de atividades produtivas é a prioridade após a regularização ambiental.
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 29
GRUPO 2. Descentralização e estruturação da gestão ambiental municipal
Facilitador: Carolina Jordão. Apoio: Ana Paula Valdiones, Weslei Butturi e Jéssica Souza
Prioridades Nível Federal Nível Estadual Nível Municipal Sociedade Civil Financiadores
Estruturação do Sistema Municipal de Meio Ambiente
a) Aporte financeiro e operacional; b) Capacitação
a) Política de gestão ambiental compartilhada; b) Aporte financeiro e operacional; c) capacitação
a) Criar e implementar o Sistema Municipal de Meio Ambiente; b) Cobrar o governo Federal e Estadual.
a) Participação; b) Fiscalização.
a) Facilitar o acesso aos recursos; b) Facilitar a gestão dos recursos; c) Desburocratizar os processos.
Inclusão de Programas ambientais no Plano Plurianual, na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e na Lei Orçamentária Anual (LOA).
a) Garantir a integral de programas nas 3 esferas de governo.
a) Política de gestão ambiental compartilhada; b) Aporte financeiro e operacional; c) capacitação.
a) Fomentar a participação da sociedade; b) integrar os programas entre as diferentes secretarias municipais e entes federativos.
a) Envolvimento da sociedade.
a) Facilitar o acesso aos recursos; b) Facilitar a gestão dos recursos; c) Desburocratizar os processos.
Melhorias na estrutura física e operacional
a) Repasse de tecnologias, equipamento e conhecimento
a) Política de gestão ambiental compartilhada; b) Aporte financeiro e operacional; c) capacitação; d) Compartilhamento do SIMLAM.
a) Prever orçamento; b) Captar recursos.
a) Fiscalização; b) Apoiar a implementação.
a) Facilitar o acesso aos recursos; b) Facilitar a gestão dos recursos; c) Desburocratizar os processos.
Capacitação de recursos humanos efetivos
a) Capacitação de gestores distribuídas regionalmente (consórcios, microrregiões, bacias hidrográficas).
Capacitação e acompanhamento
a) Valorização/gestão dos recursos humanos; b) fornecer condições para implementação.
a) Fiscalização; b) Apoiar a implementação.
a) Facilitar o acesso aos recursos; b) Facilitar a gestão dos recursos; c) Desburocratizar os processos.
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 30
Elaboração de Plano de Gestão Ambiental rural e urbano
a) Apoio a implementação de agenda conjunta municipal
Apoio a implementação de agenda conjunta municipal
a) Planejamento estratégico participativo; b) Mobilização de grupos da sociedade.
a) Fiscalização; b) Apoiar a implementação.
a) Facilitar o acesso aos recursos; b) Facilitar a gestão dos recursos; c) Desburocratizar os processos.
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 31
Grupo 3 – Município e fomento às cadeias produtivas sustentáveis
Facilitador: Paula Bernasconi. Apoio: Francisco Beduschi.
Prioridades Nível Federal Nível Estadual Nível Municipal Sociedade Civil Financiadores
Regularização Ambiental e Fundiária
Considerar o trabalho do Grupo 1
Estudo das cadeias produtivas existentes e potenciais
- Apoio à pesquisa – Embrapa -Editais de estudo - MDA
-MT Regional/SEDRAF -FAPEMAT -UFMT/UNEMAT -INDEA
Participar do estudo, mobilizar localmente; trazer experiência, implementar. Abrir espaço para participação
-Participar e validar estudo -Implementar
-FAPEMAT -MDA
Assistência técnica e apoio à diversificação produtiva
-MDA: Chamada de Ater -Embrapa: Treinamento
-EMPAER: Apoio técnico e desenvolvimento de unidades demonstrativas
Contratar técnico (eletivo), capacitá-lo
-Cooperativas de trabalho
Fomento Associativismo e Cooperativismo
OCR: Fomento e apoio
Acesso à Crédito -Capacitação pessoal -Sensibilização interna pra incentivar venda de crédito pra cadeias organizadas
-instrumentalizar produtores -Aproveitar espaços para divulgar créditos/projetos
Comercialização (Tributária/Legal/Sanitária)
-Compras Governamentais: compras diretas pra facilitar a venda
-Desoneração fiscal e tributária -Rede Ceasa -Simplificação SISE
-Desenvolvimento de feiras livres -Rede de armazenagem -Acesso PNAE
-Busca por nichos de mercado -PAA
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 32
Figura 7. Grupo de discussão.
Fonte: Arquivo do Instituto Centro de Vida
Grupo 4 - Estratégias de financiamento para a agenda de municípios sustentáveis.
Facilitadores: Renato Farias, Laurent Micol.
Prioridade Estratégias em conjunto (município, ONGs, Órgãos Ambientais) Fontes de financiamento Ações
O município ter acesso aos recursos, ou seja, recursos que cheguem na ponta.
Projeto CAR – SEMA Fundo Amazônia Atenção aos critérios de financiamento do Fundo Amazônia Viabilizar de fato o Crédito Rural (como?)
Possibilidade de chamada pública indireta ? Fundo Amazônia Atividades Sustentáveis Crédito Rural
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 33
Recursos dos planos básicos ambientais das grandes obras.
Buscar outros tipos de fontes (Identificar as fontes de acordo com a vocação de cada município; Buscar repasses federais; Não contar só com o formato de projetos mas também pacotes de políticas; Buscar financiamento pela Agência Nacional de ATER em um formato viável. Atenção ao arranjo de Governança, Planejamento, Gestão
Arranjos para cadeias produtivas da agricultura familiar
Recursos para viabilizar Assistência Técnica – Já descontado
Assentamentos Verdes
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 34
CONCLUSÕES E ENCAMINHAMENTOS GERAIS
Durante o evento, foi sugerido a organização de um grupo para dedicar-se a elaboração da
proposta de um Programa de Municípios Sustentáveis para o estado de Mato Grosso. Dessa forma, se
constituiu o Comitê Articulador, com a seguinte formação:
Amilton Castanha, Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente de Cotriguaçu;
Ana Carolina C. da Silva, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM);
Aparecida Sicuto, Secretaria de Meio Ambiente de Alta Floresta;
Eleandro Ribeiro, Secretaria de agricultura e Meio Ambiente de Querência;
Gina Thimóteo, The Nature Conservancy (TNC);
Irene Duarte, Instituto Centro de Vida (ICV);
João Paulo Mattos Moura, Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Sapezal;
Lair Cristiano Heinen, Secretaria de Turismo de Porto dos Gaúchos;
Lineu Domit, Embrapa do Mato Grosso.
Luciane Bertinatto Copetti, Secretaria de Meio Ambiente de Lucas do Rio Verde;
Raimundo Zanon, Prefeitura de Itaúba; e,
Rodrigo Junqueira, Instituto Socioambiental (ISA).
Como encaminhamento, a equipe organizadora do evento se comprometeu a elaborar uma pré-
proposta de programa estadual e apresentar para o Comitê Articulador e, posteriormente, para órgãos
estaduais.
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 35
ANEXOS
ANEXO A. Lista de presença.
N.° NOME DO PARTICIPANTE INSTITUIÇÃO
1 Adelaine Alves Cézar Instituto Centro de Vida -ICV
2 Afrânio Migliari Sec. de Agricultura de Sorriso
3 Alex Schmidt TNC
4 Aline Francielli Sec Amb. Sec. de Meio Ambiente de Paranaíta
5 Amilton Castanha Sec. de Agricultura e Meio Ambiente de Cotriguaçu
6 Ana Carolina C. da Silva IPAM Brasília
7 Ana Paula Gouveia Vadiones Instituto Centro de Vida -ICV
8 Anderson Eduardo Wagner Sec. de Meio Ambiente de Sinop
9 Ane Auxiliadora Costa Alencar IPAM Brasília
10 Antonio Martins Instituto Centro de Vida -ICV
11 Antonio Domingo Ruffato Prefeitura de Paranaita
12 Aparecida Sicuto Scatambuli Sec. de Meio Ambiente de Alta Floresta
13 Armindo Felipe Zagalo Neto Secretaria de Meio Ambiente de Paragominas
14 Arnaldo Carneiro Filho INPA
15 Arnóbio Vieira de Andrade Prefeitura de Marcelândia
16 Camila Horiye Rodrigues Instituto Centro de Vida -ICV
17 Carlos Eduardo Sturm INCRA
18 Carolina Jordão Instituto Centro de Vida -ICV
19 Claudia Nessi Fundo Amazônia
20 Claudir Sonemann Feijo Câmara de Vereadores de Canarana
21 Cristiane Fontes CLUA
22 Cristino Fenner Ramos Sec. de Meio Ambiente de Santa Cruz do Xingu
23 Cristina Ferri Secretaria de Meio Ambiente de Sinop
24 Daniela Torezzan Instituto Centro de Vida -ICV
25 Deroní de F. L. Mendes Instituto Centro de Vida -ICV
26 Dirce Barsejo Juruena
27 Diogo Uchimura Sec. de Agricultura e Meio Ambiente de Sorriso
28 Djhuliana Cristina de Souza Instituto Centro de Vida -ICV
29 Edilene Fernandes do Amaral Instituto Centro de Vida -ICV
30 Elaine Corsini SEMA
31 Eleandro Ribeiro Secretaria de agricultura e Meio Ambiente de Querência
32 Estela Neves UFRJ
33 Fabio Maciel Plotkwiski Fundo Amazônia
34 Flavio Lima Borges Sec.de Agricultura e Meio Ambiente de Peixoto de
Azevedo
35 Fokko E. Swchabe Associação Xingu Sustentável
36 Francisa B. Amaral Consórcio Intermunicipal Juruena
37 Gercilene Meira Leite Secretaria de Meio Ambiente de Alta Floresta
38 Gina Timotheo TNC
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 36
39 Heber Queiroz Alves ISA
40 Irene Duarte Instituto Centro de Vida -ICV
41 Jaqueline Juelg Secretaria de Meio Ambiente de Sinop
42 Jessica Gabriely Dias de Souza Instituto Centro de Vida -ICV
43 João Paulo Mattos Moura Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente de Sapezal
44 João Valmor Oster Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente de Canarana
45 Jorcelina Ferreira da Conceição Instituto Centro de Vida -ICV
46 João Shimada
47 José Antônio Mesquita Sec. Agricultura e Meio Ambiente de Alto Paraguai
48 José Oliveira de Souza Sec. Meio Ambiente de Aripuanã
49 Juliana Strobel AVINA
50 Justiniano de Queiróz Netto Sec. de Estado do Pará
51 Lair Cristiano Heinen Sec. de Turismo de Porto dos Gaúchos
52 Laurent Jacques Andre Micol Instituto Centro de Vida -ICV
53 Lineu Alberto Domit Embrapa
54 Lourival Vasconselo Sema
55 Luciane Copetti Secretaria de Meio Ambiente de Lucas do rio Verde
56 Luiza Muccillo B. Barcellos FUNBIO
57 Marcia Auxiliadora Da Siva Sec. Agricultura e Meio Ambiente de Aripuanã
58 Maristela Furlan Becker Da Rosa Sec. Agricultura e Meio Ambiente de Canarana
59 Mauro Oliveira Pires
60 Miguel Antônio Calmon IIS - RIO
61 Natália Tiso Bittar Righi Grossi Instituto Centro de Vida -ICV
62 Osmar Isoton Sec. Meio Ambiente de Nova Mutum
63 Odair Rivelino Coordenador de Agricultura
64 Paula Elinger AVINA
65 Paulo Amaral Imazon
66 Paulo Guilherme MMA
67 Paulo Roberto Rodrigues Kunze Sec. de Meio Ambiente de Sinop
68 Raimundo Zanon Prefeitura de Itaúba
69 Renaldo Loffi Sedraf - MT
70 Renato Farias Instituto Centro de Vida -ICV
71 Roberta Delgiudice BV Rio
72 Rodrigo Gravina Prates Junqueira ISA
73 Rosangela Nervis Prefeitura de Cotriguaçu
74 Rose Maria Maccari Prefeitura de Peixoto de Azevedo
75 Sandro Luis Amaral Sec. de Agricultura e Meio Ambiente de Nova Ubiratã
76 Sérgio Marques Saturnino Coordenador de Agricultura de Sapezal
77 Sinvaldo Brito Prefeitura de Peixoto de Azevedo
78 Solange Fátima de Oliveira Cruz SEMA
79 Solange Souza Kreidoro Prefeitura de Nova Bandeirantes
80 Suzanna Barbosa Sec. Meio Ambiente de Marcelândia
81 Valmir Ortega Imazon
82 Vinicius De Freitas Silgueiro Instituto Centro de Vida -ICV
83 Wagner Lima De Andrade Instituto Centro de Vida -ICV
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 37
84 Weslei Buturi Instituto Centro de Vida -ICV
85 William Henrique De Almeida Cardoso
Sec. de Agricultura e Meio Ambiente de Gaúcha do Norte
86 Francisco Beduschi
87 Osmar A. Alves Empaer Cuiabá
88 Juarez de Almeida A. Associação Mato Grosso dos Cegos
89 Ane Caroline Barceli Prefeitura Sorriso
90 Silvia Osório Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente de Feliz Natal
91 Nivaldo Coelho Ponciano Empaer MT
92 Rodrigo Furquim Rodrigues Sedraf - MT
93 Laercio Miranda MTO
94 Railda Assissamutus Sema - MT
95 Maritsa Missae Secretaria Agricultura de Juina
96 Vico Capistrano de Alencar Empaer - MT
97 Valtuir Vasata Secretaria de Agricultura
98 Mateus Elias Cruz Antunes
99 Wilson P. Taques Sema - MT
100 Eliane Favoretto Sema/Suea
101 Carlos Henrique MMA
102 Maria Aparecida E. Dias Secretaria de meio ambiente de Itaúba
103 Mauricio M. Silva
104 Nivaldo Martinello
105 Carlos Vladimir Instituto Pantanal Pacífico
106 Patrícia Baião Conservação Internacional
107 Wesley Luis Pacheco Equipe de Conservação da Amazônia (ECAM)
108 Luiz C. Toniazzo Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 38
Anexo B. Perguntas elaboradas pela plateia.
Para Paulo Guilherme:
1. Como dar agilidade a identificação de RL no CAR?
2. Como ajudar a SEMA a agilizar a análise dos processos de CAR? Como ajudar os municípios a
fazer os processos de CAR das famílias que ainda não fizeram o cadastro?
3. Discorrer sobre arranjos produtivos locais. Plano Brasil Maior para os estados e municípios.
4. Os municípios que estão fora da lista de desmatadores e está adiantando a realização do CAR
terão facilidade de acessar o crédito, uma vez que o código prevê anos para essa restrição?
5. Foi comentado sobre o crédito rural para os municípios que saíram da lista. Que créditos
serão estes? De que forma os produtores poderão acessá-los? Depende do município para
acessar esses créditos ou exclusivamente dos produtores?
6. Marcelândia cumpriu todos os critérios para sair da lista negra dos municípios desmatadores
da Amazônia, no entanto até o momento a portaria de saída da lista não foi publicada. Qual é o
motivo para a demora (mais de 6 meses) para fazer a publicação?
7. Como será a transição do CAR MT Legal para o CAR federal? Em relação a TAC/PRAD com
metragem de APP a ser recuperada maior que o que está previsto no Novo Código Florestal?
Como garantir segurança jurídica para recuperação ambiental sem regularização fundiária?
8. O uso de imagens de satélite de alta resolução é a única solução técnica viável para monitorar
a recuperação se áreas degradadas. O MMA vai disponibilizar aos estados e municípios uma
cobertura completa anual com esse tipo de imagens?
9. Por que não atuar com os municípios interessados na elaboração do CAR, pois é nos
municípios que estão inseridas as propriedades rurais? A LC 140 permite isso???
10. Os produtores aguardam a elaboração do decreto que regulamenta o Código Florestal, sem
isso muitos produtores não visão para a regulamentação. Não há segurança jurídica. E há
muitas desconformidades entre a norma federal com a estadual. Quando teremos o decreto?
Para Carlos Eduardo Sturm:
1. Já fazem quase dois anos que estamos discutindo a possibilidade do INCRA contratar pessoal
para ajudar a SEMA a analisar os processos de CAR dos assentamentos. Quando o INCRA
realmente vai contratar essas pessoas?
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 39
2. Como ficaram os assentados que não estão na “RD”? Como fazer o CAR se o INCRA não
consegue prover os CCUs dos assentamentos? Seria viável propor mais demandas do INCRA se
ele não consegue prover o básico?
Para Estela Maria:
1. Qual o impacto que a publicação da LC 140 teve sobre normas anteriores, em especial a
resolução CONAMA 237/97. A aplicação da 237 não fica prejudicada? Seu anexo ainda seria
válido?
2. Você poderia falar um pouco sobre as outras lacunas da LC 140/11, além da questão do
financiamento, as quais constituem desafios para os gestores públicos e a sociedade?
Para Luciane Copetti:
1. Como a Secretaria de Agricultura de Lucas do Rio Verde vê a questão dos agrotóxicos
(contaminação de 100% do leite materno; média de consumo de agrotóxico/ habitante mais de
10x a média nacional de 3,5L, problemas de pulverização aérea em propriedades familiares
contaminando a produção) no contexto dos municípios sustentáveis?
Para a Solange Fátima:
1. Qual será o apoio efetivamente da SEMA para os municípios na elaboração do Plano de
Resíduos Sólidos?
2. Como operacionalizar o tratamento de resíduos sólidos se muitos municípios não tem
recursos financeiros para aquisição de caminhão adequado para o transporte do lixo? O
governo do estado, via SEMA, vai ajudar esses municípios?
Para Camila Rodrigues:
1. Qual a possibilidade do ICV instalar escritório em determinado município e o que compete a
esse município para essa finalidade?
2. Para você, o que é um assentamento sustentável e como ele se organiza?
3. A partir de sua experiência em Cotriguaçu, e em assentamentos do Mato Grosso em Geral, em
que medida você avalia que os governos estão conseguindo providenciar condições adequadas
para a sustentabilidade (viabilidade) da agricultura familiar? O que o município efetivamente
pode fazer para atender melhor?
Para Renaldo Loffi:
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 40
1. Como a Secretaria de Desenvolvimento Regional dialoga com a questão de disponibilizar
assistência técnica adequada para o desenvolvimento de consórcios?
Para Lineu Domit:
1. A Embrapa tem algum mecanismo de acompanhar a adoção das técnicas ensinadas para os
produtores? Como a questão da assistência técnica influencia no sucesso da adoção das práticas
desenvolvidas pela Embrapa? Como é a interação dos técnicos da Embrapa com os de outras
instituições?
Para Fábio Maciel:
1. O Fundo Amazônia não vai mais apoiar os municípios – só através do Estado. Masaté hoje,
nem o primeiro projeto da SEMA foi aprovado. Há esperança?
2. Explique melhor como funciona as chamadas públicas que o governo estadual e federal
podem propor:
a) quem irá produzir e divulgar os editais?
b) Quem fará análise dos projetos, aprovação, e liberação dos recursos?
c) Quem fará o acompanhamento físico e financeiro do projeto? Será o Fundo Amazônia ou
proponente da Chamada?
3. A associação Matogrossense dos municípios – AMM pode acessar recursos junto ao Fundo
Amazônia para projetos de diversos municípios?
4. Se os recursos do Fundo Amazônia, além de serem utilizados para regularização ambiental
podem também ser utilizados para recuperar áreas degradadas e com isso melhorar a produção
das áreas já desmatadas evitando novos desmatamentos e melhorando a renda das famílias?
Para Ane Alencar:
1. Como fazer para enquadrar novos municípios para receber o ICMS Verde?
2. Quais são as realizações concretas do Consórcio apresentado na área da Gestão Ambiental?
O ICMS Verde indica/recomenda um destino para o recurso? Ou é mais como compensação
como ocorre no Mato Grosso?
Para Luiza Muccillo:
I Seminário de Mato-Grossense de Municípios Sustentáveis
Relatório, ICV – Cuiabá, 04 e 05 de julho de 2013 41
1. O funbio já tem uma avaliação de seu desempenho nos anos mais recentes? Se tem, quais as
principais lições para esta experiência?
2. Quais são as oportunidades reais de captação para esse fundo?
3. Como estão lidando com as expectativas da sociedade local?
4. O Funbio tem disponibilidade de realizar esse trabalho em outros municípios? Qual o meio
de contato?
Para Justiniano Neto:
1. O que é o ICMS Ecológico?
2. Quais as causas do repique do desmatamento no Pará em 2013? Que medidas estão sendo
tomadas para contê-lo?
3. Que mecanismos de arquitetura institucional podem facilitar a continuidade dos programa
municipais e PMV diante de transições políticas?
4. Experiência exitosa do PMV se beneficiou muito da participação dos diferentes segmentos da
sociedade: poder público, sociedade civil, iniciativa privada. O que pode ser feito quando o
poder público estadual ainda não está organizado/envolvido?
5. Vocês vão adotar critérios para a utilização dos recursos do ICMS Verde?
6. Qual a mensagem de vocês para o Mato Grosso?
7. Como o estado do Pará está se preparando para dar ao CAR a centralidade apresentada por
você e acoplá-lo a outras políticas?
8. Há instâncias de integração com a agenda ambiental urbana? Como é a relação com o
programa cidades sustentáveis?
9. Qual o papel da Câmara de Vereadores no pacto?
Para Felipe Zagallo:
1. Como tem ocorrido o processo de compensação ambiental no município? Existe caso
concreto de produtores que já recebem pelo ativo florestal?
2. Como está o momento pós-CAR em Paragominas, em relação à recuperação das áreas
degradadas de APP? Foi feito o PRAD?
3. Como foi feita a operacionalização da regularização fundiária?