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Efeitos da dinâmica do setor de transporte aéreo sobre a função

compras de um fabricante de avião

João Henrique Lopes Guerra (Universidade Federal de Uberlândia) – [email protected]

Luís Miguel Domingues Fernandes Ferreira (Universidade de Aveiro) - [email protected]

Resumo: A função compras tem se tornado estratégica para os fabricantes de avião. Nesta

pesquisa foi realizado um estudo de caso na Embraer com o objetivo de compreender como o

ambiente dinâmico em que a indústria aeronáutica está inserida impacta a função compras

de um fabricante de avião, bem como identificar quais estratégias podem ser adotadas para

enfrentá-lo. Fatores exógenos e endógenos ao setor de transporte aéreo influenciam o tráfego

aéreo e, consequentemente, a demanda por novos aviões. Nas situações mais críticas, os

clientes podem solicitar alterações (cancelamentos e postergações) nos pedidos de compra,

com impacto no plano de produção dos fabricantes de avião, o que afeta a demanda dos

materiais comprados. A Embraer busca minimizar o impacto na sua função compras através

do compartilhamento de informação, da redução dos ciclos de fabricação e das flexibilidades

de operação e organizacional.

Palavras-chave: Função compras; Fabricante de avião; Setor aéreo; Estudo de caso.

1. Introdução

Atualmente, o grupo dos principais fabricantes de aviões comerciais e executivos é

composto por apenas quatro empresas: a americana Boeing e a europeia Airbus (controlada

pela EADS), no caso dos grandes aviões, e a canadense Bombardier e a brasileira Embraer, no

caso dos aviões médios.

A ideia de que uma economia robusta é a melhor amiga de uma companhia aérea

(CHATFIELD-TAYLOR, 2003) pode ser complementada por outra: uma companhia aérea

em boa situação financeira é a melhor amiga de um fabricante de avião. Este encadeamento

de “amizades” expõe certa fragilidade da indústria aeronáutica na medida em que o seu

ambiente é afetado por um espectro tão amplo de variáveis quanto um mundo globalizado

torna possível existir.

A volatilidade tem sido uma característica marcante do setor de transporte aéreo: as

companhias aéreas apresentam ora altas receitas e saldos positivos, ora queda nas receitas e

saldos negativos (TAM e HANSMAN, 2003; VASIGH, FLEMING e TACKER, 2008).

Embora a taxa anual de crescimento do tráfego aéreo mundial vem se mantendo

notavelmente estável e positiva ao longo das últimas décadas, com raras exceções em alguns

anos (ver: TAM e HANSMAN, 2003; AIRBUS, 2007; SGOURIDIS, 2007; BELOBABA e

ODONI, 2009), há autores (SGOURIDIS, 2007; VASIGH, FLEMING e TACKER, 2008;

BELOBABA e ODONI, 2009) que mostram que o lucro líquido agregado das companhias

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aéreas não apenas tem sido extremamente variável, mas a amplitude dessa variação tem sido

crescente desde que ocorreu a desregulamentação do setor (em 1978, nos EUA, seguida

gradualmente pelos outros países).

2. O ambiente dinâmico que envolve a indústria aeronáutica

O transporte aéreo é influenciado pelo crescimento econômico (TAM e HANSMAN,

2003; SGOURIDIS, 2007; VASIGH, FLEMING e TACKER, 2008), representado pelo PIB

(Produto Interno Bruto). Assim, o desempenho das companhias aéreas sofre variações em

função das mudanças nas condições econômicas (BELOBABA e ODONI, 2009). Uma

situação de prosperidade, por exemplo, reflete positivamente na demanda por transporte aéreo

por dois meios: primeiro, aumenta a atividade econômica, o que favorece as viagens de

negócio e o transporte de cargas; segundo, reduz o desemprego, o que aumenta a renda

familiar, favorecendo as viagens de lazer (VASIGH, FLEMING e TACKER, 2008).

Mas, não é apenas o crescimento econômico que afeta este setor: há vários outros

fatores, tanto exógenos quanto endógenos. Dentre os fatores exógenos, estão: o preço do

petróleo (BELOBABA e ODONI, 2009); a estabilidade (ou instabilidade) política (VASIGH,

FLEMING e TACKER, 2008; BOMBARDIER, 2010); a taxa de câmbio, já que os custos de

produção do setor aéreo “são em grande parte atrelados às cotações de moedas internacionais”

(SILVA, 2008, p.54) e, assim, “variações na taxa de câmbio antecedem variações no preço da

passagem” (p.74); o medo de pandemias (SGOURIDIS, 2007; BOMBARDIER, 2010); as

guerras (SGOURIDIS, 2007; BOMBARDIER, 2010), conflitos armados (MARTINEZ, 2007)

e atividades terroristas (VASIGH, FLEMING e TACKER, 2008; BOMBARDIER, 2010); as

taxas de crescimento da população, mas desde que acompanhadas pelo crescimento da renda

familiar (VASIGH, FLEMING e TACKER, 2008); etc. Dentre os fatores endógenos, estão: o

crescimento das companhias aéreas de baixo custo, que têm conquistado fatias de mercado de

companhias que operam sob outros modelos de negócio (KARY, 2006; VASIGH, FLEMING

e TACKER, 2008); problemas de infraestrutura (BELOBABA e ODONI, 2009), como é o

caso das restrições na capacidade aeroportuária e sistemas antiquados de controle de tráfego

aéreo (VASIGH, FLEMING e TACKER, 2008); etc.

A dinâmica do setor de transporte aéreo reflete sobre os fabricantes de avião e, assim,

sobre a indústria aeronáutica como um todo. Durante um período de crescimento econômico,

o tráfego aéreo pode crescer significativamente a ponto de as companhias aéreas precisarem

aumentar suas capacidades (BUDIMAN, 2004). Então, novos aviões são comprados para

expandir suas frotas.

Por outro lado, durante um período econômico desfavorável, o tráfego aéreo cai. Essa

queda afeta negativamente os pedidos de compra de novos aviões (SPREEN, 2007). Como as

companhias aéreas não podem se desfazer de suas frotas, elas são forçadas a reduzir o número

de vôos. De acordo com Budiman (2004), essa capacidade ociosa, além de implicar em uma

menor demanda por novos aviões, explica porque esta demanda pode levar mais tempo para

se recuperar do que a demanda por transporte aéreo: um avião tem uma vida útil longa e

durante um período econômico difícil há um grande numero de aviões que são mantidos fora

de serviço. Então, quando a economia começa a crescer e a levar com ela o tráfego aéreo, a

capacidade das companhias aéreas é fortalecida primeiramente com esses aviões, antes que

novos sejam comprados. É por isso que um fabricante de avião pode demorar a se recuperar,

após uma crise (SAHNEY, 2005).

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A consequência deste cenário é que o mercado de venda de aviões também acaba

sendo extremamente volátil (SAHNEY, 2005), o que significa que a demanda pode sofrer

mudanças abruptas e às vezes imprevisíveis. Assim, em períodos econômicos favoráveis as

companhias aéreas podem fazer vários pedidos de novos aviões, enquanto que em períodos

ruins elas podem postergar ou cancelar pedidos, mesmo no curto prazo – ou seja, próximo da

data de entrega (RIETZE, 2006).

Considerando os altos ciclos (de montagem dos aviões, de obtenção dos materiais, etc)

que caracterizam a indústria aeronáutica e o elevado custo dos sistemas que compõem um

avião, essa dinâmica do ambiente, que resulta em volatilidade na demanda por transporte

aéreo e em alterações na demanda por novos aviões, pode gerar importantes desafios na

função compras de um fabricante de avião, já que uma de suas principais responsabilidades é

adequar demanda e consumo.

3. A função compras

A função compras é responsável pela obtenção dos materiais e serviços que a empresa

necessita para produzir e fornecer os seus produtos (JOYCE, 2006). Fitzgerald (2002) cita

trabalhos que mostram que algumas empresas de manufatura investem mais de 70% de suas

receitas em materiais e serviços obtidos de fonte externa, enquanto que Van Weele (2010)

mostra exemplos em que esta porcentagem chega a 80%. Na Embraer, este valor chega a

“mais de 80%” (EMBRAER, 2007, p.120).

Atualmente, observa-se que os fabricantes de avião sofrem uma desintegração vertical

que tem tomado a forma de um modelo de integração de sistemas (GUERRA, 2011). Neste

modelo, os fabricantes de avião mantêm internamente as atividades relacionadas às suas

competências essenciais (basicamente, projeto e montagem final). Por sua vez, as atividades

relacionadas às competências periféricas (não essenciais) são transferidas a outras empresas:

os seus principais fornecedores.

Por causa disso, a função compras tem se tornado estratégica para os fabricantes de

avião. No caso da Embraer, Dorna et al. (2004) citam que “as áreas inerentes ao processo de

gestão da cadeia de suprimentos da empresa passaram a ser forte e estrategicamente

privilegiadas, assumindo [...] um papel central no padrão de competitividade da Embraer em

sua fase pós-privatização” (p.3641).

4. Objetivo e método

Esta pesquisa teve como objetivo responder as seguintes questões: como o ambiente

dinâmico em que a indústria aeronáutica está inserida impacta a função compras de um

fabricante de avião? Quais estratégias podem ser adotadas para responder a este impacto?

Quanto ao seu objetivo, esta pesquisa pode ser classificada como exploratória, pois o

fenômeno de interesse é pouco tratado na literatura. Quanto ao tipo, ela pode ser classificada

como qualitativa, pois o objetivo foi compreender um fenômeno, ao invés de mensurá-lo.

Do ponto de vista dos procedimentos técnicos, a pesquisa foi implementada por meio

de um estudo de caso sobre a função compras da Embraer (unidade de análise). As principais

fontes de dados utilizadas foram: a literatura, documentos públicos dos fabricantes de avião e

entrevistas. Foram realizadas ao todo dezoito entrevistas face a face, individuais e semi-

estruturadas com pessoas de diferentes níveis hierárquicos da função compras da empresa:

seis gerentes, cinco supervisores, quatro compradores e três administradores de contrato.

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Por sugestão de Yin (2005) e Miguel (2007), foi preparado um protocolo para orientar

a coleta de dados por meio das entrevistas. A elaboração desse protocolo utilizou como

referência o trabalho de Guerra (2010).

5. Efeitos do ambiente dinâmico que envolve a indústria aeronáutica sobre um

fabricante de avião

No Quadro 1 é mostrada uma série de eventos importantes que afetaram o setor de

transporte aéreo nas últimas décadas.

Ano Evento Referência

1970 Crise do início dos anos 70 Costa, Harned e Lundquist (2002)

1973 Primeiro choque do petróleo Airbus (2007); Errard (2009)

1976 Recuperação da crise do início dos anos 70 Costa, Harned e Lundquist (2002)

1979 Segundo choque do petróleo Airbus (2007); Errard (2009)

1980 Crise do início dos anos 80 Costa, Harned e Lundquist (2002); Vasigh,

Fleming e Tacker (2008) 1984 Recuperação da crise do início dos anos 80

1990 Crise do início dos anos 90

1991 Guerra do Golfo Airbus (2007); EADS (2010)

1995 Recuperação da crise do início dos anos 90 Costa, Harned e Lundquist (2002); Belobaba e

Odoni (2009)

1997 Crise asiática Airbus (2007); Errard (2009)

2001

Tráfego aéreo mostra sinais de queda antes do

11/9

Vasigh, Fleming e Tacker (2008); Belobaba e

Odoni (2009)

Atentados terroristas nos EUA (11/9) Embraer (2007, 2008)

Invasão do Afeganistão pelos EUA Goetz e Graham (2004)

2003 Guerra do Iraque Embraer (2007, 2008)

SARS (Severe Acute Respiratory Syndrome) Goetz e Graham (2004); Errard (2009)

2006 Recuperação da crise decorrente dos atentados

terroristas Belobaba e Odoni (2009); IATA (2010a)

2008 Forte aumento no preço do petróleo IATA (2010a)

Crise financeira Embraer (2009)

2010 Erupção de vulcão na Islândia IATA (2010b)

QUADRO 1 – Eventos que afetaram o setor de transporte aéreo nas últimas décadas.

No caso dos eventos mais críticos, os impactos negativos para o setor de transporte

aéreo não são apenas profundos, mas demoram a ser superados, conforme explicitado no

Quadro 1. Em um primeiro momento, ocorre uma queda na demanda por transporte aéreo.

Devido aos pesados custos fixos, o corte da capacidade passa a ser crítico para as companhias

aéreas (COSTA, HARNED e LUNDQUIST, 2002). Elas, então, reduzem o número de vôos

(EMBRAER, 2007) e encostam aviões. Em seguida, vem a queda nas receitas e os prejuízos

(VASIGH, FLEMING e TACKER, 2008; BELOBABA e ODONI, 2009), forçando-as a

reduzir mais custos e até demitir funcionários (EMBRAER, 2007; VASIGH, FLEMING e

TACKER, 2008). Entre 2001 e 2010, por exemplo, a perda acumulada das companhias aéreas

de todo o mundo alcançou US$32 bilhões, já descontados os lucros – que foram positivos

apenas em 2006, 2007 e 2010 (IATA, 2010a, 2011). Embora os governos possam interferir

por meio de assistência financeira (COSTA, HARNED e LUNDQUIST, 2002; MARTINEZ,

2007), este cenário, por ser influenciado ainda pela força competitiva interna ao setor, pode

resultar em fusões (EMBRAER, 2007), pedidos de concordata e até falências (VASIGH,

FLEMING e TACKER, 2008; BELOBABA e ODONI, 2009).

Dependendo da gravidade da situação, alguns clientes podem solicitar que os aviões

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comprados sejam postergados, isto é, tenham a sua data de entrega atrasada em relação ao que

foi previamente combinado. Também podem ocorrer cancelamentos, quando o cliente desiste

integralmente ou parcialmente da sua compra (MARTINEZ, 2007).

Os fabricantes de avião admitem estes riscos (BOEING, 2010, p.7; BOMBARDIER,

2010, p.138; EADS, 2010, p.29). No caso da Embraer (2007, p.48): “uma parcela de nossos

pedidos firmes de aeronaves está sujeita a importantes contingências, tanto antes como após a

entrega. Antes da entrega, alguns de nossos contratos de venda podem ser rescindidos, ou

parte ou a totalidade de um pedido firme em particular pode ser cancelada por diversos

motivos. [...] Nossos clientes também poderão reprogramar as entregas, especialmente durante

uma desaceleração na economia”.

Embora as solicitações de postergação e cancelamento estejam relacionadas às

situações mais críticas e sejam extremamente indesejáveis tanto para os fabricantes de avião

quanto para as próprias companhias aéreas (além das multas contratuais que podem sofrer,

este tipo de decisão é um indicador de que o cliente passa por dificuldade cuja gravidade é tal

que o forçou a mudar seus planos), elas ocorrem na prática.

A Tabela 1 mostra os dados sobre cancelamentos de pedidos de compra de aviões na

Boeing e Airbus. O Quadro 2, por sua vez, mostra exemplos de cancelamentos e postergações

de pedidos no caso da Embraer. A Boeing e a Airbus fornecem o histórico de cancelamento

de pedidos, embora não dão detalhes sobre eles. Os outros fabricantes de avião não costumam

fornecer histórico (há exceções, como BOMBARDIER, 2010) e tampouco detalhes sobre

cancelamentos. Sobre as postergações, nenhum fabricante de avião costuma fornecer nem

histórico e nem detalhes. Estas informações, quando disponíveis, encontram-se tipicamente

fragmentadas.

TABELA 1 – Histórico dos cancelamentos de pedidos na Boeing e na Airbus.

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

BO

EIN

G

Cancelamentos (número

de aviões) 27 52 75 1 5 27 6 10 7 121 95

Cancelamentos expressos

como uma % do total de

pedidos de compra

recebidos no ano

4% 16% 30% 0% 2% 3% 1% 1% 1% 46% 15%

AIR

BU

S

Cancelamentos (número

de aviões) 28 101 67 30 4 56 34 117 123 39 70

Cancelamentos expressos

como uma % do total de

pedidos de compra

recebidos no ano

5% 27% 22% 11% 1% 5% 4% 8% 14% 13% 11%

Fonte: elaborado pelos autores com base em dados disponíveis nos sites da Boeing e Airbus.

A exposição de um fabricante de avião à dinâmica do ambiente é determinada por um

importante fator: o (longo) lead-time de entrega de um avião. Quando um cliente compra

novos aviões, ele geralmente tem que esperar vários meses ou até alguns anos até receber o

primeiro deles. Como as companhias aéreas preferem incrementar suas frotas gradualmente,

pode levar vários anos entre a entrega das primeiras e das últimas unidades compradas. Por

causa do longo lead-time de entrega, um avião pode ser comprado em um período econômico

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favorável, mas ser entregue em um desfavorável (KILPI, 2007).

Ação Cliente envolvido Referência

Postergação Não especificado Informação à imprensa de 28/09/2001

Postergação Não especificado Informação à imprensa de 22/11/2002

Postergação ExpressJet Informação à imprensa de 12/02/2003

Postergação e

cancelamento Swiss Informações à imprensa de 25/03/2003 e 03/11/2003

Cancelamento Indigo Embraer (2004)

Postergação Não especificado Informação à imprensa de 15/06/2003

Cancelamento American Eagle Informação à imprensa de 19/11/2004

Postergação US Airways Informações à imprensa de 20/10/2004 e 10/02/2006

Cancelamento Não especificado Informação à imprensa de 18/11/2005

Cancelamento Midwest Express Informação à imprensa de 11/04/2006

Cancelamento Hainan Informação à imprensa de 01/05/2009

Postergação e

cancelamento Não especificado Embraer (2009)

QUADRO 2 – Exemplos de postergações e cancelamentos de pedidos de aviões da Embraer. Fonte: elaborado

pelos autores. Obs.: as informações à imprensa estão disponíveis no site da Embraer.

As alterações nos pedidos de compra dos clientes (postergações e cancelamentos)

demandam ajustes no plano de produção dos fabricantes de avião. No caso da Embraer, isto

pode ser observado pela Figura 1. Um importante dado que os fabricantes de avião divulgam

ao mercado refere-se à projeção de entregas de aviões para os próximos anos – as entregas

planejadas. A Figura 1 mostra as alterações que as projeções da empresa sofreram ao longo do

tempo. As linhas mostradas no gráfico representam essas alterações e o número ao lado de

cada linha indica a qual ano a projeção se refere (nos anos que aparecem com mais de uma

linha a projeção foi fornecida com um valor mínimo e um máximo). Exemplificando, com

base na linha de 2002 (à esquerda do gráfico): inicialmente, a Embraer esperava entregar 205

aviões em 2002. Porém, em setembro de 2001, ela reduziu esta projeção para 135 aviões.

Depois, em fevereiro de 2002, ela confirmou que entregaria 135 aviões. Em novembro de

2002, porém, ela reduziu esta projeção para 132 aviões.

Observa-se uma convergência entre o Quadro 1 e a Figura 1: basicamente, a Embraer

reduziu as suas projeções de entrega para o período compreendido entre 2001 e 2005 e para

2009, que foram períodos difíceis para o setor de transporte aéreo. Para 2006, quando o setor

aéreo já havia se recuperado, houve redução da projeção, mas isto foi motivado por questões

de ordem interna à empresa (devido a dificuldades enfrentadas no cumprimento de prazos, a

Embraer tirou da Kawasaki – então sua parceira de risco – a responsabilidade pela fabricação

das asas dos modelos 190 e 195, o que impactou o cronograma de entrega dos aviões). Por

fim, para o período de 2007 a 2008, houve aumento das projeções.

Dado que as projeções de entrega representam um indicador importante que é

monitorado pelos investidores, as suas reduções representam uma evidência da influência da

dinâmica do ambiente sobre o plano de produção dos fabricantes de avião: estes planos

precisam sofrer mudanças para se adaptarem à nova realidade determinada pelo mercado.

Cabe destacar que nas situações mais críticas, quando o plano de produção sofre

mudanças mais agressivas e com impacto no curto e médio prazos, os fabricantes de avião

podem ser obrigados a ajustar suas capacidades. Por exemplo: após o 11/9 e durante a recente

crise financeira ocorreram várias demissões em massa nos fabricantes de avião. Na Embraer

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foram 1.800 (cerca de 14% do seu efetivo) em 2001 e 4.200 (cerca de 20% do efetivo) em

2009 (informações à imprensa divulgadas pela empresa, respectivamente, em 28/09/2001 e

em 19/02/2009). Evidentemente, os efeitos da dinâmica do ambiente sobre os fabricantes de

avião também refletem negativamente em seus fornecedores (ver PACHECO, 2009).

FIGURA 1 – Alterações promovidas pela Embraer em suas projeções de entregas. Fonte: elaborado pelos

autores com base nas informações à imprensa divulgadas pela Embraer em seu site e em Embraer (2010a).

6. Reflexo sobre a função compras e estratégias que podem ser adotadas para enfrentar

o problema

As mudanças que um fabricante de avião precisa implementar no plano de produção,

necessárias quando a dinâmica do ambiente impacta a demanda por novos aviões dentro do

horizonte coberto por esse plano, refletem sobre a principal variável de decisão da função

compras: a demanda dos materiais comprados. Os entrevistados acreditam que “o fabricante

de avião acaba comprando (os materiais) sempre em uma situação muito delicada devido às

condições do ambiente”; “o fato de ser muito intensivo em capital só aumenta o seu risco”.

Segundo um deles, “a diferença que existe entre a indústria aeronáutica e outros tipos

de indústrias é o fato de que poucos itens são suficientes para englobar um grande valor”.

Assim, em crises como as que iniciaram em 2001 e 2008, se o fabricante de avião não for ágil,

pode acabar ficando com um estoque muito elevado, pois neste tipo de situação pode ocorrer

uma queda considerável da demanda.

Baseado no caso da Embraer, são apresentadas a seguir as estratégias que podem ser

adotadas com o propósito de minimizar os efeitos do ambiente dinâmico que envolve a

indústria aeronáutica sobre a função compras de um fabricante de avião.

6.1 Compartilhamento de informação

Quando as mudanças no plano de produção do fabricante de avião impactam a

demanda dos materiais, o compartilhamento de informação passa a ser imprescindível: toda a

cadeia de suprimentos precisa receber a informação sobre a nova demanda determinada pelo

2001

2002

2003

2004 2005

2006

2007

2008

2009

2010

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8

mercado. No caso, a Embraer coloca o compartilhamento de informação em prática por meio

de uma reprogramação executada pela função compras: as decisões sobre “o que” comprar,

“quanto” comprar e “quando” entregar são revistas e refeitas. Uma reprogramação envolve:

No curto e médio prazos: as necessidades de materiais existentes neste horizonte já

foram transformadas em ordens de compra que, então, devem ser cuidadosamente

analisadas e replanejadas (postergadas ou mesmo canceladas);

No médio e longo prazos: a compra dos materiais necessários neste horizonte não foi

oficializada ainda (por meio de ordens de compra), mas a função compras precisa

repassar a nova demanda futura dos materiais (previsão) aos fornecedores, para que

eles possam replanejar suas operações (e, se for o caso, solicitar que os seus próprios

fornecedores replanejem as deles).

Em termos práticos, uma reprogramação é a reação da função compras à dinâmica do

ambiente quando esta afeta a demanda dos materiais dentro do horizonte de tempo em que ela

opera. Desta forma, a reprogramação representa o mecanismo usado, nas palavras de um

entrevistado, para “frear a cadeia de suprimentos”. Quando os fornecedores diretos e as outras

camadas da cadeia de suprimentos não conseguem absorver completamente e rapidamente

todas as solicitações do fabricante de avião relacionadas à reprogramação, isto resulta em

estoques cujos excessos são potencialmente tão maiores ao longo da cadeia quanto menor for

a capacidade de reação deles frente à alteração (queda) da demanda.

O número de materiais na estrutura de produto de um avião é enorme. O lead-time de

aquisição de muitos deles é longo. Isto significa que a função compras tem que gerenciar um

volume grande de ordens de compra, pois elas estão associadas a muitos itens diferentes e

cobrem um horizonte relativamente longo. Por causa disso, os entrevistados relataram que

uma reprogramação: (i) demanda um trabalho volumoso; (ii) é feita “minuciosamente”, para

não colocar em risco as operações internas do fabricante de avião; (iii) é, geralmente, um

trabalho prioritário, por causa do valor dos materiais envolvidos e pelo fato dela ter que ser

refletida ao longo da cadeia de suprimentos.

Mas, uma reprogramação não é imposta: ela representa uma proposta que o fabricante

de avião faz aos seus fornecedores diretos. Eles, por sua vez, podem aceitá-la completamente,

parcialmente ou mesmo não aceitá-la. Além de questões contratuais, há uma série de variáveis

que parecem influenciar a decisão dos fornecedores. Por exemplo: se um fornecedor atua

somente na indústria aeronáutica e tem os fabricantes de avião como seus principais clientes,

em uma situação de crise, no caso de todos eles solicitarem uma reprogramação, é possível

que ele não aceite as solicitações ou aceite apenas parcialmente. Outro caso: um entrevistado

contou que a taxa de aceite dos seus fornecedores estava diretamente relacionada ao período

fiscal: quanto mais próximo uma reprogramação que incluía cancelamentos e postergações

estivesse do fim do período fiscal do fornecedor, menor a probabilidade dela ser aceita (pois a

reprogramação afetaria as suas receitas). Ainda, quanto mais no curto prazo uma demanda

estiver, menor a probabilidade de o fornecedor aceitar uma reprogramação, pois maior a

chance do material que irá atendê-la estar em um estágio avançado de fabricação.

6.2 Flexibilidade de operação

A dinâmica do ambiente afeta o plano de produção dos fabricantes de avião e o faz

variar de tal forma que é exigida flexibilidade de operação (dos sistemas produtivos) das

cadeias de suprimentos aeronáuticas. Por causa disso, a função compras da Embraer tem

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negociado com os seus fornecedores e implementando nos contratos de fornecimento o

chamado “cone de flexibilidade”, que nada mais é do que uma regra que especifica a variação

na demanda original dos materiais, tanto para mais quanto para menos, que a Embraer poderia

solicitar. Nos primeiros meses (em relação à data presente), ela não pode solicitar mudanças

na demanda e deve comprar a quantidade planejada originalmente (isto é, segundo o que está

estabelecido nas ordens de compra e na previsão enviada periodicamente aos fornecedores). A

partir de um determinado mês, é permitida a mudança de uma porcentagem da demanda. Esta

porcentagem vai crescendo, mês a mês, até chegar a 100%. Na prática, esta estratégia visa dar

flexibilidade de operação ao fabricante de avião.

A impressão geral dos autores foi a de que ainda existem algumas dúvidas entre os

entrevistados sobre a operacionalização e o controle do “cone de flexibilidade” (por exemplo:

como garantir que a flexibilidade negociada estará disponível quando a empresa precisar?).

Mas, também foi possível sentir neles uma confiança de que este recurso possa ser uma fonte

importante de flexibilidade para a empresa. O seu grau de implantação varia: há fornecedores

que já o adotam, enquanto que em outros ele ainda está em negociação.

6.3 Redução dos ciclos de fabricação

A Embraer tem obtido significativas reduções nos ciclos de fabricação dos seus aviões

(ver: EMBRAER, 2005, 2008), o que contribui para diminuir o lead-time de entrega e, como

consequência, a sua exposição à dinâmica do ambiente – entre outros objetivos. Dentre as

estratégias que a empresa tem utilizado para alcançar estes resultados, merece destaque a

produção enxuta (EMBRAER, 2010b). De fato, não só a Embraer, mas todos os principais

fabricantes de avião do mundo estão investindo fortemente nesta prática (ver KARY, 2006),

buscando os mesmos benefícios que outras indústrias têm conquistado.

O canal pelo qual a Embraer tem implantado e disseminado a produção enxuta é o

Programa de Excelência Empresarial Embraer. Lançado em 2007, este programa busca “a

excelência da empresa em todas as suas atividades, envolvendo o desenvolvimento das

pessoas e das lideranças, aprimoramento da cultura corporativa e implantação de práticas

industriais baseadas na filosofia lean manufacturing” (CURADO, 2008, p.4).

6.4 Flexibilidade organizacional

A dinâmica do ambiente afeta de forma distinta os diversos segmentos de mercado e

regiões geográficas. Assim, uma maneira de reduzir o seu potencial de impacto na empresa é

por meio da atuação em diferentes negócios (civil e militar, comercial e executivo, fornecer

produtos e serviços) e da conquista de diferentes clientes (geograficamente dispersos). Isto

significa, na prática, a busca pela flexibilidade organizacional, definida como a habilidade de

uma empresa para modificar suas estratégias, estrutura organizacional e práticas visando

melhor atender o mercado ou mesmo explorar novas oportunidades (LUMMUS, VOKURKA

e DUCLOS, 2005; MacKINNON, GRANT e CRAY, 2008). Os entrevistados defenderam

esta estratégia: “implantar a diversificação”; “diversificar o portfólio de produtos e os ramos

de atuação”. Desta forma, em uma crise, embora alguns produtos ou clientes possam ser

afetados negativamente, os ganhos relacionados aos outros podem compensar parte dos

prejuízos ou fazer com que o impacto nas receitas não seja percentualmente tão elevado.

Apesar de a diversificação ter como principal objetivo proteger o fabricante de avião, a

função compras é beneficiada na mesma medida: quanto mais localizada for uma crise em

termos de negócios e clientes, mais concentrado tende a ser o impacto na demanda dos

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materiais e nas operações sob gestão desta função.

A Embraer tem buscado a diversificação. Considerando os dados de 2009 a 2011

(média; dados obtidos no site da empresa), as receitas da empresa estão assim distribuídas, em

termos de região geográfica: Europa (30%), América do Norte (18%), Brasil (14%), América

do Sul e Central (11%), China (10%), África e Oriente Médio (9%) e Ásia Pacífico (8%). Em

termos de segmentos de mercado, as receitas da empresa estão assim distribuídas: aviação

comercial (64%), aviação executiva (20%), defesa e segurança (14%) e outros (2%).

A despeito da sua (ainda) visível dependência em relação à aviação comercial, vale

destacar que a Embraer tem conseguido elevar a sua participação na aviação executiva: em

2004, a empresa detinha 2,7% do total das receitas deste segmento (AFFONSO, 2010) e, em

2010, alcançou 7% (EMBRAER, 2011). A empresa também criou recentemente uma unidade

específica para cuidar de seus negócios militares: a Embraer Defesa e Segurança.

7. Conclusão

Fatores exógenos e endógenos ao setor de transporte aéreo influenciam o tráfego aéreo

e, consequentemente, a demanda por novos aviões. Nas situações mais críticas, os clientes

podem solicitar alterações nos pedidos de compra, com impacto no plano de produção dos

fabricantes de avião, o que afeta a demanda dos materiais.

Neste tipo de situação, o compartilhamento de informação é imprescindível: a função

compras precisa informar aos fornecedores as alterações que a demanda dos materiais sofreu.

O plano de produção de um fabricante de avião é o “relógio” que marca o compasso da cadeia

de suprimentos. Quando este relógio atrasa (ou seja, o plano de produção é reduzido), a “nova

hora” precisa ser informada para a cadeia de suprimentos, caso contrário o atendimento dos

clientes finais e a eficiência da cadeia de suprimentos podem ser afetados, pois a cadeia de

suprimentos perderá seu sincronismo (a demanda considerada em cada camada da cadeia será

diferente) e, por conseguinte, a adequação entre demanda e oferta.

Para que a cadeia de suprimentos consiga absorver as alterações de demanda, ela

precisa ter flexibilidade de operação. A Embraer tem buscado esta dimensão da flexibilidade

através da negociação de contratos flexíveis com os fornecedores. O conceito de flexibilidade

em cadeias de suprimentos tem crescido muito na literatura (STEVENSON e SPRING, 2007;

TACHIZAWA e GIMÉNEZ, 2009; MALHOTRA e MACKELPRANG, 2012) e, com base

nesta pesquisa, pode-se dizer que a indústria aeronáutica é um campo vasto para estudá-lo.

A Embraer tem buscado a redução dos seus ciclos de fabricação visando ficar menos

imune à volatilidade do setor de transporte aéreo. Nesta estratégia, a produção enxuta tem

desempenhado um papel protagonista na empresa.

Finalmente, a Embraer parece saber que a flexibilidade organizacional é um caminho

para minimizar as consequências da instabilidade dos mercados em que um fabricante de

avião opera. Neste sentido, a empresa tem procurado diversificar seus negócios e clientes.

Em termos gerais, o ambiente dinâmico de negócios cria ameaças e oportunidades às

empresas (WARD et al., 1995). São as respostas das empresas a esta dinâmica que definem se

as circunstâncias representam, de fato, ameaças ou oportunidades.

8. Agradecimento

Os autores agradecem à FAPESP pelo apoio concedido.

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