hymanitas - universidade de coimbra · 2014-01-13 · gramática sorvada de luis penagos. que...

6
A navegação consulta e descarregamento dos títulos inseridos nas Bibliotecas Digitais UC Digitalis, UC Pombalina e UC Impactum, pressupõem a aceitação plena e sem reservas dos Termos e Condições de Uso destas Bibliotecas Digitais, disponíveis em https://digitalis.uc.pt/pt-pt/termos. Conforme exposto nos referidos Termos e Condições de Uso, o descarregamento de títulos de acesso restrito requer uma licença válida de autorização devendo o utilizador aceder ao(s) documento(s) a partir de um endereço de IP da instituição detentora da supramencionada licença. Ao utilizador é apenas permitido o descarregamento para uso pessoal, pelo que o emprego do(s) título(s) descarregado(s) para outro fim, designadamente comercial, carece de autorização do respetivo autor ou editor da obra. Na medida em que todas as obras da UC Digitalis se encontram protegidas pelo Código do Direito de Autor e Direitos Conexos e demais legislação aplicável, toda a cópia, parcial ou total, deste documento, nos casos em que é legalmente admitida, deverá conter ou fazer-se acompanhar por este aviso. [Recensão a] Luis Penagos - Gramática griega Autor(es): Medeiros, Walter de Sousa Publicado por: Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Instituto de Estudos Clássicos URL persistente: URI:http://hdl.handle.net/10316.2/27036 Accessed : 2-Mar-2020 01:35:55 digitalis.uc.pt

Upload: others

Post on 26-Feb-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: HYMANITAS - Universidade de Coimbra · 2014-01-13 · Gramática sorvada de Luis Penagos. Que pensariam os autores de «Μονσα», colo- cados perante uma obra que realiza o prodígio

A navegação consulta e descarregamento dos títulos inseridos nas Bibliotecas Digitais UC Digitalis,

UC Pombalina e UC Impactum, pressupõem a aceitação plena e sem reservas dos Termos e

Condições de Uso destas Bibliotecas Digitais, disponíveis em https://digitalis.uc.pt/pt-pt/termos.

Conforme exposto nos referidos Termos e Condições de Uso, o descarregamento de títulos de

acesso restrito requer uma licença válida de autorização devendo o utilizador aceder ao(s)

documento(s) a partir de um endereço de IP da instituição detentora da supramencionada licença.

Ao utilizador é apenas permitido o descarregamento para uso pessoal, pelo que o emprego do(s)

título(s) descarregado(s) para outro fim, designadamente comercial, carece de autorização do

respetivo autor ou editor da obra.

Na medida em que todas as obras da UC Digitalis se encontram protegidas pelo Código do Direito

de Autor e Direitos Conexos e demais legislação aplicável, toda a cópia, parcial ou total, deste

documento, nos casos em que é legalmente admitida, deverá conter ou fazer-se acompanhar por

este aviso.

[Recensão a] Luis Penagos - Gramática griega

Autor(es): Medeiros, Walter de Sousa

Publicado por: Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Instituto de EstudosClássicos

URLpersistente: URI:http://hdl.handle.net/10316.2/27036

Accessed : 2-Mar-2020 01:35:55

digitalis.uc.pt

Page 2: HYMANITAS - Universidade de Coimbra · 2014-01-13 · Gramática sorvada de Luis Penagos. Que pensariam os autores de «Μονσα», colo- cados perante uma obra que realiza o prodígio
Page 3: HYMANITAS - Universidade de Coimbra · 2014-01-13 · Gramática sorvada de Luis Penagos. Que pensariam os autores de «Μονσα», colo- cados perante uma obra que realiza o prodígio

FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA INSTITUTO DE ESTUDOS CLÁSSICOS

H Y M A N I T A SVOLS. VI E VII DA NOVA SÉRIE

(VOLS. IX E X DA SÉRIE CONTÍNUA)

C O I M B R AMCMLVII-VIII

Page 4: HYMANITAS - Universidade de Coimbra · 2014-01-13 · Gramática sorvada de Luis Penagos. Que pensariam os autores de «Μονσα», colo- cados perante uma obra que realiza o prodígio

LXX

Mas, com todas estas objecções de pormenor, o saldo da obra é largamente positivo. Tão positivo que nos faz lamentar a ausência da sintaxe. Uma lacuna, em suma, que — atenta a clarividência demonstrada na exposição sobre as diáteses,o aspecto verbal, o valor dos tempos e dos modos — Perrotta e Morelli deviam preen- cher em volume ã parte. O qual poderia, como este, colocar־se sob a invocação da Musa propiciatória que adornava as escolas gregas 2. Na realidade, como dizia Pascoli e relembram os Autores, a gramática helénica arremeda a casa da estrige: Vestibulum uideas seruare luposque leonesque, / ast intus Circae carmina longa sonant.

Walter de Sousa Medeiros

Luis Penagos, S. I., Gramática griega acomodada al 1.° y 2.° de griego de los Seminarios y 5.° y 6.° curso de Bachillerato. 4.a edición. Bibliotheca Comillensis. Santander, Editorial «Sal Terrae», 1958. 166 pp. + 4 tábuas sinópticas.

----- , Gramática griega: Ejercicios. 4.a edición. Bibliotheca Cornil-lensis. Santander, Editorial «Sal Terrae», 1958, 62 pp.

Um abismo separa a Grammatica sumarenta de Perrotta־Morelli da pobre Gramática sorvada de Luis Penagos. Que pensariam os autores de «Μονσα», colo- cados perante uma obra que realiza o prodígio de eliminar a fonética e comprimir em vinte e quatro páginas toda a flexão nominal grega (cinco páginas escassas para os substantivos atemáticos!), em quarenta e quatro a complicada flexão verbal da mesma língua?... Nós pensamos que não é lícito confundir simplicidade e simpli- ficação. A Grammatica de Perrotta-Morelli é simples, sem ser simplificada; a Gr a- mática de Penagos é simplificada... sem ser simples. Duvidamos mesmo que, a despeito das suas quatro edições, ela possa servir a um estudo consciente da língua grega. É uma sinopse dogmática e arbitrária, de um utilitarismo radical e muitas

2 «Intitula-se Μονσα esta gramática porque em todas as escolas gregas havia a imagem da Musa, e porque Μονσα era o primeiro nome que os meninos gregos aprendiam a declinar.» (p. v)

Page 5: HYMANITAS - Universidade de Coimbra · 2014-01-13 · Gramática sorvada de Luis Penagos. Que pensariam os autores de «Μονσα», colo- cados perante uma obra que realiza o prodígio

\Λ\

\

vezes infeliz; um rígido esquadrão de formas e construções quadriculadas; a equi- paração da língua a um formulário de receitas — e o aluno ao triste papel de um consumidor de sena e amargos vegetais. Vamos pelo docinho: e, em matéria de electuário, preferimos ainda um lambedor como o de Reinach, a Eulalie ou le grec sans larmes...

Verdade seja que não conhecemos as edições anteriores: e os excessos da sim- plificação podem datar precisamente desta 1. Mas é de crer, infelizmente, que desde a primeira viesse um cómodo descarte da realidade científica. Toda a cri- ticada farragem dos compêndios tradicionais figura neste epítome: sons suaves e sons fortes (p. 10), alfas puros e mistos (13, 14), consoantes mudas (17, 38), guturais (17, 38, 54, 56), βασιλεύς, πόλις, πήχυς, ίχθϋς entre os contractos da terceira (20-21), 5Ιησούς, Ζεύς, βοϋς, ναϋς, υιός, χειρ e Θρίξ entre os irregulares (22), médio identi- ficado em parte com o reflexo (36, 129), φημι, εΐμι, είμι entre os defectivos (38), verbos mudos (labiais, guturais, dentais, líquidos) (54-59), tempos segundos, futuro segundo, aoristo segundo (60-61), acusativo genérico (114), médio directo, indirecto e dinámico (129), tempos da conjugação grega e denotarem simultaneidade, ante- rioridade, posterioridade (130), construção ordinária, construção comum (expressão desastrada que se repete a partir de p. 134, e reaparece nas tábuas sinópticas finais). E lá vêm, nos raros casos de explicação de formas, as fatalissimas perdas, supressões, desaparecimentos, mudanças (eufónicas ou não)... Assim, por exemplo, πατήρ «omite» ο ε do «radical» no genitivo e dativo do singular (18: e no dativo do plural?); os nomes em -ις, -υς, -ευς «perdem» geralmente ο -ς no vocativo (18), os neutros em -ας, -ατος (tipo κέρας) «suprimem»... ο τ (!!) e contraem as vogais em contacto (21), alguns adjectivos no comparativo «eliminam» o 0 ou «mudam-no» em -ai (!!): caso de ψιλός [sic], φίλτερος, γέρος [sic], γεραίτερος (28, η. 2)... Também não se percebe muito bem porque as flexões temática e em -ã hão-de ter as honras de dual, e a ate- mática (bem como os adjectivos e os pronomes) vir desprovida dele: demais, não é exacta a alegação (12) de que o dual, no período clássico (?), é substituído pelo plural. E escusado será dizer que a análise das formas, à força de arbitrária, se torna de bem pouca utilidade: λύω, βλέπω, άγγέλλω, mas τί-Θη-μι, ï- η- μι, e logo φημι, εϊμι, εΐμι (38) ! Nos paradigmas, ao invés, λύ-σομαι, λυ-έσθω (sem separação de vogal temática, características temporais e desinências) de um lado, τίθημι, ιημι,

LXXI

1 Diz o prólogo da edição (p. 5): «Na morfologia, procurámos facilitar o mais possível o seu aprendizado. Por isso apresentamos declinações e conjugações na sua maior simplicidade.» Quanto à sintaxe, «expomos com amplitude [?] as regras mais usadas pelos autores gregos, prescindindo de esquisitices e matizes pró־ prios de estilistas consumados».

Page 6: HYMANITAS - Universidade de Coimbra · 2014-01-13 · Gramática sorvada de Luis Penagos. Que pensariam os autores de «Μονσα», colo- cados perante uma obra que realiza o prodígio

LXXII

ΐστημι, δίδω μι, δείκννμι de outro... mas φη-μί\ depois εϊμι, οΐδα, mas κάθη-μαι, κεΐ-μαι ! Ο reino do caos. É tão clara, de resto, a falência do Autor neste parti- cular que ele próprio aconselha, a p. 58 : «N. B. — O mais prático sobre os verbos líquidos é estudar os principais, que são poucos, c o m o s e f o s s e m v e r b o s i r r e g u l a r e s , deixando de lado estas regras gramaticais acerca da formação dos seus tempos 2.»

Os exemplos citados, e dezenas de outros que seria fastidioso enumerar, demons- tram bem a infelicidade de uma obra que, de preferência a «gramática», se deve considerar, com muitas reservas, um medíocre «repetidor». Sinceramente, muito sinceramente desejamos que o Autor arrepie caminho em edições futuras. Assim o exige o interesse dos alunos, e a beleza de uma língua que se quer aprendida com afecto e não com repugnância.

Apresentação gráfica aceitável, embora modesta. A revisão, satisfatória na parte morfológica, é mais descuidada na sintáctica.

Em volume anexo, o Autor publicou cento e trinta e três exercícios, muito singelos, de aplicação dos paradigmas e regras gramaticais: todos, em grupos de dois ou de três, precedidos de sucinto vocabulário; nenhuma anotação suplementar.

Walter de Sousa Medeiros

Quintino Cataudella, La novella greca. Prolegomeni e testi in traduzioni originali. Collana di Antologie diretta da Giovanni Macchia. Nápoles, Edizioni Scientifiche Italiane, [1957]. 408 pp.

O leitor encontra neste trabalho de Quintino Cataudella, além de uma extensa monografia sobre a novela grega, um conjunto de textos criteriosamente seleccio- naods, e em tradução original.

A introdução merece uma especial referência. Nas 172 pp. iniciais, o A., que de modo algum se limitou a compilar teses e sugestões alheias, deu-se a uma tarefa útil e necessária, pois tratou exaustivamente a problemática da origem e desen- volvimento da novela grega. Oferece-nos uma visão do estado actual do assunto.

2 Nosso o itálico e o espacejado.