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CianMagentaAmareloPreto Porto Alegre, 16 a 31 de janeiro de 2009 Ano XIV - Edição N o 530 - R$ 1,50 Página 5 “Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, bondade, benevolência, fé, mansidão, domínio de si e fidelidade. Contra essas coisas não existe lei”. (Gl 5, 22). “O amor nunca haverá de passar” (1Cor 13,8). Convertido radicalmente, já nada o impedia de levar a Boa Nova até os confins do mundo: nem os inimigos e as perseguições, nem a dor e o sofrimento, nem os perigos em terra e mar. Ho- mem culto e letrado, foi com esse mesmo ardor e zelo que sistematizou a estrutura e delineou os principais traços da doutrina da Igreja fundada por Jesus no Pentecostes. Seu exemplo e escritos, sempre atuais, devem servir de paradigma para os que nós identificamos como cristãos. Páginas centrais Jovem tem vez Expediente do Solidário em fevereiro Durante o mês de fevereiro, o ex- pediente do jornal se dará somente no horário das 8h às 12h. A Direção Jubileu sacerdotal Amigo e parceiro ao longo da tra- jetória do projeto do jornal Solidário, Pe. Pedro Alberto Kunrath (foto acima) comemorou jubileu de prata de ordenação sacerdotal em 10 de dezembro último. Pe. Pedro é pároco de Nossa Senhora da Paz - Paróquia Universitária -, professor de Teologia na PUCRS e coordenador do Diálogo Ecumênico e Inter-Religioso. É doutor em Teologia pela Universidade Gre- goriana, e trabalhou em diversas paróquias da Arquidiocese. “Ad multos annos!”, Pe. Pedro. São os votos da direção e funcio- nários do Solidário. (Republicamos a nota por conta de ilustração indevida na edição 529, quando inserimos a foto do Pe. Agos- tinho Sauthier, ex-secretário do Regional Sul III da CNNB e atual responsável pela subsecretaria da CNBB nacional). Fogaça e os pobres O prefeito reeleito de Porto Alegre, no dia de sua posse, prometeu atenção especial para os pobres no seu novo mandado. “A nossa prioridade inafastável é construir políticas públicas eficientes em favor da população que mais sofre nesta cidade, porque é na cidade que se pode empreender a ação de inclusão. Também vamos melhorar o sistema viário, ampliar serviços de assistência social, inves- tir em infra-estrutura e saneamento básico”. Almeja-se pleno sucesso na concretização de seus objetivos. Ciência e Alzheimer Entre as novidades da ciência em 2008, destacam-se as possibilidades da ressonância magnética do cérebro, pela qual se consegue traçar mapas que mostram onde fazemos es- colhas morais e quando mentimos. E também diagnosticar o mal de Alzheimer nos seus estágios preliminares. Maria Fernanda Balvedi, de Pato Branco, Paraná, onde o Solidário tem muitos leitores, é a jovem entre- vistada desta edição. Ela aparece na foto com seus pais e irmão. Página 2 São Paulo ANUNCIAR O AMOR ERA SEU LIMITE Jesus no Litoral Leia na contracapa Reprodução de gravura cedida pelas Irmãs Paulinas

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CianMagentaAmareloPreto

Porto Alegre, 16 a 31 de janeiro de 2009 Ano XIV - Edição No 530 - R$ 1,50

Página 5

“Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, bondade, benevolência, fé, mansidão, domínio de si e fidelidade. Contra essas coisas não existe lei”. (Gl 5, 22). “O amor nunca haverá de passar” (1Cor 13,8).

Convertido radicalmente, já nada o impedia de levar a Boa Nova até os confins do mundo: nem os inimigos e as perseguições, nem a dor e o sofrimento, nem os perigos em terra e mar. Ho-mem culto e letrado, foi com esse mesmo ardor e zelo que sistematizou a estrutura e delineou os principais traços da doutrina da Igreja fundada por Jesus no Pentecostes. Seu exemplo e escritos, sempre atuais, devem servir de paradigma para os que nós identificamos como cristãos.

Páginas centrais

Jovemtem vez

Expediente do Solidário em fevereiro

Durante o mês de fevereiro, o ex-pediente do jornal se dará somente no horário das 8h às 12h.

A Direção

Jubileu sacerdotal Amigo e parceiro ao longo da tra-

jetória do projeto do jornal Solidário, Pe. Pedro Alberto Kunrath (foto acima) comemorou jubileu de prata de ordenação sacerdotal em 10 de dezembro último. Pe. Pedro é pároco de Nossa Senhora da Paz - Paróquia Universitária -, professor de Teologia na PUCRS e coordenador do Diálogo Ecumênico e Inter-Religioso. É doutor em Teologia pela Universidade Gre-goriana, e trabalhou em diversas paróquias da Arquidiocese. “Ad multos annos!”, Pe. Pedro. São os votos da direção e funcio-nários do Solidário. (Republicamos a nota por conta de ilustração indevida na edição 529, quando inserimos a foto do Pe. Agos-tinho Sauthier, ex-secretário do Regional Sul III da CNNB e atual responsável pela subsecretaria da CNBB nacional).

Fogaça e os pobres

O prefeito reeleito de Porto Alegre, no dia de sua posse, prometeu atenção especial para os pobres no seu novo mandado. “A nossa prioridade inafastável é construir políticas públicas eficientes em favor da população que mais sofre nesta cidade, porque é na cidade que se pode empreender a ação de inclusão. Também vamos melhorar o sistema viário, ampliar serviços de assistência social, inves-tir em infra-estrutura e saneamento básico”. Almeja-se pleno sucesso na concretização de seus objetivos.

Ciência e Alzheimer Entre as novidades da ciência em 2008,

destacam-se as possibilidades da ressonância magnética do cérebro, pela qual se consegue traçar mapas que mostram onde fazemos es-colhas morais e quando mentimos. E também diagnosticar o mal de Alzheimer nos seus estágios preliminares.

Maria Fernanda Balvedi, de Pato Branco, Paraná, onde o Solidário tem muitos leitores, é a jovem entre-vistada desta edição. Ela aparece na foto com seus pais e irmão.

Página 2

São Paulo

ANUNCIAR O AMOR ERA SEU LIMITE

Jesus no Litoral

Leia na contracapa

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Cidadania 2 16 a 31 de janeiro de 2009

Editorial

attí[email protected]

O AnO PAulinO

tem vezJovem

Maria Fernanda Balvedi (foto), 15 anos, de Pato Branco, PR, leitora do Solidário, é a entrevistada.

Ao longo de todo um ano (29/06/08 a 29/06/09) a Igreja celebra os dois mil anos do nascimento de Paulo de Tarso, fariseu fervoroso, discípulo de Gamaliel, com

cidadania judaica e romana e, depois de um longo processo de conversão e reorientação de sua vida, um apóstolo que fez da evangelização sua única missão. Como o fariseu Saulo, ele perseguiu e prendeu muitos cristãos que, para ele, eram mem-bros de uma seita perigosa que teria que exterminar.

Como ninguém, Paulo foi um comunicador que fazia da presença física nas incipientes comunidades cristãs, da ora-tória e dos escritos os seus grandes meios de comunicação para evangelizar. Apaixonado, ele se entregava totalmente e com verdadeiro ardor missionário à tarefa de anunciar a Boa Nova de Jesus, a quem, antes, perseguia com o mesmo ardor nos seus discípulos. Nada o intimidava ou fazia arrefecer este ardor missionário. Foi flagelado, sofreu naufrágios e perse-guições de todo o tipo, foi preso e apedrejado e, finalmente, foi martirizado como todos os outros apóstolos, exceto João. Entre as 14 cartas escritas por Paulo, Antônio Algayer (páginas centrais desta edição) destaca a Carta aos Romanos, onde “em chave antropológica, Paulo aborda questões de alta indagação teológica, dentre as quais a da gratuidade da salvação pela fé, do pecado incrustado nas estruturas sociais, da mescla de grandeza e miséria que todo ser humano alberga em seu íntimo. Em todos os seus escritos, Paulo revela firmeza, austeridade, carinho e paternal desvelo: Fui eu que, pelo Evangelho, vos gerei em Jesus Cristo (1Cor 4,15). Paulo assentou a base te-ológica da igualdade entre homem e mulher, escravo e livre, judeu e grego”. Ainda nas páginas centrais, o Solidário traz o depoimento da Ir. Ivonete Kurten que fala da Família Paulina, cujo fundador, Beato Tiago Alberione, quis que o carisma das instituições por ele fundadas tivesse como referencial o apóstolo Paulo e sua entrega radical ao Evangelho, muito especialmente no uso dos modernos meios de comunicação.

Uma “evangelização” sui generis é a praticada por jovens nas praias gaúchas. Eles vêm das 18 dioceses do Rio Grande do Sul, também de São Paulo, Goiânia, Rio de Janeiro, Paraná, Tocantins e até um jovem que vem do Chile. São 10 dias em que estes jovens abordam, em Capão da Canoa, os freqüentadores desta populosa praia, falando de Jesus e de seu Projeto de salvação. Mas não apenas falam: há celebrações, procissão pelas ruas da cidade, “aeróbica com Cristo” na beira da praia, aferição da pressão arterial, além de apresentações artísticas e culturais, grupos de oração na praça e feira de artigos religio-sos. Na abordagem que fazem, os jovens tem especial cuidado para não ferir melindres, respeitando diferenças religiosas e opiniões contrárias. Não querem impor nada a ninguém, ape-nas propor, ouvir muito e sempre acolher com o coração. Este programa, chamado “Jesus no Litoral”, foi criado por Frei Giriboni, fundador da Comunidade Obra Missionária Virgem do Carmo Peregrina. Dom Jaime Kohl, bispo de Osório, dá todo o seu apoio a esta iniciativa, tendo presidido às missas de inauguração e de encerramento (contracapa).

*Fala um pouco de ti Estudo no primeiro ano do

ensino médio. Tenho aulas de inglês, pratico balé e frequento academia. Não faço o perfil de torcedora fanática, mas por influência familiar torço pelo Internacional, de Porto Alegre. Em meu tempo livre, costumo sair com meus amigos, com eles a diversão é certa.

* Sobre o futuro? Sempre sonhei em ser atriz,

porém é um caminho duvidoso, então penso em cursar facul-dade de Direito, depois disso, pretendo constituir família.

* Fala de tua família Família é algo fundamental,

é apoio e não somente financei-ro, são as pessoas que, além de criarem, sempre dão amor, ca-rinho, e educação, apoiando em todos os momentos, ensinando e mostrando o caminho certo. E sempre vão estar ali, aconteça o que acontecer. Sobre a família que me deu não tenho nada a reclamar, só a agradecer.

* Fala de teus (tuas) ami-gos (as):

Amigo é confiança. Re-presentam aquelas tardes de alegria, aquele abraço preciso ou até mesmo um silêncio ne-cessário. Os poucos amigos que eu tenho são os que eu gostaria de ter.

* Tens amigos virtuais? Amigo virtual não é algo tão

seguro, mas às vezes acontece

aparecerem pessoas especiais, que conhecemos online, mas nada como uma conversa frente a frente.

* O que consideras positi-vo em tua vida?

Todas as experiências, se-jam elas boas ou ruins, sempre servem para que possamos aprender algo. Minha família, meus amigos são ouro de mina. Sempre tive o que pre-cisei emocio-nalmente e fi-nanceiramente.

* Um de-feito do qual gostarias de te livrar?

S o u u m a pessoa medro-sa, e às vezes ajo por impul-so.

* Um livro que te mar-cou?

A sombra do vento.* Um filme inesquecível?O Grande Truque.* Um medo?Perder quem eu amo.* O que achas da gravidez

na adolescência?É um erro, pode acontecer

por deslize, falta de atenção. Mas faz a menina perder muitas oportunidades, amores, estudos, festas, amigos. Então, por isso

todos deveriam se conscientizar, e, além de tudo, hoje existem muitos métodos preventivos que todos conhecem.

* Qual o maior problema dos jovens, hoje?

Um grande problema são as drogas, cada jovem deve se conscientizar do que quer

e o que fará. Não agindo por influ-ência de tercei-ros.

* Q u a l o maior proble-ma no Brasil de hoje?

A desigual-dade, não é que todos devem ter tudo igual, mas enquanto alguns não têm nada, ou-tros têm demais, e, às vezes, desones-tamente.

* O que pen-sas da política?

A política é algo injusto, pois os honestos não chegam ao poder, enquanto isso os corruptos estão lá enganando o povo. As mentes jovens che-garão ao poder trazendo novas ideologias.

* Sobre a felicidade? Felicidade? O que é felici-

dade pra mim pode não ser para você. Mas sempre está presente nas pequenas coisas, é só olhar o lado bom das coisas. Está presente na família, em Deus, nos amigos, na vida.

* Fala de tua religião Deus é alguém pra quem

só devo agradecer. Religião é algo que todos devem ter para seguir, para acreditar, não representa apenas ir à missa, mas também acreditar, agra-decer e orar. A igreja católica é justa em seus pontos, também é “antiga” demais, por exemplo, sendo contra os métodos con-traceptivos.

* Uma mensagem aos jovens

Ninguém pode tirar a tua liberdade. Grita forte se quise-rem te calar. Nada pode te deter se tiveres fé. Se censuram tuas idéias é porque têm valor. Não te rendas nunca, luta forte, sem medidas. Não deixes de acredi-tar. Não pares nunca de sonhar.Não tenhas medo de voar.

Fundação Pro Deo de Comunicação

Conselho DeliberativoPresidente: José Ernesto

Flesch ChavesVice-presidente: Agenor Casaril

Voluntários Diretoria Executiva

Diretor Executivo: Jorge La Rosa Vice-Diretor: Martha d’Azevedo

Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi

e José Edson KnobSecretário: G. Carlos Adamatti

Tesoureiro: Décio AbruzziAssistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj

Diretor-Editor Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RS

Editora Adjunta Martha d’Azevedo

Revisão Nicolau Waquil, Ronald Forster

e Pedro M. Schneider (voluntários)Administração

Paulo Oliveira da Rosa, Ir. Erinida Gheller (vo-luntários), Elisabete Lopes de Souza e Davi Eli

RedaçãoJorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS

Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RSImpressão: Gazeta do Sul

Rua Duque de Caxias, 805 – Centro – CEP 90010-282 – Porto Alegre/RSFone: (51) 3221.5041 – E-mail: [email protected]

Ano XIV – Nº 530 – 16 a 31/01/09

Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade, não expressando necessariamente a opinião deste jornal.

CNPJ: 74871807/0001-36

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Família e sociedade 316 a 31 de janeiro de 2009

Hilde Vanstraelen/ sxc.hu

Dora Pete/sxc.hu

É claro que o problema não passa por aí. Não há como se julgar esse com-portamento dos dois.

Por outro lado, mesmo não havendo uma proposta “certa ou errada” no que eles desejam, isso pode gerar uma maior confusão no relacionamento deles. É como se, numa esquina, um quisesse ir para a direita e o outro para a esquerda. Sem dúvida, eles terão que resolver esse impasse.

Mas nem sempre essa solução apa-rece com facilidade, pois se cada um deles tomar o desejo do outro como algo que anula o seu próprio desejo, surgirá um ressentimento naquele que viu seu sonho destruído.

Se aquilo que poderia me trazer alegria e felicidade me foi tirado pelo meu parceiro, guardarei dentro de mim essa mágoa. A partir daí, vou me sentir menos amado pelo outro, menos com-

Desencontros nas relações entre pessoas, incluindo os casais

José Luiz Belas Psicólogo

Há poucos dias, uma pessoa me escreveu perguntando:“Em que fases do casamento, ocorrem as crises e como superá-

las? Quais dicas poderiam ser dadas às mulheres para que elas possam superar essas crises e viver felizes com seus maridos?”

Eu respondi o seguinte:Primeiro, essa estória de crise dos dois, três, cinco anos é – a meu ver

– uma grande ficção. Essas “idades do casamento” não têm nada mais a ver, pois a instituição

casamento, hoje, tem características muito diferentes daquelas que existiam há 10, 20 ou mais anos atrás. As formas de união são muito diversificadas e as pessoas hoje possuem uma percepção da vida, e do mundo, muito mais complexa.

Segundo, a superação das crises do casamento depende do marido e da mulher, e não somente de um dos cônjuges. Se assim não for, e o problema ficar apenas nas mãos da mulher (ou só do homem), o que pode acontecer é sua falsa solução. Ele, ou ela, contornará a situação, abrindo mão de direitos seus, mas carregará, dentro de si, uma frustração que acabará por lançar na vida familiar algum tipo de desconforto e “algumas gotas de vinagre” que azedarão, com o tempo, o relacionamento do casal e da família como um todo.

Terceiro, mais do que regras simples para detectar e consertar o que não está funcionando bem numa vida a dois, talvez seja interessante que cada pessoa possa entender o que provoca desencontros nas relações entre pessoas, incluindo aqui os casamentos.

Tenho aprendido com os casais que me procuram para terapia

... que um dos fatores mais influen-tes no surgimento de desajustes na vida conjugal é o despreparo de cada cônjuge para lidar com a DIFERENÇA que existe entre eles. As consequências do óbvio fato de que eles são duas pesso-as, portanto diferen-tes um do outro, no dia-a-dia da vida a dois, são, indiscu-tivelmente, trágicas.

Talvez por ela (a diferença) ser um fato tão óbvio, não lhe damos o valor e importância que me-rece. Quando uma pessoa escolhe uma outra para namorar, casar... quase sempre surge um sentimento de estar se aproxi-mando de alguém que a atrai pelas “semelhanças”. Ge-ralmente, eles gostam do mesmo tipo de filme, apreciam frequentar lugares semelhantes....Eles, em outras palavras, parecem falar a “mesma linguagem”. A aproximação, portanto, ocorre pelas

afinidades que há entre eles. Expressões muito conhecidas por

nós como: “Almas Gêmeas”, “Cara-Me-tade”, em princípio sugerem que a busca é para encontrar no outro a semelhança

e o complemento. Há uma idealização do completo, do per-feito, do equilíbrio, do ajustamento e da felicidade. Entretan-to, não há uma la-ranja com dois lados iguais, nem rostos simétricos. O que existe, na realidade, são diferenças que podem se integrar, OU NÃO, num todo harmonioso.

Há um ditado an-tigo que diz: “Pra se conhecer uma pes-soa é preciso que se

coma, com ela, um saco de sal”. Esse saco de sal, a que se refere esse ditado, pesa 50 kg e, como se pode entender, vai ser preciso uma vida inteira para se dar conta de uma quantidade de sal como essa.

Com o passar do tempo de convivência, novos comportamentos

começam a ser mostrados

Alguns são “agradáveis surpresas”, outros, “terríveis decepções”. Alguns dizem que o outro é melhor ainda do que imaginava que fosse. Outros, porém, dizem exatamente o contrário. Interessante é que isso ocorre tanto com “ele” como com “ela”. E mais interessante ainda é que parece que cada um deles só está receptivo para as “surpresas agradáveis”. As outras são rejeitadas, indesejadas, negadas.... Ora, na vida real as coisas não são bem assim.

É compreensível que eu goste mais das coisas boas do que daquelas que me atrapalham, prejudicam, incomodam. Mas, o que há de errado se ele quer ver o futebol à tarde, no domingo? E de ela querer sair os domingos à tarde para ir à casa dos seus pais ?

Quem está certo? Quem está errado ?preendido, menos considerado.

Esses desentendimentos podem ocorrer nas primeiras noitadas de na-morados, ou nas noites de núpcias, ou nas luas de mel, na primeira semana de casamento ou depois das bodas de prata. Esse fato, aparentemente simples, talvez seja o tumor que mais mata os relacionamentos: a falta de diálogo, de compreensão e aceitação da DIFEREN-ÇA que existe entre um e outro. O Outro é o Outro e nunca será o que eu idealizei que ele fosse.

Sendo um Outro, ele tem uma história própria e uma visão do mundo que pode ser até parecida com a minha. Somente “parecida”.

Um diálogo franco e aberto, onde o respeito pelo outro como ser diferente de mim possa estar presente, certamente é um dos melhores “remédios” para que se construa uma relação saudável.

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Opinião4

Solicitamos que os artigos para publicação nesta página sejam enviados com 2.400 caracteres ou 35 linhas de 60 espaços

16 a 31 de janeiro de 2009

Solidariedade é preciSo com urgência

o miStério que intrigava pauloO país dOs “cOitadinhOs”Carmelita Marroni Abruzzi

Professora universitária e jornalista

Não é nosso objetivo, aqui, tratar da língua por-tuguesa e das impropriedades que o uso do diminutivo revela.

Na verdade, em seu linguajar, o brasileiro usa muito o “inho” e de forma tão exagerada e imprópria que termina nos cansando, como aquela promotora de um plano de saúde do telefone:

- Estamos oferecendo... Qual é o seu “nomezinho”?Claro que tive de me conter para não berrar.Ou daquela atendente: - “Aguarde um minutinho”! Mas, quantos segundos

tem esse “minutinho”?E os exemplos se multiplicam. Muitas vezes assisti a

professores pedir aos alunos que abrissem seus livros:- “Meus filhinhos, abram seus livrinhos à página......”

Os alunos eram bem grandes e os livros também.Ou então aquela mãe ou a funcionária de uma creche

à criança travessa:- “Queridinho, fica quieto”! E a expressão facial

e o tom revelavam a vontade de dar uma palmada ou beliscão.

Os exemplos estão em toda parte, inclusive nos meios de comunicação, que, por sua natureza e função, deveriam ser exemplos do uso de uma linguagem correta.

Mas o que nos preocupa é que essa impropriedade vai se revelar, também, no campo dos sentimentos e das emoções: será que esse “inho” banalizado vai realmente expressar carinho ou afeto? Será que, por vezes, não es-tamos contribuindo para imobilizar adolescentes e jovens num baixo patamar de amadurecimento?

Não sei, porque ouço muitos pais e avós se queixa-rem que os jovens de 20 anos ou mais ainda agem como adolescentes! Será o resultado de uma forma de educar em que se dá muito a eles e pouco se exige em troca? Será que temos a tendência de considerá-los sempre pequeninhos e incapazes de tomar decisões?

Nesse campo da educação, notei com preocupação essa tendência, tanto da parte de pais, como de profes-sores. Em algumas disciplinas, por exemplo, há certos professores que trabalham os conteúdos de forma tão infantil, que até as próprias crianças consideram tola!

Acredito que o uso indiscriminado do “inho” pode revelar mentes pequenas, que pensam de modo muito limitado.

Encontramos desculpas para tudo e para todos:- “Coitadinho”, para a criança que faz estrepolias em

espaços públicos, demole tudo à sua frente, atropela os outros: “Coitadinho, diz o pai”, defendendo, “é apenas uma criança”.

- “Coitadinho.......preso ? Algemado ? Afinal, não matou nem feriu ninguém !” ( Não, só desviou milhões que significariam saúde e vida melhor para muita gente ! Coitadinho.....!)

Creio que o uso indiscriminado do “inho” pode revelar mentes pequenas, que pensam de modo muito limitado.

Precisamos, então, ter o cuidado para que, com tantos “inhos”, não nos habituemos a sonhar pequeno. E aqui vale uma análise:

- Em nossas vidas, contentamo-nos com o “pouqui-nho” e paramos de crescer em determinados estágios de nosso desenvolvimento ? Pensamos que já fizemos muito, que podemos parar e deixar os outros fazer?

- Ou, como seres humanos maduros, que pensam grande, esquecemos os “inhos”, e continuamos nossa caminhada lembrando que à nossa volta há um mundo que precisa de nós para ser construído?

Estamos, em plena comemoração do Ano Paulino, proclamado pelo Papa Bento XVI em 28 de junho passado e que deve estender-se até 29 de junho

de 2009. Figura central do Cristianismo das origens, Saulo de

Tarso, judeu, filho de judeus, circuncidado ao oitavo dia, da tribo de Benjamin, pela lei fariseu e formado aos pés do grande rabino Gamaliel, era inicialmente adversário dos adeptos do galileu Jesus de Nazaré, do qual diziam haver ressuscitado dos mortos. Colaborava o jovem Saulo nas condenações e execuções feitas aos primeiros cristãos e testemunhou pessoalmente o martírio do jovem Estevão, que era inclusive seu conhecido.

Após isso, na estrada de Damasco pela qual via-java levando cartas para perseguir os cristãos daquela região, teve uma experiência tão luminosa que mudou totalmente sua vida. Uma experiência da presença de Jesus Ressuscitado, que passou a ser o centro da vida e do destino do jovem Saulo, dali em diante chamado Paulo.

A situação de Paulo passa a ser, então, bastante complexa. O zelo pelo judaísmo que o impulsionou a tomar parte na repressão inicial contra o cristianismo nascente acabou se transformando em ardor proselitista pela nova religião, ao mesmo tempo em que sentia dentro de si o dilaceramento interior por causa de sua pertença ao povo de Israel. Nenhum outro escrito exprime isso melhor do que a Carta aos Romanos, inquestionavel-mente paulina e fruto de uma reflexão amadurecida do grande teólogo Paulo.

O contexto é o de uma comunidade, a de Roma, onde as divergências parecem conduzir a sérios de-sentendimentos entre os convertidos do judaísmo e do paganismo. Na Epístola, Paulo parte da contraposição entre Cristo, justiça de Deus, e a justiça que os homens pretendem alcançar por seu próprio esforço. Não nega o valor da antiga economia da salvação, mas lhe marca limites precisos. Escreve: “A Lei é santa. Justo e bom é

Maria Clara Lucchetti BingemerTeóloga*

o preceito”. Ao mesmo tempo, enfrenta o problema de sua debilidade e a consciência da própria culpa, e não consegue ver na Lei a ajuda necessária para superá-las. Daí, a sua solução: “Somente em Cristo encontra-se essa ajuda e ela se obtém através da fé”.

A consequência lógica seria a exclusão da salvação dos judeus que permanecessem no judaísmo. Contudo, Paulo não parece satisfeito com aquela dedução e passa a polemizar com os cristãos provenientes da gentilida-de, que numa soberba mal dissimulada desprezavam os judeus. Deixa muito claro que, diante de Deus, não há acepção de pessoas. Paulo está convicto de que aos israelitas, textualmente, pertencem a adoção filial, a glória, as alianças, a legislação, o culto, as promessas, os patriarcas. E deles é, conforme Romanos 9, 4-5, o Cristo, segundo a carne. E esses dons são irrevogáveis. E diz aos gentios: “Do que vocês se vangloriam? Vocês são apenas ramos de oliveira silvestre enxertados no tronco da videira autêntica capaz de dar frutos e esse tronco é Israel. E o tronco não foi arrancado”.

Como solucionar essa contradição? Paulo acaba, na realidade, entoando esse hino ao mistério de Deus. “Ó abismo da riqueza, da sabedoria e da ciência de Deus! Como são insondáveis seus juízos e impenetráveis seus caminhos. Quem, com efeito, conheceu o pensamento do Senhor? Ou quem se tornou seu conselheiro? Ou quem primeiro lhe fez o dom para recebê-lo em troca? Porque tudo é d’Ele, por Ele e para Ele. A Ele, a glória pelos séculos! Amém”.

À distância de 20 séculos, esse mistério continua vivo. Mistério de uma vocação que é irrevogável. Mistério de um Deus de misericórdia que chama todos à salvação e do qual se espera a presença salvadora. Olhando Paulo podemos hoje aprender o muito que nos falta ainda para viver plenamente o diálogo com aqueles de cujo tronco somos ramos. Aqueles a quem foi dada a aliança e de quem nasceu o Cristo segundo a carne: o povo de Israel.

* A autora é também professora e decana do Centro de Teologia e Ciências Humanas da PUC-Rio

Homero Ferrugem MartinsAdvogado

Solidariedade é a dependência mútua entre os homens, em virtude da qual uns não podem ser felizes e desenvolver-se, sem que os outros também o possam.

A turbulência global, amplamente descrita por todos os meios de comunicação, com suas alarmantes consequências e variadas projeções, são inteira-

mente conhecidas pela mídia, seriamente preocupada e perplexa em âmbito universal, mormente entre as nações consideradas desenvolvidas — países ricos — assusta-dos declararem — o que é inédito — necessitarem de socorro dos países emergentes — nações pobres, visto que a União Européia e os Estados Unidos da América admitem o seu quadro recessivo, e Obama, antes de assumir a Presidência da Nação, anuncia a constituição de Conselho para recuperar a economia do ricaço estado norte-americano.

Entrementes, as condições subumanas de habitação, higiene, saúde e educação em que se encontram milhões de famílias, por força do desemprego ou salários insu-ficientes e a fome generalizada no mundo, agravada pela notória corrupção, punida com morosidade, tudo contribui para a desagregação da família, a célula máter da sociedade humana.

Todos esses patéticos eventos estão clamando por uma solidariedade ampla e iminente! A neutralidade e a omissão dos ricos e até, dos remediados, menos carentes,

é injustiça clamorosa, que, absolutamente, não pode persistir e se perpetuar.

O Papa João Paulo II, em sua Encíclica “Preocupa-ções com a realidade social”, fornece inúmeras diretrizes em prol da solidariedade:

“A solidariedade torne-se uma questão de justiça”; “A solidariedade ajuda-nos a ver o “outro” – pessoa, povo, nação, não como um objeto qualquer, que se explora, mas como um nosso “semelhante”; “As angústias e as tristezas de hoje são a miséria e o subdesenvolvimento”.

O apóstolo São Tiago nos adverte: “Tu tens a fé e eu tenho obras. Mostra-me tua fé sem obras e eu, por minhas obras, te mostrarei a fé” (Tiago 2, 14-18).

O saudoso Papa João Paulo II diz, ainda, que “a interdependência entre as nações seja transformada em solidariedade”.

A solidariedade não pode ser mais protelada, eis que representa o nexo moral que vincula o indivíduo à vida, às responsabilidades do seu grupo social e à própria humanidade.

Deus tem um projeto-vida para cada um de nós. Da concretização desse projeto-vida depende nossa felicidade, nossa realização. É o destino no presente e futuro de muitos irmãos nossos. Ninguém fará por nós aquilo que deixamos de fazer... Cristo nasce e renasce, cada dia, cada instante, quando estendemos a mão ao nosso irmão caminhante.

“Quem não está sendo ajudado, ajude aos outros”. Isto posto, solidariedade é preciso com muita

urgência. Mutirão ecumênico da solidariedade humana?

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Educação e psicologia 516 a 31 de janeiro de 2009

Konstantin Shafikov/sxc.hu

COMEÇAR EM CASAPara atingir seus objetivos, a educação ambiental exige luta contra a alienação,

o descompromisso, o individualismo...Educação ambiental começa em casa, na rua, na praça, no bairro...

FAÇA A SUA PARTEOrientações ecológicas práticas para mudar os maus hábitos

1.º ÁGUASomente 1% da água do planeta é disponível para o consumo das pessoas. Ela

se encontra nos lençóis subterrâneos, lagos e rios. O restante é água salgada (97%) ou existe na forma de geleiras e icebergs (2%).

Cerca de 8% desta água disponível está espalhada pelo território brasileiro, mas de uma maneira bastante desigual: 80% na região amazônica, onde se encontram apenas 5% da população.

Em certas regiões sofre-se, portanto, de escassez de água. A ordem é poupar. Mas como?

- Consertando vazamentos: um buraco de 2 mm, no encanamento de sua residên-cia, desperdiça cerca de 3.200 litros de água por dia. Isso é grave, já que o consumo diário de uma pessoa é de 150 a 250 litros, além do custo pago pelo desperdício.

- Substituindo a mangueira por baldes na hora de lavar o carro. Uma mangueira aberta por 30 min. gasta entre 216 a 560 litros. Com alguns baldes de 10 litros, é possível fazer o mesmo serviço.

Escovando os dentes e/ou fazendo a barba com a torneira fechada: a torneira aberta por 10 min. consome mais de 24 litros de água. Abrindo e fechando a torneira você gastará apenas 2 litros.

2.º ALUMÍNIOEmbalagens como latinhas de refrigerantes e cerveja demoram de 100 a 500

anos para serem absorvidas completamente pela natureza. As latinhas devem ser encaminhadas para reciclagem. 3.º EMBALAGENSO isopor, por exemplo, é altamente tóxico, já que inclui derivados de petróleo e

CFC (clorofluorcarbono), gás responsável pela destruição da camada de ozônio.Dê preferência às embalagens recicláveis.

Educação AmbientalÉ PRECISO COMEÇAR

*

A natureza, durante muito tempo, tem sido uma vítima sem a possibilidade de se defender. Como não entender que a preservação da vida de cada pessoa depende do respeito para com o Planeta Terra?

Os fenômenos atmosféricos, por exemplo, são lentos de serem modificados; por isso, as distorções hoje praticadas, vão ter seu momento mais crítico daqui a anos, décadas ou talvez ainda mais tarde. Quem desfruta de forma irracional e egoista os bens da natureza, não se preocupa com o bem-estar das futuras gerações.

4.º FAUNAExistem pelo menos 200 espécies de animais silvestres ameaçadas de desaparecer.

Uma das causas é a captura para a venda.Não compre animais silvestres e nem os alimente. Se tiver sítios ou fazendas,

não coloque frutas e bebedouros para atrair aves. Isso gera dependência e faz com que se desacostumem de procurar o próprio alimento na natureza.

5.º MATERIAL ORGÂNICOA maior parte do lixo residencial produzido no Brasil (65%) é composta por

matéria orgânica. Trata-se de alimentos, madeira e tecidos não-sintéticos.Se abandonado na rua, o material orgânico é arrastado pela chuva para os rios e

córregos. E quando entra em decomposição na água, esse material consome oxigênio, dificultando a respiração de peixes, algas... Jogar no terreno baldio significa atrair ratos e insetos para dentro de casa.

6.º NO CARRONão atire objetos pela janela. O lixo se acumula nas vias públicas e quando chove

vai parar nas galerias pluviais. Uma ponta de cigarro ou um palito de fósforo demoram 2 anos para serem absorvidos pela natureza. Um chiclete demora 5 anos.

Mantenha o motor regulado. Além de economizar combustível, contribui com a qualidade do ar.

7.º PAPELReutilize e recicle (caixas, revistas, jornais...) e dê preferência pela compra de

agendas, livros e cadernos feitos com material reciclado. Cada tonelada de papel reciclado evita a derrubada de 16 a 30 árvores.

8.º PILHAS E BATERIASPilhas e baterias, inclusive de celular e de carro, são compostas de metais pesa-

dos (chumbo, cromo, zinco, mercúrio, entre outros). Eles se acumulam na natureza e não são degradáveis, incorporando-se à cadeia alimentar e causando vômitos, intoxicação, alterações genéticas e morte por câncer.

Compre este material em lojas que recebem o material usado e privilegie equi-pamentos recarregáveis. Quando não tiver mais utilidade, empacote e envie para pontos de coleta (Banco Real).

9.º PLÁSTICOO plástico abandonado não é degradável e pode causar problemas, entre eles as

enchentes. De fato, as garrafas, como as de refrigerante, podem entupir bueiros e galerias, impedindo que as águas das chuvas cheguem aos rios.

10.º VIDROO vidro correspon-

de a 3% do lixo residen-cial do país. Uma forma de reaproveitar esse material é utilizando as garrafas como vaso ou, no caso de potes, para guardar objetos, como: botões, pregos...

A ordem é reciclar e reutilizar.

*Adaptado da Folha de São Paulo

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6 716 a 31 de janeiro de 2009

Antônio Estevão AllgayerAdvogado

Paulo era um apaixonado, uma alma de fogo, ardendo em zelo pela causa da qual faria a razão de sua vida. Conver-tido radicalmente para a causa do Evangelho, deparou-se

com variadas formas de comunicação da mensagem. Dentre elas o discurso falado, a presença física junto às novas comunidades e a mensagem escrita. A começar pela primeira, Pau-lo, num mundo indiferente ou hostil ao Evangelho, pregou o Cristo crucificado, escândalo para os judeus e absurdo para os pagãos. De viva voz, proclamou que Jesus é o Messias. Fazendo-se presente junto às comunidades por ele fundadas na Ásia e na Europa, nelas permanecia o tempo julgado necessário para a consolidação de seus evangelizandos na fé.

No entanto Paulo, não satisfeito com a mera comunicação oral da mensagem, fez uso de todos os recursos disponíveis na elaboração de suas grandes epístolas teológicas e pastorais, destinadas aos judeus da diáspora e aos pagãos convertidos da Ásia e da Europa. Na falta dos dispositivos mecânicos e eletrônicos de que dispõe a mídia de hoje, estampava os seus escritos em material precário como o papiro e o pergaminho.

Numa época em que eram poucos os letrados, nem por isso deixou de conferir importância à mensagem escrita. A contextura basilar de suas epistolas, anteriores de algumas décadas ao surgi-mento dos quatro Evangelhos, integra os 27 livros do Novo Tes-tamento e chegou até nós, revestida de espantosa atualidade.

Na epistolografia paulina há uma estrela de primeira gran-deza, que é a Carta aos Romanos. Paulo a deu a lume antes de sua chegada a Roma como prisioneiro. Usando chave antropo-lógica, aborda questões de alta indagação teológica, dentre as quais a da gratuidade da salvação pela fé, do pecado incrustado nas estruturas sociais, da mescla de grandeza e miséria que todo ser humano alberga em seu íntimo, e outras tantas cuja simples menção demandaria espaço que não cabe num singelo comentário jornalístico.A Boa Nova até os confins do mundo

Paulo era católico. Pensava grande. Sem menoscabo das pequenas comunidades de fé, a sua “paróquia”, conforme diria John Wesley, era o mundo. Tal anseio de levar a boa-nova até os confins da terra não se reduz a mera troca de uma forma de apostolado por outra. Seguem sendo válidos a celebração

Irmã Ivonete Kurten, fspJornalista*

O Ano Paulino tem por objetivo ajudar as comunidades a conhecer o apóstolo Paulo, que foi o primeiro mis-sionário a transmitir a fé em Jesus Cristo

fora da Palestina. Na Igreja há uma Família Religiosa que tem

a missão de evangelizar seguindo os passos do Apóstolo Paulo: a Família Paulina. Ela é forma-da por um conjunto de congregações e institutos religiosos fundados pelo bem-aventurado Tiago Alberione, que vive uma espiritualidade centrali-zada num objetivo: viver e anunciar Jesus Mestre, Pastor, Caminho, Verdade e Vida à humanidade como São Paulo.

A Família Paulina atua no mundo, à luz de carismas específicos: evangelizar pelos meios de comunicação social, pela liturgia, no serviço junto às comunidades paroquiais e vocacionados/as ou, no caso dos institutos religiosos, no próprio local de trabalho. Porém, tem nas várias linguagens e formas da comunicação o elemento comum da missão na Igreja. O desejo do padre Tiago Alberione era de que toda a Família

A celebração dos dois mil anos de nascimento de Paulo de Tarso, que é marcada em toda a Igreja Católica entre 29 de junho de 2008 e 29 de junho de 2009, é também uma excelente oportunidade de atualização de suas idéias e fervor missionário. Cabe até perguntar se a Igreja que hoje temos é aquela imaginada pelo apóstolo dos gentios? Se aquele movimento inicial dos ‘homens e mulheres do Caminho’, depois estruturado e sistematizado por Paulo e seus principais companheiros ainda está fiel no seu rumo original? Se a conformação de então, com o objetivo único de poder levar a Boa Nova a todos os povos com mais eficácia, não se apresenta

por vezes um pouco subvertida e descaracterizada, onde o que era para ser mera atividade meio assumiu o papel principal em detrimento da atividade fim, que é a evan-gelização? Ou até algumas vezes tenha se assemelhado a mero poder temporal com fim em si mesma?

O Ano Paulino e a Igreja atual

Judeu fervoroso Os pais de Paulo eram de Giscala, no norte da Galiléia. Nasceu em janeiro do

oitavo ano da nossa era, sendo batizado com o nome de Saulo, em homenagem ao primeiro rei dos hebreus. Ainda pequeno, os romanos venderam seus pais como es-cravos em Tarso. Cresceu como um judeu na diáspora, em contato diário com pagãos em uma cidade muito cosmopolita e culta. Tinha cidadania romana e judia. Recebeu excelente educação tanto judaica como secular na ‘Universidade de Tarso’. Aos 20 anos, foi a Jerusalém e teve em Gamaliel seu principal mestre no aprofundamento da Lei Judaica. Durante esse período, certamente se casou: era obrigação para os judeus se casar e ter filhos. Mas nunca mencionou sua esposa e filhos. Biblistas acreditam que eles morreram em um acidente tão traumático, que Paulo não suportava pensar sobre isso.

A perseguição de Saulo aos seguidores da ‘seita’ dos ‘homens e mulheres do Caminho’ provinha de seu zelo pela pureza do judaísmo, a religião que amava. Jo-vem ainda, liderava o combate à ‘nova seita’. Foi a Damasco, capital da Síria com autorização formal de trazer presos todos os judeus simpatizantes do ‘Caminho’ que encontrasse na Sinagoga.

A conversãoSua ‘queda do cavalo’ ocorreu em 25 de janeiro, de-

finida pela Igreja como data de sua conversão. Segundo Jerome Murphy O’Connor, mundialmente reconhecido como autoridade no Novo Testamento, em particular as cartas de Paulo, Jesus apareceu, sim, a Saulo, mas numa aparição semelhante às aparições pós-ressurreição a Maria Madalena, aos dois discípulos no caminho a Emaús, etc. Mas não houve queda de cavalo: “...nenhum cavalo é mencionado na Bíblia, e é certo que ele não andou a ca-valo. Os estribos foram inventados pelos chineses apenas no século IV d.C., e teria sido extremamente doloroso, para um estudioso sedentário como Paulo, cavalgar sem sela durante muito tempo”. (IHU, número 286, página 23). Paulo não conheceu Jesus em vida, mas a voz que o interpelava não lhe deixou dúvidas. “Saulo, por que me persegues?”

Cristão radicalA reação imediata de Paulo foi sair correndo para espalhar as boas notícias aos pagãos mais próximos, que eram os nabateanos da Arábia.

Tinha 28 anos. Até os 41 anos viveu um intenso processo de “conversão” de reorientação da própria vida e de suas convicções de fé. A partir daí foi um ardoroso missionário, evangelizador. É autor 14 Cartas do Novo Testamento, escritas a diferentes comunidades, ao longo de 50 anos: 1 Romanos, 1 Gálatas, 2 Tessalonicenses, 2 Coríntios, 1 Filipenses , 1 Filémon, 2 Timóteo, 1 Tito, 1 Efésios, 1 Colossenses, 1 Hebreus.

Era um homem apaixonado. Com ele não havia meias medidas. Empolgava-se com o que fazia e dava a vida pela causa que abraçava, como de fato acabou acontecendo em Roma. Seu amor radical à Boa Nova o fez suportar com alegria todo tipo de adversidades: viu muitas vezes a morte de perto, foi cinco vezes flagelado com 39 açoites judaicos, três vezes flagelado com varas; uma vez apedrejado; três vezes naufragado; percorreu muitos milhares de quilômetros em suas viagens, arrostando perigos nos rios, nos mares, na cidade, no deserto e entre falsos irmãos; ameaça de salteadores, de concidadãos. Mudou seu nome de Saulo para Paulo, (nome latino que lembra ‘pequeno’) na volta de sua primeira viagem apostólica, junto com Barnabé, na qual conseguiu converter o pró-cônsul romano da Galácia e que se chamava Paulo.

Ano PAulino e A FAmíliA PAulinAPaulina fosse voltada à ação pastoral, que para ele “é a grande arte de dar Deus aos homens e de dar os homens a Deus, em Jesus Cristo”.

Padre Tiago Alberione foi um sacerdote, que se preocupava com as situações concretas da vida humana. Sentia profun-

damente as necessidades e a caminhada pastoral da Igreja e se inquietava, de modo todo particular, com a formação das pessoas que freqüentavam as igrejas, mas, principalmente, com aquelas que estavam distan-tes e não vinham à igreja. E vibrou com a possibilidade de utilizar os meios de comunicação para anunciar o evangelho a essas pessoas. Quando sacerdote, ainda bem jovem, teve a intuição de utilizar a comunicação para a evangelização e, em 1914, dá início à fundação da “Família Paulina”, e coloca como patrono dessa família o apóstolo Paulo: homem de oração, fundador e animador de comunidades, promotor de vocações

e incentivador da humanização. Fazia isso através de suas viagens missionárias e das cartas, meios de comunicação de sua época.

* A autora é também responsável da revista Paulinas, a Comunicação a

Serviço da Vida e conselheira Provincial das Irmãs Paulinas no Brasil: [email protected] ou (11) 3887-7788.

o vAlor dA PAlAvrA escritA em PAulo

litúrgica da palavra, a homilia dominical, a catequese e demais serviços cometidos à paróquia. Obviamente, com isto não se confere aval de catolicidade a um laicato fechado sobre si mesmo ou enclausurado em confraria de beatos...! Em todos os seus escritos revela Paulo firmeza, austeridade, carinho e paternal desvelo: “Fui eu que, pelo Evangelho, vos gerei em Jesus Cristo.(l Cor 4, l5). As saudações finais que costumava

acrescentar a suas cartas assemelham-se ao abraço da paz praticado em algumas paróquias do Brasil: “Todos os irmãos vos saúdam. Saudai-vos uns aos outros com um beijo santo”. (l Cor l6, 2O).

Paulo assentou a base teológica da igualdade en-tre homem e mulher, escravo e livre, judeu e grego. Fez de mulheres como Priscila, Lídia, a diaconisa Febe e outras muitas, companheiras de apostolado, sem subordinação hierárquica. De certo modo, os que não viemos do judaísmo, somos discípulos de Paulo. É que o seu empenho pela admissão de nossos ancestrais pagãos à comunhão eclesial pela profissão de fé em Jesus Cristo, sem submissão a

certas exigências ligadas à sinagoga, foi plenamente exitoso, recebendo a chancela dos apóstolos, colunas da Igreja, reunidos no Concílio de Jerusalém.

Promoção da boa leituraE tu? E eu? Damos nós pleno apoio aos que fazem bom

uso dos instrumentos de evangelização comparáveis às gran-des epístolas de São Paulo Apóstolo? Conferimos o nosso sim radical à promoção do único jornal católico que a Igreja Parti-cular de Porto Alegre nos disponibiliza? Pelo sim e pelo não, é inoperante esquivar-se, ficando de fora. Trata-se da alternativa de serviço ou desserviço à causa.

Acertadamente procedem, portanto, os párocos que em seus projetos pastorais reservam espaço à promoção da mensagem impressa e, no caso, a um jornal de orientação cristã, atentos não apenas a uma minoria de paroquianos praticantes, mas também aos que vivem distanciados da comunidade paroquial. É sabido e de fácil comprovação que um veículo formativo e informativo como o jornal é meio dos mais eficazes e por vezes o único instrumento de evangelização dos de fora...! Por ora, o incansável trabalho voluntário dos responsáveis pelo Solidário, a presença animadora de Dom Dadeus, Arcebispo Metropoli-tano, bem como a cedência gratuita de espaço físico para o seu funcionamento pela boa Companhia de Jesus, garantem a sua sobrevivência saudável.

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8 Saber viver

Cheryl Empey/www.sxc.hu

16 a 31 de janeiro de 2009

Uma rede internacional de academias dedicadas exclusiva-mente às mulheres, a Contours, dá dicas sobre o que não deve ser usado e nem ingerido ao se praticarem esportes. De acordo com Fabiana Queiroz, professora de educação física e consultora da organização, acessórios como brincos, roupas apertadas e tênis inadequados podem prejudicar sensivelmente o desempenho nos exercícios e até provocar acidentes.

“Calçados inadequados, como os abertos, não protegem os pés e podem causar lesões, pois desestabilizam a articulação do tornozelo e do pé. Já as roupas devem ser leves e confortáveis, confeccio-nadas com tecidos que favoreçam a transpiração e proporcionem boa mobilidade, como é o caso do algodão. Além do cuidado com as vestimentas, usar acessórios durante o treino, como brincos grandes, pulseiras, colares e anéis, pode ser perigoso, pois há o risco de enroscar em algum equipamento ou mesmo nos dedos por causa dos movimentos”, orienta. Quanto à alimentação adequada, a recomendação é que o esportista faça refeições de 3 em 3 horas com pelo menos 2 porções de frutas e vegetais integrais variados no almoço e no jantar para prevenir as câimbras e os resfriados.

Dez mandamentos para o verão1 - Use roupas leves, o algodão é o mais indicado, pois não

limita o movimento e não retém suor;2 - Tenha cuidado na escolha do calçado, o ideal é sentir firmeza

nos pés e proteger contra impactos;3 - Não esqueça de tirar os acessórios antes do treino, você

corre o risco de puxar e se machucar;4 - Respeite seu limite;5 - Procure se alimentar 2 horas antes de ir para academia para

não sentir desconforto;6 - Beba água sempre, não deixe o corpo sentir necessidade, o

que significa que você está demorando a se hidratar;7 - Antes da atividade, coma alimentos ricos em fibras, como

cereais e pães integrais, frutas e vegetais crus.8 - Praticar esportes gasta muita energia, um repositor natural

é a água de coco, não é recomendado beber energéticos;9 - Tenha uma alimentação balanceada para conseguir os re-

sultados desejados na academia;10 - Durante as refeições, escolha alimentos coloridos, como

legumes e vegetais, que evitam lesões como as câimbras.

Recomendações úteis para quem pratica esportes

Apesar de a saúde bucal do bra-sileiro ter melhorado nos últimos anos, os números ainda estão longe de fazer a maioria do povo sorrir. Segundo dados do Ministério da Saúde, divulgados em 2003, a cá-rie, doença mais comum quando o assunto é saúde bucal, ainda atinge boa parte da população. A média do índice dentes Cariados, Perdidos ou Obturados (CPO) em crianças de 12 anos, por exemplo, é de 2,78. Apesar de esse número estar dentro da meta da Organização Mundial de Saúde (OMS) para o ano 2000, que era de um CPO máximo de três den-tes, o índice CPO dos adolescentes é de 6,19. Em um curto espaço de tempo, o índice de CPO mais que dobra entre os adolescentes quando comparado ao de crianças.

Fora do padrão OMS também estão as crianças menores de 5 anos, onde o recomendado é que metade delas não tenham cáries, e no Brasil, apenas 40% das crian-ças têm todos os dentes sadios. A OMS estabelece ainda que 80% dos jovens de 18 anos devam ter todos os dentes. Mas os brasileiros desta faixa etária estão abaixo dessa meta, quando apenas 55% deles apresentam a dentição completa.

A melhor maneira de evitar problemas na dentição ainda é a

prevenção, o que também reduz os custos do governo nos programas de saúde bucal. Vários fatores po-dem contribuir para o aparecimento das lesões de cárie, dentre eles a ingestão de alimentos açucarados – caso não seja possível, a pessoa deve ingeri-los junto às princi-pais refeições – e limpar os dentes de maneira ade-quada, utilizando escova, fio dental e pasta de den-te com flúor. O flúor é um importante auxiliar no combate à cárie, pois previne a desmineralização, isto é, a saída de minerais do dente e favorece a remineralização, que é a entrada de minerais em pequenas lesões de cárie (lesões de manchas brancas ou acastanhadas opacas), antes que elas se tornem cavidades. A limpeza deve ser realizada sempre após as principais refeições e antes de dormir.

As principais causas

A cárie é o início dos principais problemas dentários e está associa-da à presença de placa bacteriana nos dentes, dieta inadequada e

higiene bucal deficiente. Quando o açúcar entra em contato com a placa bacteriana, formam-se ácidos que serão responsáveis pela saída de minerais do dente.

Os alimentos que mais provo-cam cáries são aqueles que con-

têm açúcar na sua composição, como doces, balas, cho-colates, chicletes, refrigerantes, en-tre outros. Todos esses alimentos podem ser con-sumidos, mas de

maneira racional, isto é, junto às principais refeições, seguindo-se a escovação. A freqüência com que se come o açúcar é crucial no processo de formação de cáries: quando a pessoa ingere açúcar, os seus dentes ficam expostos aos ácidos produto-res de cárie durante 20 minutos. Se a pessoa ingerir açúcar 5 vezes ao dia, os seus dentes poderão ficar expostos aos ácidos produtores de cárie durante 100 minutos.

O açúcar também pode estar presente em medicamentos líquidos e xaroposos e, da mesma forma como em qualquer outro alimento, é preciso escovar os dentes após ingeri-los. A ingestão de farináceos e salgadinhos, principalmente entre as refeições, também não é reco-mendada. Por outro lado, existem alimentos como o queijo e o leite que são considerados protetores dos dentes. Eles apresentam alto conteúdo de cálcio e fosfatos, que são substâncias protegem contra a desmineralização do dente.

Saúde bucal do brasileiro melhora mas ainda está difícil sorrir

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Espaço aberto 916 a 31 de janeiro de 2009

Martha Alves D´AzevedoComissão Comunicação Sem Fronteiras

Integração solIdárIa

Sem fronteiras

ASSINANTEAo receber o DOC renove a

assinatura. Dê este presente

para a sua família.

Visa e Mastercard

Chegou

LIVRO DA FAMÍLIA 2009

Livraria Editora Padre ReusCaixa Postal, 285 - Duque de Caxias, 805 - Cep 90001-970

Porto Alegre/RS - Fone: (51)3224.0250 - Fax: (51)3228.1880E-mail: [email protected]

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alegria em atendê-lo. Também o Familien-Kalendar/2009está disponível.

Lembrando: a Livraria Padre Reus é representante dasEdições Loyola para o sul do Brasil.

o mIlagre nas comunIdades terapêutIcas

Paulo Laureano Brasil Delegado da FEBRACT/RS

Tenho um amigo, cuja amizade muito me honra e me faz cres-cer, e que insiste comigo para escrever algo fruto de muita vivência de quase 20 anos no mundo da dependência química.

Por isso, aqui estou em atenção a este amigo.Que amiudemente nas CT acontecem milagres não tenho dúvida,

e quem as conhece com certeza confirma. Considero as CT como das melhores “oficinas de milagres” que Deus tem aqui na terra. Ele se vale de nós, que operamos nas CT como seus instrumentos, para realizar maravilhas, mesmo a despeito de nossas limitações. Diz uma passagem bíblica que “tudo colabora para o bem dos que amam a Deus” e esta verdade se comprova completamente na vida de uma CT.

Muitos dos internos na CT, mais do que conhecer e aprender a amor a Deus, realizam a experiência de Deus em suas vidas. Estes são os verdadeiros agraciados e que certamente alcançarão sucesso em seus programas de recuperação. Sentem-se inspirados para a busca do BEM. Seus corações começam a vencer o medo, a insegurança, o desânimo, os maus sentimentos e todo o mal que atrasa suas vidas na busca da felicidade. Eles começam a crer com muita fé naquelas frases que toda a CT honesta deveria ter na porta de entrada: “Aqui começa sua nova vida” e “Aprenda uma nova maneira de viver”.

É exatamente isto que a CT propõe àqueles que lhe pedem socorro. É um programa de vida para a vida toda daqueles que, corajosamente, decidem lutar pela sua felicidade.

Em sua maioria, os internos inicialmente correm atrás de sua libertação da dependência química e aos poucos vão encontrando algo muito mais importante que isto, ou seja, a total reformulação dos seus corações, dos seus espíritos. Esta reformulação compreende um destemido e minucioso conhecimento de si mesmo. Isto os leva a reconhecerem seus defeitos de caráter, seus maus comportamentos, suas atitudes indevidas, sua falta de sentido para vida, seus valores e critérios éticos, morais, intelectuais, materiais e espirituais numa ordenação totalmente desajustada além da ausência de Deus em suas vidas.

Então, começa o “disciplinado” “trabalho” para acabar com o “homem velho” e criar o “homem novo” .

Esta é a luta de cada interno e, conforme batalhas são vencidas, a recuperação vai acontecendo. Mas a guerra é para a vida toda. O armamento mais eficaz para nós e os DQ vencermos esta guerra é a vivencia dos 12 Passos do AA.

Normalmente, aquela droga de vida que os internos levavam não era necessariamente pelo uso e abuso da droga. A droga era apenas uma consequência.

É comum ouvir-se do DQ e de seus familiares que, mesmo sem droga, a vida deles era uma droga. Por isso, nas verdadeiras CT não se trata do uso e abuso de droga. Trata-se fundamentalmente da transformação do “homem velho”, cheio de dificuldades, em um “homem novo”, iluminado, corajoso e cheio de força.

Então, faz sentido o texto bíblico acima. O “TUDO” inclui a droga que contribui para o “BEM” daquele que aprende a amar a Deus.

Quando o homem reformula sua vida pela transformação de seu espírito e se inspira na busca do BEM, a droga torna-se espúria e desnecessária para sua vida, embora sempre tentadora. Então, o interno começa a AMAR-SE e AMAR DEUS no seu irmão como a si mesmo... por isso acontecem os MILAGRES.

Para finalizar, vale lembrar que a drogadição é uma doença BIO-PSICO-SOCIO-ESPIRITUAL, mas principalmente ESPIRITUAL.

Dia 16 de dezembro último, foi aberta na Costa de Sauípe, Bahia, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a XXXVI Cúpula da América Latina e do Ca-

ribe (CALC), sobre “Integração e Desenvolvimento”. Dos 33 presidentes da América Latina, apenas o da Colômbia, Álvaro Uribe, e o do Peru, Alan Garcia, não compareceram ao encontro e enviaram representantes.

No discurso de abertura, Lula destacou a integração regio-nal e pontos para enfrentar a crise mundial. “Só superaremos o desafio da cooperação e do desenvolvimento se assumirmos nossa condição sul-americana e caribenha”, declarou. Para Lula, é necessário conjugar esforços conjuntos para enfrentar os temas do encontro, as crises financeira, energética, alimentar e ambiental. O presidente brasileiro foi veemente ao defender as legítimas expectativas criadas pelos países sul-americanos e caribenhos, que não devem ser frustradas. A posição do pre-sidente Lula foi compartilhada pelos demais presidentes.

Para Fernando Lugo, do Paraguai, não é possível adiar a integração dos países sul-americanos e caribenhos. “Devemos procurar mecanismos para resolver as assimetrias regionais, que aprofundam nossas diferenças, sem nos inspirarmos nos modelos das metrópoles, que nos exploraram”, afirmou. Fer-nando Lugo observou também o compromisso de que a inte-gração se faça de forma solidária. O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, depois da Cúpula foi empossado como novo presidente pro tempore do Mercosul, prometeu que durante o seu mandato não faltará na agenda a busca da soberania energética, soluções para a crise financeira internacional e a articulação de uma posição conjunta na Organização Mundial do Comércio (OMC).

O presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, destacou que o fortalecimento da união entre os países membros do Mercosul será fundamental para se enfrentar as incertezas e os desafios que se apresentam para o próximo ano, como a crise econô-mica mundial.

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, defendeu a Cú-pula da América Latina e Caribe sobre Integração e Desenvol-vimento (CALC), esperando que seja anual, integrando todas as comunidades, do Rio Bravo à Patagônia. “Vamos dar forma a esse mundo no âmbito político”, afirmou ele.

O Centro de Inovação Mi-crosoft-PUCRS, em parceria com a Pró-Reitoria de Exten-são da Universidade (Proex), realiza cursos de verão no período de férias. As inscri-ções podem ser realizadas na Proex, na sala 201 do prédio 40, no Campus Central (ave-nida Ipiranga, 6681 - Porto Alegre). Os cursos disponí-veis são os seguintes:

*Programação orientada a objetos com C# Básico

*Programação orientada a objetos com C# Avançado

*Programação para web com ASP.NET e C#

*Introdução ao Microsoft Silverlight 2.0

*Windows SharePoint Services

*MS-Project*Introdução ao teste uni-

tário de software usando o VSTS

*Introdução ao XNA*Programação com .NET

Windows Presentation Foun-dation

*Programação para dis-positivos móveis com .NET

Informações complemen-tares por meio do site www.pucrs.br/cursoseeventos ou pelo telefone (51) 3320-3680.

Cursos de verão no Centro de

Inovação da PUC

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Igreja e comunidade 10

Voz do PastorCatequese solidária

Dom Dadeus GringsArcebispo Metropolitano de P. Alegre

Nosso muNdo cultural

16 a 31 de janeiro de 2009

A pedAgogiA de Jesus e A CAtequese

Antônio AllgayerAdvogado

A pedagogia de Jesus de certo modo se distanciava daquela de João Batista. A linguagem do Batista era explícita, clara, direta: “Quem tiver duas túnicas dê

uma...”. Aos soldados: “Não pratiqueis a violência...”. Aos agentes do fisco romano: “Não cobreis o que não é devi-do...”

A linguagem de Jesus configurava sobretudo um apelo ao raciocínio, à criatividade, um desafio direcionado a di-versificadas situações. Ao invés de deter-se em doutrinação moral ou na casuística interpretativa, Jesus buscava estimular em seus ouvintes a consciência existencial, o senso crítico, a capacidade decisória: “Julgai por vós mesmos ...”

Era objetivo seu fazer os ouvintes pensarem, tirarem suas próprias conclusões, abrirem-se à verdade latente nas profundezas do coração humano. Em vez de dar respostas teorizantes a interrogações como a referente à definição de próximo, preferia contar uma estória em que um herege (o samaritano) exerce a compaixão, ao passo que dois homens ligados ao culto divino (o sacerdote e o levita) seguem apres-sados, sem “desperdiçar” tempo na prestação de socorro a um homem ferido à beira da estrada. Para mostrar como age o amor do Pai, conta a parábola do filho pródigo, da ovelha desgarrada e da moedinha perdida...! Para evidenciar qual a oração que agrada a Deus, compara a prece de um publica-no pecador com a de um fariseu formalmente ilibado. Para ilustrar a receptividade da palavra de Deus e os obstáculos que se lhe opõem, narra a parábola do semeador.

É a pedagogia do conto, da parábola, da comparação.

O seu ensinamento é feito mediante referência a obje-tos, usos, práticas, fenômenos conhecidos pelos ouvintes: Elementos domésticos, como o preparo do pão, o fermento, os temperos; atividades profissionais, como a do agricultor, do pastor, do comerciante, do pescador; a paisagem, como os montes, os vales, as planuras, os córregos, os mananciais de água; fenômenos atmosféricos, como a chuva, o sol, o vento, as tempestades; plantas, como os lírios do campo, os espinheiros, o joio, o trigo, o grão de mostarda, a oliveira, a figueira; animais, como as aves, os peixes, as raposas, os lobos, as ovelhas; culturas, como os sicômoros, as vinhas, os trigais; contratos de trabalho; jóias, dinheiro, vinho, sal. Utilizando o paradoxo, comum na linguagem dos orientais, contrasta pão com pedra, peixe com escorpião, vontade de viver com aceitação de morrer, a paz com a espada, o ódio com o amor .

E, por ter certeza de que o homem é um ser capaz de re-fletir e de tomar decisões próprias, resistia a explicar o sentido das parábolas, raramente o fazendo. Sua pregação levava o auditório a ultrapassar as dimensões da verdade enclausurada na letra da Escritura, convidando os ouvintes a perscrutar “os sinais do tempos”, a ler nos acontecimentos os desígnios de Javé, em suma, a praticar a leitura dos dois livros: o da vida e o da palavra de Deus.

Guido Moesch - 22/01Edite Quoos Conte - 25/01

A Unesco definiu a cultura, em 2001, como o con-junto de traços distintivos espirituais e materiais, intelectuais e afetivos, que caracterizam uma

sociedade ou um grupo social. Compreende as artes, as letras, os modos de vida, as formas de convivência, os sistemas de valores, as tradições e as crenças. Isto significa, concretamente, que a cultura é o elemento constitutivo da vida social. Obtém destaque nos proces-sos predominantes da sociedade. E Tillich avança para dizer que a religião é a substância desta cultura.

A virtualidade, que caracteriza a comunicação de hoje pela Internet, tornou muito tênue a distinção entre o real e o cultural. Uma pesquisa recente, na Inglaterra, mostrou a dificuldade de reconhecer personagens de ro-mances, como Sherock Holmes e personagens históricas como Winston Churchil como reais. Alta porcentagem dos entrevistados ingleses julgou o grande estadista dos tempos da Segunda Guerra Mundial uma ficção cultural, enquanto outros, não menos numerosos, acreditavam ver em Holmes um grande personagem policial, como figura histórica. Se fizéssemos, no Brasil, uma pesquisa sobre Getúlio Vargas e dom Casmurro, de Machado de Assis, o resultado provavelmente não seria muito diferente. De fato, ao passarem para o mundo da cultura, as persona-lidades históricas sofrem uma inevitável refração. Uma coisa é o que foram realmente e outra, muitas vezes bem diferente, o que representam para o público ou como foram acolhidos pela cultura. Sejam exemplos nossos Borges de Medeiros e Júlio de Castilhos ou Garibaldi... Não interessa, na verdade, tanto o que foram quanto o que simbolizam. Por isso, as próprias biografias e a his-tória recolhem apenas o que interessa para o fim, a cujo serviço foram postos. Até a leitura da Sagrada Escritura enquadra-se muito mais num contexto de fé do que de averiguação histórica. Pergunta-se, ao lê-la, o que cremos e o que significam as narrações muito mais do que uma simples curiosidade histórica. Passamos, assim, decidi-

damente, do mundo real para o mundo virtual. Mais que responder à questão sobre o que é, ou o que aconteceu, de fato, quer-se saber o que significa e o que pensamos e queremos. Passou-se do mundo da objetividade para o da subjetividade, tanto individual como cultural. Assim, por exemplo, não se quer apenas um carro, mas uma Ferrari; não apenas uma roupa para vestir, mas uma grife para aparecer. Não interessa o que se é, mas o que se pensa de si. O eu pensado, como o mundo pensado e a sociedade pensada tomam a dianteira sobre o existente. Consequentemente, nossa vida tornou-se mais precária. As ideias passam mais depressa que a realidade. Mesmo o fanatismo, que desafiava qualquer mudança, cede diante das invectivas do relativismo e do subjetivismo. O mundo em que vivemos foi criado por nós. Resulta de nossas ideias, de nossa vontade e de nossos sentimentos. É o mundo da cultura que nos molda. Por isso se diz hoje que somos mais filhos da cultura que da natureza: produto do que socialmente construímos, por meio da linguagem e da representação mais do que a natureza nos oferece. A vida se caracteriza pela capacidade receptora e realizadora. O homem acrescenta-se um terceiro elo, que é o simbólico. Diversamente dos animais, o ser humano tem sua reação aos estímulos externos, mediada pelo pensamento. Não reage apenas instintivamente, pelas leis biológicas, mas cria um universo simbólico, para se expressar, cultivar e marcar sua presença e atuação no mundo. Este seu universo é formado pela linguagem, pelo mito, pela arte e pela religião. A partir desse com-plexo, o ser humano trabalha sua libertação. A cultura representa o cuidado junto às coisas, o empenho em conservar-se vivo e de crescer. Homem culto é aquele que cultiva e transforma a realidade, criando algo de novo. Nesse contexto, a religião ocupa um lugar de destaque. Representa a experiência de um sentido último, incondicional. Falamos do sagrado, que põe Deus na profundidade da própria existência. Neste sentido, pode-se dizer, com Tillich, que ‘a cultura é a forma da religião e a religião é o conteúdo ou a substância da cultura’.

Dom Hélio Adelar RubertBispo Diocesano de S. Maria

À primeira vista, este assunto pode parecer insig-nificante, mas não é. Nossas instituições, nossas organizações esportivas, políticas, educacionais,

etc. se organizam a partir dum calendário de datas e even-tos. Da mesma forma, a realidade religiosa. Os mistérios religiosos se tornam presentes no agora da história quando celebrados na fé.

Nos primeiros tempo da Igreja, o patriarca de Alexan-dria, em cuja cidade se encontravam os melhores astrôno-mos da época, enviava ao Sumo Pontífice de Roma a data da solenidade da Páscoa. Só então o Papa informava aos bispos do Ocidente. Estes, por sua vez, criaram a tradi-ção de publicar, no dia 6 de janeiro, festa da Epifania, as festas móveis do ano corrente. Faziam esta comunicação através duma carta pastoral que era muito esperada pelas comunidades.

Esta é a origem de anunciar solenemente a data da Páscoa e de outras festas móveis no dia da Epifania ( cf. Dizionario pratico di Liturgia Romana, Roberto Lesage, Ed. Studium, Roma, 1956). A festa da Epifania é uma oca-sião muito própria, pois significa a manifestação do Senhor a todos os povos representados pelos magos ou sábios do Oriente que acorreram a Belém para ver, adorar e presen-tear o Salvador esperado e anunciado pelos profetas.

Eis, então, o anúncio das solenidades móveis para 2009:Irmãos caríssimos, a glória do Senhor manifestou-se, e

sempre há de manifestar-se no meio de nós até a sua vinda no fim dos tempos.

Nos ritmos e nas vicissitudes do tempo recordamos e vivemos os mistérios da salvação. O centro de todo o ano

aNúNcio da festa da Páscoa 2009litúrgico é o Tríduo do Senhor crucificado, sepultado e ressuscitado, que culminará no Domingo de Páscoa, este ano a 12 de abril. Em cada Domingo, Páscoa semanal, a Santa Igreja torna presente este grande acontecimento, no qual Jesus Cristo venceu o pecado e a morte.

Da celebração da Páscoa do Senhor derivam todas as celebrações do Ano Litúrgico: as Cinzas, início da Quaresma, a 25 de fevereiro; a Ascensão do Senhor, a 24 de maio; Pentecostes, a 31 de maio; Corpus Christi, a 11 de junho; o primeiro Domingo do Advento, a 29 de novembro. Também nas festas da Santa Mãe de Deus, dos Apóstolos, dos Santos e na Comemoração dos Fiéis De-funtos, a Igreja peregrina sobre a terra proclama a Páscoa do Senhor. A Cristo, que era, que é e que há de vir, Senhor do tempo e da história, louvor e glória pelos séculos dos séculos. Amém (Cfr. Diretório da Liturgia e da organização da Igreja no Brasil, Ed.CNBB, p.39, 2009).

Para a Diocese de Santa Maria, o ano de 2009 será o ano das Santas Missões Populares em preparação do I Centenário da Diocese aos 15 de agosto de 2010. Na Liturgia, o ano de 2009 é considerado o Ano B, isto é, o ano em que se dá destaque ao Evangelho de São Marcos. O evangelista Marcos inaugura o gênero literário denomi-nado “evangelho” ou “boa-nova”(Mc 1,1). Para Marcos, os discípulos são apóstolos missionários que crêem em Jesus e reconhecem nele a presença de Deus no meio da humanidade. Conclui com a missão: “Então, os discípu-los foram anunciar a Boa Nova por toda parte. O Senhor os ajudava e confirmava sua palavra pelos sinais que a acompanhavam”(Mc 15,20).

Que o anúncio das solenidades móveis em 2009 nos ajudem a celebrar e viver intensamente as riquezas destas festas e de todo o Ano Litúrgico!

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Comunidade e Igreja 11

Mensagem da Equipe Vocacional

25 de Janeiro – Conversão de são Paulo, aPóstolo (branCa)

1a leitura: Atos dos Apóstolos (At) 22,3-16Salmo 116(117),1.2 (R./ Mc 16,15) 2a leitura: 1ª Carta de Paulo Apóstolo aos Coríntios (Cor) 7,29-31Evangelho: Marcos (Mc) 16,15-18Comentário: A primeira leitura nos fala um pouco de quem foi Saulo e, logo, Paulo, chamado apóstolo sem ter sido do grupo dos doze. Mas Paulo merece o título de apóstolo porque, como poucos, viveu plena e totalmente a tarefa/missão que Jesus confiou aos seus discípulos, que ele, Paulo, não ouviu, mas viveu radicalmente: Ide por todo o mundo e anunciai a Boa Nova da salvação a toda gente (cf 16,15). Para Paulo não existiam fronteiras, nem geográficas, nem culturais, nem religiosas. Ele foi “católico” no verdadeiro sentido do termo, isto é, universal. Muito oportunamente a igreja celebra o Ano Paulino (29-junho/2008 a 29-junho/2009), lembrando os dois mil anos do nascimento deste ardoroso judeu como poucos e, convertido, missionário cristão como ninguém. Pouco se sabe do contexto familiar de Paulo e, parece, essa dimensão particular de sua vida era irrelevante para ele diante da grandiosidade e urgência de anunciar Jesus e seu revolucionário projeto de salvação. Para nós, a identificação com Paulo é quase natural e imediata: assim como Paulo, também não conhecemos Jesus, pessoalmente, e nossa fé eclesial vem de uma tradição de dois milênios, enquanto nossa fé familiar vem de muitas gerações. O simbolismo da “queda do cavalo” significa uma radical mudança de atitude diante de Deus e do seu Cristo. Saulo, perseguidor feroz daquela “seita nazarena” que seguia um Mestre julgado, condenado e crucificado e que afirmava ser ele o Messias que Israel esperava há milênios, se transformou ao ouvir aquela voz: Saulo, por que me persegues!? (At 22,7). Ao reconhecer que aquela era a voz Jesus, a quem ele perseguia, o agora Paulo entregou-se, com igual ardor, tenacidade e coragem, a pregar a povos e culturas e escrever cartas às primitivas comunidades cristãs, transformando sua vida num testemunho vivo de fé em Jesus e referência exemplar para os cristãos de todos os tempos. Mais: para todos os homens e mulheres de boa vontade que também querem um mundo justo e solidário.

1o de fevereiro – 4o domingo do temPo Comum (verde)

1a leitura: Livro do Deuteronômio (Dt) 18,15-20Salmo 94(95),1-2.6-7.8-9 (R./8) 2a leitura: 1ª Carta de Paulo Apóstolo aos Coríntios (Cor) 7,32-35Evangelho: Marcos (Mc) 1,21-28Comentário: Não penso entrar no complexo e controvertido tema da possessão demoníaca. Sabe-se, pela ciência, que a absoluta maioria dos aparentes casos de possessão não passa, em verdade, de distúrbios mentais ou de enfermidades de diferente origem, entre as quais a epilepsia. Dois mil anos de avanços científicos na análise e diagnóstico de enfermidades do gênero, atestam e confirmam que, pelas características apresentadas nos relatos bíblicos, trata-se, na maioria dos casos, repito, de situações patológicas. Aqui também se pode afirmar: quando ciência e fé caminham juntas e se complementam, sempre se está mais próximo da verdade.Do evangelho deste domingo, mais do que elucubrar sobre si se trata ou não de uma possessão demoníaca, o mais importante é ressaltar o que diziam de Jesus as pessoas que o ouviam: O que é isto? Um ensinamento novo dado com autoridade (1,27). A admiração se explicava plenamente: Jesus apresenta uma proposta de fé absolutamente diferente de tudo o que se conhecia, então. Para começar, Deus é alguém próximo, um Deus “Pai”, comprometido com a realidade humana e com todas as pessoas. Para o Deus que Jesus anuncia, tudo o diz respeito às pessoas, diz respeito a Ele também. Em Jesus, Deus é “Emmanuel”, Deus-com-a-Gente”. E Jesus fala com autoridade porque todos que o ouvem sentem que ele está pessoalmente comprometido com o que diz. Há uma profunda e essencial coerência entre o falado/anunciado e o vivido. Em Jesus, fé e vida, com todas as suas expressões e dimensões, formam uma unidade, cuja fonte e ápice é o amor solidário. E que ele transforma no seu único mandamento, síntese desta nova e revolucionária proposta de fé pessoal e comunitária: Nisto saberão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros.

Peregrinação

missionáriaPe.Maurício da Silva Jardim

Missionário em Moçambique

Terminadas as celebrações natalinas, quando tive a oportunida-de de visitar em dez dias dez comunidades, volto para casa em preparação a uma peregrinação missionária de quinze dias,

visitando quinze comunidades. Serão mais de 80 quilômetros a pé, levando comigo o mínimo necessário, buscando aproximar-me da realidade do povo Macua.

Irão comigo três seminaristas do seminário maior da arquidio-cese de Nampula: Mateus, Otávio e Agostinho. São vocações de uma das paróquias em+ que sou pároco. O seminário os envia para férias com uma carta, solicitando acompanhamento e avaliação dos serviços realizados em um mês na paróquia.

A novidade desta peregrinação já se espalhou pela paróquia e muitos me perguntam: - Padre, por que ir a pé se o senhor tem carro? Tento dizer que foi uma inspiração do ano paulino. São Paulo caminhou muito a pé e não mediu esforços para comunicar a boa notícia de Jesus Cristo e seu Evangelho.

Além da motivação do ano paulino e da vontade de conhecer as comunidades, fiz este programa de visitas porque já percebi a repercussão de uma visita do padre. É uma festa quando chega a equipe missionária, porque algumas comunidades ficam um, dois ou até cinco anos sem celebrar a eucaristia. O povo se organiza e todos os ministérios da comunidade são envolvidos. São momentos fortes de evangelização, partilha, novidades, dança e celebração da eucaristia que ocupa lugar central.

O programa da peregrinação combinado com os anciãos, pastores da comunidade, é: visita às casas dos doentes, confissão, encontro com a juventude, celebração da eucaristia, escuta das preocupações e caminhada até a próxima comunidade.

Serão quinze dias “sem” muitas necessidades que tenho: ener-gia elétrica, rede telefônica, fogão a gás, colchão para dormir, sem chuveiro, xícara de café, garfos e facas para comer. No entanto, serão dias “com”: partilha, convivência, oração, deserto, festa e realização pessoal. É muito gratificante estar no meio deste povo, embora sem condições de “fazer” ou “produzir” algo, nem responder a todas preocupações e pedidos; contudo, é uma oportunidade única de estar presente de forma gratuita compartilhando a mesma fé no Cristo morto e ressuscitado. Oportunamente irei compartilhar com vocês esta experiência.

Desejo a todos que 2009 seja portador de uma vida renovada no mestre de Nazaré. Paz!

Dom Aloísio Oppermann, SCJArcebispo de Uberaba/MG

Cada vez que aparece um clé-rigo com problemas de ordem sexual, o chavão não se faz

esperar: é tudo culpa do celibato. Se um Padre se afasta de seus

compromissos de consagração a Deus, e desconsidera seus deveres de dedicação integral ao povo, a explicação é rápida.

Se houver um Presbítero infe-liz, que se entrega aos impulsos de amores pedófilos, a explicação de tudo está na malfadada promessa do não casamento.

Às vezes até pode ser, por falta de uma escolha madura e responsá-vel. Mas o lugar comum é mesmo criticar a praxe da Igreja.

Nem sempre essa explicação está na boca dos infiéis. Vez por outra a panacéia flui veloz da pena de pessoas eméritas.

Jesus já havia previsto tal ati-tude diante desse assunto, quando exclama: “nem todos compreen-derão, a não ser aqueles a quem é concedido” (Mt 19, 11).

Embora, em outros tempos eu tivesse tido, por uns breves mo-mentos, opiniões contrárias às da Santa Mãe Igreja, estou convencido da perfeita pertinência dessa práxis eclesial.

Antes de tudo, porque a reco-mendação veio de Jesus, o Mestre, que sempre tinha posições de ideais arrojados, mas possíveis. E a Igreja dos primeiros séculos interpretou isso como aplicado aos clérigos.

O nosso Salvador não nos poderia ter induzido em erro. O Mestre, que era um varão, sabe compreender as mais íntimas fibras do nosso coração. “Deus conhece os vossos corações” (Lc 16, 15). Ele não nos poderia enganar e nos sedu-zir para uma missão impossível.

Em vez de pleitear a abolição dessa disciplina, precisamos nos aprimorar muito mais na educação e formação dos candidatos ao sa-cerdócio; valer-nos dos estímulos da espiritualidade e dos valores de uma sã psicologia.

Mas não em último lugar, gos-taria de acenar para o grande São Paulo que, em questão de vida celi-batária, fez desse ideal uma questão de paixão pela pessoa de Jesus. “Es-tou convencido de que nem a morte nem a vida... nos poderá separar do amor de Deus, manifestado em Jesus Cristo” (Rom 8, 38).

A experiência da virgindade – proposta por Jesus a algumas pessoas – nasce de uma dedicação total. Portanto, não é propriamente renúncia. Mas uma afeição intensa. É uma afetividade nova, provinda de uma pessoa apaixonada.

A virgindade é a experiência do cêntuplo, também na afetividade. “Para Deus tudo é possível” (Mt 19, 26).

remédio falso

Solidário Litúrgico

[email protected]

16 a 31 de janeiro de 2009

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CianMagentaAmareloPreto

Porto Alegre, 16 a 31 de janeiro de 2009

Alguns testemunhos Da página da internet do projeto, extraímos

trechos de alguns tocantes depoimentos de jo-vens. (www.jesusnolitoral.com.br):

• “Como sempre fazemos, nos apre-sentamos primeiro, falando o nosso nome. Nesta manhã, nossa dupla parou em um guarda-sol para “querigmar”. Havia um senhor sentado, um jovem, ao seu lado e uma senhora deitada ao sol... Convidamos a família para rezar. A senhora, que até então estava imóvel, não havia movido nem a cabeça para nos ouvir, levantou com a boca trêmula, dizendo que ouvira tudo o que foi dito e que queria rezar também. Quando terminamos, a senhora começou a chorar, abriu o coração e nos contou que havia perdido uma filha, mas que agora, com a ajuda de Deus, eles buscam sempre estar juntos”.

• “Fomos pregar para uma senhora que não declarou qual era a sua religião. Comecei a anunciar o Amor de Deus e as lágrimas dela começaram a correr pelo seu rosto, continuei a pregar e as lágrimas corriam cada vez mais, até que ela me interrompeu e começou a falar da vida dela: ‘isso que vocês estão falando é muito lindo. Eu queria que minhas filhas estivessem fazendo o que vocês fazem hoje. Tentei educar minhas filhas para Deus, mas elas não o quiseram”.

• “Percebemos um jovem sentado em um dos bancos da praça. Paramos e fomos con-versar com ele, então descobrimos que ele tinha 21 anos, era natural de Novo Hamburgo e há três semanas estava na rua... seus olhos verdes que me transmitiam muita falta de esperança... pude perceber que esse era um de seus grandes obs-táculos: vencer o vício das drogas. Estava com fome, fomos ao alojamento buscar. Ao voltar, nos deparamos com ele fumando crack. Que cena chocante... voltamos para o alojamento, eu chorei muito...”.

Projeto Jesus no LitoralDesafio prático da fé cristã

“Fulano, queria te dizer que Deus te ama muito. Criou todas as coisas pensando em ti. És um especial filho Seu. És único: para Ele não existe outro igual a você na terra. Muitas vezes, não sentimos esse amor, porque damos pouco tempo para Deus.

Mas Ele te ama, com amor individual, como não ama outra pessoa”.

Com teor igual ou semelhante, duas centenas de jovens, entre 18 e 25 anos, abordaram milhares de veranistas de Capão da Canoa nos primeiros dias de janeiro, participantes do pro-jeto Jesus no Litoral. Em sua terceira edição no Estado – as duas edições anteriores ocorreram na Praia do Cassino, em Rio Grande – neste ano vieram jovens de praticamente todas as 18 dioceses gaúchas, além de jovens vindos de São Paulo, Goiânia, Rio de Janeiro, Paraná, Tocantins e um do Chile.

Durante a iniciativa de 10 dias, encerrada dia 4 de janeiro último e promovida pelos Ministério Jovem e Ministério das Universidades Renovadas do Rio Grande do Sul, ambas da Renovação Carismática Católica, além do anúncio (querigma) para os veranistas nas praias e nas casas, também houve animações de missa na Paróquia N. Sra. de Lourdes, procissão pelas ruas da cidade, aeróbica com Cristo na beira da praia, aferição de pressão arterial, shows, teatros, apresentação de grupos de dança, grupos de oração na praça, entre outros e feira de artigos religiosos. O projeto Jesus no Litoral tem origem no Estado do Paraná e foi trazido para o Rio Grande do Sul por Frei Giriboni, da diocese de Rio Grande e fundador da Comunidade Obra Mis-sionária Virgem do Carmo Peregrina. Em Capão da Canoa, contou com o apoio de Dom Jaime Kohl, que presidiu às missas de inauguração e encerramento.

Sede de DeusPara o estudante de Filosofia e

Estudos Sociais, Felipe Bragagnolo, não foi fácil chegar no veranista. “Mas com Deus no coração e na tua vida, não temos o que temer. Geralmente, o veranista aceita nossa mensagem, porque se percebe uma sede de Deus e muitos não sabem como saciá-la. A experiência do projeto (esteve em todas as edições) trouxe para mim a minha vida, meu sentido de fé. Não adianta só adorarmos e rezarmos. Nossa fé deve se transformar em prática, levando a mensagem para quem não a conhece. Devemos ser discípulos missionários, como bem foi enfatizado em Aparecida: dis-cípulo é aquele que segue o Mestre mas não consegue reter só para si suas lições e se sente impulsionado a ir ao encontro das pessoas”.

Resultados podem demorarÉ o que projeta a caxiense e estudante de Medicina em Rio

Grande, Nelise Dalmolin da Rosa, 21 anos. “Alguns resultados são na hora: pessoas chorando e com propósitos de retomar a vida de espiritualidade que tinham perdido há anos. Mas, muitos frutos não vemos: a semente lançada em seus corações germinará mais tarde, talvez daqui a muitos anos, em suas cidades, a gente nunca vai saber. A gente joga a semente sem cobrar nada, nem de Deus: Ele faz, Ele age, na hora certa”.

Anelise explica que cada abordagem é uma surpresa. “Mas fo-mos bem preparados, tanto espiritualmente como tecnicamente para anunciar. Não vamos assim, ao léu. Somos ensinados como abordar as pessoas com amor, generosidade, com todo o cuidado para não ferir suscetibilidades, não interrompendo o que estejam fazendo, respeitando convicções religiosas, opiniões contrárias. Sem julgar, condenar, impor religião ou doutrina, queremos anunciar o amor de Deus às pessoas, independente de que religião sejam, raça, condição financeira. É uma experiência desafiadora em todos os sentidos, tanto na nossa capacitação humana como religiosa: testa nossa fé e nosso preparo. Muitos questionam, outros até xingam, ridicularizam ou mexem com as meninas. Mas a gente encara tudo isso com muita abertura de coração e com muito amor”.

Felipe Bragagnolo Nelise Dalmolin da Rosa