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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA UNICEUB FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FACS CURSO: ENFERMAGEM Kátia Regina de Almeida HOSPITAL JUSCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA (HJKO): Resgate da História da Enfermagem no Distrito Federal Brasília, DF Novembro/2007

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Page 1: HOSPITAL JUSCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA HJKO_Resgate da História da Enfermagem no Distrito Federal

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA – UNICEUB FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – FACS CURSO: ENFERMAGEM

Kátia Regina de Almeida

HOSPITAL JUSCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA (HJKO): Resgate da História da Enfermagem no Distrito Federal

Brasília, DF Novembro/2007

Page 2: HOSPITAL JUSCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA HJKO_Resgate da História da Enfermagem no Distrito Federal

É concedida ao Centro Universitário de Brasília (UNICEUB) permissão para reproduzir cópias somente para propósitos acadêmicos e científicos. A autora reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte desta monografia pode ser reproduzida sem autorização por escrito da mesma.

_________________________________

Kátia Regina de Almeida

[email protected]

Page 3: HOSPITAL JUSCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA HJKO_Resgate da História da Enfermagem no Distrito Federal

Kátia Regina de Almeida

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentada como requisito parcial para a conclusão do 8º semestre do Curso de Enfermagem do Centro Universitário de Brasília UniCEUB.Orientadora: Prof. Nílvia Jaqueline Reis Linhares.

Brasília, DF Novembro/2007

Page 4: HOSPITAL JUSCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA HJKO_Resgate da História da Enfermagem no Distrito Federal

Kátia Regina de Almeida

Brasília, 1 de novembro de 2007

Nome: Professora MSc. Nílvia Jaqueline Reis Linhares Coordenadora do Curso

Instituição: Centro Universitário de Brasília (UNICEUB)

------------------------------------------------------- Assinatura

Professora de Monografia Instituição: Centro Universitário de Brasília (UNICEUB)

-------------------------------------------------------

Assinatura

Professora do Curso de Enfermagem Instituição: Centro Universitário de Brasília (UNICEUB)

------------------------------------------------------- Assinatura

Page 5: HOSPITAL JUSCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA HJKO_Resgate da História da Enfermagem no Distrito Federal

Dedicatória

Dedico a realização deste trabalho Ao meu esposo Lenilson Marcelo pelo

apoio e compreensão; a minha filha Karol, que mesmo na

adolescência entendeu e compreendeu minha ausência;

a professora Ana Luiza Montalvão

Maia a intensa colaboração que me dispensou no decorrer do trabalho.

a todos me assistiram eu crescer com

essa graduação.

Page 6: HOSPITAL JUSCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA HJKO_Resgate da História da Enfermagem no Distrito Federal

Agradecimentos

Agradeço a realização desta pesquisa em primeiro lugar a “DEUS”.

a minha Mãe Rita Maria Paz de Almeida, que com o seu exemplo me incentivou a “correr” atrás de meus sonhos;

a minha orientadora Nílvia Jaqueline Reis Linhares pela paciência e intensa colaboração que me dispensou no decorrer do trabalho.

ao professor Marcus Maciel pelo empréstimo de livros e cessão de material fotográfico e seu rico acervo; aos demais Professores que na minha companhia estiveram nessa caminhada do saber. a Dra Simone Carvalho Roza, do Posto de Medicina do Trabalho do Uniceub, pois sem seu apoio não chegaria aqui; aos muitos amigos que conquistei e aos já existentes pela força na idealização deste importante passo.

Page 7: HOSPITAL JUSCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA HJKO_Resgate da História da Enfermagem no Distrito Federal

Lista de Figuras Figura 1 – Fachada do Conjunto tombado do HJKO. Pág.12

Figura 2 – “Pau de Arara” trazia os milhares de candangos. Pág.16

Figura 3 – Obras da construção do HJKO em maio 1957. Pág.17

Figura 4 – Placa de inauguração do HJKO. Pág.19

Figura 5 – O HJKO em agosto de 1957. Pág.20

Figura 6 – Exemplo de um consultório Médico do HJKO. Pág.21

Figura 7 – Fac símile de um Relatório do Dr.Florentino Pág.24

Figura 8 – Cacilda Rosa Bertoni, a primeira enfermeira de Brasília. Pág.25

Figura 9 – Cacilda Rosa Bertoni, ao completar 80 anos em 2006. Pág.29

Figura 10 – Dr.Edson Porto, à esquerda o primeiro Diretor do HJKO. Pág.30

Figura 11 – Conjunto HJKO tombado e restaurado. Pág.34

Page 8: HOSPITAL JUSCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA HJKO_Resgate da História da Enfermagem no Distrito Federal

Lista de Siglas

DePHA/DF Departamento de Patrimônio Histórico e Artístico do Distrito Federal

DSN Departamento de Saúde da Novacap

GDF Governo do Distrito Federal

HJKO Hospital Juscelino Kubitschek de Oliveira

IAPAS Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social

IAPI Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários

JK Juscelino Kubitschek de Oliveira

Novacap Companhia Urbanizadora da Nova Capital

Page 9: HOSPITAL JUSCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA HJKO_Resgate da História da Enfermagem no Distrito Federal

Resumo

Este trabalho pretende reconstituir parte da história de Brasília sob a ótica dos pioneiros e pioneiras da enfermagem no Distrito Federal, especialmente à época da construção da capital federal, buscando resgatar eventos relevantes para a constituição da memória de Brasília e da Enfermagem no DF, conhecendo a atuação das enfermeiras pioneiras nos atendimentos de saúde, nos acampamentos das construtoras responsáveis pela construção da nova capital, destacando o trabalho da Enfermagem no Hospital Juscelino Kubitschek de Oliveira (HJKO), desde a sua abertura. Esse estudo tem como metodologia a pesquisa de campo, com abordagem qualitativa, na massa documental do HJKO, no acervo do Arquivo Público do DF, por meio de revisão bibliográfica em livros, jornais e documentos da época. Desse modo, diante desse breve resgate, percebeu-se que é necessário incentivar a preservação da memória recente de eventos marcantes da história de Brasília, bem como a memória da Enfermagem no Distrito Federal. Palavras-chave: Enfermagem – Saúde – Brasília – HJKO

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................. 11

2 OBJETIVOS .................................................................................. 13

2.1 Geral:....................................................................................... 13

2.2 Específicos: ............................................................................. 13

3 METODOLOGIA ........................................................................... 14

4 RESGATANDO A HISTÓRIA ....................................................... 15

Capítulo I ....................................................................................... 15

Um Pouco de História ................................................................... 15

Capítulo II ...................................................................................... 18

O Primeiro Hospital: HJKO ........................................................... 18

Capítulo III ..................................................................................... 25

A Primeira Profissional de Enfermagem ....................................... 25

Capítulo IV .................................................................................... 30

O Primeiro Médico e Diretor do HJKO.......................................... 30

Capítulo V...................................................................................... 32

Tombamento e Restauração do HJKO......................................... 32

5 DIFICULDADORES DA PESQUISA ............................................ 37

6 CONCLUSÃO ............................................................................... 39

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................ 41

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INTRODUÇÃO

Na ótica de Holston (1993, p.23), os visionários que sonharam com a

mudança da capital "deixaram a Brasília o legado de uma mitologia do Novo

Mundo em que a construção de uma capital no Planalto Central seria o meio de

desencadear o florescimento de uma grande civilização num paraíso de

abundância".

Desse modo, o projeto de Brasília deveria "exprimir a grandeza da

vontade nacional", conforme assinalava o relatório do júri do concurso. Brasília

"devia instituir um novo sistema de vida" e constituir uma mensagem capaz,

entre outras coisas, "de comunicar ideais de vida democrática" e "de auto-

identificação triunfal de um país jovem", como observou Umberto Eco (2001, p.

244), em seu livro A estrutura ausente, originalmente publicado em 1968.

Segundo a wikipedia (2007), enquanto o HJKO era construído,

funcionava no local um posto médico avançado do Hospital Rossi de Goiânia.

No hospital, que chegou a ter 200 leitos, eram atendidos desde casos simples,

como controle da febre amarela (doença endêmica desta região), até

intervenções cirúrgicas. O HJKO dispunha também de maternidade, onde

foram realizados muitos partos durante o período da construção.

Inaugurado em 1957 o Hospital Juscelino Kubitschek de Oliveira, HJKO,

foi o primeiro hospital de Brasília. Sua história se vincula à construção de

Brasília e a toda a modernidade pretendida nesta proposta. Construído para

ser um hospital provisório o HJKO se inseria na fórmula máxima dos primeiros

anos, ou anos de construção, de Brasília: no momento em que o definitivo

estiver pronto desmancha-se o provisório. (PIRAJÁ, 1998)

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Após a inauguração da cidade, a utopia de Brasília começava a se

confrontar com a Brasília real. Diz uma das principais estudiosas de Brasília, a

socióloga Bárbara Freitag (2003, p.75), que aquela cidade "recebeu em seu

espaço urbano todos os problemas da sociedade brasileira sem correções

prévias. Não é de admirar", ela acrescenta, "que neste verdadeiro laboratório

social vejamos a olho nu e convivamos de forma mais direta com os problemas

globais da sociedade brasileira como um todo".

Figura 1 – Fachada do Conjunto tombado do HJKO

Fonte: Acervo do Professor Marcus Maciel 1

De acordo com Cardoso (1978, p.94): "Juscelino desenvolveu a

ideologia do desenvolvimento", em outras palavras, o desenvolvimento servia

como pressuposto para a dominação de classe. O planejamento do plano de

metas trouxe para o presidente uma base política, tanto no mercado financeiro

quanto nas camadas populares.

Ainda nessa perspectiva, o princípio da assistência em saúde na futura

capital iniciou-se com a construção do Hospital Juscelino Kubitschek de

Oliveira (HJKO) inaugurado em Julho de 1957, além de serviços de assistência

domiciliar que já eram prestados por enfermeiras e um Centro de Saúde,

posteriormente inaugurado em Setembro de 1959.

1 Marcus Maciel é Professor, Historiador, Geógrafo e estudioso da História de Brasília.

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É nesse sentido que este trabalho pretende reconstituir parte da História

de Brasília sob a ótica dos Pioneiros da Enfermagem no Distrito Federal,

especialmente à época da construção de Capital Federal, buscando resgatar

eventos relevantes para a constituição da memória de Brasília e da

Enfermagem no DF.

2 OBJETIVOS

2.1 Geral:

Resgatar a história recente das enfermeiras pioneiras e da Enfermagem

no Distrito Federal.

2.2 Específicos:

Levantar a atuação das enfermeiras pioneiras nos atendimentos de

saúde da Novacap desde a construção do Distrito Federal;

Destacar o trabalho da Enfermagem no Hospital Juscelino Kubitschek de

Oliveira (HJKO), desde a sua abertura;

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3 METODOLOGIA

Este trabalho teve como método a Pesquisa bibliográfica, com

abordagem qualitativa, na massa documental do HJKO, no acervo do Arquivo

Público do DF, realizou-se uma pesquisa bibliográfica através de livros, jornais

e documentos da época, que possibilitem analisar o contexto histórico.

Num segundo momento, foi colhida a história das enfermeiras e de

médicos que trabalharam no primeiro hospital de Brasília (HJKO).

Além disso, procedeu-se a verificação da existência de Médicos,

Enfermeiros, Técnicos e Auxiliares de Enfermagem, ainda vivos que pudessem

prestar depoimentos, buscando destacar o trabalho dos pioneiros da

enfermagem no Distrito Federal bem como a relevância de seu papel para

primeiros habitantes, resgatando acontecimentos e eventos que remontam à

memória tanto do HJKO como da História de Brasília.

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4 RESGATANDO A HISTÓRIA

Capítulo I Um Pouco de História

Já por volta de 1761, segundo dados de Brasil Turismo (2007), o

Marquês de Pombal propunha mudar a capital do império português para o

interior do Brasil Colônia. Desde a primeira constituição republicana, de 1891,

constava um dispositivo que previa a mudança da Capital Federal do Rio de

Janeiro para o interior do país, determinando como "pertencente à União, no

Planalto Central da República, uma zona de 14,40 quilômetros quadrados, que

será oportunamente demarcada, para nela estabelecer-se a futura Capital

Federal” (BRASIL TURISMO. BRASÍLIA, 2007).

Em 1891, foi nomeada a Comissão Exploradora do Planalto Central do

Brasil, liderada pelo astrônomo Luiz Cruls e integrada por médicos, geólogos e

botânicos, que fizeram um levantamento sobre topografia, o clima, a geologia,

a flora, a fauna e os recursos materiais da região do Planalto Central. A área,

ficou conhecida como Quadrilátero Cruls e foi apresentada em 1894 ao

Governo Republicano” (BRASIL TURISMO. BRASÍLIA, 2007). .

Por sua vez José Bonifácio, o Patriarca da Independência, foi a primeira

pessoa a se referir à futura capital do Brasil, em 1823, como "Brasília"

(BRASÍLIA... EM 300 QUESTÕES, 2000).

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Figura 2 – “Pau de Arara” trazia os milhares de candangos

Fonte: Acervo Museu Vivo da Memória Candanga

Para que Brasília fosse erguida em três anos e dez meses na imensa

solidão do descampado e do cerrado do Planalto Central, foram necessárias a

determinação política, o plano moderno, o progresso econômico e ainda a

resposta dos brasileiros que vieram das diversas regiões do país atendendo à

convocação de Juscelino Kubitschek.

E foram necessários ainda os acampamentos e vilas improvisadas para

os operários, engenheiros e profissionais que chegaram com a missão de

erguer a cidade.

Para apoiar as obras de infra-estrutura na construção do Plano Piloto,

foram abertas, em 1956, as principais avenidas do Núcleo Bandeirante, que

logo ficou conhecido como Cidade Livre, porque quem abrisse um comércio

não pagava impostos (BRASÍLIA... EM 300 QUESTÕES, 2000).

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Figura 3 – Obras da construção do HJKO em maio 1957

Fonte: Acervo Arquivo Público do DF

Entre a Cidade Livre e a Candangolândia, surgiu o HJKO, hospital

mantido pelo IAPI, instituição cujo nome também foi dado a uma das invasões

surgidas na área logo atrás do hospital2.

O HJKO foi construído entre a Cidade Livre (Núcleo Bandeirante) e a

Vila Operária (Candangolândia), locais habitados pelos pioneiros que

acreditaram no sonho de JK e transformaram o projeto da capital em realidade.

A estrutura de madeira foi erguida em 60 dias e o hospital inaugurado em julho

de 1957, com 40 leitos.

A cidade ainda era um grande canteiro de obras, havia poeira e Cerrado

por todos os lados e os pioneiros precisavam de um local no qual pudessem ter

atendimento médico. Seis meses depois da inauguração, a capacidade de

atendimento foi dobrada.

Nos últimos meses de 1956, iniciaram-se as obras de

construção da Nova Capital A afluência humana foi imediata, e

desde então tem-se avolumado em medida crescente. O local

reservado para a edificação da cidade foi praticamente

desbravado pelos "pioneiros" imigrados, que já se contavam

2 Disponível em: < http://www.sc.df.gov.br/paginas/museus/museus_02.htm>. Acesso em 01 out. 2007.

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por mais de 6 milhares no começo do segundo semestre de

1957. A contagem promovida pelo IBGE, a 20 de julho daquele

ano, atribuiu a todo o território destinado ao futuro Distrito

Federal 12.283 habitantes, dos quais 6.000 (estimativa)

radicados nas zonas 'velhas' (zona rural e cidade de

Planaltina). Oito meses depois novo inquérito censitário

computou no território de Brasília o total de 28.804 pessoas,

inclusive parcela estimada de 4.500 na zona rural. A 17 de

maio de 1959, o novo levantamento demográfico-habitacional

obteve, pela primeira vez, resultados exatos para todo o

território da Nova Capital, onde foram recenseadas 64.314

pessoas residentes. 3 (IBGE apud PIRAJÁ, 1998)

Capítulo II O Primeiro Hospital: HJKO

Segundo Silva (1997), o primeiro hospital de Brasília foi inaugurado em 6

de julho de 1957 e foi construído de madeira devido a sua condição de hospital

provisório. Localizado entre os três principais acampamentos migratórios de

pioneiros - Cidade Livre, Lonalândia (mais tarde Candangolândia) e Invasão do

IAPI, o HJKO (as siglas, nesse e em outros casos, acabava sendo o nome de

uso mais comum entre os pioneiros) esteve em atividade até 1968.

Figura 4 – Placa de inauguração do HJKO Fonte: Acervo do Professor Marcus Maciel

3 Censo experimental de Brasília. 1959. Comissão Censitária Nacional.

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Silva (1997) destaca o momento privilegiado em que viveu e do qual

participou ativamente, o HJKO teve uma personalidade impar. Era um hospital

por inteiro, no que se refere a ter contato com os requisitos técnicos básicos

necessários para a sua atuação. Prestou atendimento de urgência e

ambulatorial permanentemente, internando, realizando tratamento clínicos e

cirúrgicos, inclusive de casos eletivos, com complementação diagnostica, tudo

numa expectativa em torno da implantação que realizava-se no Centro Oeste

do País de um projeto carregado de fortes e velhos anseios de muitos.

Construído em apenas 60 dias e inaugurado em 06 de junho de 1957, o

Hospital Juscelino Kubitschek de Oliveira foi o primeiro hospital a funcionar na

cidade. Coube ao IAPI – Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Industriários,

ligado ao DSN, a construção do HJKO.

Figura 5 O HJKO em agosto de 1957 Fonte: Acervo Arquivo Público do DF

Órgão de assistência médico-hospitalar do IAPI (Instituto de

Aposentadoria e Pensões dos Industriários) no Distrito Federal, inicialmente,

prestou serviços aos trabalhadores da construção civil.

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O atendimento em saúde na Novacap dividia-se em não-institucional

(assistência prestada nos acampamentos) e institucional (desenvolvido pelo

Departamento de Saúde da Novacap – DSN).

Sendo assim, diversas profissionais de enfermagem, naturais de várias

regiões do País, destacaram-se neste contexto em ambos os atendimentos,

como Cacilda Bertoni e Luzia Farias (realizavam partos domiciliares), Martha

Margarette, Rosa Irene e Edna Chavier (trabalharam no HJKO), além de muitas

outras.

Seus 1.265 m2 de área edificada em madeira abrigavam ambulatório,

centro cirúrgico, serviços gerais, administração, residência para médicos e

funcionários com famílias e alojamentos.

Figura 6 Um consultório Médico do HJKO

Fonte: Acervo Particular do Professor Marcus Maciel

A parte hospitalar, que funcionava 24 horas por dia, era servida dos mais

modernos equipamentos e instrumentos da época, e continha 50 leitos; oito

enfermarias dispostas em duas alas, feminina e masculina; duas salas

cirúrgicas; aparelhos de raio-x; laboratório de análise clínica; sala de ortopedia;

maternidade; berçário; farmácia e gabinete dentário com raio-x, tendo como

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21

primeiro diretor foi o médico goiano Edson Porto (BRASÍLIA...EM 300

QUESTÕES, 2000).

Conta Silva (1997) que o Serviço de Emergência, funcionava em tempo

integral, era atendido por um médico plantonista, o qual, sempre que

necessário, se socorria de quantos colegas fossem eventualmente solicitados,

sem dificuldades, uma vez que todos residiam nas dependências ou no

acampamento do próprio hospital. O ambulatório e os demais atendimentos

hospitalares funcionavam em dois turnos, sendo o de maior movimento o do

período da manhã quando, logo nas primeiras horas, os caminhões

basculantes das empreiteiras faziam a entrega de seus doentes.

Com a inauguração do Hospital Distrital, no Plano Piloto, em 1960, o

HJKO entrou em lento declínio e a partir de 1968, passou a funcionar somente

como posto de saúde atendendo aos moradores do Núcleo Bandeirante e das

invasões das áreas circunvizinhas ao hospital.

Em 1974, o HJKO foi totalmente desativado com a implantação dos

serviços de saúde no Núcleo Bandeirante4.

Contudo, permaneceram habitando a área, em situação irregular, muitos

ex-funcionários do hospital e outras famílias que foram agregando-se à

população da área, tornando-se uma das maiores invasões do DF.

Segundo Amorim &; Ricarto, (2001) em reportagem para o Correio Web,

afirmam que a origem de tudo é a carência de habitações ao redor de Brasília e

a exploração política dessa situação. E, assim, aparecem as lideranças e a

cultura da invasão. Muitas vezes, gente simples, que emerge do meio do povo

e depois se lança na política. Em outros casos, políticos que alimentam o

4 Disponível em: < http://www.sc.df.gov.br/paginas/museus/museus_02.htm>. Acesso em 01 out. 2007.

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processo para não perder a simpatia popular e se manter no poder. Líderes de

uma verdadeira fábrica de invasões, que não se escondem e fazem

seguidores, alargando os estragos ao meio ambiente.

Segundo ainda os autores, o mapeamento das terras do Distrito Federal

revela o impacto de uma ocupação que, nos últimos 20 anos, seguiu a regra

ditada pelo invasor. Segundo a matéria, de toda a área urbana ocupada

atualmente, quase 40% é irregular. São praticamente 500 km² de terra

transformados em favelas, condomínios, assentamentos e vilas sem registro

em cartório. É mais que Taguatinga, Ceilândia e Samambaia, inteiras, na

ilegalidade (CORREIO WEB. 1º CADERNO, 2001).

Silva (1997) relata que naqueles tempos a população de Brasília era

composta, notadamente, por gente jovem, a maioria desempenhando trabalho

braçal, pelo que apresentava maior incidência de patologias próprias do grupo

etário e da atividade profissional vigentes.

Assim, era maior a casuística das doenças traumatológicas, infecciosas,

infecto-contagiosos e as venéreas pré-AIDS, hoje alçadas às sexualmente

transmissíveis. Naquela oportunidade as condições sanitárias e higiênicas dos

acampamentos, onde residia a massa trabalhadora, eram extremamente

precárias.

Suas cozinhas, refeitórios e dormitórios propiciavam constantes e sérios

casos de intoxicações alimentares agudas e disseminação das doenças

infecto-contagiosos, dentre estas ressaltando-se a tuberculose pulmonar, que

foi tratada pelo Dr. Carlos Alberto Florentino, auxiliado pelo Dr. Marcos

Snitovsky, ambos do Serviço Nacional de Tuberculose, do Ministério da Saúde.

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O Serviço Nacional de Tuberculose instalou-se definitivamente em

Brasília, no segundo semestre de 1958, sob a direção do tisiologista Carlos

Alberto Florentino, auxiliado pelo médico Marcos Snikovsky. A tarefa constituiu

na visita a todos os canteiros de obras de Brasília usando um aparelho portátil.

Eis, em resumo, como o Dr. Florentino, em relatório de 02/02/59, define

a atividade do Serviço que dirigia:

“Após vencer as dificuldades naturais e com a cooperação

imprescindível da Novacap, e do Dr. Ernesto Silva, fora

instalado um modesto Ambulatório de Tuberculose: organismo

rudimentar, que, graças a advento dos quimo-antibióticos,

pôde, numa emergência, substituir a célula máter da luta anti-

tuberculosa, que é o dispensário. Com todas as suas

deficiências e sacrifício (naturais daquela época), o

Ambulatório vem atendendo as necessidades do cadastro

abreugráfico. No Ambulatório é feita a triagem, e elucidação

diagnostica dos portadores de sombra suspeita de lesão

pulmonar evolutiva, o tratamento e o controle da maioria dos

fimatosos, trabalho que não seria exeqüível não fôra a

permanente colaboração dos médicos do Hospital do IAPI e

dos médicos do Departamento de Saúde da Novacap.

“Com grande esforço, pelas condições existentes,

conseguimos realizar a penetração, o preparo e o fichamento

das coletividades para o senso torácico, a distribuição dos

resultados do exame abreugráfico, a chamada para reexame, a

becegeização, o controle dos focos de contágio e dos

comunicantes, as providências a serem tomadas para o retorno

dos portadores de tuberculose avançadas altamente

bacilíferas”. (o Dr. Ernesto Silva nos fornecia passagens aéreas

para transferência desses doentes e seus Estados de origem).

O Dr. Ernesto Silva (2007) em entrevista a autora deixou claro que o

laboratório, a sala de radiologia do Hospital do IAPI e todo o complexo mecanismo da

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luta contra a “Peste Branca”, foi imprescindível, para amenizar o quantitativo de

tuberculose na cidade que acabava de nascer e crescia a passos largos.

Confirma ainda o Dr. Ernesto Silva (2007) “o pequeno Núcleo profilático e

assistencial do Serviço Nacional de Tuberculose cresceu gradativamente, até chegar a

ser, em 1960, o modelar Dispensário dinâmico da Nova Capital Federal.”

“O HJKO sem dúvidas passou a ser referência na profilaxia e controle

da Tuberculose no Centro Oeste, desde aquela época o Serviço Médico

Hospitalar de Brasília era utilizado por habitantes de cidades vizinhas oriundos

de, Goiás, Minas e Bahia”, confidenciou o Médico Pioneiro, naquela tarde que

recebeu a autora na Sede do Instituto Histórico e Geográfico de Brasília,

entidade que se orgulhava ter ajudado a fundar.

Abaixo fac símile do Relatório enviado à Novacap, pelo Dr. Florentino

que alinhavava os dados referentes ao período de 1º de novembro de 1958 a

31 de janeiro de 1959, existiram outros relatórios trimestrais, até a data de

transferência da Capital. Infelizmente esse foi o único que encontramos.

ATENDIMENTOS HJKO REFERENTE AO PERIODO DE 1º/11/1958 A 31/01/1959

1 Número de coletividade examinadas (Cias construtoras, colégios, etc)

50

2 Número de pessoas abreugrafadas 18.315 3 Número de pessoas “suspeitas” de lesão pulmonar ativa 223

4

Classificação pela extensão – Mínima 149 (NTA) – Moderada 33 Avançada 10

6 Derrame pleural 9 7 Imagem tumoral 4 8 Índice geral de suspeição 1,20% 9 Número de pessoas portadoras de alterações cárdio-vasculares 241

10 Número de pessoas vacinadas pelo BCG, na dose de 0,20, via oral

15.255

11

Suspeitos do cadastro, inscritos no Ambulatório, com diagnósticos Elucidado em tratamento e sob controle (de 18/12 a 31/01/59)

106

12 Doentes mandados pelo Hospital do IAPI 6 13 Total de pessoas fichadas no Ambulatório em 31/01/59 112

Figura 7 Fac Simile de um Relatório do Dr. Florentino. Fonte: Acervo do Arquivo Público do DF.

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Capítulo III A Primeira Profissional de Enfermagem

Figura 8 – Cacilda Rosa Bertoni, a primeira enfermeira de Brasília.

Fonte: Acervo particular Cacilda Bertoni.

A história a seguir resgata eventos da vida profissional e pessoal da

primeira enfermeira no Distrito Federal, revelando curiosidades e fatos

pitorescos dos primeiros habitantes de Brasília e do cotidiano no HJKO:

‘‘Viver para servir’’. Antes de contar o que a trouxe ao Distrito

Federal, a paulista de Piracicaba Cacilda Rosa Bertoni faz

questão de ressaltar o lema da turma onde se formou em

enfermagem, na Escola Ana Nery (Universidade do Brasil —

Rio de Janeiro). Ajudar às pessoas fez bem para esta senhora

de 84 anos, que, em 1957, pela disposição em servir ao

próximo, se tornou a primeira enfermeira da nova capital.

A decisão do marido, Afonso Bertoni (falecido), de abandonar

tudo em Juiz de Fora (MG) e viajar para o Planalto Central a

pegou de surpresa. Com a vida estabilizada e um casal de

filhos pequenos, venderam tudo para empreender-se na

viagem. ‘‘Ele trabalhava com obras e achava que aqui teria

grandes oportunidades’’, conta Cacilda. ‘‘Eu viria primeiro para

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arrumar um lugar para ficarmos, depois buscaria as crianças’’,

completa. Dessa forma fizeram. Cacilda chegou em dezembro

de 1957 à Cidade Livre (Núcleo Bandeirante) com o endereço

da Casa Pastoral da Igreja Metodista. Encontrado o lugar, lá

seria a moradia provisória da família. A enfermeira voltou a Juiz

de Fora e retornou com os filhos de avião. O marido deixara a

cidade na mesma hora e com a mesma direção a seguir, só

que a bordo de um caminhão carregado com a mudança e o

material necessário para a construção de um barracão de

madeira para morarem. O medo da empreitada só apareceu

nos dias em que Cacilda esperava pelo marido, sem notícias.

Bertoni demorou oito dias para chegar devido às péssimas

condições das estradas do Centro-Oeste naquela época. Fora

isso, Cacilda não se assustava com nada. Antes, vivera por

quatro anos na Amazônia, junto ao Serviço Especial de Saúde

Pública (SESP). Na Amazônia, participara da inauguração do

Hospital de Santarém, em 1946. A Casa Pastoral, como tudo

na Cidade Livre, funcionava em um grande barracão de

madeira. Lá também ficava a primeira escola primária de

Brasília. De manhã, a esposa do pastor dava aulas e à noite o

próprio pastor era o professor. No lugar onde estava a Casa

Pastoral hoje está instalado o Corpo de Bombeiros do Núcleo

Bandeirante. Nos planos do casal Bertoni, o local serviria de

abrigo apenas por alguns dias, até que o barraco de madeira

da família fosse construído. Mas a forma que as decisões eram

tomadas aqui prolongou a permanência no local. Concentrado

nas construções do Plano Piloto, que acabavam de começar,

Israel Pinheiro, presidente da Novacap, não permitia que

ninguém construísse nada na Cidade Livre sem sua

autorização. Enquanto esperavam, Bertoni nada podia fazer.

Por sorte, Cacilda recebia o salário de enfermeira

normalmente. Estava de licença prêmio por ter trabalhado dez

anos seguidos sem nenhuma falta, justificada ou não. O lote da

Novacap foi cedido para a família após três meses de espera.

Bertoni pôde então construir um pequeno barraco na Segunda

Avenida da Cidade Livre e dar início aos trabalhos com as

obras das construtoras que estavam instaladas aqui.

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Partos

Não demorou muito para Cacilda ser descoberta na Cidade

Livre. Andando nas ruas da pequena vila, a enfermeira

encontrou uma ex-colega do SESP, com quem trabalhara na

Amazônia. ‘‘Noêmia, não me recordo o sobrenome, estava

grávida e pedia que eu fizesse seu parto’’, conta. O único

hospital que existia em toda a região era do Instituto de

Pensões e Aposentadoria dos Industriais (IAPI), que só atendia

casos de urgência e emergência. ‘‘Havia muitos acidentes de

trabalho nos acampamentos’’, justifica. Fora isso, havia uma

parteira na cidade e mais nada. Depois do primeiro parto feito

por Cacilda, centenas de outros se seguiram até 1960. ‘‘A

necessidade me levou a realizá-los. No curso de enfermagem

tínhamos aula de obstetrícia’’, conta. ‘‘Rapidamente fiquei

conhecida em toda Brasília’’, conta. ‘‘Os maridos das mulheres

grávidas dos acampamentos das construtoras vinham me pedir

ajuda”. Quando os partos eram feitos na Cidade Livre, Cacilda

era auxiliada pelo marido. Quando eram nos acampamentos,

os maridos precisavam preencher uma ficha onde colocavam

suas descrições físicas e a previsão do mês em que a criança

nasceria. ‘‘Quando chegava o dia, meu marido atendia a porta

e identificava o pai pela descrição na ficha’’, diz. ‘‘Era preciso

fazer isto porque eu teria que sair sozinha com desconhecidos

numa terra cheia de aventureiros’’, explica. Para realizar o

parto, Cacilda levava todo o material necessário em uma

maleta, como agulha, pinças, luvas e fios esterilizados. Quando

os partos eram na Cidade Livre, levava até água fervida,

porque as estruturas das casas eram muito precárias. ‘‘Os

homens me ajudavam a carregar’’, conta. As mulheres que

viviam nos acampamentos eram poucas, viviam com os

maridos. Por causa disso, elas terminavam ficando

encarregadas dos serviços domésticos de todo o

acampamento, como lavar roupas e cozinhar. ‘‘Mulher era

coisa rara em Brasília naquele tempo’’, diz Cacilda. ‘‘Os

homens nos olhavam com surpresa, mas sempre com muito

respeito’’, garante. O trabalho como enfermeira fazia com que

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Cacilda não pensasse duas vezes em abrir mão do próprio

conforto em benefício de suas pacientes. Em uma

oportunidade, após realizar o parto de uma francesa casada

com um espanhol, Cacilda terminou por abrigar o casal

estrangeiro, uma filha pequena e a criança recém-nascida em

sua casa para não deixá-los na rua. Eles haviam se casado na

Argélia e vieram para cá em busca de oportunidades. Mas a

empresa para a qual o marido trabalhava falira, fazendo com

que perdessem tudo. ‘‘Terminei comprando uma máquina de

costura e outros bens que possuíam para ajudá-los a irem

embora’’, recorda-se. Além dos candangos, Cacilda realizou

inúmeros partos de esposas de engenheiros e autoridades,

como o deputado Paulo Freire. ‘‘Fiz o parto do menino Paulo

Francisco às vésperas das eleições de 1960’’.

Hospital Distrital

Em 1960, Cacilda foi descoberta por uma colega da escola de

enfermagem. Aidê Dourado, como se chamava, era a primeira

de um grupo de dez enfermeiras contratadas para trabalhar no

Hospital Distrital (Hospital de Base) a chegar a Brasília. ‘‘Ela

soubera que eu estava aqui e foi me procurar na Cidade Livre’’,

diz. ‘‘Quando ela me encontrou, estava lavando roupa com a

baiana Ernestina no córrego Vicente Pires, que era muito limpo

na época’’, completa. No Hospital Distrital, inaugurado em

1960, Cacilda foi contratada para organizar o centro cirúrgico.

As dificuldades deste trabalho eram inúmeras, a começar pela

falta de infra-estrutura do lugar. A sala de operações só tinha

um foco de luz, o assoalho do piso ainda não estava fixado e

tudo tinha que ser esterilizado com formol, pois ainda não havia

material descartável. ‘‘Um baiano que nunca houvera

trabalhado em hospital me ajudava a organizar tudo nas caixas

para cada tipo de cirurgia’’, revela. As roupas também tinham

que estar limpas com freqüência e, como não havia lugar para

higienizá-las no hospital, eram enviadas para o hospital São

Vicente, que começava a funcionar em Taguatinga.

‘‘Mandamos muitas peças e elas nunca retornaram, então

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decidi mudar o esquema’’, conta a enfermeira. Cacilda solicitou

então à construtora Pederneiras, responsável pela obra do

hospital, que enviasse tambores cortados ao meio, que

passaram a servir de tanques improvisados. Para fazer o

serviço, contratou três lavadeiras que conhecia da Cidade

Livre. Como varal, usava os arames farpados no fundo do

hospital. ‘‘Mas tudo era feito com muita responsabilidade e

cuidado, tanto é que nunca tivemos um caso de infecção’’,

garante. Depois do Hospital Distrital, Cacilda trabalhou durante

um tempo no hospital da Universidade de Brasília, que

funcionava onde hoje está o Cine Dois Candangos, e na

organização do primeiro posto de saúde de Brasília, na 508

Sul. Como funcionária do Hospital Distrital, teve direito a morar

em um apartamento na Asa Norte, na antiga quadra 46, que

corresponde hoje à 405 Norte. Ficou lá até 1968, quando o

prédio precisou ser interditado para manutenção. Na ocasião,

terminou recebendo um apartamento na 112 Sul, que a

Novacap cedeu para uso dos funcionários do hospital.Em

1960, também foi responsável pela fundação da Associação de

Enfermagem do Distrito Federal, na Avenida L2 Norte —

primeira associação de classe a ter sede na nova capital

(CHIAVICATTI, CORREIO BRAZILIENSE. CADERNO

PIONEIROS, 21 ABR. 2005)

Figura 9 – Cacilda Rosa Bertoni, ao completar 80 anos em 2006.

Fonte: Acervo particular Cacilda Bertoni.

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Como se pode perceber, os pioneiros e as pioneiras da enfermagem

puderam vencer as dificuldades com todas as deficiências e limitações daquela

época, e, assim atender s necessidades do povo de um lugar recém-criado,

mas nem por isso deixaram de honrar a profissão.

Capítulo IV O Primeiro Médico e Diretor do HJKO

Figura 10– Dr. Edson Porto, à esquerda o primeiro Diretor do HJKO

Fonte: Acervo Arquivo Público do DF

O primeiro Diretor do HJKO foi o médico goiano Dr. Edson Porto. Antes

da abertura oficial, entretanto, o doutor Isaac foi obrigado a fazer uma cirurgia

de emergência que marcou sua vida.

Naquele ano, as chuvas haviam aberto uma grande cratera na Avenida

Central, o que acabou provocando um acidente com um português. O jipe que

ele dirigia perdeu o freio e, desesperado, ele pulou do carro antes que o veículo

caísse na cratera. Quando ele caiu, um caminhão, que vinha logo atrás, passou

por cima de uma de suas pernas, dilacerando-a.

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Sem alternativa a não ser operar o paciente, Isaac Barreto levou o

homem para o HJKO e junto com Edson Porto, que atuou como anestesista, e

do então estudante de medicina Cláudio Costa, salvou a vida do português.

‘‘A única opção foi amputar a perna. Foi como uma cirurgia de guerra.

Ou fazíamos isso ou o paciente morreria’’, justificou. Foi assim a primeira

grande cirurgia realizada no cerrado.

Nascido em Barra do Rio Grande, no interior da Bahia, o doutor Isaac é

casado e tem quatro filhos, um deles o ex-piloto de Fórmula 1 Alex Dias

Ribeiro. Formado também em direito, Isaac dedica-se hoje ao trabalho de

perícia médica e a defender casos na área criminal. Ele foi o primeiro

presidente da Associação Médica de Brasília, inaugurada em 1959, na época

uma regional da Associação Médica de Goiás.

Segundo Pirajá (1998), o HJKO apesar de possuir equipamento de

primeira linha para a época, não podia deixar de contratar pessoas sem grande

experiência na área de saúde, conforme o depoimento a seguir:

Não tinha, num chegava e quanto mais aparecesse gente ...

por que naquela época tinha muito desastre de carro, muito

desastre... olha era só gente cortada era só gente, era uma

loucura ... aí quando nós chegamos lá esse meu compadre,

levou esse bilhetinho nesse doutor, quando chegou lá aí a

enfermeira chefe falou assim pro meu esposo: - “'cê’ vai

começar hoje?”' E o pior é que nós tinha deixado no Rio

Grande do Norte o sapato dele branco ... era... e ninguém ia

saber que ia chegar aqui e vinha chegar aqui e encontrar, por

que no pau-de-arara pagava até a bagagem que se trazia, e

nós ‘truxemos’ muito pouca coisa. Aí ela entrou prá dentro do

armário pegou um jaleco branco, pegou uma calça branca aí

disse: - 'O senhor vai trabalhar hoje’. Aí o senhor vai ficar no

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alojamento de solteiro.5 (erros gráficos foram mantidos do

original)

Capítulo V Tombamento e Restauração do HJKO6

Em 1983, ocorrem tentativas de desocupação e demolição das

edificações por parte do IAPAS, então proprietário da área. As casas já

estavam bastante deterioradas.

Desse modo, vem um período de intensos protestos e organização

comunitária em favor do tombamento do espaço.

A seguir alguns fragmentos de entrevistas realizadas por Pirajá (1998),

mantendo-se a grafia original e variação lingüística:

“De tombar, não tinha idéia de tombar, escuta bem... eu queria

era ficar ali. Entendeu. Todos os moradores ficar ali e ser assim

restaurada as casas, ser arrumado tudo e todo mundo ficar ali”.

“(...) Foi então que nem eu tô dizendo prá você. Um crescia e

botava um ‘botequinho’ ali, outro crescia e botava um parente,

outro crescia e virou uma anarquia. Virou uma bagunça. Por

que aí crescia e não crescia no original prá ficar a coisa

bonitinha. Botava uma puxada prá trás, outro fazia, botava e

fazia. Por que ‘despois’ que desativou ninguém era dono de

nada Eu nem ‘teconto’ como eu tirei essa idéia (do

tombamento) por que já tinha repórter... e eles ‘tavam’ doidos

por reportagem que nem uns urubus na carniça, quando a

gente chamava eles já corria fui procurar um rapaz que já tava

mexendo... o José Everaldo prá ele dar sugestão por que ele

era mais maduro, como é que a gente deveria agir aí ele disse

assim:

5 Entrevista com D. Sebastiana Silva de Lima. 6 Disponível em: <http://www.museus.gov.br>. Acesso em: 04 out. 2007.

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“D. Sebastiana a única solução que tem para o hospital ficar lá

do jeito que a senhora quer é haver o tombamento." - Então

vamos lutar pelo tombamento, por que se a única solução é

esta, nos temos que fazer isso prá não ser arrancado e não

tirar mas nenhuma ‘táuba’... muito desgaste ... a gente ficava

que não trabalhava mais, já não fazia mais comida em casa ...

aí quando dava fé: - "D. Sebastiana corre aqui! D. Sebastiana,

já chegou o caminhão." Aí eu chegava lá e fazia o caminhão

voltar ... o negócio deles era demolir ... muito desgaste, então

eu já tava muito desgastada foi quando eu procurei o Nilton

(Rosa)... foi aí fizemos uma reunião lá na Maria Benedita, na

irmã dele ... e eu falei”

(...) - "Nilton, você quer assumir isso aqui?” Mas é assim, assim

e assim... Nilton nós não pode sair da área do HJKO. Você vai

brigar debater, nós ‘tamo’ cadastrados para ir para a

Candangolândia, mas nós não queremos ir para a

Candangolândia.7 Aí ele veio prá casa da irmã, morava num

quartinho e topou... passei os documentos tudo... tinha uns

documentos e era muita papelada... "tá aqui Nilton, tudo

mastigadinho" ... ‘touxe’ ele aqui umas duas vezes ou três,

reunião na Candangolândia, na associação de moradores para

ele ficar a par de como era o movimento ... o meu desejo era

isso, os filhos da gente os filhos da gente cresce ali. Então

quando ele chegou com a notícia pra mim assim: - "D.

Sebastiana de jeito nenhum vai poder ficar aqui dentro... aí eu

fiquei puta da vida com ele e falei: - "você não soube, você tem

interesse próprio, você quer botar o seu pessoal prá

Candangolândia." E quando acaba veio um monte de gente,

olha veio irmão dele, veio irmã, veio prima, veio tudo prá

Candangolândia... por que se eu tivesse tomado a frente

ninguém ia ter saído ia ter ficado que nem os outros lugares.8

Quando saiu o tombamento nós já tava na Candangolândia, no

assentamento da Candangolândia... nós já tinha tudo se

mudado”.9

7 Cidade Satélite que começava a ser assentada. 8 D. Sebastiana parece se referir ao movimento de fixação e tombamento da Vila Planalto 9 Entrevista com D. Sebastiana Silva de Lima.

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Em 13 de novembro de 1985, o conjunto arquitetônico do HJKO foi

tombado sendo mais tarde restaurado pelo GDF, através do decreto número

9.036, sendo considerado patrimônio histórico e artístico da cidade.

Figura 11 – Conjunto HJKO tombado e restaurado

Fonte: Acervo do Professor Marcus Maciel

Os moradores foram transferidos para a Candangolândia, a partir de

1987, inicia-se o processo de restauração das edificações do conjunto de

acordo com um projeto de restauro e revitalização do espaço proposto pelo

DePHA, Departamento do Patrimônio Histórico e Artístico do DF.

Em 1990, o lugar passa a abrigar o Museu Vivo da Memória Candanga,

com seu amplo projeto ocupando toda a área do conjunto. De acordo com

estudos do Fórum Nacional /Fórum Brasília (2005) hoje, este espaço

representa uma das últimas referências arquitetônicas características do

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período inicial de construção da cidade. Planejada para uma população de

apenas 500.000 habitantes.

Entretanto, Brasília viu sua população crescer muito além do esperado.

Sucessivas cidades satélites foram sendo criadas ao longo dos anos para

acomodar a população extra. A população total de Brasília (incluindo as

cidades satélites) já é de mais de 2 milhões de habitantes, sendo o Distrito

Federal dividido em 28 Regiões Administrativas (FÓRUM NACIONAL /FÓRUM

BRASÍLIA, 2005).

Desse modo, Brasília foi registrada, no ano de 1987, como Patrimônio

Histórico e Cultural da Humanidade. Porém, Brasília é muito mais do que um

patrimônio histórico ou um marco arquitetônico. É uma cidade viva e única,

uma cidade amada pela maioria dos seus habitantes (FÓRUM NACIONAL

/FÓRUM BRASÍLIA, 2005).

Em 1960, a inauguração do Hospital Distrital provocou o lento declínio

do HJKO. E, em 1968, o hospital foi desativado

Na década de 80, iniciou-se no Distrito Federal intenso processo de

erradicação de invasões. A área do HJKO era uma das invasões a serem

erradicadas. Em meados de 1983, o IAPAS, proprietário da área, tentou iniciar

a demolição das edificações. Os moradores mais antigos solicitaram, então, o

tombamento do antigo hospital, como estratégia para sua manutenção no local.

O tombamento ocorreu em 13 de novembro de 1985, mediante o Decreto nº

9.036, mas os moradores do HJKO foram transferidos para a Candangolândia,

local onde estavam sendo assentados moradores de várias invasões

erradicadas (WIKIPEDIA. NÚCLEO BANDEIRANTE, 2007).

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5 DIFICULDADORES DA PESQUISA

O fascínio despertado ao visitar o Museu Vivo da Memória Candanga,

quando se observou um consultório médico autentico da época da construção

de Brasília, foi se perdendo com o desenrolar deste trabalho, pois a falta de

referencias bibliográficas da História recente da cidade e da enfermagem e

lamentável. Sem falar que muitas fontes são extremamente repetitivas, talvez

ate por conta da falta de material.

Angerami & Boemer (1984) estudaram a especificidade do uso das

teorias de Enfermagem na pesquisa. Numa busca exaustiva, que cobriu os

quatro periódicos de maior circulação no país, procuraram desvendar nos

artigos publicados, as teorias de Enfermagem explicitadas pelos autores ou

implícitas nos seus discursos. Os resultados revelaram que a utilização das

teorias de Enfermagem como suporte teórico é inexpressiva, sendo que o mais

citado é o uso de processo de Enfermagem de Horta, em sua primeira fase: -

identificação do problema.

Batey (1977) já havia demonstrado estes achados referentes ao Brasil,

que não diferem muito dos apontados por em sua revisão dos 25 anos de

pesquisas de Nursing Research. Para essa autora, as pesquisas de

enfermeiros têm sérias limitações, principalmente devido à falta de

conceitualização e referências bibliográficas.

Se a construção do saber é um processo sempre inacabado, se o

conhecimento é sempre provisório, e se a emissão de uma resposta sempre

suscitará nova pergunta, um fato novo poderá provocar mudanças que devem

ser analisadas.

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Guido Zucconi (1997) Afirma que diferentemente de outros países, o

vínculo entre estudos visando práticas operativas no campo da preservação e

estudos históricos sobre a cidade pouco relevo teve no Brasil até o momento.

Apesar do desenvolvimento das questões relativas ao patrimônio, os estudos

históricos sobre as cidades brasileiras como base para planos e projetos

tiveram, no geral, pouco fôlego intelectual. Partes integrantes de projetos, neles

se inseriam de forma quase burocrática, apenas compondo os famosos

antecedentes históricos ou fazendo o pano de fundo de uma determinada

proposta, sem conseguirem atingir uma dimensão metodológica ou teórica

mais aprofundada.

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6 CONCLUSÃO

Vários profissionais de saúde, inclusive profissionais da enfermagem

que imigraram para o Planalto Central, em busca de novas perspectivas, com o

espírito de aventura e desprendimento, pois a carência de especialistas e os

acampamentos com condições precárias conjugavam ambientes desfavoráveis

à saúde pública, exigindo destes profissionais, que com seu trabalho árduo,

dedicação e conhecimentos se prestavam ao combate de doenças, para conter

as epidemias.

Nesse sentido, o contexto social-econômico da década de vinte, do

século XX, exigiu uma transformação na saúde pública do DF, de modo a

disseminar novas formas de conduta quanto à higiene e hábitos de vida, o

exigiu muito mais dos profissionais de enfermagem que estiveram em Brasíl ia

desde o princípio da construção.

Hoje, temos consciência que Brasília foi sonho e proposta de várias

gerações de brasileiros, ao longo de quase dois séculos. Porém, foi o

presidente Juscelino Kubitschek quem materializou este sonho ao propor a

transferência da sede do governo situado no Rio de Janeiro para a região do

Planalto Central (57º CONGRESSO DE ENFERMAGEM, 2005).

Sabemos também que diversos operários empenhavam-se na

construção durante dia e noite, havendo a necessidade de proporcionar

assistência médica aos candangos principalmente com relação às lesões que

pudessem ocorrer no ambiente de trabalho.

Desse modo, na atualidade, sabe-se que o princípio da assistência em saúde

na futura capital iniciou-se com a construção do HJKO, além de serviços de

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assistência domiciliar que já eram prestados por enfermeiras e um Centro de

Saúde, posteriormente inaugurado em Setembro de 1959 (57º CONGRESSO

DE ENFERMAGEM, 2005).

(...) é necessário incluir no patrimônio histórico, outros campos

artísticos (pintura, escultura, música etc.), objetos cotidianos

(utensílios domésticos, instrumentos de trabalho, vestimentas, etc.),

materiais de diferentes arquivos, acervos bibliográficos, falas e

práticas de múltiplos agentes sociais.

Esta ampliação não se confunde com a simples diversidade de

"objetos" ou "temas" abordados pelos historiadores: está-se diante de

fazeres sociais. Para cada material interpretado, há um contato com

lutas, acordos, potencialidades, limites. 10

Portanto, é dever dos habitantes de Brasília resgatar sua memória bem

como a memória da Enfermagem no Distrito Federal, destacando a atuação

das enfermeiras pioneiras nos atendimentos de saúde da Novacap, mais

especificamente as que trabalharam nos acampamentos e no Hospital

Juscelino Kubitschek de Oliveira.

10 Silva Marcos, 1995.p 40 e 41

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Graduação. Universidade de Brasília – Departamento de História. Brasília, 1998.

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realidade. 3. ed. Brasília: Linha Gráfica Editora, 1997. ZUCCONI, Guido, Dal capitello alla città. Milão. Jaca Books, 1997, 238 p.) Sites pesquisados:

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