honorários sucumbenciais pertencem à parte (decisão)
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Para juíza, honorários sucumbenciais pertencem à parte e não ao advogadoSalvar • 138 comentários • Imprimir • Reportar
Publicado por Danielli Xavier Freitas e mais 1 usuário - 8 horas atrás
Segundo a magistrada, art. 20 do CPC determina que o vencido pagará os
honorários de sucumbência ao vencedor e não a seu advogado.
"Os honorários de sucumbência tem por função recompor razoavelmente o que o
vencedor do processo gastou com seu advogado para realizar seu direito no
Judiciário. Decorre do princípio da reparação integral e está expresso no nosso
sistema processual no art. 20 do CPC, que determina que a sentença condenará o
vencido a pagar os honorários de sucumbência ao vencedor (e não a seu
advogado)."
Nesta linha, a juíza Federal substituta Catarina Volkart Pinto, na 2ª vara de Novo
Hamburgo/RS, decidiu declarar incidentalmente inconstitucionais os
artigos 22 e 23do Estatuto da Advocacia (lei 8.906/94), na parte em que transfere
os honorários de sucumbência ao advogado.
Para a magistrada, o mecanismo padece de constitucionalidade, "pois impede que o
vencedor seja ressarcido de valores gastos no processo, afrontando os princípios da
reparação integral e do devido processo legal substantivo". A afirmação decorre do
julgamento de um caso tributário envolvendo uma empresa e a Fazenda Nacional.
Ressarcimento
A empresa ajuizou a ação visando o reconhecimento do direito relativo ao crédito
presumido de IPI para ressarcimento de PIS e Cofins referente ao ano de 2000, bem
como a condenação da União no ressarcimento desses valores devidamente
atualizados monetariamente desde a data da compensação não homologada.
Em contestação, a Fazenda alegou que se tratava de uma sanção administrativa
(perda de benefício fiscal) em decorrência de prática de ato ilícito tributário e que
não se pode admitir que o contribuinte que se utiliza de documentos inidôneos
possa usufruir de benefício fiscal.
Em análise do caso, a magistrada, entretanto, entendeu que não haver notícia de
sequer ter sido instaurada a ação penal correspondente à conduta descrita,
"inexistindo, evidentemente, decisão com trânsito em julgado que pudesse dar
guarida à incidência do comando previsto no indigitado art. 59 da lei 9.069/95". Por
esta razão, determinou à Fazenda que procedesse à apreciação do pedido de
ressarcimento.
Honorários
Em um longo capítulo dedicado apenas a elucidar a questão dos honorários
sucumbenciais, a magistrada destacou que apesar de o CPC prever que a verba se
destinará à parte vencedora, o Estatuto da OAB "avança sobre a verba dos
honorários de sucumbência tentando transferi-la para o advogado (artigos 22 e
23)".
"Referidos artigos só não foram declarados inconstitucionais pelo STF, quando do
julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 1194/DF, em razão de uma
preliminar processual."
Citando a própria Exposição de Motivos do atual CPC, a julgadora pondera que a
"oprojeto adota o princípio do sucumbimento, pelo qual o vencido responde por
custas e honorários advocatícios em benefício do vencedor. O fundamento desta
condenação, como escreveu Chiovenda, é o fato objetivo da derrota: e a justificação
deste instituto está em que a atuação da lei não deve representar uma diminuição
patrimonial para a parte a cujo favor se efetiva".
Pelo exposto, Catarina decidiu declarar incidentalmente inconstitucionais os
dispositivos do estatuto e fixou os honorários de sucumbência, em favor do autor,
em R$ 500, "tendo em vista a simplicidade da demanda e a ausência de dilação
probatória".
Reação da OAB
Em reação à posição adotada pela juíza Federal, o vice-presidente do Conselho
Federal da OAB, Claudio Lamachia, e o presidente da OAB/RS, Marcelo Bertoluci, se
reuniram com a magistrada nesta terça-feira, 11, e reafirmaram "o direito dos
advogados aos honorários convencionados, aos fixados por arbitramento judicial e
aos de sucumbência".
Lamachia e Bertoluci contaram que receberam um grande número de reclamações
com base na sentença proferida e lembraram que os honorários representam para
os advogados o mesmo que os subsídios para os magistrados e os membros do MP,
e o salário do trabalhador.
Em ofício, a Ordem gaúcha diz que "não aceita qualquer manifestação de
incompreensão e desrespeito às prerrogativas dos advogados, em especial no que
se refere aos honorários de sucumbência".
"Ao assim decidir de forma padronizada e sem provocação das partes, além de
proferir decisões ‘extra petita’, a magistrada fere o princípio da inércia do julgador,
provocando conflitos e discórdias desnecessárias."
Processo: 5021934-05.2014.404.7108
Confira a íntegra da decisão.
Fonte: http://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI211056,11049-
Para+juiza+honorarios+sucumbenciais+pertencem+a...
Danielli Xavier FreitasAdvogada
OAB/MS 17.159-B. Membro da Comissão dos Advogados Trabalhistas da OAB/MS. Membro da
Comissão de Advogados Criminalistas da OAB/MS. Membro da Comissão de Assuntos
Tributários da OAB/MS Currículo Lattes: CV: http://lattes.cnpq.br/9694717522926126