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ESTADO DO ESPÍRITO SANTO ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA AVULSOS DA 1ª SESSÃO ORDINÁRIA DO DIA 06.02.2012 ÍNDICE PROPOSIÇÃO PAG. 01) (MENS. VETO N.º 233/11) PL 76/11 DEP. NILTON BAIANO..................03 02) (MENS. VETO N.º 243/11) PL 39/11 DEP. DA VITÓRIA...........................07 03) (MENS. VETO N.º 244/11) PL 22/11 DEP. SANDRO LOCUTOR.............11 04) (MENS. VETO N.º 245/11) PL 161/11 DEP. JOSÉ ESMERALDO.............13 05) (MENS. VETO N.º 254/11) PL 71/11 DEP. NILTON BAIANO..................15 06) (MENS. VETO N.º 255/11) PL 73/11 DEP. CLAUDIO VEREZA...............21 07) PL 167/11 DEP. GILSINHO LOPES................................................. ............27 1

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

AVULSOS DA 1ª SESSÃO ORDINÁRIA DO DIA 06.02.2012

ÍNDICE

PROPOSIÇÃO PAG.

01) (MENS. VETO N.º 233/11) PL 76/11 DEP. NILTON BAIANO..................03

02) (MENS. VETO N.º 243/11) PL 39/11 DEP. DA VITÓRIA...........................07

03) (MENS. VETO N.º 244/11) PL 22/11 DEP. SANDRO LOCUTOR.............11

04) (MENS. VETO N.º 245/11) PL 161/11 DEP. JOSÉ ESMERALDO.............13

05) (MENS. VETO N.º 254/11) PL 71/11 DEP. NILTON BAIANO..................15

06) (MENS. VETO N.º 255/11) PL 73/11 DEP. CLAUDIO VEREZA...............21

07) PL 167/11 DEP. GILSINHO LOPES.............................................................27

08) PL 307/11 DEP. SANDRO LOCUTOR.........................................................32

09) PLC 22/11 DEP. GILSINHO LOPES.............................................................38

10) PL 83/11 DEP. GILSINHO LOPES...............................................................45

11) PL 332/11 DEP. LUZIA TOLEDO................................................................48

12) PR 31/11 DEP. GILSINHO LOPES...............................................................52

13) PEC 37/11 DEP. GILDEVAN FERNANDES................................................55

14) PL 359/11 DEP. GILSINHO LOPES ............................................................56

15) PL 366/11 DEP. GILSINHO LOPES.............................................................57

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16) PL 367/11 DEP. GILSINHO LOPES.............................................................57

17) PL 377/11 DEP. MARCELO COELHO.........................................................58

18) PL 379/11 DEP. MARCELO COELHO.........................................................59

19) PL 380/11 DEP. MARCELO COELHO.........................................................60

20) PL 382/11 DEP. GILSINHO LOPES.............................................................61

21) PL 384/11 DEP. GILSINHO LOPES.............................................................62

22) PL 385/11 DEP. GILSINHO LOPES.............................................................63

23) PL 387/11 DEP. LUIZ DURÃO.....................................................................64

24) PDL 157/11 DEP. SANDRO LOCUTOR......................................................64

25) PR 39/11 DEP. LUIZ DURÃO.......................................................................65

26) PL 400/11 DEP. GLAUBER COELHO.........................................................66

27) PL 401/11 DEP. LUCIANO PEREIRA..........................................................67

28) PL 403/11 DEP. LUCIANO PEREIRA..........................................................68

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MENSAGEM Nº. 233/2011

Senhor Presidente:

Comunico a V. Exa. que, amparado nos artigos 66, § 2° e 91, IV da Constituição Estadual vetei totalmente por inconstitucionalidade o Projeto de Lei n° 76/11, de autoria do Deputado Nilton Baiano, aprovado nessa Casa de Leis e transformado no Autógrafo de Lei n° 115/2011 versando sobre o seguinte tema: “Dispõe sobre a proteção e a segurança dos consumidores nas agências, postos bancários e instituições financeiras do Estado”.O veto que ora aponho ao projeto de lei em exame tem a razão de ser considerado o vício de iniciativa, por violação da competência legislativa dos municípios, de acordo com o que preceitua o artigo 30, inciso I da Constituição Federal, afrontando, também, o princípio da separação dos poderes, constante do artigo 2° do mesmo diploma normativo.As razões do veto estão aliceradas no parecer da Procuradoria Geral do Estado a quem mandei ouvir, e cujos argumentos aprovo e transcrevo:“O Autógrafo de Lei posto para análise ostenta conteúdo e motivação análogos ao Autógrafo de Lei nº 85/2011, recentemente examinado nos autos do processo 54798345/2011, que dispunha sobre a instalação de biombos, painéis de material opaco ou estruturas similares entre os caixas e os clientes em todas as agências bancárias e instituições financeiras localizadas no Estado, razão pela qual nos limitaremos a reproduzir nos presentes autos a manifestação promovida naquela oportunidade:“Da avaliação sob o aspecto formal. Interesse local. Violação da competência legislativa dos municípios, inscrita no artigo 30, inciso I da Constituição FederalO caput do artigo 1° do Autógrafo de Lei n° 85/2011 impõe a todas as agências bancárias em funcionamento no âmbito do Estado o dever de “...instalar, no espaço compreendido entre todos os caixas, inclusive eletrônicos, e os clientes que se encontrem na fila de espera, biombos, painéis de material opaco ou estruturas similares, com no mínimo 1,80m de altura...”, o que evidentemente busca preservar a segurança dos usuários dos serviços prestados por tais instituições, como claramente evidencia a justificativa que acompanhou a apresentação do projeto que lhe deu origem.Ao estabelecer tal obrigatoriedade, com as inerentes sanções, o Autógrafo analisado incorre em vício de inconstitucionalidade formal, que se traduz na invasão de competência legislativa atribuída aos Municípios pelo artigo 30, inciso I, da Constituição Federal, que prescreve:Art. 30. Compete aos Municípios:I – legislar sobre assuntos de interesse local;[...]Em que pese a polêmica que ronda o dispositivo, visto não haver consenso sobre quais assuntos possam ou devam ser considerados como de interesse local, os doutrinadores tem adotado, em geral, o entendimento de que tais interesses tanto podem estar restritos direta e imediatamente à comunidade local como podem também abranger temas que se projetam para além da comunidade municipal, afetando interesses dos Estados e até mesmo da União. Transcrevemos alguns excertos contendo o opinamento de alguns renomados estudiosos da matéria:“Interesse local como sinônimo da expressão ‘peculiar interesse’ utilizada antigamente para limitar a competência do Município, não significa interesse privativo e único dos Municípios. Não há interesse local que também não o seja reflexamente da União e do Estado-Membro, como não há interesse nacional ou regional que não se reflita nos Municípios como partes integrantes de uma realidade maior que é a Federação brasileira.”1 “Apesar de difícil conceituação, interesse local refere-se aos interesses que disserem respeito mais diretamente às necessidades imediatas do município, mesmo que acabem gerando reflexos no interesse regional (Estados) ou geral (União).A Constituição enumera algumas hipóteses, de competência municipal (CF, art. 30, III a IX e 169, §5º), presumindo a existência de interesse local.Dessa forma, salvo as tradicionais e conhecidas hipóteses de interesse local, as demais deverão ser analisadas caso a caso, vislumbrando-se qual o interesse predominante (princípio da predominância do interesse).”2De se ver, assim, que a norma prescrita na proposta legislativa que se estuda, destinada a preservar a segurança dos usuários dos serviços bancários, afronta as regras constitucionais de competência para dar início ao processo legislativo, por cuidar de assunto de interesse local, embora se reconheça a sua evidente necessidade e as nobres intenções do parlamentar que lhe deu impulso.Ainda que se possa supor que os responsáveis pela avaliação de constitucionalidade da proposta em apreço no âmbito da Casa Legislativa tenham

1 MACEDO, Regina Maria e FERRARI, Nery. Controle de Constitucionalidade das Leis Municipais. 3.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003, p. 59.

2 MORAES, Alexandre. Constituição do Brasil interpretada. São Paulo: Atlas, 2007, p. 728.

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considerado o assunto como tema de proteção do consumidor, cuja competência é de natureza concorrente, segundo define o art. 24, inciso V da Constituição Federal, as disposições do Autógrafo estudado incidiriam igualmente em inconstitucionalidade formal, dessa feita por interferência indevida na competência privativa da União para legislar sobre o sistema financeiro, inscrita no art. 48, inciso XIII da Constituição Federal, que se sobrepõe a quaisquer das outras normas constitucionais em debate.Qualquer que seja o enfoque da análise, pelo aspecto da segurança aos usuários ou da proteção dos valores, a Constituição Federal retira do âmbito legislativo estadual a competência para disciplinar a matéria, cuja iniciativa desdobra-se entre a União e os Municípios, conforme se apresente o conteúdo da norma prescritiva.Ressaltamos esta diferenciação apenas para melhor investigar a matéria, posto que no caso estudado, é de meridiana clareza que a proposta legislativa tem nítidos contornos de interesse local, tema que, por diversas vezes, mereceu a apreciação do Supremo Tribunal Federal, que avaliando normas de conteúdo semelhante, assim se posiciona:Estabelecimentos bancários - competência do município para, mediante lei, obrigar as instituições financeiras a instalar, em suas agências, dispositivos de segurança - inocorrência de usurpação da competência legislativa federal - alegação tardia de violação ao art. 144, § 8º, da constituição - matéria que, por ser estranha à presente causa, não foi examinada na decisão objeto do recurso extraordinário - inaplicabilidade do princípio "jura novit curia" - recurso improvido. O Município pode editar legislação própria, com fundamento na autonomia constitucional que lhe é inerente (CF, art. 30, I), com o objetivo de 2determinar, às instituições financeiras, que instalem, em suas agências, em favor dos usuários dos serviços bancários (clientes ou não), equipamentos destinados a proporcionar-lhes segurança (tais como portas eletrônicas e câmaras filmadoras) ou a propiciar-lhes conforto, mediante oferecimento de instalações sanitárias, ou fornecimento de cadeiras de espera, ou, ainda, colocação de bebedouros. Precedentes. (AI-AgR 347717/RS. Segunda Turma. Rel. Ministro Celso de Mello. Julgado em 31/05/2005. Publicado em 05/08/2005)Agravo regimental em agravo de instrumento. 2. Recurso que não demonstra o desacerto da decisão agravada, proferida em consonância com entendimento desta Corte. 3. Agências bancárias. Instalação de equipamentos de segurança. Competência legislativa municipal. Interesse local. Precedentes. 4. Art. 93, IX, da Constituição. Ofensa não configurada. Acórdão devidamente fundamentado. 5. Agravo regimental a que se nega provimento. (AI-AgR 574296/RS. Segunda Turma. Rel. Ministro Gilmar Mendes. Julgado em 23/05/2006. Publicado em 16/06/2006)No presente caso, não resta dúvida que a Assembléia Legislativa do Estado invadiu competência exclusiva dos Municípios, ao estabelecer a obrigatoriedade de instalação de biombos, painéis de material opaco nas agências bancárias, o que se traduz em matéria de predominante interesse local.Da avaliação sob o aspecto material. Violação aos princípios da autonomia dos entes federados e da separação dos poderes.Esta Procuradoria Geral tem entendido sistematicamente que a ocorrência de vício formal por invasão de competência acarreta, como conseqüência, o reconhecimento de violação ao princípio da separação dos poderes, como se verifica da manifestação que tomamos como exemplo, da lavra do Dr. Rafael Induzzi Drews, Procurador do Estado designado para exame do processo 30344310, onde se discutia tema semelhante ao debatido nestes autos, de onde se extrai:O princípio da separação de poderes (CF, art. 2° 3), cláusula pétrea no sistema da Constituição de 1988 (CF, art. 60, § 4°, III4), assenta-se em algumas idéias fundamentais. A principal delas é a que estabelece competências privativas a cada um dos poderes estatais e a impossibilidade de os demais nelas interferir (salvo se houver expressa autorização constitucional). Note-se, nesse passo, que compete privativamente ao Chefe do Poder Executivo a direção superior da Administração, conforme se observa dos arts. 84, II e VI, “a”, da Constituição Federal5. Esse dispositivo expressa o postulado constitucional da reserva da administração.O Supremo Tribunal Federal tem rechaçado reiteradamente leis estaduais que afrontem a reserva da administração e, portanto, o princípio da separação dos poderes. A orientação da corte, conforme se observa da ADI/MC 2364-AL (Rel. Min. Celso de Mello, DJ: 14/12/01), é que “o princípio constitucional da reserva de administração impede a ingerência normativa do Poder Legislativo em matérias sujeitas à exclusiva competência administrativa do Poder Executivo”6. Do voto do relator dessa ADI se extrai a seguinte passagem: “Vê-se, desse

3 Art. 2°: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

4 “Art. 60, § 4°: ‘Não será objeto de deliberações a proposta de emenda tendente a abolir: (...) III — a separação dos Poderes; 5 “Art. 84: “Compete privativamente ao Presidente da República: (...) II — exercer, com o auxilio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal; (...) VI — dispor, mediante decre sobre: a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;” – grifos acrescidos.6

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modo, que a intervenção normativa do Poder Legislativo, mediante lei, em área constitucionalmente reservada à atuação administrativa do Poder Executivo, qualifica-se como procedimento incompatível com os padrões ditados pêlo princípio da separação de poderes.É que não se pode ignorar, presente o contexto ora em exame, que, em tema de desempenho concreto, pelo Poder Executivo, das funções tipicamente administrativas que lhe são inerentes, incide clara limitação material à atuação do legislador, cujas prerrogativas institucionais sofrem as restrições derivadas do postulado constitucional da reserva de Administração.A reserva de administração - segundo adverte J. J. GOMES CANOTILHO (‘Direito Constitucional’, p. 810/811, a ed., 1991, Almedina, Coimbra) - constitui limite material à intervenção normativa do Poder Legislativo, pois, enquanto princípio fundado na separação orgânica e na especialização funcional das instituições do Estado, caracteriza-se pela identificação, no sistema constitucional, de um ‘núcleo funcional (...) reservado à administração contra as ingerências do parlamento’, por envolver matérias, que, diretamente atribuídas à instância executiva de poder, revelam-se insuscetíveis de deliberações concretas por parte do Legislativo, desvestido, portanto, sob tal perspectiva, de qualquer prerrogativa que lhe permita praticar, com repercussão sobre os servidores públicos vinculados ao Poder Executivo, verdadeiros atos administrativos referentes à investidura funcional ou à sua eventual invalidação.”A proposta legislativa constante dos autos envereda pela mesma irregularidade analisada pela Excelso Pretório, diante do que há que se reconhecer que idêntica conclusão se aplica, posto que ao dispor sobre matéria cuja competência defere-se privativamente ao Município, por se tratar de tema revestido de peculiaridades de interesse local, as prescrições do Autógrafo ferem o princípio da separação de poderes, inscrito nos dispositivos constitucionais comentados, ostentando, portanto, vício de constitucionalidade de natureza material, por afronta ao princípio inscrito no art. 2º da Constituição Federal”. Diante das razões alinhavadas, veto totalmente o Projeto de Lei n° 76/2011.Atenciosamente

JOSÉ RENATO CASAGRANDEGovernador do Estado

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA, SERVIÇO PÚBLICO E REDAÇÃO

PARECER N.º 520/2011

Mensagem de Veto: N.º 233/2011Veto total ao Projeto de Lei nº 76/11, transformado em Autógrafo de Lei nº 115/2011.Autor: Governador do Estado do Espírito SantoEmenta: “Dispõe sobre a proteção e a segurança dos consumidores nas agências, postos bancários e instituições financeiras do Estado do Espírito Santo”.

Trata a presente Mensagem Governamental n.º 233/2011, de autoria do Exmo. Sr. Governador do Estado, de veto total aposto ao Projeto de Lei nº 76/2011, transformado em autógrafo de lei nº 115/2011 de autoria do Deputado Estadual Nilton Baiano.

A mensagem de veto total, foi lida pela Mesa Diretora no dia 23/11/11, publicada no Diário Oficial do Poder Legislativo do dia 24 de novembro de 2011, trazendo as razões pelas quais vetou totalmente a matéria em referencia na ementa supra.

Designado Relator pelo Presidente desta Comissão de Constituição e Justiça, Serviço Público e Redação, para exame e parecer sobre as razões que levaram ao veto total, encaminhado pela Mensagem de nº 233/2011, sobre o aspecto da Constitucionalidade e Juridicidade, Legalidade, na forma do art. 121, e, art. 67, VII, do Regimento Interno (Resolução nº 2.700/09).

É o relatório sucintamente.

FUNDAMENTAÇÃO

O Veto total ora em exame, encaminhado pela Mensagem Governamental n.º 233/2011, sobre o Autógrafo de nº 115/11, que tem como objeto vetar totalmente, com as razões ali expostas.

Projeto de Lei nº 76/11, contém vício de inconstitucionalidade, por se tratar de matéria da competência municipal, na conformidade do art. 30, I da Carta Federal.

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Realmente, o Sr. Governador ao vetar totalmente, orientado pela Procuradoria Geral do Estado, o Projeto convertido em Autógrafo de nº 115/2011, afrontou texto constitucional. A lei atacada realmente não poderia prosperar, já que o Supremo Tribunal Federal, por mais de uma vez já se manifestou no sentido de que em se tratando de instituições financeiras, postos e agências, a competência é realmente do Município, matéria de interesse local.

Não é do bom direito, forçar a pena em legislação que já sofreu decisão desfavorável do Supremo Tribunal Federal, como se vê na mensagem, o Governador citou alguns casos.

A matéria não necessita de muita discussão a respeito de seu objeto, se é amparada pelo direito do consumidor ou não, trata-se do instituto da competência observada pelos doutrinados entre a esfera da repartição dos Poderes da República.

Respeitando profundamente o entendimento do Douto Procurador que orientou pela constitucionalidade, porque na verdade em tese de direito nunca existe uma única corrente, sendo que a palavra final é do STF. E neste caso, o Supremo já se manifestou pela competência municipal, não posso acompanhar o entendimento aceito pela Comissão de Constituição e Justiça no parecer de nº 221/2011, fls. 24, dos autos do Projeto de Lei nº 76/11, transformado em Autógrafo de Lei nº 115/2011.

Pelas razões supra, conselho a MANUTENÇÃO TOTAL DO VETO, aposto ao Projeto de Lei n.º 76/2011, transformado Autógrafo de Lei n.º 115/2011, encaminhado pela Mensagem Governamental de nº 233/2011.

Ao nosso sentir, o Sr. Governador ao vetar totalmente o Projeto de Lei de nº 76/2011, que foi transformado Autógrafo de Lei de nº 115/2011, encaminhado à esta Casa de Leis, pela Mensagem de Veto nº 233/2011, fez com acerto, tomando como base as decisões do Supremo Tribunal Federal, das quais não posso discordar.

Assim, e por estas razões, aconselho a manutenção do veto total, como se encontra na Mensagem que ora relato, mesmo reconhecendo a relevância e a necessidade de dar mais proteção aos usuários dos serviços bancários.

PARECER N. 520/2011

A COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA, SERVIÇO PÚBLICO E REDAÇÃO é pela MANUTENÇÃO TOTAL DO VETO, aposto ao Projeto de Lei n.º 76/11, Autógrafo de Lei n.º 115/2011, objeto da mensagem governamental de n º 233/2011.

Sala das Comissões, 06 de dezembro de 2011.

ELCIO ALVARESPresidente

MARCELO SANTOSRelator

DARY PAGUNGLÚCIA DORNELLAS

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MENSAGEM nº. 243 / 2011Senhor Presidente:

Comunico a V. Exª que, amparado nos artigos 66, § 2º e 91, IV da Constituição Estadual, vetei totalmente por inconstitucionalidade o Projeto de Lei nº 39/2011, de autoria do Deputado Da Vitória, dispondo sobre a obrigatoriedade da comunicação de nascimento sem identificação de paternidade à Defensoria Pública.

Apreciada e aprovada nessa Casa de Leis, a proposição do Deputado foi-me encaminhada para a manifestação deste Executivo quanto a sanção ou veto, providência que adotei após ouvir o pronunciamento da Procuradoria Geral do Estado, que aprovo, considerando que o conteúdo do projeto já está devidamente disciplinado na legislação federal:

“Da avaliação do autógrafo sob o aspecto formal. Competência do Estado para legislar a respeito da matéria.A disciplina do registro de nascimentos é tema que se insere no âmbito da competência legislativa privativa da União, nos termos do artigo 22, XXV da Constituição Federal:Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:(...)XXV - registros públicos; (...)

Embora o conteúdo do autógrafo examinado circunde o tema, não propõe alterações que alterem normas de registros públicos, cuidando, tão somente, de impor obrigações de cunho administrativo aos serventuários responsáveis por sua operacionalização.Esta hipótese já foi avaliada pelo Supremo Tribunal Federal, que, em sede cautelar, no julgamento da ADI 2.254-MC, de interesse do nosso Estado, considerou não haver invasão da competência privativa da União na iniciativa de norma semelhante a que nestes autos se examina, como se verifica da transcrição da Ementa do referido julgado:

“Estado Federal: discriminação de competências legislativas: lei estadual que obriga os ofícios do registro civil a enviar cópias das certidões de óbito (1) ao Tribunal Regional Eleitoral e (2) ao órgão responsável pela emissão da carteira de identidade. Ação direta de inconstitucionalidade por alegada usurpação da competência privativa da União para legislar sobre registros públicos (CF, art. 22, XXV). Medida cautelar indeferida por falta de plausibilidade dos fundamentos, quanto à segunda parte da norma impugnada, por unanimidade de votos – pois impõe cooperação de um órgão da Administração estadual a outro; e, quanto à primeira parte, por maioria – por entender-se compreendida a hipótese na esfera constitucionalmente admitida do federalismo de cooperação.” (ADI 2.254-MC, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 8-2-2001, Plenário, DJ de 26-9-2003.)Fazemos transcrever, para maior clareza, trecho do voto proferido pelo Ministro Celso de Melo nos autos referenciados:

“(...) a determinação constante de legislação estadual, destinada ao cumprimento por órgão que atua no âmbito do próprio Estado-membro, revela-se prescrição normativa revestida de plena legitimidade jurídico-constitucional.É certo que o Supremo Tribunal Federal – embora em contexto diverso – já declarou a inconstitucionalidade de lei estadual que impunha atribuições à Justiça Eleitoral, por entender que, em tal hipótese, falece competência ao Estado-membro para formular prescrições normativas destinadas a incidir sobre órgãos situados na estrutura institucional do Poder Judiciário da União (RTJ 100/1003), como ocorre na Justiça Eleitoral.Não é, porém, o que acontece na espécie ora em exame, pois o diploma legislativo em causa veicula cláusula impositiva dirigida, unicamente, a órgão do próprio Estado-membro.De outro lado, também vislumbro, na determinação constante da lei estadual em referência, uma típica manifestação normativa que se ajusta, de modo exemplar, aos postulados que informam o federalismo de cooperação, que representa, no contexto de nossa organização federativa, um expressivo instrumento de atuação solidária e de cooperação institucional entre as diversas pessoas estatais e instâncias de poder a que se refere, em seu art. 1°, o texto da Constituição da República.(...)”Observa-se, do cotejo entre conteúdo do Autógrafo analisado nestes autos e a norma que deu origem ao julgado que se trouxe à colação, um absoluto paralelismo, visto que ambas as situações exibem imposição de obrigação administrativa a ser cumprida pelos oficiais do registro civil e órgãos do próprio Estado, o que se traduz na cooperação entre entes a que se referiu o Supremo Tribunal Federal a ensejar a iniciativa legislativa por parte do Estado, e sendo assim, avaliadas somente sob este aspecto, as disposições do Autógrafo incluem-se no âmbito de competência legislativa do Estado-membro e não conflitam com os paradigmas constitucionais que orientam a repartição de competências entre os entes da Federação.Da avaliação do autógrafo sob o aspecto material. Disciplina da matéria na legislação infraconstitucional. Afronta aos princípios da razoabilidade, da eficiência e da economicidade.A Constituição Federal dedica um capítulo especial à família, erigindo uma série de preceitos que buscam garantir a cidadania e os direitos fundamentais da criança, o que inequivocamente se denota das prescrições contidas em seu artigo 227, com a redação que lhe foi conferida pela Emenda Constitucional nº 65/2010:

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“Art. 227 - É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”

Na esteira deste comando constitucional, está inserido o princípio da paternidade responsável, que encontra expressão no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/1990), segundo se depreende do texto conferido ao seu art. 27:

“Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser exercido contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado o segredo de justiça.”

Dos prescritivos transcritos resulta a inolvidável conclusão de que a família é considerada um dos pilares essenciais da sociedade brasileira, razão pela qual a proteção à criança, que está na gênese deste fundamento constitucional, transmuta-se em princípio balizador da política legislativa, no sentido de garantir plenamente os seus direitos.

Estas são as premissas que ancoram as obrigações legais da paternidade responsável, e atribuem ao Estado o poder de interferir em assunto de ordem pessoal, como o é a investigação de paternidade, transcendendo até mesmo a garantia constitucional de preservação da intimidade e a vontade parental, para assegurar as prerrogativas postas na Constituição Federal, que conferem à criança o direito ao reconhecimento do estado de filiação, que inegavelmente constitui elemento formador da cidadania.

No exercício de sua competência privativa, a União editou normas que orientam o registro de nascimentos, expressos na Lei Federal nº 8.560/1992, com as alterações promovidas pela Lei 12.010/2009, que regulam o procedimento de investigação de paternidade.

Optamos por transcrever o normativo em sua íntegra, para melhor elucidar a avaliação do conteúdo do Autógrafo examinado em cotejo com as suas prescrições:

Art. 1° O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável e será feito:I - no registro de nascimento;II - por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado em cartório;III - por testamento, ainda que incidentalmente manifestado;IV - por manifestação expressa e direta perante o juiz, ainda que o reconhecimento não haja sido o objeto único e principal do ato que o contém.

Art. 2° Em registro de nascimento de menor apenas com a maternidade estabelecida, o oficial remeterá ao juiz certidão integral do registro e o nome e prenome, profissão, identidade e residência do suposto pai, a fim de ser averiguada oficiosamente a procedência da alegação.§ 1° O juiz, sempre que possível, ouvirá a mãe sobre a paternidade alegada e mandará, em qualquer caso, notificar o suposto pai, independente de seu estado civil, para que se manifeste sobre a paternidade que lhe é atribuída.§ 2° O juiz, quando entender necessário, determinará que a diligência seja realizada em segredo de justiça.§ 3° No caso do suposto pai confirmar expressamente a paternidade, será lavrado termo de reconhecimento e remetida certidão ao oficial do registro, para a devida averbação.§ 4° Se o suposto pai não atender no prazo de trinta dias, a notificação judicial, ou negar a alegada paternidade, o juiz remeterá os autos ao representante do

Ministério Público para que intente, havendo elementos suficientes, a ação de investigação de paternidade.§ 5o Nas hipóteses previstas no § 4o deste artigo, é dispensável o ajuizamento de ação de investigação de paternidade pelo Ministério Público se, após o não comparecimento ou a recusa do suposto pai em assumir a paternidade a ele atribuída, a criança for encaminhada para adoção.§ 6o A iniciativa conferida ao Ministério Público não impede a quem tenha legítimo interesse de intentar investigação, visando a obter o pretendido reconhecimento da paternidade.

Art. 2o-A. Na ação de investigação de paternidade, todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, serão hábeis para provar a verdade dos fatos. Parágrafo único. A recusa do réu em se submeter ao exame de código genético - DNA gerará a presunção da paternidade, a ser apreciada em conjunto com o contexto probatório.

Art. 3° E vedado legitimar e reconhecer filho na ata do casamento.

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Parágrafo único. É ressalvado o direito de averbar alteração do patronímico materno, em decorrência do casamento, no termo de nascimento do filho.

Art. 4° O filho maior não pode ser reconhecido sem o seu consentimento.

Art. 5° No registro de nascimento não se fará qualquer referência à natureza da filiação, à sua ordem em relação a outros irmãos do mesmo prenome, exceto gêmeos, ao lugar e cartório do casamento dos pais e ao estado civil destes.

Art. 6° Das certidões de nascimento não constarão indícios de a concepção haver sido decorrente de relação extraconjugal.§ 1° Não deverá constar, em qualquer caso, o estado civil dos pais e a natureza da filiação, bem como o lugar e cartório do casamento, proibida referência à presente lei.§ 2º São ressalvadas autorizações ou requisições judiciais de certidões de inteiro teor, mediante decisão fundamentada, assegurados os direitos, as garantias e interesses relevantes do registrado .

Art. 7° Sempre que na sentença de primeiro grau se reconhecer a paternidade, nela se fixarão os alimentos provisionais ou definitivos do reconhecido que deles necessite.

Art. 8° Os registros de nascimento, anteriores à data da presente lei, poderão ser retificados por decisão judicial, ouvido o Ministério Público.

Art. 9° Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 10. São revogados os arts. 332, 337 e 347 do Código Civil e demais disposições em contrário.

A proposta de alteração prescrita no Autógrafo examinado tem como fundamento fazer incluir a obrigação de remessa mensal à Defensoria Pública Estadual da relação dos registros de nascimento sem indicação de paternidade, com o objetivo de “...não somente identificar um pai no registro de nascimento, mas reconhecer um pai que participe, que cumpra seu papel na vida do filho...”.Mesmo reconhecendo as louváveis intenções do parlamentar proponente, constatamos que a norma introduz no ordenamento jurídico medida absolutamente inócua, visto que a legislação federal já disciplina todo este procedimento.É relevante destacar que a investigação oficiosa de paternidade, disciplinada pela legislação em comento, é um procedimento administrativo obrigatório, de competência dos juízes das Varas de registros públicos, que não se confunde com o processo de investigação de paternidade promovido por provocação da parte interessada junto às Defensorias Públicas ou ao Ministério Público, adstrito às Varas de família.A competência fixada na Constituição para as Defensorias Públicas atribui a tais entes a orientação jurídica e a defesa dos necessitados, o que não significa, no entanto, que possam agir de ofício, sem provocação das partes interessadas.Desta forma, de posse dos relatórios encaminhados pelos cartórios de registro civil, segundo impõe a proposição legislativa estudada, somente caberia à Defensoria efetuar a devida comunicação ao Ministério Público Estadual, que detém a legitimidade processual para propositura da ação investigativa em nome do menor interessado, na ausência de providências por parte de seus representantes legais, ou a seu pedido, como já reconheceu o Supremo Tribunal Federal, nos termos do julgado que se transcreve:EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL CIVIL. LEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA AJUIZAR AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE. FILIAÇÃO. DIREITO INDISPONÍVEL. INEXISTÊNCIA DE DEFENSORIA PÚBLICA NO ESTADO DE SÃO PAULO. 1. A Constituição Federal adota a família como base da sociedade a ela conferindo proteção do Estado. Assegurar à criança o direito à dignidade, ao respeito e à convivência familiar pressupõe reconhecer seu legítimo direito de saber a verdade sobre sua paternidade, decorrência lógica do direito à filiação (CF, artigos 226, §§ 3o, 4o, 5o e 7o; 227, § 6o). 2. A

Carta Federal outorgou ao Ministério Público a incumbência de promover a defesa dos interesses individuais indisponíveis, podendo, para tanto, exercer outras atribuições prescritas em lei, desde que compatível com sua finalidade institucional (CF, artigos 127 e 129). 3. O direito ao nome insere-se no conceito de dignidade da pessoa humana e traduz a sua identidade, a origem de sua ancestralidade, o reconhecimento da família, razão pela qual o estado de filiação é direito indisponível, em função do bem comum maior a proteger, derivado da própria força impositiva dos preceitos de ordem pública que regulam a matéria (Estatuto da Criança e do Adolescente, artigo 27). 4. A Lei 8560/92 expressamente assegurou ao Parquet, desde que provocado pelo interessado e diante de evidências positivas, a possibilidade de intentar a ação de investigação de paternidade, legitimação essa decorrente da proteção constitucional conferida à família e à criança, bem como da indisponibilidade legalmente atribuída ao reconhecimento do estado de filiação. Dele decorrem direitos da personalidade e de caráter patrimonial que determinam e justificam a necessária atuação do Ministério Público para assegurar a sua efetividade, sempre em defesa da criança, na hipótese de não reconhecimento voluntário da paternidade ou recusa do suposto pai. 5. O direito à intimidade não pode consagrar a irresponsabilidade paterna, de forma a inviabilizar a imposição ao pai biológico dos deveres resultantes de

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uma conduta volitiva e passível de gerar vínculos familiares. Essa garantia encontra limite no direito da criança e do Estado em ver reconhecida, se for o caso, a paternidade. 6. O princípio da necessária intervenção do advogado não é absoluto (CF, artigo 133), dado que a Carta Federal faculta a possibilidade excepcional da lei outorgar o jus postulandi a outras pessoas. Ademais, a substituição processual extraordinária do Ministério Público é legítima (CF, artigo 129; CPC, artigo 81; Lei 8560/92, artigo 2o, § 4o) e socialmente relevante na defesa dos economicamente pobres, especialmente pela precariedade da assistência jurídica prestada pelas defensorias públicas. 7. Caráter personalíssimo do direito assegurado pela iniciativa da mãe em procurar o Ministério Público visando a propositura da ação. Legitimação excepcional que depende de provocação por quem de direito, como ocorreu no caso concreto. Recurso extraordinário conhecido e provido.De se ver, portanto, que a proposição legislativa presente no Autógrafo de Lei 114/2011, nada mais faz senão repetir preceitos da legislação federal que já são de observância obrigatória por parte do Estado, sem qualquer inovação de caráter suplementar, resultando apenas em inútil dispêndio de recursos por parte do Erário, o que, em última análise, acaba por gerar dilapidação do patrimônio público.Esta Procuradoria Geral tem adotado o entendimento de que normas com tais características ostentam vício de inconstitucionalidade material, por violação aos princípios da razoabilidade, da eficiência e da economicidade, na esteira de diversas decisões do Supremo Tribunal Federal no mesmo sentido. Transcrevemos, em caráter ilustrativo, trecho do parecer proferido pelo Procurador do Estado Dr. Rafael Induzzi Drews, por ocasião do exame do

processo nº 30234255, onde se discutia tema assemelhado ao que nestes autos se analisa, e que sintetiza o pensamento jurídico desta Procuradoria a propósito do tópico que se estuda:“(...) A razoabilidade já foi afirmada diversas vezes pelo Supremo Tribunal Federal como instrumento de aferição da constitucionalidade das leis, por ter sede no devido processo legal (art. 5º inciso LIV), em sua projeção material (substantive due process of law). Conforme ressaltado pelo Min. Celso de Mello, relator da ADIMC nº 2667-DF, DJU 12/03/2004:

“A validade jurídico-material das manifestações do Estado, analisadas em função de seu conteúdo intrínseco, passa a depender, essencialmente, da observância de determinados requisitos que pressupõem “não só a legitimidade dos meios utilizados e dos fins perseguidos pelo legislador, mas também a adequação desses meios para consecução dos objetivos pretendidos (....) e a necessidade de sua utilização (...)“, de tal modo que “Um juízo definitivo sobre a proporcionalidade ou razoabilidade da medida há de resultar da rigorosa ponderação entre o significado da intervenção para o atingido e os objetivos persegui dos pelo legislador (..j” (GILMAR FERREIRA MENDES, “A proporcionalidade na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal”, “in” Repertório IOB de Jurisprudência, n. 23/94, p. 475)”(...)“A jurisprudência constitucional do Supremo Tribunal Federal, bem por isso, como já referido, tem censurado a validade jurídica de atos estatais, que, desconsiderando as limitações que incidem sobre o poder normativo do Estado, veiculam prescrições que ofendem os padrões de razoabilidade e que se revelam destituídas de causa legítima, exteriorizando abusos inaceitáveis, institucionalizando agravos inúteis e nocivos aos direitos das pessoas (ADI 1.063/DF, Rei. Mm. CELSO DE MELLO - ADI 1.158/AN, Rei. Mm. CELSO DE MELLO, v.g.).”

No particular, a violação a esse princípio decorre do reconhecimento de que as normas instituídas pelo Projeto de Lei são absolutamente desnecessárias. E isso porque buscam uma transparência que já se acha suficientemente garantida pelas normas (a) que regem as licitações e contratos administrativos (v.g. art. 61, parágrafo único da Lei nº 8.666/93) e (b) que impõem a prestação de contas anualmente pelo Chefe do Poder executivo ao Tribunal de Contas (CF, art. 71, I). Nesse quadrante, a obrigatoriedade de publicação mensal dos pagamentos feitos aos maiores fornecedores e prestadores de serviço implicará apenas gastos desnecessários ao erário estadual, violando, assim, os princípios da eficiência e da economicidade (CF, art. 37, “caput” e 70, “caput”)(...)”. Conclusão idêntica se impõe a propósito do tema que nestes autos se examina, porquanto fere os mencionados princípios instituir norma no âmbito estadual que não só já se encontra disciplinada pela União, como também excede os limites da competência do órgão estadual à quem se dirigem as providências requeridas, no caso, a Defensoria Pública Estadual, conforme já demonstrado. Considerando todo o exposto, concluímos pela inconstitucionalidade do Autógrafo nº 114/2011, visto que, embora não se vislumbre vício de natureza formal, já que o preceptivo não excede os limites da competência legislativa estadual, já se encontra o seu conteúdo normativo devidamente disciplinado na legislação federal, o que fere os princípios da razoabilidade, da eficiência e da economicidade, constantes, respectivamente, do art. 5º, inciso LIV, art. 37, caput e art. 70, caput, todos da Constituição Federal de 1988, razão pela qual recomendamos seja vetado pelo Chefe do Poder Executivo, em sua integralidade”.

AtenciosamenteJOSÉ RENATO CASAGRANDE

Governador do Estado

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MENSAGEM nº 244 / 2011Senhor Presidente:

Com o OF. N° 5526 /SGP/ALES, datado de 1° de novembro de 2011, veio-me o Autógrafo de Lei n° 113/2011, de autoria do Deputado Sandro Locutor, para a manifestação deste Executivo quanto a sanção ou veto na forma constitucional.Assim, fazendo uso da competência que me é outorgada pela Constituição Estadual em seus artigos 66, § 2° e 91, IV, decidi vetar totalmente o PL n° 22/11 por entendê-lo contrário ao interesse público, pelas razões adiante expostas fundamentadas no parecer emitido pela Procuradoria Geral do Estado a quem mandei ouvir, cujo texto aprovo e transcrevo:

“Inicialmente, cumpre acentuar que legislação estadual pode estabelecer validamente medidas visando à integração social de pessoas consideradas obesas. Basta ver, a propósito, que o Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento de medida cautelar requerida na ADI n.º 2.477, entendeu por bem manter a presunção de validade de lei do Estado do Paraná que visa a promover um melhor acesso de pessoas obesas (situação orgânica que foi reputada na oportunidade como espécie de deficiência física) a salas de projeções, teatros e demais espaços culturais; in verbis: INFORMATIVO Nº 265TÍTULOAssentos para Obesos: Periculum in Mora InversoPROCESSO

ADI - 2477

ARTIGOO Tribunal, por maioria, negou referendo à decisão proferida pelo Min. Ilmar Galvão que deferira em parte o pedido de medida liminar em ação direta ajuizada pelo Governador do Estado do Paraná contra os artigos 1º, 2º e 3º da Lei 13.132/2001, do mesmo Estado ["Art. 1º As salas de projeções, teatros e os espaços culturais no Estado do Paraná que utilizam assentos para platéia deverão reservar 3% (três por cento) desses lugares para utilização por pessoas obesas. Art. 2º As empresas concessionárias de transporte coletivo municipal e intermunicipal com sede no Estado do Paraná deverão reservar no mínimo 02 (dois) lugares em cada veículo, para atendimento do disposto nesta lei. Art. 3º Os lugares reservados de que tratam os artigos anteriores consistirão em assentos especiais, de forma a garantir o conforto físico compatível para as pessoas objeto desta lei."]. Considerou-se que, à primeira vista, a Lei impugnada está inserida na competência concorrente dos Estados e Municípios para legislar sobre a proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência prevista no art. 24, XIV, da CF (haja vista que a obesidade mórbida é uma forma de deficiência física), e, que, na hipótese, há a inversão de riscos, visto que a irreparabilidade dos prejuízos recairia sobre pessoas desfavorecidas por estado patológico que devem merecer tratamento especial por parte do Poder Público. Vencidos os Ministros Ilmar Galvão, relator, e Ellen Gracie, que referendavam a medida cautelar, nos termos em que concedida, ou seja, tão- somente para suspender a eficácia do art. 1º e da expressão "municipal e" constante do art. 2º da Lei 13.132/2001 por entenderem que tais matérias são de interesse local e conseqüentemente, da competência legislativa municipal (CF, art. 30, I e V), excluídas, portanto, da competência legislativa do Estado. ADInMC 2.477-PR, rel. Min. Ilmar Galvão, 25.4.2002. (ADI-2477)

Em que pese essa conclusão, tem-se que o autógrafo de lei sob análise padece de vícios que recomendam a aposição de veto por parte do Chefe do Poder Executivo estadual.Como se vê de seu conteúdo, o texto normativo em inquirição estatui uma permissão ao Poder Executivo Estadual para realizar determina conduta. Trata-se, portanto, de permissão positiva (permissão para fazer algo). Ocorre que, segundo a Teoria Geral do Direito, as normas permissivas positivas só fazem sentido ante a existência prévia de normas proibitivas do comportamento a que se almeja franquear. Em outras palavras, a permissão normativa de uma determinada conduta só tem sentido lógico caso ela, em razão do ordenamento jurídico em vigor, for proibida por uma norma imperativa negativa. Ninguém melhor do que NOBERTO BOBBIO para esclarecer tal aspecto:[...] a função das normas permissivas é a de eliminar um imperativo em determinadas circunstâncias ou como referência ou com referência a determinadas pessoas, e portanto, as normas permissivas pressupõem as normas imperativas. Se não se partisse do pressuposto da imperatividade, não haveria necessidade, em determinadas circunstâncias e em relação a determinadas pessoas, de eliminar um imperativo, isto é, de permitir.[...][...] as normas permissivas positivas são aquelas que negam um imperativo negativo (ou proibição); as normas permissivas negativas são aquelas que negam um imperativo positivo (ou comando) [...]. (Teoria da norma jurídica. São Paulo: Edipro, 2001, p.126-128)

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Tais lições aplicam-se com perfeição no campo do direito privado, mas dependem de certas adaptações quando lançadas no campo do direito público, circunstância que ocorre como conseqüência da incidência especial de determinado princípio constitucional: o princípio da legalidade. Diante da Administração Pública, o princípio da legalidade (CRFB, art. 5º, II), pedra angular de nosso Estado Democrático de Direito, é visto com peculiar pujança, dando origem a um modelo paradigmático do agir estatal. Seu conteúdo prescritivo limitador, quando em referência ao Estado, pode ser resumido na seguinte passagem do administrativista pátrio CARLOS ARI SUNDFELD:À idéia de submissão do Estado à ordem jurídica, aplicável ao direito público, opõe-se o princípio, que está na base do direito privado, da liberdade dos indivíduos. Para o particular praticar validamente um ato, não necessita de autorização expressa da norma jurídica; basta que o ato não seja proibido pelo direito. Por isso se afirma que o particular pode fazer tudo que a Constituição as leis não proíbem, enquanto o Estado só pode fazer aquilo que tais normas autorizam expressamente. Em outras palavras: a validade dos atos privados depende apenas de sua não-contrariedade com o direito, enquanto a dos atos de direito público depende não só disso, mas também de seu amparo em norma (constitucional ou legal) autorizadora específica. (Fundamentos de direito público. 4. ed. São Paulo: Malheiros, 2003, p.162-163)

Assim, pode-se concluir que, mais do que não ter proibição legal castradora do agir, o poder público, especialmente a Administração, deve ter autorização legal para atuar. Dentro dessa perspectiva, poder-se-ia concluir, de afogadilho, pela prestabilidade jurídica da proposição contida neste processo administrativo, uma vez que supre lacuna legislativa afeta à realização de determinada conduta estatal. Porém, assim não ocorre no caso sob exame, na medida em que o Autógrafo de Lei n.º 113/2011 não veicula uma autorização jurídica capaz de possibilitar, de fato, uma ulterior ação administrativa válida, nem sequer se mostra razoável em sua específica conformação prescritiva. A uma porque a incipiente legislação em foco deveria estabelecer os requisitos necessários para pormenorizar a situação de obesidade (qual são os critérios técnicos aceitáveis, se ela se dirige apenas à obesidade mórbida ou não, etc.), bem como detalhar como se materializaria, de fato, as medidas que levariam ao estímulo fiscal que configura seu objeto. Sem tais pormenores, conclui-se, facilmente, que será necessário editar outra lei para suplantar tais omissões em prol de garantir uma mínima eficácia ao direito posto no autógrafo sob exame. Até porque ato regulamentar oriundo do Poder Executivo não poderá adentrar nessa seara, sob pena de ofensa ao princípio constitucional da legalidade (artigo 5º, II, da CF-88). A duas porque, em complementação da constatação anterior, o texto sob análise deveria especificar quais seriam os “incentivos fiscais de geração de emprego”, tendo em vista que os tributos e encargos incidentes nos atos de contratação, pagamento e demissão de trabalhadores são todos da competência legislativa da União Federal. Nesse prisma, não é possível fazer um correlação entre desoneração fiscal de ICMS, ITCD e IPVA – tributos cuja competência tributária pertencem aos Estados-membros – e a contratação de pessoas obesas por parte das empresas. Daí porque a autorização legislativa em apreço se mostra inútil em sua conformação, já que não há matriz paramétrica adequada para ulterior regulamentação infralegal, tendo em vista que os tributos incidentes no substrato fático eleito são todos da alçada de outro ente político. Por fim, se é certo que a obesidade pode ser considerada como condição pessoal capaz de afiançar a adoção de medidas legislativas visando ao aparelhamento da sociedade para a integração social da parcela da população acometida por tal situação, também é constatação inconcussa que ela não se mostra condição pessoal estável no tempo, tal como a idade e a deficiência física consolidada (outros campos versados pela legislação objeto de alteração). Desse modo, é sobremaneira difícil a eleição da obesidade para a concessão de benefícios pessoais sem que se crie mecanismo de aferição da permanência desse estado fático. Nessa ordem de idéias, não é razoável que empresas fruam com eventual benefício fiscal decorrente de situação personalíssima potencialmente transitória, sem que existam mecanismos capazes de aferir sua manutenção ao longo do período de concessão (omissão detectada no autógrafo em apreço). Como se nota, diante das especificidades do tema em apreço, não é recomendável que legislação com tal escopo seja construída de forma incôndita, incompleta, necessitando, portanto, de um maior detalhamento no altiplano legal, a fim de se garantir a sua mínima eficácia e utilidade”.

Pelo exposto o veto total se impõe. Atenciosamente

JOSÉ RENATO CASAGRANDEGovernador do Estado

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MENSAGEM nº 245 / 2011Senhor Presidente:

Dou conhecimento à Mesa Diretora dessa Assembleia Legislativa que, amparado nos artigos 66, § 2º e 91, IV da Constituição Estadual, vetei por contrariedade ao interesse público o Projeto de Lei n° 161/2011, de autoria do Deputado José Esmeraldo, que: “Inclui no Plano Rodoviário Estadual o trecho que liga Roda d’ Água a Duas Bocas, próximo ao entroncamento da Rodovia ES-080, no Município de Cariacica.” O veto que ora aponho ao projeto de lei está fulcrado no parecer técnico do Departamento de Estradas de Rodagem que proposição do Deputado trata de estrada vicinal que, em principio, não coincide com nenhum trecho pertencente ao Sistema Rodoviário Estadual. O proponente do Projeto deverá identificar, de forma inequívoca o quilômetro da Rodovia ES-080 onde terá início o trecho pretendido, descrevendo sua extensão total, bem como informando as coordenadas geográficas de inicio e término. Considerando se tratar de via de tráfego local, conveniente se torna a justificativa técnica/sócio-economica para a inclusão do trecho no Sistema Rodoviário Estadual.Eis, pois, as razões do veto.

AtenciosamenteJOSÉ RENATO CASAGRANDE

Governador do Estado

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA, SERVIÇO PÚBLICO E REDAÇÃO

PARECER N.º 544/2011

Parecer do Relator: Mensagem de Veto n.º 245/2011(Projeto de lei 161/2011).Autor: Governador do Estado do Espírito SantoEmenta: “Inclui no Plano Rodoviário Estadual o trecho que liga Roda D´ Água a Duas Bocas, próximo ao entroncamento da rodovia ES-08, no município de Cariacica”

RELATÓRIO

Trata a presente Mensagem Governamental n.º 245/2011, de autoria do Excelentíssimo Senhor Governador do Estado, de veto total aposto ao Projeto de Lei nº 161/2011, de autoria do Deputado Estadual José Esmeraldo, que Inclui no Plano Rodoviário Estadual o trecho que liga Roda D’Água a Duas Bocas, próximo ao entroncamento da rodovia ES-08, no município de Cariacica, por contrariedade do interesse público.

A Mensagem de Veto nº 245/2011, foi protocolizada em 24/11/2011, lida na sessão ordinária do dia 30/11/2011 e publicada no Diário do Poder Legislativo - DPL, edição do dia 01/12/2011.

Coube-me a relatoria, na forma do art. 41, inciso I, do Regimento Interno.É o relatório sucinto.

FUNDAMENTAÇÃO

Com arrimo no art. 66, § 2º, da Constituição Estadual, o VETO TOTAL ora em exame, encaminhado pela Mensagem Governamental nº 245/2011, que visa invalidar totalmente o Projeto de Lei nº 161/2011, em sucintas razões o Sr. Governador do Estado do Espírito Santo, vetou totalmente o projeto por contrariar o interesse público.

Sob o prisma da constitucionalidade formal do Projeto de Lei em epígrafe, verifica-se que não há interferência ilegítima do Poder Legislativo na competência legislativa privativa do Estado, eis que, no caso em tela, a competência para legislar sobre a matéria é do Poder Legislativo, conforme dispõe o art. 63, caput da Carta Estadual.

Antes do mérito, reportamos aos pareceres lançados nas respectivas Comissões, todos aprovados a unanimidade, a saber:

a) Comissão de Constituição e Justiça Serviço Público e Redação, parecer de nº 259.

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b) Comissão de Infraestrutura, Desenvolvimento Urbano e Regional, de Mobilidade Urbana e Logística, parecer de nº 001.

c) Comissão de Finanças, Economia, Orçamento, Fiscalização, Controle e Tomada de Contas, parecer de nº 45.

d) Autógrafo de lei nº 116/2011.

Vale ressaltar, que a medida proposta pelo legislador estadual pretende apenas incluir no Plano Rodoviário Estadual o trecho em referência, com a finalidade de oportunizar a aplicação de melhorias na referida estrada com recursos estaduais.

De plano, precisamos saber o que é interesse público no direito administrativo brasileiro? O interesse público primário é o verdadeiro interesse a que se destina a Administração Pública, pois este alcança o

interesse da coletividade e possui supremacia sobre o particular, já no que diz respeito ao interesse público secundário este visa o interesse patrimonial do Estado. Este interesse secundário, explica, por exemplo, a demora do Estado no pagamento dos precatórios uma vez que ele (Estado) está defendendo seu próprio interesse (art. 100, CF).

A exegese do disposto no art. 82, III, do CPC, impõe a distinção jus-filosófica entre o interesse público primário e o interesse da administração, cognominado interesse público secundário. (Lições de Carnelutti, Renato Alessi, Celso Antônio Bandeira de Mello e Min. Eros Roberto Grau).

Destarte, é assente na doutrina e na jurisprudência que indisponível é o interesse público, e não o interesse da administração. Sob esse enfoque, saliente-se que dentre os diversos atos praticados pela Administração.

Portanto, interesse público é aquele atribuído à comunidade como um todo e não a cada indivíduo, isoladamente considerado. De acordo com Bandeira de Mello (2004, p. 53), “o interesse público deve ser conceituado como o interesse resultante do conjunto dos interesses que os indivíduos pessoalmente têm quando considerados em sua qualidade de membros da Sociedade e pelo simples fato de o serem”.

Por fim, o principio da indisponibilidade do interesse público é o dever dos agentes públicos em exercer suas competências, sempre de modo a satisfazer o interesse público.

Ao nosso sentir, o Deputado Autor, em sua justificativa, deu mostra de que realmente seu projeto de lei, visa atender melhor o interesse coletivo da região ao propor uma maneira adequada de melhorar a estrada vicinal.

Alegação de que a estrada objeto do projeto não coincide com nenhum trecho pertencente ao sistema Rodoviário Estadual. Não é a inteligência do artigo 1º do autografo de lei 116/2011.

Ausência de identificação inequívoca no quilômetro da Rodovia ES-080, também, não foi feliz na colocação, já que o texto do artigo 1º do Projeto de Lei de nº 161/2011, não deixa dúvida nenhuma.

Por todo o exposto, concluímos entendendo pela constitucionalidade do Projeto de Lei n.º 161/2011, Autógrafo de Lei n.º 116/2011. Porquanto, deve ser rejeitado o Veto Total aposto através da Mensagem Governamental nº 245/2011.

Sendo o que, sugerimos aos nobres pares desta douta Comissão a adoção do seguinte:

PARECER N.º 544/2011

A COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA, SERVIÇO PÚBLICO E REDAÇÃO é pela REJEIÇÃO do Veto Total aposto ao Projeto de Lei n.º 161/2011, Autógrafo de Lei n.º 116/2011, através da mensagem governamental n.º 245/2011.

Plenário Rui Barbosa, 13 de dezembro de 2011.

ELCIO ALVARESPresidente

RODNEY MIRANDARelator

DARY PAGUNGMARCELO SANTOS

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MENSAGEM nº. 254/2011Senhor Presidente:

Dou conhecimento à Mesa Diretora dessa Casa de Leis que, investido da competência que me foi outorgada pela Constituição Estadual em seus artigos 66, § 2º e 91, IV, decidi vetar, parcialmente, o Projeto de Lei nº 71/11, de autoria do Deputado Nilton Baiano, versando sobre o seguinte tema: “Dispõe sobre a adoção de medidas para evitar a existência de criadouros para Aedes aegypti e Aedes albopictus, nos locais determinados e adota outras providências”.

O veto que ora aponho ao projeto sob exame incide tão-somente sobre os artigos 3º e 4º, os incisos III e IV do artigo 5º e § 2º do artigo 6º, segundo manifestação da Procuradoria Geral do Estado, a quem mandei ouvir e cujo parecer adoto nos seguintes termos:“O assunto tratado no autógrafo sob exame pode ser apreendido sob dois enfoques distintos. Pode-se entender, numa primeira leitura, que esse texto normativo está tanto sob a égide da competência concorrente para legislar sobre direito do consumidor , quanto sob a égide da competência concorrente para legislar sobre proteção e defesa da saúde .

Contudo, uma análise mais detida revela que a matéria regrada por tal ato amolda-se, como maior perfeição, ao temário afeto à proteção e defesa da saúde. E isso com base em vários motivos.

Primeiro porque o dever em foco não visa a resguardar direitos ou prerrogativas que despontam imediatamente da relação de consumo, muito menos a melhorar o mercado de consumo. Pelo contrário, a informação obrigatória criada almeja evitar o consumo de determinados medicamentos, por representarem inconteste prejuízo à saúde humana. Eis o que diz o código consumerista quanto à finalidade da informação no âmbito do direito do consumidor:

CDC

Art. 4º. A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: (Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995):[...]

IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo;

Segundo porque o dever em foco, caso considerado conatural às relações de consumo, já seria exigível por força do que dispõem os artigos 9º e 66, ambos do CDC:

CDC

Art. 9° O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto.

Art. 66. Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação relevante sobre a natureza, característica, qualidade, quantidade, segurança, desempenho, durabilidade, preço ou garantia de produtos ou serviços:

Pena - Detenção de três meses a um ano e multa.

Terceiro porque o Projeto de Lei n.º 6.664/2006, que tramitou no Câmara dos Deputados (foi arquivado devido a fim de legislatura) e continha o mesmo conteúdo prescritivo do autógrafo sob exame, buscava alterar justamente a legislação nacional que cuida da vigilância sanitária a que se sujeitam os medicamentos, drogas e insumos farmacêuticos (Lei n.º 6.360/66). Circunstância que, numa análise comparativa, afiança a conclusão aqui adotada. Veja-se, por oportuno, o parecer do relator de tal projeto de lei:

O objetivo do projeto ora em análise é disponibilizar, como medida de melhoria da segurança dos consumidores de medicamentos, uma listagem daqueles produtos alvo de suspensão de comercialização, pelas autoridades sanitárias. Como bem ressaltou o autor da proposta, ela teria um caráter educativo e inibitório. Educativo porque propalaria de forma mais factível os

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produtos retirados do mercado por medida de segurança sanitária. Inibitório porque tornaria mais difícil a venda indevida de tais produtos, por comerciantes inescrupulosos que porventura possam tentar se aproveitar da ignorância dos consumidores acerca da referida proibição. Portanto, a medida alvitrada pode ser considerada oportuna e relevante para a saúde individual e coletiva. Ela poderá, caso aprovada, incrementar a segurança no uso de medicamentos pelos indivíduos. Tal melhoria se mostra consentânea com a Política Nacional de Medicamentos – PNM, preconizada pela Portaria n.º 3.916, de 30 de outubro de 1998, editada pelo Ministério da Saúde. Essa política constitui elemento fundamental para a efetiva implementação de ações capazes de promover a melhoria das condições da assistência à saúde da população. A principal intenção da PNM é a garantia de segurança, eficácia e qualidade dos medicamentos disponibilizados ao comércio no território nacional, além da promoção de seu uso racional. Dessa forma, verifica-se que o projeto em tela também busca a garantia da necessária segurança que deve estar presente no uso adequado dos medicamentos, em perfeita consonância com a citada política. Portanto, consideramos que a matéria deva ser aprovada por esta Comissão de Seguridade Social e Família. Todavia, cumpre ressaltar que existe uma lei federal, com plena vigência, que dispõe sobre a vigilância sanitária a que se sujeitam os medicamentos, drogas e insumos farmacêuticos. Trata-se da Lei n.º 6.360, de 23 de setembro de 1976. Assim, entendemos mais adequado tratar da matéria objeto do presente projeto no âmbito dessa lei, em vez de editar uma lei autônoma. Isso posto, verifica-se que o art. 7º da Lei 6.360/76 prevê a possibilidade, como medida de segurança sanitária, da suspensão de fabricação e venda de qualquer dos produtos tratados no referido diploma legal que se tornarem suspeitos de apresentarem efeitos nocivos à saúde humana. [...]. (informações colhidas no site: www.camara.gov.br). Assim é que se pode afirmar que o autógrafo em disquisição foi editado para tratar do assunto relativo à proteção e defesa da saúde. Como já dito, a competência legislativa pertencente ao Estado federado para cuidar de matéria afeta à defesa da saúde é do tipo concorrente limitada, restando-lhe, nesse caso, a denominada competência legislativa suplementar, que consiste na atribuição de complementar as normas gerais expelidas pela União Federal, criando normas específicas, e, no caso de ausência de legislação nacional de cunho geral quanto a um determinado tema, exercer a competência legislativa plena, com uma atuação supletiva em relação à lacuna em questão, em prol de atender as suas peculiaridades. Conclusões que são extraídas facilmente da disciplina constitucional sobre o tema:

CF/88

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:[...]

XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;[...]

§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.

Bem por isso é que se pode afirmar que, em se tratando de competência legislativa concorrente limitada, a União Federal não pode invadir o espaço reservado aos Estados para elaborar suas normas específicas (podendo apenas, como é óbvio, estabelecê-las para os órgãos federais), e, por outro lado, o Estado não poderá, prima facie, confeccionar normas gerais sobre o tema objeto desse tipo de competência. O resultado dessa delimitação de poderes legislativos é a inconstitucionalidade das normas editadas fora dos limites desenhados pelos parágrafos do art. 24 da Carta da República , como ensina FERNANDA DIAS MENEZES DE ALMEIDA:

[...] no campo da competência concorrente cumulativa, em que há definição prévia do campo de atuação legislativa de cada centro de poder em relação a uma mesma matéria, cada um deles, dentro dos limites definidos, deverá exercer sua competência com exclusividade, sem subordinação hierárquica. Com a conseqüência de que a invasão do espaço legislativo de um centro de poder por outro gera a inconstitucionalidade da lei editada pelo invasor. (A repartição das competências na constituição brasileira de 1988. 3. ed., São Paulo: Atlas, 2005, p. 146 – grifo nosso)

Essa assertiva doutrinária é, aliás, corroborada pelo seguinte julgado do STF:

EmentaAÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI Nº 2.210/01, DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL. OFENSA AOS ARTIGOS 22, I E XII; 25, § 1º; 170, CAPUT , II E IV; 1º; 18 E 5º CAPUT, II E LIV. INEXISTÊNCIA. AFRONTA À COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONCORRENTE DA UNIÃO PARA EDITAR NORMAS GERAIS REFERENTES À PRODUÇÃO E CONSUMO, À PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE E CONTROLE DA POLUIÇÃO E À PROTEÇÃO E DEFESA DA SAÚDE. ARTIGO 24, V, VI E XII E §§ 1º E 2º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.

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Não cabe a esta Corte dar a última palavra a respeito das propriedades técnico-científicas do elemento em questão e dos riscos de sua utilização para a saúde da população. Os estudos nesta seara prosseguem e suas conclusões deverão nortear as ações das autoridades sanitárias. Competência do Supremo Tribunal Federal circunscrita à verificação da ocorrência de contraste inadmissível entre a lei em exame e o parâmetro constitucional. Sendo possível a este Supremo Tribunal, pelos fatos narrados na inicial, verificar a ocorrência de agressão a outros dispositivos constitucionais que não os indicados na inicial, verifica-se que ao determinar a proibição de fabricação, ingresso, comercialização e estocagem de amianto ou de produtos à base de amianto, destinados à construção civil, o Estado do Mato Grosso do Sul excedeu a margem de competência concorrente que lhe é assegurada para legislar sobre produção e consumo (art. 24, V); proteção do meio ambiente e controle da poluição (art. 24, VI); e proteção e defesa da saúde (art. 24, XII). A Lei nº 9.055/95 dispôs extensamente sobre todos os aspectos que dizem respeito à produção e aproveitamento industrial, transporte e comercialização do amianto crisotila. A legislação impugnada foge, e muito, do que corresponde à legislação suplementar, da qual se espera que preencha vazios ou lacunas deixados pela legislação federal, não que venha a dispor em diametral objeção a esta. Compreensão que o Supremo Tribunal tem manifestado quando se defronta com hipóteses de competência legislativa concorrente. Precedentes: ADI 903/MG-MC e ADI 1.980/PR-MC, ambas de relatoria do eminente Ministro Celso de Mello. Ação direta de inconstitucionalidade cujo pedido se julga parcialmente procedente para declarar a inconstitucionalidade do artigo 1º e de seus §§ 1º, 2º e 3º, do art. 2º, do art. 3º e §§ 1º e 2º e do parágrafo único do art. 5º, todos da Lei nº 2.210/01, do Estado do Mato Grosso do Sul. (ADI 2396 / MS - Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Julgamento: 08/05/2003, Órgão Julgador: Tribunal Pleno)

Fincadas tais premissas, conclui-se que a questão que deve ser desnovelada nesta altura é saber se, in casu, a competência legislativa estadual foi exercida dentro das balizas postas pela Constituição no pormenor. Para tanto, devemos inquirir:

(a) se há legislação nacional disciplinadora do assunto sob análise; e (b) se a lei estadual em gênese harmoniza-se, ou não, com a legislação nacional eventualmente existente. Isso porque, repise-se, a competência suplementar reservada aos Estados não afiança a edição de normas jurídicas que contrariem a legislação geral de caráter nacional editada pela União Federal.

Voltando o foco, então, para a investigação de tais nuanças, constata-se que já existe legislação nacional acerca do tema defesa e proteção da saúde na questão da produção e do comércio de medicamentos. Trata-se da Lei Nacional n.º 6.360/76, que dispõe sobre a vigilância sanitária a que ficam sujeitos os medicamentos, as drogas, os insumos farmacêuticos e correlatos, cosméticos, saneantes e outros produtos, diploma normativo esse que expressamente admite a atividade legislativa e administrativa supletiva por parte dos Estados-membros; in verbis: Lei n.º 6.360/1976Art. 1º - Ficam sujeitos às normas de vigilância sanitária instituídas por esta Lei os medicamentos, as drogas, os insumos farmacêuticos e correlatos, definidos na Lei nº 5.991, de 17 de dezembro de 1973, bem como os produtos de higiene, os cosméticos, perfumes, saneantes domissanitários, produtos destinados à correção estética e outros adiante definidos.[...]Art. 68. A ação de vigilância sanitária abrangerá todo e qualquer produto de que trata esta Lei, inclusive os dispensados de registro, os correlatos, os estabelecimentos de fabricação, distribuição, armazenamento e venda, e os veículos destinados ao transporte dos produtos.Parágrafo Único. Ficam igualmente sujeitas à ação de vigilância a propaganda dos produtos e das marcas, por qualquer meio de comunicação, a publicidade, a rotulagem e etiquetagem.Art. 69. A ação fiscalizadora é da competência:I – do órgão federal de saúde:quando o produto estiver em trânsito de uma para outra unidade federativa, em estrada via fluvial, lacustre, marítima ou aérea, sob controle de órgãos federais;quando se tratar de produto importado ou exportado;quando se tratar de colheitas de amostras para análise de controle prévia e fiscal;II – do órgão de saúde estadual, dos Territórios ou do Distrito Federal:quando se tratar de produto industrializado ou entregue ao consumo na área de jurisdição respectiva;quanto aos estabelecimentos, instalações e equipamentos industriais ou de comércio;quanto aos transportes nas estradas e vias fluviais ou lacustres, de sua área jurisdicional;quando se tratar de colheita de amostras para análise fiscal.Parágrafo Único. A competência de que trata este artigo poderá ser delegada, mediante convênio, reciprocamente, pela União, pelos Estados e pelo Distrito Federal, ressalvadas as hipóteses de poderes indelegáveis, expressamente previstas em lei.[...]Art. 80. As atividades de vigilância sanitária de que trata esta Lei serão exercidas:I – no plano federal, pelo Ministério da Saúde, na forma da legislação e dos regulamentos;II – nos Estados, Territórios e no Distrito Federal, através de seus órgãos próprios, observadas as normas federais pertinentes e a legislação local supletiva.

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Inquirindo o conteúdo da legislação estadual em conformação, com parâmetro na legislação nacional sobredita, evidencia-se que aquela guarda perfeita correspondência com esta, de modo que não há qualquer pecha de inconstitucionalidade formal na hipótese. O Supremo Tribunal Federal vem chancelando a validade de legislação estadual suplementar em casos semelhantes aos dos autos: EmentaRECURSO EXTRAORDINÁRIO. COMPETÊNCIA ESTADUAL E DA UNIÃO. PROTEÇÃO À SAÚDE E AO MEIO AMBIENTE. LEI ESTADUAL DE CADASTRO DE AGROTÓXICOS, BIOCIDAS E PRODUTOS SANEANTES DOMISSANITÁRIOS. LEI Nº 7.747/2-RS. RP 1135. 1. A matéria do presente recurso já foi objeto de análise por esta Corte no julgamento da RP 1.135, quando, sob a égide da Carta pretérita, se examinou se a Lei 7.747/82-RS invadiu competência da União. Neste julgamento, o Plenário definiu o conceito de normas gerais a cargo da União e aparou as normas desta lei que superavam os limites da alçada estadual. 2. As conclusões ali assentadas permanecem válidas em face da Carta atual, porque as regras remanescentes não usurparam a competência federal. A Constituição em vigor, longe de revogar a lei ora impugnada, reforçou a participação dos estados na fiscalização do uso de produtos lesivos à saúde. 3. A lei em comento foi editada no exercício da competência supletiva conferida no parágrafo único do artigo 8º da CF/69 para os Estados legislarem sobre a proteção à saúde. Atribuição que permanece dividida entre Estados, Distrito Federal e a União (art. 24, XII da CF/88). 4. Os produtos em tela, além de potencialmente prejudiciais à saúde humana, podem causar lesão ao meio ambiente. O Estado do Rio Grande do Sul, portanto, ao fiscalizar a sua comercialização, também desempenha competência outorgada nos artigos 23, VI e 24, VI da Constituição atual. 5. Recurso extraordinário conhecido e improvido. (RE 286789/RS, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Julgamento: 08/03/2005, Órgão Julgador: Segunda Turma)Vencido esse ponto relativo à adequação do autógrafo em tela aos ditames da Carta de Outono, exsurge outra questão a ser investigada, a fim de se alcançar conclusão exitosa quanto à validade desse ato. Tal questão é de teoria geral do direito, e decorre do fato de a norma jurídica a ser ejetada no ordenamento capixaba não veicular sanção capaz de ser ligada ao dever a que visa criar. Em suma: não há na lei em nascimento sanção a ser imputada à inobservância do dever criado pelo art. 1º. Por conta disso, uma análise perfunctória e isolada do texto normativo em foco deixaria entrever que a norma jurídica nele contida não porta imperatividade suficiente para garantir um mínimo de eficácia jurídica (plano da eficácia). Caminhando nesse sentido, poderia ser afirmado, rigorosamente, que o preceito lançado pelo autógrafo em tela nem sequer pode ostentar a qualidade de norma jurídica (plano da validade). Entretanto, o texto normativo a ser introduzido pelo autógrafo em apreço não pode ser apreendido em sua solidão. Isso porque o enunciado prescritivo lançado pelo seu art. 1º, uma vez positivado, vai à cata de outros de sua índole para formar estruturas completas de regulação de condutas humanas denominadas normas jurídicas. Quanto a isso, deve ficar claro que a norma jurídica não é o texto positivo, nem a proposição dotada de conteúdo isolado, mas sim a idéia, noção ou juízo que extraímos da completude do substrato físico do Direito (signos), que se preordena a regrar, mediata ou imediatamente, o agir humano, com sentido completo de dever-ser. A norma jurídica é, enfim, um juízo hipotético condicional, decorrente da significação sistemática dos enunciados jurídicos. Assim, o texto da lei e os significados “atômicos” (não-sistematizados) dele tirados não auferem o status de norma jurídica. Em suma, tais fenômenos não são normas jurídicas, mas apenas enunciados jurídicos (texto da lei) ou proposições jurídicas (significados isolados extraídos da lei), mesmo que muitas vezes se apresentem sob a forma prescritiva (dever-ser). Vejamos a diferenciação traçada pelo escólio proposto por PAULO DE BARROS:Enquanto se movimenta entre os enunciados, para compreendê-los na sua individualidade, o intérprete dos textos jurídicos deve saber que manipula frases prescritivas, orientadas para o setor dos comportamentos estabelecidos entre sujeitos de direito. É preciso, contudo, considerá-las na forma em que se apresentam, para que seja possível, posteriormente, congregá-las e convertê-las em unidades normativas, em que o sentido completo da mensagem deôntica venha a aparecer com toda a força de sua juricidade. E esse “considerá-las na forma que se apresentam” implica, muitas vezes, a utilização da Lógica Apofântica, com o modelo clássico “S é P”. Nesse intervalo, a tomada de consciência sobre a prescritividade é importante, mas o exegeta não deve se preocupar, ainda, com os cânones da Lógica Deôntico-jurídica, porque o momento da pesquisa requer, tão-somente, a compreensão isolada de enunciados e estes, quase sempre, se oferecem em arranjos de forma alética. Sobre o sentido dos enunciados, é preciso dizer que ele é construído, produzido, elaborado, a contar das marcas gráficas percebidas pelo agente do conhecimento. [...]Travado o primeiro contato com o texto jurídico-positivo, que se dá pelo encontro com o plano da expressão, plano dos significantes ou, se parecer mais adequado, o da literalidade textual, ingressa o intérprete no universo dos conteúdos significativos, enfrentando o tanto vezes processo gerativo de sentido. Suas primeiras realizações surgirão, como vimos, no campo das significações de enunciados isoladamente considerados. Mas, é evidente que isso não basta, devendo o exegeta promover a contextualização dos conteúdos obtidos no curso do processo gerativo, com a finalidade de produzir unidades completas de sentido para as mensagens deônticas. (BARROS, 2002, p. 118-120)

Destarte, as proposições jurídicas são as significações construídas a partir da leitura dos suportes físicos advindos da atividade produtiva do direito (enunciados jurídicos). As proposições podem apresentar-se sob a forma da lógica alética (S é P) ou sob a forma da lógica deôntico-jurídica (S deve-ser P). Contudo, qualquer que seja sua forma de apresentação, não perfazem uma

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unidade completa de significação deôntica, na medida em que esperam se juntar a outras unidades de mesma índole. Agora, quando o intérprete conjuga vários enunciados prescritivos segundo a forma lógico-deôntica, imputando uma conseqüência a uma hipótese, banhando-os com os conteúdos axiológicos dados pelos princípios contidos no sistema, teremos a norma jurídica, unidade irredutível do dever-ser, sendo, portanto, estrutura de significação deôntico-jurídica completa, capaz de dirigir-se à regulação satisfatória do comportamento interpessoal.Diante de tais premissas, e voltando a analisar o caso concreto, tem-se que o enunciado prescritivo contido no art. 1º, ao ser positivado, vai se conectar com outro enunciado já em vigor, qual seja, o inciso XLIV do art. 63 da Lei Estadual n.º 6.066/99, que estatui sanção ligada à vigilância sanitária. Desse encontro desponta uma norma jurídica completa, composta de uma hipótese ligada a um conseqüente (ou seja, de um dever ligado a uma sanção). Veja-se o conteúdo do citado inciso:Lei n.º 6.066/99Art. 63 - Constituem infrações sanitárias as condutas tipificadas abaixo:XLIV - Transgredir qualquer norma legal ou regulamentar destinada à promoção, proteção e recuperação da saúde.Pena - advertência, pena educativa, interdição, suspensão da venda ou fabricação do produto, cancelamento do registro do produto, proibição de propaganda, cassação da licença sanitária, imposição de contra propaganda e/ou multa.Por isso, é que se pode afirmar que não há, também nesse aspecto, vício no autógrafo ora analisado.Essas considerações afiançam a constitucionalidade formal do Autógrafo de Lei n.º 118/2011, qualidade que se soma à sua constitucionalidade material, que desponta do atendimento aos comandos lançados nos artigos 196 e 200, II, ambos da CF-88: CF-88Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei:[...]II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador;Todavia, essa conclusão exitosa não pode ser dirigida à integralidade do autógrafo sob estudo. Com efeito, o caput e parágrafo único de seu artigo 3º encontram-se acoimados de patente vício da nulidade por violação à competência privativa do Chefe do Executivo para organizar a administração pública e ao princípio constitucional da reserva da administração, que se encontram plasmados no artigo 61, § 1º, inciso II, alínea “e”, bem como nos artigos 2º e 84, inciso II e VI, alínea “a”, todos da CF-88. Tais preceptivos representam ilegítima interferência do Legislativo em assuntos próprios do Executivo. De fato, por seu intermédio a Casa de Leis capixaba pretende impor ao Executivo a adoção de determinada “política pública”, mediante eleição e imposição de diretrizes e de ações de natureza administrativa, cuja consecução envolve a atividade funcional do corpo de servidores da Administração estadual. Ao assim dispor, os citados artigos do autógrafo de lei em comento invadem o campo de competência privativa do Chefe do Poder Executivo para legislar sobre a organização e o funcionamento da Administração pública, representando, por conseguinte, violação ao princípio constitucional da separação dos poderes. Semelhante vício acomete o parágrafo 2º do artigo 6º do autógrafo sob disquisição, já que seu escopo é regrar aspecto do regime jurídico do servidor público (qualificar faltas funcionais de agentes públicos), cuja iniciativa privativa também pertence ao Chefe do Executivo estadual, como bem comprova o seguinte preceito da Constituição Federal de 1988:CF-88Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.§ 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:[...]c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria;O artigo 4º do autógrafo em tela igualmente encontra-se acoimado de inconstitucionalidade formal, pois cuida de tipificar específica conduta como crime, atividade legiferante que está sob a alçada da competência privativa da União Federal, nos termos do inciso I do art. 22 da CF/88.Por fim, as penalidades dispostas nos incisos III e IV do artigo 5º do texto sob análise não tem razão de ser, já que a licença sanitária para funcionamento somente é necessária para estabelecimentos privados que desenvolvam atividade de saúde ou de interesse à saúde , o que não é o caso das empresas regradas pelo autógrafo em causa. Nesse passo, as autorizações para funcionamento em tela são todas a cargo do poder municipal, donde se conclui que tais sanções imiscuem-se em assuntos de interesse local, invadindo, por conseguinte, a competência legislativa exclusiva dos Municípios para tratar de tal tema, em afronta ao disposto no inciso I do art. 30 da CF/88”. Conclui-se, portanto, que o veto aposto aos artigos mencionados se impõe.

Atenciosamente

JOSÉ RENATO CASAGRANDEGovernador do Estado

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COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA, SERVIÇO PÚBLICO E REDAÇÃO

PARECER N.º 547/2011

Parecer do Relator: Mensagem de Veto n.º 254/2011(Projeto de lei n.º 71/2011)Autor: Governador do Estado do Espírito SantoEmenta: “Dispõe sobre a adoção de medidas para evitar a existência de criadouros para Aedes Aegypti e Aedes Albopictus, nos locais determinados e adota outras providências.”

Designado Relator para oferecer parecer sobre aspecto da constitucionalidade e legalidade de mensagem de veto parcial, nº 254/2011, do Excelentíssimo Sr. Governador, pelo que passo a examinar a matéria.A matéria foi lida na sessão ordinária do dia 30/11/2011. Publicada no Diário do Poder Legislativo do dia 01/12/2011, encaminhada a Procuradoria em 05/12/2011.O Projeto de Lei nº 71/2011 de autoria do Deputado Nilton Baiano, foi-me distribuído para oferecer parecer, como se vê às fls.08/11, oportunidade em que opinei pela constitucionalidade e legalidade da matéria.Ao ter sido vetado parcialmente, voltou a Casa Legislativa Estadual, para ser analisado o aspecto da constitucionalidade e legalidade do veto parcial, que atacou os arts. 3º e 4º, incisos III e IV, do art. 5º e § 2º do art. 6º.É o relatório.

FUNDAMENTAÇÃO

QUANTO AO ASPECTO DA CONSTITUCIONALIDADE FORMAL E MATERIAL, JURIDICIDADE E LEGALIDADE.

No que diz respeito ao art. 3º, os programas de combate a dengue e suas campanhas educativas dirigidas aos proprietários dos estabelecimentos nominados no artigo 1º, alertando sobre os riscos da manutenção desses criadouros.Neste caso não vejo qualquer fundamentação que possa servir de base para a rejeição do veto. Por trata-se de apenas, programas educativos de combate a dengue é matéria que diz respeito a competência suplementar.

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:

(.....)

XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;Por ocasião do julgamento da ADI 1245/RS, a Constituição do Brasil contemplou a técnica da competência legislativa concorrente entre a União, os Estados-membros e o Distrito Federal, cabendo à União estabelecer normas gerais e aos Estados-membros especificá-las. Foi considerada inconstitucional lei estadual que amplia definição estabelecida por texto federal, em matéria de competência concorrente.É possível observar no julgado abaixo transcrito a invasão de competência concorrente quando o Estado excede o limite.

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI Nº 2.210/01, DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL. OFENSA AOS ARTIGOS 22, I E XII; 25, § 1º; 170, CAPUT , II E IV; 1º; 18 E 5º CAPUT, II E LIV. INEXISTÊNCIA. AFRONTA À COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONCORRENTE DA UNIÃO PARA EDITAR NORMAS GERAIS REFERENTES À PRODUÇÃO E CONSUMO, À PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE E CONTROLE DA POLUIÇÃO E À PROTEÇÃO E DEFESA DA SAÚDE. ARTIGO 24, V, VI E XII E §§ 1º E 2º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. [...] Sendo possível a este Supremo Tribunal, pelos fatos narrados na inicial, verificar a ocorrência de agressão a outros dispositivos constitucionais que não os indicados na inicial, verifica-se que ao determinar a proibição de fabricação, ingresso, comercialização e estocagem de amianto ou de produtos à base de amianto, destinados à construção civil, o Estado do Mato Grosso do Sul excedeu a margem de competência concorrente que lhe é assegurada para legislar sobre produção e consumo (art. 24, V); proteção do meio ambiente e controle da poluição (art. 24, VI); e proteção e defesa da saúde (art. 24, XII). A Lei nº 9.055/95 dispôs extensamente sobre todos os aspectos que dizem respeito à produção e aproveitamento industrial, transporte e comercialização do amianto crisotila. A legislação impugnada foge, e muito, do que corresponde à legislação suplementar, da qual se espera que preencha vazios ou lacunas deixados pela legislação federal, não que venha a dispor em diametral objeção a esta. Compreensão que o Supremo Tribunal tem manifestado quando se defronta com hipóteses de competência legislativa concorrente. Precedentes: ADI 903/MG-MC e ADI 1.980/PR-MC, ambas de relatoria do eminente Ministro Celso de Mello. Ação direta de inconstitucionalidade cujo pedido se julga parcialmente procedente para declarar a inconstitucionalidade do artigo 1º e de seus §§ 1º, 2º e 3º, do art. 2º, do art. 3º e §§ 1º e 2º e do parágrafo único do art. 5º, todos da Lei nº 2.210/01, do Estado do Mato Grosso do Sul. (ADI 2396/MS – Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Julgamento: 08/05/2003, Órgão Julgador: Tribunal Pleno)

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Com efeito, o caput e parágrafo único do art.3º do PL 71/2011 de autoria do Deputado Nilton Baiano realmente padece de vício de inconstitucionalidade, tendo em vista a violação da competência privativa do Chefe do Executivo para organizar a administração pública e ao princípio constitucional da reserva da administração, que se encontram plasmados no art. 61, §1º, II, “e”, bem como nos arts. 2º e 84, II e VI, “a”, todos da Carta da República de 1988.Desta forma, não se pode admitir a interferência do Poder Legislativo em assuntos que são próprios do Poder Executivo, com fulcro na independência dos Poderes da República. Assim, pode-se enxergar, in verbis

Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.

§ 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:

II - disponham sobre:

c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)

CONCLUSÃO

Desta forma, acolhemos as alegações do veto total aposto ao Projeto de Lei n° 71/2011 de autoria do Deputado Nilton Baiano, conforme argumentações citadas no parecer, onde restou evidente a inconstitucionalidade formal do ato normativo que versa sobre matéria administrativa, assim como a inconstitucionalidade material por apresentar ofensa ao princípio da separação dos poderes estampado no Art. 2° da Carta Maior Federal.Isto posto, sugerimos aos membros desta Comissão a adoção do seguinte:

PARECER N.º 547/2011

A COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA, SERVIÇO PÚBLICO E REDAÇÃO é pela MANUTENÇÃO DO VETO encaminhado pelo Ex.mo Senhor Governador do Estado, através da mensagem n.º 254/2011, aposto ao PL 71/2011, de autoria do Ex.mo Senhor Deputado Nilton Baiano.

Plenário Rui Barbosa, 13 de dezembro de 2011.

ELCIO ALVARESPresidente

DARY PAGUNGRelator

MARCELO SANTOSRODNEY MIRANDACLAUDIO VEREZA

MENSAGEM nº. 255/2011Senhor Presidente:

Levo ao conhecimento de V. Exª que, amparado pela Constituição Estadual, em seus artigos 66, § 2º e 91, IV, decidi vetar totalmente o Projeto de Lei nº 73/2011, de autoria do Deputado Claudio Vereza, aprovado nessa Casa de Leis, vindo-me na forma do Autógrafo de Lei nº 119/2011, versando sobre o seguinte tema: “Altera o artigo 1º da Lei nº 8854, de 22.04.2008”. Verificou-se que o projeto em apreço padece de vícios de inconstitucionalidade, tanto formal por tratar de matéria tipicamente administrativa, cuja iniciativa é privativa do Chefe do Poder Executivo (artigo 61, § 1º, II, “a” da CF/88), quanto material, por ofensa ao princípio da separação dos poderes (artigos 2º e 84, II e VI, “a”, também, da Constituição Federal), conforme manifestação da Procuradoria Geral do Estado, que aprovo e transcrevo:

“Em outras oportunidades, tenho reputado que autógrafos de lei que visem, simplesmente, a efetuar pequenas alterações em preceitos existentes em leis estaduais em vigor há muitos anos devem, normalmente, seguir o fluxo já outorgado à legislação que lhe constitui o objeto, isto é: ser sancionado.

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Isso porque o rechaço de validade de autógrafo que visa tão-só efetuar pequenos ajustes, insignificantes diante do quadro prescritivo já estabelecido, em nada abalaria a vigência da lei objeto de alteração, que poderá ser aplicada normalmente pelo Poder Público, ao passo que representaria sério atentando ao princípio da segurança jurídica. Todavia, uma das exceções à aplicação de tal posicionamento seria quando a legislação a ser alterada portasse inconstitucionalidade chapada, em razão do que não poderia o Poder Público se furtar em proceder ao controle preventivo de constitucionalidade, expungindo o novel ato nulo em seu nascedouro. Esse é justamente o caso dos autos. Com efeito, a legislação embrionária encontra-se acoimada de patente vício da nulidade por violação à competência privativa do Chefe do Executivo para organizar a administração pública e ao princípio constitucional da reserva da administração, que se encontram plasmados no artigo 61, § 1º, inciso II, alínea “e”, bem como nos artigos 2º e 84, inciso II e VI, alínea “a”, todos da CF-88. O vertente autógrafo de lei representa ilegítima interferência do Legislativo em assuntos próprios do Executivo. De fato, por intermédio do texto sob exame a Casa de Leis capixaba pretende impor ao Executivo a adoção de determinada “política”, mediante eleição e imposição de diretrizes e de ações de natureza administrativa, cuja consecução envolve a atividade funcional do corpo de servidores da Administração estadual. Ao assim dispor, o autógrafo de lei em comento invade o campo de competência privativa do Chefe do Poder Executivo para legislar sobre a organização e o funcionamento da Administração pública, representando, por conseguinte, violação ao princípio constitucional da separação dos poderes. Quanto a isso, cumpre transcrever a fundamentação por mim esposada no parecer dimanado no processo administrativo n.º 39736296, que se aplica, mutatis mutandis, ao vertente caso:

[...]2.1) Inconstitucionalidade formal. Invasão da competência privativa do Chefe do Poder executivo para legislar sobre matéria administrativa. Violação do artigo 61, § 1º, II, “e”, da Constituição Federal.

De acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, compete privativamente ao Chefe do Poder Executivo a iniciativa de leis que disponham sobre matéria tipicamente administrativa, isto é, de funcionamento e organização da Administração pública (CF, art. 61, § 1º, II, “e”). Assim, a iniciativa parlamentar nesse campo constitui ato de transgressão constitucional e denota a inconstitucionalidade formal das normas assim editadas, conforme atesta o seguinte julgado:

A disciplina normativa pertinente ao processo de criação, estruturação e definição das atribuições dos órgãos e entidades integrantes da Administração Pública estadual traduz matéria que se insere, por efeito de sua natureza mesma, na esfera de exclusiva iniciativa do Chefe do Poder Executivo local, em face da cláusula de reserva inscrita no art. 61, § 1º, II, e, da Constituição da República, que consagra princípio fundamental inteiramente aplicável aos Estados-membros em tema de processo legislativo. Precedentes do STF. - O desrespeito à prerrogativa de iniciar o processo de positivação do Direito, gerado pela usurpação do poder sujeito à cláusula de reserva, traduz vício jurídico de gravidade inquestionável, cuja ocorrência reflete típica hipótese de inconstitucionalidade formal, apta a infirmar, de modo irremissível, a própria integridade do ato legislativo eventualmente editado. Precedentes do STF. (ADI 1391 MC/SP Rel. Min. Celso de Mello DJ: 28/11/1997)

Tal se deve porque a Constituição Federal de 1988 conferiu ao Chefe do Poder Executivo a prerrogativa exclusiva para disciplinar os temas diretamente afetos à Administração Pública, consoante dispõem os artigos 61 e 84 da Carta.

Numa análise conjunta dos indigitados artigos da Constituição, exsurge que, dentre outras, é competência exclusiva do Chefe do Poder Executivo dispor sobre a criação, extinção, estruturação, organização, funcionamento e atribuições dos órgãos e pessoas componentes da Administração Pública; in verbis:

CF/88

Art. 61 - A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.

§ 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:[...]

II - disponham sobre:[...]

e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado o disposto no art. 84, VI.

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:[...]

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VI – dispor mediante decreto, sobre:

a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;[...]

Note-se, a propósito, que a Emenda Constitucional n.º 32/01 promoveu alteração na redação do art. 61, § 1º, “e”, da CF/88, retirando a palavra “atribuições” dantes contida nesse preceito, substituindo-a pela remissão expressa ao art. 84, VI, da Carta Política. Nesses termos era anteriormente redigido o citado artigo:CF/88Art. 61 (Antes da EC n. 32/01). A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.§ 1º - São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:[...]II - disponham sobre:[...]e) criação, estruturação e atribuições dos Ministérios e órgãos da administração pública.Essa mudança acaba por reforçar o caráter privativo da competência destinada ao Chefe do Poder Executivo para dispor sobre as atribuições (direitos, deveres, competências) dos entes componentes da Administração. Decerto, se antes a competência do Chefe do Executivo sobre esse tema limitava-se à iniciativa privativa do procedimento constitucional para a feitura de lei, agora, com o advento da EC n.º 32/01, e sua expressa remissão ao art. 84, VI, ela se amplia em prol de possibilitar a regulação privativa integral da matéria, por meio de Decreto, sem a intromissão do Poder Legislativo no processo, consoante dispõe o já transcrito art. 84, VI, “a”, da CF/88. Na verdade, o novel desenho constitucional dessa questão revela que a criação e a extinção de órgãos, bem como a especificação de atribuições, direitos e deveres da Administração Pública, que acarretem aumento de despesas, só podem ser disciplinadas por lei de iniciativa do Chefe do Poder Executivo. Por outro lado, a extinção de cargos vagos e a determinação da estrutura, do funcionamento e das atribuições da Administração Pública, que não implique aumento de gastos, são temas que podem ser tratados por Decreto dimanado pelo Chefe do Executivo. Fica claro, destarte, que somente ao Chefe do Poder Executivo, seja por intermédio de elaboração de projeto de lei (iniciativa), seja por intermédio de edição de Decreto, é permitido lançar disposições normativas regedoras da Administração Pública. Em súmula: a competência veiculada pelas transcritas normas constitucionais, que abarca o “poder” de comandar a criação, a extinção, a composição, as atribuições e o funcionamento dos órgãos e das pessoas administrativas vinculadas ao Poder Público, pertence apenas ao Chefe da Administração Pública. Importante frisar que, sobre ser plenamente aplicável a força vinculante dos aludidos preceitos (art. 61, § 1°, e art. 84, inc. VI, “a”, ambos da CF/88) na esfera estadual, tese assente na doutrina e na jurisprudência pátrias, há também na Constituição do Estado do Espírito Santo bem-lançado dispositivo que corrobora a afirmação nesta sede pugnada:Constituição EstadualArt. 63. A iniciativa das leis cabe a qualquer membro ou comissão da Assembléia Legislativa, ao Governador do Estado, ao Tribunal de Justiça, ao Ministério Público e aos cidadãos, satisfeitos os requisitos estabelecidos nesta Constituição.Parágrafo único – são de iniciativa privativa do Governador do Estado as leis que disponham sobre:[...]III – organização administrativa e pessoal da administração;Posto isso, conclui-se, necessariamente, que o autógrafo em testilha encontra-se eivado de inconstitucionalidade formal. Isso porque a Assembléia Legislativa do Estado do Espírito Santo iniciou o processo legislativo do ato normativo em tela, malferindo a competência privativa do Governador do Estado de regrar a Administração Pública, conforme descrito acima. Com efeito, a análise cuidadosa do presente Autógrafo de Lei revela que ele tratou de matéria tipicamente administrativa. Esse texto cria serviço administrativo, cuja implantação demandará a criação de órgãos internos e, quando menos, a alocação de servidores estatais (art. 1º, caput), imiscuindo-se, sobremais, no funcionamento interno da burocracia estadual (arts. 1º, caput, 2º e 3º), espraiando, com isso, eficácia que afeta a independência dos Poderes do Estado. Isto é, esse ato normativo, de iniciativa parlamentar, cria e estrutura serviços administrativos, impõe deveres e dispõe sobre o funcionamento da Administração Pública, constituindo, assim, interferência ilegítima do Poder Legislativo no Poder Executivo. Sobre-resta advertir, em arremate, que não torna o vício acima descrito menos grave a circunstância de que as medidas administrativas previstas no autógrafo sob exame dependem, para sua eficácia, de ulterior regulamento a ser editado pelo Executivo, donde se extrairia a possibilidade de o Governador do Estado deixar de aplicar, simplesmente, esse texto normativo. Quanto a isso, vale a lição proferida pelo ex-Ministro NÉRI DA SILVEIRA, lançada no bojo da ADI –MC n.º 1.144, no sentido de “[...] o princípio é que a lei se presume constitucional; o princípio é que a administração, em face de uma lei, tem de agir a fim de cumpri-la”, de modo que a eventual dependência de ulterior expedição de regulamento não torna o ato em disquisição “menos” inconstitucional. Malfere, pois, o Autografo de Lei n.º 392/2007 o processo legislativo engendrado pelo Constituinte.2.2) Inconstitucionalidade material. Violação do princípio da separação dos poderes. (CF/88, artigos 2º e 84, II e VI, “a”).

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Quando a Constituição Federal outorga a determinado ente iniciativa legislativa privativa não o faz por mero capricho ou por simples formalismo, no mais das vezes, assim age para prestigiar determinado princípio. É o que acontece no vertente caso.Como conseqüência do vício formal denunciado no tópico anterior, há que se reconhecer que as normas contidas no Autógrafo de Lei n.º 392/2007 padecem, também, de vício de inconstitucionalidade material.A Carta Maior, ao atribuir ao Chefe do Poder Executivo a iniciativa privativa de lei para dispor sobre a organização e funcionamento da Administração Pública, criou verdadeiro Princípio da Reserva de Administração, que é corolário específico do Princípio da Separação dos Poderes (Art. 2º da CF/88: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”). O contorno jurídico de tal reserva de competência é extraído dos preceitos constitucionais que cuidam da competência normativa privativa do Presidente da República, quais sejam, o art. 61 e o art. 84 da Carta. Com base nessas normas constitucionais e no postulado da reserva de administração, a intromissão do Poder Legislativo na organização do Poder Executivo, estatuindo deveres e atribuições à Administração Pública Direta ou Indireta, ou regrando sua forma de funcionamento, fere de morte o princípio da separação dos poderes, por menoscabar a autonomia necessária desse último Poder, especialmente no que toca a sua função típica: administrar. O entendimento esposado pelo Excelso Pretório vai ao encontro dessa afirmação, como se nota dos seguintes julgados:EmentaAÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI COMPLEMENTAR N. 239/02 DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO. DISPOSIÇÕES CONCERNENTES A ÓRGÃOS PÚBLICOS E A ABERTURA DE CRÉDITO SUPLEMENTAR. INICIATIVA PARLAMENTAR. VÍCIO FORMAL. 1. A Constituição do Brasil, ao conferir aos Estados-membros a capacidade de auto-organização e de autogoverno (artigo 25, caput), impõe a observância compulsória de vários princípios, entre os quais o pertinente ao processo legislativo, de modo que o legislador estadual não pode validamente dispor sobre matérias reservadas à iniciativa privativa do Chefe do Executivo. 2. Pedido de declaração de inconstitucionalidade julgado procedente. (ADI 2750/ES, Relator(a): Min. EROS GRAU, Julgamento: 06/04/2005, Órgão Julgador: Tribunal Pleno) EmentaCONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. LEI QUE ATRIBUI TAREFAS AO DETRAN/ES, DE INICIATIVA PARLAMENTAR: INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO. C.F., art. 61, § 1º, II, e, art. 84, II e VI. Lei 7.157, de 2002, do Espírito Santo. I. - É de iniciativa do Chefe do Poder Executivo a proposta de lei que vise a criação, estruturação e atribuição de órgãos da administração pública: C.F., art. 61, § 1º, II, e, art. 84, II e VI. II. - As regras do processo legislativo federal, especialmente as que dizem respeito à iniciativa reservada, são normas de observância obrigatória pelos Estados-membros. III. - Precedentes do STF. IV. - Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente. (ADI 2719 / ES - Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO Julgamento: 20/03/2003 Órgão Julgador: Tribunal Pleno Publicação: DJ DATA-25-04-2003)EmentaAÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - LEI ESTADUAL, DE INICIATIVA PARLAMENTAR, QUE INTERVÉM NO REGIME JURÍDICO DE SERVIDORES PÚBLICOS VINCULADOS AO PODER EXECUTIVO - USURPAÇÃO DO PODER DE INICIATIVA RESERVADO AO GOVERNADOR DO ESTADO - INCONSTITUCIONALIDADE - CONTEÚDO MATERIAL DO DIPLOMA LEGISLATIVO IMPUGNADO (LEI Nº 6.161/2000, ART. 70) QUE TORNA SEM EFEITO ATOS ADMINISTRATIVOS EDITADOS PELO GOVERNADOR DO ESTADO - IMPOSSIBILIDADE - OFENSA AO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA RESERVA DE ADMINISTRAÇÃO - MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA, COM EFICÁCIA EX TUNC. PROCESSO LEGISLATIVO E INICIATIVA RESERVADA DAS LEIS. [...]RESERVA DE ADMINISTRAÇÃO E SEPARAÇÃO DE PODERES. - O princípio constitucional da reserva de administração impede a ingerência normativa do Poder Legislativo em matérias sujeitas à exclusiva competência administrativa do Poder Executivo. É que, em tais matérias, o Legislativo não se qualifica como instância de revisão dos atos administrativos emanados do Poder Executivo. Precedentes. Não cabe, desse modo, ao Poder Legislativo, sob pena de grave desrespeito ao postulado da separação de poderes, desconstituir, por lei, atos de caráter administrativo que tenham sido editados pelo Poder Executivo, no estrito desempenho de suas privativas atribuições institucionais. Essa prática legislativa, quando efetivada, subverte a função primária da lei, transgride o princípio da divisão funcional do poder, representa comportamento heterodoxo da instituição parlamentar e importa em atuação ultra vires do Poder Legislativo, que não pode, em sua atuação político-jurídica, exorbitar dos limites que definem o exercício de suas prerrogativas institucionais. (ADI-MC 2364/AL, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Julgamento: 01/08/2001, Órgão Julgador: Tribunal Pleno)O Autógrafo de Lei em estudo, de iniciativa parlamentar, impõe ao Poder Executivo que promova determinada ação administrativa ligada ao meio ambiente. É fácil perceber que esse dispositivo institui regra de conduta que afeta diretamente o funcionamento da Administração, pois fixa atribuições ao Poder Executivo e aos seus órgãos, impondo obrigações de cunho gerencial e delimitando como e quando serão levadas a efeito políticas públicas. Exatamente por isso, invade o campo reservado à atuação do Chefe do Poder Executivo, a quem cabe a direção superior da Administração.

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Por conta disso é que esse texto normativo faz com que o Poder Legislativo substitua o Executivo no exame da conveniência e oportunidade acerca do meio, da forma e do tempo mais adequados para a materialização de seus atos, em flagrante menoscabo ao plexo normativo que disciplina a competência legislativa garantidora do Princípio da Separação dos Poderes e do Princípio da Reserva da Administração. Enfim, o autógrafo sub examine, ao criar determinada ação administrativa a cargo do Poder Executivo, disciplinando, inclusive, o modo como ela deverá ser efetivada, acaba por dispor sobre o funcionamento da administração, o que denota a patente intromissão do Legislativo em assuntos intestinais do Executivo.Pelo quanto foi dito, tem-se que o Autógrafo de Lei n.º 392/2007 também padece de vício de inconstitucionalidade material, por malferir o princípio da reserva de administração e, conseqüentemente, da separação dos poderes.[...]Aplicando as noções apresentadas no parecer acima transcrito ao vertente caso, fica evidente tanto a inconstitucionalidade formal do ato normativo sob exame, já que trata de matéria tipicamente administrativa, cuja iniciativa é privativa do Chefe do Poder Executivo, quanto a sua inconstitucionalidade material, por representar ofensa ao princípio da reserva de administração e ao princípio da separação (ou harmonia) dos poderes.O vício em comento é tão lancinante que é reconhecido em inúmeros julgados dimanados pelos Tribunais de Justiças pátrios, em representações de inconstitucionalidade movidas em face de legislações semelhantes à que objetifica estes autos. Confira-se:EmentaDIREITO CONSTITUCIONAL - AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - LEI MUNICIPAL DE ORIGEM PARLAMENTAR - PROIBIÇÃO DE TELEFONE CELULAR POR TODOS OS ALUNOS - VICIO DE INICIATIVA - AFRONTA À SEPARAÇÃO DE PODERES - INCONSTITUCIONALIDADE -EXISTÊNCIA- É inconstitucional a Lei Municipal 7.244, de 25 de fevereiro de 2009, de Jundiaí, de origem parlamentar, que "[veda ao aluno nas salas de aula em toda escola o uso do aparelho telefônico móvel (telefone celular)", porque traduz ingerência na competência exclusiva do Chefe do Executivo pelo Poder Legislativo ao dispor sobre matéria tipicamente administrativa, em violação aos arts. 5o, 47, incisos II e XIV, e 144 da Constituição Estadual - Julga-se a ação procedente. (TJSP - Direta de Inconstitucionalidade: ADI 3808355320108260000 SP 0380835-53.2010.8.26.0000)EmentaAÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI DE INICIATIVA PARLAMENTAR, VERSANDO SOBRE MATÉRIA DE INICIATIVA PRIVATIVA DO EXECUTIVO. VÍCIO DE ORIGEM RECONHECIDO. PROIBIÇÃO DE USO DE CELULARES E CONGÊNERES NAS SALAS DE AULA.A Lei Municipal nº 17/2007, ao disciplinar sobre o uso de celulares em sala de aula, não dispôs sobre educação, mas regulamentou a organização e o funcionamento de órgãos vinculados à Secretaria Municipal de Educação, violando, assim, o disposto nos artigos 60, II, d, e 82, II e VII, da CE. Competência exclusiva do Executivo. Vício formal de iniciativa, a comprometer a constitucionalidade da lei questionada. AÇÃO JULGADA PROCEDENTE. (Ação Direta de Inconstitucionalidade Nº 70023540867, Tribunal Pleno, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Aquino Flores de Camargo, Julgado em 28/07/2008. (TJRS - Ação Direta de Inconstitucionalidade: ADI 70023540867 RS, Processo: ADI 70023540867 RS, Relator(a): José Aquino Flores de Camargo, Julgamento: 28/07/2008 , Órgão Julgador: Tribunal Pleno, Publicação: Diário da Justiça do dia 15/09/2008)Nessa ordem de idéias, é de se proceder ao veto do autógrafo em foco, por conta de sua inconcussa inconstitucionalidade.Pelo bem posto pronunciamento da PGE veto totalmente o PL 73/2011.

AtenciosamenteJOSÉ RENATO CASAGRANDE

Governador do Estado

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA, SERVIÇO PÚBLICO E REDAÇÃO

PARECER N.º 540/2011

Mensagem Governamental: N.º 255/2011Autor: Governo do EstadoEmenta: “Veto total ao Projeto de Lei n.º 73/2011 de autoria do Deputado Claudio Vereza”

I - RELATÓRIO

1. Cuida-se nestes autos da emissão de parecer técnico para análise da proposição legislativa em epígrafe, proveniente do Poder Executivo Estadual, cujo conteúdo, em síntese, versa sobre “veto total ao Projeto de Lei nº 73/2011, do Deputado Claudio Vereza, que tem por escopo alterar o art. 1° da Lei nº 8.854/2008, que dispõe sobre a proibição do uso de telefone celular nas salas de aula dos estabelecimentos da rede estadual de ensino”.

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2. A referida mensagem governamental foi protocolada em 29/11/2011, lida no expediente da Sessão Ordinária do dia 30/11/2011 e encontra-se publicada no Diário do Poder Legislativo, edição do dia 01/12/2011, nas páginas 20 a 26.3. Em atendimento à solicitação do Procurador Geral – PG, encaminhamos Parecer Jurídico, onde consta exame prévio acerca do aspecto constitucional, legal e regimental da Mensagem de Veto nº 255/2011, referente ao presente Projeto de Lei nº 73/2011, nos termos do artigo 41 do Regimento Interno (Resolução n.º 2.700/09).4. É o Relatório.

II – PARECER DO RELATOR

5. Por meio da Mensagem Governamental nº 255/2011, o Excelentíssimo Governador do Estado informa a este Poder que vetou totalmente, por padecer de vício de inconstitucionalidade formal e material, o Projeto de Lei n° 73/2011, de autoria do Deputado Claudio Vereza, cujo assunto visa alterar o art. 1° da Lei n° 8.854/2008, que dispõe sobre a proibição do uso de telefone celular nas salas de aula dos estabelecimentos da rede estadual de ensino, conforme dispõe o Autógrafo de Lei nº 119/2011, apresentado por este Poder, onde recebeu o protocolo de nº 55689515, datado de 08/11/11.

6. Segundo justificativa do Chefe do Poder Executivo, a Lei como apresentada trata de matéria tipicamente administrativa, cuja iniciativa é privativa do Chefe do Poder Executivo, com base no artigo 61, § 1°, II, “a” da Constituição Federal, e por ofensa ao princípio da separação dos poderes, estampados nos arts. 2° e 84, II e VI, “a”, da Constituição Federal.7. Na manifestação do veto ora em apreço, o Senhor Governador, por meio da Procuradoria de Estado, alega ainda que “tal posicionamento seria quando a legislação a ser alterada portasse de ato nulo em seu nascedouro e inconstitucionalidade chapada ” (expressão de origem portuguesa, utilizada pelo ministro Sepúlveda Pertence, e que significa inconstitucionalidade óbvia).

DAS DIVERGÊNCIAS DO VETO TOTAL

8. Nota-se que o Deputado Legislador não está criando uma nova Lei, apenas alterando o art. 1º da Lei nº 8.854/2008, dando-lhe nova redação:

“Art. 1° Fica proibido o uso de telefone celular e demais aparelhos eletrônicos que possam distrair a atenção do aluno nas salas de aula dos estabelecimentos da rede estadual de ensino, ficando a cargo da diretoria da escola a decisão sobre a medida a ser aplicada”.

9. Tal medida se faz necessária, tendo em vista que atualmente existem diversos aparelhos eletrônicos que servem de celular, tocam músicas, transmitem filmes, e acessam a rede internacional de computador (internet), interferindo de forma negativa no aprendizado, dispersando a atenção dos alunos nas salas de aula.

10. É de conhecimento que no meio estudantil, crianças e adolescentes burlam as regras escolares e usam o aparelho celular para enviar torpedos, jogar games, passar colas, e até mesmo servir de status, entre eles, tendo em vista que quando algum estudante mostra um celular diferente, os colegas se sentem muitas vezes excluídos, ficando com o desejo de adquirir um aparelho igual ao do colega. Em outros casos basta a distração do professor para que o aluno comece a fazer ligações debaixo das cadeiras, gerando cartas de advertência aos pais, conversa com o coordenador, dentre outras punições, na tentativa de sanar o problema. 11. Vale mencionar que além do Espírito Santo (Lei n° 8.854/2008), em outros Estados da Federação como São Paulo, Ceará, Rondônia, Pará, Rio Grande do Sul, já existem leis proibindo o uso do celular, com o intuito de conscientizar os jovens de hoje, uma vez que existem momentos e locais onde o telefone não deve ser utilizado, principalmente nas salas de aula. 12.Vale destacar que, quando a União não exerce a competência concorrente (ou seja, não cria o padrão, diretrizes, norma geral) para determinada matéria, ficam os Estados ou Municípios com a competência concorrente plena, senão vejamos:

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:

I - (...)

IX - educação, cultura, ensino e desporto; (grifo nosso)

13. A competência comum é aquela que pode ser exercida simultaneamente por todos os entes da federação, desde que respeitados os limites constitucionais, tendo em vista que o artigo 23 Carta Maior Federal elenca o rol das competências comuns entre os entes federados. No caso do referido artigo mencionado a competência é administrativa, a saber:

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:

I - (...)V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência; (grifo nosso)

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14. A matéria está também prevista no art. 25, § 1º, da Constituição Federal e art. 63, da Constituição Estadual, in verbis:

Constituição Federal

“Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição.

§ 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.

(...)”

Constituição Estadual

“Art. 63. A iniciativa das Leis cabe a qualquer membro ou comissão da Assembleia Legislativa, ao Governador do Estado, ao Tribunal de Justiça, ao Ministério Público e aos cidadãos, satisfeitos os requisitos estabelecidos nessa Constituição”.

15. Quanto ao quórum para rejeitar o veto é de maioria absoluta dos deputados, conforme determina o §4º, do art. 66, da Constituição Estadual.

III – CONCLUSÃO

16. Neste sentido, não encontramos nenhuma irregularidade, ilegalidade e inconstitucionalidade no Projeto em análise, mesmo porque não padece de nenhum vício de inconstitucionalidade formal e material, visto que o mesmo obedece todos os requisitos constitucionais mencionados no Parecer. 17. Diante do exposto, sugerimos aos membros desta Comissão a adoção do seguinte:

PARECER N.º 540/2011

A COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA, SERVIÇO PÚBLICO E REDAÇÃO é pela rejeição do veto total aposto ao Projeto Lei n.º 73/2011, oriundo da Mensagem de Veto n.º 255/2011.

Plenário Rui Barbosa, 13 de dezembro de 2011.

ELCIO ALVARESPresidente

MARCELO SANTOSRelator

RODNEY MIRANDADARY PAGUNG

PROJETO DE LEI Nº 167/2011Veda o repasse ao consumidor do ônus financeiro decorrente da cobrança efetuada pela modalidade de emissão de carnês ou

boletos bancários.

A Assembléia Legislativa do Estado do Espírito Santo DECRETA:

Art. 1º. O fornecedor de produtos ou serviços não repassará ao consumidor, sem a prévia aquiescência dele, o ônus financeiro decorrente da expedição ou cobrança mediante carnês ou boletos bancários, que objetivem a cobrança dos produtos ou serviços consumidos.

Art. 2º. A violação a esta lei sujeita o infrator à multa de R$ 100,00 (cem reais) por infração cometida, sem prejuízo de reparar o consumidor com a devolução dos valores cobrados, corrigidos monetariamente.

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

Art. 3º. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Sala das Sessões, 4 de junho de 2011.DEPUTADO GILSINHO LOPES

JUSTIFICATIVA

Dispõe o Código de Defesa do Consumidor:Art. 40. O fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao consumidor orçamento prévio discriminando o valor da mão-de-obra, dos materiais e equipamentos a serem empregados, as condições de pagamento, bem como as datas de início e término dos serviços.... § 3° O consumidor não responde por quaisquer ônus ou acréscimos decorrentes da contratação de serviços de terceiros não previstos no orçamento prévio.No entanto, verificamos que diversos fornecedores embutem nos boletos bancários ou carnês o custo decorrente da confecção, expedição e cobrança desses mesmos boletos ou carnês. Desta forma, podemos verificar que os consumidores pagam até centenas de reais mensalmente, pois a cada boleto ou carnê pago, geralmente estão embutidos indevidamente de R$ 3,00 a até R$ 20,00 a título de “taxas”. Muitas vezes, os valores passam desapercebidos dos consumidores, que acabam sofrendo gravíssimo prejuízo. Registre-se que, no Estado de São Paulo, vigora lei proibindo tal violação aos direitos do consumidor. Ora, se São Paulo é o maior pólo consumidor do País e proíbe esta prática, o Espírito Santo deve seguir o exemplo.

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA, SERVIÇO PÚBLICO E REDAÇÃO

PARECER N.º 318/2011

Parecer do Relator: Projeto de Lei de n.º 167/2011Autor: Deputado Estadual Gilsinho LopesEmenta: “Veda o repasse ao consumidor do ônus financeiro decorrente da cobrança efetuada pela modalidade de emissão de carnês ou boletos bancários”.

RELATÓRIO

Trata-se de Projeto de Lei n° 167/2011, de autoria do Deputado Gilsinho Lopes, que tem como finalidade “Vedar o repasse ao consumidor do ônus financeiro decorrente da cobrança efetuada pela modalidade de emissão de carnês ou boletos bancários”.O Projeto passou pela Mesa Diretora sem restrições. O Projeto foi protocolado em 06 /06/2011, lido no expediente da Sessão Ordinária, passando pelo crivo da Mesa Diretora em 07/06/11 e foi publicado no Diário do Poder Legislativo do dia 29/06/2011. Encaminhado à esta Comissão de Constituição e Justiça para análise da constitucionalidade formal e material, na forma do art. 41, I, do Regimento Interno (Resolução nº 2.700/09)É o relatório.

FUNDAMENTAÇÃO

DA ANÁLISE QUANTO AO ASPECTO DA LEGALIDADE E DA CONSTITUCIONALIDADE FORMAL E MATERIAL

dentre aquelas que asseguram existência digna. Em face da previsão constitucional da defesa coletiva dos consumidores, que elevou os direitos e deveres individuais e coletivos à categoria de direitos e garantias fundamentais, adveio a Lei Federal n. 8.078, de 11 de setembro de 1990 – Código do Consumidor.No que diz respeito às regras relativas à defesa do consumidor, compete à União legislar sobre normas gerais, restando aos Estados competência legislativa suplementar. E, em atendimento às prescrições do ordenamento constitucional federal (art. 24, inc. VIII e seu § 2º), o Estado do Espírito Santo, pode editar normas regulamentando o pagamento de boletos sem anuência do consumidor.No caso do tema ora abordado, o interesse em jogo não pode ser considerado predominante no âmbito da União. Trata-se, na verdade, de assunto de concorrente interesse regional e nacional, conforme deixou claro a própria Lei Maior ao enquadrar a defesa do direito do consumidor na competência legislativa concorrente da União, Estados e Distrito Federal (art. 24, V, da CF/88).

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

Note-se que na comparação entre os preceitos constitucionais e a lei federal preconizada, está com indiscutível caráter de norma geral, enfatizando o princípio da informação, do qual se extrai o dever de informação do fornecedor e direito básico à informação adequada do consumidor, previsto, dentre outros, nos artigos 4º, 6º, inciso III, 9º e 31 do Código do Consumidor.Vale apontar que a espécie normativa adequada para tratar do tema é a lei ordinária, estando o projeto, neste aspecto, em sintonia com o texto do art. 61, III, da Constituição Estadual.Quanto ao quórum para aprovação da matéria em Plenário e o respectivo processo de votação será na forma regimental, alcançado o quórum para votação de Projetos de Lei, conforme dispõe o art. 200, I e art. 201 do Regimento Interno, Resolução nº 2.700/09.Quanto ao aspecto da técnica legislativa, deixamos ao encargo da Diretoria Legislativa de Redação – DLR, observando dispositivos contidos na Lei Complementar Federal 95/1998, com alterações introduzidas pela Lei Complementar Federal 107/2001, bem como nos dispositivos do Regimento Interno desta Casa de Leis.

CONCLUSÃO

Por todo o exposto, concluímos que o Projeto de Lei nº 167/2011, de autoria do Deputado Gilsinho Lopes, atende aos pressupostos de constitucionalidade, juridicidade e legalidade, e, por consequência, deve seguir sua tramitação normal nesta Casa de Leis, razão pela qual sugerimos aos demais Pares desta Douta Comissão a adoção do seguinte:

PARECER N.º 318/2011

A COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA, SERVIÇO PÚBLICO E REDAÇÃO é pela CONSTITUCIONALIDADE e LEGALIDADE do Projeto de Lei n.º 167/2011, de autoria do Deputado Estadual Gilsinho Lopes.

Plenário Rui Barbosa, 23 de agosto de 2011.

ELCIO ALVARESPresidente

RODNEY MIRANDARelator

GILDEVAN FERNANDESDARY PAGUNG

CLAUDIO VEREZA

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTOCOMISSÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

PARECER N.º 13/2011

Parecer do Relator: Projeto de Lei de n.º 167/2011Autor: Deputado Estadual Gilsinho LopesEmenta: “Veda o repasse ao consumidor do ônus financeiro decorrente da cobrança efetuada pela modalidade de emissão de carnês ou boletos bancários”.

I - RELATÓRIO

O presente Projeto de Lei nº 167/2011, de autoria do Deputado Gilsinho Lopes, tem a seguinte ementa: "Veda o repasse ao consumidor do ônus financeiro decorrente da cobrança efetuada pela modalidade de emissão de carnês ou boletos bancários.”A matéria foi protocolada no dia 06 de junho de 2011, passou pelo crivo da Mesa Diretora, sem restrições, foi lida na Sessão Ordinária do dia 07 de junho de 2011 e publicada no Diário do Poder Legislativo do dia 29 de junho de 2011, às págs. 2636/2637.O referido Projeto foi analisado anteriormente pela Douta Procuradoria e pela Comissão de Constituição e Justiça, recebendo pareceres pela constitucionalidade e legalidade, vindo, nesta oportunidade, a esta Comissão de Defesa do Consumidor para exame e parecer quanto ao mérito da Propositura, na forma do art. 44, do Regimento Interno (Resolução nº 2.700/09).Posteriormente, foram apensados os Projetos de Leis nº 218/2011 e 283/2011. O primeiro protocolado em 11 de julho de 2011 e lido na sessão do dia 12 de julho de 2011; o segundo em 22 de agosto de 2011 e lido na sessão do dia 24 de agosto de 2011.Verifica-se que os Projetos apensados foram protocolados posteriormente ao primeiro Projeto, qual seja ao de nº 167/211, de autoria do Deputado Gilsinho Lopes, que foi protocolado no dia 06 de junho de 2011 e lido na sessão do dia 07 de junho de 2011.

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

Os referidos Projetos apensados tratam da mesma matéria do primeiro Projeto, conforme informações da Diretoria de Documentação e Informação - DDI - Centro de Documentação e Informação Legislativa - CDIL (fls. 04- PL n º 218/2011 e fls. 05 - PL nº 283/2011). É o relatório.

II – FUNDAMENTAÇÃO

O Projeto de Lei nº 167/2011, de autoria do Exmº Srº Deputado Gilsinho Lopes, tem a seguinte ementa: “Veda o repasse ao consumidor do ônus financeiro decorrente da cobrança efetuada pela modalidade de emissão de carnês ou boletos bancários”.A iniciativa da proposição em epígrafe é válida, pois a proteção do consumidor só é respeitada quando existe norma impondo multa pelo descumprimento ou por cláusulas contratuais abusivas.Com relação à União e Estados, a Constituição Federal é omissa no que se refere à ementa da proposição do Deputado Autor.Para defender a tramitação do Projeto em comento, apresentamos como leciona o professor José Afonso da Silva:

“(...) A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui (na verdade até pressupõe) a competência suplementar dos Estados (...), e isso abrange não apenas as normas gerais referidas no parágrafo 1º desse mesmo artigo no tocante à matéria neste relacionada, mas também as normas gerais indicadas em outros dispositivos constitucionais, porque justamente é característica da legislação principiológica (normas gerais, diretrizes, bases), na repartição de competências federativas, consiste em sua correlação com competência suplementar (complementar e supletiva) dos Estados” (Curso de direito constitucional positivo, 16 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999, p. 479, grifos no original. 7 Ob. Cit., p. 504)”.

A Constituição de 1988 contemplou, pela primeira vez na história constitucional do País, os direitos do consumidor.Em seu artigo 5º, inciso XXXII, como um dos seus direitos fundamentais, prescreveu a Carta Maior que: “O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor”.A defesa do consumidor foi inserida dentre os princípios da Ordem Econômica, consoante disposto no inciso V do artigo 170. A relevância de tal inserção traduz-se na categoria em que o legislador quis fixar as relações do consumo na esfera constitucional federal, conferindo-lhe disposição principiológica própria dentre aquelas que asseguram existência digna. Em face da previsão constitucional da defesa coletiva dos consumidores, que elevou os direitos e deveres individuais e coletivos à categoria de direitos e garantias fundamentais, adveio a Lei Federal n. 8.078, de 11 de setembro de 1990 – Código do Consumidor.No que diz respeito às regras relativas à defesa do consumidor, compete à União legislar sobre normas gerais, restando aos Estados competência legislativa suplementar. E, em atendimento às prescrições do ordenamento constitucional federal (art. 24, inc. VIII e seu § 2º), o Estado do Espírito Santo, pode editar normas regulamentando o pagamento de boletos sem anuência do consumidor.No caso do tema ora abordado, o interesse em jogo não pode ser considerado predominante no âmbito da União. Trata-se, na verdade, de assunto de concorrente interesse regional e nacional, conforme deixou claro a própria Lei Maior ao enquadrar a defesa do direito do consumidor na competência legislativa concorrente da União, Estados e Distrito Federal (art. 24, V, da CF/88).Note-se que na comparação entre os preceitos constitucionais e a lei federal preconizada, está com indiscutível caráter de norma geral, enfatizando o princípio da informação, do qual se extrai o dever de informação do fornecedor e direito básico à informação adequada do consumidor, previsto, dentre outros, nos artigos 4º, 6º, inciso III, 9º e 31 do Código do Consumidor.Vale apontar que a espécie normativa adequada para tratar do tema é a lei ordinária, estando o projeto, neste aspecto, em sintonia com o texto do art. 61, III, da Constituição Estadual.Vale ressaltar que a Propositura foi analisada anteriormente pela Procuradoria e pela Comissão de Constituição e Justiça recebendo pareceres pela constitucionalidade e legalidade, vindo, nesta oportunidade, a esta Comissão de Defesa do Consumidor para exame e parecer quanto ao mérito.Assim sendo, a presente análise restringe-se, tão-somente, ao exame de mérito da Propositura, pertencendo exclusivamente à discricionariedade parlamentar à avaliação sobre a conveniência e oportunidade acerca da matéria.Cumpre-nos ressaltar que o presente opinamento restringe-se ao aspecto regimental, verificadas as regras legais contidas no art. 44 e seus incisos (Resolução 2.700/09), concluímos que a presente proposição deve ser acolhida, razão pela qual somos pela adoção do seguinte parecer:

II - CONCLUSÃO

Tendo em vista que os Projetos apensados foram protocolados posteriormente ao primeiro Projeto, qual seja ao de nº 167/211, de autoria do Deputado Gilsinho Lopes, que foi protocolado no dia 06 de junho de 2011 e lido na sessão do dia 07 de junho de 2011, e tratarem da mesma matéria conforme informações descritas acima, e ainda, o primeiro Projeto ter sido analisado pela Comissão de Constituição e Justiça, dado pela sua constitucionalidade e Legalidade, através do Parecer nº 318/2011, fls. 19/22, não cabe a esta Comissão a análise dos demais Projetos apensados.

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

Pelas razões supra, concluímos pela aprovação do o Projeto de Lei nº 167/2011, de autoria do Exmº Srº Deputado Gilsinho Lopes, que tem a seguinte ementa: “Veda o repasse ao consumidor do ônus financeiro decorrente da cobrança efetuada pela modalidade de emissão de carnês ou boletos bancários” devendo, desta forma, prosperar em sua tramitação regular por não conter vícios contrários à sua natureza, e sugerindo aos Membros desta Comissão a adoção do seguinte parecer:

PARECER N.º 13/2011

A Comissão de Defesa do Consumidor é pela aprovação do Projeto de Lei n.º 167/2011, de autoria do Deputado Gilsinho Lopes, que tem a seguinte ementa: “Veda o repasse ao consumidor do ônus financeiro decorrente da cobrança efetuada pela modalidade de emissão de carnês ou boletos bancários”.

Plenário Rui Barbosa, 25 de outubro de 2011.

DARY PAGUNGPresidente

SANDRO LOCUTORRelator

DOUTOR HENRIQUE VARGASGILSINHO LOPES

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTOCOMISSÃO DE FINANÇAS, ECONOMIA, ORÇAMENTO, FISCALIZAÇÃO, CONTROLE E TOMADA DE

CONTAS

PARECER N.º 58/2011

Parecer do Relator: Projeto de Lei de n.º 167/2011Autor: Deputado Estadual Gilsinho LopesEmenta: “Veda o repasse ao consumidor do ônus financeiro decorrente da cobrança efetuada pela modalidade de emissão de carnês ou boletos bancários”.

RELATÓRIO

1. O presente Projeto de Lei nº 167/2011, de autoria do Deputado Gilsinho Lopes, apensado ao Projeto de Lei nº 218/2011 na forma regimental, “Veda o repasse ao consumidor de ônus financeiro decorrente de cobrança efetuada pela modalidade de emissão de carnês e boletos bancários.” 2. Em sua justificativa, declara o Autor que diversos fornecedores embutem nos boletos bancários ou carnês o custo decorrente da confecção, expedição e cobrança desses boletos e carnês.3. Que por conta disso, os consumidores pagam até centenas de reais mensalmente, pois a cada boleto ou carnê pago, geralmente estão embutidos indevidamente de R$ 3,00 a R$ 20,00 a título de “taxas”.4. A matéria foi protocolada em 06 de junho de 2011, lida no expediente da Sessão Ordinária do dia 07 de junho de 2011 e publicada no DPL – Diário do Poder Legislativo do dia 29 de junho de 2011, às páginas 2636 e 2637.5. O Projeto de Lei nº 167/2011, de autoria do Deputado Gilsinho Lopes, já foi analisado pela Comissão de Constituição e Justiça, Serviço Público e Redação quanto a sua constitucionalidade e legalidade, conforme Parecer nº 318/2011, contido nas fls. 19 a 22, destes autos. Ato contínuo o mesmo fora aprovado com relação ao mérito na Comissão de Defesa do Consumidor recebeu Parecer nº 13/2011, pela aprovação. Cabe agora a esta Comissão de Finanças, Orçamento, Fiscalização, Controle e Tomada de Contas, tão somente, a análise do mérito.6. O Projeto veio a esta Comissão para exame e parecer, atendendo normas regimentais estabelecidas no artigo 42, incisos VI, XVIII e XIX do Regimento Interno da ALES – Resolução nº 2700/09.7. É o relatório.

PARECER DO RELATOR

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

8. Trata o Projeto de Lei nº 167/2011, de autoria do Deputado Gilsinho Lopes, que “Veda o repasse ao consumidor de ônus financeiro decorrente de cobrança efetuada pela modalidade de emissão de carnês e boletos bancários.”. 9. E em sua justificativa, declara o Autor que diversos fornecedores embutem nos boletos bancários ou carnês o custo decorrente da confecção, expedição e cobrança desses boletos e carnês.10. Que por conta disso, os consumidores pagam até centenas de reais mensalmente, pois a cada boleto ou carnê pago, geralmente estão embutidos indevidamente de R$ 3,00 a R$ 20,00 a título de “taxas”.11. O Projeto de Lei nº 167/2011, de autoria do Senhor Deputado Gilsinho Lopes, não encontra óbice no que diz respeito ao Regimento Interno. 12. Assim, quanto a análise do Mérito, a Propositura em comento está em consonância com o Art. 42, VI, XVIII e XIX, do Regimento Interno que versa sobre a competência de opinamento da Comissão de Finanças, Economia, Orçamento, Fiscalização, Controle e Tomada de Contas, a saber:

“Art. 42. À Comissão de Finanças, Economia, Orçamento, Fiscalização, Controle e Tomada de Contas compete opinar sobre:

VI - assunto, proposição ou documento em geral que se refiram a quaisquer atividades econômicas do Estado ou concessão de benefícios a pessoas físicas ou jurídicas de que delas participem;

XVIII – produção e consumo;

XIX - aspecto econômico ou financeiro de todas as proposições;”

13. Ex positis, sugerimos sua aprovação, considerando-se o mérito da matéria, o que nos leva a sugerir aos demais membros desta Comissão o seguinte:

PARECER N.º 58/2011

A COMISSÃO DE FINANÇAS, ORÇAMENTO, FISCALIZAÇÃO, CONTROLE E TOMADA DE CONTAS é pela Aprovação do Projeto de Lei n.º 167/2011, de autoria ao Deputado Gilsinho Lopes, na conformidade do Art. 42, incisos VI, XVIII e XIX do Regimento Interno da ALES (Resolução n.º 2.700/09).

Plenário Rui Barbosa, 12 de dezembro de 2011.

SÉRGIO BORGESPresidente

ATAYDE ARMANIRelator

SANDRO LOCUTORFREITAS

PROJETO DE LEI Nº 307/2011Dispõe sobre a informação ao consumidor do direito de saldar antecipadamente seus débitos e obter redução de juros e

demais acréscimos.

A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO DECRETA:

Art.1º Os estabelecimentos situados no Estado do Espírito Santo que operem com financiamento, crediário, empréstimos ou demais operações congêneres manterão afixados permanentemente em seu interior placas ou cartazes informativos sobre o direito do consumidor que antecipar o pagamento de sua dívida em ter a redução proporcional dos juros e demais consectários.§ 1º. A placa ou cartaz deverá conter a seguinte frase: “Nos termos do artigo 52, parágrafo 2º do Código de Defesa do Consumidor, instituído pela Lei Federal nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, fica assegurado ao consumidor que efetuar a liquidação antecipada do débito, total ou parcialmente, a redução proporcional dos juros e demais acréscimos”§ 2º. As placas ou cartazes referidos no caput deste artigo terão dimensões suficientes para que possam ser lidas a boa distância e serão afixadas em locais de ampla e fácil visualização.

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

Art. 2º O descumprimento ao disposto na presente Lei implicará nas seguintes penalidades:I – advertência;II – multa de 2.000 (dois mil) Valores de Referência do Tesouro Estadual – VRTEs, aplicada em dobro no caso de reincidência;

Art. 3º O Poder Executivo regulamentará, mediante decreto, as providências necessárias ao fiel cumprimento desta lei.

Art. 4º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Sala das Sessões, 6 de setembro de 2011.SANDRO LOCUTOR

DEPUTADO ESTADUAL (PV)

JUSTIFICATIVA

Prefacialmente, urge salientar a competência legislativa para tratar da matéria em voga. O legislador constituinte optou por elencar a defesa do consumidor como um dos direitos e garantias fundamentais preconizados no art. 5º da Carta Magna de nosso Ordenamento Jurídico, ratificando a importância desta seara na vida em sociedade. Nesse diapasão, cumpre ressaltar a disposição contida no art. 24 da Constituição da República que estabelece as matérias de competência concorrente entre a União, Estados e Distrito Federal, dentre as quais contempla as relações de consumo, objeto da presente proposição. Percebe-se, pois, que o artigo 24, inciso VIII da Constituição atribui a União, aos Estados e ao Distrito Federal, a competência concorrente, ou seja, cabe a União legislar sobre normas gerais, e aos Estados e Distrito Federal, legislar sobre normas específicas. A Lei Federal nº 8.078/1990, criou o Código de Defesa do Consumidor, que estabelece normas gerais de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, não limitando a competência dos Estados em legislar, de forma específica, sobre esse assunto. Assim, não merece prosperar qualquer alegação de que o projeto em escólio apresenta infringência a dispositivos constitucionais, uma vez que se afigura como fruto legítimo do exercício do Estado de sua competência legislativa suplementar para dispor sobre proteção ao consumidor. Ultrapassados os aspectos constitucionais desta iniciativa, compete mencionar que, no mérito, a proposição visa estabelecer normas de proteção às relações de consumo, salvaguardando os hipossuficientes, tornando-se, pois, medida altamente positiva. A presente propositura visa informar ao consumidor do seu direito de, ao saldar antecipadamente um débito, obter redução de juros e outros acréscimos. O Código Consumerista dispõe em seu artigo 52, parágrafo 2º, que todo consumidor que optar pelo pagamento antecipado da dívida, total ou parcialmente, terá garantida a redução proporcional dos juros e demais acréscimos que incidiriam sobre essa dívida. Ocorre que a maioria dos consumidores desconhece esse direito, e tampouco as empresas se preocupam em informá-los. Assim, nossa proposta se torna oportuna, tendo em vista que terá um grande alcance social, pois dará publicidade permanente a um direito já elencado no Código de Defesa do Consumidor. Essa realidade evoca a adoção de medidas urgentes voltadas à garantia do equilíbrio nessas relações, objetivo que buscamos atingir através desta proposta. Portanto, a aprovação deste projeto será de grande importância e interesse público e, em face de seu elevado alcance social, conto com o apoio de Vossas Excelências para sua aprovação.

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA, SERVIÇO PÚBLICO E REDAÇÃO

PARECER N.º 424/2011

Parecer do Relator: Projeto de Lei de n.º 307/2011Autor: Deputado Estadual Sandro LocutorEmenta: “Dispõe sobre a informação ao consumidor do direito de saldar antecipadamente seus débitos e obter redução de juros e demais acréscimos”.

RELATÓRIO

Análise do Projeto de Lei n° 307/2011 de iniciativa do Deputado Sandro Locutor, cujo conteúdo, em síntese, “Dispõe sobre a informação ao consumidor do direito de saldar antecipadamente seus débitos e obter redução de juros e demais acréscimos”. A proposição foi protocolizada no dia 06 de setembro de 2011, lida no expediente da Sessão Ordinária do dia 12 de setembro de 2011 e publicada no Diário do Poder Legislativo - DPL, edição do dia 22 de setembro de 2011, às páginas 5016 e 5017.

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

O presente Projeto de Lei foi a Procuradoria para exame e parecer na forma do disposto no art. 41, I do Regimento Interno da ALES (Resolução nº 2.700/09) e, depois de distribuída a matéria nesta Comissão, coube-me a mim examinar a sua constitucionalidade.É o relatório.

PARECER DO RELATOR

DA ANÁLISE QUANTO AO ASPECTO DA JURIDICIDADE, DA LEGALIDADE E DA CONSTITUCIONALIDADE FORMAL E MATERIAL

O Projeto de Lei de nº 307/2011, visa informar ao consumidor o direito de, ao saldar antecipadamente um débito, obter redução de juros e outros acréscimos.Consoante justificativa do autor ocorre que a maioria dos consumidores desconhece esse direito e tampouco as empresas se preocupam em informá-los. Assim, a proposta do autor se torna oportuna, tendo em vista que terá um grande alcance social, pois dará publicidade permanente a um direito já elencado no Código de Defesa do Consumidor.O Código Consumerista dispõe em seu art. 52, parágrafo 2º, que todo consumidor que optar pelo pagamento antecipado da dívida, total ou parcialmente, terá garantia a redução proporcional dos juros e demais acréscimos que incidiram sobre essa dívida.

“Art. 52 (...)

§2º - É assegurada ao consumidor a liquidação antecipada do débito, total ou parcialmente, mediante redução proporcional dos juros e demais acréscimos”.

A quitação antecipada do débito com o desconto é direito do consumidor e as empresas de crédito não podem negar este direito, mesmo que esteja previsto contratualmente porque o CDC é norma de ordem pública e afasta qualquer disposição contratual que contrarie suas normas jurídicas.Sobre o tema, assim manifesta-se Nelson Nery Junior: “Uma das mais importantes conquistas do consumidor com o Código foi o direito de liquidação antecipada do débito financiado, com a devolução ou redução proporcional dos juros e demais encargos. Os bancos e instituições financeiras em geral, bem como fornecedores com financiamento próprio (lojas com departamento de crediário), terão de proporcionar ao consumidor a liquidação antecipada do financiamento, se ele assim pretender, fazendo a competente redução proporcional dos juros e outros acréscimos. Cláusula contratual que preveja renúncia do consumidor à restituição ou diminuição proporcional dos juros e encargos previstos neste dispositivo é abusiva, sendo considerada nula, não obrigando o consumidor (art. 51, nºs I, II, IV e XV, CDC). Caso o fornecedor não assegure esse direito ao consumidor, além do direito previsto neste dispositivo, terá ele direito de haver perdas e danos, patrimoniais e morais, nos termos do art. 6º, nº VI, do CDC” (in Código Brasileiro de Defesa do Consumidor Comentado Pelos Autores do Anteprojeto, Ada Pellegrini Grinover et all. – 4ª ed. – Rio de Janeiro, Forense Universitária, 1995)”.Não há dúvida quanto ao direito do consumidor à redução proporcional dos juros em caso de compra a prazo, financiamento de veículo ou empréstimo bancário, inclusive o consignado.O grande problema é que as empresas se negam a reconhecer este direito, muitos consumidores ligam para o call center destas empresa e os atendentes, na maioria das vezes despreparados e instruídos de forma equivocada, simplesmente negam este direito alegando inúmeras desculpas como falta de previsão contratual ou a existência de uma cláusula contratual dispondo que em caso de quitação antecipada o contratante não tem direito à redução dos juros cobrados.Tal prática vem sendo elididas pelo poder judiciário, que vem incessantemente reconhecendo o direito ao abatimento dos juros e condenando as empresas a restituírem o valor devido. Vejamos alguns julgados, sendo que este primeiro nos oferece um exemplo de cálculo do desconto:

EMENTA: CONSUMIDOR. CONTRATO DE FINANCIAMENTO DE VEÍCULO. LIQUIDAÇÃO ANTECIPADA DO DÉBITO. ART. 52, § 2º, DO CDC. DIREITO À REDUÇÃO PROPORCIONAL DOS JUROS E DEMAIS ACRÉSCIMOS. NULIDADE DE SENTENÇA AFASTADA. 1. A preliminar de nulidade da sentença por fundamentação deficiente resta afastada, pois a decisão atacada indicou, de forma clara e suficiente, os motivos que embasaram a decisão de parcial procedência do pedido. 2. Comprovando a autora que efetuou o pagamento antecipado do financiamento de seu veículo (vinte meses antes do término do contrato), possuía o direito de serem descontados proporcionalmente os juros remuneratórios cobrados e os demais acréscimos do contrato (art. 52, § 2º da Lei 8.078/90). 3. Não tendo a ré conferido o desconto na forma estabelecida na legislação consumerista, ou seja, de forma proporcional à quitação do contrato, necessário se faz a complementação de tal benesse. 4. A esse respeito, há que se reduzir o montante estipulado em sentença, pois tendo em vista que a autora antecipou em 20 meses o pagamento das parcelas correspondentes a tal período, de um total de 36, o que corresponderia a 55% do período do financiamento contratado, necessário se faz que lhe seja concedido um abatimento de R$ 1.085,26, pois corresponde a 55% de desconto sobre os juros das prestações antecipadas, o que se mostra equânime, e não aquele indicado na decisão de primeiro grau, pois fixado em percentual

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

muito superior. 5. Todavia, já tendo sido restituído à demandante o valor de R$ 563,64, há de se compensar tal valor do montante devido (R$ 1.085,26), restando saldo à autora no valor de R$ 521,62. Recurso parcialmente provido. (Recurso Cível Nº 71001646850, Primeira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Ricardo Torres Hermann, Julgado em 03/07/2008)EMENTA: CONSUMIDOR. CONTRATO DE FINANCIAMENTO. QUITAÇÃO ANTECIPADA. PAGAMENTO DE JUROS E DEMAIS ENCARGOS. NECESSIDADE DE ABATIMENTO, A TEOR DO DISPOSTO NO ART. 52, § 2º, DO CDC. DEVOLUÇÃO DO VALOR PAGO A MAIOR. SENTENÇA CONFIRMADA. RECURSO DESPROVIDO. (Recurso Cível Nº 71001615251, Terceira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Eduardo Kraemer, Julgado em 12/08/2008).EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ORDINÁRIA. CONTRATO DE FINANCIAMENTO GARANTIDO POR ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. PAGAMENTO ANTECIPADO DA DÍVIDA. INCIDÊNCIA DO ART. 52 § 2º DO CDC. AUSÊNCIA DO CONTRATO INCIDÊNCIA DO ART. 359 DO CPC. Merece manutenção a sentença que reconheceu o direito da autora/financiada à quitação antecipada do contrato, com a redução proporcional dos juros e demais acréscimos (§ 2º do art. 52 do CDC) Não tendo o réu atendido à determinação de juntar aos autos o contrato celebrado entre as partes, admite-se como certo o cálculo de dívida apresentado pela autora/financiada, para fins de quitação do contrato. Apelação desprovida. (Apelação Cível Nº 70022994651, Décima Terceira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Lúcia de Castro Boller, Julgado em 15/05/2008).

Após analisar os julgados, podemos concluir que o judiciário não mede forças para beneficiar um simples e justo Direito do Consumidor. Dessa forma, vale salientar a proposta do Ilustre Deputado Sandro Locutor, tendo em vista que terá um grande alcance social, pois dará publicidade permanente a um direito já elencado no Código de Defesa do Consumidor.Essa realidade evoca a adoção de medidas urgentes voltadas à garantia do equilíbrio nessas relações, objetivo que o Autor do projeto busca atingir através desta proposta.Quanto ao aspecto da técnica legislativa, deixamos ao encargo da Diretoria Legislativa de Redação – DLR, a quem compete oferecer sugestões e opinar sobre a matéria, observando dispositivos contidos na Lei Complementar Federal nº 95/1998, com alterações introduzidas pela Lei Complementar Federal nº 107/2001, bem como nos dispositivos do Regimento Interno desta Casa de Leis, Resolução nº 2.700/09.

CONCLUSÃO

Assim analisado, há de se concluir no sentido de que o PROJETO DE LEI Nº 307/2011, de autoria do Deputado Sandro Locutor é LEGAL, CONSTITUCIONAL e REGIMENTAL podendo prosseguir sua tramitação neste Poder, por não conter vícios contrários à sua natureza.

PARECER N.º 424/2011

A COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA, SERVIÇO PÚBLICO E REDAÇÃO é pela CONSTITUCIONALIDADE e LEGALIDADE do PROJETO DE LEI n.º 307/2011, de autoria do DEPUTADO SANDRO LOCUTOR.

Plenário Rui Barbosa, 25 de outubro de 2011.

ELCIO ALVARESPresidente

RODNEY MIRANDARelator

GILDEVAN FERNANDESDARY PAGUNG

CLAUDIO VEREZAASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

COMISSÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

PARECER N.º 26/2011

Parecer do Relator: Projeto de Lei de n.º 307/2011

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

Autor: Deputado Estadual Sandro LocutorEmenta: “Dispõe sobre a informação ao consumidor do direito de saldar antecipadamente seus débitos e obter redução de juros e demais acréscimos”.

I - RELATÓRIO

1. Cuidam os autos da análise do projeto de Lei de autoria do Deputado Estadual Sandro Locutor que tem por finalidade dispor sobre informação ao consumidor do direito de saldar antecipadamente seus débitos e obter redução de juros e demais acréscimos. 2. O projeto obteve parecer jurídico favorável pela Procuradoria Legislativa, fl.15 e parecer favorável da Comissão de Constituição e Justiça, Serviço Público e Redação fl.27.3. Na forma do regimento interno, os autos vieram a análise na Comissão de Defesa do ConsumidorEste é o Relatório.

PARECER DO RELATOR

4. Ultrapassada a premissa de constitucionalidade do projeto, resta abordar a matéria sob a perspectiva da Comissão de defesa do consumidor. 5. Acolho e profiro manifestação sobre o Projeto de Lei 307/2011.6. Na forma do art. 44 do Regimento Interno, é competência da Comissão de Defesa do Consumidor a analise de proposições em razão da existência de elementos de consumo e de defesa do consumidor. 7. Quanto a Constituição Estadual, a matéria possui supedâneo no artigo 63, especificamente autorizando que os Membros do Poder Legislativo elaborem normas. 8. Já em relação ao Código de Defesa do Consumidor, a matéria encontra pertinência e adequação legal no art. 6º, reconhecendo o direito à informação como sendo um dos direitos precípuos e básicos do cidadão. 9. De outro lado, sob o aspecto formal, o projeto encontra-se adequado aos preceitos regimentais da Assembléia Legislativa e a Lei Complementar Federal n.º 95, de 1998, com as alterações previstas na Lei Complementar n.º 107/2001.10. Neste diapasão, considerando o permissivo constitucional e legal à matéria e, também, a essencialidade na melhoria da fiscalização do Poder Executivo pelo Poder Legislativo, recomendo a aprovação do Projeto de Lei 307/2011.

PARECER N.º 26/2011

A COMISSÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR é pela APROVAÇÃO do Projeto de Lei n.º 307/2011, de autoria do Deputado Sandro Locutor.

Plenário Rui Barbosa, 22 de novembro de 2011.

DARY PAGUNGPresidente

GILDEVAN FERNANDESRelator

GILSINHO LOPESDOUTOR HENRIQUE VARGAS

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTOCOMISSÃO DE FINANÇAS, ECONOMIA, ORÇAMENTO, FISCALIZAÇÃO, CONTROLE E TOMADA DE

CONTAS

PARECER N.º 69/2011

Parecer do Relator: Projeto de Lei de n.º 307/2011Autor: Deputado Estadual Sandro LocutorEmenta: “Dispõe sobre a informação ao consumidor do direito de saldar antecipadamente seus débitos e obter redução de juros e demais acréscimos”.

I - RELATÓRIO

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

1. O Projeto de Lei nº 307/2011, de autoria do Deputado Sandro Locutor, visa dispor sobre a informação ao consumidor do direito de saldar antecipadamente seus débitos e obter redução de juros e demais acréscimos. 2. A presente proposição foi protocolada no dia 06/09/2011, lida na Sessão Ordinária do dia 12/09/2011 e publicada no Diário do Poder Legislativo na edição do dia 22/09/2011, às páginas 5016/5017.3. A matéria foi analisada pela Comissão de Constituição e Justiça, Serviço Público e Redação na qual recebeu o Parecer nº 424/2011 pela constitucionalidade e legalidade, e na Comissão de Defesa do Consumidor o Parecer de nº 26/2011 também pela aprovação, vindo a seguir a esta douta Comissão de Finanças, Economia, Orçamento, Fiscalização, Controle e Tomada de Contas para análise de mérito.4. É o relatório.

II – PARECER DO RELATOR

5. A matéria visa dispor sobre a informação ao consumidor do direito de saldar antecipadamente seus débitos e obter redução de juros e demais acréscimos, ficando os estabelecimentos situados no Estado do Espírito Santo que operem com financiamento, crediário, empréstimos ou demais operações congêneres, manterem afixados permanentemente em seu interior placas ou cartazes informativos.

6. Como sabemos, já é entendimento no Superior Tribunal de Justiça, - STJ, de que as instituições financeiras não podem cobrar percentuais muito acima da média do mercado. “Para o advogado Arnoldo Wald, as recentes decisões do STJ mostram que o tribunal está compreendendo que o direito deve favorecer a Justiça e ter em conta o fato econômico. No mercado, não adianta fixar um percentual, mas, algumas vezes se ultrapassa toda a lógica e a razoabilidade. Nesses casos, os limites são dados pelo abuso de poder econômico. (http://www.lladvogados.com.br/).7. Conforme justificativa do autor, a iniciativa é pertinente, uma vez que a maioria dos consumidores desconhece a redução proporcional dos juros e demais acréscimos quando optam pelo pagamento antecipado e geralmente as empresas não tem interesse em informar os seus direitos.

8. Nota-se, que as disposições da proposição legislativa em questão, encontram fundamento para tramitação diante da competência suplementar dos Estados-membros, estando como se vê, em harmonia com as normas gerais editadas pela União.

9. Neste contexto a iniciativa foi aprovada pela Comissão de Justiça pela constitucionalidade e legalidade, com base no art. 52, § 2°da Lei n° 8.078/90, e alguns julgados dos Tribunais.10. Noutro giro, verifica-se que o ato de estabelecer punições com aplicações de advertência e multa, in casu é inconveniente, vez que, tal competência é do Poder Executivo Estadual, que tem o Poder de Polícia Administrativa, detendo assim a faculdade de aplicar sanções aos infratores, na forma de regulamento próprio, podendo ser aplicadas cumulativamente, sem prejuízo das de natureza cível e penal. 11. Ainda, quanto à análise do Mérito, a propositura em comento está em consonância com o Art. 42, do Regimento Interno, Resolução nº 2.700/2009, que versa sobre a competência de opinamento desta Comissão de Finanças, Economia, Orçamento, Fiscalização, Controle e Tomada de Contas.12. Isto posto, somos pela adoção do seguinte parecer:

PARECER N.º 69/2011

A COMISSÃO DE FINANÇAS, ECONOMIA, ORÇAMENTO, FISCALIZAÇÃO, CONTROLE E TOMADA DE CONTAS é pela Aprovação do Projeto de Lei n.º 307/2011 de autoria do Deputado Sandro Locutor.

Sala das Comissões, 12 de dezembro de 2011.

SÉRGIO BORGESPresidente/Relator

FREITASATAYDE ARMANI

SANDRO LOCUTOR

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR Nº 022/2011Regulamenta o sistema financeiro estadual, conforme previsto pelo art. 68, Parágrafo Único, inciso I, da Constituição

Estadual.

A Assembléia Legislativa do Estado do Espírito Santo DECRETA:

Art. 1º. O sistema financeiro estadual é estruturado de forma a cumprir os objetivos da política de desenvolvimento estadual. § 1º. As instituições públicas de caráter financeiro incorporadas, fundidas ou criadas com o objetivo expresso neste artigo integrarão o sistema financeiro estadual. § 2º. A criação, fusão, cisão, incorporação, alienação e extinção, ressalvada neste caso a competência da União, de instituição pública estadual de caráter financeiro dependerão de autorização expressa da Assembléia Legislativa.§ 3º. Não dependerão de autorização expressa da Assembléia Legislativa as operações que não impliquem alienação do controle majoritário acionário da instituição pública estadual de caráter financeiro.§ 4º. A criação de instituição pública estadual de caráter financeiro somente poderá ser feita por lei específica.§ 5º. A criação de subsidiárias de instituição pública estadual de caráter financeiro, assim como a participação de qualquer delas em empresa privada, depende de autorização legislativa.

Art. 2º. As instituições integrantes do sistema financeiro estadual que exerçam atividade de fomento elaborarão, observada a Lei de Diretrizes Orçamentárias, a política de aplicação de seus recursos direcionada, preferencialmente, para o desenvolvimento da produção, de serviços e de geração de tecnologia que atendam ao mercado interno.

Art. 3º. As instituições financeiras destinadas a apoiar programas de alta relevância econômica e social e, principalmente, os destinados ao fomento da pequena produção agrícola, à democratização do acesso à terra, às terras particulares cobertas com florestas nativas, à habitação popular, ao saneamento básico e a obras de urbanização, poderão ser agraciadas com recursos, na forma do caput do art. 221 da Constituição Estadual, respeitados sempre o Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Art. 4º. As disponibilidades de caixa do Estado e dos seus Municípios, bem como dos órgãos ou entidades dos seus Poderes e das empresas por eles controladas, serão depositadas em instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos previstos em lei.§ 1º. A opção pela mudança da instituição financeira oficial que recepcionar as disponibilidades de que trata este artigo, será feita mediante a prévia observância:I- da lei federal 8.666/93, que regulamenta o art. 37, XXI, da Constituição Federal, ou da norma que a suceder, assegurando a todas instituições financeiras oficiais, inclusive àquela da qual se propõe a retirada das disponibilidades, a apresentação de propostas. II- da lei complementar federal 101/2000, que trata da Responsabilidade Fiscal, ou da norma que a suceder.§ 2º. Ficam vedados:I- o recebimento antecipado de valores da instituição financeira oficial para qual se deseja migrar as disponibilidades de caixa, em troca de pagamento periódico de tarifas de serviços, tendo em vista caracterizar operação equiparada à antecipação de crédito violadora dos preceitos da responsabilidade fiscal, nos termos dos arts. 35 e 37, II, da lei complementar federal 101/2000.II- a realização da mudança da instituição financeira oficial, receptora das disponibilidades de caixa, no último ano do mandato do Governador ou Prefeito Municipal, tendo em vista o disposto no art. 38, IV, b, da lei complementar federal 101/2000 e o princípio da moralidade administrativa.

Art. 5º. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Sala das Sessões, 19 de setembro de 2011.DEPUTADO GILSINHO LOPES

JUSTIFICATIVA

Embora a Constituição Estadual tenha sido promulgada em 1989, ainda não houve a regulamentação do sistema financeiro estadual. A regulação prevê o seguinte:- Os preceitos constitucionais do Sistema Financeiro Estadual são trazidos para a legislação reguladora, de forma a ressaltar a sua importância.

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

- O Poder Executivo poderá vender a maioria da sua participação no Banestes ou em outra instituição do gênero. No entanto, se pretender abrir mão do controle acionário, deverá ser autorizado previamente pela Assembléia Legislativa.A proposta está de acordo com a posição do Supremo Tribunal Federal em diversos precedentes, destacando-se os seguintes:

ADI 1348 / RJ - RIO DE JANEIRO AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADERelator(a): Min. CÁRMEN LÚCIAJulgamento: 21/02/2008 Órgão Julgador: Tribunal PlenoPublicação DJe-041 DIVULG 06-03-2008 PUBLIC 07-03-2008EMENT VOL-02310-01 PP-00051RTJ VOL-00204-01 PP-00088LEXSTF v. 30, n. 354, 2008, p. 68-87Parte(s) REQTE.: GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO DE JANEIROADV.: RAUL CID LOUREIRO E OUTROREQDO.: ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIROEMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 364, CAPUT E PARÁGRAFO ÚNICO, DA CONSTITUIÇÃO DO RIO DE JANEIRO. NORMA QUE IMPEDE A ALIENAÇÃO DAS AÇÕES ORDINÁRIAS DO BANCO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - BANERJ - E DETERMINA A ARRECADAÇÃO DE RECEITAS E OS PAGAMENTOS DE DÉBITOS DO ESTADO, EXCLUSIVAMANTE, PELO BANCO ESTADUAL. 1. No julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 234/RJ, ao apreciar dispositivos da Constituição do Rio de Janeiro que vedavam a alienação de ações de sociedades de economia mista estaduais, o Supremo Tribunal Federal conferiu interpretação conforme à Constituição da República, no sentido de serem admitidas essas alienações, condicionando-as à autorização legislativa, por lei em sentido formal, tão-somente quando importarem em perda do controle acionário por parte do Estado. Naquela assentada, se decidiu também que o Chefe do Poder Executivo estadual não poderia ser privado da competência para dispor sobre a organização e o funcionamento da administração estadual. 2. Conteúdo análogo das normas impugnadas nesta Ação; distinção apenas na vedação dirigida a uma sociedade de economia mista estadual específica, o Banco do Estado do Rio de Janeiro S/A - Banerj. 3. Aperfeiçoado o processo de privatização do Banco do Estado do Rio de Janeiro S/A, na forma da Lei fluminense n. 2.470/1995 e dos Decretos ns. 21.993/1996, 22.731/1997 e 23.191/1997. Condução do processo segundo o que decidido pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal. Medida Cautelar mantida. 4. Ação Direta de Inconstitucionalidade julgada procedente.ADI 234 QO / RJ - RIO DE JANEIRO QUESTÃO DE ORDEM NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADERelator(a): Min. NÉRI DA SILVEIRAJulgamento: 04/10/1995 Órgão Julgador: Tribunal PlenoPublicação DJ 09-05-1997 PP-18126 EMENT VOL-01868-01 PP-00001Parte(s) REQTE.: GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO DE JANEIROREQDO.: ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIROEMENTA: - Ação direta de inconstitucionalidade. Questão de Ordem. 2. No julgamento da ADIN 234-1/600 - RJ, o STF, por unanimidade, julgou procedente, em parte, a ação e declarou a inconstitucionalidade do inciso XXXIII do art. 99 e do parágrafo único do art. 69, ambos da Constituição do Estado do Rio de Janeiro, e, ainda, por maioria de votos, julgou procedente, em parte, a ação, relativamente ao caput do art. 69 aludido, para dar-lhe interpretação conforme a Constituição, segundo a qual a autorização legislativa nela exigida há de fazer-se por "lei formal específica", só sendo necessária, entretanto, quando se cuidar de alienar o controle acionário de sociedade de economia mista. 3. Publicada a decisão no Diário da Justiça da União, o Governador do Estado do Rio de Janeiro requereu a exclusão da ata de julgamento do termo específica, sustentando que não corresponde essa expressão ao que foi decidido pela Corte, a qual apenas exigiu, na hipótese do caput do art. 69 da Carta fluminense, a existência de "lei formal genérica". 4. Petição conhecida como embargos de declaração, após ter sido publicado o acórdão. 5. Reconheceu-se não existir inteira coincidência entre o que foi objeto da análise dos votos do Relator e do Presidente com os termos segundo os quais ficou proclamada a decisão e, assim, constante da ata de julgamentos da sessão plenária respectiva. 6. Verificou-se, entretanto, que não constituiu objeto de expressa discussão, no julgamento da ação direta de inconstitucionalidade, o ponto referente a ser necessária autorização legislativa, por lei formal específica, quando se cuida de alienação de ações do Estado em sociedade de economia mista implicando a perda de seu controle acionário. 7. Em face disso, o Tribunal recebeu, em parte, os embargos de declaração para determinar seja retirada da ata de julgamento, na parte relativa ao feito, a expressão específica, passando a proclamação do resultado, neste ponto, a constar, nos seguintes termos: "E, por maioria de votos, julgou procedente, em parte, a ação com relação ao caput do art. 69, para dar-lhe interpretação conforme a Constituição, segundo a qual a autorização legislativa nela exigida há de fazer-se por lei formal, mas só será necessária, quando se cuide de alienar o controle acionário da sociedade de economia mista".

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

Registre-se que este Deputado é contra a venda do Banestes, e defende que o banco somente possa ser vendido se o povo assim o desejar em plebiscito. No entanto, como foi rejeitada Emenda Constitucional neste sentido, faz-se necessária, por ora, a regulação da matéria conforme a posição do Supremo Tribunal Federal.- Finalmente, este Projeto de Lei Complementar vem tratar de um assunto essencial à defesa do sistema financeiro estadual, sobretudo do Banestes.O Banestes precisa ser defendido de possíveis ataques predatórios praticados pelo Banco do Brasil S/A, ou, possivelmente, pela Caixa Econômica Federal. Basta dar o exemplo do que aconteceu no Município de Vila Velha, onde no último ano de mandato do ex-Prefeito as disponibilidades do Tesouro foram transferidas do Banestes para o Banco do Brasil. Naquela ocasião, sem que houvesse qualquer levantamento de valores por parte da Municipalidade, ou seja, escorando-se unilateralmente em valores propostos pelo Banco do Brasil, sem fazer comparações de oferta junto à CEF e, sobretudo, ao Banestes, decidiu-se por transferir as disponibilidades do Tesouro mediante o recebimento de quase R$ 10 milhões, mediante o pagamento de prestações mensais de relevante valor a título dos serviços que viriam a ser prestados pelo Banco do Brasil. O que ocorreu, portanto, foi uma disfarçada operação de crédito, que na verdade consiste em antecipação de receita vedada pela lei de responsabilidade fiscal. Vedação essa tendo em vista que a LC 101 não permite que uma instituição oficial antecipe receita para ente Público. A receita que é antecipada pelo Banco, obviamente é recuperada através das prestações mensais que passa a receber pelos serviços que prestar. Aqui, podemos invocar o jargão tão utilizado pelos norte-americanos: “Não existe almoço grátis.” Ora, evidente que o Banco não dá dinheiro aos Municípios sem equacionar os lucros que irá obter. Esta lei não tem por objetivo impedir a transferência de recursos públicos que estão disponibilizados no Banestes para outros bancos oficiais, como o Banco do Brasil ou a CEF, pois isso é uma decisão que cabe ao Administrador. O objetivo é regular. Ou seja, a Proposta é disciplinar os procedimentos que devem ser respeitados para que não haja a utilização de artifícios ilegais, que se uma vez praticados por outros Municípios possam abalar seriamente a saúde financeira do Banestes.A proposta objetiva que, antes do Poder Público transfira recursos de uma instituição para a outra, seja obrigada a agir de conformidade com a moralidade administrativa, e respeitar, sobretudo:a) A lei de licitações, valendo destacar que mesmo quando a licitação for inexigível ou dispensável há formalidades que devem ser cumpridas.b) A lei de responsabilidade fiscal.c) A oportunidade da instituição de onde o recurso será transferido participar do certame que irá decidir a respeito de onde serão depositados os recursos públicos.A observância de tais princípios implica na impossibilidade do recebimento de adiantamento da instituição financeira pelo órgão público, para fazer a transferência das suas disponibilidades, quando esse adiantamento venha a ser compensado com o pagamento mediante taxas de serviços bancários mensais, fixadas unilateralmente pelo Banco. A lei de Responsabilidade Fiscal, com sabedoria, vedou de forma ainda mais taxativa essas espécies de operação no último ano de mandato, pois obviamente compromete a futura Administração. É evidente que a utilização de expedientes mediante a oferta de expressivos valores adiantados, geram grande atrativo para Municípios abrirem mão de manter seus depósitos no Banestes. O que não é admissível quando ocorra de forma violadora ao sistema jurídico. Desta maneira, em Defesa do Banestes e do Sistema Financeiro Estadual, é proposta esta Lei Complementar.

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA, SERVIÇO PÚBLICO E REDAÇÃO

PARECER N.º 502/2011

RELATÓRIO

O Projeto de Lei Complementar nº 22/2011, de autoria do Senhor Deputado Gilsinho Lopes, objetiva dispor sobre a regulamentação do sistema financeiro estadual, conforme previsto pelo art. 68, Parágrafo Único, inciso I, da Constituição Estadual e, para tanto, apresenta outras providências correlatas. O referido Projeto foi protocolizado no dia 27 de setembro de 2011.

Por sua vez, a Proposição foi lida na Sessão Ordinária do dia 03 de outubro de 2011 e publicado no Diário do Poder Legislativo – DPL, datado do dia 17 do mesmo mês e ano, às fls. 5.473 a 5.476. Após, recebeu encaminhamento para esta Comissão de Constituição e Justiça, Serviço Público e Redação, com o fim de elaboração de Parecer para efeito de análise da sua constitucionalidade, legalidade, juridicidade e técnica legislativa empregada em sua feitura, conforme dispõem o art. 41 da Resolução n.º 2.700/2009 (Regimento Interno desta Augusta Assembléia Legislativa).

Este é o Relatório.

PARECER DO RELATOR

Conforme acima grifado, Projeto de Lei Complementar n.º 22/2011, de autoria do Senhor Deputado Gilsinho Lopes, visa normatizar o sistema financeiro estadual, conforme previsto pelo art. 68, Parágrafo Único, inciso I, da Constituição

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

Estadual. Assim, determina que este sistema seria estruturado de forma a cumprir os objetivos da política de desenvolvimento estadual.

Em continuidade, a pretensa normatização regula que as instituições públicas de caráter financeiro incorporadas, fundidas ou criadas no estado do Espírito Santo integrarão o sistema financeiro estadual. Observado que nessa obrigatoriedade, a criação, fusão, cisão, incorporação, alienação e extinção de instituição pública estadual de caráter financeiro (com exceção da competência da União) dependerão de autorização expressa da Assembleia Legislativa, salvo as operações que não impliquem alienação do controle majoritário acionário da instituição pública estadual de caráter financeiro.

Nessa mesma linha, a Proposição também determina que a criação de instituição pública estadual de caráter financeiro somente poderá ser feita por lei específica, da mesma forma que a criação de subsidiárias de instituição pública estadual de caráter financeiro e a hipótese de participação de qualquer delas em empresa privada, dependerão igualmente de autorização legislativa.

O PLC nº 22/2011 condiciona as atribuições das instituições, fomentadoras de atividades e que são integrantes do sistema, a elaboração de política de aplicação de seus recursos direcionada, preferencialmente, para o desenvolvimento da produção, de serviços e de geração de tecnologia que atendam ao mercado interno, observada no que couber a Lei de Diretrizes Orçamentárias.

Da mesma forma que as instituições financeiras, destinadas a apoiar programas de alta relevância econômica e social e, principalmente, os destinados ao fomento da pequena produção agrícola, à democratização do acesso à terra, às terras particulares cobertas com florestas nativas, à habitação popular, ao saneamento básico e a obras de urbanização, passam a poder receber recursos, na forma do caput, do art. 221, da Constituição Estadual, na conformidade do Plano Plurianual, da Lei de Diretrizes Orçamentárias e da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Define que as disponibilidades de caixa do Estado e dos Municípios capixabas, bem como dos órgãos ou entidades dos seus Poderes e das empresas por eles controladas, serão depositadas em instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos previstos em lei. Tal condição formata opção que requer observância tanto da lei complementar federal 101/2000, quanto da lei federal 8.666/93, sendo assegurando a todas instituições financeiras oficiais, inclusive àquela da qual se propõe a retirada das disponibilidades, a apresentação de propostas.

Em sequência, o PLC nº 22/2011 veda o recebimento antecipado de valores da instituição financeira oficial para qual se deseja migrar as disponibilidades de caixa, em troca de pagamento periódico de tarifas de serviços, tendo em vista caracterizar operação equiparada à antecipação de crédito violadora dos preceitos da responsabilidade fiscal, nos termos dos arts. 35 e 37, II, da lei complementar federal 101/2000. Como também veda a realização da mudança da instituição financeira oficial, receptora das disponibilidades de caixa, no último ano do mandato do Governador ou Prefeito Municipal, tendo em vista o disposto no art. 38, IV, b, da lei complementar federal 101/2000 e o princípio da moralidade administrativa.

Notadamente, seu escopo é de grande relevância para o interesse público, daí o elevado grau de importância, principalmente em razão de que existe previsão na Constituição Estadual promulgada em 1989, mas ainda não houve a regulamentação do sistema financeiro estadual. Nesse mister, o Autor argumenta que a seu Projeto está de acordo com diversos precedentes do Excelso Supremo Tribunal Federal, sendo que destaca os seguintes julgados:

ADI 1348 / RJ; Relatora: Min. CÁRMEN LÚCIA; Julgamento: 21/02/2008; Órgão Julgador: Tribunal Pleno; Publicação: DJe-041 DIVULG 06-03-2008 PUBLIC 07-03-2008; EMENT VOL-02310-01 PP-00051; RTJ VOL-00204-01 PP-00088; LEXSTF v. 30, n. 354, 2008, p. 68-87.Parte(s) REQTE.: GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO DE JANEIROADV.: RAUL CID LOUREIRO E OUTROREQDO.: ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIROEMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 364, CAPUT E PARÁGRAFO ÚNICO, DA CONSTITUIÇÃO DO RIO DE JANEIRO. NORMA QUE IMPEDE A ALIENAÇÃO DAS AÇÕES ORDINÁRIAS DO BANCO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - BANERJ - E DETERMINA A ARRECADAÇÃO DE RECEITAS E OS PAGAMENTOS DE DÉBITOS DO ESTADO, EXCLUSIVAMANTE, PELO BANCO ESTADUAL. 1. No julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 234/RJ, ao apreciar dispositivos da Constituição do Rio de Janeiro que vedavam a alienação de ações de sociedades de economia mista estaduais, o Supremo Tribunal Federal conferiu interpretação conforme à Constituição da República, no sentido de serem admitidas essas alienações, condicionando-as à autorização legislativa, por lei em sentido formal, tão-somente quando importarem em perda do controle acionário por parte do Estado. Naquela assentada, se decidiu também que o Chefe do Poder Executivo estadual não poderia ser privado da competência para dispor sobre a organização e o funcionamento da administração estadual. 2. Conteúdo análogo das normas impugnadas nesta Ação; distinção apenas na vedação dirigida a uma sociedade de economia mista estadual específica, o Banco do Estado do Rio de Janeiro S/A - Banerj. 3. Aperfeiçoado o processo de privatização do Banco do Estado do Rio de Janeiro S/A, na forma da Lei fluminense n. 2.470/1995 e dos Decretos ns. 21.993/1996, 22.731/1997 e 23.191/1997. Condução do processo segundo o que decidido pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal. Medida Cautelar mantida. 4. Ação Direta de Inconstitucionalidade julgada procedente.

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

ADI 234 QO / RJ; Relator: Min. NÉRI DA SILVEIRA; Julgamento: 04/10/1995; Órgão Julgador: Tribunal Pleno; Publicação: DJ 09-05-1997 PP-18126 EMENT VOL-01868-01 PP-00001.Parte(s) REQTE. : GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO DE JANEIROREQDO. : ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIROEMENTA: - Ação direta de inconstitucionalidade. Questão de Ordem. 2. No julgamento da ADIN 234-1/600 - RJ, o STF, por unanimidade, julgou procedente, em parte, a ação e declarou a inconstitucionalidade do inciso XXXIII do art. 99 e do parágrafo único do art. 69, ambos da Constituição do Estado do Rio de Janeiro, e, ainda, por maioria de votos, julgou procedente, em parte, a ação, relativamente ao caput do art. 69 aludido, para dar-lhe interpretação conforme a Constituição, segundo a qual a autorização legislativa nela exigida há de fazer-se por "lei formal específica", só sendo necessária, entretanto, quando se cuidar de alienar o controle acionário de sociedade de economia mista. 3. Publicada a decisão no Diário da Justiça da União, o Governador do Estado do Rio de Janeiro requereu a exclusão da ata de julgamento do termo específica, sustentando que não corresponde essa expressão ao que foi decidido pela Corte, a qual apenas exigiu, na hipótese do caput do art. 69 da Carta fluminense, a existência de "lei formal genérica". 4. Petição conhecida como embargos de declaração, após ter sido publicado o acórdão. 5. Reconheceu-se não existir inteira coincidência entre o que foi objeto da análise dos votos do Relator e do Presidente com os termos segundo os quais ficou proclamada a decisão e, assim, constante da ata de julgamentos da sessão plenária respectiva. 6. Verificou-se, entretanto, que não constituiu objeto de expressa discussão, no julgamento da ação direta de inconstitucionalidade, o ponto referente a ser necessária autorização legislativa, por lei formal específica, quando se cuida de alienação de ações do Estado em sociedade de economia mista implicando a perda de seu controle acionário. 7. Em face disso, o Tribunal recebeu, em parte, os embargos de declaração para determinar seja retirada da ata de julgamento, na parte relativa ao feito, a expressão específica, passando a proclamação do resultado, neste ponto, a constar, nos seguintes termos: "E, por maioria de votos, julgou procedente, em parte, a ação com relação ao caput do art. 69, para dar-lhe interpretação conforme a Constituição, segundo a qual a autorização legislativa nela exigida há de fazer-se por lei formal, mas só será necessária, quando se cuide de alienar o controle acionário da sociedade de economia mista".

Em continuidade, o Deputado Autor, ainda, informou e definiu o objetivo do Projeto, nos seguintes termos:

“A proposta objetiva que, antes do Poder Público transfira recursos de uma instituição para a outra, seja obrigada a agir de conformidade com a moralidade administrativa, e respeitar, sobretudo:

a) A lei de licitações, valendo destacar que mesmo quando a licitação for inexigível ou dispensável há formalidades que devem ser cumpridas.

b) A lei de responsabilidade fiscal.

c) A oportunidade da instituição de onde o recurso será transferido participar do certame que irá decidir a respeito de onde serão depositados os recursos públicos.

A observância de tais princípios implica na impossibilidade do recebimento de adiantamento da instituição financeira pelo órgão público, para fazer a transferência das suas disponibilidades, quando esse adiantamento venha a ser compensado com o pagamento mediante taxas de serviços bancários mensais, fixadas unilateralmente pelo Banco.

A lei de Responsabilidade Fiscal, com sabedoria, vedou de forma ainda mais taxativa essas espécies de operação no último ano de mandato, pois obviamente compromete a futura Administração.

É evidente que a utilização de expedientes mediante a oferta de expressivos valores adiantados, geram grande atrativo para Municípios abrirem mão de manter seus depósitos no Banestes. O que não é admissível quando ocorra de forma violadora ao sistema jurídico.”

Desta forma, o mérito envolvido na normatização do Projeto de Lei Complementar n.º 22/2011 é inquestionável e, certamente, tem amparo no interesse público estadual. Mas, de plano, nesta oportunidade deve-se observar a análise jurídica do caso concreto.

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

De plano, resta confirmado a presença da matéria “sistema financeiro estadual” como sendo uma das matérias integrantes ao campo normativo da espécie Lei Complementar, conforme dispõe o inciso I, do Parágrafo Único, do art. 68, da Constituição Estadual. Senão vejamos:

Art. 68. .........................................

Parágrafo único. São leis complementares, entre outras de caráter estrutural, as seguintes:

I - lei do sistema financeiro e do sistema tributário estadual;

Destarte, a conformidade constitucional prevista na Ementa do Projeto de Lei Complementar nº 22/2011 apenas possui caráter formal, ou seja, subsume a tão-somente ao item da exigência formal quanto à espécie correta para fins de gerar regulamentação (espécie lei complementar). Vale dizer, que o dispositivo previsto no inciso I, do Parágrafo Único, do art. 68, da Constituição Estadual serve para definir a espécie normativa que é apta e legítima para regular o tema, mas não possui natureza material para conformar procedimentos de INTEGRAÇÃO com norma infraconstitucional.

Não obstante a esta inconsistência técnica (que é sanável), o gravame irremediável encontra-se no campo da legitimidade autoral do projeto. Em outros termos, no fato de invasão na Competência Legislativa Privativa do Chefe do Poder Executivo.

Para o Direito brasileiro, o tema referente ao “sistema financeiro estadual” corresponde a um conjunto de ações que envolvem tanto área de interesse local, na medida em que impõe aos Entes Federados Municipais a adoção de procedimentos para que sejam depositadas, em instituições financeiras oficiais, as disponibilidades de caixa dos Municípios capixabas, quanto em impor procedimentos de organização administrativa e de pessoal da administração do Poder Executivo, como também da criação, estruturação e atribuições das Secretarias de Estado, órgãos e entidades da administração direta e indireta do Poder Executivo.

Na primeira medida, verifica-se que as regulações previstas em todo o art. 4º do Projeto de Lei Complementar nº 22/2011 impõe ingerência indevida na esfera de autonomia dos Entes Federados Municipais capixabas, circunstância esta que fere diretamente o Princípio da Federação brasileira. No caso, a matéria normatizada possui caráter de interesse local e como tal só poderia ser normatizada por lei municipal, conforme preceitua o inciso I, do art. 30, da CF. Vejamos:

Art. 30. Compete aos Municípios:

I - legislar sobre assuntos de interesse local;

A invasão da área de Competência Legislativa Exclusiva dos Municípios corresponde a um gravame de inconstitucionalidade formal insanável para o Projeto de Lei Complementar ora em análise.

Por seu turno, sob o enfoque da sua aplicação no âmbito da Administração Pública Direta e Indireta do Estado do Espírito Santo, o PLC nº 22/2011 produz outra inconstitucionalidade de natureza formal, por promover desobediência a ordem constitucional que reserva um conjunto de matérias de Iniciativa Legislativa Privativa do Chefe do Poder Executivo.

In casu, a infringência direta de todo o corpo normativo do Projeto de Lei Complementar ora em apreço se dá em razão dos comandos endereçados nos incisos III e VI, do parágrafo único, do artigo 63, da Constituição Estadual. Tal infringência se verifica pela própria circunstância definida no texto da Proposição Normativa, pois, por ser de autoria de parlamentar, não poderia prever, por exemplo, procedimentos para (a) a criação, fusão, cisão, incorporação, alienação e extinção de instituição pública estadual de caráter financeiro ou (b) condicionar as atribuições das instituições públicas que promovam fomento de atividades ou (c) as disponibilidades de caixa do Estado etc.

Assim, não poderia tratar de novas atribuições para entidades da Administração do Estado do Espírito Santo e nem poderia definir procedimentos de organização administrativa e de pessoal da administração do Poder Executivo Estadual.

Com esse norteamento, o Projeto viola diretamente a esfera de Iniciativa Legislativa Privativa do Chefe do Poder Executivo. Vejamos o que define a Constituição Estadual in verbis:

“Art. 63. A iniciativa das leis cabe a qualquer membro ou comissão da Assembleia Legislativa, ao Governador do Estado, ao Tribunal de Justiça, ao Ministério Público e aos cidadãos, satisfeitos os requisitos estabelecidos nesta Constituição.

Parágrafo único. São de iniciativa privativa do Governador do Estado as leis que disponham sobre:

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

(...)

III - organização administrativa e pessoal da administração do Poder Executivo;

IV - ................................

V - ..................................

VI - criação, estruturação e atribuições das Secretarias de Estado e órgãos do Poder Executivo.”Uníssono a este topoi jurídico, o próprio Supremo Tribunal Federal já se manifestou em casos idênticos e se

posicionou no sentido de preservar incontest os Princípios da Reserva de Administração do Poder Executivo e da Separação dos Poderes (ADI-MC 776/RS – Órgão Julgador: Tribunal Pleno – Relator: Ministro Celso de Mello – Julgamento: 23/10/1992. DJ 15-12-2006 PP-00080; ADI-MC 2364 – Órgão Julgador: Tribunal Pleno – Relator: Ministro Celso de Mello – Julgamento: 23/10/1992. DJ 15-12-2006 PP-00080.

Nota-se que o próprio julgado do STF, indicado na Justificativa do PLC 22/2011, já menciona que o Chefe do Poder Executivo não pode ser privado de seu direito constitucional de possuir a iniciativa legislativa privativa das matérias relacionadas pela própria Constituição. Outrossim, a ADI 1348/RJ confirmou:

“(...) Naquela assentada, se decidiu também que o Chefe do Poder Executivo estadual não poderia ser privado da competência para dispor sobre a organização e o funcionamento da administração estadual.” (NEGRITAMOS)

Não obstante, julgando a constitucionalidade de uma Lei do Estado do Espírito Santo, o Excelso Pretório ratificou o seu posicionamento, inclusive para concluir que nem na hipótese de sanção haveria convalidação do vício de inconstitucionalidade resultante da usurpação do poder de iniciativa do chefe do Poder Executivo (ADI 2867/ES – Órgão Julgador: Tribunal Pleno – Relator: Ministro Celso de Mello – Julgamento: 03/12/2003. DJ 09-02-2007 PP-00016).

Destarte, tipificando insuperável vício de iniciativa ao conflitar, de forma simétrica (Princípio Constitucional da Simetria), com os comandos determinados pelo artigo 61, § 1º, inciso II, alínea “b”, quando combinado com o artigo 84, inciso VI, alínea “a”, ambos da Constituição Federal.

Sendo desta forma, perante a análise jurídica, verificam-se do diagnóstico decorrente que, incontestavelmente, a pretensa normatividade da Proposição Legislativa traz vários pontos de antinomia com os preceitos constitucionais, tanto da Constituição Federal, quanto da Constituição Estadual, desta maneira, restou a mesma ser gravada como formalmente inconstitucional.

Em conclusão, o Projeto de Lei Complementar n.º 22/2011, de autoria do Senhor Deputado Gilsinho Lopes, é formalmente inconstitucional.

Ex Positis, sugerimos aos Ilustres Pares desta Comissão a adoção do seguinte:

PARECER N.º 502/2011

A COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA, SERVIÇO PÚBLICO E REDAÇÃO é pela inconstitucionalidade do Projeto de Lei Complementar n.º 22/2011, de autoria do Senhor Deputado Gilsinho Lopes.

Plenário Rui Barbosa, 29 de novembro de 2011.

ELCIO ALVARESPresidente

RODNEY MIRANDARelator

DARY PAGUNGTHEODORICO FERRAÇO

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

PROJETO DE LEI Nº 83/2011Assegura o ingresso da Bíblia Sagrada e outros livros nos estabelecimentos prisionais, incentiva a leitura por parte dos

internos e dá outras providências.

A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO DECRETA:

Art. 1º - Fica assegurado o ingresso de livros nos estabelecimentos prisionais e sua posse pelos internos, tendo por objetivo a educação, a ressocialização e o respeito à fé religiosa.Parágrafo único. Considera-se estabelecimento prisional as unidades de reclusão, detenção, internação de menores, encarceramento provisório, manicômios judiciais ou qualquer estabelecimento destinado à internação de pessoas em cumprimento de pena, medida de segurança ou sócio-educativa.

Art. 2º- É direito de todo interno possuir em seu poder um exemplar da Bíblia Sagrada ou do livro considerado Sagrado pela religião de sua crença.

Art. 3º - A administração prisional poderá restringir o ingresso dos livros que puderem atentar contra a ordem e segurança do estabelecimento, e restringirá os vedados por lei ou decisão judicial.§ 1º. A autoridade que não admitir o ingresso de um livro deverá justificar por escrito o motivo ao visitante ou ao preso, se assim for requerido, no prazo de 30 (trinta) dias a contar do recebimento do requerimento.§ 2º. A quantidade de livros em posse de internos somente poderá ser limitada em virtude do espaço físico do local, ficando assegurado, de qualquer forma, a posse de, no mínimo, 5 (cinco) livros por interno.Art. 4º - A autoridade inspecionará os livros que forem trazidos aos estabelecimentos prisionais, com o intuito de impedir o ingresso de coisas ilícitas ou vedadas pelo estabelecimento, bem como de correspondências ou mensagens alheias ao conteúdo do impresso.Art. 5º - As autoridades estimularão a leitura por parte dos internos e implantarão, na medida das possibilidades, bibliotecas, adquirindo, inclusive, exemplares em Braile se houver necessidade.Art. 6º- Os internos poderão assinar periódicos de natureza científica, religiosa ou cultural em geral, mediante autorização prévia da autoridade prisional, quando não atentem contra a ordem e segurança do estabelecimento.§ 1º Outras modalidades de periódicos poderão ser autorizados pela autoridade prisional.§ 2º A recusa a assinatura de periódicos será sempre fundamentada, por escrito, no prazo de 30 (trinta) dias a contar do recebimento do requerimento§ 3º Não se admitirá a recusa sob fundamento de deficiência da estrutura do serviço público para fiscalização de conteúdo e entrega do periódico ao interno.Art. 7º- As autoridades incentivarão a leitura de livros que, a critério dos psicólogos e assistentes sociais, sejam recomendáveis à ressocialização dos internos.Parágrafo Único. O Estado poderá adquirir e distribuir aos internos livros e periódicos cuja leitura seja recomendável à ressocialização dos internos.

Art. 8º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Sala das Sessões, 4 de abril de 2011.DEPUTADO GILSINHO LOPES

JUSTIFICATIVA

A leitura é grande estímulo à ressocialização dos internos. É sabido que os internos passam grande tempo em ociosidade, enquanto que através da leitura estariam voltados à reflexão de coisas da vida. A cultura é fundamental para o desenvolvimento de qualquer ser humano. Este parlamentar vem recebendo reiteradas denúncias de que estabelecimentos recusam a entrada de livros, inclusive já tendo ocorrido situação de proibirem até mesmo o ingresso da Bíblia Sagrada, o que é situação inaceitável. Está comprovado que a Bíblia Sagrada já converteu muitos infratores, transformando suas vidas. Também é um livro que dá consolo, esperança e prega o amor ao próximo e a prática do bem. É inaceitável que as carências do serviço público sejam utilizadas de pretexto para impedir ou desestimular a leitura. No entanto, deve ser resguardado às autoridades recusarem ingressos de livros ou periódicos que possam causar desordem ou prejudicar a segurança, como, por exemplo, os que transfiram informações sobre grupos criminosos, façam a apologia à violência ou outros inadequados ao ambiente prisional. As autoridades precisam dar o exemplo de incentivar a leitura. O Estado, tanto quanto possível, deve investir na cultura para construirmos uma sociedade melhor.

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA, SERVIÇO PÚBLICO E REDAÇÃO

PARECER N.º 419/2011

Parecer do Relator: Projeto de Lei de n.º 83/2011Autor: Deputado Estadual Gilsinho LopesEmenta: “Assegura o ingresso da Bíblia Sagrada e outros livros nos estabelecimentos prisionais, incentiva a leitura por parte dos internos e dá outras providências”.

I - RELATÓRIO

1. O Projeto de Lei nº 083/2011, de autoria do Senhor Deputado Gilsinho Lopes, com o objetivo de assegurar o ingresso da Bíblia Sagrada e outros livros nos estabelecimentos prisionais, incentiva a leitura por parte dos internos e dá outras providências. 2. A Proposição foi protocolizada no dia 04/04/2011, lida na Sessão Ordinária do dia 04 de abril de 2011, oportunidade em que recebeu despacho denegatório do Senhor Presidente da Assembleia Legislativa, no sentido de devolvê-la ao autor, por infringência aos incisos III e VI, do parágrafo único, do art. 63, da Constituição Estadual do Espírito Santo e art. 143, VIII, do Regimento Interno da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Resolução nº 2.700/09).3. O autor do Projeto de Lei interpôs recurso junto à Comissão de Constituição e Justiça, com fulcro no Parágrafo único do art. 143, do Regimento Interno, que foi deferido regimentalmente.4. Após, juntado o parecer técnico da Procuradoria, a proposta seguiu os trâmites regimentais, distribuída a esta Comissão de Constituição e Justiça, para exame e parecer quanto à constitucionalidade e legalidade da matéria proposta.5. Relatada a matéria por seu ilustre Relator, o mesmo exarou Parecer pela constitucionalidade e legalidade da proposição, na forma do art. 41, I, do Regimento Interno (Resolução n.º 2.700).6. Após ser colocado em votação, o Parecer teve dois votos favoráveis contra quatro, que não concordaram com o objetivo tratado na matéria.7. É o relatório.

II – PARECER DO RELATOR

DA ANÁLISE QUANTO AO ASPECTO DA JURIDICIDADE, CONSTITUCIONALIDADE FORMAL E MATERIAL E LEGALIDADE

8. Na justificativa, o parlamentar alega que a leitura é de grande estima à ressocialização dos internos, tendo em vista que passam grande parte do tempo em ociosidade, e a cultura é fundamental para o desenvolvimento de qualquer ser humano. 9. Alega ainda o autor que vem recebendo reiteradas denúncias de que os estabelecimentos prisionais do Estado recusam a entrada de livros, até mesmo o da Bíblia Sagrada, pois é de conhecimento de todos que a mesma já converteu muitos infratores, fornecendo consolo, esperança, amor ao próximo e a prática do bem.10. Assim, destaca ainda que é dever do Estado incentivar a leitura, investindo na cultura, com a finalidade de construir uma sociedade mais justa e humanitária.11. No entanto, a iniciativa é de indiscutível mérito, porém, esta inquinada de vício de inconstitucionalidade formal, uma vez que a competência para deflagrar o requerido processo legislativo é da alçada do Chefe do Poder Executivo, conforme dispõe os incisos III e VI do parágrafo único do artigo 63, da Constituição Estadual e art. 143, VIII, do Regimento Interno desta Casa de Leis, in verbis:

“Art. 63. (...)

Parágrafo único. São de iniciativa privativa do Governador do Estado as leis que disponham:

(...)

III – organização administrativa e pessoal da administração do Poder Executivo;(...)

VI – criação, estruturação e atribuições das Secretarias de Estado e órgãos do Poder Executivo.”

“Art. 143. Não se admitirão proposições:

VIII – manifestamente inconstitucionais.”

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

12. A competência para legislar sobre direito penitenciário é concorrente entre a União, Estados e ao Distrito federal, art. 24, I, CF, porém, o vício de iniciativa encontra-se na parte da criação e estruturação das Secretarias de Estado, visto que o Projeto objetiva assegurar o ingresso da Bíblia Sagrada nos estabelecimentos prisionais deste Estado.13. Neste contexto, podemos asseverar que a matéria esta ligada à Secretaria de Estado da Justiça – SEJUS, que tem por competência a coordenação, a articulação, o planejamento, a implantação e o controle da Política Penitenciária Estadual.14. Ambos os vícios agridem ainda o Princípio da Separação dos Poderes estampado no art. 2º da Carta da República, pois estes são independentes e harmônicos entre si, e o Poder Legislativo está adentrando nas atribuições do Chefe do Poder Executivo.15. A Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210/84), em seus artigos10 e 11, incisos IV e VI, bem como no art. 41, inciso VII, todos desta Lei, assim preconizam:

“Art. 10. A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em sociedade.

Art. 11. A assistência será:

I – (...)

IV – educacional;

VI – religiosa;”

“Art. 41. Constituem direitos do preso:

I – (...)

VII – assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa;” (grifos nossos)

16. Além do mais, o art. 22, I, da Constituição Federal, preceitua que compete privativamente a União legislar sobre Direito Penal e Processual Penal.17. Ao mesmo tempo, recomendamos que a iniciativa seja encaminhada ao Poder Executivo, como INDICAÇÃO, conforme dispõe o art. 174, da Resolução 2.700/2009.18. Diante do exposto, entendemos que a propositura possui gravame formal de inconstitucionalidade, e por esta razão opinamos no sentido de que a proposição fica prejudicada em sua regular tramitação nesta Casa de Leis.19. Sendo assim, sugerimos aos demais membros desta douta Comissão a adoção do seguinte:

PARECER DO VENCIDO N.º 419/2011

A Comissão de Constituição e Justiça, Serviço Público e Redação é pela INCONSTITUCIONALIDADE do Projeto de Lei n.º 083/2011, de autoria do(a) Ex.mo (a) Senhor (a) Deputado(a) Gilsinho Lopes.

Plenário “Rui Barbosa”, 25 de outubro de 2011.

ELCIO ALVARESPresidente

DARY PAGUNGRelator

MARCELO SANTOS (Contra)GILDEVAN FERNANDES (Contra)THEODORICO FERRAÇO (Contra)

RODNEY MIRANDACLAUDIO VEREZA

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PROJETO DE LEI Nº 332/2011Dispõe sobre a Política Estadual de Incentivo à Cultura do Bambu e dá outras providências.

Art. 1º Fica instituída a Política Estadual de Incentivo à Cultura do Bambu, como parte da Política Estadual de Desenvolvimento Agrícola. Parágrafo único – A Cultura do Bambu compreende o cultivo agrícola voltado para a produção de colmos e para a extração de brotos e a valorização do bambu como instrumento de promoção do desenvolvimento socioeconômico regional e integrado do Estado.

Art. 2º A política instituída nesta Lei tem como objetivo o desenvolvimento da Cultura do Bambu no Estado, por meio de programas governamentais e de empreendimentos privados.

Art. 3º São diretrizes da Política Estadual de Incentivo à Cultura do Bambu: I – a valorização do bambu como produto agrícola capaz de suprir necessidades ecológicas, econômicas, sociais e culturais;II – o desenvolvimento tecnológico do cultivo e das aplicações do bambu; III – o desenvolvimento de pólos bambuzeiros.

Art. 4º São instrumentos da Política Estadual de Incentivo à Cultura do Bambu: I – crédito anual; II – assistência técnica;III – promoção e comercialização do produto; IV – certificado de origem e qualidade dos produtos destinados à comercialização.

Art. 5º Serão beneficiadas prioritariamente pela política instituída por esta Lei as pequenas e médias propriedades de regiões com vocação agrícola para a cultura do bambu.

Art. 6º Na implantação da política de que trata esta Lei, o Poder Executivo deverá: I – incentivar a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico do cultivo e das aplicações dos produtos e subprodutos do bambu; II – orientar o cultivo para a produção e a extração de brotos para a alimentação; III – incentivar a utilização do bambu na recomposição de matas ciliares, na recuperação de áreas degradadas e na composição de sistemas agro-florestais; IV – incentivar a adoção da cultura e manufatura do bambu na agricultura familiar; V – estabelecer parcerias com entidades públicas e privadas para maximizar a produção e a comercialização dos produtos derivados do bambu; VI – estimular o comércio interno e externo do bambu e de seus subprodutos; VII – produzir mudas de bambu em viveiros públicos estaduais. Art. 7º O portador dos Bônus poderá utilizá-los para pagamento de ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços -, Imposto sobre Transmissão de Bens “causa mortis”-, e IPVA – Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores -, até o limite de 20% (vinte por cento) do valor devido a cada incidência do tributo.

Art. 8º O Bônus terá validade para sua utilização de 5 (cinco) anos, a contar de sua emissão, com valor corrigido mensalmente pelos mesmos índices aplicáveis na correção do imposto.

Art. 9º Será criado o Fundo Especial de Apoio aos Produtores de Bambu no Estado, que deverá ser regulamentado pelo Poder Executivo.

Art. 10 Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Palácio Domingos Martins, 29 de setembro de 2011

Luzia Alves ToledoDeputada Estadual

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

JUSTIFICATIVA

O objetivo da implantação de política para a produção dos brotos de bambu é fomentar o artesanato e sua futura industrialização, atendendo crescentes demandas dos setores de arquitetura, paisagismo, decoração e construção civil. Muitos países têm encontrado sucesso na exportação de móveis feitos de bambu e esse sucesso se deve a implantação de oficinas profissionalizantes, auto-sustentáveis, de cunho ambiental econômico e social, com a criação de pólos geradores de trabalho. É preciso conscientizar a sociedade e dar incentivos ao surgimento de novos artesãos, viabilizando a venda de produtos e consolidando o bambu no mercado. O incentivo proposto nesta legislação tem por escopo formar pólos bambuzeiros, haja vista que a industrialização desse material tem ampla aceitação no mercado nacional e internacional, especialmente na arquitetura e móveis de design. No atual contexto social e produtivo mundial, vemos crises assolando povos de países inteiros. Estes se vêem à margem da política econômica mundial, e não conseguem criar e manter uma economia própria. Mas existem alguns países enxergando o bambu como um dos meios alternativos para aumentar a produtividade agrícola, gerar emprego e estimular a indústria. Assim pensam os governos da China, Nepal, Filipinas e Havaí. A questão ecológica é hoje um assunto muito discutido. A poluição e sub-produtos decorrentes de uma economia industrial capitalista globalizada geram desequilíbrios por todas as partes do globo, na terra, água e ar. O bambu é eficaz no combate a muitas formas de poluição nesses recursos naturais, produzindo oxigênio, reciclando a água de rios e lagoas e limpando o solo de alguns elementos nocivos. É também material altamente renovável e que pode substituir o uso da madeira (material e combustível), impedindo o corte indevido de árvores essenciais ao equilíbrio natural. Na América do Sul existem culturas ricas e vibrantes que muito se associaram ao uso do bambu. É o caso do Equador e da Colômbia, países onde o bambu da espécie Guadua angustifólia, gigante e muito resistente, é conhecido por todo habitante e é utilizado há milhares de anos pelos nativos. Ele sustenta casas de mais de 100 anos de idade, assim como as casas de uma grande parcela da população. A Costa Rica, na América Central, recentemente adotou uma estratégia para implementar a construção em massa de habitações populares construídas com bambu. O Brasil é um dos países com maior número de espécies nativas e maior área de florestas naturais de bambu. Estas espécies nativas, algumas até endêmicas, são na sua grande maioria desconhecidas. É imperioso elaborar uma política de preservação, propagação e disponibilização destas espécies que muito têm a nos encantar e oferecer. Pessoas do mundo inteiro se unem em associações e instituições para divulgar as múltiplas utilizações do bambu, incitar o debate social e desenvolver a pesquisa científica, tomando como exemplo: IBA, INBAR, ABMTENC, ABS, EBS, ECUABAMBU. O bambu é usado há muitos milênios na produção de uma miríade de artefatos úteis ou decorativos. Por sua característica tubular o bambu já agrega funções e adequações inerentes à sua forma. Sendo composto basicamente de longas fibras vegetais, pode ser moldado ou desfiado para novas aplicações. É essencial que se escolha o tipo certo de bambu e o modo correto de tratamento para cada aplicação. O bambu é reconhecidamente um excelente agente na contenção de encostas ameaçadas de erosão. Sua distribuição subterrânea de rizomas forma uma malha resistente que reforça a estrutura natural do solo. Para obter bons resultados são utilizados os bambus de rizomas leptomorfos, que se espalham na área mais rapidamente. O bambu é utilizado na irrigação de solos e lavouras. É tubular, facilitando o transporte de água da fonte ao local da irrigação. O bambu pode também ser utilizado na bio-remediação de ambientes molestados pela intervenção humana. Segundo os especialistas da West Wind Technologies, nos Estados Unidos existem muitas criações de suínos que despejam os restos fiscais dos animais diretamente no ambiente natural, contaminando campos e fontes de água. Uma solução para este problema seria despejar os restos em campos de grama, uma planta que consome largamente o nitrogênio presente nos restos. Mas a grama não tem mercado e é deixada no solo. Com o tempo o nitrogênio na grama é reabsorvido pelo solo. O bambu é uma grama, e consome muito nitrogênio. Depois pode ser coletado e vendido como material de construção, levando consigo o nitrogênio. Outro uso do bambu na remediação foi sugerido em 98 pelo senador americano Duncan Hunter, dirigente da Fundação World Emergency Relief, para despoluir o Rio Choluteca, que atravessa a capital do México. O projeto propõe que se plante bambu nas beiras do rio, porque agiriam como agente descontaminante. Este tipo de projeto já foi implantado no Rio Nuevo, Califórnia, e ao norte da cidade de Mexicali, México. O bambu também é utilizado como combustível e papel, substituindo o uso tradicional e, muitas vezes, irresponsável de madeiras importantes para os ecossistemas. O carvão de bambu é de excelente qualidade, e seu rápido crescimento equilibra a relação entre o gás de carbono emitido e o gás de carbono absorvido. O papel de bambu tem a mesma qualidade que o papel de madeira. O papel é o uso industrial do bambu de maiores proporções no mundo. O bambu oferece seis vezes mais celulose que o pinheiro que mais rápido cresce. Suas fibras são muito resistentes e tem qualidade igual ou superior à fibra de madeira. O Brasil é o único país das Américas a ter uma indústria de papel de bambu, com uma grande plantação no Estado do Maranhão.”

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA,SERVIÇO PÚBLICO E REDAÇÃO

PARECER N.º 505/2011

Parecer do Relator: Projeto de Lei n.º 332/2011Autor: Deputada Luzia ToledoEmenta: “Dispõe sobre Política Estadual de incentivo à cultura do Bambu e dá outras providências”.

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

I - RELATÓRIO

1. Cuida-se nestes autos da emissão de parecer jurídico determinado pelo ilustre Procurador Geral, com fulcro no Art. 132 da CF, c/c Art. 122, § 5º, da CE e a Lei Complementar nº 284/04, quanto à constitucionalidade da proposição legislativa em epígrafe, de iniciativa da Exma Sra. Deputada Luzia Alves Toledo, cujo conteúdo, em síntese, dispõe sobre a Política Estadual de incentivo à cultura do Bambu e dá outras providências.2. A Autora, na justificativa do Projeto de Lei, alega que: “ O objetivo da implantação de política para a produção dos brotos de Bambu é fomentar o artesanato e sua futura industrialização, atendendo crescentes demandas dos setores de arquitetura, paisagismo e construção civil.(...)3. Assevera, também, “(...) É imperioso elaborar uma política de, preservação, propagação e disponibilização destas espécies que muito têm a nos encantar e oferecer. (...)”4. A Mesa Diretora da Assembleia Legislativa em exercício do mero juízo de delibação que lhe impõe o Artigo 143 1do Regimento Interno – Resolução nº 2.700 de 15 de julho de 2009, publicada no DPL e no DOE de 16 de julho de 2009, proferiu o despacho de fls. 2 no qual admitiu a tramitação da proposição entendendo, prima facie, inexistir manifesta inconstitucionalidade ou um dos demais vícios previstos na norma regimental. 5. Admitida, a proposição que foi protocolizada no dia 05.10.2011, seguiu sua regular tramitação, tendo sido lida na sessão ordinária do dia 10.10.11 e, posteriormente, publicada no Diário do Poder Legislativo DPL – edição do dia 25.10.2011 às páginas 5645 a 5647. 6. Além do articulado legal da proposição e sua justificativa, o processo não está instruído com outros documentos. 7. O presente Projeto de Lei veio a esta Comissão, para exame e parecer na forma do disposto no art. 41, I, do Regimento Interno (Resolução nº 2.700/09). Distribuída a matéria, coube-nos examiná-la e emitir parecer.8. Em apertada síntese é o relatório.

II – FUNDAMENTAÇÃO

EXAME DA CONSTITUCIONALIDADE FORMAL DA PROPOSIÇÃO

9. Consoante o clássico ensinamento de Lúcio Bittencourt, "a inconstitucionalidade é um estado – estado de conflito entre uma lei e a Constituição”.

10. Ocorre que, em nosso ordenamento constitucional vige um complexo sistema de controle da constitucionalidade das leis e atos administrativos. No plano jurídico o sistema de controle de constitucionalidade adotado admite a existência do controle preventivo que se realiza no curso do processo legislativo e, o controle repressivo cuja incidência se dá quando a lei se encontra vigendo.11. A Constituição Federal de 1988 outorgou o exercício do controle prévio da constitucionalidade ao Poder Legislativo e ao Poder Executivo (quando da emissão de juízo de valor quanto à sanção ou veto do autógrafo de lei aprovado pelo parlamento).12. Na hipótese em apreço, trata-se do controle preventivo de constitucionalidade no âmbito do processo legislativo, porém exercido pelo Poder Legislativo. Sua característica fundamental consiste no fato de atuar no momento da elaboração da lei, com a finalidade de evitar que sua edição seja quanto à forma, seja quanto ao conteúdo ofenda a supremacia da Lei Maior.13. Outra singularidade no sistema de controle preventivo da constitucionalidade no âmbito do Poder Legislativo diz respeito aos agentes legitimados para exercer o controle da constitucionalidade. Assim, quanto ao sujeito controlador, a primeira atuação incumbe aos Procuradores de Estado do Poder Legislativo, cuja atuação oferece o necessário subsídio técnico que irá pautar a atuação futura da Comissão de Constituição e Justiça.14. Em suma, em sede do controle preventivo de constitucionalidade, que se desenvolve na fase de elaboração da lei a defesa da supremacia da Constituição tem início pela atuação da Procuradoria Jurídica e, em seguida, é exercido pelos próprios agentes participantes do processo legislativo em relação aos projetos de lei e demais proposições de teor normativo. 15. A doutrina e jurisprudência distinguem duas espécies de inconstitucionalidade, conforme leciona o eminente constitucionalista José Afonso da Silva:“ (a) formalmente, quando tais normas são formadas por autoridades incompetentes ou em desacordo com formalidades ou procedimentos estabelecidos pela constituição;(b) materialmente, quando o conteúdo de tais leis ou atos contraria preceito ou princípio da constituição”.16. O exame do controle formal de constitucionalidade deve preferir ao de exame de mérito. A razão dessa prevalência, para fins da analise decorre da sedimentada jurisprudência do pretório excelso, segundo a qual, a existência de vício formal de inconstitucionalidade fulmina integralmente o ato ou a lei.

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

17. Em decorrência, sendo constatado a existência de vício formal de inconstitucionalidade, torna-se despiciendo qualquer exame quanto a constitucionalidade material, posto que ante a constatação do aludido vício formal e insanável a lei estará, irremediavelmente, condenada a ser expungida do mundo jurídico18. Ancorado neste entendimento, passo ao exame da constitucionalidade formal da proposição.19. Como é cediço, para exame da constitucionalidade do projeto de lei impende que se identifique o cerne da questão jurídica de que trata a proposição. Para tanto, deve-se examinar a substância das matérias que o projeto pretende legislar.20. A matéria como apresentada na forma de projeto de lei afasta a possibilidade dos parlamentares iniciarem o processo legislativo. O conteúdo substancial da proposta é de direito administrativo.21. Em alguns dispositivos que darão eficácia à lei, como o acima mencionado passa a dispor sobre organização do Poder Executivo, matéria essa que a Constituição Estadual reservou à disciplina de Lei, ao dispor sobre atribuições de Secretarias Estaduais (art. 63, III, VI da Constituição Estadual); veicula matéria afeta ao Poder Executivo.22. Ademais a eficácia da lei, se aprovada, percebe-se nitidamente seu caráter autorizativo, conquanto, os serviços serão implementados para Poder Executivo.23. Registre-se, ao ensejo, que nem mesmo a sanção a projeto de lei na qual se tenha constatado vício de iniciativa teria o condão de convalidar a norma que se introduziria no ordenamento jurídico como se infere de entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal.24. Em suma, a substância do tema veiculado na presente proposição não se enquadra na categoria das matérias entregues a iniciativa do parlamentar, mas sim, àquelas enumeradas no rol das iniciativas reservadas ao Chefe do Poder Executivo. Portanto incumbe a iniciativa ao Chefe do Poder e Executivo, conforme dispõe o Art. 63, da Constituição Estadual, c/c o Art. 61, da Constituição Federal.25. Diante da exegese realizada, no plano da constitucionalidade formal vislumbro a existência de vício formal que macula a proposição em face da competência para exercício da iniciativa legislativa em tema atinente a matéria inserida no projeto. A hipótese configura, portanto, usurpação de iniciativa do Poder Executivo.26. Isto posto, sob esta ótica da constitucionalidade formal entendo que a continuidade da tramitação representa risco de afronta a supremacia formal da Lei Maior.

EXAME DA CONSTITUCIONALIDADE MATERIAL DA PROPOSIÇ

27. Como visto, a proposição da ilustre Deputada contém vício insanável de inconstitucionalidade. Disso deriva prejudicado qualquer exame atinente a constitucionalidade material da proposição, pelas razões jurídica explicitadas no item em que pesem os seus méritos.

III - CONCLUSÃO

Em face das considerações expedidas, verifica-se que a Proposta Normativa em apreciação apresenta vícios de inconstitucionalidade formal quanto à deflagração do processo legislativo.Diante do exposto, sugerimos aos ilustres pares desta douta Comissão a adoção do seguinte:

PARECER N.º 505/2011

A COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA, SERVIÇO PÚBLICO E REDAÇÃO é pela inconstitucionalidade do Projeto de Lei n.º 332/2011, de autoria da Deputada LUZIA ALVES TOLEDO.

Plenário Rui Barbosa, 29 de novembro de 2011.

ELCIO ALVARESPresidente

RODNEY MIRANDARelator

THEODORICO FERRAÇODARY PAGUNG

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________________________________________1 Art. 143. Não se admitirão proposições:I - sobre assunto alheio à competência da Assembleia Legislativa;II - em que se delegue a outro Poder atribuições do Legislativo;III - antirregimentais;IV - que, aludindo à lei, decreto, regulamento, decisões judiciais ou qualquer outro dispositivo legal, não se façam acompanhar de sua transcrição, exceto os textos constitucionais e leis codificadas;V - quando redigidas de modo a que não se saiba à simples leitura qual a providência objetivada;VI - que, fazendo menção a contratos, concessões, documentos públicos, escrituras, não tenham sido estes juntados ou transcritos;VII - que contenham expressões ofensivas;VIII - manifestamente inconstitucionais;IX - que, em se tratando de substitutivo, emenda ou subemenda, não guardem direta relação com a proposição.

PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 31/2011Altera o Regimento Interno para assegurar audiências públicas na hipótese de Proposições rejeitadas sumariamente.

A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO RESOLVE:

Art. 1º - O art. 271 da Resolução 2.700, de 15 de julho de 2009, Regimento Interno da Assembléia Legislativa, passa a vigorar com a inclusão do inciso IV e parágrafo único, com a seguinte redação:“Art. 271. -------------------------------

IV – discutir recursos apresentados por Deputados contra decisão do Presidente da Casa, na hipótese de que trata o art. 23, inciso II, alínea “c”.Parágrafo Único: Na hipótese do inciso IV deste artigo, a audiência pública acontecerá a pedido do Deputado interessado, desde que formulado antes da votação do parecer a respeito do seu recurso.”

Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Sala das Sessões, 12 de setembro de 2011.DEPUTADO GILSINHO LOPES

JUSTIFICATIVA

Atualmente, o Regimento Interno desta Casa permite a realização de audiências públicas nas comissões permanentes para instruir matéria legislativa em tramitação, tratar de assuntos de relevante interesse público e discutir projetos de lei de iniciativa popular. No entanto, devido à restrição Constitucional que existe à propositura de leis de iniciativa parlamentar, ocorre muitas vezes dos Deputados apresentarem proposituras que são sumariamente rejeitadas pelo Presidente da Casa, sem que haja tempo suficiente de discutir com a sociedade organizada alternativas para a questão. Ora, todas as proposições apresentadas pelos Parlamentares visam atender ao interesse público, muitas vezes defendido, também, por entidades representativas da sociedade civil. Se uma proposição é rejeitada sumariamente, por vício de iniciativa, por exemplo, não significa que o Projeto deva ser sumariamente arquivado sem um debate com a sociedade. Pois cabe à Assembléia Legislativa, quando estiver impossibilitada constitucionalmente de legislar sobre determinado tema, discutir com a sociedade soluções. Por exemplo, encaminhar à bancada federal uma sugestão de Projeto de Lei Federal; elaborar uma indicação ao Governo do Estado; discutir soluções com a sociedade que não dependam de formulação de leis, mas do modo de sua execução; etc... A crítica deste Deputado é que, muitas vezes, excelentes iniciativas parlamentares são rejeitadas por inconstitucionalidade, sem que esta Casa aponte à sociedade alternativa para a solução do problema social que gerou a proposição. Isso passa, infelizmente, a imagem de uma Assembléia Legislativa ineficaz e impotente à população, o que facilmente poderia ser contornado se, em audiência pública, fosse realizado esclarecimento a respeito dos limites de iniciativa dos Deputados, bem como sejam buscadas alternativas para a hipótese concreta, em que esta Casa não puder legislar sobre determinado assunto. Desta forma, para que esta Casa não seja vítima de injusta compreensão toda vez que um bom Projeto é rejeitado, e também em virtude de que quando o Projeto for inviável, sendo ele relevante, esta Casa deve apontar à sociedade os caminhos alternativos para a solução. Motivo pelo qual vem este Parlamentar rogar aos seus pares seja aprovada esta Resolução, para tornar ainda mais democrática esta Casa. De fato,

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

quando um bom Projeto é apresentado e arquivado sumariamente, sem qualquer discussão aprofundada junto à sociedade, pode passar um sentimento de impotência à população ou até mesmo de desprezo a um interesse público relevante. Quando, na verdade, a rejeição às vezes é feita por questões formais. E o assunto mereça ser apreciado em profundidade, para que se não for possível solucionar no âmbito deste Poder Legislativo, a sociedade não fique com sentimento de estar desamparada. Não significa que toda proposição rejeitada pelo Presidente deva ser objeto de audiência pública. Mas sim que, se for um tema relevante, o Deputado que recorrer à Comissão de Justiça poderá, antes da apreciação de seu recurso, requerer a realização de audiência pública para que a sociedade organizada possa participar do debate. E, como dito, sendo inconstitucional o Projeto, que esta Casa tenha oportunidade de esclarecer a sociedade e, ao mesmo tempo, discutir alternativas.

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA, SERVIÇO PÚBLICO E REDAÇÃO

PARECER N.º 525/2011

RELATÓRIO

O Projeto de Resolução nº 31/2011, de autoria do Senhor Deputado Gilsinho Lopes, possui como finalidade normativa acrescentar o inciso IV e parágrafo único ao artigo 271 da Resolução nº 2.700/2009, de modo que prevê a referida alteração do Regimento Interno para assegurar audiências públicas na hipótese de Proposições rejeitadas sumariamente, nos termos do art. 23, inciso II, alínea “c”, do Regimento Interno da ALES.A Proposição foi protocolizada no dia 12 de setembro de 2011, sendo lida na sessão do dia 13 de setembro de 2011 e publicada no Diário do Poder Legislativo – DPL, datado do dia 26 de setembro 2011, às páginas 5057 e 5058. Após, o Projeto recebeu encaminhamento para esta Comissão de Constituição e Justiça, Serviço Público e Redação, com o fim de elaboração de Parecer para efeito de análise da sua constitucionalidade, legalidade, juridicidade e técnica legislativa empregada em sua feitura, conforme dispõe o art. 41 da Resolução nº 2.700/2009 (Regimento Interno desta Augusta Assembleia Legislativa).Este é o Relatório.

PARECER DO RELATOR

Conforme acima indicado, o Projeto de Resolução nº 31/2011, de autoria do Senhor Deputado Gilsinho Lopes, visa acrescentar o inciso IV e parágrafo único ao artigo 271 da Resolução nº 2.700/2009, de modo que o texto regimental passaria a contar com a seguinte redação:

Art. 271. ............................................

IV - discutir recursos apresentados por Deputados contra decisão do Presidente da Casa, na hipótese de que trata o art. 23, inciso II, alínea "c".

Parágrafo único. Na hipótese do inciso IV deste artigo, a audiência pública acontecerá a pedido do Deputado interessado, desde que formulado antes da votação do parecer a respeito do seu recurso.De acordo com a mens legislatoris indicada na Justificativa do Projeto, o escopo da medida pretende introduzir procedimento novo para o processo legislativo estadual, cuja razão existencial compreende:A crítica deste Deputado é que, muitas vezes, excelentes iniciativas parlamentares são rejeitadas por inconstitucionalidade, sem que esta Casa aponte à sociedade alternativa para a solução do problema social que gerou a proposição.Isso passa, infelizmente, a imagem de uma Assembléia Legislativa ineficaz e impotente à população, o que facilmente poderia ser contornado se, em audiência pública, fosse realizado esclarecimento a respeito dos limites de iniciativa dos Deputados, bem como sejam buscadas alternativas para a hipótese concreta, em que esta Casa não puder legislar sobre determinado assunto.Desta forma, para que esta Casa não seja vítima de injusta compreensão toda vez que um bom Projeto é rejeitado, e também em virtude de que quando o Projeto for inviável, sendo ele relevante, esta Casa deve apontar à sociedade os caminhos alternativos para a solução. Motivo pelo qual vem este Parlamentar rogar aos seus pares seja aprovada esta Resolução, para tornar ainda mais democrática esta Casa.De fato, quando um bom Projeto é apresentado e arquivado sumariamente, sem qualquer discussão aprofundada junto à sociedade, pode passar um sentimento de impotência à população ou até mesmo de desprezo a um interesse público relevante. Quando, na verdade, a rejeição às vezes é feita por questões formais. E o assunto mereça ser apreciado em profundidade, para que se não for possível solucionar no âmbito deste Poder Legislativo, a sociedade não fique com sentimento de estar desamparada.Não significa que toda proposição rejeitada pelo Presidente deva ser objeto de audiência pública. Mas sim que, se for um tema relevante, o Deputado que recorrer à Comissão de Justiça poderá, antes da apreciação de seu recurso, requerer a realização de audiência pública para que a sociedade organizada possa participar do debate. E, como dito, sendo inconstitucional o Projeto, que esta Casa tenha oportunidade de esclarecer a sociedade e, ao mesmo tempo, discutir alternativas.

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

Outrossim, o fim jurídico pretendido pela pretensa norma é simples, ou seja, tão-somente visa garantir um procedimento legislativo novel para permitir a hipótese de realização, via requerimento, de audiência pública para debater sobre os objetos normativos das proposições legislativas devolvidas aos seus respectivos autores por desatendimento ao previsto no art. 143 do Regimento Interno. Tal contexto tipifica-se meritoriamente, porém na ordem/meta constitucional e regimental apresenta gravame de inconstitucionalidade por não ser adequado ao axioma da Razoabilidade e da Proporcionalidade.Observa-se que a questão promove um obstáculo a teleologia da ordem indicada no art. 143 do Regimento Interno da ALES, na medida em que o procedimento do processo legislativo definido no digitado art. 143 é de natureza objetiva. Em outros termos, não se admitirão proposições: I - sobre assunto alheio à competência da Assembleia Legislativa; II - em que se delegue a outro Poder atribuições do Legislativo; III - antirregimentais; IV - que, aludindo à lei, decreto, regulamento, decisões judiciais ou qualquer outro dispositivo legal, não se façam acompanhar de sua transcrição, exceto os textos constitucionais e leis codificadas; V - quando redigidas de modo a que não se saiba à simples leitura qual a providência objetivada; VI - que, fazendo menção a contratos, concessões, documentos públicos, escrituras, não tenham sido estes juntados ou transcritos; VII - que contenham expressões ofensivas; VIII - manifestamente inconstitucionais; IX - que, em se tratando de substitutivo, emenda ou subemenda, não guardem direta relação com a proposição. Ora, como realizar uma audiência pública, por exemplo, para explicar e debater com a população o fato do autor de uma proposição ter se valido de expressões ofensivas quando da sua redação? Ou, realizar uma audiência pública para discutir o fato de ser o projeto inconstitucional? Ou por causa de ter deixado de incluir um documento, quando da protocolização do projeto?Para que essas audiências ocorram bastaria o requerimento do autor da proposição legislativa devolvida. Nota-se que, perante a lógica e o Princípio Constitucional da Razoabilidade, não existe razão para o debate público, in casu, produzir interrupção do Processo Legislativo ou, ao menos, postergação do mesmo, face a natureza da devolução da proposição legislativa ao seu autor ser de caráter objetivo. Nada obsta que audiências públicas sejam realizadas para tratar de qualquer assunto de interesse público ou para instruir projeto legislativo em tramitação. Inclusive, registra-se que o próprio art. 271 do Regimento Interno já se encarrega de definir isso. In verbis:Art. 271. As reuniões de audiência pública com entidades da sociedade civil serão realizadas pelas comissões permanentes na área de sua competência para:

I - instruir matéria legislativa em tramitação;

II - tratar de assuntos de relevante interesse público;

III - discutir projetos de lei de iniciativa popular.

Vale dizer que, perante uma adequada análise jurídica, verifica-se do diagnóstico decorrente que, incontestavelmente, a pretensa normatividade da Proposição Legislativa ora em análise não traz diversos pontos de antinomia com os preceitos constitucionais (Princípios da Razoabilidade, da Proporcionalidade, da Economicidade), tanto da Constituição Federal, quanto da Constituição Estadual, assim, consagrando-a com graduação de material e formalmente inconstitucional.Em conclusão, O Projeto de Resolução nº 31/2011, de autoria do Senhor Deputado Gilsinho Lopes, é material e formalmente inconstitucional. Ex positis, propomos aos nossos Pares desta importante Comissão Permanente da augusta Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo o seguinte parecer:

PARECER N.º 525/2011

A COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA, SERVIÇO PÚBLICO E REDAÇÃO é pela INCONSTITUCIONALIDADE do Projeto de Resolução n.º 31/2011, de autoria do Senhor Deputado Gilsinho Lopes.

Plenário Rui Barbosa, 06 de dezembro de 2011.

ELCIO ALVARESPresidente

MARCELO SANTOSRelator

THEODORICO FERRAÇODARY PAGUNG

LÚCIA DORNELLAS

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

PROPOSTA DE EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 037 /2011Dispõe sobre a criação do Conselho de Estado, órgão superior de consulta do Governador.

A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO DECRETA:

Art. 1º O Capítulo II, da Constituição Estadual, passa a vigorar acrescido da seção V, com a seguinte redação:“Seção VDo Conselho de Estado

Art.100-A. O Conselho de Estado é órgão superior de consulta do Governador, e dele participam:I – o Vice-Governador do Estado; II – o Presidente da Assembleia Legislativa; III – 2 (dois) integrantes do Colégio de Líderes da Assembleia Legislativa, indicados pelos seus pares; IV – o Procurador Geral de Justiça; IV – o Secretário de Estado de Segurança Pública; VII – quatro cidadãos capixabas, todos com mandato de 2 (dois) anos, vedada à recondução, sendo:a) 2 (dois) nomeados pelo Governador do Estado; eb) 2 (dois) eleitos pela Assembleia Legislativa.

Art.100-B. Compete ao Conselho de Estado pronunciar-se sobre: I – intervenção estadual; II – as questões relevantes para a estabilidade social, política, econômica e das instituições democráticas no Estado. § 1º - O Governador do Estado poderá convocar Secretários de Estado para participar da reunião do Conselho de Estado, quando constar da pauta questão relacionada com a respectiva Secretaria. § 2º - Lei específica regulará a organização e o funcionamento do Conselho de Estado.”

Art. 2º Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data de sua publicação.

Sala das Sessões, 31 de outubro de 2011.GILDEVAN FERNANDES

Deputado Estadual – PV

Claudio Vereza, Genivaldo Lievore, Nilton Baiano, Doutor Hércules, José Esmeraldo, Sandro Locutor, Luciano Rezende, Gilsinho Lopes e Dary Pagung.

JUSTIFICATIVA

Trata-se de proposta de emenda constitucional que visa a criação de um Conselho de Estado, órgão consultivo do Governador, em simetria com o Conselho da República. O fortalecimento das instituições democráticas passa pela constituição de órgãos no aparelho de Estado capazes de agir como ponte para o diálogo entre as diversas forças que compõem a sociedade.Considerando que a Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB), artigos 89 e 90, dispõe que:

“Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente da República, e dele participam:I – o Vice-Presidente da República;II – o Presidente da Câmara dos Deputados;III – o Presidente do Senado Federal;IV – os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputados;V – os líderes da maioria e da minoria no Senado federal;VI – o Ministro da Justiça;VII – seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com mandatos de três anos, vedada a recondução.

Art. 90. Compete ao Conselho da República pronunciar-se sobre:I – intervenção federal, estado de defesa de estado de sítio;II – as questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas;

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

§ 1º - O Presidente da República poderá convocar Ministro de Estado para participar da reunião do Conselho, quando constar da pauta questão relacionada com o respectivo Ministério.§ 2º - A Lei regulará a organização e o funcionamento do Conselho da República.”

Assim, frente o exposto, podemos concluir que é de suma importância que a Assembleia Legislativa do Espírito Santo aprove esta matéria, pois esta atitude visa assumir o papel de diálogo entre a sociedade e os Poderes constituídos, na difícil tomada de decisão diante de situações que exijam amplo debate, como a atual partilha dos royalties do petróleo de Estados produtores com os demais entes da Federação, o que implicaria em desequilíbrio social e financeiro para o Espírito Santo. Esperamos, desta forma, estar contribuindo para o fortalecimento da democracia e ao seu aperfeiçoamento no nosso Estado, função primordial do parlamentar. Colocamos, ainda, que a sua função será de consulta nos casos de intervenção em municípios, pois esse é um ato de força, não importando quais os fatos ou razões jurídicas para o ato, e nas questões relevantes para a estabilidade social, política, econômica e das instituições democráticas no Estado. Enfim, os benefícios, ora conseguidos por tal ação, impactaram de forma positiva, na gestão atual, futura, bem como para toda a sociedade, pois as atribuições das autoridades serão cumpridas com louvor. Exposto isto, conto com o apoio de Vossas Excelências para aprovação desta proposição.

PROJETO DE LEI Nº 359/2011“Modifica a lei 9.508, de 30 de agosto de 2010, que determina a inclusão de informações sobre o Seguro DPVAT, nos boletins

de ocorrência lavrados em razão de acidente de transito.”

A Assembléia Legislativa do Estado do Espírito Santo DECRETA:

Art. 1º - A lei 9.502, de 30 de agosto de 2010, passa a vigorar com alteração do caput do seu artigo 2º, que passam a ter a seguinte redação:“Art. 2º - A informação, de que trata o artigo 1º, que poderá ser impressa ou aposta por outros meios no boletim de ocorrência, trará os seguintes dizeres: “A vitima de acidente envolvendo veículo automotor em via terrestre, ou seu beneficiário, poderá obter informações sobre como requerer a indenização do Seguro Obrigatório DPVAT, acessando o site: www.dpvatseguro.com.br, através do telefone da central de Atendimento DPVAT: 0800-0221204, ou procure atendimento gratuito oferecido pelo Sindicato dos Corretores de Seguros do Espírito Santo – SINCOR, indicando endereço e telefone”.

Art. 2º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Sala das Sessões, 27 de outubro de 2011.

Gilsinho LopesDeputado Estadual

JUSTIFICATIVA

O presente Projeto de Lei tem como objetivo proporcionar maior segurança as vítimas de acidente de transito em vias terrestre bem com a seus beneficiários quanto aos seus direitos relacionados ao seguro DPVAT no Estado do Espírito Santo, evitando a ação de indivíduos oportunista que possam, de qualquer forma, aproveitando da falta de informações, a boa fé, ludibriá-los, apropriando de forma indevida de grande parte das importâncias segurada a qual faz jus, por completa falta de conhecimentos de seus efetivos direitos. Objetivando a prevenção do acima relatado, o que se sugere é que haja uma pequena, mais de grande efeito, alteração na Lei 9.508/2010 que determina a inclusão de informações sobre o seguro DPVAT nos boletins de ocorrência lavrados em razão de acidentes de transito, para que passe a constar a informação de que o Sindicato dos Corretores de Seguros do Espírito Santo – SINCOR-ES presta assessoria aos beneficiários e vítimas de acidente de transito, conforme oficio do próprio SINCOR-ES, em anexo. Dentre inúmeras atividades sociais, o SINCOR-ES dispõe de Assessoria Jurídica e Câmara de Mediação Arbitragem que presta atendimento aos consumidores de seguro de modo geral, assim como as vitimas e beneficiários do Seguro DPVAT, com um setor específico que conta com dois funcionários treinados e especializados para este atendimento de forma eficaz e GRATUITA. Vale ressaltar, inclusive, que o SINCOR-ES mantém estreita parceria com a Polícia Rodoviária Federal, Batalhão da Policia de Trânsito da Policia Militar do Espírito Santo – BPTRAN. Isto posto, objetivando dar mais segurança e transparência aos beneficiários do DEPVAT, é o que pedimos o apoio dos Nobres Deputados para aprovação do presente projeto.

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

PROJETO DE LEI Nº 366/2011Determina que as câmaras frigoríficas sejam dotadas de mecanismos de segurança.

A Assembléia Legislativa do Estado do Espírito Santo DECRETA:

Art. 1º. Os fornecedores de câmaras frigoríficas, bem como os seus proprietários, instalarão mecanismos de segurança que possibilitem a abertura por dentro, de modo a prevenir que os usuários sofram acidentes.Parágrafo Único. Os estabelecimentos que se utilizem de câmaras frigoríficas as adequarão ao disposto no caput deste artigo, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, contados da vigência desta lei.

Art. 2º. A violação a esta lei sujeita o infrator à multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais), sem prejuízo de interdição das câmaras frigoríficas no caso de reiterada reincidência.

Art. 3º. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Sala das Sessões, 07 de novembro de 2011.DEPUTADO GILSINHO LOPES

JUSTIFICATIVA

Dispõe o Código de Defesa do Consumidor:

Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança.§ 1° O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no mercado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários.§ 2° Os anúncios publicitários a que se refere o parágrafo anterior serão veiculados na imprensa, rádio e televisão, às expensas do fornecedor do produto ou serviço.§ 3° Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou serviços à saúde ou segurança dos consumidores, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão informá-los a respeito.No entanto, verificamos que diversas câmaras frigoríficas estão no mercado sem mecanismo proteção, de modo que, se fechada, a pessoa que estiver dentro não poderá abrir. Trata-se de situação de extrema gravidade, pois pode gerar a morte de usuários de câmaras frigoríficas, já havendo relato de diversos acidentes do tipo. Desta maneira, conclamamos esta Casa a aprovar esta lei, pois, assim o fazendo, muito estará contribuindo para a defesa do consumidor e para a segurança da sociedade.

PROJETO DE LEI Nº 367/2011

Altera a Lei 7.000/01, para assegurar recursos ao Fundo Estadual de Combate à Pobreza e às Desigualdades Sociais.

A Assembléia Legislativa do Estado do Espírito Santo DECRETA:

Art. 1º. O artigo 20-A da Lei 7.000, de 27.12.2001, e seu Parágrafo Único, passam a vigorar com a seguinte redação:“Art. 20-A. Durante a vigência do Fundo Estadual de Combate à Pobreza e às Desigualdades Sociais, instituído pela Lei Complementar 336, de 30.11.2005, as alíquotas incidentes nas operações internas, inclusive de importação, com os produtos indicados no art. 3º, I, daquela Lei Complementar, serão adicionadas de 2 (dois) pontos percentuais, cuja arrecadação será inteiramente vinculada ao Fundo respectivo. Parágrafo Único.: O Regulamento poderá reduzir a alíquota de que trata o caput deste artigo, ou deixar de aplicá-la, às operações cujos produtos discriminar, se assim for necessário à proteção da economia do Estado. (NR)”

Art. 2º. Esta lei não se aplicará aos fatos geradores ocorridos antes de sua vigência, exceto se já estivessem sujeitas, as operações respectivas, ao adicional de 2%, destinado ao Fundo estabelecido pela Lei Complementar 336, de 30.11.2005.

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

Parágrafo único: Na hipótese das operações que, na data da vigência desta lei, não estavam sujeitas ao adicional de 2% destinado ao Fundo estabelecido pela Lei Complementar 336, de 30.11.2005, o adicional não será cobrado:I- No mesmo exercício financeiro em que seja publicada esta lei.II- Antes de decorridos 90 (noventa) dias de sua publicação.

Art. 3º. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Sala das Sessões, 07 de novembro de 2011.DEPUTADO GILSINHO LOPES

JUSTIFICATIVA

O Fundo Capixaba de Combate à Pobreza e às Desigualdades Sociais foi criado pela Lei Complementar 336, posteriormente alterado pela Lei Complementar 518. A legislação estadual atribuiu ao Fundo Estadual de Assistência Social a distribuição aos Municípios. Portanto, as verbas são repassadas totalmente aos Municípios. O Fundo iria acabar em 2010, mas o Governo, através da Lei Complementar 575, o prorrogou até 2014. O Fundo foi previsto, pela lei complementar, para incidir sobre derivados do fumo, bebidas alcoólicas, armas e munições. No entanto, a lei 7.000/01, ao invés de observar a Lei Complementar, fez restrições a respeito da incidência. Nem todos derivados do fumo foram taxados, assim como bebidas alcoólicas. A lei ordinária 7.000/01 nada falou especificamente a respeito da taxação de armas e munições, no que diz respeito ao Combate à Pobreza e Desigualdades Sociais. O ponto mais problemático, no entanto, é que não obstante a Lei Complementar 575 tenha prorrogado o Fundo, o art. 20-A, da lei 7.000/01, não foi modificado. E sua redação permitia a cobrança somente até 2010. A proposta deste Deputado, em síntese, é a seguinte:ASSEGURAR, EFETIVAMENTE, A CONTRIBUIÇÃO AO FUNDO SOBRE TODOS DERIVADOS DE FUMO, BEBIDAS ALCOÓLICAS, ARMAS E MUNIÇÕES.A lei possibilita ao Governo do Estado defender a economia do Estado, mediante a não aplicação da alíquota ou sua redução em operações que assim se revelar necessário. O mecanismo visa possibilitar a justiça fiscal em casos de produtos capixabas que poderiam perder a competitividade. Conclamamos os pares a aprovarem esta lei. Vamos nos unir para combater a pobreza e as desigualdades sociais, viabilizando os esforços do Estado em repassar verbas aos Municípios mais pobres. O combate à pobreza e às desigualdades sociais é essencial para diminuir a criminalidade. Quanto mais gastarmos com a construção de pessoas, menos gastaremos com a construção de presídios. Vamos dar oportunidade ao cidadão de ter condições dignas de sobrevivência, e, com isso, construiremos uma sociedade mais segura e mais justa.

PROJETO DE LEI Nº 377/2011“Instituí no âmbito do Estado do Espírito Santo, o Selo de Empresa Comprometida com a Diversão Responsável, com o

objetivo de certificar bares, casas noturnas, ginásios, centros de eventos e similares, onde haja comércio de bebidas alcoólicas.”

A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO DECRETA:

Art. 1° Fica instituído, no âmbito do Estado do Espírito Santo, o Selo de “Empresa Comprometida com a Diversão Responsável”, com o objetivo de certificar bares, casas noturnas, ginásios, centros de eventos e similares, onde haja comércio de bebidas alcoólicas.Parágrafo único. Serão considerados empresas comprometidas com a diversão responsável, os estabelecimentos referidos no “caput” que promoverem campanhas de conscientização para uma diversão responsável e segura e adotarem no mínimo 3 (três) medidas das citadas abaixo:I - criação de estacionamentos para pernoite dos veículos;II - disponibilização de veículos tipo “van” com motorista, a preços de mercado, para transporte dos clientes;III - serviços de manobrista;IV - incentivo pecuniário para os clientes que utilizarem táxi ou transporte coletivo após sua saída do estabelecimento;V - capacitação e treinamento de funcionários para suporte e encaminhamento médico, em caso de necessidade;VI - campanhas contra o uso de drogas ilícitas; VII - campanhas de incentivo ao não uso de armas, nem dirigir veículos após o consumo de bebidas alcoólicas.

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

Art. 2º Será estimulada a criação da “Comissão pela Diversão Responsável”, formada por representantes da sociedade civil e do Poder Público.

Art. 3º Os estabelecimentos a que se refere esta Lei serão incentivados a implantar Curso de Boas Práticas de Funcionamento para treinar e capacitar seus funcionários no atendimento aos clientes.Parágrafo único. A disponibilização do Curso a que se refere o “caput” será um dos requisitos para que o estabelecimento receba o Selo de Empresa Comprometida com a Diversão Responsável.

Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Palácio Domingos Martins, 16 de novembro de 2011

Marcelo CoelhoDeputado Estadual-PDT

JUSTIFICATIVA

A finalidade do selo de qualidade é estimular os estabelecimentos a adotarem medidas que tornem a diversão noturna responsável e segura. Serão considerados itens importantes como normas para a comercialização de bebidas pelas empresas: criação de estacionamentos especiais para quem beber e não quiser voltar para casa dirigindo; disponibilização de pessoal preparado para dar suporte às pessoas embriagadas; oferta de atendimento médico de urgência para consumidores de bebidas; campanhas contra o uso de drogas proibidas e a criação de instrumentos que garantam a segurança dos seus frequentadores em clubes, bares, ginásios e outros estabelecimentos, tornando a noite mais segura e tranquila.

PROJETO DE LEI Nº 379/2011“Dispõe sobre a obrigatoriedade dos estabelecimentos do comércio varejista no Estado do Espírito Santo, a afixarem em local

visível, cartaz informando a forma de pagamento adotada”

A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO DECRETA:

Art. 1º Ficam os estabelecimentos do comércio varejista no Estado do Espírito Santo, obrigados a afixarem em local visível, cartaz informando a forma de pagamento adotada.

Art. 2º O descumprimento do disposto no artigo 1º desta Lei sujeita o estabelecimento comercial a:I- notificação;II- multa de 500 (quinhentos) Valores de Referência do Tesouro Estadual - VRTEs; e III- após notificação da multa contida no inciso II deste artigo, multa de 50 (cinqüenta) VRTEs, por dia de descumprimento.

Art. 3º A multa será aplicada mediante procedimento administrativo, revertendo para o Fundo de que trata a Lei Federal nº 7.347, de 24 de julho de 1985, para os Fundos Estaduais ou Municipais de proteção ao consumidor.

Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Palácio Domingos Martins, 16 de novembro de 2011Marcelo Coelho

Deputado Estadual-PDT

JUSTIFICATIVA

Nossa legislação não obriga os estabelecimentos do comércio varejista a aceitarem cheques ou cartão de crédito ou débito como forma de pagamento. Porém, casos estes sejam aceitos, tal situação, bem como eventuais restrições legais, deverão ser

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

informadas aos seus clientes de forma ostensiva, bem visível em seus estabelecimentos comerciais. É o que delineia o artigo 30 e 31 da Lei Federal 8 078 - Código de Defesa ao Consumidor:“Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.”Destarte, apresentamos o presente alvitre à deliberação deste Plenário, contando com o apoio dos nobres pares na aprovação do mesmo.

PROJETO DE LEI Nº 380/2011“Dispõe sobre a obrigatoriedade dos hotéis, motéis, pousadas, pensões e demais estabelecimentos congêneres do Estado do

Espírito Santo a afixarem em local visível da recepção, cartaz informando ser proibida a hospedagem de criança ou adolescente, salvo se comprovadamente autorizada ou acompanhada de seus pais ou responsáveis”

A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO DECRETA:

Art. 1o Ficam os hotéis, motéis, pousadas, pensões e estabelecimentos congêneres estabelecidos no Estado obrigados a afixar, em local visível da recepção, cartaz de no mínimo 30 cm x 30 cm, informando ser proibida a hospedagem de crianças ou adolescentes desacompanhados de seus pais ou responsáveis.Parágrafo único. O cartaz deverá conter os seguintes dizeres: “É proibida a hospedagem de criança ou adolescente em hotéis, motéis, pensões, pousadas ou estabelecimentos congêneres, salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais ou responsável – Art. 82 do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069, de 13/07/1990). Em caso de suspeita de descumprimento da lei, denuncie discando 190.”

Art. 2º O descumprimento do disposto no artigo anterior implicará as seguintes penalidades:I- notificação;II- multa de 500 (quinhentos) Valores de Referência do Tesouro Estadual - VRTEs;III- após notificação da multa contida no inciso II deste artigo, multa de 50 (cinqüenta) VRTEs, por dia de descumprimento.

Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Sala das Sessões, 16 de novembro de 2011.MARCELO COELHO

Deputado Estadual-PDT

JUSTIFICATIVA

O Estado do Espírito Santo adota como principio de Ordem Social e Cidadania o dever de assegurar à criança e ao adolescente a efetivação de seus direitos referentes à dignidade, ao respeito, à liberdade e à integridade física e moral. As notícias sobre tráfico de crianças e prostituição infantil se tornaram rotina nos meios de comunicação de diversas regiões do país e ainda parecem estar distantes da realidade de nosso Estado. Contudo, para diversos segmentos da sociedade, como educadores, profissionais da saúde ou o próprio poder público, têm voltado sua atenção para os problemas sociais que envolvem crianças e suas famílias, em meio à desagregação familiar, o consumo de drogas, o tráfico de drogas, a prostituição, o que tem levado à manutenção de políticas públicas para a proteção das famílias que se encontram nestas situações de extrema vulnerabilidade social. É preciso mais, é necessário criar uma força tarefa em toda a região para coibir o problema, essa é uma medida necessária e concreta para o enfrentamento desses graves problemas que envolvem crianças e adolescentes. O atual projeto dispõe sobre a obrigatoriedade de afixação de cartazes, em hotéis, motéis, pensão ou estabelecimentos congêneres alertando a sociedade e possibilitando mais atenção, inibindo assim a ação dos aliciadores e dos indivíduos que hoje exploram sexualmente as nossas crianças e adolescentes. Destarte, o presente o instrumento vem ao encontro do que preconiza o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, Lei Federal nº 8.069 de 13 de julho de 1990:

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

“Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou adolescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais ou responsável.”E ainda:“Art. 250. Hospedar criança ou adolescente desacompanhado dos pais ou responsável, ou sem autorização escrita desses ou da autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel ou congênerePena – multa. § 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de multa, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do estabelecimento por até 15 (quinze) dias. § 2º Se comprovada a reincidência em período inferior a 30 (trinta) dias, o estabelecimento será definitivamente fechado e terá sua licença cassada. Contamos com o apoio dos nobres Pares na aprovação deste Projeto de Lei que pode ser um modesto, mas importante passo desta Casa de Leis para manter o espírito latente por medidas de proteção que visam por a salvo os direitos das crianças e adolescentes de qualquer violação ou mesmo ameaça de violação.

PROJETO DE LEI Nº 382/2011Altera a Lei 7.000/01, para adequá-la à Lei Complementar 298/2004, em defesa dos portadores de deficiência.

A Assembléia Legislativa do Estado do Espírito Santo DECRETA:

Art. 1º. A Lei 7.000, de 27.12.2001, passa a vigorar acrescida do seu art. 20-B, com a seguinte redação: “Art. 20- B. Ficam isentos do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS, na aquisição de automóveis de passageiros de fabricação nacional, quando adquiridos por pessoas portadoras de deficiências física, visual, mental severa ou profunda, ou autistas, diretamente ou por intermédio de seu representante legal.§ 1º. Para a concessão do benefício previsto no caput deste artigo, é considerada também pessoa portadora de deficiência física aquela que apresenta alteração completa ou parcial de 01 (um) ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções.§ 2º. Para a concessão do benefício previsto no caput deste artigo, é considerada pessoa portadora de deficiência visual aquela que apresenta acuidade visual igual ou menor que 20/200 - Tabela de Snellen - no melhor olho, após a melhor correção, ou campo visual inferior a 20º (vinte graus), ou ocorrência simultânea de ambas as situações.§ 3º. Os automóveis de passageiros a que se refere o caput deste artigo serão adquiridos diretamente pelas pessoas que tenham plena capacidade jurídica e, no caso dos interditos, pelos curadores.§ 4º. Os conceitos de pessoas portadoras de deficiência mental severa ou profunda, ou autistas, são os previstos na legislação em vigor e atestados pelos profissionais de medicina, podendo o Regulamento estabelecer os requisitos para emissão dos laudos de avaliação.§ 5º. Os curadores respondem solidariamente quanto ao imposto que deixar de ser pago, em razão da isenção de que trata este artigo.§ 6º. O benefício previsto no caput somente poderá ser utilizado nos prazos e condições, que serão idênticas às previstas nas normas da Receita Federal, para concessão do benefício de isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, sobre o veículo adquirido, no que não conflitarem com esta lei.§ 7º. A alienação do veículo, adquirido nos termos desta lei, antes do prazo estabelecido, a pessoas que não satisfaçam às condições e aos requisitos estabelecidos, acarretará o pagamento pelo alienante do tributo dispensado.§ 8º. O imposto incidirá normalmente sobre quaisquer acessórios opcionais que não sejam equipamentos originais do veículo.

Art. 2º. Fica revogado o § 2º do art. 20 da Lei 7.000, de 27.12.2001.

Art. 3º. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Sala das Sessões, 16 de outubro de 2011.DEPUTADO GILSINHO LOPES

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

JUSTIFICATIVA

Os deficientes atualmente estão amparados pela Lei Complementar 298/2004, com as isenções nela estabelecidas. No entanto, a lei ordinária 7.000/2001, que é a lei geral que regula o ICMS, trata de redução de alíquota no § 2º do seu art. 20. A LC 298/2004 não revogou expressamente o § 2º do art. 20 da lei ordinária 7.000/2001. Essa possível co-existência de normas vem gerando discussões jurídicas, pois há os que entendem que a Lei Complementar não teria revogado a Lei Ordinária, em virtude da primeira tratar de normas tributárias, e a segunda ser voltada para regular direitos de deficientes, no que seria imprópria para modificar a lei do ICMS. Desta forma, com o intuito de acabar com os questionamentos jurídicos, este Deputado propõe a inserção da redação da LC 298 no bojo da lei ordinária 7.000, com a revogação expressa do § 2º do art. 20. Trata-se de medida necessária, igualmente, para preservar o direito dos deficientes, na hipótese da LC 298/2004 vir a ser considerada inconstitucional. Observe-se que a presente lei não causa nenhum impacto no orçamento, nem implica em renúncia de receita, considerando que atualmente o Governo do Estado já vem aplicando a isenção, embora escorada na Lei Complementar questionada. Desta maneira, não se faz necessário apresentar nenhuma fonte para compensar a isenção, pois, na prática, ela já existe. O que se procura, é aperfeiçoar a legislação. Mesmo porque a lei 7.000 procurou consolidar as normas do ICMS, devendo ser constantemente atualizada.

PROJETO DE LEI Nº 384/2011Altera o art. 5º da lei 7.457, de 31 de março de 2003 e dá outras providências.

A Assembléia Legislativa do Estado do Espírito Santo DECRETA:

Art. 1º. O artigo 5º da lei 7.457, de 31 de março de 2003, e respectivo parágrafo único passam a vigorar com a seguinte redação:“Art. 5º. Todos os atos emanados do Poder Executivo que disponham sobre obrigações tributárias acessórias, concessão e revogação de isenções, incentivos e benefícios ficais deverão ser encaminhados à Assembléia Legislativa previamente, acompanhados de justificativa detalhada, e serão publicados após o prazo mínimo de 30 (trinta) dias, contados da data do protocolo na Assembléia Legislativa, para a fiscalização prevista no art. 56, XIII, da Constituição Estadual. (NR)Parágrafo único. Acaso a Assembléia Legislativa não manifeste sua desaprovação fundamentada e publicada, no prazo de 30 (trinta) dias, contados do recebimento do ato, ele será considerado aprovado. (NR)”

Art. 2º. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Sala das Sessões, 21 de novembro de 2011.DEPUTADO GILSINHO LOPES

JUSTIFICATIVA

Atualmente, a redação do referido dispositivo legal é a seguinte:Art. 5º Todos os atos emanados do Poder Executivo que disponham sobre obrigações tributárias acessórias, concessão e revogação de isenções, incentivos e benefícios fiscais deverão ser encaminhados à Assembléia Legislativa, acompanhados de justificativa detalhada, no prazo de 30 (trinta) dias, contados da publicação para a fiscalização prevista no art. 56, XIII, da Constituição Estadual.Parágrafo único. O não cumprimento do encaminhamento, nas condições estabelecidas no caput, torna nulo, automaticamente, o ato e seus efeitos, desde a data de sua publicação.Como se pode notar, contém gravíssimo vício a redação legal, pois determina que a fiscalização da Assembléia no que diz respeito aos incentivos e benefícios fiscais será feita a posteriori, como se o Poder Legislativo não estivesse obrigado a aprovar, previamente, tais atos. Esse vício gravíssimo coloca em risco todos os incentivos e benefícios fiscais, pois é evidente que o Estado não pode autorizar um contribuinte a recolher menos imposto sem aprovação prévia da Assembléia Legislativa. Segundo a Constituição Federal, a renúncia fiscal não pode ser feita unilateralmente pelo Poder Executivo, sendo certo que a fiscalização a posteriori da Assembléia Legislativa não possui o condão de ratificar atos que não foram aprovados pelo Poder Legislativo expressa ou tacitamente. É sabido que a aprovação de incentivos e benefícios fiscais sem prévia aprovação da Assembléia é ato que pode configurar improbidade administrativa ou ilícito penal, violando a lei de responsabilidade fiscal e

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

colocando em risco o sistema criado para proteger a economia e a competitividade do Estado. O Projeto prestigia o Poder Executivo, pois somente se houver expressa desaprovação da Assembléia é que o ato será rejeitado. Desta forma, somente se houver razões concretas e fundamentadas, em fiscalização prévia em prazo estipulado, um ato do Executivo que conceda benefícios ou incentivos será recusado. O Administrador Público terá segurança de que o seu ato não será questionado posteriormente, por ter concedido benefício ou isenção fiscal sem prévia aprovação da Assembléia Legislativa. Desta forma, os contribuintes contarão com a segurança de estarem trabalhando dentro da legalidade, de modo a que seus regimes e incentivos fiscais não sejam posteriormente anulados com gravíssimos prejuízos à iniciativa privada. A Constituição Federal prega a divisão dos Poderes e sua harmonia. Assim o é para que haja equilíbrio, pesos e contrapesos. No Estado de Direito, o Poder Legislativo não pode exercer funções do Executivo, mas a recíproca também é verdadeira. Sob pretexto de impedir excessos de um Poder, não se pode permitir que outro extrapole os seus. Desta forma, o presente Projeto de Lei vem tratar este assunto, de enorme interesse público, de forma equilibrada. Garantindo, ao mesmo tempo, a autonomia do Poder Executivo, a aprovação dos atos previamente pela Assembléia de modo célere e transparente, e, sobretudo, concedendo segurança a todos os contribuintes.

PROJETO DE LEI Nº 385/2011Altera a lei 7.000, de 28 de dezembro de 2001 para viabilizar empreendimentos que estimulem o trabalho dos presidiários.

A Assembléia Legislativa do Estado do Espírito Santo DECRETA:

Art. 1º. A lei 7.000, de 28 de dezembro de 2001, passa a vigorar com o seu art. 22 acrescido do § 2º, com a seguinte redação:“Art. 22. ----------------------------------------------------------------------------§º 2º. Também poderão ser estabelecidos programas de incentivo a empreendimentos que estimulem o trabalho de presidiários, quando realizado em alguma das formas estabelecidas pela legislação federal de execução penal.”

Art. 2º. O atual Parágrafo Único do art. 22 da lei 7.000, de 28 de dezembro de 2001, fica transformado em § 1º.

Art. 3º. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Sala das Sessões, 21 de novembro de 2011.DEPUTADO GILSINHO LOPES

JUSTIFICATIVA

Atualmente, a redação do referido dispositivo legal permite que o Poder Executivo estimule investimentos no Estado, nada falando do trabalho presidiário. Quem desejará investir no trabalho de um presidiário, se o trabalho a um homem livre, já é algo que deve ser incentivado? O alto índice de criminalidade faz necessário que a iniciativa privada seja incentivada a dar trabalho aos presos, pois se trata de uma obrigação e direito previsto na lei de execuções penais. A lei federal 7.210/84, que trata das execuções penais, disciplina: “Art. 31. O condenado à pena privativa de liberdade está obrigado ao trabalho na medida de suas aptidões e capacidade.”Para o bem da sociedade, o preso deve trabalhar! O trabalho é instrumento de ressocialização. Através do trabalho, o preso pode diminuir sua pena, e se reintegrar à sociedade. Uma das bandeiras deste Deputado é construir pessoas, e não apenas presídios. Da mesma forma que é preciso punir infratores, devemos lhes dar condições de ressocialização. Se o preso não for ressocializado, provavelmente voltará um dia à sociedade e cometerá novos delitos. As estatísticas comprovam isso. O preso deve pagar sua pena trabalhando, e não ficando ocioso. Ficando ocioso, estará utilizando todo seu tempo na criminalidade. Já o trabalho dignifica a pessoa, aperfeiçoa ou ensina uma profissão. Ao mesmo tempo em que o condenado se sente castigado por ter de trabalhar, e, portanto, lhe serve de punição, no futuro verá uma oportunidade em retornar à sociedade após pagar sua pena. De modo que as empresas devem ser incentivadas a oportunizarem trabalho aos detentos. Este Projeto visa dar condições ao Governo de assim o fazer.

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

PROJETO DE LEI Nº 387/2011Dispõe sobre a obrigatoriedade de as empresas prestadoras de serviços, vencedoras de certames licitatórios do governo do Estado do Espírito Santo, contratarem mão de obra de pessoas das próprias comunidades onde serão realizadas as obras

licitadas.

A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO DECRETA:

Art. 1º As empresas prestadoras de serviços, vencedoras de certames licitatórios do governo do Estado do Espírito Santo., ficam obrigadas a contratar mão de obra de pessoas das próprias comunidades onde serão realizadas as obras licitadas.

Art. 2º Somente nos casos de ausência de pessoas que não preencham os requisitos técnicos exigidos para os trabalhos a serem desenvolvidos pela empresa prestadora de serviços, vencedora da licitação, é que poderão ser contratados trabalhadores que não sejam das respectivas comunidades referidas no caput do artigo primeiro desta Lei. Parágrafo único. Ocorrendo a situação referida no caput do presente artigo a contratação de profissional de outra localidade deverá ser precedida de documento que a justifique.

Art. 3º A empresa que descumprir o disposto no artigo 1º desta Lei sofrerá multa diária no valor de 50 (cinqüenta) VRT’s, podendo ainda resultar na suspensão do seu alvará de funcionamento nos casos de reincidência.

Art 4º Está lei entra em vigor na data de sua publicação.

Sala das Sessões, 17 de novembro de 2011.

Luiz DurãoDeputado Estadual/ PDT - 4º Secretário

JUSTIFICATIVA

O presente Projeto de Lei dispõe sobre a obrigatoriedade de as empresas prestadoras de serviços, vencedoras de certames licitatórios, contratarem mão-de-obra de pessoas das próprias comunidades onde serão realizadas as obras licitadas pelo governo do Estado do Espírito Santo. Visa, sobretudo, empregar as pessoas destas localidades evitando, assim, o êxodo para os grandes centros onde nem sempre é fácil encontrar o trabalho que se almeja. Deste modo, visando a proteção daqueles que vivem nas pequenas localidades e dependem de emprego, não devendo, para trabalhar, ter que enfrentar situações desagradáveis com as quais se deparam quando vêm para os grandes centros a procura de trabalho. O que, quase sempre, acaba por aumentar os bolsões de pobreza podendo se transformar em mais violência. Fatos que a sociedade como um todo já está cansada de observar. Assim, conto com a ajuda de meus Pares nesta luta para diminuir as incompreensões sociais, das quais possam advir situações que não possam ser facilmente resolvidas.

PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº 157/2011Concede Título de Cidadão Espírito-Santense ao Sr. Ricardo Assis.

A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO DECRETA:

Art. 1º Fica concedido o Título de Cidadão Espírito-Santense ao Sr. Ricardo Assis. Art. 2º Este Decreto Legislativo entra em vigor na da de sua publicação.

Sala das Sessões, 24 de outubro de 2011.SANDRO LOCUTOR

DEPUTADO ESTADUAL (PV)

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

JUSTIFICATIVA

Natural de Minas Gerais, em 1980 Ricardo Assis se formou em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Itajubá-MG. Logo após concluir sua graduação, iniciou suas atividades laborais trabalhando na Área de Inspeção para os projetos de Itaipu e Tucurui, na Empresa Themag Engenharia e Gerenciamento, uma das mais conceituadas empresas brasileiras de engenharia consultiva. Sabedor da necessidade de uma conceituada especialização para o sucesso em sua carreira, já no ano de 1983 iniciou o Curso de Especialização em Administração para Graduados - Administração Financeira e Economia de Empresa, na Fundação Getulio Vargas. Sempre trabalhou muito para alcançar seus objetivos, tendo se esforçado ao máximo para concretizar seus sonhos sem nunca se esquecer daqueles que mais necessitam de ajuda. Desde 1994 trabalha no grupo COTIA TRADING SA, maior empresa de Comércio Exterior do país, ocupando atualmente a função de Diretor. Destarte, uma vez presentes os requisitos para a concessão desta honraria, pugnamos pela aprovação do bom nome do homenageado para integrar o rol dos cidadãos do Estado do Espírito Santo.

PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 039/2011Institui a Comenda “Augusto Ruschi”.

A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO DECRETA:

Art. 1º Fica instituída a Comenda Augusto Ruschi no âmbito da Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo - Ales.

Art. 2º A Comenda Augusto Ruschi será concedida aos profissionais que atuam no campo da ciência, pesquisa, no cultivo e estudo de plantas e outros profissionais dedicados à fauna e à flora brasileiras, que se destacarem na elaboração de projetos e luta pela preservação da natureza, num total de 30 (trinta). § 1º Mediante indicação de deputado, acompanhada da justificativa onde fica confirmada a relevância exigida, a Mesa Diretora da Ales aprovará o nome do agraciado com a Comenda. § 2º A entrega da Comenda ocorrerá, preferencialmente, em sessão solene da Ales, a ser realizada no dia 12 de dezembro de cada ano ou em solenidades culturais.

Art. 3º O prazo de indicação da personalidade a ser homenageada será de até 45 (quarenta e cinco) dias antes da data estabelecida para a solenidade de entrega da Comenda.

Art. 4º A Comenda será outorgada por iniciativa da Comissão de Meio Ambiente, aprovada em reunião da referida Comissão, por maioria de seus membros.

Art. 5º A forma da insígnia e demais honrarias a serem concedidas ao agraciado serão definidas pela Mesa Diretora da Assembleia Legislativa em regulamento próprio.

Art. 6º No caso de não haver indicação por parte dos deputados, o proponente da sessão solene poderá indicar o número de comendas que alcancem o total de 10 (dez).

Art. 7º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Sala das Sessões, em 16 de novembro de 2011.Luiz Durão

Deputado Estadual/Líder PDT - 4º Secretário

JUSTIFICATIVA

O objetivo deste projeto de Resolução é instituir a Comenda Augusto Ruschi, no âmbito da Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo, que será concedida aos profissionais que atuam no campo da ciência, pesquisa, no cultivo e estudo de plantas e outros profissionais dedicados à fauna e à flora brasileiras, que se destacarem na elaboração de projetos e luta pela preservação da natureza. A sugestão do nome da Comenda é uma maneira de prestar justa homenagem àquele que foi o maior e

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

mais ardoroso defensor da natureza no Espírito Santo e no país. Conhecido internacionalmente, Augusto Ruschi defendia com garra a floresta e seus animais. Era autoridade mundial em beija-flores e orquídeas. Denunciou o início da derrubada da Floresta Amazônica; previu a escassez de água no mundo e o aquecimento global bem antes de os assuntos serem discutidos mundialmente. Atribui-se a Augusto Ruschi a ideia original das reservas ecológicas como espaços de preservação de espécies. Ajudou no combate a pragas na agricultura, na implantação de diversas reservas ecológicas brasileiras como o Parque Nacional do Caparaó e, na divulgação científica acerca da natureza, produzindo aproximadamente 450 trabalhos científicos, 22 livros e um grande acervo sobre a Mata Atlântica. Além de orgulhar o povo capixaba com as suas descobertas e pesquisas e a sua incansável luta pela natureza – um belo exemplo a ser seguido pela humanidade – contemplou a população com o Museu de Biologia Mello Leitão. Portanto, pela relevância do trabalho desenvolvido por esse ilustre defensor da natureza, peço aos nobres pares a aprovação deste Projeto de Resolução.

PROJETO DE LEI Nº 400/ 2011Dispõe sobre a obrigatoriedade dos Municípios CONTRATAREM músicos locais para se apresentarem em eventos regionais.

A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO DECRETA:

Artigo 1º - É obrigatória a contratação de músicos ou grupos musicais capixabas, preferencialmente originários do município da realização do evento, para se apresentarem durante o período festivo.

Artigo 2º - O Promotor do evento será o responsável pela escolha do(s) grupo(s) ou do(s) artista(s) local que se apresentará em cada dia do evento, respeitando o gênero do evento musical.Parágrafo único: para cada dia/noite de festa deverá ser contratado um cantor capixaba ou um grupo musical capixaba, preferencialmente da região, para apresentação que deverá ter duração mínima de meia hora.

Artigo 3º - A obrigatoriedade a que se refere esta Lei prioriza e oportuniza o artista capixaba domiciliado no Município cujo evento se realizar, devendo ser exigida dos produtores e promotores de eventos, assim como, do Executivo Municipal.

Artigo 4º - A Ordem dos Músicos do Brasil, Conselho do Espírito Santo, fiscalizará o cumprimento das cláusulas especificadas nesta Lei.

Artigo 5º - Ao infrator de qualquer dispositivo da presente Lei será aplicada a penalidade de pagamento de multa na importância equivalente a 10 salários mínimos.

Artigo 6º - Esta lei entrará em vigor a partir da data de sua publicação.

Artigo 7º - Revogam as disposições em contrário.

Sala das Sessões, 21 de Novembro 2011.GLAUBER COELHO

Deputado Estadual

JUSTIFICATIVA

A defesa das manifestações culturais e artísticas deve ser uma preocupação de todos nós, pois a cultura e a arte são fundamentais, vez que, representam uma forma de expressão das tradições de um povo. É fundamental fortalecer as atividades culturais e artísticas existente em cada município do nosso Estado. A proposta é dar visibilidade e notoriedade a esses artistas que estão no interior do estado, e que nem sempre conseguem apresentar sua arte.

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

PROJETO DE LEI Nº 401/ 2011Dispõe sobre a obrigatoriedade dos postos de combustíveis efetuarem abastecimento por gás natural – GNV, somente em

veículos que estejam com seus cilindros identificados com o selo do INMETRO.

A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO DECRETA:

Art. 1º Todos os veículos automotores movidos a gás natural somente serão abastecidos quando seus cilindros de armazenamento forem marcados com o selo do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO).

Art. 2º O selo exigido é o constante na portaria do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comercio Exterior de nº 122 de 21 de junho de 2002.

Art. 3º O estabelecimento que efetuar a operação de abastecimento em veículos sem exigir o selo fica sujeito a multa de 500 (quinhentas) VRTEs (valor de referência do tesouro estadual).

Art. 4º Esta lei entra em vigor a partir de sua publicação.

Sala das Sessões, em 21 de novembro de 2011.

LUCIANO PEREIRADeputado Estadual - DEM

JUSTIFICATIVA

O gás natural é uma mistura de hidrocarbonetos e gases inertes com predominância de metano (de 78% a 82%) que, à temperatura ambiente e pressão atmosférica, permanece no estado gasoso. É um gás inodoro, incolor, não tóxico e mais leve que o ar, sendo atualmente utilizado em larga escala como combustível em veículos automotores. O gás natural veicular é um combustível seguro. Os cilindros utilizados para armazenar o GNV são mais resistentes que os tradicionais tanques de gasolina e álcool. Esses cilindros contam com sistemas de válvulas e chaves que evitam o vazamento de gás e, caso isto ocorra, cortam a alimentação, evitando o escape. O período de requalificação dos cilindros ocorre a cada cinco anos. A requalificação visa a avaliar se o cilindro continua próprio para uso e só pode ser realizada por empresa certificada por organismos credenciados pelo INMETRO. O cliente deve também verificar se componentes e cilindros possuem a marca da certificação no produto ou na embalagem. A identificação de certificação é composta pela logomarca do INMETRO e do organismo certificador. Tem-se como método de segurança que todos os serviços em kits e cilindros de gás natural deverão ser sempre feitos por oficinas homologadas pelo INMETRO. Pequenos defeitos não devem ser consertados. Deve-se sempre procurar uma oficina especializada na instalação. Como segurança, sabe-se ainda que o botijão de GLP jamais deverá ser utilizado para abastecimento de GNV. O botijão de GLP é construído para suportar a pressão de trabalho de aproximadamente 9 bar, enquanto que o cilindro de GNV suporta até 250 bar. Se notar algo suspeito, o usuário deve sempre buscar oficina especializada, não permitindo que curiosos regulem ou façam reparos em seus veículos. A segurança do GNV, todavia, depende da estrita observância às normas, inclusive na manutenção e durante o abastecimento. Apesar de o abastecimento de veículos movidos a gás natural veicular ser bastante seguro, requer alguns cuidados, assim como o de qualquer outro combustível. Como mecanismo de segurança na preservação da vida, não é demais exigir que o abastecimento dos veículos que utilizam o gás a GNV sejam inspecionados ao serem abastecidos, e a inspeção veicular colabora com a eficácia da lei. Até que haja conscientização coletiva sobre necessidade dos cuidados quanto à segurança, a multa é o elemento de equilíbrio entre o costume e a lei. Assim, apresento o presente projeto de lei a meus pares, na certeza de sua pronta apreciação e aprovação.

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ESTADO DO ESPÍRITO SANTOASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

PROJETO DE LEI Nº 403/2011Disciplina a aplicação de multa às construtoras e às incorporadoras por atraso na entrega do imóvel ao comprador

consumidor.

A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO DECRETA:

Art. 1º - As Construtoras e Incorporadoras que não entregarem os imóveis na data contratada deverão indenizar o comprador-consumidor no valor equivalente a 2% (dois por cento) do valor total do imóvel previsto em contrato, devidamente atualizado, desde que não previsto valor superior, salvo se houver prazo de tolerância, que em nenhuma hipótese poderá ser superior a 6 (seis) meses.§ 1º - Sem prejuízo da multa compensatória prevista no caput , na hipótese do imóvel não ser entregue ao comprador consumidor na data prevista, será devida ainda multa moratória mensal de 0,5% (meio por cento) sobre o valor total do imóvel, devidamente atualizado.§ 2º - A multa moratória prevista no parágrafo anterior, mesmo que o contrato preveja prazo de tolerância, incidirá a partir da data estipulada em contrato para entrega do imóvel.

Art. 2º - O dinheiro proveniente da multa poderá ser compensado das parcelas que vencerem após o prazo previsto para entrega do imóvel ou ser devolvido ao comprador-consumidor, em um prazo máximo de 90 dias após a entrega das chaves ou da assinatura da escritura definitiva.

Art. 3º - As empresas ficam obrigadas a avisar ao comprador-consumidor, com seis meses de antecedência, sobre possíveis atrasos na entrega das chaves do imóvel.

Art. 4º - Caso o atraso seja superior a 6 (seis) meses após o prazo máximo previsto no contrato para entrega do imóvel, poderá o comprador-consumidor rescindir o contrato.

Art. 5º - Esta Lei entrará em vigor na data da sua publicação.

Sala das Sessões, em 21 de novembro de 2011.

LUCIANO PEREIRADeputado Estadual - DEM

JUSTIFICATIVA

O art. 24, inciso VIII, da Constituição Federal, estabelece que a competência para legislar sobre a responsabilidade por danos ao consumidor é concorrente entre os Estados, União e o Distrito Federal. Este tema não foi disciplinado na Legislação Federal (Código de Defesa do Consumidor), deixando o comprador/consumidor totalmente desprotegido no contrato de aquisição imobiliária, sendo este confeccionado sempre na modalidade adesão, sem regras legais específicas que protejam os interesses do comprador/consumidor. Este projeto de lei prevê uma multa mínima, em caráter compensatório, de 2% do valor do imóvel, para as Incorporadoras e Construtoras que não honrarem suas obrigações contratuais. A intenção é compensar o consumidor que não pôde se mudar no período estimado e teve de morar de favor ou alugar outro imóvel. Até agora essa situação não era prevista nos contratos e, quando muito, as penalidades eventualmente previstas para a vendedora não eram suficientes para compensar os inconvenientes causados ao consumidor. Dessa forma, a imposição de sanção preenche uma lacuna na legislação. Não se pode olvidar, todavia, que os contratos imobiliários geralmente mencionam prazo de tolerância para atrasos, fixado geralmente em seis meses. Contudo, o que se quer disciplinar são as conseqüências dessa mora, independentemente de culpa. Os consumidores que se sentem prejudicados buscam o respaldo da Justiça, mas essas ações demoram anos e nem sempre a indenização é alcançada. Em relação ao percentual, é importante destacar que 2% é o patamar previsto para o descumprimento das ações impostas ao consumidor, e o que se faz agora é tornar essa regra uma via de mão dupla. Nos últimos oito anos, o volume de empreendimentos no Brasil aumentou vinte e cinco vezes, segundo os dados fornecidos pela Indústria da Construção Civil. Tal crescimento causou diversos problemas para o consumidor e também para as Construtoras, que tiveram dificuldades em contratar mão de obra, comprar material e cumprir prazos, mas os ônus não podem recair apenas sobre os ombros do consumidor, parte hipossuficiente dessa relação. Ressalte-se que a incidência da multa moratória a partir da data estipulada no contrato, independentemente da existência de prazo de tolerância, acompanha a tendência jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça (AG 398662/DF e AG 293837/SP). Assim, apresento esta proposição a meus pares, confiante em sua apreciação e aprovação.

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