hoje macau 22 ago 2014 #3159

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É uma língua milenar, com maneiras muito próprias de dizer. Mas, com a difusão crescente do mandarim, há quem tema pela sua sobrevivência e da cultura que transporta. Os optimistas garantem: é grande demais para morrer. DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEXTA-FEIRA 22 DE AGOSTO DE 2014 ANO XIII Nº 3159 hojemacau EUA/DISTÚRBIOS ORELHAS A ARDER POLÍTICA PÁGINAS 4-5 China e Irão juntam a voz para criticar a hipocrisia de Washington e aconselham os americanos a olhar para dentro de casa. O reitor da UM quebrou o silêncio para falar de neutralidade. Bill Chou sublinha que, segundo esse princípio, outros deveriam também ser punidos. E dá exemplos AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB PROMOÇÃO DO MANDARIM AMEAÇA LÍNGUA DE 62 MILHÕES GRANDE DEMAIS PARA MORRER PÁGINAS 2-3 UNIVERSIDADE DE MACAU Na mira do Bill SOCIEDADE PÁGINA 8 PUB Ouvidos para todos CAMPANHA CE2014 ÚLTIMA

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Hoje Macau N.º3159 de 22 de Agosto de 2014

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Page 1: Hoje Macau 22 AGO 2014 #3159

É uma língua milenar, com maneiras muito próprias de dizer.Mas, com a difusão crescente do mandarim, há quem tema pela sua sobrevivência e da cultura que transporta. Os optimistas garantem:

é grande demais para morrer.

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 S E X TA - F E I R A 2 2 D E A G O S T O D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 1 5 9

hojemacau

EUA/DISTÚRBIOS

ORELHASA ARDER

POLÍTICA PÁGINAS 4-5

China e Irão juntam a vozpara criticar a hipocrisiade Washington e aconselham os americanos a olhar para dentro de casa.

O reitor da UM quebrou o silêncio para falar de neutralidade. Bill Chou sublinha que, segundo esse princípio, outros deveriam também ser punidos. E dá exemplos

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

PROMOÇÃO DO MANDARIM AMEAÇA LÍNGUA DE 62 MILHÕES

GRANDE DEMAIS PARA MORRER

PÁGINAS 2-3

UNIVERSIDADE DE MACAU

Na mira do Bill SOCIEDADE PÁGINA 8

PUB

Ouvidos para todos

CAMPANHA CE2014

ÚLTIMA

Page 2: Hoje Macau 22 AGO 2014 #3159

hoje macau sexta-feira 22.8.20142 CANTONENSERICARDO [email protected]

R ECENTEMENTE, um cres-cente número de pessoas na Região Administrativa Especial de Hong Kong tem

manifestado o seu desagrado em rela-ção ao que vêem como um ataque ao seu idioma local, o cantonense. Tudo começou quando, em Fevereiro deste ano, o Departamento de Educação da RAEHK anunciou no seu portal que o cantonense não era uma língua oficial de Hong Kong. Apesar de as autori-dades terem retirado a informação prontamente e até feito um pedido oficial de desculpas, o acontecimento deixou muita gente preocupada, visto o cantonense ser utilizado por 97% da população local.

Uns dias depois, o portal noticioso “Passion Times” alertou a população sobre um vídeo produzido pela “HKed-City”, o portal de aprendizagem elec-trónica do Departamento de Educação, que figurava um diabo – que falava cantonense – com um plano maquia-vélico de conquistar o mundo, que acabava no fim por ser derrotado por um grupo de heroínas que discursavam em mandarim. Apenas simbólico ou um aviso do que está para vir?

UM DIALECTO? UMA LÍNGUA? UM IDIOMA EM EXTINÇÃO OU TALVEZ NÃO

A LINGUAGEM DAS PÉROLAS

Básica de Hong Kong diz que o chinês – que os locais sempre assumiram ser o cantonense – é uma língua oficial do território vizinho, mas a imprecisão da definição permitiu incidentes como o que ocorreu com o Departamento de Educação da RAEHK. De acordo com Robert Bauer, a Lei Básica fala apenas da linguagem escrita, enquanto que as autoridades interpretam essa declaração como abrangendo também a linguagem oral. Isso levou a que a legisladora de Hong Kong, Regina Ip Lau Suk-yee, se referisse ao cantonen-se como um simples dialecto.

DIÁSPORA DE GUANGDONGO cantonense é conhecido como o idioma oficial da província de Guang-dong, Hong Kong e Macau. É também utilizado em partes da província de

Guangxi e em inúmeras comunidades chinesas pelo mundo fora, desde o Canadá aos Estados Unidos, passando pela Europa e pela Malásia. No total, as estimativas apontam para um universo global de aproximadamente 62 mi-lhões de pessoas que usam o dialecto, o que o torna na terceira língua mais importante da China, atrás do dialecto de Xangai e do mandarim.

Esta província beneficiou imenso com a campanha de abertura da China iniciada em 1978 por Deng Xiaoping,

vos. A polémica foi tal que a proposta teve de ser abandonada.

O cantonense é usado no conti-nente há muito tempo, sendo uma parte integrante da chamada cultura tradicional Lignan, que está associada ao sul da China. Ao mesmo tempo, a indústria cinematográfica e musical de Hong Kong têm contribuído para criar uma identidade própria, da qual o cantonense faz parte integrante.

MAIOR LÍNGUA DO MUNDOO mandarim, por sua vez, é usado por quase mil milhões de pessoas, o que faz dela a língua mais usada no mundo. Porém, não é tão antigo como o cantonense. A sua escolha como língua oficial e posterior implemen-tação remonta apenas ao início do século XX.

Porém, o crescente poderio econó-mico da China e consequente expansão global tem feito com que cada vez mais pessoas escolham enveredar pela sua aprendizagem, que muitos dizem ser mais fácil para um estrangeiro visto ter menos tons.

A escrita também foi simplificada, usando agora a China os caracteres simplificados. A maneira de escrever o mandarim ou o cantonense é igual – mas como o cantonense é maiorita-riamente uma língua oral, pequenas adaptações são necessárias quando se passa para a escrita.

A Escola Portuguesa de Macau ensina apenas mandarim aos seus alunos. Na altura em que o projecto foi proposto, ainda se considerou optar pelo cantonense, mas esta iniciativa recolheu apenas o apoio de duas pessoas – o médico Fernando Gomes, que foi presidente da Associação de Pais da Escola

Portuguesa desde 2001 a 2006, e o Padre Sequeira. No fim, acabaram por optar pelo mandarim, visto ser a língua oficial da China.Para Fernando Gomes, a escolha de ensinar o mandarim em detrimento do cantonense foi um erro, visto os alunos não terem possibilidade de praticar a

linguagem no dia-a-dia, já que em Macau a esmagadora maioria dos locais usam o cantonense no seu quotidiano. Em declarações ao HM, o médico revelou-se desapontado com o resultado, pois “é óbvio que os alunos não tiveram grande desempenho, pois poucos são os que podem praticar mandarim em

casa. Isto foi um desapontamento, visto eu ter lutado tanto para implementar o ensino do chinês na Escola Portuguesa. Tive mesmo de me deslocar a Portugal para pedir apoio ao Ministro da Educação da altura. Mas depois de quase oito anos deste programa, acho que os resultados falam por si próprios”.

62milhões de pessoas utilizam

o cantonense

É à volta do Rio das Pérolas que nasceu e hoje sobrevive o cantonense, para além de países onde existe diáspora chinesa. Mas a promoção da língua nacional – o mandarim – tem assustado os seus defensores, que não querem ver desaparecer um produto cultural milenar, portador de tradições e saberes muito próprios

FERNANDO GOMES, CONSELHEIRO DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS

“Mandarim na Escola Portuguesa foi um erro”

O cantonense é parte integrante da alma de Macau “pela maneira como as pessoas interagem, pela sua sonoridade, pela maneira como as palavras são usadas”SÉRGIO PEREZ Realizador

De acordo com um artigo publicado no “South China Morning Post” em Março deste ano, o Governo da RAEHK tem estado a tentar implementar o man-darim nas escolas desde 1997. Nessa reportagem, Robert Bauer, um perito em cantonense, que ensinou linguagem chinesa na Universidade Politécnica e na Universidade de Hong Kong, explica que o Governo colonial inglês deixou o cantonense prevalecer no território vizinho, pois o facto de haver diferenças entre as línguas usadas no continente e em Hong Kong serviam como uma forma de barreira que reforçava a se-paração das duas regiões.

O capítulo 1 do artigo 9 da Lei

“Os caracteres tradicionais reproduzem imagens que ajudam a descodificá-los, mas os simplificados perderam esta qualidade”ZHENG DEHUA Professor universitário

- conhecida como “Open Door Poli-cy” – visto estarem aí incluídas 3 das 4 zonas económicas especiais criadas na altura. Este factor contribuiu para a propagação global do cantonense, visto muita gente desta província ter posteriormente emigrado e criado co-munidades chinesas pelo mundo fora.

Em Junho de 2010, a Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CPPCC) chegou mesmo a propor que canais da estação de televisão de Cantão passassem a produzir mais programas em mandarim para melho-rar a qualidade das transmissões du-rante os Jogos Asiáticos que tiveram lugar nessa cidade em Novembro de 2010. Isto levou a que muita gente se revoltasse, virando-se para a internet para tecer uma grande variedade de comentários, na sua maioria negati-

Na China, usam-se por exemplo os caracteres simplificados para escrever mandarim no norte e cantonense no sul. Ao mesmo tempo, em Macau e Hong Kong usam-se os caracteres tradicionais para escrever cantonense, enquanto que em Taiwan os mesmos caracteres são usados para escrever mandarim. A grande diferença vem na maneira de ler os caracteres, que são interpretados vocalmente de diferen-tes maneiras dependendo do dialecto usado na região em questão.

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hoje macau sexta-feira 22.8.2014 3 cantonense

A classificação tradicional chinesa identifica 7 grupos linguísticos na China - Gan, Guan (onde está incluído o mandarim), Kejia, Min, Wu (aqui pertence o dialecto de Xangai), Xiang, Yue (do qual é derivado o cantonense) – que depois originam mais de uma centena de dialectos.

O facto de mais e mais escolas usa-rem apenas o mandarim como veículo de ensino leva a que muitos jovens sejam incapazes de falar os dialectos regionais, o que anda a preocupar muita gente na China.

A REALIDADE LOCALO realizador macaense Sérgio Perez deu-nos a sua opinião pessoal sobre a situação na RAEM. “Os locais sentem-se mais próximos uns dos outros quando comunicam em can-tonense, pois dá-lhes uma identidade própria”, adiantando que o cantonense não ameaça a uniformização da China.

“Há aqueles que acham que o facto de haver tantos idiomas diferentes é contraproducente e põe em causa a união. Impor o mandarim é um erro, pois arrisca-se perder especificidades e características únicas”, comentou. Ao mesmo tempo, Sérgio Perez defende que “se Macau quer ser um centro de cultura, tem que preservar todas as manifestações culturais, como a ópera cantonense, que são praticadas em cantonense. Fala-se muito do património intangível, e aqui temos o exemplo do patuá. Espero não vir a ver um dia o cantonense a lutar pela sua preservação. Há aqui uma desva-lorização da importância das línguas, o que cria um conflito. Diz-se que se quer preservar a cultura, identidade e diversidade de determinados espaços, mas depois aplicam-se medidas que fazem o contrário.”

Para o realizador, o cantonense é parte integrante da alma de Macau “pela maneira como as pessoas intera-gem, pela sua sonoridade, pela maneira como as palavras são usadas”. Tudo isso ajuda a definir uma identidade e cultura própria. Quanto ao futuro, isso vai depender dos responsáveis e das políticas de ensino que estabelecerem. “Sei que há uma grande aposta no mandarim e isso faz todo o sentido, mas nunca em detrimento do canto-nense”, adiantou.

Mas, por enquanto, é da opinião que o cantonense continua forte em Macau, “sendo utilizado pela maioria das pessoas. A classe política e os meios de comunicação social também continuam predominantemente a usá--lo”. Além disso, a sonoridade do can-tonense, com os seus nove tons, “dá-lhe uma grande riqueza, permitindo um grande leque de possibilidades quanto a trocadilhos e duplos significados”.

UM GRANDE SIGNIFICADO CULTURALElisabela Larrea, uma natural de Ma-cau que está a tirar um doutoramento em Comunicação Intercultural na Universidade de Macau, não acha que o cantonense esteja a perder impor-tância “pois esta linguagem acarreta um grande significado cultural para as pessoas que vivem na região”.

Quanto a escolher uma das línguas para estudar, diz que “depende dos planos dessa pessoa para o futuro”. Se planeia ficar em Macau ou na região, recomenda o estudo do dialecto local, mas se pretende ir para outras partes da China, “nesse caso o mandarim seria sempre a melhor opção”. Mas

Ng Kap-chuen, também conhecido como Ah To em fóruns

da internet, ficou preocupado com a situação que o

cantonense enfrenta em Hong Kong e decidiu fazer algo

sobre isso. Inspirado num trabalho de 1559 intitulado

“Netherlandish Proverbs” da autoria de Pieter Bruegel

- que criou uma séria de pinturas a óleo para ilustrar

provérbios holandeses que vangloriavam a cultura do

país - Ah To produziu a obra “Great Canton and Hong Kong

Proverbs” para dar vida a 83 provérbios cantonenses

que propagam a cultura e defendem a língua. O resultado

é um poster que mostra 83 situações caricatas,

correspondendo cada uma a um ditado popular chinês.

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A classificação tradicional chinesa identifica 7 grupos linguísticos na China - Gan, Guan (onde está incluído o mandarim), Kejia, Min, Wu (aqui pertence o dialecto de Xangai), Xiang, Yue (do qual é derivado o cantonense) – que depois originam mais de uma centena de dialectos

é sempre uma escolha pessoal. “Pes-soalmente não concordo em comparar línguas. Cada uma é única na sua própria maneira e devemos respeitar todas. Há expressões que são únicas ao cantonense, não podendo ser re-produzidas noutro idioma, e acho que isso acontece com todas as línguas”.

UMA VISÃO ACADÉMICAO professor Zheng Dehua, do Depar-tamento de Chinês da Universidade de Macau, é um especialista em história chinesa moderna, história e cultura Lignan, história e cultura de Hong Kong e Macau e história dos chineses no estrangeiro.

Para o académico “esta questão é um problema político. As autoridades criaram o mandarim para promover a união do país, visto o cantonense não ser entendido por toda a gente. Eu próprio uso o mandarim nas minhas aulas e o cantonense no meu quotidiano e recomendo que mais pessoas usem as duas línguas”.

Quanto às origens, explicou que “o cantonense, assim como muitos outros dialectos regionais, é bem mais antigo que o mandarim, que é derivado do dialecto de Pequim. Estes dialectos tradicionais integram muitos elementos da cultura do local de onde são provenientes, por isso têm de ser tomadas medidas para preservá-los, visto a linguagem ser muito importante para a identidade das pessoas”.

Em relação à adopção de uma escrita simplificada, ensinou que “os caracteres tradicionais reproduzem imagens que ajudam a descodificá--los, mas os simplificados perderam esta qualidade. As pessoas que usam a escrita tradicional têm mais facilidade em compreender a simplificada, mas o contrário não se verifica. Assim, esta medida foi conveniente para alguns, mas para outros tornou o processo ainda mais complicado”.

Para o futuro, adverte que “as autoridades de Pequim têm que ter cuidado para não impor demasiado o mandarim, senão arrisca perder os dia-lectos regionais, o que seria uma perda enorme. Espero que tenham isto em atenção no futuro para que se adoptem políticas mais equilibradas”.

O DUPLO SENTIDO DO CANTONENSE

1上山捉蟹

[séuhng sāan jūk háaih] (Apanhar caranguejos

num monte) Super difícil,

quase impossível

19 玻璃夾萬

[bō lēi gaap maahn](Um cofre de vidro)

Algo que parece bom mas não é prático

9 放飛機

[fong fēi gēi](Atirar um avião de papel) Quebrar uma promessa,

quebrar um compromisso, não comparecer a um encontro

24 賣魚佬洗身

[maaih yùh lóu sái sān](Um vendedor de peixe lava

o seu corpo – 冇晒腥氣 “não há mau cheiro”, que soa como 冇晒聲氣 “não há notícias”) Continuar à espera de receber

uma resposta positiva

12佛都有火

[faht dōu yáuh fó](Até o Buda pega fogo)

Até um nível intolerável, “isso é demais!”

25煲電話粥

[bōu dihn wá jūk](Cozer canja ao telefone)

Falar durante horas ao telefone

14 拉牛上樹

[lāai ngàuh séuhng syuh](Puxar uma vaca para cima de uma árvore)

Uma tentativa fútil de fazer algo

83咁大隻蛤乸隨街跳

[gam daaih jek gap lá chèuih gāai tiu]

(Um sapo tão grande a saltar na rua)

Bom demais para ser verdade

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HOJE

MAC

AU

PONTAS SOLTAS

FRONTEIRAS

4 hoje macau sexta-feira 22.8.2014POLÍTICA

• Ao terminar o colóquio, o

candidato respondeu aos jornalistas

sobre os postos fronteiriços.

Chui Sai On admitiu que espera

uma extensão horária dos

postos, reforçando a ideia do

“funcionamento durante 24 horas”

apresentadas no programa político.

“O Governo da RAEM já se esforçou

muito neste área, espero que o

Governo Central possa autorizar a

proposta de extensão do horário

em curto prazo. Também desejo

que a Zona Fronteiriça Industrial

Zhuhai-Macau possa ser utilizada

como passagem dos trabalhadores

não residentes, diminuindo assim

a pressão existente nos postos”,

rematou o candidato.

A deputada Kwan Tsui Hang foi a primeira a usar da palavra. “A capacidade

de recepção da cidade de Macau tem causado muitos problemas”, disse. Na sua opinião, para além dos turistas não conseguirem sentir o território como uma “cidade de lazer”, este fluxo tem um grande impacto na vida da população. “O novo Governo deve potenciar um outro desenvolvimento económi-co, assim como apostar no aumento da mão-de-obra”, defendeu depu-tada da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM).

Dando ênfase à área da empre-gabilidade, o também deputado dos Operários, Lam Heong Sang, ques-tionou se a baixa taxa de desemprego sentida em Macau é sinónimo de um mercado de trabalho sem problemas. Lam mostrou ainda o seu desconten-tamento para com os mecanismos, plataformas e comissões governa-tivas que, para si, “não apresentam resoluções reais para os problemas existentes em Macau”.

Na resposta, Chui Sai On admitiu que vale a pena valorizar a questão apresentada por Kwan Tsui Hang, pois esta influencia directamente a qualidade de vida da população. “Desde o ano passado que podemos verificar que o Go-verno Central deixou de autorizar que turistas de outras cidades - para além de Hong Kong - conseguis-sem obter ‘vistos individuais’”.

O único candidato acrescentou ainda que todos os anos o Governo confere ao Instituto de Formação Turística (IFT) a realização de um relatório sobre a capacidade de suporte da cidade, incluindo análise de facilidades de software e hardware, capacidade de recepção dos postos fronteiriços, sendo a qualidade de vida também uma das considerações do estudo.

“FALTA DE NEURÓNIOS”Depois de demonstrar o seu apoio ao candidato, a deputada Melinda Chan manifestou o desejo de que Chui Sai On seja eleito com um grande número de votos, sem es-conder que tem esperança na futura consolidação na área de formação profissional e das facilidades na educação especial.

Por sua vez, o marido da Melinda, David Chow, e também membro do

CE2014 CHUI SAI ON PASSA O DIA ENTRE POLÍTICOS E CHINESES ULTRAMARINOS

Juízos de campanhaFLORA FONG [email protected]

“Os cinco Secretários, inclusive os directores [dos serviços] têm falta de neurónios!”DAVID CHOW

Comité Nacional, criticou a exis-tência de alguns titulares de cargos do Governo que pouco sabem de política. A estrutura dos serviços e órgãos com funções cruzadas foi também alvo de críticas por parte de David Chow. No meio de alguma indignação, o ex-deputado afirmou que “os cinco Secretários, inclusive os directores [dos serviços] têm falta de neurónios!”

Para Chow, apesar dos lucros do Governo e da reserva financeira ter atingido os 400 mil milhões de

patacas, depois da transferência da soberania, espera-se que a sociedade seja mais desenvolvida, mas tal não acontece pois “as funções e estrutu-ras cruzadas provocam um grande

desperdício de recursos”. David Chow afirmou ainda que os recursos da reserva financeira “não devem apenas servir para fazer obras, mas também para outras áreas como os subsídios de aposentação”.

Na sua resposta, o candidato referiu que além da apresentação do programa político eleitoral, espera promover uma mudança e uma reforma aumentando assim a eficácia da administração.

As críticas dos deputados não se ficaram por aqui. Ho Ion Sang,

Manhã local

OUTRAS QUESTÕES APRESENTADAS PELOS PARTICIPANTES:

• Direitos das mulheres

• Construção de mais edifícios de serviços do Governo

• Pressão das crianças criada pelo sistema de educação

• Licenças profissionais e sistema de avaliação dos concursosdos funcionários públicos

• Criação de túneis subterrâneos

Page 5: Hoje Macau 22 AGO 2014 #3159

5 políticahoje macau sexta-feira 22.8.2014

P ARA a parte da tarde do quinto dia de campanha, Chui Sai On tinha agendado um colóquio com a Associação Geral dos Chineses Ultramarinos de

Macau. As partes envolvidas trocaram opiniões sobre os serviços de saúde, a obrigatoriedade do Governo ter um papel de divulgador da verdade e esclarecedor para com a sociedade, a zona A dos novos terrenos e, também, sobre o aumento do número de autorizações de retorno dos familiares dos ultramarinos.

“No Programa Político apresentado, mostrou vontade de criar um base de formação específica para médicos, bem como realizar um censo sobre o estado de saúde da população. Sugiro que o senhor Chui Sai On explique com mais detalhe estas ideias”, disse um dos membros da associação.

“Apelo também que o Governo publique regular-mente os processos de trabalho do terceiro hospital de Macau, ou seja, o Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas, e além disso, proponho também que este hospital funcione como faculdade de medicina”, acrescentou.

Um outro participante defendeu que quando surgem falsas informações na sociedade, o Go-verno deve responder adequadamente e de forma oportuna à população, evitando assim distúrbios na governação da RAEM.

QUALIDADE NA ZONA AA questão da zona A dos novos terrenos não escapou ao colóquio. Um dos presentes considerou “urgente discutir se a zona A é adequada para viver ou não”, afirmando ainda que “a densidade populacional, devido ao aumento das habitações públicas na zona, é uma preocupação da população”. Para este, o Governo deve usar medidas eficazes para criar assim uma zona moderna e adequada à vida da sociedade actual. Na sua intervenção, o jovem membro da associação, sugeriu ainda que se devem “criar túneis subterrâneos que facilitem o transportes de todo o tipo de energia para Macau”, onde o Metro Ligeiro estaria também contemplado por este tipo de infra-estrutura.

Lou Cheok Weng, um dos três vice-presidentes da asso-ciação aconselhou ao único candidato que o Governo deve alargar de forma apropriada a vinda de familiares directos dos chineses ultramarinos para o território. “Existem cerca de 80 mil familiares dos chineses ultramarinos que espero que possam vir a Macau. Considero ainda que esta massa pode ser uma boa parte de mão-de-obra barata para o território, preenchendo assim a falta de recursos humanos nos vários sectores, tais como, condutores, trabalhadores de limpeza e de estabelecimentos de comida. Apesar de não fazerem parte de uma emigração de investimento no território, esta população tem diferentes qualificações e habilidades”, frisou o vice-presidente.

APOSTA NA MÃO-DE-OBRAUm dos membros da comissão da associação, apontou que os mais de 15 mil chineses de Macau que frequen-

CE2014 CHUI SAI ON PASSA O DIA ENTRE POLÍTICOS E CHINESES ULTRAMARINOS

Juízos de campanhaChegado o quinto dia de campanha, Chui Sai On ouviu as críticas e opiniões apresentadaspelos membros da Comissão Eleitoral do 4º sector, ou seja, alguns dos deputados da Assembleia Legislativa (AL), da Assembleia Popular Nacional, bem como membros de Macau do ComitéNacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês

“Existem cerca de 80 mil familiares dos chineses ultramarinos que espero que possam vir a Macau”LOU CHEOK WENG Vice-presidenteda Associação Geral dos Chineses Ultramarinos de Macau

da União Geral das Associações de Moradores, referiu que a sociedade não tem confiança na governação da RAEM, e por isso, o novo Governo deve acabar os conflitos existentes, bem como, explicar de forma mais clara a política de habitação, restau-rando assim a confiança pretendida.

Por outro lado, o deputado Zheng Anting disse que esperava que Chui Sai On resolvesse os problemas existentes nas áreas da inflação, habitação, reordenamento dos bairros antigos e transporte.

Tarde além mar

Chegada a sua vez, a deputada Angela Leong considerou que na sociedade deve reinar um ambiente de harmoniosa discussão. Angela apelou que o antigo campus da Universidade de Macau deve ser usado para actividades aos porta-dores de deficiência.

Já o deputado Cheang Chi Keong referiu que um grande número de jovens se dedica à indústria do jogo e, por isso, o Governo tem a respon-sabilidade de oferecer formações e cursos para os trabalhadores.

taram ensino superior no estrangeiro, que obtiveram boas qualificações profissionais, podem dar um bom contributo ao mercado do território. “Para atrair o re-torno desses residentes sugiro que se crie um sistema de licença profissional mais completo, especialmente para os sectores que não sejam o do jogo. Assim, o Go-verno pode mostrar aos chineses ultramarinos a devida atenção relativamente à sua empregabilidade. Quanto ao concurso para os cargos na função pública deve ser criado um sistema de avaliação de notas unidos à licença profissional”. O interveniente registou ainda que espera que sejam criadas mais plataformas para que os jovens desenvolvam as suas habilidades, usando o exemplo do Prémio para Jovens Extraordinários de Hong Kong. “Assim os jovens sentem-se encorajados”, defendeu.

PALAVRA DE CANDIDATOComo conclusão Chui Sai On reforçou a promessa promover um censo sobre o estado de saúde de toda a população, mostrando ainda a vontade de construir um centro para oferecer formação na medicina ocidental. “Sabendo que os profissionais da área de medicina não têm nem uma faculdade de medicina nem um capus de formação, defendo que seja necessária a construção de um espaço de ensino”, sublinhou Chui. “Espero que esse centro de formação seja uma realidade, assim como institutos que permitam a realização de várias investigações na área”, adiantou.

O candidato recordou ainda que no passado, poucos estudos na área existiam em Macau, e por isso, espera que futuramente se possam realizar mais estudos, análises, pesquisas e relatórios.

“A realização do censo permitirá perceber melhor a situação da saúde da população”, acrescentou.

Chui prometeu ainda um ajustamento dos conselhos consultivos no novo mandato. “Uma nova medida deve ser implementada. Uma pessoa não deve ocupar o cargo de vogal em diferentes conselhos consultivos”, frisou, deixando a ideia de que a continuação automática do mandato do vogal não deve existir, permitindo assim dar oportunidade a novas pessoas.

Relativamente ao proble-ma da zona A, Chui Sai On prometeu que a área deve ser adequada para viver. “A zona A deverá ter as condi-ções adequadas para viver e trabalhar, assim como ter espaços de lazer. Considero que o Governo deve valorizar este terreno, preparando-o de forma correcta”.

Respondendo a críticas sobre os diferentes preços de carnes nos mercados e supermercados, o candidato afirmou que o assunto já foi várias vezes discutido, acrescentando que já dedicou muita atenção à temática, incluindo algumas visitas aos locais para melhor perceber o problema.

“Espero que através da revisão da Regime Ju-rídico dos Direitos e Interesses dos Consumidores, a irregularidade seja resolvida, para que haja uma maior e melhor protecção dos residentes, aliviando assim as pressões na sua vida”, defendeu.

Em conclusão, Chui assumiu que no novo man-dato deve dar estar mais atento, fazer mais revisões e analisar os assuntos mencionados.

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6 política hoje macau sexta-feira 22.8.2014

LEONOR SÁ [email protected]

A revisão do diploma do Quadro Geral do Fundo de Previdência Central – que prevê a

implementação do duplo sistema de contribuições – deverá dar entrada na Assembleia Legislativa (AL) até ao final deste ano. O anúncio foi feito ontem pelo presidente do conselho de administração do Fundo de Seguran-ça Social (FSS), Ip Peng Kin, depois de alguns residentes terem levantado questões sobre a referida legislação,

Q UAL o objectivo de criar uma regra que obriga a que os

jovens do Instituto de Me-nores (IM) e os assistentes sociais anunciem ao “su-perior hierárquico” sempre que quiserem comunicar entre si? É isso mesmo que questiona o deputado Leong Veng Chai ao Governo.

Num interpelação escrita, o deputado explica que segun-do uma regra deontológica do pessoal da área de assistência social, este, “quando não tem nada a ver com a relação de trabalho”, só pode comunicar com os jovens, ainda mem-bros ou não do IM, “sob prévio conhecimento do superior hierárquico”.

Regra descabida para

Governo adiantou finalmente que a proposta de revisão do Quadro Geral do Fundo de Previdência Central deverá estar pronta para ir à Assembleia Legislativa até final do ano. A consulta pública sobre o tema já acabou e foram recolhidas cerca de 500 opiniões, por inquérito e telefone

REGIME DE PREVIDÊNCIA REVISÃO NA AL ATÉ FINAL DO ANO

O dinheiro não foge“Nós colocámos muito dinheiro no fundo. Será que este pode sustentar as nossas vidas quando nos reformarmos?”QUESTÃO DE CIDADÃONO “FÓRUM” DA RÁDIO MACAU

IM DEPUTADO QUESTIONA REGRAS DE INSTITUTO

Relações pendentesLeong Ven Chai, que defen-de que esta imposição viola os artigos 27º, 28º e 32º da Lei Básica que prevê que “os residentes de Macau gozam da liberdade pessoal, de associação e de comunica-ção”. Para o deputado, esta regra condiciona também a vida futuro dos jovens em causa “não podendo assim ajudá-los a livrar-se da má imagem do passado”. Os as-sistentes sociais, que segun-do Leong, assumem o “papel de membro da geração mais velha”, de amigo e orien-

tador ao longo da vida dos jovens em causa vêm assim as suas relações de convívio sociais condicionadas.

Leong Ven Chai vai mais longe e afirma que a regra em causa vai contra o objectivo da criação do IM que é o de “corrigir os problemas dos jovens internados, ao nível de conhecimentos, emoções e conduta, reforçando as suas capacidades de ponderação independente e de autonomia, bem como as técnicas pro-fissionais, para lhes facilitar a inserção social no futuro”.

Por último, o deputado afirma que “segundo in-formações”, sabe que nem todos os trabalhadores da área em causa cumprem esta norma, por isso quer saber, se a regra se destina apenas a alguns funcionários.

CADASTRO POLÉMICORecorde-se que ainda duran-te o ano passado o IM esteve envolvido numa polémica com o seu corpo docente. Foram vários os professores, que segundo o deputado José Pereira Coutinho, se quei-

xavam de pressões físicas e psicológicas e o caso chegou a ser investigado a mando da secretária Florinda Chan. Não contente com a inves-tigação levada a cabo pela Direcção dos Serviços dos Assuntos de Justiça (DSAJ), o deputado voltou, na altura, a questionar o Governo, ale-gando que “não confiava nos resultados da investigação”.

“Quer os Serviços de

Administração e Função Pública (SAFP) quer a DSAJ esquivaram-se de falar dos problemas importantes e deram respostas selectivas e superficiais, acompanhadas de bonitas expressões como tratar o assunto de acordo com a lei”, afirmou o deputado.

Pereira Coutinho garan-tiu que a referida investiga-ção foi arquivada “por não se ter verificado qualquer infracção disciplinar”. Ac-ção insuficiente para o deputado que considerou que a DSAL “não tratou de forma prudente e justa os problemas existentes no IM”, não lhes dando assim a devida importância. “É uma vergonha e um escândalo”, disse. - H.M.

durante o programa “Fórum”, da Rádio Macau chinesa.

Entre as várias opiniões ouvidas no programa, houve quem receasse

o desaparecimento do dinheiro que fora investido no fundo de previdên-cia central. “Nós colocámos muito dinheiro no fundo. Será que este pode

sustentar as nossas vidas quando nos reformarmos?”, questionou um dos intervenientes. Sobre o assunto, Ip Peng Kin comentou que quanto mais

tempo o dinheiro estiver alojado no fundo, mais próxima a taxa de retorno ficará nos 5%, acrescentando ainda que não há razão para alarme.

Outro dos residentes questio-nou a hipotética diminuição do volume investido no fundo, caso a economia mundial entre em reces-são. “O Fundo de Previdência vai investir noutros fundos. Quando a economia mundial entrar em recessão, pode haver um défice. Isso quer dizer que o nosso fundo vai encolher”, comentou o cidadão.

JÁ NÃO ERA SEM TEMPOO período de consulta pública so-bre a referida proposta de lei durou até dia 13 de Junho e acumulou 400 opiniões por inquérito e outra centena via telefónica. Recorde-se que é a primeira vez que o FSS anuncia uma data específica para a entrada da proposta de lei na AL. Em Abril passado, o presidente do conselho de administração do organismo disse mesmo que ainda não existia um calendário para a legislação.

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7 políticahoje macau sexta-feira 22.8.2014

Pereira Coutinho interpela o Governo sobre a sobrelotação populacional em espaços exíguos

LEONOR SÁ [email protected]

O deputado José Pereira Couti-nho expressou preocupação

quanto ao destino que será dado aos novos aterros B, C e D, já que foi anunciado que o A vai compreender a construção de casas para acolher habitação pública.

CECÍLIA L [email protected]

A deputada à Assembleia Legislativa (AL) e admi-nistradora da Sociedade

de Jogos de Macau (SJM), An-gela Leong, lançou ontem uma carta aberta onde pede que o velho campus da Universidade de Macau (UM), localizado na Taipa, possa também ser des-tinado aos alunos com necessi-dades educativas especiais, por forma a responder à procura de formação de talentos por parte da sociedade.

“Para além do Instituto Politécnico de Macau (IPM) e Instituto de Formação de Macau (IFM) também há escolas de

Macau celebra vitória sobre JapãoO Governo vai realizar “actividades solenes” para comemorar o Dia da Vitória do Povo Chinês na Guerra de Resistência contra a Agressão Japonesa. Um comunicado do porta-voz do Governo, explicou que “a Comissão Permanente da Assembleia Popular Nacional ratificou (…) a decisão de definir o dia 3 de Setembro como o Dia da Vitória do Povo Chinês na Guerra de Resistência contra a Agressão Japonesa a fim de recordar a vitória contra a agressão japonesa, comemorar os heróis, mártires e patriotas sacrificados na guerra, e manifestar a determinação firme do povo chinês contra a agressão e salvaguardar a paz”. As comemorações contarão com a presença do Chefe do Executivo, dos líderes do Gabinete de Ligação do Governo Popular Central na RAEM, do Exército de Libertação do Povo Chinês na RAEM, do Comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da RPC na RAEM, entre outros.

HABITAÇÃO PEREIRA COUTINHO PREOCUPADO COM DESTINO DE ATERROS

Afinal o que vai ser feito?“Vai o Governo construir prédios de habitação nos aterros das Zonas B, C e D a fim de evitar a elevada concentração populacional em espaços exíguos (...) como os que pretende construir na zona A?”PEREIRA COUTINHO

UM ANGELA LEONG QUER VELHO CAMPUS PARA ENSINO ESPECIAL

Uma questão de racionalidade

Numa interpelação escri-ta, o deputado e presidente da Associação de Trabalhadores da Função Pública de Ma-cau (ATFPM) questionou o Executivo sobre que destino se pretende que seja dado a estas zonas, justificando que a primeira deverá ficar rapi-damente sobrelotada.

“Vai o Governo construir prédios de habitação nos aterros das Zonas B, C e D a fim de evitar a elevada concentração populacional em espaços exíguos, sem dignidade, sem qualida-de, como os que pretende

construir na zona A?”, questionou Pereira Couti-nho. O deputado quis ainda saber se há um plano para a construção de instalações desportivas nestas mesmas zonas, “para uso diário dos residentes”, com incidência nos mais jovens.

A terceira questão de Pe-reira Coutinho diz respeito à divulgação do calendário dos planos do Executivo, desde o início da construção das habitações até ao mo-mento em que os residentes possam efectivamente mu-dar-se para as novas casas.

“Quando vai o Governo divulgar a calendarização integral dos planos de cons-trução até a subsequente entrega das chaves das moradias para habitação aos residentes de Macau?”, perguntou o presidente da ATFPM, em interpelação escrita.

IDEIAS INCONCLUSIVASTêm sido várias as personali-dades de Macau – incluindo deputados e académicos – que defendem a utiliza-ção dos aterros B, C e D para a construção de mais

habitações, ideia que Chui Sai On garantiu, durante a sua campanha para Chefe do Executivo, estar a ser pensada. Não há, no entanto, nenhuma decisão final para o destino a ser dados às zonas referidas.

Sobre a zona A, na qual o Governo pretende construir 32 mil habitações públicas, alojando 100 mil pessoas, o Secretário para os Trans-portes e Obras Públicas, Lau Si Io, veio já assegurar que não há quaisquer planos para a concessão de terrenos à habitação privada.

ensino especial que precisam de mais instalações para o seu desenvolvimento”, escreveu a deputada.

“Nos últimos anos a socieda-de fez sentir junto do Governo de que o apoio ao ensino especial não é suficiente para as suas

actividades. Os alunos do ensino especial só podem ter aprendiza-gem e oportunidades consoante os serviços (existentes) e isso não é justo. Sentem que as políticas do Governo não os protegem”, referiu ainda Angela Leong, que espera uma maior integração destes alunos na sociedade e no ensino superior.

A deputada pede ainda que o Executivo dê prioridade ao ensino especial no desenvolvi-mento das instalações, por forma a aproveitar os recursos humanos com uma “alocação racional”. A administradora da SJM pede ainda melhorias no sistema de transportes, especialmente na hora de ponta, na ligação com as residências. Recorde-se que a deputada exigiu várias vezes no hemiciclo uma utilização racional do espaço, para que este fosse utilizado pelos estudantes com necessidades especiais e portadores de deficiência.

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hoje macau sexta-feira 22.8.2014GO

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BILL CHOU DEFENDE-SE E FALA DE AGNES LAM E GABRIEL TONG

Farpas académicas

A DEFESA DOS PROFESSORES

“Alguns dos nossos professores participaram nas eleições ou foram nomeados para a Assembleia Legislativa (AL), o que mostra que têm ideias políticas. Então essas pessoas também deveriam ser punidas”BILL CHOU

“Ele pode fazer o que quiser. Mas, dentro da sala de aula, no campus universitário, a lidar com alunos, temos de ter cuidado, temos de seguir as orientações”WEI ZHAO Reitor da UM

ANDREIA SOFIA [email protected]

W EI Zhao falou ontem pela primeira vez sobre o caso Bill Chou, desde que a

Universidade de Macau (UM) de-cidiu não renovar o contrato com o docente de ciência política. Numa entrevista ao jornal Ou Mun e ao canal chinês da TDM, o reitor da UM disse que os docentes devem ser neutros politicamente dentro da sala de aula.

“É perfeitamente aceitável que ele tenha as suas próprias opiniões e actividades na comunidade. Ele pode fazer o que quiser. Mas, dentro da sala de aula, no campus universitário, a lidar com alunos, temos de ter cui-dado, temos de seguir as orientações. Se ele as violou, não tivemos outra opção a não ser lidar com o assun-to”, disse o reitor, citado pelo canal português da Rádio Macau.

Wei Zhao deu ainda como exemplo de violação de conduta, o docente que incentiva os alunos a participar em protestos ou acti-vidades políticas e que, em troca, promete melhores notas.

O reitor da Universidade de Macau deu ontem uma entrevista onde referiu que os docentes devem ser neutros politicamente e não revelar as suas ideias dentro da sala de aula. Bill Chou lança acusações e afirma: “alguns dos nossos professores participaram nas eleições ou foram nomeados para a Assembleia Legislativa, têm ideias políticas e deveriam ser punidos”

MAIS DE NOVE MIL ALUNOS ESPERADOS EM HENGQINNa mesma entrevista aos media chineses, Wei Zhao garantiu que são esperados nove mil alunos para o novo campus da UM na ilha de Hengqin, sendo que quatro mil ficarão nas residências e 1700 são alunos do primeiro ano de licenciatura. Sobre as falhas das infra-estruturas, o reitor da UM referiu que “é como quando mudamos para qualquer nova instalação, podem ocorrer alguns problemas, como a água não correr devidamente ou haver um curto circuito. Temos uma equipa preparada e estamos a tentar resolver os problemas”, disse, citado pela Rádio Macau.

Em declarações ao HM, Bill Chou defende-se. “Nunca dei me-lhores notas aos meus alunos pela sua participação política, nunca fiz isso. O reitor também disse que a UM pede que os docentes sejam po-liticamente neutros, mas da minha parte nunca recebi nenhum aviso sobre isso”, apontou o docente, que preferiu citar outros casos.

“Alguns dos nossos professo-res participaram nas eleições ou foram nomeados para a Assem-bleia Legislativa (AL), o que mos-tra que têm ideias políticas. Então essas pessoas também deveriam ser punidas, mas a verdade é que a universidade nunca fez nada. Parece que o reitor está a dizer

que eu, especificamente, tenho de ser politicamente neutro”, disse ao HM, numa clara referência, con-firmada pelo próprio, aos docentes Agnes Lam e Gabriel Tong.

NÃO TEM NADA A VER COM POLÍTICANa mesma entrevista, Wei Zhao garantiu que Bill Chou não foi o único docente a sofrer um proces-so disciplinar por não respeitar o código de conduta da UM.

O reitor da UM não disse, contudo, qual foi o erro específico de Bill Chou. “A conclusão (do processo) foi a de que o professor violou as nossas orientações, a chamada conduta profissional. Por uma questão de confidencialidade

– e, honestamente, para proteger os seus interesses e os da outra parte –, não posso revelar os detalhes sobre qual foi o erro que ele cometeu. Ele tem sido devidamente infor-mado do erro que cometeu. Tudo o que posso dizer é que, em todo o processo, e na acção disciplinar que tomámos contra ele, nada teve a ver com as opiniões políticas, as actividades políticas, etc., que ele tinha na comunidade”, disse, segundo a Rádio Macau.

Em relação aos documentos que tem na sua posse, Bill Chou garante que irá revelá-los o mais depressa possível, estando ainda a encontrar a melhor forma legal de o fazer.

“Não comento o que disse Bill Chou porque ele tem liberdade de expressão. Mas em relação à minha vida política e à carreira académica, nunca se misturaram. Sempre agi de forma neutra. Estou a actuar de acordo com a linha de conduta que acho que é básica para um académico e político”, disse ao HM, Gabriel Tong, deputado nomeado. Agnes Lam, que concorreu em 2009 e 2013 às eleições, garante que “nunca falei da Energia Cívica nas aulas, nem nunca promovi o meu programa político nas aulas. Nunca dei materiais promocionais. Simplesmente investiguei e ensinei”. “Não tenho nada a ver com o caso e não sei porque é que ele disse

isso. Na nossa universidade temos vários membros da Associação Novo Macau (ANM) que também participaram na campanha (para as eleições). Não é justo”, disse a docente de comunicação. Ainda segundo Agnes Lam, os docentes da UM pouco mais sabem do que aquilo que tem sido transmitido ao público. “Não estava no comité que analisou o caso dele (de Bill Chou) e não recebemos informação suficiente sobre o caso. O que tem sido falado, com base num comunicado, é que a conduta profissional não foi respeitada, e que relativamente a Bill Chou é uma questão académica e não política. Foi a única explicação que tivemos da universidade”, disse ao HM.

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hoje macau sexta-feira 22.8.2014

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TIAGO ALCÂNTARA

9 sociedade

ANDREIA SOFIA [email protected]

A não renovação do contrato do pro-fessor Bill Chou não gerou ainda

qualquer movimento de apoio junto dos alunos, ao contrário do que sucedeu com o caso de Eric Sautedé na Universidade de São José (USJ).

Apesar de considerar os casos semelhantes, Rocky Chan, líder do movimento de alunos da USJ que resultou na entrega de várias petições e antigo estudante da instituição, confirmou ao HM que não está a preparar qualquer actividade focada no caso da Universidade de Macau (UM).

Kaman Chan, presidente da União do Estudantes da UM (UEUM) o ano passado, desconhece os planos da actual direcção. “Penso que os estu-dantes possam fazer alguma coisa, ou que a associação dele, a ANM, possa fazer alguma coisa”, considerou, lembrando o caso da estudante que empe-nhou um cartaz na cerimónia de graduação da UM, onde se lia “apoiem os académicos, por favor parem a perseguição”.

“Os estudantes poderão não saber a influência que isso terá sobre eles”, defendeu Rocky Chan ao HM. “Depois do Bill Chou partilhar as informações (dos documentos que tem em sua posse), e quando os estudantes souberem mais detalhes do caso, penso que deveriam fazer algu-ma actividade para mostrar as suas opiniões sobre o caso. Não devem manter-se em silêncio”, defendeu o antigo aluno da USJ.

Para o também membro da ANM, “há duas maneiras de fazer isso: podem organizar-se e apresentar as suas opiniões junto da reitoria da universida-de, ou através da internet, com um slogan, e mostrar as suas preocupações sobre o caso”.

O inquérito à comunidade LGBT de Macau “continua a decorrer”. Quem o confirma

é o Anthony Lam, presidente da As-sociação Arco-Íris, impulsionadora da acção.

“Decidimos estender o prazo para dar oportunidade a que mais pessoas participem sem sentir qualquer pres-são”, explica o presidente que admite que “o tempo que estava estipulado era muito pouco”. Para Anthony Lam o assunto é muito delicado. Por isso mesmo é que a associação decidiu dar “o tempo que cada um precisa” para responder ao inquérito.

A decorrer de forma online, o ques-tionário pretende saber mais sobre a comunidade LGBT e as dificuldades sentidas no território. Na segunda edi-ção, o inquérito conta com a participa-ção de vários académicos “de algumas instituições de ensino de Hong Kong” que para além de terem auxiliado na elaboração das perguntas, vão analisar e apresentar os resultados.

“Para já ainda não sabemos quando vamos terminar com o inquérito”, disse Anthony que considera que “não é a

melhor altura por estar tanta coisa a acontecer em Macau”. O presidente da associação referia-se à campanha política de Chui Sai On e ao ‘referendo civil’ levado a cabo por três associa-ções pró-democratas que segundo Jason Chao, presidente de uma delas, acontecerá já no próximo domingo.

Posteriormente, a associação Arco--Íris pretende mostrar novamente os resultados ao Governo, à semelhança do que fez o ano passado.

“Os resultados do ano passado foram alarmantes, porque 20% dos nossos entrevistados disseram que já pensaram em cometer suicídio. Este ano vamos promover uma conferência de imprensa ou um seminário para que a sociedade conheça mais alguns dados sobre a segunda fase do inquérito”, disse Anthony Lam.

A Associação Arco-Íris de Macau celebrou o primeiro aniversário em De-zembro do ano passado, e já se envolveu em questões públicas como o direito ao casamento homossexual. A definição de casais do mesmo sexo na nova lei da violência doméstica foi outro dos pedidos feitos pela associação. - HM

Chan Meng Kam quer saber mais sobre táxis amarelos

O deputado Chan Meng Kam questionou o Go-verno sobre o serviço dos táxis amarelos. Num

interpelação escrita, referiu que, actualmente, cerca de 60% destes táxis apenas atendem clientes através de pedidos por telefone, não lhes sendo permitido recolher passageiros na rua. No documento, Chan Meng Kam disse ainda que o intuito da revisão da lei relativa a este tipo de transporte é facilitar o ser-viço aos cidadãos. “Na prática, surgiu uma situação em que os residentes não conseguem chamar um táxi [preto] e os táxis amarelos acabam por não ter clientela suficiente”, lê-se na interpelação.

Faltam ainda três meses para que os restantes 40% de táxis amarelos sejam obrigados a seguir o regime de reserva por chamada telefónica e é por isso mesmo que o deputado refere que a actual situação não facilita que este resultado seja atingido. Além de querer saber mais dados sobre a operação geral dos táxis amarelos no território, Chan Meng Kam questionou o Executivo sobre como deverá funcionar o concurso público sobre a licença especial dos táxis.

CASO PASSA DESPERCEBIDO JUNTO DOS ALUNOS

O estranho silêncio dos estudantes da UM

“Ele foi um bom professor e tanto eu como os meus colegas gostámos muito das aulas dele. Não sei o que aconteceu entre ele e a universidade e não sei porque é que não lhe renovaram o contrato”KAMAN CHAN Estudante de Direito e ex-aluna de Bill Chou

LGBT ALARGADO PERÍODO PARA INQUÉRITO

Até ser tempo de falarO HM contactou o actual

presidente da UEUM para obter mais esclarecimentos sobre o caso, mas o mesmo revelou es-tar ocupado com a recepção dos novos alunos. Na página oficial da UEUM no Facebook não existem quaisquer indicações de actividades sobre o caso.

Rocky Chan, que liderou a entrega de várias petições para impedir a saída de Eric Sautedé da USJ, considera que a situação na UM representa mais um caso de violação da liberdade académica. “Sei que não há motivos razoáveis para despedir Bill Chou, e não há protecção aos docentes. Estes têm o direito de expressar as suas opiniões, não apenas em termos de investigação mas também para partilhar o seu conhecimento com a sociedade. Estou desapontado sobre essa decisão que não é justificável”, disse ao HM.

UM CASO QUE PASSA DESPERCEBIDONos poucos contactos que o HM conseguiu estabelecer com

alunos de Bill Chou, os alunos revelaram estar ocupados e não querer prestar declarações, op-tando por fornecer contactos de colegas para falar do assunto. Kaman Chan, actualmente a estudar no mestrado de Direi-to, chegou a ser aluna de Bill Chou durante a licenciatura em Administração Pública.

“Ele foi um bom professor e tanto eu como os meus colegas gostámos muito das aulas dele. Não sei o que aconteceu entre ele e a universidade e não sei porque é que não lhe renovaram o contrato. Só sei que ele é um bom professor e sempre esteve disponível para falar connosco”, disse a aluna ao HM.

Se Katrina considera que Macau tem um bom ambiente académico para o debate de ideias políticas, Kaman Chan afirma ter conhecimento de que “alguns alunos possam querer lutar” por uma maior liberdade académica. Ao HM, Bill Chou diz que tem recebido várias mensagens de apoio da parte dos alunos na sua página do Facebook.

Ao contrário do que aconteceu com Eric Sautedé, na USJ, a polémica em torno do caso de Bill Chou ainda não desencadeou acções concretas de apoio ao académico. Para Rocky Chan, líder do movimento de alunos da USJ, é preciso esperar por mais detalhes para passar à acção

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WWW. IACM.GOV.MO

10 publicidade hoje macau sexta-feira 22.8.2014

Considerando que não se revela possível notificar os interessados, pessoalmente, por ofício, telefone, ou outra forma, para o efeito do regime procedimental nos respectivos processos administrativos sancionatórios, nos termos do artigo 14º do Decreto-Lei nº 52/99/M, de 4 de Outubro, do artigo 68º e do nº 1 do artigo 72º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei nº 57/99/M, de 11 de Outubro, o signatário notifica, pela presente, nos termos do nº 2 do artigo 72º do Código do Procedimento Administrativo e no uso das competências conferidas pelo Conselho de Administração do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais e constantes da Proposta de Deliberação nº 01/PDCA/2014, de 9 de Maio, publicada na Série II do Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau nº 20, de 15 de Maio de 2014 e pelo Despacho do Chefe do Executivo nº 83/2014, publicado na Série II do Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau nº 19, de 7 de Maio de 2014, os infractores, constantes das tabelas desta notificação, do conteúdo das respectivas decisões sancionatórias:

Nos termos do nº 4 do artigo 36º, nº 1 do artigo 37º, artigo 38º, artigo 39º e nos 1 e 2 do artigo 55º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos, aprovado pelo Regulamento Administrativo nº 28/2004 e em conjugação com o no 2 do artigo 5º do Código do Procedimento Administrativo, o Presidente do Conselho de Administração, ou seus substitutos, exararam despachos nas respectivas informações, tendo em consideração as infracções administrativas comprovadas e a existência de culpa confirmada. Assim:

1. Foram aplicadas aos infractores, constantes da Tabela I, as multas previstas no nº 1 do artigo 45º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e no artigo 1º do Catálogo das Infracções, no valor de MOP300,00 (cada infracção):

1) Primeira prestação: No valor de MOP150,00 – No prazo de 10 (dez) dias contado a partir da publicação e afixação da presente notificação.

2) Segunda prestação: No valor de MOP150,00 – No prazo de 60 (sessenta) dias contado a partir da publicação e afixação da presente notificação.

O facto ilícito exarado na acusação, provado testemunhalmente, constitui infracção administrativa ao disposto na alínea 2) do nº 4 do artigo 7º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e previstos no nº 3 do artigo 1º do Catálogo das Infracções, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo nº 106/2005, porquanto resulta da prática do acto de “pesca em locais não autorizados”, tendo sido o infractor notificado do conteúdo da acusação. (cfr.: Tabela I)

2. Foram aplicadas aos infractores, constantes das Tabelas II a VI, as multas previstas no nº 2 do artigo 45º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e no artigo 2º do Catálogo das Infracções, no valor de MOP600,00 (cada infracção):

1) Primeira prestação: No valor de MOP300,00 – No prazo de 10 (dez) dias contado a partir da publicação e afixação da presente notificação.

2) Segunda prestação: No valor de MOP300,00 – No prazo de 60 (sessenta) dias contado a partir da publicação e afixação da presente notificação.

Os factos ilícitos exarados nas acusações, provados testemunhalmente, constituem infracções administrativas ao disposto no nº 1 do artigo 13º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e previstos no nº 7 do artigo 2º do Catálogo das Infracções, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo nº 106/2005, porquanto resultam da prática de actos de “nos espaços públicos, abandonar resíduos sólidos fora dos locais e recipientes especificamente destinados à sua deposição”, tendo sido os infractores notificados do conteúdo das acusações. (cfr.: Tabela II)

Os factos ilícitos exarados nas acusações, provados testemunhalmente, constituem infracções administrativas ao disposto no nº 1 do artigo 4º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e previstos no nº 23 do artigo 2º do Catálogo das Infracções, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo nº 106/2005, porquanto resultam da prática de actos de “colocar ou abandonar no espaço público quaisquer materiais ou objectos”, tendo sido os infractores notificados do conteúdo das acusações. (cfr.: Tabela III)

O facto ilícito exarado na acusação, provado testemunhalmente, constitui infracção administrativa ao disposto na alínea 3) do nº 1 do artigo 9º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e previstos no nº 30 do artigo 2º do Catálogo das Infracções, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo nº 106/2005, porquanto resultam da prática de actos de “Permitir a circulação de animal nos espaços públicos sem que ele esteja preso em gaiola, jaula, por trela ou aparelho similar ou sem que ele use os aparelhos de identificação e de segurança estabelecidos na licença”, tendo sido os infractores notificados do conteúdo da acusação. (cfr.: Tabela IV)

O facto ilícito exarado na acusação, provado testemunhalmente, constitui infracção administrativa ao disposto na alínea 1) do nº 2 do artigo 2º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e previstos no nº 28 do artigo 2º do Catálogo das Infracções, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo nº 106/2005, porquanto resulta da prática do acto de “Gravar inscrições, desenhar ou pintar nas superfícies das instalações ou dos equipamentos públicos”, tendo sido o infractor notificado do conteúdo da acusação. (cfr.: Tabela V)

Os factos ilícitos exarados nas acusações, provados testemunhalmente, constituem infracções administrativas ao disposto na alínea 1) do nº 1 do Artigo 2º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos e previsto no nº 18 do Artigo 2º do Catálogo das Infracções, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo nº 106/2005, porquanto resultam da prática de actos de “Remover, remexer ou escolher resíduos contidos nos equipamentos de deposição”, tendo sido os infractores notificados do conteúdo das acusações. (cfr.: Tabela VI).

3. Além disso, os infractores podem ainda apresentar reclamação contra os actos sancionatórios ao autor do acto, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da data da publicação da notificação, nos termos dos artigos 145º, 148º e 149º do Código do Procedimento Administrativo, sem prejuízo da aplicação do disposto no artigo 123º do referido código.

Para efeitos do disposto no nº 2 do artigo 150º do mesmo diploma, a reclamação não tem efeito suspensivo sobre o acto.

4. Quanto aos actos sancionatórios, os infractores podem apresentar recurso contencioso no prazo estipulado nos artigos 25º e 26º do Código de Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei nº 110/99/M, de 13 de Dezembro, para o Tribunal Administrativo da Região Administrativa Especial de Macau.

5. Sem prejuízo da aplicação do disposto no artigo 75º do Código do Procedimento Administrativo, para efeitos do disposto nº 2 do artigo 55º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos, os infractores deverão efectuar a liquidação das multas aplicadas, dentro do prazo de pagamento das prestações, no Gabinete Jurídico e Notariado do IACM (Núcleo Operativo do IACM para a Execução do Regulamento Geral dos Espaços Públicos), sito na Avenida da Praia Grande, nos 762-804, Edf. China Plaza, 5º andar, Macau.

6. Nos termos do disposto no nº 3 do artigo 55º do Regulamento Geral dos Espaços Públicos, a falta de pagamento de uma prestação implica o vencimento de todas as outras, caso em que, se o pagamento do valor global em dívida não for feito nos 30 (trinta) dias subsequentes à data do vencimento da primeira prestação em falta, o IACM submeterá o processo à Repartição das Execuções Fiscais da Direcção dos Serviços de Finanças para cobrança coerciva, nos termos do artigo 17º do Decreto-Lei nº 52/99/M e do artigo 29º do Decreto-Lei nº 30/99/M.

7. Não é de atender a esta notificação, caso os infractores constantes das tabelas anexas tenham já saldado, aquando da presente publicação, as respectivas multas, resultantes da acusação. Para informações mais pormenorizadas, os interessados poderão ligar para o telefone nº 8295 6868 ou dirigir-se pessoalmente ao referido Núcleo Operativo deste Instituto.

Aos 11 de 08 de 2014

O Presidente do Conselho de AdministraçãoVong Iao Lek

Tabela I

Nome SexoNº do Bilhete de Identidade de Residente de Macau

Nº da acusação Data da infracçãoData em que foram exarados os despachos de aplicação das multas

鄭家豪CHEANG KA HOU

M 5146***(*) A028281/2013 2013-11-20 2014-01-09

Tabela II

陳偉健CHAN WAI KIN

M 1241***(*) A057446/2013 2013-09-27 2013-11-15

陳超泉CHAN CHIO CHUN

M 1286***(*) A058012/2013 2013-09-21 2013-11-15

鄭志輝CHEANG CHI FAI

M 7416***(*) A053580/2013 2013-09-10 2014-01-09

陳聯合CHAN LUN HAP

M 1299***(*) A052728/2013 2013-08-03 2014-01-27

楊國銘IEONG KUOK MENG

M 1218***(*) A059170/2014 2014-01-16 2014-03-19

吳佳俊NG KAI CHON

M 7439***(*) 2-000043PH/2014 2014-01-15 2014-02-28

李志成LEI CHI SENG

M 5164***(*) A060625/2014 2014-01-11 2014-03-04

高樹德KOU SU TAK

M 7266***(*) A060369/2014 2014-01-09 2014-03-19

雷路德LOI LOU TAK

M 1306***(*) A060292/2013 2013-12-26 2014-03-04

陳麗沁CHAN LAI SAM

F 5147***(*) A060804/2013 2013-12-20 2014-02-28

鄭兆鏵CHIANG SIO WA

M 5160***(*) A060321/2013 2013-12-14 2014-03-19

李嘉宏LEI KA WANG

M 5150***(*) A060139/2013 2013-12-08 2014-01-27

梁耀文LEONG IO MAN

M 5171***(*) A058542/2013 2013-12-05 2014-03-19

符永星FU WENG SENG

M 7387***(*) A050600/2013 2013-11-30 2014-03-19

林健雄LAM KIN HONG

M 5104***(*) 2-000303PE/2013 2013-11-29 2014-01-27

李穎淇LEI WENG KEI

F 1277***(*) A060188/2013 2013-11-27 2014-01-27

陳迪匡CHAN TEK HONG

M 5097***(*) A058133/2013 2013-11-16 2014-03-19

郭進傑KUOK CHON KIT

M 7439***(*) A060014/2013 2013-11-15 2014-01-09

符永星FU WENG SENG

M 7387***(*) A052246/2013 2013-11-12 2014-03-19

梁穎妮LEONG WENG NEI

F 1249***(*) A057990/2013 2013-11-09 2014-03-19

何慶龍HO HENG LONG

M 1319***(*) 2-000146PI/2013 2013-11-05 2014-03-19

藍雁能LAM NGAN NANG

F 7397***(*) A060067/2013 2013-10-24 2013-12-05

李耀褔LEI IO FOK

M 5173***(*) A057125/2013 2013-10-07 2013-12-05

梁泓傑LEONG WANG KIT

M 5191***(*) A057818/2013 2013-10-03 2013-12-05

候燕珊HAO IN SAN

F 1294***(*) A054707/2013 2013-09-21 2013-12-05

蘇鎮雄SOU CHAN HONG

M 1386***(*) A058016/2013 2013-09-21 2013-12-05

何少興HO SIO HENG

F 1285***(*) A055125/2013 2013-09-18 2013-11-15

陳肇駿CHAN SIO CHON

M 5092***(*) A053792/2013 2013-09-14 2013-11-15

孫雪民SUN SUT MAN

M 1229***(*) A057582/2013 2013-09-14 2013-12-05

陳小宏CHAN SIO WANG

M 7441***(*) A057539/2013 2013-09-11 2013-11-15

李嘉豪LEI KA HOU

M 1251**(*) A057418/2013 2013-09-10 2013-12-05

張佩斌CHEONG PUI PAN

M 5093***(*) A052788/2013 2013-09-10 2013-11-15

吳北根NG PAK KAN

M 7420***(*) A057606/2013 2013-09-05 2014-01-09

馮樹林FONG SU LAM

M 7428***(*) 2-000079PF/2013 2013-08-30 2014-01-09

黃浩WONG HOU

M 1317***(*) A050648/2013 2013-08-12 2013-09-23

駱達忠LOK TAT CHONG

M 7419***(*) A054611/2013 2013-08-03 2013-11-21

劉利倫LAO LEI LON

M 5172***(*) A054488/2013 2013-07-19 2013-11-21

盧家麟 M 7437***(*) A053894/2013 2013-07-16 2013-09-23梁橋帶LEONG KIO TAI

M 5113***(*) 2-000035PB/2013 2013-07-16 2013-12-05

戴國嚴TAI LUCAS COK YIM

M 5194***(*) 2-000028PF/2013 2013-07-13 2013-11-21

鄧潤發TANG ION FAT

M 1345***(*) A054385/2013 2013-07-13 2013-11-21

陳家樂CHAN KA LOK

M 1372***(*) A053966/2013 2013-07-08 2013-11-26

趙晶晶CHIO CHENG CHENG

F 1357***(*) A053889/2013 2013-07-07 2013-11-21

Notificação no 00011/NOEP/GJN/2014

Page 11: Hoje Macau 22 AGO 2014 #3159

WWW. IACM.GOV.MO

11 sociedadehoje macau sexta-feira 22.8.2014

陳添發CHAN TIM FAT

M 5087***(*) A054407/2013 2013-07-05 2013-12-05

Tabela III

陳雪玲CHAN SUT LENG

F 7277***(*) A057036/2013 2013-09-14 2013-12-05

陳雪玲CHAN SUT LENG

F 7277***(*) A053564/2013 2013-08-25 2013-12-05

陳雪玲CHAN SUT LENG

F 7277***(*) A061729/2014 2014-01-29 2014-02-28

陳雪玲CHAN SUT LENG

F 7277***(*) A058588/2013 2013-12-19 2014-02-28

陳雪玲CHAN SUT LENG

F 7277***(*) 2-000207PI/2013 2013-12-09 2014-01-27

陳雪玲CHAN SUT LENG

F 7277***(*) A059057/2013 2013-10-12 2013-12-05

陳雪玲 F 7277***(*) A050787/2013 2013-09-26 2013-12-05陳雪玲 F 7277***(*) A053557/2013 2013-09-11 2013-12-05陳雪玲CHAN SUT LENG

F 7277***(*) 2-000030PI/2013 2013-09-04 2013-12-05

陳雪玲CHAN SUT LENG

F 7277***(*) A054165/2013 2013-08-13 2013-12-05

陳雪玲CHAN SUT LENG

F 7277***(*) 2-000042PF/2013 2013-07-25 2013-12-05

陳雪玲CHAN SUT LENG

F 7277***(*) A053346/2013 2013-07-25 2013-12-05

梁錦華LEONG KAM WA

M 7394***(*) A054447/2013 2013-07-24 2013-11-21

梁錦華LEONG KAM WA

M 7394***(*) A050159/2013 2013-07-22 2013-11-26

陳雪玲CHAN SUT LENG

F 7277***(*) A054070/2013 2013-07-20 2013-12-05

陳雪玲CHAN SUT LENG

F 7277***(*) A050491/2013 2013-07-16 2013-12-05

陳雪玲CHAN SUT LENG

F 7277***(*) A053308/2013 2013-07-12 2013-12-05

陳雪玲CHAN SUT LENG

F 7277***(*) A054069/2013 2013-07-10 2013-12-05

Tabela IV

林沛強LAM PUI KEONG

M 5124***(*) A058563/2014 2014-01-16 2014-03-19

Tabela V

潘添墉PUN TIM IONG

M 5012***(*) A024747/2013 2013-11-16 2014-01-09

Tabela VI

陳雪玲CHAN SUT LENG

F 7277***(*) A058127/2013 2013-10-26 2013-12-05

陳雪玲CHAN SUT LENG

F 7277***(*) A056983/2013 2013-09-17 2013-12-05

陳雪玲CHAN SUT LENG

F 7277***(*) A054294/2013 2013-08-07 2013-12-05

鄭志成CHIANG CHI SENG

M 5163***(*) A052508/2013 2013-08-03 2013-12-05

CECÍLIA L [email protected]

D UAS associações contra a cons-trução do metro ligeiro na Areia

Preta publicaram ontem um comunicado onde explicam as principais razões dos resi-dentes para a não construção do metro naquela zona. Entre elas estão a poluição sonora e do ar e o autismo.

“Sam, um morador da Areia Preta que viajou até ao Japão, disse que o ruído do metro ligeiro deste país influenciava o descanso e a saúde dos residentes nipó-

Design Orçamento previsto pelo Wynn duplicou A operadora de jogo Wynn Macau prevê que os custos relativamente a projecto de design dupliquem, atingindo um total de 156 milhões de dólares de Hong Kong. Segundo o que noticiou ontem o jornal Business Daily, esta previsão diz respeito aos projectos de renovação no Wynn Macau e últimos detalhes para a inauguração do Wynn Palace, no Cotai. É de recordar que o orçamento apresentado, em 2011, era menos de metade do que aquele avançado pela empresa.

AMCM Balança de Pagamento apresenta défice

“O relatório dos EUA mostraque a poluição do ar, as partículas em suspensão e os metais pesados podem resultar em autismo”CHAN SIU MAN Directora da Associação de Autismo de Macau

Os moradores da Areia Preta estão preocupados com a construção do metro ligeiro naquela zona e as principais razões prendem-se com a poluição sonora e do ar. Há mesmo quem tenha mencionado o autismo como consequência

METRO LIGEIRO MORADORES JUSTIFICAM OPOSIÇÃO À CONSTRUÇÃO

“Não queremos poluição nem autismo”

nicos. Contudo, o Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes sempre tentou encobrir a verdade. Os dados disponibilizados pe-los Serviços de Protecção Ambiental sobre o nível de ruído – em decibéis – nunca corresponderam àqueles apresentados nas diferentes conferências de consulta pú-blica”, lê-se no documento.

O comunicado com-preende ainda as palavras da directora da Associação de Autismo de Macau, Chan Siu Man, que refere um estudo realizado nos Estados Unidos. Segundo a directora da Associação de

Autismo de Macau, Chan Siu Man, “o relatório dos EUA mostra que a polui-ção do ar, as partículas em suspensão e os metais pesados podem resultar em autismo”.

Para os dois grupos do Facebook – Contra Linha do Metro Ligeiro por Cima da Avenida 1º de Maio e Grupo de Atenção às Linhas de Metro Ligeiro de Macau – as mulheres grávidas são as pessoas mais susceptíveis aos problemas causados por este transporte. “A popula-ção da Avenida 1º de Maio é de 190 mil pessoas e o seu volume faz com que a

probabilidade de ter autismo seja maior, principalmente para as grávidas”, refere o documento.

AUTISMO CONTAGIOSOO comunicado dos dois grupos menciona ainda que, caso sejam construídos mais edifícios altos de luxo, o ar ficará cada vez mais poluído, resultando em crescentes diagnósticos de autismo. Contudo, o documento não fica por aqui: os moradores sugerem que o traçado do metro passe por cima do mar, ao invés de se manter a ideia inicial.

Para além disto, os mo-radores consideram ainda que a edificação do metro ligeiro irá obrigar à redução do tamanho do jardim com zona verde, ficando este por baixo do próprio meio de transporte. “Isso não é o que queremos”, explicam os moradores, que acusam

o Executivo de ignorar as suas opiniões, minando a saúde dos cidadãos e dos seus filhos e netos, que vão sofrer com as obras de construção. Para reafirmar a ideia acima referida, os moradores vão organizar uma manifestação, por volta das 14.30 horas.

NO ano passado a Balança de Pagamen-tos de Macau apresentou um défice

global de mais de quatro mil milhões de patacas. Segundo justifica a Autoridade Monetária de Macau (AMCM), o défice global deve-se ao “contínuo aumento dos investimentos dos activos financeiros externos dos residentes de Macau e do Governo”, claro, considerando, segundo a AMCM, o “enorme superávit registado na conta corrente” que se fixou em 2013, nos 165 mil e 900 milhões de patacas.

O superávit, tal como explica a AMCM, sentido no comércio de serviços “compensou

o défice verificado na balança comercial, as-sim como as saídas líquidas de rendimentos primários e secundários”.

Relativamente aos activos das reservas constantes na conta financeira, a AMCM explica que os esses mostram “essencialmen-te”, o movimento das reservas cambiais do território detidas pela autoridade monetária. Em 2013 os activos das reservas diminuíram até aos quatro mil e 600 milhões de pata-cas, queda que surgiu, conforme justifica a AMCM, “após deduzida a influência de factores como as variações de preços e a taxa cambial”. - H.M.

Page 12: Hoje Macau 22 AGO 2014 #3159

12 hoje macau sexta-feira 22.8.2014PUBLIREPORTAGEM

Programa de Sands China Care Ambassadors entra no quinto anoGRANDE VARIEDADE DE ACTIVIDADES COMUNITÁRIAS NO QUINTO ANIVERSÁRIO DO PROGRAMAFundado em Agosto de 2009, o Programa de Sands China Care Ambassadors conta actualmente com 500 membros provenientes das propriedades da Sands China em Macau. Os voluntários do programa

passaram um total de mais de 4.800 horas em 68 actividades em serviço da comunidade de Macau, beneficiando até à data mais de 5.000 pessoas de 41 organizações diferentes.

Na altura em que o Programa de Sands China Care Ambassadors marca o seu quinto aniver-sário, vamos analisar alguns dos pontos altos da iniciativa.

A SANDS China Ltd. continuou a apoiar o Bazar de Caridade da Caritas de Macau pelo terceiro ano consecutivo, ajudando a angariar fundos para a organização de caridade sem fins lucrativos no Clube Náutico

dos Lagos Nam Van em Novembro de 2013, através da criação e operação de stands com jogos para que o público participasse no bazar anual. Para além disso, a companhia fez uma doação de 200 mil patacas à Caritas de Macau para ajudar a suportar as suas despesas de exploração. Desde 2004, a Sands China contribuiu 2.75 milhões de patacas à Caritas de Macau através de jantares de caridade e bazares para apoiar a implementação e desenvolvimento de serviços sociais na comunidade local.

EM JANEIRO, mesmo antes do Ano Novo Chinês, 75 voluntários da Sands China passaram a manhã a visitar as casas de alguns dos idosos de Macau que vivem sozinhos e que são utentes do “Peng

On Tung Tele-Assistance Programme”, de forma a ajudar com a tradição anual de limpezas da Primavera – uma actividade anual do Programa de Sands China Care Ambassadors desde 2010. Acompanhados de Edward Tracy, o presidente e director executivo da Sands China Ltd., os embaixadores também passaram tempo a conversar e a distribuir pren-das pelos idosos. Em colaboração com o “Peng On Tung Tele-Assistance Programme”, operado pela “União Geral das Associações de Moradores de Macau”, a Sands China tem estado a ajudar desde 2010 idosos que vivem sozinhos a subscrever o serviço através de um subsídio mensal, tendo até ao presente contribuído 636 mil patacas para o programa, o que beneficiou mais de 600 indivíduos.

O PROGRAMA de Sands China Care Ambassadors oferece uma varieda-de de experiências enriquecedoras destinadas a dar aos voluntários a oportunidade de perceber mais sobre serviços de caridade em

Macau e para os ajudar a compreender as dificuldades enfrentadas por pessoas com deficiências. Além de terem visitado o hospital voador da ORBIS em 2010 e frequentado uma workshop de linguagem gestual em 2011, os Sands China Care Ambassadors participaram em Março deste ano no programa “Experience the World of Silence”, da Associação de Surdos de Macau. Aqui os voluntários tiveram a oportunidade de aprender sobre o dia-a-dia - num mundo sem som - das pessoas com deficiências auditivas ou surdez, a estrutura do tímpano e as bases da linguagem gestual. Além disso, tomaram parte numa viagem de descoberta que lhes mostrou a experiência de viver num mundo silencioso.

DESDE 2009, os Sands China Care Ambas-sadors têm organizado visitas às suas propriedades para crianças locais durante o

Verão. A ideia é proporcionar diversão e animação, criar uma interacção alegre entre as crianças e os seus pais e ajudar a fomentar um ambiente familiar

íntimo e saudável. Além de organizar nos últimos anos visitas às esculturas em gelo do “Ice World”, ao “Carnevale” italiano do Venetian e à exposição “Dinosaurs Live at The Venetian”, no dia 30 de Junho os Sands China Care Ambassadors acompanharam 60 crianças e seus pais da Macau Down Syndrome

Association, numa visita ao fantástico mundo dos Transformers na “Transformers 30th Anniversary Expo”. A Sands China considera este tipo de eventos comunitários como uma oportunidade de aproximar a comunidade local e oferecer momentos de alegria e intimidade a famílias desfavorecidas.

OS SANDS China Care Ambassadors têm participado desde 2009 no evento anual “”One Day Volunteer”, organizado pela “Associação de Juventude Voluntária de Macau” desde 2009 – tendo este

sido o primeiro evento comunitário do Programa de Sands China Care Ambassadors. Aqui acompanharam idosos, portadores de deficiências físicas e mentais e indivíduos com deficiências auditivas em actividades como visitas ao “Ice World”, à exposição “Dinosaurs Live at The Vene-tian”, passeios por Coloane e pela Taipa, aulas de linguagem gestual e de desenho e um concurso de canto. Em Agosto, os Embaixadores da Caridade da Sands China participaram em duas actividades do “One Day Volunteer 2014”, tendo passado um dia agradável com famílias desfavorecidas e outro dia com idosos do Lar de Cuidados “Sol Nascen-te” da Caritas de Macau. Os membros da equipa da Sands China têm mostrado o seu apoio contínuo a serviços voluntários através da sua participação no Sands China Care Ambassadors, ajudando a demonstrar o compromisso da Sands China em fomentar harmonia, respeito pela diferença e integração das pessoas na comunidade local.

Page 13: Hoje Macau 22 AGO 2014 #3159

hoje macau sexta-feira 22.8.2014 13EVENTOS

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

BASTA! • Camilo LourençoDepois de três bancarrotas em 34 anos, caso único na Europa, será que ainda não aprendemos a lição? “Há cerca de 20 anos li um artigo do The Wall Street Journal sobre o que os ex-países de Leste poderiam aprender com a experiência portuguesa (de abertura da economia). Longe estava eu de pensar que os anos seguintes ficariam marcados pelos piores disparates de política económica em Portugal. Disparates que nos estão a custar o futuro”, escreve o autor. Um livro esclarecedor, que ajuda a compreender o estado em que o país se encontra e, mais importante, aponta caminhos para evitar erros do passado e recuperar a prosperidade.

O TCHEKISTA • Vladimír Zazúbrin“O Tchekista” é um dos primeiros testemunhos literários sobre a natureza do poder soviético e um relato atroz de uma máquina de terror oleada pelo sangue humano. No rescaldo da guerra civil, Srúbov, um agente da Tcheka, cumpre o seu ofício de carrasco na Sibéria. Em nome da revolução, participa nos atrozes procedimentos quotidianos, em cruéis interrogatórios e em execuções sumárias. Porém, a sua consciência impede-o de desempenhar o seu ofício e o matadouro sangrento em que se move assola-o eternamente.

A 30ª Exposição Colectiva dos Ar-tistas de Macau tem inauguração

marcada para hoje, pelas 18:30, na Galeria de Exposi-ções Temporárias do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM). Esta ex-posição compreende a mostra de quase 300 obras de pintura ocidental e oriental, incluindo caligrafia tradicional chinesa. A grande maioria é da autoria de artistas locais, incluindo novos talentos e outros já conhecidos do público. A exposição deste ano tem a particularidade de terem sido atribuídos prémios a 63 obras, que foram previamente ava-liadas por um colectivo de jú-ris. O grupo é constituído por personalidades conhecidas do universo artístico, incluindo da Academia de Arte e Design da Universidade de Tsinghua, da Academia de Belas Artes

A primeira obra de Siza Vieira na China - um edifício de escritó-

rios, desenhado em parceria com o arquitecto Carlos Castanheira - vai ser inau-gurada no dia 30 de Agosto na província de Jiangsu, no leste do país.

Trata-se de um edifício com cerca de 10.000 metros quadrados, encomendado por uma empresa de Tai-wan instalada em Huaian, a Shihlien Chemical Industrial Jiangsu Co., e foi construí-do num lago artificial que funciona como reservatório daquela unidade industrial, referiu ontem à Lusa o ar-quitecto Carlos Castanheira.

A inauguração contará com a presença dos dois arquitectos portugueses, que se encontram há já alguns dias na China para tratar de outros projectos, adiantou Carlos Castanheira.

“Estamos na Ásia há cer-ca de dez anos. Primeiro no

Japão, depois na Coreia do Sul e agora na China”, disse aquele arquitecto acerca da sua parceria com Siza Vieira.

Antes de se deslocarem a Huaian, os dois arquitectos irão a Taiwan, para inaugu-rarem um edifício de apoio a um ‘court’ de ténis, e a seguir viajarão até Macau, onde es-tão a projectar a recuperação de um histórico hotel.

“Xi Zha” (Siza, em chi-nês), galardoado em 1992 com o Pritzker Prize, o Nobel da Arquitectura, é um nome muito admirado entre os arquitectos chineses, no-meadamente por Wang Shu, o primeiro chinês distinguido com aquele prémio, há três anos. - Lusa

O realizador francês Luc Besson consi-derou na terça-feira

Taipé uma das cidades mais fotogénicas do mundo, na conferência de imprensa de promoção do filme “Lucy”, que estreou quarta-feira em Taiwan.

No ano passado, Besson esteve em Taiwan para dirigir o filme de ficção científica “Lucy”, a maior produção cinematográfica na ilha desde que o realizador Ang Lee, nascido em Taiwan, rodou parte de “Life of Pi” (“A Vida de Pi”) em 2011, distinguido com quatro óscares.

Concerto Mini Jazz e Moon Wongna Fundação Rui CunhaA guitarrista de jazz de Hong Kong, Moon Wong, vai actuar às 17 horas de amanhã, na galeria da Fundação Rui Cunha. A artista vai juntar-se à banda Mini Jazz, composta por alunos da Associação de Promoção de Jazz de Macau, uma das entidades promotoras do evento, juntamente com a Sound&Good, de Hong Kong. A iniciativa integra-se no segundo acto de intercâmbio de Jazz 2014 e pretende associar artistas das duas regiões.

IACM 30ª EXPOSIÇÃO DE ARTISTAS DE MACAU

Toda a pinturaAs cerca de trezentas obras de novos e veteranos talentos, na sua maioria locais, podem ser vistas a partir de amanhã na Galeria do IACM onde ficarão até 5 de Outubro

SIZA VIEIRA PRIMEIRA OBRA NA CHINA

Viagem à ÁsiaLUC BESSON AFIRMA QUE TAIPÉ É UMA DAS CIDADES MAIS FOTOGÉNICAS DO MUNDO

A formosa felicidade“Penso que grande parte

do charme [da cidade] se deve às pessoas, que sorriem sempre, são muito felizes. A criminalidade é praticamen-te zero no país, um conceito que não compreendemos na Europa. Penso que as pessoas dão sabor à cida-de”, disse o realizador, que também escreveu o guião.

“Algumas cidades são muito fotogénicas e outras não. Paris é muito fotogénica e Taipé também”, sublinhou Besson, que passou 11 dias, a filmar em Taipé, em Outubro do ano passado.

Para Taiwan, que apenas

é reconhecido por 22 países, o filme “Lucy” permite uma visibilidade internacional sem precedentes, e no filme é possível ver a bandeira da

ilha, que a República Popu-lar da China não autoriza que seja vista fora do país.

“Lucy”, protagoniza-do pela norte-americana Scarlett Johansson, conta a história de uma estudante a viver em Taipé que, ao entrar em contacto com uma droga, desenvolve a capacidade de usar o seu cérebro a 100%.

Besson realizou “O 5.º Elemento” (1997), “Léon, o Profissional” (1994) e “Ver-tigem Azul” (1988). - Lusa

da China Central, da Univer-sidade Nacional Normal de Taiwan e da Escola de Artes do Instituto Politécnico de Macau. O painel compreende ainda membros do IACM.

Embora apenas 63 das 286 obras tenham sido pre-miadas, a exposição vai compreender os trabalhos de pintura chinesa de 19 autores locais, 22 de pintura ocidental

e 12 especializados em cali-grafia tradicional chinesa. Em comunicado, o presidente do Comité de Administração do IACM, Alex Vong Iao Lek, explica que a exposição deve-rá ser um espaço onde “novos artistas e figuras veteranas da cena artística local se juntam e apresentam ao público ex-celentes obras sobre temas diversos”. - L.S.M.

Page 14: Hoje Macau 22 AGO 2014 #3159

14 CHINA hoje macau sexta-feira 22.8.2014

Falsificadores detidosTrês homens foram presos em Xangai por produzirem e venderem documentos falsos na cidade, revelou o website “Eastday.com”. O grupo foi descoberto após a polícia ter preso um homem na semana passada durante uma rusga num salão de cabeleireiro onde eram oferecidos serviços de prostituição. O indivíduo, que foi acusado de proxenetismo, mostrou à polícia um passe de imprensa e afirmou ser um jornalista envolvido numa investigação à paisana. Porém, quando a polícia tentou contactar o meio de comunicação social para o qual este era suposto trabalhar, descobriu que as suas credenciais eram falsas.

Morte na ruaUma mulher de 45 anos foi condenada esta terça-feira a um ano de prisão em Xangai por homicídio involuntário de um idoso, segundo o website “Thepaper.cn”. O caso ocorreu no dia 19 de Abril, quando o idoso, que conduzia uma mota, se envolveu numa discussão com a mulher, que andava embriagada pela rua. Durante a discussão, o idoso ficou pálido e caiu inconsciente na rua, acabando por morrer, vítima de um ataque cardíaco pouco tempo após ter chegado ao hospital.

U M grupo de 26 deputados da ala democrata de Hong Kong assumiram a posi-ção conjunta de chumbar

qualquer proposta de reforma política que falhe em cumprir os padrões internacionais, noticiou a RTHK esta quarta-feira.

De acordo com a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK), os deputados da As-sembleia Legislativa (LegCo) da antiga colónia britânica sustentam que uma proposta final sobre o tema não deve ser acompanhada de restrições irrazoáveis e deve salvaguardar o direito dos cidadãos de elegerem e serem eleitos.

O deputado Lee Cheuk-yan, um dos signatários da declaração conjunta, afirmou que Hong Kong não pode aceitar a proposta que promete seguir o princípio “uma pessoa, um voto”, mas que submete os candidatos a chefe do Executivo a uma triagem.

Segundo explicou o mesmo responsável à RTHK, um dos objectivos da declaração é passar a mensagem de que os residentes

U M remédio usado no combate ao cancro da mama é o único

de que Hong Kong dispõe perante um eventual surto de Ébola, após ter sido negado o fornecimento de outros que têm vindo a ser testados contra o vírus.

De acordo com a edi-ção de quarta-feira do jor-nal South China Morning Post, o medicamento, que se tem revelado promissor no tratamento do Ébola em ratos, nunca foi testado em seres humanos com este propósito. O abastecimen-to de outros remédios tem sido reservado aos pacien-tes em que foi comprovada a infecção com o vírus.

Um comité científico governamental de Hong Kong reuniu-se na terça--feira para delinear um plano de contingência no caso de o surto de Ébola vir a atingir Hong Kong, tendo recomendado que se recorresse ao uso de um remédio receitado no combate ao cancro da

2.240casos de infecção desde Março

ÉBOLA HONG KONG PREPARA PLANO DE CONTINGÊNCIA

Mais vale prevenir

A luta pelo sufrágio universal na antiga colónia britânica continua na ordem do dia, com os democratas a lançar uma nova cartada

HONG KONG AMEAÇA DE VETO A PROPOSTAS DE REFORMA POLÍTICA

Democratas ao ataquede Hong Kong precisam de lutar por um sufrágio universal efectivo e concreto e que qualquer coisa que não contemple esse propósito será rejeitada pela ala democrata.

O grupo de 26 deputados apelou à Assembleia Nacional Popular para deixar a porta aberta para contínuas discussões sobre as reformas políticas.

Todos os 70 deputados da Leg-Co foram convidados pelas autori-dades chinesas para um encontro na zona económica especial de Shenzhen, adjacente a Hong Kong.

O descontentamento em Hong Kong atingiu este ano o seu nível mais elevado quanto à alegada in-terferência por parte de Pequim nos assuntos do território e à insistência em validar previamente os candida-tos ao cargo de chefe do Executivo.

Pequim prometeu deixar os re-sidentes de Hong Kong escolherem o seu próximo líder em 2017 por voto directo - metodologia que colocaria fim ao sistema actual de eleição do chefe do Executivo as-sente num comité eleitoral de 1.200 pessoas - mas com a condição de que os candidatos sejam aprovados por um comité de nomeação, o que os pró-democratas contestam, ale-gando que assim só os candidatos pró-Pequim terão luz verde.

Receios relativamente à in-fluência de Pequim aumentaram em Junho quando o Governo central publicou o controverso “Livro Branco” sobre o futuro de Hong Kong, interpretado por uma larga franja da população como um aviso à cidade para não exceder os seus limites de autonomia. - Lusa

mama na eventualidade de este cenário se verificar.

Segundo o presidente do comité, o professor Yuen Kwok-yung, o me-dicamento em causa – que

age como antagonista de receptores de estrogénio – mostrou ser seguro para os pacientes com cancro da mama e com problemas de infertilidade. “Causa

efeitos secundários mode-rados, como náuseas, do-res de cabeça e tonturas”, sublinhou o especialista, citado pelo mesmo jornal.

De acordo com as au-

toridades da antiga colónia britânica, a probabilidade de um surto de Ébola em grande escala ocorrer em Hong Kong “é altamente improvável”, embora haja o risco de o vírus chegar à cidade. Não existe tratamen-to nem vacina para o Ébola, o que faz do vírus um dos mais mortais e contagiosos para os seres humanos.

O Ébola tem fustiga-do o continente africano regularmente desde 1976, sendo o actual surto o mais grave desde então, com 1.229 mortos. Desde o iní-cio deste surto, em Março, já foram registados 2.240 casos de infecção, o que levou a Organização Mun-dial de Saúde a decretar, no dia 8 de Agosto, o estado de emergência de saúde pública mundial. - Lusa

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15 chinahoje macau sexta-feira 22.8.2014

A empresa China Railway Cons-truction Corpo-ration (CRCC)

garante que a conclusão da construção da linha férrea de Benguela, ligando o litoral de Angola à fronteira leste, con-firmou o sucesso da aplicação do modelo chinês em África.

Em causa está a cons-trução e prolongamento de uma linha com 1.344 quiló-metros de extensão, entre o porto de Lobito (Benguela) e Luau (Moxico), na fronteira angolana com a República Democrática do Congo.

Trata-se do maior projec-to internacional do género da CRCC, uma das maiores empresas de construção da China, desde a execução, há cerca de 40 anos, da linha férrea entre a Tanzânia e

ANGOLA CHINESES GARANTEM SUCESSO DE MODELO FERROVIÁRIO

Muita terra, muita terra

desta linha, prevendo o início da operação ainda este ano.

Este anúncio surge antes da visita oficial a Lobito do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, que presidiu ontem naquela cidade à reunião da comissão económica do Conselho de Ministros.

O Caminho de Ferro de Benguela e o porto de mar do Lobito serão os principais pontos de visita do chefe de Estado angolano, além da apresentação do Plano de Desenvolvimento Económi-co da província de Benguela.

A construção desta linha férrea, que teve como base a antiga ligação do tempo colonial português, recorreu, segundo a CRCC, a cerca de 100 mil trabalhadores locais, além de permitir a formação de 10.000 técnicos angolanos.

Envolveu a adopção do modelo ferroviário chinês, sublinha a Xinhua, pelo que a conclusão da obra - parte da linha já está em funciona-mento -, de acordo com Liu Feng, demonstra o “sucesso” da sua utilização na constru-ção ferroviária em África.

Depois de totalmente concluída, esta linha deverá garantir o transporte anual de 20 milhões de toneladas de carga e de quatro milhões de passageiros. - Lusa

O projecto, totalmente chinês, de ligação ferroviária entre o portode Lobito e Luau (Moxico), na fronteira com a República Democrática do Congo custou mais de mil milhões de dólares

Incêndio em autocarro causa um mortoDe acordo com a “Xinhua”, um autocarro público ardeu na quarta-feira num provável ataque incendiário na província de Shandong, em que uma pessoa perdeu a vida e outras 19 ficaram feridas. O fogo começou às 8:30 e foi extinguido meia hora depois, tendo a polícia afirmado que investigações iniciais apontavam para fogo posto ateado por um suspeito masculino com 50 anos de idade, que está a ser procurado pelas autoridades. Uma mulher com cerca de 40 anos morreu no local, e quatro dos feridos ficaram em estado grave. Este é o quinto incêndio num autocarro verificado este ano na China. Vários deste tipo de ataques nos últimos anos, incluindo fogo posto em autocarros e ataques com facas, foram perpetrados por indivíduos com instabilidade mental ou que estavam à procura de se vingarem da sociedade.

Vigarista casa-se 19 vezesEm Hubei, uma mulher de 51 anos, que se casou 19 vezes, foi acusada de fugir com o dinheiro dos seus maridos, anunciou o “Chutian Metropolis Daily”. A notícia não especifica quantos dos seus noivos é que foram defraudados, mas as suas vítimas eram homens idosos que viviam sozinhos em aldeias isoladas. A mulher ganhava a simpatia deles alegando ter sido expulsa de casa pela sua própria família. No total, foi acusada de levar 200 mil yuan dos maridos e ainda de outros homens quando foi presa na terça-feira, depois de um dos ex-maridos ter apresentado queixa à polícia que descobriu então a sua fraude. A mesma fonte adiantou ainda que a mulher já tinha sido presa por três anos devido a um caso semelhante, tendo sido libertada em 2011.

Zâmbia, esta com 1.860 quilómetros de extensão.

Citado pela agência de notícias chinesa Xinhua, o responsável pelo projecto da CRCC em Angola, Liu Feng, sublinhou que a linha férrea de Benguela será a mais rápida e extensa das três linhas angolanas, atingindo os 90 quilómetros por hora.

MADE IN CHINATrata-se de um empreendi-mento totalmente chinês, desde o projecto à constru-ção da linha e das 67 esta-ções, além do fornecimento de material circulante, num investimento avaliado em 1.83 mil milhões de dólares.

De acordo com a Xinhua, a empresa chinesa concluiu no passado dia 13 a cons-trução de um extenso troço

1.344quilómetros de extensão

de linha de caminho-de-ferro

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16 hoje macau sexta-feira 22.8.2014

hARTE

S, L

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IDEI

AS

E STAVA a Embaixada desde 22 de Março de 1585 em Roma e o Papa Gregório XIII, tendo tomado a seu cargo os japo-

neses, enviava-lhes diariamente Mg. Bianchetti a visitá-los, pagando todas as despesas e muitas vezes os chamava para com eles conversar.

Com o nome Ugo Bomcompagni, o Sumo Pontífice nascera em Bolonha a 7 de Janeiro de 1502 e estivera pre-sente no Concílio de Trento (1545-1563), tornando-se Papa a 14 de Maio de 1572. O Papa Gregório XIII mos-trava agora aos japoneses os aposentos papais, gabinete, livraria e museu, com as recentes pinturas e frescos a decorá--los. Disse-lhes querer vê-los a assistir a todas as funções públicas da capela e assim que tal aconteceu, deu-lhes o lugar e as honras devidas aos embaixa-dores.

Recuperava Roma a grandeza que ti-vera no Império Romano. Chegada aos finais do século XV muito degradada, reconstruía-se desde 1506 a Basílica e a Praça de S. Pedro, com desenho inicial de Donato Bramante (c.1444-1514), já com fama em Milão e Pavia. Donato Bramante chegou a Roma em 1503 e venceu o concurso que o Papa Júlio II (1503-13) lançara aos artistas para re-formular aqueles dois espaços. Miguel Ângelo Buonarroti (1475-1564) tinha também concorrido, mas as suas ideias não colheram aprovação, no entanto, depois, esculpiu as estátuas de David e da Pietá, pintou os frescos da Ca-pela Sistina, entre 1508 e 1512, e da Biblioteca do Vaticano. Miguel Ângelo em 1547 tomou ainda a supervisão da reconstrução da Basílica de S. Pedro, sendo um dos maiores artistas do Re-nascimento. Outro grande da Alta Re-nascença foi Rafael Santi (1483-1520) que, trabalhando vários anos em Flo-rença, recebeu um convite do Papa Jú-lio II para lhe pintar em frescos o quar-to de dormir, conhecido por stanze. Em 1514 ficou também encarregado das obras de reconstrução da Basílica de S. Pedro e no ano seguinte, Rafael tornou-se arqueólogo, pois era respon-sável pelas escavações e listagem dos objectos encontrados da antiga Roma Imperial.

Quem não teve hipóteses de ver a

A JÁ ROMANA EMBAIXADA JAPONESA

COM O NOVO PAPA, SIXTO V

José simões morais

maioria destas grandes obras foi Mi-guel Chijiwa, pois entrara já doente em Roma e por ordem do Papa Gregório XIII, foi tratado com muitos cuidados e carinho. Reuniram-se várias juntas mé-dicas e ficaram nomeados seis médicos para o tratar, sendo diariamente envia-das informações ao Papa e as receitas aviadas na sua botica.

Eram muitos os diários convites para banquetes endereçados aos res-tantes embaixadores japoneses e por isso, o Papa, com a experiência dos seus 83 anos, receando pela saúde de-les, restringiu os aceitáveis. Um desses foi dado pelo irmão do Papa, D. Tiago, no Castelo de S. Ângelo.

No Gesú (a Igreja de Jesus da Casa da Companhia de Jesus) compareceu, poucos dias depois da chegada da Em-baixada, o senador mais velho, Horá-cio de Benedictis, em representação do

povo e Senado Romano, com um gran-de aparato, usado em actos públicos, “precedidos de vinte e quatro oficiais com varas douradas na mão, e segui-dos de muitos cavaleiros e cidadãos romanos, todos ricamente vestidos.” Traziam uma aprovação do Senado em fazer cidadãos de Roma os embaixado-res japoneses e elevá-los à nobreza e

patriciado romano; rara distinção, con-ferida somente a varões insignes e be-neméritos. Muito mais tarde, foram os embaixadores aos Paços do Senado re-ceber os diplomas. Segundo António J. Figueiredo, no Domingo antecedente à festa da Ascensão do Senhor que ocor-reu a 30 de Maio, a Embaixada foi aos Paços do Senado receber os diplomas daquela mercê; refere Videira Pires, ou J. Braga, que a data da ida dos príncipes ao Senado é a 29 de Maio de 1585.

“Recebeu-os o Senador acompa-nhado de todos os vereadores e ma-gistrados da cidade, com as honras que por estilo se faziam aos reis e prínci-pes; e depois de sentados, um orador, em nome de todo o Senado, lhes di-rigiu uma fala, manifestando-lhes o júbilo que no povo romano causara a sua chegada a Roma, em testemunho da fé católica, e o quanto folgava em

“O PAPA GREGÓRIO XIII PARA PERPETUAR A MEMÓRIA DESTA EMBAIXADA, DE TODAS E DESDE SEMPRE A QUE VEIO DE MAIS LONGE, MANDOU CUNHAR UMA MEDALHA DE PRATA”

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17 artes, letras e ideiashoje macau sexta-feira 22.8.2014

conceder-lhes os privilégios de no-bres, patrícios e senadores romanos, pedindo-lhes que aceitassem este pe-nhor do seu afecto e benevolência para com eles. Depois disto, adiantaram-se quatro escudeiros nobres com salvas de prata na mão, nas quais lhes apresen-taram os títulos daquele privilégio, em pergaminho, tarjados de oiro e ornados de várias figuras, com os brazões das fa-mílias de cada um deles, e selos de oiro pendentes.” A Embaixada retirou-se ao som de “charamelas (instrumento musi-cal de sopro, que é uma flauta delgada, ou uma trompeta de madeira) e o canto dos menestréis do Senado”.

ÚLTIMOS DIAS DO PAPA GREGÓRIO XIII

A 3 de Abril de 1585 concedeu o Sumo Pontífice uma audiência particular à Embaixada, onde Mancio recitou um discurso e os outros, pequenas poesias, entregando prendas ao Papa, como um quadro, que Nobunaga oferecera a Valignano, representando os muros da cidade de Anzuchina e que foi logo co-locado na galeria onde, como recente aquisição, estavam os mapas mundis tra-zidos pelo dominicano Egnazio Danti.

O Papa Gregório XIII para perpe-tuar a memória desta Embaixada, de to-das e desde sempre a que veio de mais longe, mandou cunhar uma medalha de prata.

Com a Audiência celebrada, apro-ximava-se a data da partida da Embai-xada e muitos embaixadores europeus vieram em nome dos seus soberanos convidá-la a visitar as Cortes dos seus países. Motivados, em especial, esta-vam o embaixador da França e o do Duque de Sabóia, devido à proximida-de dos territórios que representavam ao caminho de regresso da Embaixada.

A 5 de Abril, os médicos diagnos-ticaram no idoso Papa uma angina de peito complicada por febre. Dois dias depois, Domingo, o Sumo Pontífice assistiu à missa “em sua Capela com medíocre disposição”, sentindo-se ter dificuldades no respirar. Na segunda--feira, dia 8, Gregório XIII de manhã participou no Consistório e de tarde, deu audiência ao embaixador de Es-panha; iam já longe, com a morte dos intervenientes, as semanas de horror ocorridas em Roma desde 6 de Maio de 1527, com saques, pilhagens e assas-sínios. Tudo começara ainda antes do fim do século XV nas guerras italianas, mas complicou após a morte do Papa Adriano VI (1522-23), antigo professor do Imperador Carlos V, pois sucedeu como Papa, Clemente VII (1523-34). Tal como o Papa Leão X (1513-21), Clemente VII era descendente da casa

da Alta Burguesia dos Médicis, com interesses na península italiana, onde o Imperador Carlos V (1519-56) tinha muito território. Trabalho do seu avô, Fernando II de Aragão, o Rei Católico, que assegurou o domínio de Nápoles, disputado também pela França e que veio a marcar a hegemonia de Espanha no mundo.

Carlos nasceu em Gand, na Bélgica, no ano de 1500 e era filho de Filipe o Belo, Arquiduque da Áustria e de Joana, Rainha de Castela. Carlos I de Espanha (1516-56), pois era neto dos Reis Ca-tólicos e de Maximiliano I da Áustria (1493-1519), logo um Habsburgo, fora escolhido como Imperador por unani-midade em 28 de Junho de 1519, após uma renhida luta contra o Rei Francisco I de França. Como Imperador do Sacro Império Romano Germânico, Carlos V (1519-1556) foi coroado a 23 de Outu-bro de 1520 em Aix-la-Chapelle.

O Rei de França, Francisco I (1515-1547) era rival de Carlos V, pois que-ria-lhe o lugar de Sacro Imperador, que desde 1508 não precisava de aprova-ção da Igreja, tal consentido pelo Papa Júlio II. Ainda por cima, Carlos V era herdeiro do Ducado de Borgonha em território francês e Francisco I cobiça-va-lhe ainda terras na península italiana e por isso, tentou reconquistar-lhe Mi-lão, que entre 1499 a 1512 estivera nas mãos de Luís XII de França. Francisco I saiu derrotado em 24 de Fevereiro de 1525, na Batalha de Pavia. Vencido e aprisionado o Rei de França, foi a paz celebrada no ano seguinte em Madrid. Preparava-se então o Imperador Carlos V para seguir viagem até à Alemanha, onde iria resolver a questão eclesiástica

mas, logo foi confrontado por Francis-co I, que lhe declarou de novo guerra, tendo desta vez como aliado o Papa Clemente VII, na Liga de Cognac de 1526. Incrédulo com a desfaçatez do Rei de França e muito indignado pelo Papa não abandonar a Liga, resolveu o Imperador Carlos V enviar tropas para Roma. Na viagem, os comandantes do exército morreram e o bando indisci-plinado de espanhóis e alemães chegou a Roma em 6 de Maio de 1527, tendo criado durante semanas o horror na ci-dade, com saques, pilhagens e assassí-nios. O Papa teve que fugir do Palácio Papal e pela passagem secreta, feita no século XIII, refugiou-se no Castelo de Santo Ângelo, mas, para dar tempo à sua fuga, toda a Guarda Suiça foi mas-sacrada. A 5 de Junho, o Papa Clemen-te VII capitulou e foi parar à prisão.

Por outras três vezes, Francisco I de França voltou a atacar o Imperador Carlos V, mas saiu sempre derrotado. A segunda guerra entre a França e Carlos V foi entre 1527 e 1529, sendo com a paz estabelecida em Barcelona, no mês de Junho de 1529, que houve a recon-ciliação do Imperador Carlos V com o Papa Clemente VII. A terceira guerra ocorreu entre 1536-38 e a quarta guer-ra em 1544, sendo estabelecida a Paz de Crepy a 18 de Setembro desse mes-mo ano. No seguinte, começou o Con-cílio de Trento (1545-1563), fechando a Idade Média, deu início à Contra Re-forma da Igreja e onde estivera, antes de ser Papa, Gregório XIII que agora, no dia 9 de Abril de 1585, às 9 horas não apareceu para assistir à assinatura dos Referendos.

Cinco dias após diagnosticada a doença, a 10 de Abril de 1585, o Papa Gregório XIII “morreu três horas de-pois do meio-dia, fazendo ele mesmo

muitas vezes sobre seu peito o sinal da Cruz, sem nenhum gesto horrendo, an-tes com grande alegria no vulto, aos 84 anos de idade e no fim dos 13 de seu Pontificado (exactamente 12 anos, 10 meses e 28 dias)...” E continuando com o Padre Luís Fróis que descreve “os sentimentos dos japoneses e do povo romano pela morte do Papa, o seu em-balsamamento (acharam-lhe o fígado duro, o baço seco e a garganta abrasa-da), os funerais e o enterro.”

A EMBAIXADA COM O PAPA SIXTO V

A 24 de Abril de 1585, quinto dia de estarem encerrados os cinquenta car-deais no conclave, às 8 da manhã de quinta-feira foi eleito por aclamação o Cardeal Félix di Montalti, que como Papa ficou com o nome Sixto V. Era ele Felice Peretti, nascido em Grottamma-re, Itália, a 13 de Dezembro de 1521 e que exerceu o cargo de Sumo Pontífice até aos 68 anos.

Como Embaixadores Reais, os japo-neses assistiram a 1 de Maio à coroação do Papa Sixto V, na Basílica de S. Pedro do Vaticano, sendo eles a levar o pálio e a deitar água nas mãos do novo Papa. Entregaram em mãos ao Papa o me-morial sobre o cristianismo no Japão, tendo este prometido despachar com grande brevidade o memorial.

Mais de dois meses em Roma e co-meçou-se, de novo, a pensar na partida. À Embaixada então chegaram convites de jantares de despedida. O Papa deu o mote e assim, a 22 de Maio na sua Vinha, junto às termas de Diocleciano, ocorreu o primeiro, sendo os embaixa-dores acolhidos por vinte e quatro pre-lados e o mordomo do Papa. Três dias depois, realizou-se o jantar do Cardeal Montalti, ou Montalto, sobrinho neto do Papa. A 27, os embaixadores assis-tiram às ladainhas dos Franciscanos na Igreja de Santa Maria Maior onde o Papa esteve presente.

A 29 de Maio foram os embaixado-res à Capela do Papa “vestidos de curto gentilmente com as suas espadas dou-radas; porque determina Sua Santida-de de ali por sua própria mão os armar Cavaleiros de S. Pedro.” Assim o novo Papa Sixto V nomeia-os Cavaleiros da Espora Dourada, oferecendo uma ca-deia de ouro a cada um, colocando-as à volta dos seus pescoços. Deles recebeu a promessa da defesa da Fé Católica, mesmo se necessário com a vida.

Ainda no mesmo dia, no jantar com o Senado Romano, os dirigentes de Roma no Capitólio entregaram-lhes o título de cidadania (patrícios), tendo Manchio Ito feito um discurso de agra-decimento.

“COMO EMBAIXADORES REAIS, OS JAPONESES ASSISTIRAM A 1 DE MAIO À COROAÇÃO DO PAPA SIXTO V, NA BASÍLICA DE S. PEDRO DO VATICANO, SENDO ELES A LEVAR O PÁLIO E A DEITAR ÁGUA NAS MÃOS DO NOVO PAPA”

Papa Sixto V

Papa Gregório XIII

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18 DESPORTO hoje macau sexta-feira 22.8.2014

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Tudo se decide esta sexta-feira, na última regata da prova

O velejador por-tuguês Rodolfo Pires manteve esta quarta-fei-

ra o terceiro lugar na classi-ficação geral da classe Byte CII nos Jogos Olímpicos da Juventude, que se estão a dis-putar em Nanquim, China.

Com sete regatas já disputadas, Rodolfo Pires continua bem colocado na luta das medalhas e chegou mesmo a liderar a prova, quando ganhou a segunda das três regatas do dia.

Depois de marcar um nono lugar e uma vitória, desceu de novo na classifi-cação para terceiro, o posto com que encerrara a jornada da véspera, após uma regata menos feliz, que terminou em 26.º.

“Hoje o dia correu bem e mal. A última regata correu mal porque a variação do vento não é constante e está sempre a rodar, nunca é a mesma direcção. Pela expe-

Andreas Samaris a caminho de LisboaAndreas Samaris já viajou para Portugal. Segundo a imprensa grega, o médio do Olympiakos está a caminho de Lisboa para realizar exames médicos e assinar contrato com o Benfica. Segundo a imprensa local, os encarnados apresentaram esta quinta-feira uma proposta de 10 milhões de euros que foi aceite pelo clube grego, libertando o jogador para viajar.

Ronaldo treina-se mas continua em dúvidaCristiano Ronaldo treinou-seintegrado com o restante plantel do Real Madrid no último ensaio para a segunda “mão” da Supertaça de Espanha com o Atlético Madrid, esta sexta-feira. O internacional português, que saiu ao intervalo no jogo da primeira “mão” (1-1) com queixas na perna esquerda, limitou-se a fazer trabalho de ginásio na sessão da véspera para acelerar a recuperação. Apareceu esta quinta-feira no relvado para treinar integrado, porém, segundo a imprensa espanhola, continua em dúvida para o jogo no Vicente Calderón. A utilização do craque português está dependente de evolução nas próximas horas.

JO DA JUVENTUDE RODOLFO PIRES MANTÉM 3º LUGAR

Medalha à vista

riência que tenho, qualquer velejador vai pelo meio, mas o meu problema foi ter ido pelo meio e não ter apanhado nem vento, nem variação que me levasse para a frente”, explicou o português, citado pelo Co-mité Olímpico de Portugal.

Tudo foi diferente na regata ganha: “Fiz uma boa saída, estava em primeiro durante algum tempo, mas quando cheguei à primeira

bóia rondei por volta de sétimo. Na segunda volta consegui recuperar e quase na linha de chegada conse-gui passar de quarto para primeiro”.

Na prova feminina de Byte CII, Mafalda Pires de Lima caiu de oitava para 19.ª na geral, depois de ter sido 23.ª, 18.ª e 22.ª nas três regatas do dia. “O dia não correu nada bem, não estava à espera, não tive

uma pontinha de sorte para dar a volta por cima”, disse.

Os dois velejadores concluem as últimas duas regatas esta sexta-feira, dia que definirá quem disputará a Medal Race no sábado.

CICLISMO E OUTRAS MODALIDADESNo Cross Country Olím-pico, quarta prova de ci-clismo, Bruno Machado e Ana Silvestre alcançaram a nona e a 12.ª posições, respectivamente.

O resultado deu 15 pon-tos a Portugal na competi-ção masculina de ciclismo, permitindo à equipa subir quatro posições na geral,

ocupando agora o 14.º lugar. No sector feminino, Portu-gal subiu um posto, estando agora na 26.ª posição.

Os concursos feminino e masculino de ciclismo terminam esta sexta-feira, com a disputa das provas de fundo em estrada, com todos os corredores inscritos.

Ou seja, no sector femi-nino Portugal estará repre-sentado por Ana Lopes e por Ana Silvestre, enquanto na prova masculina Bruno Machado e Tiago Antunes envergarão as cores lusas.

Diogo Chen, já eli-minado na competição de singulares de ténis de mesa, compete no torneio por equipas misto com a romena Adina Diaconu. O primeiro dia da fase de grupos saldou-se por quatro vitórias para a equipa, que assim está bem encaminha-da para passar esta fase.

Na natação, Tamila Holub esteve nos 200 me-tros livres e foi 28.ª, com o tempo de 2.06,91, próxima do recorde pessoal. Depois de ter nadado os 800 metros, ainda vai regressar para as séries de 400 metros.

No arranque luso do atletismo estará a martelista Ana Fernandes, Miguel Cassiano integra a estafeta mista da Europa4 no triatlo e Anri Egutidze e Maria Siderot competem em judo por equipas.

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TEMPO POUCO NUBLADO MIN 26 MAX 32 HUM 65-90% • EURO 10.8 BAHT 0.2 YUAN 1.3

ACONTECEU HOJE 22 DE AGOSTO

Pu Yi

LÍNGUADE gATO

hoje macau sexta-feira 22.8.2014 (F)UTILIDADES 19

H O J E H Á F I L M E

João Corvo fonte da inveja

Ontem adormeci nos braços cansados de um tufão.

Bola de neveHabitação, esse grande monstro de Macau. Faltam casas para toda a gente, incluindo classe baixa, média e alta. Quando olhamos para o problema, percebemos que não é de fácil resolução, principalmente pelo facto de não estar apenas a estrutura em falta. É que vendo bem, quatro paredes e um tecto não se constroem no ar e o facto é que não existem terrenos livres... Ou pelo menos é isso que insistem em dizer-nos. Quando passo a ponte, vejo uma série de ilhas e ilhotas prontas para alojar pessoas, mas isso implicaria – para além de mais gastos – o desmantelamento de algumas zonas verdes. Será que daqui a 20 anos, Macau ficará com o triplo do tamanho que tinha há décadas atrás? Fico triste quando penso nisto, sabem? No volume de infra-estruturas que têm vindo a ser construídas, incluindo toda a zona do Cotai que era, aquando do meu nascimento, uma simples ponte de duas faixas que começava na Taipa e desaguava em Coloane. Tudo isto é, em resumo, uma grande e gorda bola de neve que vai acabar por minar a qualidade de vida de todos nós. Se não foram construídas mais casas, o preços das já existentes vai subir em flecha, mas a serem feitas mais, acabarão por ficar longe do centro, o que dificulta a deslocação de quem por lá decidir viver. Tudo isto é uma complicação! Só espero que os responsáveis do Governo consigam resolver tudo a bem... Bem, na verdade só me interessa que resolvam, seja de que maneira for.

17 AGAIN (BURR STEERS, 2009)

Mike O´Donnell era um talento de basquetebol quando tinha 17 anos. Num importante jogo da escola secundária, recebe uma notícia da sua namorada, Scarlett: está grávida. Mike decide deixar o treinador, os colegas e o basquetebol, casando com Scarlett. Aos 37 anos os dois enfrentam dificuldades familiares: divorcia-se e provoca a desobediên-cia do filho e da filha. Com saudades de quando tinha 17 anos e com a ajuda mágica de um idoso estranho, Mike cai de uma ponte volta a ter o aspecto de quando era adolescente. Com um rosto de jovem, Mike tenta conhecer outra vez a sua esposa e os filhos, para salvar a relação com a família. - Flora Fong

C I N E M ACineteatro

SALA 1TEMPORARY FAMILY [B]FALADO EM CANTONÊS, LEGENDADOEM CHINÊS E INGLÊSUm filme de: Cheuk Wan ChiCom: Nick Cheung, Sammi Cheng, Angelababy, Oho14.15, 16.05, 18.00, 21.30

LUCY [C]Um filme de: Luc BessonCom: Scarlett Johansson, Morgan Freeman19.50

SALA 2CAFE • WAITING • LOVE [B]FALADO EM MANDARIM E LEGENDADO EM CHINÊSUm filme de: Chiang Chin LinCom: Vivian Chow, Megan Lai, Pauline Lan, Lee Luo14.30, 16.45, 19.15, 21.30

SALA 3LUCY [C]Um filme de: Luc BessonCom: Scarlett Johansson, Morgan Freeman14.15

DORAEMON THE MOVIE: NOBITA IN THE NEWHAUNTS OF EVIL-PEKO AND THE FIVE EXPLORERS [A]FALADO EM CANTONÊS E LEGENDADO EM CHINÊSUm filme de: Yakuwa Shinnosuke16.00

INTO THE STORM [B]Um filme de: Steven QualeCom: Richard Armitage, Alycia Debnam-Carey, Matt Walsh18.00, 19.45, 21.30

TEMPORARY FAMILY

Nasce Cartier-Bresson, o pai do fotojornalismo• É um dos mais importantes fotógrafos do século XX, con-siderado o pai do fotojornalismo. Chamava-se Henri Cartier--Bresson, nasceu a 22 de Agosto de 1908 e é recordado hoje.Membro de uma família abastada, de industriais têxteis, Henri Cartier-Bresson recebeu um presente, na sua infância, que viria a marcar a sua vida: uma máquina fotográfica. Associou o prazer pelas artes, que já alimentava, à fotografia e começou a criar desde muito jovem, sendo que a sua formação académica, em Paris, assentava nestes pilares.Com 22 anos, Cartier-Bresson viaja para África, para caçar, até que uma doença tropical o obriga a regressar a França. E é nesta altura, em meados de 1933, que redescobre a fotografia, com uma imagem do fotógrafo húngaro Martin Munkacsi como inspiração.Serviu o exército francês, na II Guerra Mundial, até que foi capturado pelos alemães, aquando da invasão de Hitler. Foi colocado num campo de prisioneiros de guerra, do qual escapa, à terceira tentativa.Em 1947, já com a paz restabelecida, funda uma agência fotográfica, com um grupo de profissionais. O seu traba-lho suscita o interesse de revistas como a Life, Vogue e Harper’s Bazaar, que o contratam para viajar pelo mundo e… fotografar.Com a sua máquina Leica, torna-se o primeiro fotógrafo da Europa Ocidental a fotografar, de modo livre, a vida na União Soviética. No seu ‘currículo’ constam também os derradeiros dias de Gandhi e os eunucos imperiais chineses.Viria a lançar diversos livros baseados no seu trabalho e nas suas experiências e contactos culturais. O mais importante de todos tem data de 1952: ‘The Decisive Moment’, ou ‘Images à la Sauvette’, no título original francês.Uma gigantesca exposição, em 1960, que reuniu mais de 400 trabalhos, homenageou Henri Cartier-Bresson, nos EUA. O pai do fotojornalismo viria a morrer a 2 de Agosto de 2004, em Cereste, França.

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20 OPINIÃO hoje macau sexta-feira 22.8.2014

D IZER que amo não chega. O amor diz-se, o amor foi feito para ser dito, mas o amor não se diz apenas, manifesta-se. De nada adianta amar se não sou-ber dizer o amor, dizê-lo com as palavras do amor e com os gestos do amor. O amor é palavra de di-

cionário mas é infinitamente mais. O amor é movimento, prática, sente-se, tem chei-ro, tem forma, tem uma maneira de ser.

Vou ao dicionário à procura de amor, da palavra amor. Diz-me este que aqui tenho à mão que amor é o sentimento que predispõe a desejar o bem de alguém, é sentimento de afecto ou extrema dedicação, é o apego. É o sentimento que nos impele para o objecto dos nossos desejos, é atracção, é paixão, é afecto, inclinação, e é também uma relação amorosa ou aventura. O amor é ainda muitas outras coisas nesta língua em que escrevo. É movimento – e isto não vem no dicionário, mas eu sei que é.

“Como um filho perante a sua mãe, amo a Pátria e Macau com a fé inabalável que brota do meu coração.” Li esta frase no sábado

contramãoISABEL [email protected]

A falta de jeitoEu cá reservo o amor para as pessoas e deixo o verbo gostar para as cidades. Amar é coisa séria e talvez o problema seja meu, que não percebo o amor filial pela terra e pelo país. Os escritos de amor de um político não me enternecem

passado e guardei-a na gaveta, para não a perder. É de Chui Sai On. Do candidato, não do Chefe do Executivo. Vem estampada na primeira página do pequeno panfleto onde resume o seu programa eleitoral e deixa--me a pensar nisto do amor. Amor perante uma mãe. A fé inabalável. Que brota de um coração. O verbo amar. A acção de amar.

Amor não é aquilo que espero de um político. Ainda menos um amor de filho. De nada me adianta que ame a terra e o país. De nada adianta dizerem-me que é da tradução tosca e que em chinês faz sentido isto do amor a Macau, do amor filial a Macau. Não duvido de um sentimento tão declaradamen-te assumido, tão orgulhosamente exposto. Um sentimento por escrito. Mas amar não é escrever o amor.

Amar – e vamos imaginar que se amam cidades como se amam mães – é muita coi-sa. Volto ao dicionário e não duvido que o candidato deseje bem à terra que já governa. Também não coloco em causa o afecto, esse sentimento que me transporta para carícias em cabelos de mães cansadas dos anos. Já a extrema dedicação é coisa que não vejo, que não sinto, porque a cidade – o objecto deste amor – não revela. A cidade não se

manifesta amada, descuidada que anda, desmazelada que se tornou.

O amor é o sentimento que nos impe-le para o objecto dos nossos desejos – e também aqui não encontro definição que encaixe com a relação a que tenho assistido. O candidato não anda pela cidade, não a sente, não a conhece, passam-se anos sem a percorrer. Nunca ninguém os viu de braço dado, a mão em cima do ombro em passos

lentos na calçada portuguesa que, entretanto, desapareceu com as invasões turísticas.

O amor é atracção, é paixão – e mais uma vez não os vejo num abraço cúmplice, num olhar de quem se conhece desde sempre. O amor é ainda muitas outras coisas nesta língua em que escrevo. É movimento. É sofrimento também, quando não existe em formato recíproco. E a cidade sofre.

Eu cá reservo o amor para as pessoas e deixo o verbo gostar para as cidades. Amar é coisa séria e talvez o problema seja meu, que não percebo o amor filial pela terra e pelo país. Os escritos de amor de um polí-tico não me enternecem. O que me agrada é o movimento: o movimento das ideias e das acções.

O que a cidade precisa – e o país tam-bém, talvez ainda mais –, é que Macau seja respeitada. Que não a estraguem, que não expulsem as pessoas que fazem a cidade, que não a pisem, que não a transformem ao ritmo dos interesses de alguns que, de amor, nada sabem. Macau precisa que a pensem, que a estruturem, precisa de ideias que sejam mais do que umas tentativas de dizer que está tudo bem só porque se ama.

É preciso ter jeito para o amor.

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21 opiniãohoje macau sexta-feira 22.8.2014

Gémeos siameses de Macau: Política e Economia (parte 1)

R ECENTEMENTE, o Gover-no Central da China decidiu não utilizar o PIB como critério para avaliar a per-formance das autoridades das diferentes localidades do país. Tal decisão surge depois da queda do preço de terrenos em todas as principais cidades, mas não é

ainda certo que haja uma relação causal entre esse decréscimo e a alteração do critério. O facto é que a fase em que o aumento do PIB dependia do mercado de propriedades chegou ao fim. Politicamente, o movimento anti-corrupção está a espalhar-se pelo país, algo que é indubitavelmente precedido pela rectificação das arenas política e económica. O terreno fértil para o fomento da corrupção tem sempre que ver com questões de poder e dinheiro, enquanto o sistema político imper-feito é a raíz dessa mesma corrupção. Política e economia são como um par de gémeos sia-meses em que caso um deles adoeça, o outro ficará, sem dúvida, igualmente infectado.

A China tem vindo a adoptar reformas e políticas de abertura há quase 30 anos. A um nível superficial, as reformas económicas são relativamente bem sucedidas, mas não tem havido qualquer tipo de desenvolvimento na área das reformas políticas. Juntos, assemelham-se a um par de pés, sendo um deles sendo enfolado e outro, magro. Um dos pés segue em frente a passos largos, enquanto o outro está débil e impossibilitado de se mexer. Uma pessoa que tenha tal par de pés deformados deverá cair frequentemente.

A China tem que mudar, caso contrário, o Partido e o país vão ter um fim. Que tal introduzir algumas alterações em Macau? Que tal analisar os programas eleitorais do candidato a quarto Chefe do Executivo de Macau? Espero que os nossos leitores sejam seres com discernimento, conscientes de que os programas eleitorais são como uma antiga garrafa de vinho com um novo rótulo. Será que a este se pode chamar um novo vinho? Não tenho qualquer comentário a fazer sobre a personalidade de Chui Sai On, mas julgo que o conteúdo dos seus programas eleitorais não passa de uma mera banalidade. O conteúdo é tão pouco arrojado e escasso em iniciativas, que poderia ser utilizado por qualquer outro candidato. Não há mais grande coisa a dizer sobre estes programas eleitorais, que apenas “jogam pelo seguro”.

Para além do facto de apenas 200 e tal – de entre 400 – membros da Comissão de Assuntos Eleitorais do Chefe do Executivo terem estado presentes durante a sessão de perguntas e respostas, é uma vergonha que tenha sido negado a alguns dos jornalista presentes o direito de colocar questões aos membros pela própria Comissão. No papel de candidato, Chui Sai On visitou diferentes

zonas de Macau para conhecer os residentes, ainda que por apenas 15 minutos para cada visita. Num programa de rádio, Chui não marcou presença, tendo sido substituído por um dos representantes do Gabinete de Campanha, para responder a questões co-locadas pelo público através de chamadas.

Torna-se óbvio que Chui só consegue dar resposta a questões amigáveis coloca-das por membros da Comissão de Assuntos Eleitorais do Chefe do Executivo, apenas gastando o seu tempo livre para conversar com associações com afiliações ao campo pró-Pequim. Será que um político bem prote-gido, que seria sem dúvida eleito através de uma guarida apropriada, precisa realmente de ter conceitos, perspectivas e responsabi-lidade política? Se o líder de uma região não tem as suas próprias visões políticas e nada precisa de fazer a não ser ter a capacidade de concordar com combinações que satisfaçam determinadas missões políticas e económi-cas, acham que há alguma esperança para esta região? O tipo de reformas que estão a ter lugar na China actualmente mostram-nos que, caso Macau não queira ser governado pela China antes de 2049, as pessoas locais têm que começar a puxar por si próprias,

uma vez que é a única via positiva, tanto para a China como para Macau. É a forma de Macau se transformar no mecanismo de engrenagem da máquina de mudança, ao invés de ser apenas uma peça no decurso do movimento de reforma da China.

E quanto à economia de Macau? Depende dos casinos e do Esquema de Visita Indi-vidual dos turistas do continente. De onde vem o dinheiro dos casinos? As empresas do jogo ganharam dinheiro, mas quem perdeu? Quando os turistas chineses assolam Macau através do Esquema de Visita Individual, quem são os principais beneficiários desta

situação? Depois do estabelecimento da República Popular da China, o jogo foi banido da China, mas Macau não consegue viver sem jogo, uma vez que depende desta indústria para manter a sua qualidade de vida e aumentar o seu PIB.

Como pôde a China permitir que o país ficasse com tal “ferida” crónica no seu cor-po? O sistema político de Macau continua desactualizado desde há muito tempo e a sociedade sobrevive numa condição de morto-vivo dentro de uma piscina de água choca. Os talentos acabaram por se tornar meros seguidores de instruções. Apenas sabem como concretizar combinações e cumprir tarefas consideradas aceitáveis. Falta-lhes pensamento individual e são subservientes às massas. São apenas como robôs eficientes, independentemente das suas capacidades. Assim sendo, em que direcção rumam a política e a economia de Macau e que formas existem de desenvolver estes campos? Falemos sobre isto depois das eleições de dia 31 de Agosto.

“O sistema político de Macau continua desactualizado desde há muito tempo e a sociedade sobrevive numa condição de mortos-vivos dentro de uma piscina de água choca”

*Ex-deputado e membroda Associação Novo Macau Democrático

um gr i to no desertoPAUL CHAN WAI CHI*

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22 opinião hoje macau sexta-feira 22.8.2014

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado; Ricardo Borges (estagiário) Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

T ODOS os processos políticos destinados a inverter um dado status quo confrontam-se com resistências e por vezes com reacções. A explicação é simples, contundem com interesses instalados de quem se habituou a viver dentro de certa situação e a extrair dela dividendos pessoais seja em

benefícios directos, seja em vantagens futu-ras, seja no relacionamento com os outros. As pessoas, no sentido hermenêutico dos actores políticos, i.e. os que intervêm na vida da ‘polis’ não são diferentes dos Estados ou talvez um pouco na dimensão, na comple-xidade das acções, nas interdependências, no nexo ‘causa’ e ‘efeito’. Dois tipos de actores são definíveis, neste particular: os que entendem que há que romper ‘custe o que custar’, os que acham que há que mudar mas ‘pé ante pé’, dando um passo de cada vez, medindo os efeitos e quando positivos dando um novo passo por cada um que se revela positivo.

Com a idade somos levados a privilegiar a segunda metodologia sobre a primeira. Por prudência mas também porque a experiência

crepúsculo dos ídolosARNALDO GONÇALVES

No gume do sabre“Os processos de combate à corrupção em regimes que não se adequam à filosofia e às regras de transparência e imparcialidade das sociedades abertas são, regra geral, processos de ajuste de contas com adversários políticos”

da vida e a observação do ‘bicho-homem’ revela que processos de ruptura maxime de revolução geram efeitos indesejados, pois que aqueles que protagonizam as mudanças revolucionárias pelas boas causas e pelos ‘ideais puros’ revelam-se depois da revolu-ção como novos ditadores, líderes capazes das mais desprezíveis acções em nome da vingança e do ajuste de contas. Contam--se pelos dedos de uma mão os processos revolucionários em que os promotores das revoluções se não aplicaram no dia a seguir a descobrir traidores, a executar ‘renegados’ e ‘colaboracionistas’ que haviam sido na véspera os seus ‘brothers in arms”. Por isso mesmo desconfio dos que alardeiam novas auroras rubras e outras manhãs libertadoras, assentes na eliminação dos ricos e dos pri-vilegiados e na igualitarização da pobreza e da frugalidade franciscana. São todos exemplos de incoerência entre os propósitos anunciados e o exemplo pessoal.

Os processos de combate à corrupção em regimes que não se adequam à filosofia e às regras de transparência e imparcialidade das sociedades abertas são, regra geral, processos de ajuste de contas com adversários políticos e aliados de véspera que não se ajustam à

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nova hierarquia, aos novos guardiães do mando. Nesta parte do mundo temo-lo visto no grande vizinho do Norte mas também noutras longitudes que nada têm a ver com o credo confuciano ou com os revivalismos maoistas. Por isso será bom que olhamos para as ‘limpezas’ anunciadas aos quatro ventos com prudência, sentido da realidade, não nos deixando tomar por tolos no jogo hábil da propaganda e da contra-informação por

quem tem quase oitenta anos de experiência no uso do léxico leninista e das campanhas de ‘rectificação de massas’ que tiveram sempre como objectivo a eliminação de adversários internos e o silenciar das oposições.

A métrica do ‘combate à corrupção’ é por isso tão enganosa como a prédica da morali-dade pública, do amor à Pátria, da devoção ao serviço público acima dos interesses e das prebendas que normalmente alimentam as castas e as oligarquias desgarradas daqueles que as legitimam. Não é pelo reforço dos mecanismos de combate à corrupção que a eficácia do sistema se aprimora e os resul-tados emergem a contento das profecias. Os ‘grandes tigres’ normalmente não se deixam apanhar pelas operações de caça e captura porque no período em que se moveram à vontade pela savana reuniram o saque para os tempos maus que hão-de vir, pondo-o a coberto em locais a que o poder autoritário não chega. A caça resume-se então às moscas e aos moscardos cuja desatenção e falta de inteligência os põe na mira das tais campanhas de ‘rectificação de massas’ quando o colectivo partidário ou o líder carismático acha que é tempo do sistema se libertar desse vespeiro para que tudo fique mais ou menos na mesma.

Isso não significa que o sistema se tornou ipso facto credível e justo mas que se resgatou para sobreviver.

A lógica das novas lideranças dos regimes fechados permite esta aparência de abertura e renovação que des-lumbra os crentes na renascença do socia-lismo científico que se agitam, tomados de fervor messiânico, sempre que um novo líder lhes anuncia o encontro com a feli-cidade definitiva na Terra e o fim de todos os problemas e difi-culdades reabilitando velhos ataques ao ca-pitalismo de má hora que na verdade lhes alimenta os prazeres e os vícios. Teodor Lonta escreve em “Um Futuro Luminoso”: ‘o Homem é por natureza um animal curioso. Pode-se esconder a verdade dele, tempo-rariamente, mas não para sempre’.

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HOJE MACAU

hoje macau sexta-feira 22.8.2014 23PERFIL

WONG CHI KUN, VENDEDOR AMBULANTE DO LEAL SENADO

“ANTIGAMENTE, A VIDA ERA MELHOR DO QUE AGORA”

“Vi o motim contra os portugueses e muitas outras coisas. A única coisa que não mudou fui eu mesmo, porque só estou mais velho”

CECÍLIA L [email protected]

D ESDE novo que “habita” perto do Leal Senado – em frente à actual loja Esprit – e é uma das figuras mais co-

nhecidas da população de Macau. “Comecei a trabalhar aos 17 anos neste mesmo sítio, que antigamente era um cinema”, explicou, acrescentando que antes havia mais gente a fazer compras ao sair das matinés. “Hoje em dia o negócio corre ‘assim assim’. Já muita gente me conhece e dei várias entrevistas à imprensa inglesa e portuguesa”.

A banca ambulante, sem a qual não vive, está na família há mais de duas décadas e per-tencia à sua avó. Wong faz 82 anos em breve e está “há mais de 64” naquele mesmo local, diz. Hoje em dia, possui uma licença fixa, mas que apenas deixou de o ser há pouco tempo.

“Nunca saí deste local, embora tenha tido outras oportunidades de trabalho. Já experimentei deslocar-me, mas gosto de estar aqui”, confessou o vendedor. Em jeito de brincadeira, disse ainda: “Além disso, os turistas gostam de me tirar fotografias”.

O negócio está aberto quase todos os dias, com Wong a folgar apenas ao Do-mingo e feriados de Ano Novo Chinês, que acontecem geralmente no início do ano. “Preciso de descansar pelo menos uma vez por semana”, confessou ao HM.

Embora o negócio não vá de vento em popa, Wong conta, nostalgicamente, sobre como várias pessoas compram os seus pro-dutos desde criança.

“Conheço muita gente aqui. Alguns começaram a comprar os meus produtos desde pequenos e hoje em dia, até me pedem para tirar fotografias com eles”, exclama, orgulhosamente.

O poiso permanente de Wong parece dar um diferente poder de perspectiva ao vendedor, que afirma, sem dúvidas, que a sociedade de Macau está muito diferente. “Não havia tantas pessoas e carros nas ruas. Na verdade, antigamente a vida era melhor do que agora”, admite ao HM, enquanto o fumo dos tubos de escape e barulho das buzinas ensurdecem aquilo que outrora foi cidade “calma”.

MEMÓRIA VIVAOs quase 90 anos de vivência de Wong pa-recem ter-lhe dado tudo menos senilidade, já que se recorda bem do evento que, para si, é o mais memorável de sempre. “Foi o Motim 1-2-3”, explicou. Este foi um dos eventos mais populares e mediáticos do século XX e que foi impulsionado pelos residentes da RAEM pró-comunistas, no dia 3 de Dezembro de 1966. “Vi o motim contra os portugueses e muitas outras coisas. A única coisa que não mudou fui eu mesmo, porque só estou mais velho”, disse, entre risos.

Cansaço não é algo que impeça Wong de acordar todos os dias antes das sete da

manhã, hora a que chega à sua banca para começar a preparar a mostra dos produtos. Embora trabalhe quase 10 horas diárias – até às seis da tarde –, confessa que não se sente cansado, mesmo com 82 anos de idade. “Já estou habituado e quando me sinto cansado, sento-me um pouco na ca-deira”. Sente-se feliz por saber que pode contar com a família para o auxiliar, tanto pessoal como profissionalmente. “A minha mulher vem-me substituir na banca à hora de almoço e depois volto para continuar à tarde”, explicou o vendedor, enquanto fazia o troco de um maço de tabaco a um transeunte apressado.

É ali mesmo em frente à conhecida loja de franchising, com vista para a praça e fonte do Leal Senado, que Wong espera continuar a habitar, pelo menos até se sentir incapaz de continuar o negócio. Gosta do contacto com o público e confessa: “Não me imagino a fazer outra coisa”. Se, por um lado, a mudança de Macau parece inegável, sabe bem perceber que algumas coisas permanecem imutáveis. Como Wong, o vendedor ambulante do Leal Senado.

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hoje macau sexta-feira 22.8.2014

FIC 358 candidaturaspara fundoTERMINADO o prazo para

a entrega de documentos de candidatura para o Fundo das Indústrias Culturais (FIC), a entidade informou em co-municado que recebeu 358 candidaturas.

“Grande parte das can-didaturas não se encontram completamente instruídas, carecendo de suprimento dos documentos em falta em data e hora a marcar”, explica o FIC. As candidaturas residem em quarto grandes áreas: media digital com 34%; design cria-tivo com 32%, exposições e espectáculos culturais com 22% e colecção de obras artísticas atingindo os 7%.

Desde o início da abertura das candidaturas, a seis de Ju-nho, o site informático do FIC recebeu “cerca dez mil visitas” e 4200 downloads do boletim de candidatura que resultaram em 508 marcações para apresenta-ção de candidaturas.

“Com vista a elevar a efi-ciência e a segurança das comu-nicações, o FIC irá efectuar as notificações às empresas sobre a entrega de documentos ou o resultado da apreciação das candidaturas através da Caixa Postal Electrónica Segura (SE-PBox), pelo que se pede a aten-ção das empresas na recepção das notificações via SEPBox”, informa o FIC.

Depois de concluída a aná-lise das candidaturas, segue-se o segundo período do processo, que segundo o FIC, deverá ocor-rer nos três primeiros meses de 2015. - H.M.

Teatro D. Pedro Vvai fechar para obras O Instituto Cultural (IC) anunciou ontem que o teatro D. Pedro V vai sofrer “obras regulares de restauro” no seu interior, pelo que fechará portas até ao próximo dia 15 de Setembro, com excepção da galeria dos espelhos e do jardim.

CECÍLIA L IN*cecí[email protected]

N ÃO serão mais de 70 os jovens com idades com-preendidas entre os 15 e

24 anos que não estudam nem tra-balham, chamados pelo Governo de “jovens anónimos”. Contudo, o Instituto de Acção Social (IAS) quer criar um regulamento que determine a criação de um

“projecto de serviços integrados com a combinação de prevenção, diagnóstico e aconselhamento”, sendo quo “o lançamento de tal projecto está previsto para o segundo semestre do corrente ano, altura em que as instituições interessadas podem apresentar as suas propostas”.

“Após a selecção das institui-ções idóneas, ser-lhes-ão atribuí-dos apoios financeiros e técnicos

para a concretização da respectiva proposta”, confirma o IAS.

A garantia foi dada em resposta à interpelação escrita do deputado Zheng Anting, que quis saber mais pormenores sobre os apoios prestados a este tipo de jovens.

O IAS cita dados do “Estudo sobre a Situação dos Jovens Anóni-mos de Macau”, o qual foi realizado em 2010, e que mostra que os mais novos nesta situação representam

apenas 2,2%, sendo que os “po-tenciais jovens anónimos” variam entre 1603 e 1688 pessoas.

“Este grupo de pessoas isola-se em casa e raramente ou até nunca chegar a entrar em contacto com terceiros, passando a maior parte do tempo a navegar pela internet ou a divertir-se com os jogos electrónicos para obter um sentimento de suces-so”, pode ler-se na resposta do IAS ao deputado. * com A.S.S.

O S distúrbios em Ferguson, no estado do Missouri, na

sequência da morte de um adolescente negro desarmado, colocaram os Estados Unidos sob a mira de duras críticas interna-cionais, nomeadamente da China e do Irão que acusam Washington de hipocrisia.

Estes países, habitua-dos a serem criticados pelos Estados Unidos em matéria de direitos hu-manos, defendem que os incidentes ocorridos em Ferguson após a morte do adolescente Michael Brown, morto a tiro por um polícia branco, evidenciam o “duplo critério” das auto-ridades norte-americanas, mas também as tensões raciais que ainda persistem naquele país.

Na China, o caso está a ter destaque na comu-nicação social. A agência noticiosa oficial chinesa Xinhua escreveu que os “tumultos de Ferguson revelam uma divisão racial nos Estados Unidos”, sa-lientando ainda “uma falha nos direitos humanos”.

O mesmo artigo afir-mou que o caso de Fergu-son “demonstra uma vez mais que, mesmo um país que tem tentado desempe-

INSTITUTO DE ACÇÃO SOCIAL APOIO A “JOVENS ANÓNIMOS” AINDA ESTE ANO

Para quem não estuda nem trabalha

CHINA E IRÃO CRITICAM WASHINGTON FACE À VIOLÊNCIA EM FERGUSON

O feitiço contra o feiticeiroDepois do Egipto e da Rússia, os americanos enfrentam agoraas críticas de chineses e iranianos que os aconselham a “limpar”a casa antes de apontar o dedo a terceiros

“O que os Estados Unidos precisam de fazer é concentrar-se em resolver os seus próprios problemas antes de apontar o dedo aos outros”XINHUA

nhar ao longo dos anos o papel de juiz e de defensor internacional dos direitos humanos, ainda existe muito espaço para realizar progressos em casa”.

“O que os Estados Unidos precisam de fazer é concentrar-se em resolver os seus próprios problemas antes de apontar o dedo aos outros”, acrescentou o mesmo texto.

Também surgiram nas redes sociais chinesas mensagens, algumas em tom irónico, sobre os dis-túrbios de Ferguson.

“Isto são os direitos

humanos nos países de-mocráticos”, escreveu um utilizador da rede social Sina Weibo, um serviço similar ao Twitter criado na China.

LADO PERSAOs acontecimentos em Ferguson também estão a ser seguidos com atenção no Irão, com Teerão a afir-mar que o caso evidencia as divisões raciais nos Estados Unidos e o duplo critério em matéria de direitos humanos.

“A discriminação di-reccionada contra a comu-

nidade negra na América pela polícia e pelo sistema judicial e a repressão de manifestantes (…) são claros exemplos de viola-ções dos direitos humanos das minorias étnicas nos Estados Unidos”, referiu o Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, num comunicado.

Também o guia supre-mo iraniano, Ali Khame-nei, se pronunciou sobre o assunto.

“Hoje, como no pas-sado, os afro-americanos continuam sobre pressão, oprimidos e sujeitos a dis-criminação”, escreveu Ali Khamenei na rede social Twitter.

A 09 de Agosto, um agente da polícia, iden-tificado como Darren Wilson, abateu a tiro Mi-chael Brown, de 18 anos. Testemunhas do incidente

disseram à imprensa local que Brown e um amigo caminhavam pelo meio de uma rua, quando a polícia os mandou parar.

Os protestos e a vio-lência começaram no dia a seguir, quando grandes grupos de pessoas realiza-ram uma vigília no local o jovem foi morto.

De acordo com a im-prensa norte-americana, a autópsia realizada pelas autoridades locais indicou que Brown foi atingido por seis tiros.

O Procurador-geral dos Estados Unidos, Eric Hol-der, ordenou uma segunda autópsia, federal, “devido às circunstâncias extraor-dinárias em torno do caso e a pedido da família de Brown” e prometeu uma investigação transparente, completa, justa e indepen-dente.