hoje macau 8 ago 2014 #3149

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A análise da proposta de Lei de Prevenção do Ruído Ambiental mantém que o barulho das obras dos prédios vai das 8 às 20h. RUÍDO Despertar às 8 HOJE MACAU O projecto de lei de Pereira Coutinho, que visa dar conhecimento à população das convenções e tratados internacionais e dos subsequentes relatórios e análises, foi admitido no hemiciclo e vai a votos para a semana. DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEXTA-FEIRA 8 DE AGOSTO DE 2014 q ANO XIII q Nº 3149 hojemacau CONVENÇÕES INTERNACIONAIS PROJECTO DE DIVULGAÇÃO NA AL PÁGINA 5 DIREITOS PARA TODOS BILL CHOU POLÍTICA PÁGINA 4 REPORTAGEM PÁGINAS 2 E 3 A suspensão do professor da UM começa no dia 20 e estende-se até 31 deste mês. O académico vai apresentar queixa à DSAL e pondera avançar para os tribunais. AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB A MODA DOS VELHOS HÁBITOS MEDICINA TRADICIONAL CHINESA PUB SOCIEDADE PÁGINA 7 Carta da UM na mesa

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Hoje Macau N.º3149 de 8 de Agosto de 2014

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Page 1: Hoje Macau 8 AGO 2014 #3149

A análise da proposta de Leide Prevenção do Ruído Ambiental mantém que o barulho das obrasdos prédios vai das 8 às 20h.

RUÍDODespertar às 8

HOJE

MAC

AU

O projecto de lei de Pereira Coutinho, que visa dar conhecimento à populaçãodas convenções e tratados internacionais e dos subsequentes relatórios e análises,

foi admitido no hemiciclo e vai a votos para a semana.

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 S E X TA - F E I R A 8 D E A G O S T O D E 2 0 1 4 q A N O X I I I q N º 3 1 4 9

hojemacauCONVENÇÕES INTERNACIONAIS PROJECTO DE DIVULGAÇÃO NA AL

PÁGINA 5

DIREITOSPARA TODOS

BILL CHOU

POLÍTICA PÁGINA 4

REPORTAGEM PÁGINAS 2 E 3

A suspensão do professor da UM começa no dia 20 e estende-se até 31 deste mês. O académico vai apresentar queixa à DSAL e pondera avançar para os tribunais.

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PUB

A MODA DOS VELHOS HÁBITOSMEDICINA TRADICIONAL CHINESA

PUB

SOCIEDADE PÁGINA 7

Carta da UMna mesa

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HOJE

MAC

AU

hoje macau sexta-feira 8.8.20142 REPORTAGEMLEONOR SÁ [email protected]

D E acordo com o senso comum, é no continente asiático que a medicina

tradicional chinesa tem mais sucesso, nomeadamente na China. O HM foi saber mais sobre a indústria do tratamento de doenças através de técnicas de medicina oriental, como a conhecida acupunctura.

De acordo com os dados, não há margem para dúvidas: a medicina tradicional chinesa HVWi�HP�YRJD�H�YHLR�SDUD�¾FDU��O número de clínicas exis-tentes no território aumentou VLJQL¾FDWLYDPHQWH� QRV� ~OWL-mos 13 anos, bem como a percentagem de utentes. Só em 2013, foram cerca de 1,7 milhão os atendimentos em consultas de medicina oriental nas 211 clínicas existentes em Macau. Mas será que esta é a realidade?

As opiniões das pessoas com quem o HM falou dividem-se. Parte deles uti-liza a medicina tradicional chinesa há já vários anos, principalmente para curar males como constipações, conjuntivites, dores de cos-tas, estômago, garganta ou rins. No entanto, quando questionados sobre a quem recorrem quando têm sin-tomas de uma doença mais grave, respondem que têm por hábito ir primeiramente aos médicos orientais e só depois aos hospitais. Quatro dos residentes entrevistados disseram não fazer uso da medicina tradicional chi-nesa, apenas utilizando a “medicina mais moderna”, SRU�VHU�PDLV�H¾FD]�H�GHPRUDU�menos tempo a fazer efeito.

Talvez tenha sido pelo facto de estar atrás do balcão de uma farmácia perto do Leal Senado, mas Fong Iong confessou que não tem o hábito de consultar médicos orientais. “Raramente tomo produtos e medicamentos de medicina tradicional chinesa por terem um efeito retardado, em comparação com os ocidentais. Acho que a medicina chinesa tem um efeito muito lento”, disse ao HM, enquanto fumava um cigarro à porta do estabelecimento onde trabalha.

MEDICINA TRADICIONAL CHINESA É VISTA APENAS COMO COMPLEMENTO À MEDICINA OCIDENTAL

Chás, sopas e afinsmedicina chinesa, enquanto os mais novos preferem curas do Ocidente. “Costumo beber alguns chás e sopas e acredito que faz muito efei-to, mas também recorro à ocidental quando tenho um problema mais grave”, disse.

Perto de um centro de saúde, como quem vai para a Ponte 16, encontrámos Choi, um assistente social com 25 anos. Não recorre à medicina tradicional chinesa, mas não descarta a possibilidade de vir a fazê-lo um dia. Tal como Chang, também o jovem considera que os principais destinatários das medicinas do Oriente são pessoas com mais de 60 anos.

HARMONIA DE TRATAMENTOSPensar que a medicina tradicional chinesa e a medicina geral são teórica e praticamente incompa-tíveis é, de acordo com os médicos entrevistados, um erro. “Acredito na combi-nação de terapias das duas vertentes, claro. No caso de alguém que tenha dores de costas agudas ou uma perna partida, por exemplo... Peço que o doente vá ao hospital fazer um raio-X e depois

aconselho o melhor tipo de tratamento, que pode ser um conjunto de sessões de compressas quentes com ervas na zona afectada, ou medicamentos químicos para tirar as dores”, explicou Frederick Tsang, licenciado em Medicina Geral e gestor da sua própria clínica, onde pratica as duas vertentes da medicina. “Normalmente receito uma combinação de diferentes tratamentos”, contou ao HM, de braços pousados num balcão de vidro que mostrava mezi-nhas e ervas secas. Contudo, Tsang não é o único médico a concordar com a harmonia entre as medicinas tradicio-nal chinesa e geral. “No caso de detectar pedras nos rins, por exemplo, posso optar por receitar produtos chineses para ajudar na diluição, ou usar ultra sons para destruir as pedras”, esclareceu.

Também Lo Siu Chi, que tirou o curso de Medi-cina Tradicional Chinesa na Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau �0867��H�H[HUFH�D�SUR¾VVmR�há oito anos, concorda com o uso das medicinas oriental e ocidental. O seu ar jovem não deixa enganar e, ao entrarmos na clínica, cruzamo-nos com uma das clientes. A bata branca – marca indelével da SUR¾VVmR�°�ID]�VH�QRWDU�QXP�cabide ao lado da cama onde são feitos os tratamentos de acupunctura. “Aqui não fazemos massagens porque DFKR�TXH�VmR�LQH¾FD]HV��(X�e o outro médico fazemos acupunctura para minorar dores de costas, de cabeça e de articulações. Também passo receitas de chás e sopas para vários males dos órgãos”, conta.

Na clínica de nome homónimo, o mais impor-tante é fazer com que as pessoas se sintam bem e “o equilíbrio corporal” é chave. Questionada sobre se escolhia a medicina oriental para tratar doenças graves como cancro ou hepatite, Lo respondeu assertivamente. “Não é que acabe sempre por curar completamente, até porque não acredito nis-so. Acho é que pode haver uma combinação das duas medicinas, para aliviar as dores da doença, por exem-

A medicina tradicional chinesa tem registado cada vez mais adeptos, mas de uma coisa não há dúvidas: este tipo de medicina é visto como um complemento à medicina do Ocidente, até porque o seu efeito é considerado bastante mais lento do que o da medicina ocidental. No fundo, é a combinação entre as duas vertentes que mais fãs reúne

Embora Leong Chi Kai, médico e dono da farmácia de produtos orientais “Kai Fat”, tenha dito ao HM que a grande maioria da sua clientela tem mais de 60 anos, a idade não parece ser um facto decisivo para alguns dos residentes, na altura de curar maleitas menos graves, como dores de garganta ou intoxica-ções alimentares. Pelo

que percebemos, estas são exactamente as “doenças” para as quais os residentes procuram solução na medi-cina tradicional: as doenças menos graves.

De auriculares postos, a jovem Rachel, de 26 anos, explicou ao HM que a pri-meira opção são sempre os chás chineses e a terapia ventosa [técnica que utiliza copos de vidro para criar vácuo e aliviar dores e pres-são corporal]. “Bebo muitos chás e de vez em quando vou fazer o tratamento dos copos. Acho que a medicina tradicional chinesa hoje é um bocado uma moda, até porque a maioria das pessoas QmR�FRQ¾D�WDQWR�FRPR�QD�RFL-

dental, que acreditam curar de forma mais profunda”, explicou Rachel.

Optámos por entrar numa das farmácias mais conhecidas de Macau e conversar com Sio Fong, uma das funcionárias. “Ra-ramente faço uso da medi-FLQD�FKLQHVD�SRUTXH�SUH¾UR�terapias de actuação mais rápida”. Disse, contudo, que às vezes faz acupunctura no interior da China. “É mais barato do outro lado e ajuda--me quando tenho dores nas articulações e no pescoço. Sinto-me muito melhor logo a seguir”, explicou.

Chang, a dona de uma loja de bebidas, acha que apenas os mais velhos optam pela

“Raramente tomo produtos e medicamentos de medicina tradicional chinesa por terem um efeito retardado, em comparação com os ocidentais”FONG IONG

“Costumo beber alguns chás e sopas e acredito que faz muito efeito, mas também recorro à ocidental quando tenho um problema mais grave”CHANG Dona de uma loja de bebidas

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hoje macau sexta-feira 8.8.2014 3 reportagem

plo. A acupunctura funciona muito bem em vários casos, mas acredito que a medicina chinesa deve ser, acima de tudo, algo complementar”.

Já o médico e dono da farmácia “Kai Fat”, Leong, discorda da complementari-dade entre as duas medici-nas. “Acho que ambas têm que ser usadas separadamen-te e não acredito que haja um WUDWDPHQWR�EHQp¾FR�FRP�R�uso de ambos”.

‘TÁ NA MODAPara os médicos Lo e Tsang e para a jovem Rachel, a medicina chinesa “está na moda” e é mais popular hoje em dia do que era há dez ou 20 anos. A grande maioria julga que apenas os idosos aderem a este tipo de terapias, mas muitos foram os médicos que confirmaram receber jovens e crianças nos seus consultórios. Os pedidos mais frequentes são, no entanto, os chás e sopas para males frequentes, como enxaquecas, viroses, laringites ou outras que tal. Embora no mundo ocidental a acupunctura seja uma das técnicas mais conhe-cidas, é nos produtos de ervas combinadas que os residentes GD�5$(0�PDLV�FRQ¾DP��

O consultório e laborató-ULR�GH�&KRQ�,HQJ�&KRQJ�¾FD�a meio da Rua Praia do Man-duco, a caminho da Barra. As paredes encontram-se peja-GDV�GH�IRWRJUD¾DV�GH�WHPSRV�idos, obrigando à lembrança de conferências mundiais sobre medicina chinesa e tratamento do reumático e GH� HQFRQWURV� R¾FLDLV� FRP�o último Governador de Macau, Vasco Rocha Vieira. A sala está decorada com posters explicativos sobre os pontos de acupunctura e o cheiro intenso vem da divisão do lado, onde está o laboratório de ervas e pro-dutos chineses. “Fui eu que inventei este medicamento para ajudar as mulheres que WrP� GL¾FXOGDGH� HP� HQJUD-vidar”, diz-nos enquanto mostra sacos com pequenas comprimidos. “Também o receito para doenças cróni-cas como cancro e é feito só com produtos orientais”, exclama orgulhosamente, agitando os saquinhos.

Chan, utente, sai do consultório de Chon com ar apressado, apenas excla-mando que não é bom ser-se demasiado radical, preferin-

do integrar os dois tipos de medicina. Reconhece que toma medicamentos chine-ses para equilibrar “o corpo e a mente”, mas discorda do seu uso para toda a gente. ²0DFDX�¾FD�QR�VXO�GD�&KLQD��onde o tempo é húmido e a medicina chinesa nem sem-pre é adequado para todo o tipo de doenças e pessoas”, explica a cliente assídua do médico.

Também Chon confessa que a medicina tradicional chinesa está a “virar moda” e percorre toda a pirâmide etária, por aquele consultório entrando pequenos e graú-dos. A complementaridade das medicinas ocidental e oriental é mote para a sua carreira, já que acredita que uma não funciona sem a outra. “Gostava que esse fosse um pensamento gene-UDOL]DGR��PDV�¾FR� FRQWHQWH�porque cada vez mais pessoas estão a aderir a esta política, mesmo na Europa”. Chon licenciou-se em medicina tradicional chinesa em Ma-cau, especializando-se em doenças circulatórias e dia-betes. “É bom e vai continuar a desenvolver-se, à medida que a sociedade também for. Também faço terapias modernas, usando máquinas de ultra-som, de magnetismo e de raios infravermelhos”.

Na sua opinião, a medici-na tradicional está a ganhar cada vez mais notoriedade em locais como Estados Unidos, Canadá, Japão ou Alemanha, “onde esta ver-tente não era aceite”.

PADRONIZAR PARA SEMPREEm Macau, a medicina tra-dicional chinesa continua a ser bastante utilizada e é acreditada e licenciada pe-los Serviços de Saúde (SS). Prova disso são parte dos vales de saúde do Programa de Comparticipação nos Cuidados de Saúde dos SS, que englobam esta vertente de tratamentos. O eventual abandono da medicina tra-dicional chinesa em prol da medicina geral tem sido discutido há vários anos.

Em 1993, no Fórum Mun-dial de Saúde, a académica Ooi Giok Ling considerou que havia uma tendência para a investigação laboratorial e química, ao invés de aplicar esforços nos tratamentos em si. De acordo com Ooi, que referiu um estudo da altura, “a grande maioria das pessoas consulta somente especialistas de medicina oriental”, embora outra gran-de percentagem combine as duas teorias - muitas vezes depois de não terem obtido resultados satisfatórios ape-nas com a lógica oriental.

As previsões de Ooi tra-çavam um futuro pouco riso-nho para a medicina oriental. ²e�UDUR�KDYHU�FRQ¾DQoD�WRWDO�na medicina tradicional chi-nesa, em comparação com o seu uso combinado com a medicina ocidental. É a DXWR�PHGLFDomR�TXH�MXVWL¾FD�o facto da venda a retalho ser o elemento mais rele-vante na medicina chinesa tradicional”, explica Ooi, no documento. “Esta situa-ção permite levantar sérias dúvidas sobre o futuro da medicina tradicional chine-sa”, concluiu a académica, em 1993.

No entanto, de acordo com os testemunhos e dados recolhidos pelo HM, apesar da medicina tradicional chinesa ser vista como um complemento à medicina dita ocidental, os residen-tes adeptos da medicina tradicional chinesa estão a aumentar, bem como as clínicas dedicadas a esta vertente de tratamentos.

No ano passado, e de acordo com dados dos SS e da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, existiam quase 14 vezes mais mestres de medicina chinesa do que em 2000, ano em que havia 168. Em 2013, Macau con-WDYD� FRP����� SUR¾VVLRQDLV�da área, incluindo especia-listas em produtos chineses (chás e sopas medicinais) e acupunctura, massagistas e médicos. Também o número registado de utentes em 2013 DXPHQWRX�VLJQL¾FDWLYDPHQ-te, fazendo com que de 439 mil atendimentos no ano 2000, se registassem mais de um milhão nas 211 clínicas e centros existentes em Macau.

Contudo, Tsang, que

gere a clínica que junta as vertentes ocidental e oriental, considera que é difícil criar padrões. “É complicado padronizar to-dos os níveis da medicina tradicional chinesa em todo o mundo, principalmente no que toca aos medicamentos. Na medicina geral, são criados medicamentos que se adequam a nível geral e servem para milhões de pessoas, mas o caso muda GH�¾JXUD�QR�TXH�GL]�UHVSHLWR�à medicina tradicional chi-nesa... É que não se pode padronizar os tratamentos, porque cada caso é um caso e todas as pessoas reagem de forma diferente a um mesmo produto”, explicou o especialista ao HM.

Em Dezembro do ano passado, e tal como noticia-do pelo HM, a Organização Mundial de Saúde (OMS), apoiada pelo Governo Cen-tral e por Hong Kong, traçou um plano estratégico sobre a medicina tradicional para todos os Estados membros, que delineia as principais políticas e planos de acções a estabelecer entre este ano e 2023. O intuito é reforçar o emprego dos mais variados tipos de medicinas tradicio-nais a nível mundial. Em Por-tugal e na grande maioria dos países europeus, a medicina tradicional chinesa apenas funciona a nível privado e os especialistas desta área não estão aptos para trabalhar em Portugal, pois não existe uma legislação sobre o tema. Neste locais, a medicina tra-dicional chinesa é entendida, a par com a Naturologia, a Quiroprática ou a Osteopatia, como uma medicina com-plementar. É precisamente contra isso que a OMS está a lutar, para que seja possível equiparar as medicinas tradi-cionais – incluindo a chinesa – à medicina ocidental geral.

O PARQUE DAS CURASHoje em dia, não é apenas a OMS que reúne esforços para um uso mais expansivo da medicina tradicional chi-nesa. Macau está na linha da frente, no que diz respeito à investigação nesta área. Foi em 2011 que surgiu a ideia GH�FULDU�R�3DUTXH�&LHQWt¾FR�e Industrial de Medicina Tra-dicional Chinesa, integrado no Acordo de Cooperação entre Macau e a província de Guangdong. O projecto, que se pretende que seja um espaço inteiramente dedi-cado ao estudo e prática de medicina tradicional, já está em moção na Ilha da Mon-tanha, território chinês.

“Acredito na combinação de terapias das duas vertentes, claro”FREDERICK TSANG Licenciado em Medicina Geral

“Acho que ambas têm que ser usadas separadamente e não acredito que KDMD�XP�WUDWDPHQWR�EHQp¾FR�FRP�R�uso de ambos”LEONG Médico e dono da farmácia “Kai Fat”

²0DFDX�¾FD�QR�VXO�GD�&KLQD��RQGH�R�tempo é húmido e a medicina chinesa nem sempre é adequado para todo o tipo de doenças e pessoas”CHAN

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4 hoje macau sexta-feira 8.8.2014POLÍTICA

O S deputados da 1ª. Co- missão Permanente da Assembleia Le-

gislativa (AL) concluíram a análise da proposta de Lei de Prevenção do Ruído Ambien-tal, tendo sido feitas alterações ao período de tempo em que não pode ser feito barulho por “actividades quotidianas e animais de estimação”. É agora proposto o silêncio entre as 22h e as 9h da manhã, quando a versão inicial do diploma previa a ausência de barulho até às 8h.

Contudo, em relação aos barulhos emitidos por obras no exterior dos prédios de ha-bitação, manteve-se a proposta inicial apresentada pelo Execu-tivo, entre as 20h e 8h. A maioria dos deputados discorda.

“C ONCLUÍMOS o nosso parecer e iremos apresentar ao presidente da Assembleia Legislativa (AL)”,

informou ontem o deputado Vong Hin Fai, que preside à Comissão de Regimento e Mandatos da Assembleia Legislativa. Em causa está o pedido de análise jurídica pedida pelo presidente da AL, Ho Iat Seng, para saber se a proposta de Lei de Protecção dos Animais pode ou não dar HQWUDGD�R¾FLDO�QR�KHPLFLFOR��GHSRLV�GR�chumbo do projecto dos deputados José Pereira Coutinho e Leong Veng Chai.

$� HQWUDGD� R¾FLDO� GR� GLSORPD�� SDUD�efeitos de votação e análise, foi suspensa, e continua assim, por motivos jurídicos. Isto porque, segundo o artigo 109º do Regimen-to da AL, dois projectos de lei semelhantes, neste caso, a proposta de projecto de lei

ANDREIA SOFIA [email protected]

É certo que ainda não existe consenso, mas alguns dos deputados que compõem a Comissão de Acompanha-

mento para os Assuntos da Admi-nistração Pública pedem mudanças profundas na forma como está a ser feito o combate às pensões ilegais. Uns pedem que a polícia passe a fazer todo o trabalho, outros defendem mais SRGHUHV�SDUD�RV�¾VFDLV�GD�'LUHFomR�GRV�6HUYLoRV�GH�7XULVPR��'67���

LEI DO RUÍDO OBRAS VÃO MESMO COMEÇAR A PARTIR DAS 8H

Ganham os bate-estacasLEI DOS ANIMAIS DECISÃO COM O PRESIDENTE DA AL

Batata quente nas mãos

A Comissão para os Assuntos da Administração Pública defende mudanças na forma de combate ao alojamento ilegal: ou é a polícia que passa a fiscalizar essa área, ou são os fiscais dos Serviços de Turismo que passam a ter mais poderes. Governo e PJ prometem estudar mudança da lei e não afastam a possibilidade de criminalização das pensões ilegais

PENSÕES ILEGAIS DEFENDIDA TRANSFERÊNCIA PARA AUTORIDADES POLICIAIS

Criminalização em cima da mesa

“Segundo os dados, em cada ano maisde 50% das pensões ilegais estão envolvidasem crimes e há uma tendência de aumentodo número de crimes existentes”CHAN MENG KAM Deputado

“Será que é necessário alterar a lei e reforçar os poderes dos serviços competentes? Muitos deputados su-geriram mesmo reforçar a competên-FLD�H�RV�SRGHUHV�GD�'67��6HUi�TXH�Ki�necessidade de devolver o direito de execução da lei aos polícias?”, ques-tionou Chan Meng Kam, deputado que está à frente da Comissão. Con-tudo, “alguns deputados consideram que nem todas as coisas devem ser devolvidas aos polícias”, esclareceu.

A reunião de ontem na Assem-bleia Legislativa serviu ainda para se discutir a possibilidade de cri-

minalização da prestação ilegal de alojamento. “O Governo não afasta a possibilidade, mas disse que, no caso das pensões ilegais, há diferentes trâ-mites a tratar e sem a ajuda da Polícia de Segurança Pública (PSP) não se consegue resolver os trabalhos. Será que devem ser devolvidos todos para D�363�RX�SDUD�D�'67"³��IULVRX�DLQGD�Chan Meng Kam.

'D� UHXQLmR� QmR� VDLX�� FRQWXGR��nenhuma decisão concreta, estando a Comissão a preparar um relatório sobre as pensões ilegais, a apresentar no próximo dia 15. Representantes da polícia e do Governo garantiram que vão analisar a situação.

“O Governo reiterou várias ve-zes que tem prestado muita atenção ao assunto e que existe margem de melhoria da lei. Mas o Governo diz que necessita de algum tempo para realizar estudos profundos

“A Comissão entende, quase por unanimidade, que o referido período deve ser adequadamente prolongado. O proponente [Governo] come-çou por acolher o prolongamen-to daquele período até às 9h do dia seguinte. No entanto, tendo em conta as opiniões contra apresentadas pelo sector [da construção] e o equilíbrio de interesses das diversas partes, D�YHUVmR�¾QDO�GD�SURSRVWD�GH�lei manteve o referido período, durante o qual é proibida a execução de quaisquer obras de cravação de estacas”, pode ler-se no parecer da Comissão a que o HM teve acesso.

Em relação ao barulho provocado por obras de re-paração ou construção em edifícios habitacionais, quer VHMD�GXUDQWH�D�VHPDQD��¾QV--de-semana ou feriados, será proibido entre as 19h e as 9h, caso o projecto de lei seja aprovado na especialidade.

Uma das novidades conti-das neste diploma é a introdu-ção da regulação do barulho

oriundas de “actividades da vida quotidiana e animais de estimação em edifícios habi-tacionais”. Contudo, não foi GH¾QLGR�XP�PRQWDQWH�¾[R�SDUD�multas nestes casos, já que os deputados entenderam que “a IRUPD�PDLV�H¾FD]�GH�UHVROYHU�D�questão é, em primeiro lugar, o queixoso dialogar com a pessoa que está a produzir o ruído” e “não é razoável determinar um PRQWDQWH�¾[R�SDUD�DV�PXOWDV³��

No que diz respeito às sanções a aplicar sobre ruídos de obras, os valores passaram de 10 a 50 mil patacas, cons-tantes na lei em vigor, para 100 a 200 mil patacas. “O pro-ponente [Governo] explicou que a principal razão para a ¾[DomR�GH�PXOWDV�PDLV�HOHYD-das para as obras e trabalhos de construção civil se deve ao facto do ruído produzido ser o que mais afecta a saúde e tranquilidade quotidiana dos residentes”, pode ler-se.

A lei vai subir a plenário na quarta-feira, para ser anali-sada na especialidade. - A.S.S.

apresentado pelos deputados em Fevereiro e proposta da mesma lei pelo Executivo em Junho, não podem ser apresentadas na mesma sessão legislativa.

Também a Comissão concorda que os projectos são idênticos. “Face ao artigo número 109º do regimento [da AL], a Comissão entende que as iniciativas são idênticas”, revela Vong Hin Fai, que diz, por isso, que “neste caso opera a inibição da iniciativa”.

O presidente da Comissão adiantou ain-da que o parecer que revela esta conclusão “reuniu a votação da maioria dos membros da Comissão e deputados assistentes”. Para Vong Hin Fai, a solução deste “impasse” passa pela revisão do artigo em causa, no Regimento da AL, até porque a Lei Básica permite que tanto deputados, como Go-verno possam apresentar propostas de lei, o que entra em discordância com o artigo 109º do Regimento.

Por isso, a Comissão considera que, numa eventual revisão do regimento da AL, se deve ter em conta todas as partes envolvidas - deputados e Governo - de modo a que a mesma tenha em conta o “enquadramento constitucional vigente”. A decisão cabe, agora, a Ho Iat Seng. (QTXDQWR�LVVR��RV�DQLPDLV�¾FDP�HP�¾OD�de espera. - Hoje Macau

sobre as opiniões apresentadas”, explicou o deputado.

CADA VEZ MAIS PENSÕES Os deputados pedem uma actuação rápida por parte do Executivo, uma vez que consideram que, desde 2010, houve uma proliferação de pensões ilegais no território. “As pensões ilegais estão a alastrar-se HP�0DFDX��$QWLJDPHQWH�¾FDYDP�junto aos casinos mas estão a passar para outras zonas residenciais”, disse Chan Meng Kam, frisando que “mais de metade das pensões ilegais estão envolvidas no crime”.

2�GHSXWDGR�IH]�HVWDV�D¾UPDo}HV�com base em dados fornecidos pela PSP e Polícia Judiciária. Se os casos que vão parar à PJ são poucos, a mesma situação não acontece com a PSP, que tem registado um aumento desde 2010. Este ano registaram-se 49 casos, mas os números aumen-taram para 115 em 2013. Até 24 de Abril deste ano, a PSP actuou em 45 casos. A PJ adiantou ainda à comissão que 57 dos 60 casos acabaram por ser encaminhados para o Ministério Público, sendo que apenas sete foram arquivados.

“Segundo os dados, em cada ano mais de 50% das pensões ile-gais estão envolvidas em crimes e há uma tendência de aumento do número de crimes existentes [nes-tes locais]. A maior parte dos casos tem a ver com furto, acolhimento e prostituição”, explicou Chan Meng Kam.

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TIAG

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ARA

5 políticahoje macau sexta-feira 8.8.2014

JOANA [email protected]

A Assembleia Legislativa (AL) analisa na próxi-ma quarta-feira mais um projecto de lei de

José Pereira Coutinho, admitido esta semana pelo presidente do hemiciclo, Ho Iat Seng.

O projecto de Lei da Promoção, Sensibilização e Divulgação dos Tratados dos Direitos Humanos e Convenções da Organização Interna-cional do Trabalho (OIT) tem como objectivo fazer com que as pessoas de Macau saibam não só quais as convenções que a RAEM assina, mas

FLORA FONG [email protected]

C HU Lam Lam, directora dos Serviços da Reforma Jurídica e do Direito Internacional

(DSRJDI), assegura que Macau “não tem condições” para criar um sistema centralizado de produção le-gislativa, algo que vem a ser pedido por muitos deputados. A responsá-YHO�D¾UPD�R�QXPD�UHVSRVWD�D�XPD�interpelação escrita do deputado Ho Ion Sang.

O Governo não tem o objec-tivo de mudar a actual forma de HODERUDomR�GDV�OHLV��FRQ¾UPD�&KX�Lam Lam, porque, em primeiro lugar, deve-se tratar dos trabalhos urgentes e só depois discutir a forma de como são feitos esses trabalhos. Para a directora da DSRJDI, não é necessário criar

Governo vai regular níveis de toxicidade de alimentos importadosJá foi analisado pelo Conselho Executivo o projecto de regulamento administrativo sobre os “limites máximos de radionuclídeos nos géneros alimentícios”, que vem complementar a nova Lei de Segurança Alimentar, em vigor desde Outubro do ano passado. Segundo uma nota oficial ontem divulgada, os alimentos contaminados com radionuclídeos constituem um dos relevantes factores que afectam a segurança alimentar. “Nos últimos anos têm ocorrido acidentes nucleares de grande dimensão, tendo sido a causa de contaminação de géneros alimentícios e de fontes de água por radionuclídeos”, pelo que o Governo pretende “preservar a saúde da população”. O novo regulamento administrativo pretende regular não só os níveis máximos destas substâncias como definir padrões de fiscalização e avaliação dos alimentos importados de regiões “com registos de ocorrências de incidentes nucleares”.

REFORMA JURÍDICA DSRJDI NÃO QUER ALTERAR MODO DE ELABORAÇÃO DAS LEIS

Para pior já basta assim

“Parece claro que as entidades internacionais já não acreditam nas promessas sem cumprimento da RAEM”PEREIRA COUTINHO Deputado

É mais um projecto de lei de José Pereira Coutinho que sobe ao hemiciclo para ser analisado. Este versa sobre a obrigatoriedade de serem dadas a conhecer convenções e tratados internacionais e respectivos relatórios e análises internacionais

PEREIRA COUTINHO PROJECTO DE LEI SOBRE CONVENÇÕES INTERNACIONAIS NA AL

A votar para a semana

este sistema – cuja ideia era fazer com que as leis fossem criadas num local apenas e com o apoio dos serviços competentes para minimizar o tempo de elaboração das legislações -, porque a forma como é conduzido o sistema de HODERUDomR�GH�OHLV�Mi�²p�H¾FD]³���

“A RAEM tem sempre alta atenção na coordenação dos tra-balhos legislativos e o Governo aprovou um critério claro dos trabalhos”, defendeu Chu, que diz também que as leis surgem dependendo das necessidades reais e objectivos da sociedade. No caso de razões mais urgentes, diz, “o Governo entrega as pro-postas excepcionais à Assembleia Legislativa”.

Ho Ion Sang apontou, em Junho, que os resultados dos traba-lhos de coordenação da produção

legislativa são pouco satisfatórios e apelou a um “sistema central de produção legislativa”, o qual é pedido por diversos deputados. Actualmente, são os serviços de cada área que têm de criar as leis, que depois são enviadas para outros departamentos do Governo para serem aperfeiçoa-dos, ao Conselho Executivo e só depois ao hemiciclo. Chu Lam Lam rejeita e diz na resposta que os departamentos e quem faz as leis têm em conta as necessidades reais, para que as leis tenham mais coerência e relevância. Chu Lam /DP�D¾UPD�WDPEpP�TXH��QRV�~O-timos anos, através do auxílio dos departamentos jurídicos as coisas WrP�IXQFLRQDGR�GH�IRUPD�H¾FD]��

Contudo, além de reforçar a coordenação interna, a DSRJDI D¾UPD� DLQGD� TXH� YDL� SURPRYHU�

uma comunicação melhor com a Assembleia Legislativa, coor-denando melhor a relação entre os projectos legislativos e outras propostas mais urgentes.

também os resultados dos relatórios internacionais sobre Macau.

“É preciso que a população que aqui mora e trabalha, com BIR ou com ‘blue card’, tenha um melhor conhecimento dos seus direitos humanos e das leis internacionais que estão vigentes em Macau. E é preciso educar os alunos nas escolas para que conheçam os seus direitos políticos e civis”, salienta R�GHSXWDGR�QD�QRWD�MXVWL¾FDWLYD�TXH�acompanha o projecto.

O diploma proposto é composto por poucos artigos, que frisam, por exemplo, a obrigatoriedade de a RAEM promover e divulgar os tratados e convenções e os direitos que esses atribuem às pessoas, a promoção ser feita através de uso dos média e de novas tecnologias H�QmR�Vy�QDV�OtQJXDV�R¾FLDLV��PDV�

também “outras línguas adequa-das”, junto das comunidades de imigrantes.

Outro dos artigos no projecto diz respeito a uma das críticas que tem vindo a ser feita constantemen-te por Pereira Coutinho: a falta de divulgação da parte do Governo

dos relatórios das entidades inter-nacionais sobre Macau e as respos-tas do território. “A RAEM tem o dever (...) de promover e divulgar os relatórios apresentados e as posteriores análises feitas relativas aos tratados de Direitos Humanos e Convenções da OIT.”

Pereira Coutinho refere que os relatórios da ONU e da OIT “têm piorado” e considera que isso se deve ao facto de as pessoas não saberem o que tem de ser cumprido. O Governo, acusa ainda, também não cumpre o que promete. “As en-tidades internacionais prestam cada vez mais atenção à RAEM nestas questões e são cada vez mais duras na apreciação que fazem, sendo que tem havido situações de muito clara actuação contra os tratados dos Direitos Humanos e os tratados da

OIT”, frisa Pereira Coutinho. “Tam-bém parece claro que as entidades internacionais já não acreditam nas promessas sem cumprimento da RAEM. Por exemplo, quantas vezes o Governo prometeu a elaboração de uma lei sindical? E acabar com a discriminação das mulheres? E combater a discriminação contra os trabalhadores sujeitos ao regime de ‘blue card’? E o que o Governo fez efectivamente sobre isto? Nada, ou quase nada.”

Caracterizado como um projec-to de lei “simples, mas com amplo VLJQL¾FDGR³�SHOR�GHSXWDGR��R�GL-ploma proposto viria, na opinião de Pereira Coutinho, colmatar alguma LQVX¾FLrQFLD� QD� IRUPDomR� FtYLFD�e política dos alunos de Macau. O deputado pede a aprovação do projecto pelos colegas do hemi-ciclo, comprometendo-se a fazer melhorias no diploma se este for aprovado na generalidade.

O projecto será analisado na quarta-feira, às 15h, a par de outros dois. A proposta de Lei de Preven-ção e Controlo do Ruído Ambiental também sobe ao hemiciclo para ser aprovada na especialidade, ao mes-mo tempo que a alteração à Lei da Actividade de Mediação Imobiliária.

(VWD�~OWLPD�YDL�SHUPLWLU�TXH�RV�agentes imobiliários com agências em estabelecimentos residenciais tenham licença e tenham cinco anos para mudarem para prédios de comércio, algo que não era permitido na lei anterior.

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hoje macau sexta-feira 8.8.20146 SOCIEDADE

O deputado José Pereira Coutinho defende que as licenças de jogo “devem ser atribuídas

a todos os casinos” e não a cada operadora. Isso mesmo disse o de-putado ao HM, depois de assegurar que o “Governo pretende emitir mais seis licenças, transformando as três subconcessões em concessões”. A atitude é criticada pelo também presidente da Associação dos Tra-balhadores da Função Pública de Macau (ATFPM).

Para Pereira Coutinho, a atri-buição de licenciamento de jogo a todos os casinos – de forma in-dividual - vai permitir “um maior controlo sobre o funcionamento das salas VIP”. Pelo menos, maior do que o que se faz sentir agora, frisa o deputado.

“Nós [ATFPM] consideramos que o Governo deve ouvir a popu-

Homem preso por suspeita de YLRODomR�GD�¾OKDO Ministério Público (MP) decidiu prender preventivamente um homem de 48 anos por suspeita de ter tentado violado a própria filha, com 14 anos. O caso terá ocorrido no passado dia 25 de Junho, tendo a vítima “resistido e o suspeito [acabado por] deixá-la ir”. O mesmo comunicado do MP refere que a menina, a 24 de Julho, “contou à assistente social da Casa da Juventude sobre o incidente, que foi relatado à polícia” e que o “suspeito admitiu as suas acções ilegais”.

Criadas 2580 empresas no primeiro semestreDados divulgados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) revelam que foram criadas 2580 empresas no território entre Janeiro e Junho, um aumento de 20,9% face ao igual período de 2013. O capital social destas empresas cifrou-se nas 1,33 mil milhões de patacas, um aumento de 306,2% face a 2013. Os mesmos dados mostram ainda que, nos primeiros seis meses do ano, se dissolveram 285 sociedades. De entre as velhas e novas empresas criadas, havia, no final de Julho, um total de 46.048 sociedades registadas, o que perfaz mais 4.400 empresas por ano. A maioria das empresas ligadas pertence ao sector do comércio por grosso e a retalho e ainda da área de prestação de serviços a outras empresas.

)DOWD�GH�URFKD�atrasa ponte Hong Kong-�0DFDX�=KXKDLA nova ponte que vai ligar as regiões de Hong Kong, Macau e Zhuhai está atrasada devido à falta de rocha, oriunda do continente. A notícia foi avançada pelo jornal Oriental Daily e citada pela edição online da revista Macau Business. A falta desse material faz com que não possam ser construídas as estruturas que suportarão a ponte a partir do mar. O HM tentou confirmar a informação com o Governo de Macau, mas não foi possível até ao fecho desta edição. A inauguração da ponte está prevista para 2016.

OS� ¾VFDLV� GRV� 6HUYLoRV� GH�Saúde (SS), em parceria

com a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), multaram 233 pessoas apanhadas a fumar em zonas proibidas nos casinos, sendo que 94,8% eram homens. Dessas pessoas, 184 eram turistas, enquanto que apenas 49 eram residentes. No total, desde Janeiro até ao passado dia 31 de -XOKR�� RV� ¾VFDLV� UHDOL]DUDP�����inspecções nos casinos.

No mesmo período de tempo, IRUDP�IHLWDV�PDLV�GH�����PLO�LQV-pecções a estabelecimentos, com XPD� PpGLD� GH� ���� LQVSHFo}HV�GLiULDV��DSRQWD�XPD�QRWD�R¾FLDO��No total, foram apanhadas a fumar em locais proibidos mais de 4800 pessoas. Desde que a lei entrou em vigor, em Janeiro de ������IRUDP�IHLWDV�PDLV�GH�����mil inspecções a estabelecimen-tos, tendo sido registadas quase 21.200 infracções. Os ciber-cafés

continuam a ser os espaços onde são registadas mais violações à lei, com 19,9% dos casos. Locais com máquinas de jogo registam 18,2% dos casos. Outras acusações, ������GHODV��IRUDP�HPLWLGDV�na zona do Tap Seac, “o que constitui o maior número de casos de infracção”. Cerca de ������GDV�SHVVRDV�Mi�SDJDUDP�D�multa a que foram sujeitas desde o início do ano.

JOGO PEREIRA COUTINHO DEFENDE LICENÇAS DE JOGO PARA CADA CASINO

Que todas sejam concessionárias

“Se o Governo avançar com o aumento das licenças, então deve ser atribuída a todos os casinos”PEREIRA COUTINHO Deputado

233 multas por fumar nos casinos em zonas proibidas

lação de Macau e se efectivamente existir esta vontade de atribuir mais licenças, então defendemos que deve ser dada a todos os casinos, tal como acontece em Las Vegas”, defendeu o deputado ao HM.

Recorde-se que as concessões de jogo foram atribuídas, por con-curso, em 2002, à Sociedade de Jogos de Macau (SJM), à Galaxy e à Wynn Resorts. Esses contratos de concessão foram alterados, no ¾QDO�GR�PHVPR�DQR��SHUPLWLQGR�VH�a exploração de jogos mediante subconcessões. A primeira foi atribuída à Venetian pela Galaxy, GHSRLV�j�0*0�SHOD�6-0��HP�������e à Melco, cedida pela Wynn, em 6HWHPEUR�GH������

A questão das subconcessões tem levantado ondas na sociedade. $LQGD�QR�¾QDO�GR�PrV�SDVVDGR��D�Associação Novo Macau (ANM) apresentou uma queixa junto do

Ministério Público e ao Comissa-riado contra a Corrupção, pedindo uma investigação ao Secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam, e ao antigo Chefe do Executivo, Edmund Ho. Para a ANM, a responsabilidade das três subconcessionárias funcionarem de forma “autónoma e independente”, tal como as três concessionárias, sem nunca terem ido a concurso

público, é do ex-Chefe do Execu-tivo e do actual Secretário, que a ANM pede que sejam investigados criminalmente por abuso de poder e possível corrupção.

Tal como foi noticiado, esta queixa surgiu depois de uma no-tícia do jornal Business Daily ter tornado público o conteúdo de uma carta de Francis Tam, endereçada a um banco na Nova Escócia, Canadá, onde era explicado que a concessionária Galaxy e a sua subconcessionária Venetian são independentes. “A Venetian Macau S.A. pode explorar jogos de sorte e azar e de outro tipo em casino, em Macau, autonomamente da Galaxy Casino S.A., até mesmo no caso de termo ou extinção do contrato de concessão da Galaxy Casino S.A.”, podia ler-se.

Era ainda referido no documen-to que as “obrigações da Venetian Macau, como subconcessionária, são directamente para com o Gover-no de Macau” e não perante a ope-radora que cedeu a subconcessão.

“Estamos sempre a ouvir o Governo dizer que em Macau só há três concessionárias de jogo e que as outras três são subconces-sionárias. Mas é a primeira vez que temos um documento que diz explicitamente qual é a natureza das subconcessões”, defendeu o então presidente da ANM, Jason Chao, na altura.

José Pereira Coutinho vem agora reforçar a necessidade de esclareci-mento sobre o assunto que, segundo o deputado, “é um assunto muito importante” e os habitantes têm o direito de se pronunciar sobre ele. “Se o Governo avançar com o aumento das licenças, então deve ser atribuída a todos os casinos”, reforçou.

No programa entregue ao Chefe do Executivo, no encontro que o deputado teve esta semana com Chui Sai On, é pedido que o líder do Executivo “ouça as opiniões da população”sobre as subconces-sões. - HM

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7 sociedadehoje macau sexta-feira 8.8.2014

D EPOIS do enorme si- lêncio por parte da Universidade de Macau (UM), a data de início

da suspensão do professor Bill Chou já é conhecida: 20 de Agosto.

Bill Chou soube agora, de IRUPD�R¾FLDO�� R�PRWLYR�GR� VHX�castigo, que está ligado a assuntos políticos, como se suspeitava.

“Na carta é explicado que eu ¾FR�VXVSHQVR�SRU�WHQWDU�LPSLQJLU�aos meus alunos os meus ideais políticos”, diz ao HM.

&RQ¾UPD�VH�� DVVLP�� R� TXH�se suspeitava, o professor de Ciência Política cumprirá um castigo pela suas “participações em assuntos políticos” que, se-JXQGR�D�XQLYHUVLGDGH��LQ¿XHQFLD�os alunos do académico.

O professor disse ao HM

J AMES Murren, pre-sidente e director--executivo da MGM

Resorts International ad-mitiu que o novo casino da operadora no Cotai pode não abrir tão cedo quanto o esperado. De acordo com a revista Macau Business, que cita o responsável numa conferência de im-prensa, Murren terá con-¾UPDGR�TXH�D�RSHUDGRUD�“teve problemas em obter licenças de construção”. Algo avançado a semana passada pelo HM, mas que foi negado pela empresa de jogo.

De acordo com Mur-ren é certo que a abertura se dê em 2016, mas “será

melhor ser um pouco mais geral neste momento, do que apontar uma data concreta”.

Entretanto, Grant Bowie afirmou ao site GGRAsia que há atraso nos procedimentos das obras no Cotai. “Temos todas as licenças que pre-cisamos para continuar o processo de construção, mas claramente, como se

pode observar, o processo de conseguir todas as aprovações subsequen-tes – para todos – ainda é algo que teremos de enfrentar”, disse Bowie, citado pelo site dedicado ao jogo. “Como qualquer projecto de construção, há uma série de processos em curso de aprovação. Por exemplo, em primeiro lugar temos que obter a terra, depois a licença de fundação e depois as aprovações para a estru-tura e depois, obviamente, a [licença de operação].”

O HM já tinha avan-çado que algumas obras no Cotai poderiam parar, devido à falta de actualiza-

ção das licenças, que não permitiam que o empreen-dimento crescesse após um determinado andar. A MGM assegurou que tudo estava a caminhar dentro dos normais procedimen-tos, mas agora admite estar à espera, então, de apro-vações para certas obras.

A MGM Macau anun-ciou lucros líquidos de 3,035 milhões de dólares de Hong Kong, no pri-meiro semestre deste ano, mais 23% do que no mes-mo período de 2013. De acordo com os resultados da companhia, as receitas líquidas subiram 12% para 13,724 milhões de dólares de Hong Kong. - HM

CERCA de 600 trabalhadores da Sands China – de acordo com

a organização - manifestaram-se ontem junto ao casino Sands, na-quela que é a segunda manifestação contra a operadora. A Forefront of the Macau Gaming foi, mais uma vez, a organizadora do protesto, o segundo esta semana – depois de um contra a Galaxy – e o segundo contra a Sands, depois de um em frente ao Venetian, na semana passada.

Os trabalhadores pedem aumen-tos de 10% nos salários, mas também de melhores condições laborais, que incluem melhores horários.

Entretanto, a Sands China voltou a emitir um comunicado onde diz lamentar que os trabalhadores da

empresa tenham decidido voltar a manifestar-se. “A Sands China lamenta que a mesma associação tenha decidido voltar a protestar-se fora do Sands Macao para fazer ouvir as preocupações e opiniões de alguns dos trabalhadores da indústria do jogo de Macau”, lê-se no documento. A Sands continua a garantir que tem um plano em moção, que consiste na recolha das opiniões dos funcionários para a melhoria da estrutura de toda a equipa e refere ainda que toda a equipa teve um aumento anual de 13,3% dos ordenados.

A Forefront of the Macau Ga-ming assegura que mais manifesta-ções podem vir a ser feitas contra outras operadoras, como a MGM, a Wynn, a SJM e a Melco. O pre-sidente da associação advertiu que já recebeu mensagens de pessoas de outros casinos a reivindicar os mesmos direitos.

Jardim da Flora Aprovadas cinco empresas para obras A Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) admitiu, por via de um concurso público, cinco empresas para a reconstrução de um tanque coberto abandonado, situado no Jardim da Flora. As propostas variam entre as 17 e as 30 mil patacas e o prazo de execução do projecto será de 300 dias. Segundo um comunicado oficial, a DSSOPT pretende, com esta construção, “elevar a capacidade de retenção de águas para responder às situações de ameaça do abastecimento de águas” e “às exigências da Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água”. A obra pretende ainda “elevar o volume de retenção de águas de Macau e reforçar a capacidade de alocação da quantidade de água, no sentido de responder as situações de ameaça do abastecimento de águas”. A obra deverá ainda criar 20 postos de trabalho.

Autocarros Lam U Tou TXHU�¾VFDOL]DomR�DXWRPiWLFDO vice-presidente da Associação Choi In Tong Sam, Lam U Tou, considera que o modelo de autocarros não satisfaz as necessidades da sociedade. Lam diz que a culpa é da insuficiência da fiscalização da parte da Direcção dos Serviços de Assuntos de Tráfego (DSAT), apela a que as autoridades implementem um sistema de supervisão completamente automático nos serviços de autocarros.

UM SUSPENSÃO DE BILL CHOU LIGADA A ASSUNTOS POLÍTICOS

Castigo está oficializado

“Na carta é explicado que eu ¾FR�VXVSHQVR�SRU�tentar impingir aos meus alunos os meus ideais políticos”BILL CHOU Professor de Ciência Política

MGM À ESPERA DE APROVAÇÕES PARA O COTAI, ADMITE GRANT BOWIE

Lucros continuam a subirJogo Segunda manifestação contra a Sands

Já era esperado e confirma-se : o castigo aplicado professor da UM prende-se com motivos políticos. A punição entra em vigor, numa primeira fase, a 20 de Agosto e decorre até ao fim do mês. O docente vai para já apresentar queixa à Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais e só depois decide se avança para os tribunais

que recebeu uma carta por parte dos Recursos Humanos da UM a explicar que a suspensão será dividida em duas fases, sendo que a primeira decorrerá entre 20 a 31 de Agosto, dia em que acaba o seu contrato laboral com a instituição de ensino superior. A segunda ainda “não tem data marcada”.

Pela segunda vez, Bill Chou tentou apresentar um recurso à decisão de suspensão ao Con-selho da UM, mas de pouco adiantou. A resposta do presi-dente do Conselho, Peter Lam, indicava que o órgão “não tem competência para analisar o caso”, como conta o professor ao HM.

“Agora vou apresentar uma queixa à Direcção dos Servi-

ços para os Assuntos Laborais (DSAL), segundo conselhos dos meus advogados. Tal como eles dizem, esta é uma decisão politicamente discriminató-ria”, revela.

O professor explica ainda

que, para já, vai “aguardar a resposta da [DSAL]” e só depois vai ponderar, juntamente com os seus advogados, se irá avançar para tribunal ou não.

Recorde-se que foi em De-zembro de 2013 que Bill Chou recebeu uma carta da UM rela-tiva a uma audiência disciplinar. Carta essa que surgiu depois do professor ter anunciado que era membro da Associação Novo Macau (ANM), com a qual participou em várias iniciativas pró-democratas antes da cam-panha eleitoral dos deputados. Já na altura, Bill Chou defendia que a “única explicação” que encontrava para justificar a audiência seria a sua partici-pação em actividades do foro político. - HM

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hoje macau sexta-feira 8.8.20148 publicidade

Aviso

Faz-se público que, por despacho de S. Ex.a o Chefe do Executivo, de 15 de Ju-lho de 2014, e nos termos do disposto na Lei n.º 14/2009 (“Regime das carreiras dos trabalhadores dos serviços públicos”) e no Regulamento Administrativo n.º 23/2011 (“Recrutamento, selecção, e formação para efeitos de acesso dos trabalhadores dos serviços públicos”), se acha aberto o concurso comum, de ingresso externo, de pres-tação de provas, para o preenchimento de um lugar de técnico de 2.ª classe, 1.º esca-lão, área de relações públicas, da carreira de técnico, em regime de contrato além do quadro do Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais.

$YLVR�GH�DEHUWXUD�IRL�SXEOLFDGR�QR�%ROHWLP�2¿FLDO�GD�5HJLmR�$GPLQLVWUDWLYD�Especial de Macau n.° 32, II Série, de 06 de Agosto de 2014. O prazo para a apresentação de candidaturas é de vinte dias, a contar do primeiro dia útil ao da SXEOLFDomR�GR�SUHVHQWH�DYLVR�QR�%ROHWLP�2¿FLDO�GD�5HJLmR�$GPLQLVWUDWLYD�(VSHFLDO�GH� 0DFDX�� 2V� FDQGLGDWRV� GHYHP� SUHHQFKHU� D� ³¿FKD� GH� LQVFULomR� HP� FRQFXUVR´�aprovada pelo Despacho do Chefe Executivo n.º 250/2011 (pode ser requisitada na ,PSUHQVD�2¿FLDO�RX�GHVFDUUHJDGD�QD�SiJLQD�HOHFWUyQLFD�GDTXHOD�HQWLGDGH�S~EOLFD��MXQWDPHQWH�FRP�R�DUTXLYR�DVVRFLDGR��H�DSUHVHQWi�OD��QR�SHUtRGR�GH¿QLGR��GXUDQWH�o horário de expediente (segunda-feira a quinta-feira, 9:00 – 13:00; 14:30 – 17:45; sexta-feira, 9:00 – 13:00; 14:30 – 17:30), para este Gabinete, sito na Avenida da Praia Grande, n.º 804, Edifício China Plaza, 13.º andar, A-F, em Macau.

Para mais informações é favor consultar o site deste Gabinete http://www.gpdp.gov.mo.

O Coordenador (Sub.)

Lio Chi Hon05/08/2014

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hoje macau sexta-feira 8.8.2014 9CHINA

A S investigações das au- toridades chinesas con-tra multinacionais do sector automóvel por

alegadas práticas monopolistas e que envolvem marcas como a BMW, Chrysler, Mercedes ou Audi, foram alargadas a 12 empresas japonesas de componentes, revelou ontem a imprensa local.

O Secretário-geral da Co-missão Nacional de Reforma e Desenvolvimento – o órgão que conduz as investigações – Li Pu-PLQ��FRQ¾UPRX�D�SHVTXLVD�DLQGD�que não tenha fornecido nomes das empresas japonesas sob in-vestigação.

O mesmo responsável, citado pelo diário de língua inglesa South China Morning Post, que se publica em Hong Kong, assinalou que as inspecções irão determinar se as empresas japonesas violaram as leis anti--monopólio estabelecendo preços para componentes de substituição e outros produtos.

O Ministério dos Negó-cios Estrangeiros da China apelou ontem ao

Governo norte-americano que apresente uma “versão mais racional e objectiva” do inves-timento chinês em África, em resposta às declarações de Barack Obama na recente cimeira de líderes africanos em Washington.

“A política da China em África foi sempre realizada sob os princípios da sinceridade, amizade e tratamento equitativo e benefício mútuo”, destaca um comunicado de Hua Chunying, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, citado RQWHP�SRU�PHLRV�R¾FLDLV�

Hua Chunying respondia DVVLP�jV�D¾UPDo}HV�GH�2EDPD�que na cimeira disse que os Estados Unidos não olhavam

Ébola Adoptadas medidas contra a entrada do vírus O porta-voz da Comissão Nacional da Saúde e do Planeamento Familiar da China, Song Shuli, anunciou esta quinta-feira que o país adoptou uma série de medidas para prevenir a entrada do vírus ébola no território chinês. Segundo Song, um plano de prevenção e controlo foi preparado e de acordo com as directrizes do documento as instituições médicas locais devem reportar directamente à comissão, dentro de duas horas, qualquer caso de ébola confirmado ou sob suspeita. O porta-voz confirmou que nenhum caso de ébola foi registado no país até o momento. Song anunciou que a comissão intensificou a comunicação com a Organização Mundial de Saúde (OMS) para monitorar e prevenir a propagação do vírus e ordenou às autoridades de controlo fronteiriço que intensifiquem os exames sobre os passageiros provenientes dos países de maior risco. Song ainda disse que o perigo da propagação do vírus fora de África é ainda pequeno, citando um relatório de avaliação da OMS.

7ULEXQDO�FRQ¾UPD�SHQDV�GH�PRUWH�SDUD�PLOLRQiULRVÁFRICA PEQUIM PEDE AOS EUA “VERSÃOMAIS RACIONAL” DO INVESTIMENTO CHINÊS

Resposta a Obama

O sector automóvel está na mira das autoridades chinesas que lutam contra o monopólio. Depois da BMW, Chrysler, ou Mercedes,as investigações alargam-se agoraàs marcas japonesas

África apenas pelos seus recursos naturais, uma crítica que analistas interpretaram como sendo diri-gida a Pequim.

Obama acrescentou que os norte-americanos não preten-diam apenas retirar os minerais africanos, mas também “cons-truir associações que criem pos-tos de trabalho e oportunidades para todo o mundo”.

Na resposta, Hua Chunying manifestou o desejo da China que os “Estados Unidos, o país mais desenvolvido do mundo, possa assumir um papel maior no apoio ao crescimento das nações africanas” e garantiu que na relação com África, Pequim não procura apenas o lucro para as suas empresas, mas também melhorias económicas e sociais para o continente.

UM tribunal chinês FRQ¾UPRX� RQWHP� D�

pena de morte aplicada ao milionário Liu Han, do sector mineiro, que estava ligado a Zhou Yongkang, chefe da segurança chine-sa caído em desgraça por corrupção.

Liu Han, o seu irmão Liu Wei e três outros homens tinham recorri-

do da sentença de morte para o Tribunal Superior de Hebei, centro do país, que rejeitou os pedidos.

Para o tribunal, que re-velou a decisão no Weibo, o Twitter chinês, o crime de “organização” e “lide-UDQoD³�GH�XPD�UHGH�PD¾R-sa que cometia homicídios e outros crimes deve ter uma punição severa.

Liu Han liderou a companhia Hanlong, de exploração mineira e com sede na província de Sichuan, província que era uma das bases do poder de Zhou Yongkang que chegou a liderar a segurança da China, mas caiu recentemente em desgraça depois de ter sido revelada uma inves-

tigação contra si devido a corrupção.

Zhou Yongkang tor-nou-se no mais alto titu-lar de cargo no Partido Comunista chinês a ser investigado por cor-rupção desde o famoso “gangue dos Quatro” que incluía a viúva de Mao Zedong e que foi julgado em 1980.

O jornal refere que uma com-panhia considerada culpada poderá ser multada no equivalente a entre 1% e 10% das receitas apuradas no exercício anterior.

O caso agora conhecido surge depois de quarta-feira ter sido

revelado que fabricantes como a BMW, Chrysler, Mercedes e Audi estão sob investigação pelos mes-mos motivos.

Na terça-feira os inspectores GD�FRPLVVmR�YLVLWDUDP�R¾FLQDV�GD�Daimler, proprietária da Mercedes,

em Xangai, a capital económica da China.

A visita surgiu depois de algu-mas empresas terem anunciado uma drástica descida dos preços para alguns produtos ou serviços que, no caso da Mercedes, incluía

um corte de 15% no preço de im-portação de peças de substituição.

A Audi anunciou descidas se-melhantes e a Chrysler prometei um corte de 20% em preços de de-terminadas peças e, inclusivamen-te, em alguns dos seus veículos.

INVESTIGAÇÕES ANTI-MONOPÓLIO INCLUEM 12 COMPANHIAS NIPÓNICAS

De olho nos japoneses

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10 hoje macau sexta-feira 8.8.2014EVENTOS

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA

CASA DE BONECASBem-vindo à Alameda das Acácias n.º 51, a casa da família Castro. Porque é que no século XIX se costumava tomar banho apenas uma vez por semana? Que objecto era feito com cerdas de porco? Porque demorava três horas a limpar uma sala de estar? Descobre como era viver nesta época, entrando nesta encantadora casa. Depois abre as janelas para aprenderes tudo sobre os utensílios que se usavam neste tempo, desvendares o mistério da família e encontrares tesouros perdidos!

NOITE SOBRE AS ÁGUASEm 1939, com a guerra a acabar de ser declarada, um grupo de pessoas privilegiadas embarca no mais luxuoso avião de sempre, o Pan American Clipper, com destino a Nova Iorque: um aristocrata britânico, um cientista alemão, um assassino e a sua escolta, uma jovem em fuga do marido e um ladrão encantador, mas sem escrúpu-los. Durante trinta horas, não há escapatória possível desse palácio voador. Sobre o Atlântico, a tensão vai crescendo até finalmente explodir num clímax dramático e perigoso.

Até ao fim do Verão, 150 artistas de 30 nacionalidades vão estar em Djerba para transformar a ilha num museu a céu aberto. A comitiva portuguesa já lá esteve com quatro artistas: Pantónio, Mário Belém, Add Fuel e Paulo Arraiano pintaram à torra do sol e sem poder beber água

CLARA SILVAin Jornal i

P INTAR na Tunísia du- rante o Ramadão não é fácil. Imagine-se um cenário com um

calor de quase 40 graus em que, para “respeitar” os locais, estamos proibidos de tocar em água ou comida durante o dia. E continuamos a pintar à torra do sol. “Mesmo percebendo que somos turistas, estamos a trabalhar na terra deles e por isso não podíamos comer na rua, nem beber água”, conta Lara Seixo Rodrigues, uma das portuguesas que participaram no Djerbahood, o projecto de arte urbana na ilha de Djerba, no Sul da Tunísia.

“Enrolar um cigarro en-tão, dá um ano de prisão. Claro que acabaram por acontecer coisas caricatas, como eu estar escondida com o Diogo [Machado] a comer

DJERBAHOOD PINTAR PAREDES NA TUNÍSIA DURANTE O RAMADÃO

Graffittis à torreira do sol“Às vezes acordávamos às quatro da manhã para pintar até às onze da manhã”DIOGO MACHADO

um gelado, cheios de calor, ou a beber água às escon-didas a ver se não aparecia ninguém...”

Lara, que também é orga-nizadora do Wool - Festival de

Arte Urbana da Covilhã, foi a responsável pela curadoria dos artistas portugueses que participaram neste evento de arte que ainda está a decorrer na ilha de Djerba. Djerba? A

localização não é óbvia para XP� IHVWLYDO� GH�JUDI¾WL� H� DUWH�urbana...

Nos últimos anos, a ilha tem-se tornado mais conheci-da pelas suas águas turquesa e pelos resorts de pulseira tudo incluído, muito procurados nesta altura do ano. Em 2002, ¾FRX�IDPRVD�SHODV�SLRUHV�UD-zões, depois de um atentado reivindicado pela Al-Qaeda, que matou 21 pessoas, inclusi-ve 14 turistas alemães. Agora, surge uma boa razão para sair

dos portões do hotel e rumar até Erriadh.

1D�YLOD�� H� DWp� DR�¾P�GR�Verão, vão estar 150 street artists de perto de 30 naciona-lidades a dar mais cor às ruas labirínticas de paredes bran-cas e janelas azuis. Portugal participou na “segunda leva de artistas” com Mário Be-lém, Paulo Arraiano e Diogo Machado, também conhecido por Add Fuel, que ocuparam algumas paredes.

O Pantónio também faz

parte do grupo de portugueses, mas não foi escolhido por mim”, sublinha Lara. “Ele é artista residente da Galerie

“Mesmo percebendo que somos turistas, estamos a trabalhar na terra deles e por isso não podíamos comer na rua, nem beber água”LARA SEIXO RODRIGUES

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11 eventossexta-feira 8.8.2014

A Exposição Anual de Artes Visuais de Ma-cau 2015, organizada

pelo Instituto Cultural, terá lugar no mês de Maio de 2015. A organização anun-ciou ontem que a entrega das obras candidatas poderá ser feita entre os dias 19 e 21 de Setembro deste ano, no Edifício do Antigo Tribunal, na Avenida da Praia Grande.

O evento tem decorrido anualmente integrado no Festival de Artes de Macau, com o apoio e a participação de artistas de Macau.

Desde 2013 foi adopta-do um novo formato, mais temático e especializado, dividido em duas áreas dis-tintas, realizado em edições alternativas:

1)Trabalhos em meios de expressão orientais, nomeadamente, pintura e caligrafia chinesas, gra-vação de sinetes e tintas experimentais ou técnicas mistas.

2) Trabalhos em meios de expressão ocidentais, incluindo pintura, foto-JUD¾D�� JUDYXUD�� FHUkPLFD��escultura, instalação, vídeo e trabalhos em técnicas mistas, além de produções multimédia. Seguindo este

A Galeria da Fun-dação Rui Cunha acolhe mais um

concerto da série “Bel Canto aos Sábados”, pro-movido pela Associação Vocal de Macau, no pró-ximo dia 9, pelas 17 horas. O grupo composto pelo barítono Lam Chi Wai, e as sopranos Lei Sao Hong

Amar Macau no IPMA Comissão Cultural da Associação Geral dos Operários de Macau promove, no dia 30 deste mês, o concerto, “I Love Macao Original Music Show – Hyper Lo & Friends Concert” que junta várias bandas musicais locais, O evento terá lugar no auditório do Instituto Politécnico de Macau, pelas 20:00h. Estarão presentes cantores como Bighead, AJ, Josie Ho, Kane Ao Ieong e a banda Crossline, para a actuação ao vivo de entrada livre.

“Às vezes acordávamos às quatro da manhã para pintar até às onze da

IC EXPOSIÇÃO ANUAL DE ARTES VISUAIS DE MACAU

Candidaturas abrem em Setembro

BEL CANTO NA FUNDAÇÃO RUI CUNHA ESTE SÁBADO

Verdi, Mozart e Rossini

modelo, num ano serão aceites trabalhos em meios de expressão orientais e no seguinte em meios de ex-

pressão ocidentais e assim sucessivamente, informa o comunicado de imprensa da organização.

A Exposição Anual de Artes Visuais de Macau 2015 será dedicada à pri-meira grande categoria, nomeadamente, pintura e caligrafia chinesa, gra-vação de sinetes e obras experimentais de multi-média com tinta chinesa, sendo apenas elegíveis as obras criadas desde 2012 e que não tenham sido apresentadas em edições anteriores da Exposição. Cada participante poderá apresentar um máximo de três obras individuais ou séries, estando as últimas restringidas a quatro peças individuais. A Organização atribuirá um subsídio de cinco mil patacas por cada obra seleccionada e para cada uma das dez melhores obras, o prémio será de trin-ta mil patacas, acrescenta a nota de imprensa.

O júri será composto SRU� SUR¾VVLRQDLV� GH� DUWHV�visuais provenientes do exterior, os quais irão pro-ceder à selecção de obras em meados de Outubro. As obras seleccionadas serão exibidas em Maio de 2015, durante o Festival de Artes de Macau, bem como no H[WHULRU��¾QDOL]D�D�QRWD���

e Ivy Lei, todos músicos membros da Associação Vocal de Macau (Macau Vocal Association), vai apresentar um espectáculo de árias e duetos de algu-mas óperas.

Na sessão de Agosto, três membros da Associa-ção interpretam duetos de várias óperas numa

performance inédita para o público, informa o co-municado de imprensa.

O barítono Lam Chi Wai, e as sopranos Lei Sao Hong e Ivy Lei, que já contam com muitos anos GH�IRUPDomR�SUR¾VVLRQDO�interpretarão em língua italiana árias e composi-ções (Dueto: Sopranos / Soprano – Barítono) de várias óperas.

O espectáculo inclui as seguintes obras da música clássica ocidental: Acto II de La traviata de Verdi, árias de Le nozze di Fíga-ro de Mozart e Duetto bu-ffo di due gatti de Rossini.

A sessão inclui ainda uma explicação sobre o conteúdo e o contexto histórico das composi-ções, além de legendagem em chinês. O evento é de entrada livre.

Itinerrance, mentora do pro-jecto, e por isso participaria de qualquer das formas.”

O ano passado, Mehdi Ben Cheikh, director da parisience Galerie Itinerrance, organizava um dos mais ambiciosos projec-tos de arte urbana alguma fez feitos. O Tour 13, assim se cha-mava, foi um edifício de nove andares do 13.o arrondissement de Paris, decorado por 100 JUDI¾WHUV�GH����QDFLRQDOLGDGHV�TXH�FKHJRX�D�RULJLQDU�¾ODV�GH�visitantes com perto de 13 horas - para depois ser demolido num vídeo disponível na internet.

Na altura, onze portugue-ses deram um ar da sua graça aos apartamentos que agora já não existem e Lara também

fez a ponte entre França e Por-tugal. “Quando lá estivemos, o Mehdi, director da galeria, já me tinha dito que estava a montar um projecto de pintar uma aldeia em África, o que implicaria trabalhar muito fora das horas do sol”, recorda.

Em Junho chegava a FRQ¾UPDomR� H� HP� -XOKR� Oi�estavam os portugueses em pleno Ramadão.

“Às vezes acordávamos às quatro da manhã para pintar até às onze da manhã”, conta Diogo Machado (34 anos), ou Add Fuel, como costuma assi-nar. “Depois só conseguíamos YROWDU�D�SLQWDU�DR�¾P�GD�WDUGH�³�

Add Fuel levou para a Tuní-sia o seu projecto de reinvenção da azulejaria tradicional, com criaturas fantásticas do seu imaginário que à primeira vista passariam despercebidas. “Ti-vemos de mudar um dos stencils porque tinha uns olhos com corninhos e tínhamos medo que fosse censurado pelos locais”, conta Lara. “Sim, eles são muito supersticiosos”, concorda Add Fuel, que pintou uma antiga escola primária e um arco perto de uma sinagoga - “Na ilha convivem judeus, muçulmanos e cristãos”, explica-nos.

E até foi convidado para o casamento da família de uma das casas que deixou mais bonitas.

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hoje macau sexta-feira 8.8.201412

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A Embaixada Cristã Japonesa encontrava-se já desde o dia 20 de Outubro de 1584 em Madrid, mas só no dia 12 de

Novembro, trajando com roupas de ce-rimónia japonesas, foram os embaixa-dores conduzidos ao Palácio Real nos próprios coches do Rei. Uma multidão enchia as ruas e as praças para os ver, dando muito trabalho aos guardas, que lhes faziam cortejo, para abrir o cami-nho.

No Palácio Real, atravessando doze galerias e salas recheadas de magníficas peças de arte, foi a Embaixada recebida em audiência pelo Rei Filipe II. Este, de pé acolheu-os como costumava fazer com os embaixadores, tendo a seu lado os filhos, o príncipe herdeiro e as duas infantas. Sem deixar que lhe beijassem a mão, abraçou-os, o que foi seguido pelos seus filhos.

De seguida, os embaixadores apre-sentaram as cartas dos três Dáimio e em nome deles lhe beijaram a mão, pedindo protecção para o Cristianismo no Japão. Bastante contente o Rei, de-pois de escutar a leitura das cartas nas duas línguas, japonesa e castelhano, abraçou-os, enquanto eram observados com curiosidade sobretudo pelas gran-des senhoras, que se juntaram à audiên-cia para os ver. Entregaram ainda ao monarca os presentes que traziam, que foram muito elogiados pela sua elegân-cia e bom-gosto.

Num ambiente familiar, segundo re-zam as crónicas, como até então nunca se tinha visto na presença do Rei Filipe II, devido à sua muito boa disposição, estava não só a corte, como os embai-xadores, já sem precisarem da ajuda constante dos tradutores. Responde-ram-lhe sobre as coisas do Japão e após examinar os trajes japoneses, tal como os borzeguins que calçavam, o Rei quis ver as famosas espadas, que traziam à cintura e ele mesmo desembainhou uma, para melhor a apreciar.

O Rei convidou-os para à tarde irem assistir às vésperas na Real Cape-la, onde um coro, acompanhado pelo mágico som dos órgãos, encantou. De seguida, para satisfação da Corte, os cumprimentos, tendo-se apresentado muitas damas e fidalgos, que assim sa-tisfizeram a curiosidade de ver ao perto os japoneses.

Anoitecia quando voltaram para

AUDIÊNCIA DA EMBAIXADA JAPONESA COM O REI FILIPE II

o Colégio dos Jesuítas onde estavam hospedados, tendo sido acompanha-dos por muita gente ávida de olhar pessoas de longínquas terras do Ex-tremo Oriente. Tal curiosidade levou os embaixadores a terem de ir à igreja do Colégio, para que muitos fidalgos e povo os pudessem ver.

Noutro dia foram visitar a impera-triz viúva, em dois coches que ela lhes enviou, mas o Rei Filipe II fazia questão que os embaixadores viajassem apenas nos seus. Conferenciaram com a impe-ratriz, que os acolheu fraternalmente, sem o beija-mão e quando terminaram a audiência, foram com D. João de Bor-ja, mordomo-mor do Rei e filho do que viria a ser mais tarde o Santo Francisco Borja, visitar o seu Palácio. O embaixa-

dor de França aproveitou para convidar a Embaixada a passar, na ida ou na vol-ta, por França e ir visitar o Rei Henri-que III, mas tal não veio a acontecer.

Já nos finais da estadia, para que os embaixadores japoneses conhecessem

as obras mais raras nas cercanias de Madrid, o Rei ordenou que os levassem aos reais sítios de Aranjuez, do Prado e de Segóvia. A surpresa ficou reser-vada para o Escorial, obra que chega-va ao fim e que se vinha fazendo há vinte e um anos, onde diariamente se ocuparam dois mil operários. Devia--se à promessa feita por Filipe II, em 1557, após a vitória de Saint-Quetin, no dia de São Lourenço, de erguer um enorme palácio com mosteiro. Assim, a Noroeste de Madrid começaram em 1563 as obras e no ano da visita da Em-baixada acabava de ser construído o Es-corial. Também, para espanto, os em-baixadores viram um enorme elefante e um corpulento rinoceronte, trazidos de Lisboa, na mudança de capital.

Foram os embaixadores recebidos por todos os grandes de Espanha e mesmo bispos, como o de Salamanca, que não contendo a curiosidade, os foi ver a Madrid. Martinho de Hara adoe-ceu gravemente e muitos dias passaram até ficar curado. No dia anterior à par-tida receberam no Colégio a visita do Rei Filipe, que lhes veio trazer presen-tes, oferecer 700 cruzados para gastos da jornada, um carro para a bagagem e entregar cartas comendatórias para os Governadores das cidades marítimas onde se previa passarem, assim como, para o Conde de Oliva, embaixador espanhol em Roma.

A EMBAIXADA EM VIAGEMDE BARCO ATÉ À TOSCANA

Após trinta e sete dias em Madrid, a Embaixada partiu a 26 de Novembro de 1584 para Alicante, com destino a Itália.

No mesmo dia estava em Alcalá de Henares, em cuja Universidade, fun-dada em 1508, estudavam quatro mil alunos e onde o então desconhecido Miguel de Cervantes Saavedra tinha nascido no ano de 1547. Durante um dos três dias que por aí passou a Em-baixada, hospedada no grande Colégio jesuíta, realizou-se uma grande festa em sua honra.

A 29 de Novembro de 1584 seguiu para Múrcia, onde durante os 23 dias de permanência, ocorreu o Natal. Al-cançou a 6 de Janeiro de 1585 Alicante, cidade do reino de Valência, estando já pronta a nau mandada preparar pelo

“TAMBÉM, PARA ESPANTO, OS EMBAIXADORES VIRAM UM ENORME ELEFANTE E UM CORPULENTO RINOCERONTE, TRAZIDOS DE LISBOA, NA MUDANÇA DE CAPITAL”

Filipe II

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13 artes, letras e ideiashoje macau sexta-feira 8.8.2014

“NO PALÁCIO DE PISA, ONDE ESTAVA A CORTE DO GRÃO--DUQUE DA TOSCANA, FORAM OS EMBAIXADORES RECEBIDOS COM GRANDE AFECTO”

Rei Filipe II, com todos os requintes de conforto. Catorze dias em Alicante e a 19 de Janeiro, a Embaixada daí embar-cou para Itália.

O vento nada ajudou e só a 7 de Fevereiro as velas encontraram força para colocar o barco a navegar e pou-cos dias depois, já na Ilha de Palma de Maiorca, foi a Embaixada recebida pelo Governador, com grande distin-ção e povo em festa. Seguiu viagem mas, a 19 de Fevereiro, perto das Ilhas Baleares esteve a ponto de ser aprisio-nada por piratas argelinos, escapando providencialmente. As águas mediter-rânicas e do Atlântico estavam infesta-das de corsários de muitas proveniên-cias.

Por fim, a 1 de Março de 1585, aportando em Leorne (Livorno), logo foi cumprimentada por um fidalgo, Provedor da Casa do Grão-duque da Toscana, que trazia carruagens en-viadas pelo Grão-duque para, no dia

seguinte por terra, seguirem até Pisa, onde se encontrava a Corte a passar o Carnaval.

Ao encontro dos embaixadores, que viajavam em três coches da Casa Du-cal, foram muitos fidalgos, que os le-varam para um palácio preparado pelo Grão-duque. Aí jantaram e logo depois foram visitados pelo Governador de Pisa e por Pedro Medicis, irmão do Grão-duque.

Em Pisa, a primeira saída dos em-baixadores foi à Sé e após regressarem, à noite foram levados com muito apa-rato “ao Paço em três coches, acompa-nhados pela guarda dos suíços, de mui-tos pajens e gentis-homens e de criados com tochas acesas na mão.”

No Palácio eram esperados à porta pelos irmãos do Grão-duque e o pró-prio Francisco I de Médici. O Grão--duque da Toscana desceu até meio das escadas, recebendo-os. Feitas as primeiras saudações, o Grão-duque le-

vando pela mão D. Mancio, conduziu--o aos aposentos da grã-duquesa mãe. Introduzido com os outros na sala, ro-deada com as suas aias, a grã-duquesa recebeu-os com grande afecto e um a um, abraçou-os.

Após um sarau musical e as con-versas usuais no saber das novidades do país de onde vinham, à despedida foram presenteados pela grã-duquesa com doces.

O GRÃO DUCADO DA TOSCANA

No Palácio de Pisa, onde estava a Cor-te do Grão-Duque da Toscana, foram os embaixadores recebidos com gran-de afecto, detendo-se na cidade para passarem o Carnaval de 1585, enquan-to foi mandado aviso ao Papa sobre a chegada da Embaixada.

O recentíssimo Grão-ducado de Toscana fora criado em 1569 pelo Papa Pio V para Cosme I de Medicis, que por isso se tornou o I Grão-duque da Toscana. Cinco anos depois morreu e sucedeu-lhe Francisco I, que ocupava o lugar de Grão-duque quando a Embai-xada o visitou.

A Embaixada demorou-se alguns dias em Pisa, onde, para além de uma caçada, assistiu a uma sumptuosa fun-ção de Carnaval. Mancio Itoo foi con-vidado a dançar com a grã-duquesa, que sucessivamente dançou também com Miguel Chinjiva, Martin Hara e Julian Nakaura. A falta de desenvoltura e timidez ficaria nas conversas da cor-te, não fosse ter Julian convidado para dançar uma dama, muito adiantada na idade. Tal espectáculo levou aos cir-cunstantes, risos e sorrisos incontidos pela sala, que ficaram registados em conjunto com a familiaridade do am-biente.

No primeiro dia de Quaresma foram os embaixadores convidados para visi-tar a Igreja dos Cavaleiros de Santo Es-têvão, onde assistiram às celebrações da Quarta-feira de Cinzas e puderam ad-mirar as salas do Tesouro e das Armas.

Despedindo-se com prendas, partiram na segunda-feira seguinte para Florença, acompanhados por trinta alabardeiros. A esperá-los a duas milhas da cidade esta-vam os padres jesuítas, que como costu-me pretendiam levar os embaixadores a hospedar-se nos seus Colégios, mas para satisfazer o Grão-duque D. Francisco, fo-ram desta vez para os Paços Ducais. Insta-lados, seguiram a visitar o Cardeal Arce-bispo de Florença, Alexandre de Medici, mais tarde o Papa Leão XI, chefe máximo da igreja durante 27 dias. Este ofereceu--lhes um crucifixo de marfim.

Durante os cinco dias de esta-dia em Florença também visitaram o

Núncio do Papa, visitas essas depois retribuídas, recebendo ainda a nobre-za e muita da Corte. Com um grande grupo de acompanhantes da fidalguia, admiraram os maravilhosos edifícios da cidade e viram um grande pátio onde se encontravam dez leões, quatro ti-gres, outros tantos ursos e dois lobos cervaes.

Quando partiram de Florença, o Grão-duque enviou um dos seus ho-mens para tratar de todos os assuntos referentes à Embaixada, pagando todos os custos enquanto estiveram nos seus Estados.

Chegou a Siena a 13 de Março de 1585, sendo recebida fora da cidade pelo Governador, que a hospedou, tendo visitado a Sé com um riquíssi-mo património de mármore, tanto no edifício, como em esculturas e baixos--relevos.

Partiu a 17 de Março para S. Quiri-cio, onde o Papa lhe enviou uma men-sagem à Embaixada dizendo desejar que abreviasse a jornada pois queria-a receber no dia 23 de Março, em consis-tório e para no dia 25 os levar, quando fosse à igreja de Santa Maria sobre Mi-nerva, à celebração da festa da Anun-ciação da Virgem.

Entrava a Embaixada em terras pon-tifícias, quando no dia 18 de Março de 1585 chegou a Viterbo, onde lhe foi proporcionada toda a equipagem e assistência enviada pelo Papa pelo Le-gado Horatio Celso que aí esperava a Embaixada.

Nesse dia, em Viterbo ainda visi-taram a Sé e a Igreja de Santa Rosa, onde se encontra o corpo inteiro da Santa. No dia seguinte, Julian Nakau-ra ficou doente. A 20 de Março foram admirar em Bagnáia a famosa quinta do Cardeal Gambara e no outro dia, já a caminho de Roma, passaram em Ca-praróla, vila do Cardeal Farneses, obra dos artistas Sangallo (1547) e Vignole (1559).

A duas jornadas de chegar a Roma, tinha já a Embaixada à espera muitos cavaleiros romanos e o Duque Bom-compango, general das tropas do Papa, com duas companhias de cavalaria.

Florença, século XVIMadrid, 1562

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hoje macau sexta-feira 8.8.201414 h

Thomas Lim*

OS SEGREDOS DE UM ACTORCapítulo VIII: Directores de Casting

*actor e realizador

“Não importa como você pensa que o papel deve ser representado, o director de casting sabe-o sem-pre melhor.”

U M director de casting é, ba-sicamente, quem substitui o realizador na hora de fazer au-dições. Na Ásia, os directores

de casting são mais requisitados para filmes e programas de televisão do que para peças de teatro e cada vez mais produções con-tratam, actualmente, directores de casting. Produções nos EUA e na China fazem-no de certeza.

Quando um director de casting che-ga a um novo lugar, onde não conhece ninguém, pode tentar procurar actores contactando as maiores agências de ta-lentos locais. Depois, pode tentar conhe-cer pessoas através de referências que lhe sejam dadas.

Quando um filme ocidental (ou em língua inglesa) vem para a Ásia, é prová-vel que comece os castings em Pequim ou em Hong Kong. Estas audições po-dem, depois, chegar até Xangai, Singa-pura ou até mesmo Kuala Lumpur, onde há uma grande quantidade de actores que falam inglês. Por isso, se for um aspiran-te a actor em Macau, fará todo o sentido registar-se em agências de Hong Kong, onde toneladas de audições de todos os tipos têm lugar.

A infeliz verdade é que, quando pro-duções ocidentais vêm para a Ásia fazer castings, é normalmente porque estão a filmar na Ásia e já fizeram os castings para os papéis principais e para os papéis secundários mais fortes do filme nos seus países originais. Contudo, há outros pa-péis secundários ou ‘day players’ – papéis de uma ou duas cenas, normalmente com fala – que são, na mesma, bons para se conseguir.

Estas produções normalmente pagam bem e, mesmo com pequenos papéis, é uma óptima e muito valiosa experiência. Estas produções podem ser as que mais saltam à vista no nosso currículo de actores, sim-plesmente devido à escala em que elas são produzidas e distribuídas.

Lembre-se, se o director de casting faz a sua audição, ele espera que você seja adequado ao papel. De outra forma, não iria gastar tempo a ver como se com-porta num casting. Portanto, eles podem sentir-se tão ansiosos quanto à audição, quanto você.

Todas as audições são diferentes. Para filmes e produções de televisões, eles normalmente distribuem páginas do guião de forma adiantada, para que se

“UMA COISA EM COMUM EM TODAS AS AUDIÇÕES É QUE, NORMALMENTE, PROCURA-SE ALGUÉM COM A DISPONIBILIDADE CERTA, PERSONALIDADE E CAPACIDADE DE REPRESENTAR – POR ESTA ORDEM”

possa preparar para o papel. Memorize as suas falas. A audição vai, muito prova-velmente, ser gravada.

Depois de conversa de ocasião, será muito possível que lhe peçam para se apre-sentar para a câmara, antes de começar a representar o seu papel. Depois de uma pri-meira tentativa, o director de casting pode dar-lhe alguns palpites e pedir-lhe que faça novamente o papel. Tenha estes comentá-rios em conta, digira-os rápido e garanta que a sua segunda tentativa é diferente da primeira, seguindo as novas instruções. Não importa como você pensa que o papel deve ser representado, o director de casting sabe--o sempre melhor.

O que importa, ao fim de tudo, é que é o director de casting que vai mandar as gravações das audições ao realizador e ele vai filtrar e retirar os que não lhe parecem adequados ao papel.

Se não passar esta fase, a sua perfor-mance nunca será vista pelo realizador. Se o director de casting lhe perguntar se tem algumas perguntas que queira fazer, faça sempre pelo menos uma pergunta

porque isso mostra que se importa com o que está a ser feito e que está confiante o suficiente para saber mais sobre a pro-dução. Se não tiver nada de jeito para perguntar, pode sempre perguntar quan-do é que vai receber uma resposta, na eventualidade de ser seleccionado. Por vezes, há ‘call backs’, que é uma espécie de segunda ronda de audições, onde será novamente avaliado. Se chegou aqui, e o seu horário for compatível, é muito pro-vável que tenha a oportunidade de ser contratado.

Além de fazer o casting a actores, os directores de casting são também res-ponsáveis por fazer a marcação dos seus dias de filmagens e de fazer os trabalhos que se seguem, no que diz respeito, por exemplo, a assegurar que será bem trata-do durante as filmagens.

O director de casting será a sua pes-soa de contacto para matérias relaciona-das com a produção. Em peças de teatro, os directores de casting são menos co-muns, pois são os próprios realizadores quem faz os castings. Isto também acon-tece por causa dos pequenos orçamentos com que as produções geralmente têm que trabalhar nestas fases, que não são suficientes para contratar um director de casting.

No início de minha carreira, fiz muitas audições. Também trabalhei com impor-tantes directores de casting na China e realizei o meu próprio casting para o filme que fiz, ‘Roulette City’. Uma coisa em co-mum em todas as audições é que, normal-mente, procura-se sempre alguém com a disponibilidade certa, personalidade e ca-pacidade de representar – por esta ordem.

THE RAT OX DIARIES, MONÓLOGO

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T E M P O T R O V O A D A S M I N 2 6 M A X 3 2 H U M 7 0 - 9 5 % E U R O 1 0 . 6 B A H T 0 . 2 Y U A N 1 . 2

ACONTECEU HOJE 8 DE AGOSTO

Pu Yi

LÍNGUADE gATO

hoje macau sexta-feira 8.8.2014 (F)UTILIDADES 15

João Corvofonte da inveja

As emoções descontrolam porque nos fazem vero quão pouco estamos em controlo.

C I N E M ACineteatro

SALA 1LUCY [C]Um filme de: Luc BessonCom: Scarlett Johansson, Morgan Freeman14.15, 16.00, 17.45, 21.30

BREAK UP 100 [B]Um filme de: Lawrence ChengCom: Ekin Cheng, Chrissie Chau19.30

SALA 2DORAEMON THE MOVIE: NOBITA IN THE NEWHAUNTS OF EVIL-PEKO AND THE FIVE EXPLORERS [A]FALADO EM CANTONÊSUm filme de: Yakuwa Shinnosuke14.30, 16.30, 19.30

BREAK UP 100 [B]Um filme de: Lawrence ChengCom: Ekin Cheng, Chrissie Chau21.30

SALA 3THE FAULT IN OUR STARS [B]Um filme de: Josh BooneCom: Shailene Woodley, Ansel Elgort17.30, 21.30

BREAK UP 100 [B]Um filme de: Lawrence ChengCom: Ekin Cheng, Chrissie Chau16.45

LUCY

É criada a CruzVermelha Internacional

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para Socorros e Feridos e Doentes em Tempo de Guerra’.

com deficiência, entre outros.

Dias de luta,dias de glóriaNão conhecem a música do já falecido cantor brasileiro, Charlie Brown Jr.? Chama-se ‘Dias de luta, dias de glória’ e fala sobre a vida, simplesmente. A vida e os contratempos que nos oferece, com os quais nos presenteia todos os dias... Ou pelo menos em quase todos. Quando a oiço, penso em duas coisas: no Charlie, que fazia músicas tão bonitas e acabou por morrer tão novo, e na própria letra deste som. Para dizer a verdade, nunca tive um desejo assolapado de ir ao Brasil, como tanta gente. As praias, os bikinis, o ‘bom feeling’ das gentes... Nada disso me apraz tanto como uma cidade movimentada como Macau, Hong Kong ou Nova Iorque, por exemplo. As três não podem, certamente, ser comparadas, mas são, sem qualquer sombra de dúvida, as minhas cidades preferidas. Não que alguma vez as tenha visitado, mas aquilo que vejo nos postais que me enviam fazem qualquer um sonhar mais alto. Sou um gato daqui e daqui continuarei a ser, mas o calor aperta, todos os meus amigos estão GH�IpULDV�H�DV�IRWRJUD¾DV�GR�)DFHERRN�QmR�dão margem para dúvidas: tenho saudades de apanhar sol, esticadinho numa qualquer cadeira à beira-mar, piscina ou qualquer outra beira que tenha água. Pessoalmente, não gosto muito de PH�DWLUDU�Oi�SDUD�GHQWUR�H�¾FDU�FRP�R�SrOR�WRGR�caído, mas uma patinha dentro de água sabe sempre bem para refrescar! Tenho saudades de andar de carro de janelas escancaradas, com o volume do rádio no máximo e sentir o vento nos bigodes. Às vezes tento suprir estas vontades indo para as piscinas públicas que aqui existem, mas algumas têm regras tão restritas, que perco a vontade e simplesmente volto para casa. Junto do ar condicionado, ponho-me a ler, de caneca de chá frio em riste, com o som do rádio bem alto, a recordar-me de tempos passados.

Shadya é uma cantora de Taiwan e lançou o seu primeiro álbum com apenas 24 anos. Todas as melodias e letras das dez canções do álbum são da sua autoria. Shadya tem uma voz comovente e melodiosa e a sua insistência constante em criar sempre mais merece o louvor dos ouvintes. A canção mais conhecida, que dá o nome igual ao álbum, “Secret”, demonstra os sentimentos reais do amor unilateral e canta os segredos profundos de cada pessoa. - Flora Fong

THE SECRET(SHADYA LAN, 2009)

U M D I S C O H O J E

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16 OPINIÃO hoje macau sexta-feira 8.8.2014

R ECORDO-ME que entre R� ¾QDO� GD� GpFDGD� GH� ��� H�GXUDQWH� WRGD� D� GH� ���� GR�VpFXOR�SDVVDGR��EDVWDYD�VDLU�D� SRUWD� GH� FDVD� H�� PHVPR�TXH� QmR� SUHFLVDVVH�� ORJR�XP�Wi[L�VH�DSUR[LPDYD��8P�URVWR�VRUULGHQWH�SHUJXQWDYD�VH� QmR� TXHULD� DSDQKDU� D�EROHLD��$QGDU�GH�DXWRFDUUR�

HP�0DFDX� HUD� XP� JRVWR��+DYLD� YHtFXORV�HP�Q~PHUR�VX¾FLHQWH��HVSDoR�SDUD�WRGRV�H�IUHVFR��VHQGR�UDUDV�DV�SDUDJHQV��FRPR�D�TXH�¾FD�MXQWR�j�$Y��5RGULJR�5RGULJXHV��GLDQWH�GR�(GLItFLR�²&RPIRUVHJ³��TXH�WLYHVVHP�PDLV�GR�TXH�GXDV�RX�WUrV�SHVVRDV�D�TXDOTXHU�KRUD�GR�GLD��9LDMDU�QRV�WUDQVSRUWHV�S~EOLFRV�HUD�IiFLO��FyPRGR�H�DFHVVtYHO��GH�GLD�RX�GH�QRLWH��HPERUD�VH�FRPSOLFDVVH�QRV�GLDV�GH�FKXYD��&RPR�HP�TXDOTXHU�FLGDGH�QRUPDO��

1HVVH�WHPSR��SDUD�TXHP�WLQKD�FDUUR��DLQGD� KDYLD� HVWDFLRQDPHQWR� DXWRPyYHO��6HP�SDUTXtPHWURV��(UD�SRVVtYHO� LU� MRJDU�WpQLV�DR�&OXEH�0LOLWDU�RX�DR�7pQLV�&LYLO�H� KDYLD� VHPSUH� XP� ORFDO� SDUD� HVWDFLR-QDU��6HP�GUDPDV��(�PHVPR�FRP�OXJDUHV�UHVHUYDGRV� SDUD� PDJLVWUDGRV� SRGLD�VH�HVWDFLRQDU� MXQWR� DR� YHOKR� 7ULEXQDO� GD�&RPDUFD�� 8P� OXJDU� GH� HVWDFLRQDPHQWR�QXP�GRV�HGLItFLRV�GR�1$3(�FXVWDYD�023�������������3DUD�WRGD�D�YLGD�

(VFXVDGR�VHUi�SHUJXQWDU��YROYLGRV�HVWHV�DQRV��TXDO�R�SDQRUDPD�GRV�WUDQVSRUWHV�HP�0DFDX"�$�SHUJXQWD�SRGH� VHU� FRQVLGHUDGD�RIHQVLYD�H�JHUDU�UHVSRVWDV�SRXFR�FRQVHQWk-QHDV�FRP�R�QtYHO�GH�FRPXQLFDomR�DGHTXDGR�D�XP�yUJmR�GH�LPSUHQVD�SRU�SDUWH�GH�TXHP�GLDULDPHQWH�VH�VXMHLWD�DR�FDOYiULR�GRV�Wi[LV��GRV�RSHUDGRUHV�GH�DXWRFDUURV�RX�EXVFD�XP�OXJDU�SDUD�HVWDFLRQDU�R�VHX�YHtFXOR�VHP�VHU�HP�WUDQVJUHVVmR�

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E o caos aqui tão pertoSérgio de AlmeidA CorreiA

$�VLWXDomR�FRPSOLFD�VH�TXDQGR�QmR�Ki�DOWHUQDWLYDV�YiOLGDV��2V�Wi[LV�QmR�H[LVWHP��4XDQGR� SRU� DFDVR� DSDUHFHP� Vy� DEUHP� D�SRUWD� TXDQGR� TXHUHP� H� D� TXHP� TXHUHP��PHVPR�TXH�YHQKDP�YD]LRV�H�FRP�R�VLQDO�GH� OLYUH�� )D]HP� R� TXH� QXQFD� ¾]HUDP��UHJDWHDU� SUHoRV�� &RPR� QXPD� IHLUD�� 6mR�DQRUPDOPHQWH�UXGHV��

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RX�+RQJ�.RQJ������1. Se a esta ratio jun-

tarmos o facto de qualquer uma dessas

�������������������������������ϐ��������que transporta milhões diariamente,

poder-se-á ver a diferença.

Como referido num estudo de Outu-

bro/2001 realizado por Bonnie Evans

e John Webb para a Motor Carrier Co-mission� �%ULWLVK� &ROXPELD��� RV� IDFWRUHV�TXH� GHWHUPLQDP�D� RIHUWD� VmR� YiULRV� H� DV�SHUFHSo}HV� GH� DGHTXDomR� GD� RIHUWD� VmR�LQ¿XHQFLDGDV��SHOD�KRUD��R�GLD�GD�VHPDQD��D�DOWXUD�GR�DQR�RX�R�WUiIHJR��3RU�DTXL��HP�PDWpULD�GH�WUDQVSRUWHV��FRPR�GH�KDELWDomR��SRGH�VH�GL]HU�TXH�KRMH�QmR�H[LVWH�RIHUWD��6y�SURFXUD��$�VLWXDomR�p�GH�WDO�IRUPD�DEHUUDQWH�TXH�VH�FKHJD�D�GXYLGDU�TXH�H[LVWD�DOJXpP�TXH�WHQKD�QR�([HFXWLYR�D�UHVSRQVDELOLGDGH�SHOD�SDVWD�GRV� WUDQVSRUWHV��2X�TXH� WHQKD�XPD�LGHLD��PHVPR�YDJD��VREUH�D�VLWXDomR�QDV�UXDV��VREUH�D�OXWD�GLiULD�QDV�SDUDJHQV�GH�Wi[L�H�GH�DXWRFDUURV��

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4XDQGR�TXHP�JRYHUQD�YLYH�QXPD�FLGDGH�SHTXHQD�FRPR�0DFDX�HVSHUD�VH�TXH�WHQKD�D�SHUFHSomR�GR�TXH�VH�SDVVD�QDV�VXDV�UXDV��'RV� LQFyPRGRV� H� WUDWRV�GH�SROp�SRU�TXH�SDVVDP�D�SRSXODomR�H�RV�VHXV�WXULVWDV�GH�FDGD�YH]�TXH�VH�TXHUHP�GHVORFDU�D�TXDOTXHU�ODGR��6H�RV�DQRV�SDVVDP�H�WXGR�SLRUD��QmR�VH� YLVOXPEUDQGR� DOWHUQDWLYDV�� p� SRUTXH�HVVD�SHVVRD�SHUGHX�D�QRomR�GR�VHX�SDSHO��'R�VtWLR�RQGH�HVWi��e�SRUTXH�D�UHDOLGDGH�VH�GHVOLJRX�GHOH���$�UHDOLGDGH�PDQWpP�VHPSUH�D�QRomR�GR�WHPSR�H�GR�HVSDoR��(�DFRPSDQKD�RV�FLGDGmRV��

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2�FDRV�GHVPRWLYD��(�WRUQD�DV�VLWXDo}HV�LQVXVWHQWiYHLV�� 3HORV� PHQRV� SDUD� RV� TXH�WUDEDOKDP� H� FLUFXODP� SHODV� UXDV� GD� VXD�FLGDGH��3DUD�RV�TXH�YLYHP�QHOD�FRP�VRO�RX�FRP�FKXYD��IDoD�IULR�RX�FDORU��&RP�RX�VHP�HOHLo}HV��6LP��SRUTXH�TXDQWR�j�KXPLGDGH�WRGRV� VDEHP�TXH� WDPEpP�QmR�GHVFROD�GD�UHDOLGDGH��3DUD�QRV�PDQWHU�D�SHOH�EULOKDQWH��&RPR�DV�OX]HV�GRV�SUHVWDPLVWDV�H�GRV�FDVLQRV�TXH�GLVIDUoDP�R�OL[R�HVFRQGLGR�QRV�EHFRV�LPXQGRV��$Wp�XP�GLD���

1 - Dados de 2012 da LTA (Singapura)

O sistema de transportes da RAEM requer uma intervenção tão urgente e esclarecida que não é compatível com a espera até que o metro de superfície funcione. Gostava que houvesse vontade política para isso. E fossem dados sinais coerentes

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17 opiniãohoje macau sexta-feira 8.8.2014

C HOVIA muito e a chuva nunca ajuda. Mas já lá tinha ido sem o céu a desfazer-se e nem o sol foi capaz de con-tribuir para a construção de uma imagem mais bonita. Não gosto daquilo, aquilo não me convence – apesar de ser verde, de ter espaço, de se poder respirar. Mesmo

com todos estes surpreendentes detalhes, aos quais deixámos de estar habituados, aquilo não tem alma, não tem lógica, não faz sentido. Não gosto.

Não gosto daquilo porque não gosto de parques temáticos. Não gosto de coisas que se constroem a imitar outras coisas. Não gosto de certos tipos de unidade, os que são contra o universo – aqueles que atentam contra a diversidade, aqueles que forçam o crescimento, aqueles que não respeitam a ordem natural das coisas. E aquilo é um parque temático, uma repro-dução de uma coisa qualquer que já vi uns quilómetros ao lado.

Não gosto daquilo porque aquilo não é Macau. O problema não é só a localização JHRJUi¾FD� °� p�� GHVGH� ORJR�� R� FRQFHLWR��

O túnelcontramãoISABEL CASTRO

[email protected]

Não gosto daquilo porque não gosto de parques temáticos. Não gosto de coisas que se constroem a imitar outras coisas. Não gosto de certos tipos de unidade, os que são contra o universo – aqueles que atentam contra a diversidade, aqueles que forçam o crescimento, aqueles que não respeitam a ordem natural das coisas

Dizem-me, e então a falta de espaço?, e eu concedo que era um problema, admito que tinha de se arranjar uma solução, mas não, Macau estica, Macau cresce, planta-se terra e por isso sim, a alternativa podia ser melhor, muito melhor.

Não gosto daquilo porque está desin-tegrado da cidade, está integrado num conceito que avança mais depressa do que era suposto. Acredito que dê jeito assim, que caia bem aos olhos de quem interessa, que seja um modelo dentro de certas refe-rências, que não são as minhas – mas isso não é relevante. Mas também não são as de Macau – e isso importa, sim.

Não percebo porque é que, em certas coisas, os passos têm de ser maiores do que as pernas, sobretudo quando já não temos espaço para andar noutras estruturas fundamentais. Agosto não ajuda porque aquilo não tem ninguém, não se vê vi-valma nos corredores com acabamentos por fazer, não se ouvem gargalhadas nas avenidas ainda com entulho à porta. De-pois de Agosto, aquilo vai ganhar alguma vida e talvez depois de um outro Agosto ganhe mais vida ainda, mas é uma vida que não é para Macau, não é para as pes-

soas de Macau, não é para a cidade, para as nossas ruas.

Não gosto daquilo porque não gosto de mundos à parte, circuitos fechados, núcleos privados. Nunca gostei. Estudei

numa universidade que foi construída numa extremidade da cidade e que cedo SHUFHEHX�TXH�SRXFR�JDQKRX�SRU�WHU�¾FDGR�tão longe. Ainda assim, a universidade ocupou prédios antigos no centro das pessoas para dizer que existe, que está ali, que mobiliza. E a universidade, que é muito mais do que aulas, professores e exames, manifesta-se na vida cultural, na vida cívica, nas actividades que promove e que leva até ao centro das pessoas. A universidade sabe que, isolada do resto, não passa de uma escola de gente sem preparação para o resto.

Dizem-me, e então as universidades dos Estates?, e as universidades da Chi-na?, estamos na China, a China é assim, e eu digo que não, que estamos em Macau, que Macau não é a China do outro lado da fronteira, que não temos de andar atrás dos outros, que 49 ainda vem longe, que temos de pensar naquilo que nos faz bem. E não, não gosto daquilo porque queria ter ideias mais perto de mim, gente nova mais perto de mim, poder ouvir gargalhadas num relvado mais perto de mim – saber que há gente que cresce e que cresce bem na cidade que também é minha.

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18 opinião hoje macau sexta-feira 8.8.2014

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado; Ricardo Borges (estagiário) Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

O S indivíduos que sabem manipular o jogo político reconhecem a importância de controlar a imprensa. A economia é um dos métodos usados para atingir este objec-tivo, assim como a repressão política e a perseguição aos membros da imprensa. Desde a instauração da república,

RV�SUR¾VVLRQDLV�GHVWD�LQG~VWULD�QD�&KLQD�WrP�sofrido estes problemas repetidamente. Mui-tos jornalistas foram obrigados a abandonar os seus trabalhos, tendo outros sido mesmo mortos ou denunciados publicamente durante HVWH�SHUtRGR�QHJUR�GD�&KLQD��$Wp�DJRUD�TXH�D�sociedade está mais civilizada, o destino destes SUR¾VVLRQDLV�FRQWLQXD�D�VHU�LQFHUWR��7HP�GH�haver um motivo para o ataque a Kevin Lau &KXQ�WR��R�DQWLJR�HGLWRU�FKHIH�GR�MRUQDO�0LQJ�Pao de Hong Kong. Foi também anunciado TXH�7VH�&KL�IXQJ��R�DSUHVHQWDGRU�GR�SURJUD-PD�VREUH�DVVXQWRV�VRFLDLV�GD�57+.�°�&LW\�)RUXP�°�VH�YDL�UHIRUPDU��HQTXDQWR�TXH�QmR�p�FODUR�VH�R�SURJUDPD�GH�WHOHYLVmR�GD�57+.�“Headliner” vai continuar a adoptar um estilo irónico e satírico quando voltar para o ar depois da suspensão a que foi sujeito. Ao mesmo tempo, o website noticioso “House News” GH�+RQJ�.RQJ�IHFKRX��HQTXDQWR�D�FRQ¾VVmR�GH�XP�GRV�VHXV�IXQGDGRUHV��7RQJ�7VRL���RQGH�admite que “estou com medo, assustado e de FRQVFLrQFLD�SHVDGD³���LOXVWUD�D�VLWXDomR�TXH�estão a enfrentar.

Em Macau, os principais meios de co-municação social tornaram-se numa ferra-menta efectiva para a promoção das políticas governamentais. A cooperação económica aqui praticada é uma maneira mais sábia de controlar a imprensa, não sendo necessário recorrer a repressões ou perseguições. Os MRUQDOLVWDV� QR� WHUUHQR� WrP� GL¾FXOGDGH� HP�VHU�REMHFWLYRV�SRLV�WrP�GH�VHU�VXEVHUYLHQWHV�aos seus patrões, que escolhem o que vai ou não ser apresentado ao público. Nos sites ou blogs da internet podem ser encontradas mais opiniões, mas muitas vezes as entidades por trás destes projectos enfrentam pressões SROtWLFDV� RX� GL¾FXOGDGHV� HFRQyPLFDV�� 3RU�exemplo, a publicação mensal “All about Media” revelou numa recente intervenção televisiva que continua a perder dinheiro após um ano de operação. Já o jornal satírico ²0DFDX�&RQFHDOHU³��EHP�FRQKHFLGR�SRU�ID]HU�paródias e publicado pela Associação Novo Macau, tem vindo a enfrentar oposição por membros da nova direcção da associação. Se este jornal for forçado a mudar a sua orientação política e o seu estilo de modo a ser menos crítico do desempenho da Admi-nistração, irá perder a sua personalidade, o que o fará perder muitos leitores.

Na primeira metade deste ano, a socie-*Ex-deputado e membro

da Associação Novo Macau Democrático

um gr i to no desertoPAUL CHAN WAI CHI*

Macau não se deve tornar uma ilha

“Quando o populismoé orientado pelo Governo,o fascismo político reaparece”

dade de Macau demonstrou uma grande estabilidade, à medida que o Governo foi apresentando uma série de medidas para EHQH¾FLDU�R�S~EOLFR��3RU�H[HPSOR��QR�3ODQR�GH�&RPSDUWLFLSDomR�3HFXQLiULD�QR�'HVHQ-volvimento Económico do ano 2014 os resi-dentes de Macau estão intitulados a receber 9.000 patacas; o registo para a aquisição de QRWDV�UHODWLYDV�DR�$QR�GR�&DYDOR�H�DR�$QR�da Ovelha estão abertas ao público sem restrições; a quantidade de casas disponíveis para habitação pú-blica na Zona A das novas zonas urba-nas vai aumentar; leis para regular o valor do salário mínimo vão ser implementadas; a Lei da Habitação Económica vai ser revista; leis sobre Protecção dos Animais vão entrar no processo legislativo; a proposta de Lei GH�3UHYHQomR�H�&RUUHFomR�GD�9LROrQFLD�'R-PpVWLFD�SUHWHQGH�FODVVL¾FDU�D�PDLRULD�GHVWH�tipo de crimes como crimes públicos e a Lei da Actividade de Mediação Imobiliária vai ser alterada. Estas medidas destinadas ao povo conquistaram os corações de muitos cidadãos e o apoio de muitas associações, tendo sido amplamente divulgadas pela im-SUHQVD�ORFDO��3HUDQWH�HVWH�FHQiULR��&KXL�6DL�On conseguiu facilmente obter 331 das 400

assinaturas disponíveis entre os membros do colégio eleitoral como subscritores da sua plataforma de candidatura a um segundo PDQGDWR��'HVWD�IRUPD��&KXL�WRUQRX�VH�QR�único candidato a concorrer para as eleições GH�&KHIH�GR�([HFXWLYR�

Mesmo assim, é muito raro encontrar crí-WLFRV�HQWUH�DFDGpPLFRV�RX�¾JXUDV�LPSRUWDQWHV�da sociedade, apesar da crescente subida nos preços de bens essenciais, nas rendas e no preço das propriedades. Ao mesmo tempo, ninguém

sabe quanto tempo vai demorar a cons-trução das habita-ções económicas nem a sua atribuição às pessoas que se candidataram para as mesmas, visto as

RSLQL}HV�GRV�SUR¾VVLRQDLV�HQYROYLGRV�QD�HODER-ração do Plano Urbanístico dos Novos Aterros terem sido substituídas por decisões políticas. Estes desenvolvimentos não representam o sucesso da Administração Pública mas sim a H¾FiFLD�GD�VXD�UHSUHVVmR�D�DFDGpPLFRV��4XDQGR�a imprensa falha e não consegue supervisionar o Governo ao mesmo tempo que os peritos são silenciados, a região torna-se numa ilha DXWR�VX¾FLHQWH�D�YLYHU�HP�D¿XrQFLD��4XDQGR�o populismo é orientado pelo Governo, o fas-cismo político reaparece.

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reeleição garantida, torna-se aparente que, quando os recursos sociais e o poder são controlados e distribuídos entre um pequeno grupo de pessoas ao mesmo tempo que a oposição se torna domesticada através de controlos sociais e repressão, a sociedade de 0DFDX�SHUGH�D�VXD�FDSDFLGDGH�GH�LGHQWL¾FDU�crises. Nascer e morrer em paz deixa de ser vantajoso para a sociedade pois é equivalente a cometer um suicídio lento.

O destino das gentes de Macau não devia ser puramente hedonista enquanto espera pelo ¾P�GRV�VHXV�GLDV��$�$GPLQLVWUDomR�QmR�GHYLD�deixar esta região se tornar num local que depende do jogo para sobreviver porque aqui ainda residem muitos jovens com vitalidade.

O famoso trabalho de Ernest Miller +HPLQJZD\��²7KH�2OG�0DQ�DQG�WKH�6HD³��UHODWD� DV� GL¾FXOGDGHV� HQIUHQWDGDV� SRU� XP�pescador durante a sua velhice, que insiste em continuar a lutar de forma a manter a sua dignidade. Os residentes de Macau dotados com uma visão devem escolher o seu próprio destino e ir lutar com a natureza e o mar, como fez a personagem do livro. Mesmo que encontrem apenas espinhas de peixe, VHPSUH�p�PHOKRU�GR�TXH�¾FDUHP�VHQWDGRV�na ilha dependendo do apoio de outros.

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HOJE MACAU

hoje macau sexta-feira 8.8.2014 19PERFILFERNANDO O MAN KUOK,

EMPRESÁRIO

UMA VIDA ENTRE GUERRAS E REVOLUÇÕES

RICARDO [email protected]

F ERNANDO O nasceu em Macau em 1940, numa altura em que a China travava a Segun-da Guerra Sino-Japonesa, que durou desde

1937 até 1945. Pertence a uma das mais antigas famílias do território, que fundou o Templo de A-Má antes da chegada dos portugueses a esta região - segundo as lendas, este templo pode mesmo ter sido a origem do nome da cidade de Macau.

O seu bisavô, O Loc, foi sócio da primeira VRFLHGDGH�D�FRQVHJXLU�REWHU�XPD�OLFHQoD�R¾FLDO�para a exploração de jogos de fortuna e azar. Esta indústria, que na altura se resumia ao “fan-tan” e outros jogos orientais, foi depois controlada por Kou Ho Neng, por Fu Tak Iam e, mais tarde, em 1962, por Stanley Ho.

O pai de Fernando, após completar os estu-dos em Engenharia nos EUA, foi trabalhar no Ministério da Agricultura da China. Entre 1947 e 1948, assumiu o cargo de Governador da ci-dade de Zhanjiang - localizada junto à ilha de Hainão – mas decidiu regressar a Macau, devido à guerra entre o partido Comunista da China e o Kuomintang. Na mesma altura que o pai de Fernando decidiu voltar ao território, Chiang Kai-shek, líder do Kuomitang, exila-se em Tai-wan, culminando isto na criação da República Popular da China em 1949 por Mao Tse Tung.

'HSRLV� GHVWH� FRQ¿LWR�� VHJXH�VH� D� *XHUUD�da Coreia, que traz ainda mais instabilidade e embargos comerciais à região. Cansada de tanta confusão e miséria, a família de Fernando O Man Kuok decide mudar-se para Portugal, aproveitando uma oferta do então Governador Albano Oliveira, que lhes ofereceu isenção de impostos no país por 25 anos.

Acompanhado dos pais, três irmãos e uma irmã, Fernando chega, então, a Lisboa no ano de 1952, “sem saber sequer dizer ABC em por-tuguês”, conta ao HM. Mas, passado um ano já dominava a língua, tendo então ingressado no Colégio Moderno onde teve como professores Mário Soares e a esposa, Maria Barroso.

Aquele que seria o futuro presidente da Re-pública portuguesa, segreda Fernando ao HM, “faltava frequentemente às aulas, devido aos seus problemas com a PIDE”.

A família de Fernando O era “a única chinesa de Macau e apenas a segunda da China a morar em Lisboa”. Decidiu, por isso, investir no primeiro restaurante chinês da capital – o Restaurante Macau. Ao longo dos tempos, o estabelecimento foi ganhando notoriedade, vindo mesmo a ser apelidado de “Consulado de Macau”, visto ser aí

que muitos macaenses e asiáticos se reuniam com políticos e outra gente importante de Portugal.

Fernando e a família permaneceram no país 30 anos. Foi lá que Fernando casou com a ainda HVSRVD�(GLWH�� FRP�TXHP� WHP�XP�¾OKR� H� XPD�¾OKD��(QTXDQWR�3RUWXJDO�SDVVRX�SHODV�JXHUUDV�GR�Ultramar e posterior revolução de Abril - onde relembra ter visto “os famosos livros vermelhos de Mao” - Fernando foi expandindo os seus negócios no país, passando por fábricas para confecção de têxteis e cabeleiras postiças, pela primeira cadeia de hambúrgueres em Portugal – Tio Sam – e importação/exportação, especial-mente na área do marisco e camarão.

Foi este último negócio que o levou a Moçam-bique e Angola, onde mais uma vez foi testemunha GH�FRQ¿LWRV�H�UHYROXo}HV��(QTXDQWR�0RoDPELTXH�passou pela guerra entre a Renamo e a Frelimo, Angola viu combates entre a Unita e o MPLA.

Devido a isto, Fernando decidiu levar a sua frota de barcos de pesca para o Irão, mas também aqui surgem os confrontos entre o Xá Reza e o Aiatolá Khomeini, que lhe estragaram os negócios.

Fernando O conta que não foi o único a ver os seus investimentos desfeitos. No Irão, o empresário encontra mais uma vez Stanley Ho, que estava, conta-nos Fernando, a desenvolver um circuito para corridas de cavalos e um casino na capital iraniana, Teerão.

Fernando conheceu Stanley pela primeira vez em Lisboa, onde este se deslocava com frequência para discutir com as autoridades locais a possibilidade de obter uma licença de jogo em Macau.

Depois desta “época das aventuras”, como o próprio a descreve, Fernando e a família inteira decidiram voltar para Macau. Corria o ano de 1984. Aqui, o empresário aceitou um convite de Stanley Ho para ingressar na STDM, onde permaneceu durante cinco anos. Mais tarde, voltou a enveredar pela iniciativa privada, tendo desenvolvido vários projectos na cidade, como os Serviços Jurídicos da China (Macau), uma companhia que ajudou a fundar com advogados de Hong Kong - agentes do Ministério da Justiça de Pequim - para oferecer representação legal e VHUYLoRV�R¾FLDLV�GH�QRWDULDGR�QD�&KLQD��(QWUH-tanto, desligou-se desse projecto para apostar na sua nova empresa, a Kin Fat International Developments focada essencialmente na área do imobiliário. Ao mesmo tempo, é ainda o vice--presidente da Comissão Executiva da Associa-ção Comercial Internacional para os Mercados Lusófonos (ACIML), estando também muito activo na área do ARI (Autorização de Residência por Investimento) em Portugal.

“Depois desta ‘época das aventuras’, como o próprio a descreve, Fernando e a família inteira decidiram voltar para Macau. Corria o ano de 1984”

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hoje macau sexta-feira 8.8.2014

Bill Chou pede eliminação de fracções privadas na zona AO professor de Ciência Política da Universidade de Macau Bill Chou sugere ao Governo cancelar as 4000 frações privadas previstas para a zona A dos novos aterros, para aliviar a densidade da população. “A concentração das habitações públicas não beneficia o Governo. É melhor distribuir as ofertas da habitação”, aponta Bill Chou ao Jornal do Cidadão. O académico referiu que seria melhor distribuir as habitações públicas da zona A para as zonas C, D e E.

IC Inscrições para apoios culturaisem SetembroO projecto “Pedidos de Apoio Financeiro para Actividades/ Projectos Culturais”, lançado pelo Instituto Cultural (IC), vai receber inscrições de associações culturais sem fins lucrativos nos dias 10, 11, 12 e 15 de Setembro. Com o intuito de “promover o desenvolvimento do pluralismo cultural e de fomentar talentos locais nas áreas artísticas e cultural” o IC disponibilizará três programas de subsídios. São eles: Pedidos de Apoio Financeiro para Actividades/ Projectos Culturais, Programa de Formação de Recursos Humanos em Gestão Cultural e das Artes e Plano de Financiamento Artes na Comunidade. Os interessados poderão levantar os formulários e os respectivos regulamentos no edifício do IC, na Praça do Tap Seac, ou através do website do instituto.

Camboja Prisão perpétua paraantigos khmerO Tribunal Internacional do Camboja condenou ontem a prisão perpétua os dois ex-líderes dos khmer vermelhos por crimes contra a humanidade, na primeira sentença contra o regime que provocou a morte a 1,7 milhão de pessoas em três décadas. Os dois condenados são o ideólogo e número dois da organização comunista, Nuon Chea, de 88 anos, e o ex-chefe de Estado do regime, Khieu Samphan, de 83 anos, que negaram as acusações que lhes foram imputadas no processo. “Milhões de pessoas foram vítimas do ataque global e sistemático contra a população civil”, disse o juiz Nil Nonn.

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ANDREIA SOFIA [email protected]

O Consulado de Por-tugal em Macau continua a não con-seguir resolver os

problemas de atendimento desde que saíram funcionários do qua-dro do Ministério dos Negócios Estrangeiros português no início do ano. Ao HM, Ricardo Silva, FKDQFHOHU�GR�&RQVXODGR��FRQ¾U-mou que há pessoas que esperam à porta desde manhã cedo.

²7HP�VH�YHUL¾FDGR�XP�HQRU-me aumento de pedidos de re-novações do cartão de cidadão e passaporte. Isso aconteceu [devido à] redução de funcio-nários nos últimos dois anos e pelo aumento da procura, o que HQJURVVD�DV�¾ODV�GH�HVSHUD��(�LVVR�porque em 2009 mudaram-se os passaportes tradicionais para electrónicos e todo o prazo para a renovação encurtou de dez para cinco anos. Daí que a procura pela renovação desses documentos, em 2013, 2014 e talvez para o ano,

Hong Kong Magnata processa Google por suposta ligação a tríades

UM magnata de Hong Kong anunciou ontem a intenção

de processar a Google por o seu nome aparecer associado às tríades na função de escrita semi-automática do motor de busca.

Albert Yeung apresentou uma denúncia contra a Google em Agosto de 2012 depois de a empresa recusar o seu pedido de parar de associar o seu nome às tríades na função de conclusão automática do termo de procura.

O nome de vários grupos PD¾RVRV��FRPR�²��N³�H�²6XQ�<HH�2Q³��WDPEpP�DSDUHFHP�QR�caso de se escrever o nome do milionário.

Em Dezembro de 2012, a Google sustentou perante o Supremo Tribunal de Hong Kong que não pode controlar as associações das palavras--chave. No entanto, o tribunal não aceitou o pedido da Google e a queixa de Yeung deverá ser agora aceite.

“Parece ser razoável pensar que a Google é a editora destas palavras-chave e como tal res-SRQViYHO�SHOD�VXD�SXEOLFDomR³��explicou a juíza Marlene Ng.

A reputação do fundador do grupo Emperor, com interesses QD�SURGXomR�FLQHPDWRJUi¾FD�H�no ramo imobiliário, foi “grave-PHQWH�GDQL¾FDGD³��D¾UPRX�XP�porta-voz do milionário à AFP, por correio electrónico.

No ano passado, as autori-dades judiciais alemãs deram razão a um homem de negócios que apresentou queixa por se ter dado conta que, ao escrever o seu nome na página alemã da Google, o motor de busca sugeria aos internautas a asso-ciação com as palavras-chave ²FLHQWRORJLD³�H�²IUDXGH³�

A Google afirma que as chaves associadas a nomes de pessoas não são escolhidas pela empresa, mas sim em função da frequência das procuras associa-das aos nomes pelos utilizadores do motor de busca.

Seis meses depois da entrada de cinco novos funcionários no consulado de Portugal em Macau, permanecem longas filas de espera para a renovação de documentos e para a atribuição de vistos. O chanceler Ricardo Silva assegura que o aumento da procura complicou a situação

CONSULADO FILAS DE ESPERA CONTINUAM A ENGROSSAR

Na bicha para o visto

“O ideal seria contratar mais pessoas, porque a saída de funcionários que se tem YHUL¾FDGR�QRV�~OWLPRV�GRLV�DQRV�p�PXLWR�superior do que os que entraram este ano”RICARDO SILVA Chanceler do Consulado

WHQKD�DXPHQWDGR�SDUD�R�GREUR³��FRQ¾UPRX�5LFDUGR�6LOYD�

“Neste momento estamos a renovar os documentos que fo-UDP�HPLWLGRV�HP�����³��JDUDQWLX�ainda o chanceler.

Os cinco funcionários que entraram depois das rescisões, em Fevereiro deste ano, continuam a exercer funções através de uma empresa exterior ao Consulado. Segundo disse Vítor Sereno, cônsul-geral de Portugal em Macau, ao jornal Ponto Final, os contratos tinham apenas uma duração de seis meses, mas foram prolongados.

“O ideal seria contratar mais pessoas, porque a saída de fun-FLRQiULRV�TXH�VH�WHP�YHUL¾FDGR�nos últimos dois anos é muito superior do que os que entraram HVWH�DQR³��JDUDQWLX�5LFDUGR�6LOYD��TXH�QmR�FRQ¾UPRX�VH�Ki�SODQRV�para contratações futuras. Vítor Sereno não esteve disponível via telefone para comentar a situação.

Numa entrevista recente ao jornal Público, José Cesário,

Secretário de Estado das Comu-nidades Portuguesas disse que a entrada em funcionamento do sistema de ‘call center’ vinha aju-dando ao escoamento de pedidos nos consulados de todo o mundo, incluindo Macau. Algo que Ri-FDUGR�6LOYD�FRQ¾UPD��²$�HQWUDGD�dos cinco trabalhadores e a sua colaboração, essencialmente para colmatar as saídas dos últimos dois anos, tem ajudado bastante QD�TXHVWmR�GR�DWHQGLPHQWR�³

José Cesário admitiu ainda, na mesma entrevista, a existência de ²SUREOHPDV³�GHYLGR�j�DWULEXLomR�dos Golden Visa. Ricardo Silva esclarece que o maior número de pedidos não é apenas para investir em Portugal.

“Desde o aparecimento do Golden Visa que têm aumentado substancialmente muitos pedi-dos. E também nestes últimos dois anos, com o fortalecimento das relações entre a RAEM e Portugal, na parte do acesso ao ensino superior e da aprendiza-gem da língua portuguesa, tem-se YHUL¾FDGR� WDPEpP� XP� HQRUPH�aumento de pedidos de visto para HIHLWRV�GH�HVWXGR³��FRQ¾UPRX�R�chanceler.

Ricardo Silva não avançou dados mais actualizados dos SHGLGRV� GH� YLVWR�� WHQGR� FRQ¾U-mado que, para os vistos de curta duração e para os Golden Visa, ²D�PHWD�p�GH�WUrV�GLDV³���