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O GRUPO “Protecção dos Residentes de Macau”, liderado pelos mesmos diri- gentes da Forefront, promove no próximo sábado um protesto contra os elevados preços das casas, onde espera contar com a presença da classe média da RAEM. HABITAÇÃO Manifestação a caminho CAMPANHA CE2014 A CARREIRA DE ASSISTENTE SOCIAL HOJE MACAU O deputado analisa o programa político de Chui Sai On e pede uma posição do Executivo sobre as manifestações do Jogo. Para Ng, este é o momento ideal para a reforma política. AL ATENDIMENTO Vozes que não chegam ao céu DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 QUARTA-FEIRA 27 DE AGOSTO DE 2014 ANO XIII Nº 3162 NG KUOK CHEONG PEDE ACÇÃO NA QUESTÃO DO JOGO SOCIEDADE PÁGINA 7 POLÍTICA PÁGINA 5 PÁGINAS 2-3 PUB PUB AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB Tem de haver uma intervenção do Governo hojemacau PÁGINA 4

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Hoje Macau N.º3162 de 27 de Agosto de 2014

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Page 1: Hoje Macau 27 AGO 2014 #3162

O GRUPO “Protecção dos Residentes de Macau”, liderado pelos mesmos diri-gentes da Forefront, promove no próximo sábado um protesto contra os elevados preços das casas, onde espera contar com a presença da classe média da RAEM.

HABITAÇÃOManifestaçãoa caminho

CAMPANHA CE2014A CARREIRA DE ASSISTENTE SOCIAL

HOJE

MAC

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O deputado analisa o programa político de Chui Sai On e pede uma posição do Executivo sobre as manifestações do Jogo.Para Ng, este é o momento ideal para a reforma política.

AL ATENDIMENTOVozes que não chegam ao céu

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 Q UA R TA - F E I R A 2 7 D E A G O S T O D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 1 6 2

NG KUOK CHEONG PEDE ACÇÃO NA QUESTÃO DO JOGO

SOCIEDADE PÁGINA 7

POLÍTICA PÁGINA 5

PÁGINAS 2-3

PUB

PUB

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PICO

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Tem de haver uma intervenção do Governo

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jemac

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PÁGINA 4

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HOJE

MAC

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2 hoje macau quarta-feira 27.8.2014ENTREVISTA

CECÍLIA L [email protected]

A dias da eleição do Chefe do Executivo, como avalia o pro-grama político de Chui Sai On?Penso que o programa quer causar o menor número de problemas às pessoas, por isso é que fala no fim do desenvolvimento do sistema po-lítico e da democracia. Mas isso só aparece no fim, e não disse quando é que isso vai ser feito. Por isso vamos continuar a perseguir este objectivo. Penso que os membros da Comissão Eleitoral consideram que o desenvolvimento democrá-tico é o ponto menos importante, por isso é que só aparece no fim.

Rejeitou ser membro da Comis-são Eleitoral...É melhor não participar na Comissão.

Qual é, no seu ponto de vista, a política a que Chui Sai On está a dar mais atenção?Falou primeiro na habitação pública. Parece que dá muita atenção, mas não mencionou os terrenos que estão abandonados na Taipa e em Coloane. Há cerca de 48 terrenos que já se confirmou que estão abandonados, sendo que 29 deles estão em processo jurídico. Mas o candidato não disse especificamente como é que vai usar esses terrenos. Como a habitação enfrenta uma situação de grande escassez, o próximo Chefe do Exe-cutivo ainda poderá dar a concessão

O deputado eleito pela via directa acredita que a SJM ainda não mudou de postura em relação aos funcionários porque sabe que as outras profissões não apoiam os aumentos pedidos pelos croupiers. Ng Kuok Cheong diz que esta é a altura ideal para a reforma política porque a população já tem mais educação

(dos terrenos) a magnatas e outras figuras políticas da sociedade.

Disse que a zona A dos novos aterros poderá acolher as ca-madas mais pobres da sociedade por causa da alta densidade populacional que será gerada pelas casas públicas. Como é que o deputado avalia isto?Nós, como deputados da Associa-ção Novo Macau (ANM), vamos olhar para essa questão. Já fizemos os cálculos e a densidade popula-cional nessa zona será aceitável, mas estamos preocupados que ainda possa aumentar.

E qual será a segunda medida mais importante apontada por Chui Sai On?Falou do trânsito, da prioridade dada aos transportes públicos, da melhoria do seu funcionamento, do controlo dos autocarros dos casinos. Mas não falou sobre o controlo do número de veículos, nem sobre o Metro Ligeiro.

A questão do trânsito é uma das que mais queixas tem gerado, es-pecialmente na abertura de mais um ano lectivo. O empresário David Chow disse que o Governo não pode continuar a ser corrup-to, porque as obras estão sempre ligadas aos interesses do Executivo e empresários.As obras nas ruas vão aumentar. Não são os dirigentes do Governo que são corruptos, porque a corrupção não é a forma de obtenção de dinheiros públicos. Esse dinheiro vem de ga-rantias mútuas ou da transferência de benefícios dentro de pequenos círculos. Por exemplo, a concessão barata de terrenos é sempre para as grandes famílias de Macau, para além dos casinos. Mas isso é feito pela via legal. Quem está fora desses círculos

NG KUOK CHEONG PEDE REACÇÃO ÀS MANIFESTAÇÕES E DIZ QUE JÁ EXISTE MAIOR CONSCIÊNCIA DEMOCRÁTICA

“MACAU TEM AGORA CONDIÇÕES PARA PROMOVER A DEMOCRACIA”

“Não são os dirigentes do Governo que são corruptos, porque a corrupção não é a forma de obtenção de dinheiros públicos. Esse dinheiro vem de garantias mútuas ou da transferência de benefícios dentro de pequenos círculos”

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3 entrevistahoje macau quarta-feira 27.8.2014

também tem interesses, e paga aos dirigentes do Governo. Mas isso é ilegal.

Como é que essa situação pode ser resolvida?Deve haver regulação para estes pequenos círculos. Se forem dados benefícios a certas famílias, que outras famílias não tiverem, podem surgir queixas. Por isso, na hora de conceder terrenos, na concessão de obras públicas, e até no financiamen-to de associações tradicionais, todos têm de ser beneficiados, para que possam ficar satisfeitos e calados. Se perguntarmos se essa distribuição de benefícios é legal, vemos que todos os financiamentos são feitos através de fundações devidamente aprovados em reuniões e comissões. Mas como Macau tem dinheiro, os residentes não sentem que os seus interesses estejam a ser lesados.

Mas muitos já se queixaram disso.Sim. Por exemplo, o Governo já disse que o Fundo de Segurança Social nunca vai entrar em falência, mas se o Governo continuar a dar grandes quantidades de financia-mentos às associações tradicionais, este serviço de benefício público vai deixar de chegar a todos os re-sidentes, especialmente aos idosos.

Falou das grandes famílias de Macau, como é o caso das famílias Ho, Chui e Ma. A morte de Ma Man Kei pode ter tirado poder a esta família, ao ponto de Frederico Ma Chi Ngai poder não estar na corrida para ser líder do Governo? Sim, vai haver uma mudança. Não tenho notícias em primeira mão, mas sempre se disse que será Lionel Leong Vai Tac (empresário).

O APOIO AO GOVERNO CENTRAL

A sociedade discute muito o nível de formação dos trabalhadores do jogo. O que pensa sobre a ligação entre os salários e o nível de escolaridade?

No meu tempo apenas 10% da po-pulação tinha uma licenciatura, mas esse número já chegou aos 85%. Antes não tínhamos poder. Em 1991, quando entrámos na Assembleia Legislativa (AL), já queríamos fazer uma política democrata. Mas só em 2007 é que foi implementada a educação gratuita, e só este ano é que essa geração terminou o ensino superior. Por isso é que aconteceu a manifestação contra o regime de garantias. Por isso é que acho que Macau tem agora condições para promover a democracia, porque os residentes já começaram a ter essa consciência. Penso que só daqui a dez anos é que estes jovens terão uma posição social estável e darão maior importância à democracia.

Por isso a implementação do sufrágio universal é sempre o vosso primeiro objectivo.Sim. Pessoalmente isso não tem nada a ver comigo, pois não quero concorrer ao cargo de Chefe do Executivo. Mas posso deixar isso para os jovens que vierem a seguir.

Como avalia o desempenho de Jason Chao e Sou Ka Hou, antigo e actual presidente da ANM?Jason Chao tem talento para fazer mais acções fora da ANM. Sou Ka Hou tem uma capacidade de comunicação e consegue desenvol-ver acções mais práticas. Existem rumores de que temos um conflito, mas isso nunca aconteceu.

Como deputado pela ANM, que trabalhos pretende desenvolver?Estamos a lutar para que a reforma política avance em 2015. No dia das eleições do Chefe do Executivo vamos realizar uma acção junto às Ruínas de São Paulo.

Que experiências podem ser retiradas da reforma política feita em 2012?As associações tradicionais têm a capacidade de influenciar os resul-tados. Dou o exemplo de incentivos

NG KUOK CHEONG PEDE REACÇÃO ÀS MANIFESTAÇÕES E DIZ QUE JÁ EXISTE MAIOR CONSCIÊNCIA DEMOCRÁTICA

“MACAU TEM AGORA CONDIÇÕES PARA PROMOVER A DEMOCRACIA”feitos aos residentes para que assinem cem mil “inquéritos” num curto período de tempo. Os empresários ligados a Fujian e Jiangmen conse-guem usar o seu poder financeiro e obter algum apoio dos residentes. Isso não existe apenas em Macau, mas também na Tailândia, em que Thaksin (Shinawatra, empresário e ex-primeiro-ministro do país) ou Yingluck Shinawatra (também empresária) conseguiram o acesso aos cargos políticos com o apoio das camadas mais baixas da população. Isso é populismo, não é democracia. Com um melhor nível de educação a população pode ver como é que as associações tradicionais funcio-nam, bem como os empresários às quais estão ligados. Não podemos acusar os idosos de votar em quem não conhecem. É normal que os empresários aproveitem a economia para ter cargos na política, isso é um fenómeno da história.

Muitos dizem que a reacção do Governo em relação ao referendo civil é excessiva. O que acha?Tudo o que o Governo tem feito, desde o IACM ao Gabinete de Pro-tecção de Dados Pessoais, à PJ e à PSP, é uma demonstração da sua lealdade política para com o Governo Central e estão a aproveitar o lado cinzento da lei.

O facto de Jason Chao ter es-tado preso poderá influenciar uma possível participação nas próximas eleições?A lógica faz com que ele não seja um criminoso, e se for condenado, será triste para Macau, porque mostra que a justiça não é neutra. Mas mesmo que Jason Chao seja condenando, esse crime não lhe tirará o direito político, por isso poderá perfeitamente participar nas eleições para ser deputado.

“Tem de haver uma intervenção do Governo, (sobre as manifestações do Jogo) mas até agora este ainda não assumiu nenhuma posição sobre este conflito”

“As seis operadoras estão a apostar em casinos fora de Macau, não estão determinadas a melhorar a estrutura do jogo e só querem importar trabalhadores”

“Só daqui a dez anos é que estes jovens terão uma posição social estável e darão maior importância à democracia”

“Tudo o que o Governo tem feito, desde o IACM ao Gabinete de Protecção de Dados Pessoais, à PJ e à PSP, é uma demonstração da sua lealdade política para com o Governo Central”

Governo tem de agirEm relação às manifestações do sector do jogo, é dito que a posição política dos dirigentes da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) faz com que estes continuem a não dar benefícios aos trabalhadores. Como avalia esta situação?Um terço das receitas do jogo vai para o Governo, a outra parte vai para os casinos. Os funcionários não partilham dessas receitas que são uma enorme quantidade de dinheiro. Quando estes trabalhadores saem para a rua, a sociedade continua a pensar que ganham mais do que os professores ou outros trabalhadores. A SJM sabe que as manifestações não vão receber apoios de outros sectores, por isso é que mantém a sua posição. A boa relação com a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) faz com que as associações ligadas avisem os funcionários de que estes podem ser despedidos ou substituídos se participarem nessas actividades. Há outra maneira de estar contra as manifestações, que é incentivar a criação de mais associações para defender os direitos dos funcionários que acabem por lutar umas contra as outras. Mas isso não faz sentido. Acho que é racional aumentar os

salários dos trabalhadores consoante a inflação, porque os aumentos das receitas são superiores a isso.

Se Ieong Man Teng (presidente da Forefront of Macau Gaming) voltar a participar numa lista da ANM nas eleições, pode obter mais votos dos croupiers?Ele pode ter mais apoio político com este movimento, mas não é esse o seu objectivo. (Se foi número três), porque é que não pode ser o número um dessa futura lista e ser eleito deputado?

Estes protestos ajudam, ou não, ao desenvolvimento do sector e será que têm vindo a piorar as relações laborais?Tem de haver uma intervenção do Governo, mas até agora este ainda não assumiu nenhuma posição sobre este conflito. Mas com a futura procura por mais recursos humanos, os residentes de Macau não vão conseguir cobrir as necessidades e tem de haver uma mudança na política do Governo. Todas as operadoras querem importar não residentes. As seis operadoras estão a apostar em casinos fora de Macau, não estão determinadas a melhorar a estrutura do jogo e só querem importar trabalhadores. Só a sociedade é que vai sentir os prejuízos, as operadoras não.

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GCS

4 hoje macau quarta-feira 27.8.2014POLÍTICAANDREIA SOFIA [email protected]

O S problemas dos residentes não se fizeram apenas ouvir

no hemiciclo pela via das interpelações orais apresen-tadas pelos deputados. Na primeira sessão legislativa da V Legislatura, um total de 99 pessoas foram atendidas na Assembleia Legislativa (AL), contra as 69 pessoas que se deslocaram ao hemi-ciclo em 2013.

Segundo o relatório da AL, 11 desses atendimentos foram feitos com a presença de deputados, três com fun-cionários do próprio hemici-clo, 12 por telefone e a maior fatia, 73, foram queixas ou questões apresentadas via e-mail, sendo que foram enviadas 26 respostas.

Segundo o mesmo do-cumento, “as questões dos residentes prenderam-se es-sencialmente sobre problemas jurídicos, com os trabalhos legislativos e também com questões de natureza pessoal para as quais não encontraram respostas noutras entidades”.

Contactado pelo HM, Eilo Yu, docente de ciência política da Universidade de Macau (UM), pede a criação de um mecanismo oficial que possa garantir que as queixas e petições entregues pela população cheguem ao seu destino: o Executivo.

A Assembleia Legislativa registou quase uma centena de atendimentos feitos à população, mais 30 do que no ano passado. Contudo,Eilo Yu e José Pereira Coutinho levantam dúvidas quantoao lado prático desse processo

HEMICICLO PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA COM MAIS ATENDIMENTOS

Quem ouve a voz do povo?

“Tem de ser criado um mecanismo formal para transmitir as opiniões e em que o hemiciclo possa, de facto, gerir essas queixas”EILO YU Docentede ciência política da UM

ALOJAMENTO COMO CONDIÇÃO PARA CONTRATAÇÕES

“As pessoas têm vindo a enfrentar vários problemas, e também estão atentas à performance do Governo. Esses problemas leva-as a tentar encontrar uma solução e a AL tem vindo a tornar-se um canal de comunicação.

Eles identificam-se com esse canal institucional. Mas o problema é como é que os deputados podem estabelecer essa ligação com o Governo. Acredito que ainda tem de ser criado um mecanismo formal para

transmitir as opiniões e em que o hemiciclo possa, de facto, gerir essas queixas”, considerou o docente.

QUANTIDADE E QUALIDADETambém o deputado José Pereira Coutinho não acre-

dita que existam resultados práticos neste sistema. Na sua perspectiva, o aumento do número de atendimentos “poderá, de alguma forma, estar relacionado com essa situação (de maior atenção dos residentes às ques-

tões políticas)”, contudo, “quando a população tomar consciência de que é inútil ir à AL, então deixará de ir”, defendeu o deputado ao HM.

“Não deve olhar-se ape-nas para a quantidade de trabalho da AL para saber se é positivo ou negativo, mas para a qualidade. Não é pelo facto de haver mais plenários, mais audições e reuniões que eleva a quali-dade do trabalho da AL e o seu mérito, mas sim os tipos e resultados do que foi feito. Os resultados nem sempre estão de acordo com as ex-pectativas dos peticionários, e a qualidade dos plenários e comissões não são as mais desejáveis para ter uma me-lhor fiscalização”, apontou ainda.

Convidado a comentar o programa político de Chui Sai On, o deputado José Pereira Coutinho diz não encontrar grandes mudanças. “De alguma forma é um programa bastante semelhante ao de 2009. Vamos esperar para ver quem vão ser os Secretários que terão a responsabilidade importante de aplicar aquilo que foi prometido. Mas

até hoje, o que vemos são promessas e mais promessas”, disse ao HM. Quanto à ideia de que as operadoras de jogo deverão garantir alojamento e transporte aos trabalhadores não residentes (TNR), Coutinho acredita que o alojamento será uma das condições para que essas empresas contratem

trabalhadores no futuro, colocando a hipótese dos TNR virem a residir no interior da China. “Aqueles que queiram residir no interior do continente residem, quem já tem casa vive na casa, não estou a ver novidade. Só poderá ser aplicado aos futuros novos trabalhadores que as empresas pretendam contratar ao exterior. Mas é

fácil contornar essa questão, na medida em que os TNR de baixas qualificações passam a residir no interior do continente, por exemplo, sendo uma das condições de ser admitido em Macau. Vai ser muito difícil encontrar um alojamento por si próprio, por isso é que nas futuras contratações a entidade empregadora tem de ter

alojamento para que esses trabalhadores possam residir lá”, explicou. Coutinho acredita ainda que não haverá espaço para mais operadoras. “Não acredito que isso venha a acontecer. Não acredito que o actual status quo do número de concessionárias venha a modificar-se no futuro”, acrescentou ao HM.

“Quando a população tomar consciência de que é inútil ir à AL, então deixará de ir”PEREIRA COUTINHO

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HOJE

MAC

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5 políticahoje macau quarta-feira 27.8.2014

HEMICICLO PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA COM MAIS ATENDIMENTOS

Quem ouve a voz do povo?

FLORA [email protected]

O NTEM foi dia de Chui Sai On voltar a reunir com membros

da Comissão Eleitoral, mas desta vez com aqueles que pertencem aos secto-res cultural, educacional e profissional. No encontro, o candidato a Chefe do Executivo garantiu que irá criar já em 2015 a carreira de assistente social na Função Pública.

“O sector dos assis-tentes sociais tem dado muitas contribuições para a sociedade, e concordo que esse sector deve ser considerado uma profis-são. Garanto que no início do próximo ano vou adi-cionar a carreira de assis-tente social nos serviços públicos”, disse Chui Sai On, que prometeu ainda avançar com o sistema de certificação profissional para assistentes sociais, cujo processo de consulta pública já chegou ao fim.

A garantia foi dada de-pois da proposta apresen-

Noutro encontro com membros da Comissão Eleitoral, o candidato a mais um mandato como Chefe do Executivo promete fazer com que os assistentes sociais do sector público deixem de ser meros técnicos

CE2014 CHUI SAI ON GARANTE CARREIRA DE ASSISTENTE SOCIAL

Palavra de candidato

“Garanto que no início do próximo ano vou adicionar a carreira de assistente social nos serviços públicos”CHUI SAI ON

FIM DA “LEI DA SOMBRA” Chui Sai On garantiu esta segunda-feira que a “lei da sombra” deverá ser eliminada do regulamento de construção urbana, mas frisou ontem que isso não significa que serão construídos prédios mais altos. “Seja como for, esse ponto deverá ser executado de forma rigorosa consoante a Lei de Terras, Lei de Salvaguarda do Património Cultural e Lei do Planeamento Urbanístico. Espero que seja feito um planeamento integral e que o Regime Jurídico dos Bairros Antigos possa ser concluído no próximo mandato. Mas a eliminação dessa regra não deve significar o alargamento do limite máximo da altura dos edifícios”, frisou.

tada por Lee Kuai Heng, presidente da Associação dos Assistentes Sociais de Macau. “Actualmente no Governo não há uma car-reira profissional para os assistentes sociais, que são designados como técnicos ou técnicos-adjuntos, mas trabalham como assistentes sociais”, apontou.

A presidente falou tam-bém da necessidade de ace-lerar os trabalhos relativos à certificação profissional. “O seu programa político mostra que vai ser esta-belecido um sistema de certificação profissional. Mas a consulta pública para a área dos assistentes sociais já acabou há muito tempo e ainda não vemos uma saída para essa políti-ca. Quero questionar se o candidato pretende acelerar os trabalhos no futuro, para promover a profissão”, indagou Lee Kuai Heng perante Chui Sai On.

SIM À FACULDADEDE MEDICINATai W a Hou, membro da Comissão Eleitoral pelo sector profissional, falou ainda da necessidade de

RESPONSABIL IDADENA EDUCAÇÃOO candidato a mais um mandato como Chefe do Executivo garantiu ainda que o Executivo deve ter a responsabilidade na área da educação. “A economia de Macau está numa boa fase e devemos contribuir com mais recursos para a área da educação, especialmente para a educação especial. O Governo tem de ser o primeiro a assumir essa responsabilidade, apoiando as instituições públicas e privadas.” O candidato prometeu aumentar as condições para as “escolas mais vulneráveis”, fornecendo mais recursos para a sua reconstrução. Agnes Lam, docente e membro da Comissão Eleitoral, levantou a questão no encontro. “Uma grande parte das escolas primárias e secundárias têm condições vulneráveis, em termos de recursos. Na zona dos novos aterros, haverão mais espaços para essas escolas?”, questionou a docente, sem esquecer a aposta no ensino especial. Vong Kuoc Ieng lembrou que o desenvolvimento do jogo trará “muitos desafios” ao sector da educação.

REFORMA ADMINISTRATIVAJÁ EM JANEIROChui Sai On garantiu ainda rapidez na implementação do processo de reforma administrativa. “Tenho confiança no futuro grupo de governação, e, de acordo com o programa político, vamos implementar a reforma política e melhorar a eficiência já a partir de Janeiro de 2015”, apontou. Joey Lao, economista e presidente da Associação Económica de Macau, falou da necessidade de implementar uma “melhor governação”. Kun Sai Hoi, presidente da Associação dos Técnicos de Administração Pública de Macau, pediu ainda um calendário para a reestruturação das carreiras dos funcionários públicos.

criação de uma faculdade de medicina. “A qualidade dos profissionais de saúde não aumentou, por isso concor-

do que deve ser criada uma base de formação específica para médicos e enfermeiros, que é um dos pontos do seu

programa político. Mas que-remos que seja criada uma faculdade”, apontou.

Chui Sai On concordou

com a medida, embora não tenha avançado um calen-dário. “Para analisarmos no futuro em criar uma fa-culdade de medicina, temos de considerar três questões: os fundamentos científicos dos estudantes, os hospitais actuais, que não têm o ensino como objectivo, bem como as necessidades de estudos de doenças. Mas, apesar de tudo, concordo que deve ser criada esta estrutura”, referiu.

Tai Wa Hou também pe-diu a revisão dos regulamen-tos para a prestação gratuita de cuidados de saúde, “os quais nunca foram revistos desde 1986, mas as doenças e a tecnologia já sofreram alterações e uma evolução. Espero que o candidato considere a revisão desta questão se for eleito”, pediu o responsável.

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6 política hoje macau quarta-feira 27.8.2014

PUB

AnúncioAQUISIÇÃO DO PIANO

PARA O INSTITUTO POLITÉCNICO DE MACAUCONCURSO PÚBLICO N.º 01/DOA/2014

1. Entidade que põe o serviço a concurso: Instituto Politécnico de Macau.

2. Modalidade de concurso: Concurso Público.

3. Objecto do Concurso: Aquisição do Piano para o Instituto Politécnico de Macau

4. Prazo de validade das propostas do concurso: As propostas do concurso são válidas até 90 dias contados da data de abertura das mesmas.

5. Garantia provisória: $22 000,00 (vinte e duas mil patacas), através de depósito no Serviço de Contabilidade e Tesouraria do Instituto Politécnico de Macau ou mediante garantia bancária a favor do Instituto Politécnico de Macau, em Macau

6. Garantiadefinitiva: 4% do preço global da adjudicação (para garantia do contrato).

7. Condições de admissão: Entidades com sede ou delegação na RAEM cuja actividade total ou parcial se inscreva na área objecto deste concurso.

8. Local, data e hora de explicação:Local: Divisão de Obras e Aquisições do Instituto Politécnico de Macau, sita na Rua de Luis Gonzaga Gomes, em Macau.Hora e Data: 2 de Setembro de 2014, pelas 10H00.

9. Local, data e hora do limite da apresentação das propostas: Local: Divisão de Obras e Aquisições do Instituto do Politécnico de Macau, sita na Rua de Luis Gonzaga Gomes, em Macau.Hora e Data: 11 de Setembro de 2014, antes das 17H45.

10. Local, data e hora da abertura do concurso:Local: Sala de Reunião do Pavilhão Polidesportivo do Instituto Politécnico de Macau, sita na Rua de Luis Gonzaga Gomes, em MacauHora e Data: 12 de Setembro de 2014, pelas 10H00.

11. A avaliação das propostas do concurso será feita de acordo com os seguintes critérios: - Preço razoável (40%) - Conformidade de qualidade dos artigos com as exigências do utente (30%) - Poupança de energia e características de segurança (5%) - Prazo de entrega (10%) - Garantia/Serviços-pós-venda (10%) - Curriculum Vitae, competências e experiência do concorrente (5%)

12. Local, hora e preço para exame do processo e obtenção da cópia do processo:Local de exame: Divisão de Obras e Aquisições do Instituto Politécnico de Macau, sita na Rua de Luis Gonzaga Gomes, em Macau.Local de obtenção: Divisão de Obras e Aquisições do Instituto Politécnico de Macau, sita na Rua de Luis Gonzaga Gomes, em Macau, mediante o pagamento de MOP100,00 (cem patacas).Hora: de 2ª feira a 5ª feira das 09H00 às 13H00 e das 14H30 às 17H45.

6ª feira das 09H00 às 13H00 e das 14H30 às 17H30.Telefone: 8599 6178, 8599 6123, 8599 6287

Macau, aos 25 de Agosto de 2014Presidente do Instituto, Lei Heong Iok

D ESTA vez, foi a Am-nistia Internacional (AI) que se pronun-

ciou sobre os incidentes e detenções de voluntários do “referendo”. William Nee, do gabinete da AI em Hong Kong, afirmou que Jason Chao terá todo o apoio da instituição, caso seja acusado pelo Ministério Público (MP). De acordo com declarações do in-vestigador ao jornal Ponto

Chui Sai On Sede de Candidatura a abarrotar de inquéritos

DEPOIS de cinco entidades entregarem inúmeras cartas e inquéritos na sede da

candidatura de Chui Sai On esta segunda--feira, vários membros da Aliança de Povo de Instituição de Macau, incluindo a deputada Song Pek Kei, marcaram presença ontem no encontro agendado com os representantes do candidato. Segundo o canal chinês da rádio Macau, foram entregues cerca de 12 mil questionários, os quais foram realizados nas ruas e distribuídos em cerca de 200 edifícios.

O director da Aliança, Chan Tak Seng, referiu que estas opiniões coleccionadas fa-zem destaque principalmente aos problemas

de habitação e trânsito. “Espero que o futuro Chefe do Executivo possa implementar as promessas do Programa Político Eleitoral”, disse, apontando que o problema da habita-ção pública é um problema de longo prazo, e que mesmo dentro do quarto mandato poderá não ser resolvido.

“Espero que o Governo demonstre um planeamento a longo prazo, assim como espero que o Chefe do Executivo e os titu-lares de cargos principais assumam as suas responsabilidade cívicas, resolvendo os problemas na vida da população e da nossa economia”, frisou. -F.F.

O recado da AI adverte o Governo que Jason Chao terá todo o apoio da instituição caso venha a ser acusado

REFERENDO AMNISTIA AMEAÇA COM DENUNCIA GLOBAL

Um aviso de gigante

Final, a organização sem fins lucrativos está “muito preocupada” com os inci-dentes, incluindo a detenção de vários activistas como Scott Chiang e Jason Chao.

“O Governo de Macau não parece estar disposto a permitir o exercício da liber-dade de expressão e do direi-to de reunião”, disse Nee ao jornal diário. De acordo com a notícia avançada, William Nee não aceita a justificação

dada pelo Governo para a detenção dos activistas, avançando mesmo que “os dados foram dados pelas pessoas de livre vontade”.

Em nome da AI, explica ainda que a realização do “referendo civil” estava den-tro dos trâmites legais, uma vez que não violou quaisquer normas estipuladas pela decisão do tribunal. “Está a haver uma óbvia violação da liberdade de expressão”, atirou William Nee, que acrescenta ainda que a de-tecção de ilegalidades no website das votações foi a forma que o Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais encontrou para minar a ac-tividade. “[A argumentação jurídica do GPDP] foi a for-ma encontrada para reprimir este direito de uma maneira não tão controversa”, disse Nee ao Ponto Final.

De acordo com o investi-gador, a AI estará preparada para intervir no assunto, caso a acusação do MP contra Jason Chao vá mesmo para a frente. Os incidentes que atraíram já a atenção de vá-rios órgãos de comunicação e instituições estrangeiras, aconteceram no passado do-mingo e compreenderam a detenção de vários activistas em Macau, nomeadamente na Rua do Campo. Até às 18 horas de ontem, o we-bsite oficial da actividade somava 6659 votos, ou seja, significativamente mais do que os 5000 inicialmente previstos.

6659votos registadosaté às 18 horas de ontem

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7SOCIEDADEhoje macau quarta-feira 27.8.2014

REFERENDO AMNISTIA AMEAÇA COM DENUNCIA GLOBAL

Um aviso de gigante

CECÍLIA L [email protected]

N ÃO são apenas os direitos dos trabalhadores do jogo que fazem

mover Ieong Man Teng e Cloee Chao. Os dirigentes da Forefront of Macau Gaming (FMG), que lideraram os recentes protestos do sector, vão organizar outra manifes-tação este sábado contra os elevados preços de aquisição de imóveis, através do grupo “Protecção dos Residentes de Macau”. O protesto está marcado para as 15h30, na praça do Tap Seac.

“Os organizadores são os mesmos da FMG, mas

A decisão está tomada. “Entre Índia e China: Ptolomeu e a Constru-

ção de uma Região-Mundo Asiática” é o nome do projecto de investigação vencedor do Programa de Bolsas de Inves-tigação Académica do Instituto Cultural (IC).

Apresentado pelo acadé-mico australiano Geoffreu C. Gunn, professor visitante da Universidade de Macau, especializado em relações in-ternacionais da Ásia do Leste e do Sudeste, o projecto conta agora com o apoio do Instituto que varia entre as 110 mil e as 180 mil patacas, dependendo dos níveis de classificação.

Parisian Obras de construção recomeçam esta semanaAs obras do empreendimento Parisian Macau, que foram embargadas no início de Julho, devem recomeçar esta semana. A informação foi avançada num comunicado da Sands China, empresa responsável pelo projecto no Cotai. O embargo da obra foi efectuado pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) por alegadas ilegalidades, no que diz respeito ao contrato de construção existente. A paragem das obras teve lugar depois da DSSOPT verificar que havia edifícios com mais de dez andares quando apenas tinha sido dada permissão para construção dos trabalhos de terraplanagem. Recorde-se que há várias outras obras na mesma situação de embargo do Parisian, tanto no Cotai como na península de Macau. Ilegalidades nos contratos de construção são a justificação dada na maioria dos casos.

110/180mil patacas, apoio do Instituto

IC FINANCIADO PROJECTO DE PROFESSOR AUSTRALIANO

Entre a Índia e a ChinaO projecto seleccionado

diz respeito à área da Meta--geografia e permitirá analisar os conhecimentos agregados à Era dos Descobrimentos marítimos, tendo em conta a sua influência no “lento desmembramento do modelo

ptolemaico”. Conforme argu-menta o IC, a investigação vai também permitir “descrever as alterações e correcções que a Revolução Científica imprimiu à Geografia e Cartografia”.

“Consequentemente, esta investigação revestir-se-á de particular importância ao reve-lar como se produziu parte da Geografia europeia moderna, apontando razões para a so-brevivência desse novo modelo mesmo após a Era da Descolo-

nização, modelo que continua a determinar os conhecimentos geográficos no mundo contem-porâneo”, fundamenta o IC.

As Bolsas de Investigação Académica do Instituto Cultural têm como objectivo apoiar pro-jectos de investigação na área das Humanidades, que contribuam de forma significativa e original para um maior conhecimento de Macau ou do seu papel no inter-câmbio cultural entre o Oriente e o Ocidente. - Hoje Macau

“Os organizadores são os mesmos da FMG, mas desta vez não são apenas funcionários do jogo que vão participar, mas também médicos e advogados”CLOEE CHAO Dirigente da Forefront of Macau Gaming

Um grupo intitulado “Protecção dos Residentes de Macau” vai organizar este sábado um protesto contra os elevados preços da compra de casa. Mas os líderes deste grupo são os mesmos da associação Forefront of Macau Gaming: Ieong Man Teng e Cloee Chao

HABITAÇÃO LÍDERES DA FOREFRONT PROMOVEM MANIFESTAÇÃO

Os dirigentes omnipresentesdesta vez não são apenas funcionários do jogo que vão participar, mas tam-bém médicos e advogados, por exemplo. Porque já ninguém consegue aguen-tar os preços altos das ca-sas. Ninguém, nem mesmo aqueles que têm um salário estável”, disse Cloee Chao ao HM.

A manifestação irá assim acontecer um dia antes das eleições do Chefe do Executivo. “Quere-mos que, antes que seja eleito, Chui Sai On possa garantir que vai reservar terrenos abandonados para

a construção de habitação pública depois da nossa manifestação”, disse a mesma responsável.

Na rede social Facebook já correm apelos à partici-pação das pessoas. “Como não recebemos financia-

mento do Governo, temos de fazer tudo sozinhos. Esperamos poder recrutar voluntários suficientes para este esforço em conjunto. Mas se não conseguirmos reunir pessoas suficientes, poderemos ter de cancelar

esta acção”, pode ler-se na página do grupo.

GREVE NO SÁBADO NEGADANa manifestação desta segunda-feira, vários tra-balhadores da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) mostraram vontade de realizar uma greve contra a operadora, caso a SJM não der uma resposta nos próximos dias. Mas em declarações ao HM, Ieong Man Teng negou que a greve esteja, de facto, marcada.

“Só posso dizer que nada foi agendado, ainda não che-

gámos a um consenso. Porque os funcionários da SJM ainda estão a negociar sobre quais as acções que vão ser feitas para reagir à empresa”, disse o presidente da FMG. Ao contrário da Sands China e Galaxy, a SJM não alterou nenhuma das condições dadas aos trabalhadores depois do protesto.

Ieong Man Teng e Cloee Chao são trabalhadores da Wynn, mas a empresa não foi directamente visada no protesto. “As condições de trabalho na Wynn são melhores do que nos outros casinos, como toda a gente sabe”, apontaram em confe-rência de imprensa. Só este ano a Wynn, do empresá-rio norte-americano Steve Wynn, deu uma parte das acções cotadas em Bolsa de Valores aos seus funcio-nários mais qualificados.

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8 sociedade hoje macau quarta-feira 27.8.2014

FLORA [email protected]

A Administração Geral das Alfân-degas da Repú-blica Popular da

China respondeu à proposta apresentada pelo deputado Chan Meng Kam, também delegado por Macau no comité nacional da Confe-rência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), garantindo que a fronteira no parque industrial da zona transfronteiriça na Ilha Ver-de poderá estar aberta a todos os trabalhadores, uma vez

ATÉ ao dia 20 do presente mês foram criadas 348 no-vas associações em Macau.

Conhecida pela sua capacidade associativa, a sociedade de Macau reúne um total de 5841 associações. Há grupos para todos os gostos e feitios. Arte e Cultura, Ciência e Tecnologia, Condóminos, Despor-to, Direito, Educação e Juventude, Fundações, Indústria, Comércio e Serviços, Ocupação Tempos Livres, Profissões, Protecção do Ambiente, Religião, Saúde, Ser-viços Sociais, Trabalho são várias as áreas contempladas.

De Janeiro a Agosto de 2014 foi publicado em Boletim Oficial o registo de mais de 300 novas as-sociações. O primeiro estatuto do ano aconteceu no dia 2 de Janeiro permitindo assim à Associação dos Trabalhadores Seniores da Admi-

5841total de associações existentes

em Macau

“Decidimos ajustar temporariamente a função da zona industrial transfronteiriça, permitindo que os trabalhadores de Guangdong e Macau possam passar a fronteira entre a meia noite e as sete da manhã”ADMINISTRAÇÃOGERAL DAS ALFÂNDEGASDA REPÚBLICA POPULARDA CHINA

ZONA INDUSTRIAL APROVADA ABERTURA DA FRONTEIRA PARA TRABALHADORES

Luz verde à proposta de Chan Meng KamO posto fronteiriço vai passara estar aberto a todos os trabalhadores. O deputado pede,no entanto, uma confirmação por parte do Ministério de Zhuhaipara que não haja problemascom residentes e não-residentesde Macau que estudam e trabalham no interior da China

que, actualmente, só quem trabalha neste parque tem o acesso garantido.

“Para satisfazer as neces-sidades dos trabalhadores durante 24 horas por dia, decidimos ajustar tempora-riamente a função da zona industrial transfronteiriça, permitindo que os trabalha-dores de Guangdong e Ma-cau possam passar a fronteira entre a meia noite e as sete da manhã, antes que seja criada a nova via de acesso entre Guangdong e Macau”, pode ler-se no documento.

Na resposta, as autori-dades chinesas garantiram

que, no passado dia 11 de Julho, já tinham aprovado a passagem dos trabalhadores de Macau e Guangdong no horário de fecho das frontei-ras nas Portas do Cerco, ou seja, entre a meia noite e as sete da manhã.

No entanto, Chan Meng Kam considera que ainda há questões técnicas a resolver para a implementação desta medida e referiu que há que esperar pela confirmação do Ministério da Segurança Pública de Zhuhai. “Esta

medida acarreta problemas técnicos, porque existem também residentes de Ma-cau que estudam e trabalham no interior da China, para além dos trabalhadores não residentes. É possível que não exista uma diferença

de passagem na zona, mas achamos que é necessária uma confirmação por parte do Ministério de Zhuhai”, frisou o deputado, que deseja que uma série de construções na zona possam ser iniciadas em breve.

CRIADAS 348 ASSOCIAÇÕES ATÉ AGOSTO

Para tudo e por nadanistração Pública de Macau ter lugar activo na sociedade. Na lista dos primeiros oito meses do ano são várias as áreas contempladas: desporto, amizade, saúde, trabalho, caridade, educação. Associação de Estudos de Direito Romano e Direito Comum, Associação para os Estudos da Dor de Macau, As-

sociação Internacional de Apoio aos Trabalhadores Estrangeiros Filipinos em Macau, Associação da Cultura da Vida em Macau, ou Associação de Caracteres Chine-ses de Macau, são apenas alguns dos novos grupos disponíveis no território.

QUANTIDADE VERSUS DESENVOLVIMENTO Recorde-se que o académico Leung Kai Chun, doutorado pelo Instituto de Estudos Humanísti-cos e Sociais de Hong Kong da Universidade de Hong Kong, defendeu, nas suas reflexões so-

bre Macau, que a “existência de grande número de associações não significa que a sociedade civil de Macau esteja bem desenvolvida”. Para o académico “embora os mo-vimentos sociais e as novas formas de constituíção de associações

estejam a aumentar, a conjuntura social que predomina sobre as associações não se sujeitou a ne-nhuma modificação qualitativa” nos últimos anos.

Questionado sobre o assunto, Bill Chou afirmou ao HM que apesar de considerar importante que as pessoas de Macau sejam activas e queiram fazer alguma coisa por si, pelo seu grupo de afinidade, é “impossível fugir à questão política” na análise do assunto. “Muitas [associações] são criadas para apoiar pessoas ou até mesmo outras associações”, disse, lamentando “este comportamento comum em Macau”.

O último registo publicado foi aprovado na passada quarta-feira e dedica-se aos amantes dos mo-tociclos e dá pelo nome de Ducati Owner’s Club Macao. - Hoje Macau

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9 sociedadehoje macau quarta-feira 27.8.2014

A Santa Casa da Mi-sericórdia con- firmou que irá abrir em 2015

uma creche nas actuais ins-talações da Cruz Vermelha, situada na Praia Grande.

“É uma vivenda bastan-te aconchegante. Estamos à espera que nos devolvam as instalações até ao final do ano lectivo. Mas já temos o plano alinhavado do que é que queremos fazer dali, e o mais depressa possível”, disse a directora da Creche da Santa Casa da Miseri-córdia, Isabel Marreiros, em declarações à Rádio Macau.

O espaço terá capaci-dade para 120 crianças e a formação de profissionais, tal como confirmou a direc-tora, já está a decorrer nas instalações da Santa Casa nos NAPE.

LACUNA QUE VEM DE LONGEO problema de falta de vagas não é novidade em Macau, levando o Governo a manifestar-se sobre o assunto. O deputado Mak Soi Kun mostrou-se preo-cupado e garantiu que até 2016, o Executivo irá “au-mentar as vagas em 40 ou

Taxista apanhadoa promoverimigração ilegalO Ministério Público (MP) decidiu aplicar a sanção de pagamento de caução e apresentação periódica às autoridades a um taxista que foi indiciado por “crime de ajuda à imigração ilegal”. Segundo um comunicado do MP, o individuo, de apelido Cheong, com 49 anos de idade, foi apanhado pelos agentes alfandegários no passado dia 1 de Agosto perto de Tam Kung Mio “quando estava a transportar três imigrantes ilegais para a cidade”. “Cheong confessou ter conhecido um homem em Julho deste ano que começou a pedir o seu serviço de transporte através do telefone, tendo pago mais do que a tarifa normal para cada transporte. Cheong recebeu a chamada deste homem para transportar cinco indivíduos para o Sands Cotai Central. Os três imigrantes ilegais confessaram ter pago dez mil para o transporte ilegal para Macau e depois tomar o táxi de Cheong”, pode ler-se no comunicado.

De cinco apenas duas amas são qualificadasO Programa Piloto dos Serviços de Amas Comunitárias implementado pelo Instituto de Acção Social (IAS) prevê recrutar 75 amas sociais para prestar serviços nas creches de Macau. No entanto, apenas duas amas estão qualificadas na Associação Geral das Mulheres de Macau(AGMM) – uma das instituições responsáveis pela exploração de serviço. Segundo a assistente social da associação, Wong Man I, entre as cinco amas recrutadas apenas foram escolhidas duas amas qualificadas. No processo de recrutamento está também contemplado o ambiente que as mesmas apresentam em suas casas. A responsável do projecto referiu ainda que a maioria das famílias que pediram o serviço de amas sociais trabalham por turnos, e por isso esperam que as amas sociais cuidam dos seus filhos, atribuindo-lhes assim uma grande dose de confiança. A AGMM afirmou ainda que no final do mês irá começar a dar formação a um segundo grupo de amas sociais.

Mais de 31 mil alunos com apoio para material escolar

“É preciso fazer uma revisão do tipo de creches de que precisamos, ver as necessidades dos pais. (...)É preciso haver uma diversidade para que os pais possam optar”ISABEL MARREIROS

Directora da Crecheda Santa Casada Misericórdia

A falta de locais onde os pais possam deixar os mais pequenos é um problema que se arrasta há vários anos. As novas instalações terão capacidade para 120 crianças e a formação de profissionais já está a decorrer nas instalações da Santa Casa nos NAPE

CRUZ VERMELHA NOVO ESPAÇO PARA INFANTÁRIO

Creche e aparece

O Gabinete de Apoio ao Ensino Superior

(GAES) vai conceder o subsídio para aquisição de material escolar a 31.069 alunos do ensino superior, investindo, para isso, mais de 93 milhões de patacas. O subsídio individual é de três mil patacas.

Segundo um comuni-cado, 16.356 desses alunos estudam nas universidades e institutos superiores lo-

93milhões de patacas

31.069alunos do ensino superior

cais, enquanto que 13.247 estudam em universidades estrangeiras. Apenas 1466 dos beneficiários frequen-tam cursos em Macau que são ministrados por

instituições do ensino superior do exterior, que colaboram com entidades locais. Apenas 178 alunos utilizam este subsídio para estudar em Portugal,

enquanto que 6563 estão a estudar no interior da China. O apoio financeiro do GAES será cedido a mais de 25 mil alunos que frequentam uma licencia-tura, 3290 mestrandos e apenas 316 doutorandos. A área das ciências sociais, comércio e Direito lidera a lista de apoios, com 13.842 alunos.

50%, o que corresponderá a cerca de oito a dez mil vagas”. O presidente do Instituto de Acção Social avançou ainda durante o

plenário que a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) irá ceder uma escola “para serviços de creche” até 2015.

Para além disto, o IAS vai “tentar encontrar mais espaço nas habitações públicas para que sejam autorizados mais recursos,

por forma a aumentar o nú-mero de vagas nas ilhas”.

Iong Kong Io justificou ainda que a procura tem vin-do a aumentar nos últimos anos devido ao facto de se considerar que uma criança que esteja com a família, em vez de estar numa creche, terá mais dificuldades de entrar no ensino primário.

À rádio Macau, Isabel Marreiros afirmou ainda que “é preciso fazer uma revisão do tipo de creches de que precisamos, ver as necessidades dos pais. Não basta abrir uma creche que está aberta em determinadas horas, dá de comer, muda fraldas e põe as crianças a dormir. É preciso haver uma diversidade para que os pais possam optar”.

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10 hoje macau quarta-feira 27.8.2014EVENTOS

O coro da Capela Sistina, capela situada no Palácio Apostólico, residência

oficial do papa, vai cantar pela primeira vez em Macau e em Hong Kong, no próximo mês, após o fracasso das negociações para uma ‘performance’ na China.

A actuação em Macau vai ter lugar a 19 de Setembro, na Sé Cate-dral, pelas 18:00, confirmou ontem a Diocese de Macau à agência Lusa.

O famoso coro do Vaticano vai dar um concerto dois dias depois em Hong Kong, seguindo a 23 de Setembro para Taiwan.

A informação tinha sido avançada pelo porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, que disse, esta segunda--feira, à agência France Presse, que o grupo coral – um dos mais antigos coros religiosos do mundo – iria actuar nas duas Regiões Administra-tivas Especiais chinesas no próximo mês de Setembro.

RELAÇÕES DIFÍCEISO coro, tradicionalmente composto por cerca de 20 adultos e 30 crian-ças, já esteve em diversas regiões do mundo, incluindo em Moscovo no início do ano.

RICARDO [email protected]

A Fundação Rui Cunha vai apresentar, entre 3 e 27 de Setembro, a exposi-ção individual de Justin

Chiang Chin Pang, intitulada “Se Você Servisse de Alimento”, estando a inauguração marcada para as 18:30 do primeiro dia.

A mostra, em que o artista local vai apresentar 18 pinturas de acrílico sobre canvas pretende promover uma reflexão sobre dietas, direitos dos animais, protecção ambiental e a criação industrial de alimentos.

O artista explicou ao HM que a ideia para esta exposição surgiu após o mesmo se ter apercebido das péssimas condições praticadas pela

CORO DO VATICANO EM MACAU E HONG KONG

Sinal vermelho em PequimDe acordo com a agência reli-

giosa EDA, “inicialmente o coro pretendia viajar para Pequim, bem como para outras cidades do país”.

“Negociações entre a Santa Sé e Pequim estavam em curso” para o coro actuar na China, “como um gesto diplomático e cultural” para aliviar a tensão entre o Vaticano e a China, pelo que, “obviamen-te, não foram bem-sucedidas”, informou a agência EDA, citada ontem pelo jornal South China Morning Post.

Em 2008, durante o papado de Bento XVI, a Orquestra Filarmó-nica da China e o Coro da Ópera de Xangai actuaram no Vaticano.

Macau e Hong Kong são os únicos locais na China onde a au-toridade papal na Igreja Católica Romana é aceite, já que Pequim cortou as relações diplomáticas com o Vaticano em 1951.

A Santa Sé é o único Estado

O artista local apresenta 18 trabalhos repletos de ironia que pretendem fomentar uma reflexão sobre o tipo de alimentos que consumimos no dia-a-dia. A intenção é levar o público a considerar a natureza e os direitos de outros seres vivos antesde os tornarem alimentos

EXPOSIÇÃO DE JUSTIN CHIANG NA FUNDAÇÃO RUI CUNHA

Em nome dos animais

ARTISTA LOCALJustin nasceu em Macau, onde se formou pela Escola Superior de Artes do Instituto Politécnico de Macau. Inicialmente enredou pela gravura e pela escultura, mas actualmente concentra as suas atenções na pintura, usando essencialmente o acrílico. Ao longo do tempo desenvolveu uma técnica de aplicar a tinta em camadas muito finas, “o que permite eliminar a marca do pincel e as texturas na tela”. Além do seu trabalho como artista, trabalha também como professor de artes em várias instituições de ensino do território. As suas prévias exposições individuais foram “Heroes”, no Centro de Indústrias Criativas de Macau; “Origin”, no Color Forest Art Space de Kaohsiung, Taiwan; “Innermost” na St. Paul’s Corner e “Endless” no Pavilhão de Exposições e Espectáculos Artísticos para Jovens.As suas obras foram também expostas em diversas exposições colectivas, entre as quais se destacam a “Exposição Colectiva dos Artistas de Macau”, a “Exposição Anual de Artes Visuais de Macau”, a “13ª Bienal Internacional de Gravuras de Taiwan”, a “Exposição Nacional de Belas-Artes” da China, a “Aroma of Art 2010” em Paris, França e a “Art Trace” em Portugal.

“Não será possível usar o nosso intelecto para conceber soluções mais sustentáveis e menos destrutivas para o meio-ambiente?JUSTIN CHIANG

indústria de criação intensiva de gado. Segundo Justin, as empresas que se dedicam a este ramo afirmam usar práticas éticas e fazer tudo para minimizar o sofrimento dos animais, mas tal não acontece na realidade.

“Na verdade, esta indústria faz tudo para esconder a crueldade que pratica”, adiantou. Foi por isso que concebeu estes trabalhos, com a ambição de inspirar no público uma reflexão sobre o seus hábitos alimen-tares e as repercussões que estes têm sobre o meio ambiente em geral, e os animais em particular. “Seria ideal se as pessoas comessem menos carne e usassem menos produtos de origem animal para reduzir o sofrimento destes. Os animais são criaturas vivas que merecem o nosso respeito, não podemos continuar a criá-los desta maneira, em que são reduzidos a simples matérias-primas”, rematou.

OS HUMANOS E O MEIO-AMBIENTESegundo Justin, os seres humanos têm de mudar a sua mentalidade. “De mo-mento julgamo-nos no topo da cadeia alimentar e olhamos para os outros seres vivos apenas como uma fonte de nutrimento. A nossa inteligência e tecnologia dá-nos a impressão de sermos superiores à própria Natureza. Mas não será possível usar o nosso intelecto para conceber soluções mais sustentáveis e menos destrutivas para o meio-ambiente? E como reagem os seres humanos quando são atacados por outros animais?”

Outra das preocupações do artista é o crescente uso de químicos na agri-cultura e na criação animal, que “são muito prejudiciais para a saúde”. Justin chegou mesmo a arrendar um terreno em Coloane para praticar agricultura orgânica com uns amigos, mas infe-lizmente o terreno foi desenvolvido para um projecto imobiliário, o que terminou o projecto.

A mostra, com entrada livre, está patente ao público entre as 10:00 e as 19:00 de segunda a sexta, e entre as 15:00 e as 19:00 aos sábados. A galeria está fechada ao público aos domingos e nos feriados.

20adultos

30crianças,

europeu que mantém relações di-plomáticas com Taiwan, a ilha onde se refugiou o antigo Governo chinês depois de o Partido Comunista ter tomado o poder no continente, em 1949.

O papa Francisco esteve, este mês, na Coreia do Sul, naquela que foi a primeira visita realizada por um papa à Ásia em 25 anos.

O facto de Pequim ter apro-vado a rota sobre o seu espaço aéreo do avião papal foi, aliás, interpretado com um sinal de flexibilização nas tensas relações entre a China e o Vaticano, já que numa viagem idêntica à Coreia do Sul, em 1989, o país asiático tinha negado essa possibilidade ao papa João Paulo II.

O gesto levou mesmo o papa Francisco a enviar um telegrama ao Presidente chinês, Xi Jinping, num gesto sem precedentes, agra-decendo a ‘luz verde’.

Na China existem entre oito e 12 milhões de católicos, segundo dados do Vaticano, divididos entre os que pertencem à igreja oficial (patriótica) – controlada pelo Governo chinês – e a clandestina, que responde a Roma e perseguida por Pequim.

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Page 11: Hoje Macau 27 AGO 2014 #3162

11 eventoshoje macau quarta-feira 27.8.2014

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URBAN SKETCHERS EM LISBOA - DESENHANDO A CIDADE• Eduardo SalavisaCerca de duzentas pessoas de mais de vinte países encontraram-se em Lisboa com o único intuito de desenharem e falarem sobre desenho. Dezoito espaços no Chiado e zonas envolventes foram objecto da observação e do registo por parte dessas pessoas, que usam regularmente o caderno como suporte para este tipo de desenho. Este desenho, essencialmente de observação foi também motivo de reflexão por desenhadores experimentados. O livro é o resultado dessa troca de experiências.

OS SEGREDOS DAS PESSOAS QUE NUNCA FICAM DOENTES • Gene StoneConheça as histórias reais de 25 pessoas que, com hábitos simples, não adoecem há anos. Alho, levedura de cerveja, ioga, banhos frios de manhã, canja de galinha. Estes ingredientes separados são apenas alguns dos que fazem parte da rotina de pessoas que nunca adoecem. Mas não são os únicos truques das pessoas chamadas de super-saudáveis. Veja abaixo um caso que faz parte do livro: Bill Thompson, um empresário com pouco mais de 60 anos, não apanha uma constipação há duas décadas e os resultados do seu eletrocardiograma parecem o de um rapaz de 20 anos. O segredo da sua saúde extraordinária está no peróxido de hidrogínio, um líquido usado para fazer combustível de foguete, branquear celulose para a indústria de papel, remover cera de ouvido e limpar bancadas. Todos os dias Bill mergulha a sua cabeça numa solução de peróxido de hidrogínio e água morna e sente o vigor de um adolescente.

A Orquestra de Macau (OM), sob a égide do Instituto Cultural, inaugura a sua

Temporada de Concertos 2014-2015 com o concerto “Kovacevich e a Orquestra de Macau”, no pró-ximo dia 13 de Setembro, pelas 20:00 horas, no Grande Auditório do Centro Cultural de Macau.

O concerto conta com a cola-boração do pianista americano Ste-phen Kovacevich sob a direcção de Lü Jia, director musical da OM. O programa começa com a abertura da ópera “A Flauta Mágica” de Wolfgang Amadeus Mozart. De seguida o pianista - considerado o “último classicista” do séc. XX - vai executar o “Concerto para Piano e Orquestra N.o 24 em Dó menor, K. 491” do mesmo compo-sitor, um de apenas dois concertos em tonalidade menor compostos por Mozart, considerado uma das obras-primas do repertório de concertos do séc. XIX “devido à sua estrutura rica e influência no desenvolvimento da sinfonia”. Na segunda parte do concerto, a OM irá interpretar a “Sinfonia N.o 4” de Johannes Brahms, “uma obra de estrutura é imensamente com-plexa”, segundo a organização.

Stephen Kovacevich é um

Pintura de Zhang Zhouxing em MacauA exposição “Mundo de Tinta Colorida – Pinturas de Zhang Zhouxing”, inaugurou ontem na Sala de Exposição do Museu Memorial Lin Zexu de Macau onde está patente até ao dia 29 de Agosto. A mostra reúne cerca de 60 obras seleccionadas do pintor Zhang Zhouxing, com temas sobre frutos, flores e árvores. O artista nasceu no ano de 1957 em Laizhou, na Província de Shandong. Além das suas diversas exposições, Zhang Zhouxing iniciou em 2007 a publicação de comentários sobre pintura em jornais e revistas de belas-artes, tanto regionais como nacionais. Em 2011 foi premiado com o título de “Artista mais Influente” e foi seleccionado como o artista mais relevante da “Exposição de Belas Artes - Londres Cidade Criativa 2012” e dos “Encontros Olímpicos de Belas Artes (Londres) 2012”. A exposição está patente diariamente entre as 9:00 e as 18:00, com entrada livre.

ORQUESTRA DE MACAU CONCERTO DE KOVACEVICH

“Último classicista”

dos músicos mais reverenciados de sua geração, tendo recebido muitas distinções pela sua inter-pretação de obras de Beethoven, Brahms, Mozart e Schubert. Para além disto, o pianista possui uma grande experiência de direcção de orquestra em repertórios dos sécu-los XVIII e XIX, ainda segundo o comunicado de imprensa.

Os bilhetes para o concerto custam entre 100 e 300 patacas e estão à venda na Bilheteira Online de Macau, estando disponíveis vários planos de descontos.

EXPOSIÇÃO DE JUSTIN CHIANG NA FUNDAÇÃO RUI CUNHA

Em nome dos animais

Page 12: Hoje Macau 27 AGO 2014 #3162

12 CHINA hoje macau quarta-feira 27.8.2014

U M jornal do Partido Comu-nista chinês instou ontem à tomada de “medidas coercivas” contra os ma-

nifestantes em Hong Kong, numa altura em que Pequim prepara uma decisão sobre a reforma do sistema político na antiga colónia britânica.

Milhares de pessoas saíram à rua, em Julho, em Hong Kong para exigir poder escolher livremente, por sufrágio universal, o próximo chefe do Executivo do território, em 2017.

“Se estas actividades repre-sentarem uma ultrajante ameaça para Hong Kong ou continuarem (…), afectando gravemente o funcionamento da cidade, é im-perativo que o Governo de Hong Kong adopte medidas coercivas”, diz o editorial de ontem do jornal Global Times, publicação do gru-po Diário do Povo, o órgão central do Partido Comunista chinês.

Os promotores da campanha pró-democracia “Occupy Cen-tral” ameaçaram mesmo mobi-lizar milhares de pessoas para

Falsos atropelamentosA polícia de Maoming, na província de Guangdong, prendeu cinco elementos de uma quadrilha suspeita de simular acidentes de viação, anunciou o “Southern Metropolis Daily”. Os indivíduos são acusados de parar carros na rua para alegar que os condutores os haviam atropelado, estando um dos elementos previamente ferido de modo a poder enganar as vítimas, que eram posteriormente obrigadas a pagar indemnizações. Um dos suspeitos chegou mesmo a pedir que um médico lhe partisse uma costela de modo a tornar a fraude mais realista. No total os indivíduos simularam 12 acidentes de viação em dois meses, exigindo compensações que variavam entre os 5.000 e os 20.000 yuan por cada atropelamento.

Bebés para vendaDe acordo com o “New Express”, nove pessoas foram presas em Maoming por suspeita de colocar bebés para venda. Os suspeitos são acusados de ter vendido cinco bebés desde o ano passado, após os terem comprado a uma clínica médica. Na maioria dos casos, as crianças envolvidas foram abandonadas ou postas para adopção.

Assassinocondenado à morteUm tribunal de Mudanjiang, em Heilongjiang, condenou um homem de 19 anos à morte pelo assassínio de duas enfermeiras no ano passado, revelou o website “Hljnews.cn”. O indivíduo fingiu ser um canalizador para ganhar acesso à casa das vítimas, duas enfermeiras com 20 anos de idade cada. Uma vez dentro da residência, violou ambas as vítimas antes de as matar com golpes na cabeça. O homem roubou ainda dois telefones portáteis e 500 yuan em dinheiro.

Falsificadores detidosAs autoridades de Taizhou, em Zhejiang, detiveram um grupo suspeito de envolvimento num caso de notas falsas no valor total de 8 milhões de yuan, avançou o “City Express”. A polícia desta cidade recebeu mais de 800 queixas relativas a este tipo de crime desde o ano passado, tendo prosseguido a investigações que levaram à identificação de um homem que comprava as notas numa fábrica da província de Guangdong, onde pagava 3.6 yuan por cada nota de 100 yuan.

Cooperação Assinados nove acordos com ZimbabuéA China e o Zimbabué assinaram nove acor-

dos de cooperação destina-dos a “revitalizar a debilita-da economia” daquele país africano, anunciou ontem a imprensa oficial chinesa.

Os acordos, que confir-maram a China como um dos maiores parceiros econó-micos do Zimbabué, foram

assinados na segunda-feira em Pequim, na presença dos presidentes dos dois países, Xi Jinping e Robert Mugabe, respectivamente. Robert Mugabe encontra-se desde domingo em Pequim, na sua 13.ª visita oficial à China.

“Mugabe pretende ser financeiramente resgatado pela China”, disse um jor-nal do Partido Comunista Chinês a propósito dos “acordos financeiros” assi-nados entre os dois países.

Os acordos, cujos mon-

tantes não foram divulga-dos, abrangem também a área alimentar, turismo e cooperação tecnológica.

Pelas previsões do Ban-co Mundial, a economia do Zimbabué deverá contrair este ano 2%.

A China é o maior inves-tidor externo no Zimbabwe e nos últimos três anos, o comércio bilateral quase du-plicou, ultrapassando 1.100 milhões de dólares em 2013.

“Se estas actividades representarem uma ultrajante ameaça para Hong Kong (...) é imperativo que o Governo adopte medidas coercivas”GLOBAL TIMES

O Global Times recomenda que o Governo da antiga colónia britânica ponhaem prática uma série de medidas coercivas para acabar com as “ilusões irrealistas”dos manifestantes pró-democracia

HONG KONG JORNAL OFERECE CONSELHOS CONTRA MANIFESTANTES

Grandes males, grandes remédios

paralisar o bairro financeiro de Hong Kong.

As autoridades de Hong Kong devem acabar com as “ilusões irrealistas” dos manifestantes pró--democracia e atacar os activistas mais agressivos, “fazendo-os pagar pelo seu comportamento ilegal e provocador”, escreve o jornal chinês.

LIVRAI-NOS DO OCIDENTEO objectivo de eleições directas em Hong Kong foi reconhecido pela China, mas Pequim advertiu que apenas os candidatos “patriotas” seriam seleccionados, suscitando fortes protestos em Hong Kong, atendendo a que isso implicaria uma triagem.

“Enquanto não permitirmos que Hong Kong caia na esfera de influência do Ocidente, a China continental e Hong Kong terão recursos inesgotáveis para fazer com que grupos extremistas da oposição e as suas forças de apoio desesperem”, insiste o Global Times.

O Comité Permanente da As-

sembleia Nacional Popular (ANP, o órgão legislativo chinês) está a examinar, esta semana, em Pequim um relatório sobre o assunto do actual chefe do Executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying.

Pequim prometeu deixar os residentes de Hong Kong escolhe-rem o seu próximo líder em 2017 por voto directo - metodologia que colocaria fim ao sistema actual de eleição do chefe do Executivo assente num comité eleitoral de 1.200 pessoas - mas com a con-dição de que os candidatos sejam

aprovados por um comité de no-meação, o que os pró-democratas contestam, alegando que assim só os candidatos pró-Pequim terão luz verde.

Receios relativamente à in-fluência de Pequim agudizaram--se, em Junho, quando o Governo central publicou o controverso “Livro Branco” sobre o futuro de Hong Kong, interpretado por uma larga franja da população como um aviso à cidade para não exceder os seus limites de autonomia.

Hong Kong foi integrada na República Popular da China a 1 de Julho de 1997 segundo a fór-mula “um país, dois sistemas”, adoptada também para Macau, em 1999, aquando da transferência do exercício de soberania de Portugal para a China.

Hong Kong, tal como Macau, é uma Região Administrativa Espe-cial da China com autonomia ad-ministrativa, legislativa e judicial sob esse princípio, idealizado pelo antigo líder chinês Deng Xiaoping para a reunificação chinesa.

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13 chinahoje macau quarta-feira 27.8.2014

HONG KONG JORNAL OFERECE CONSELHOS CONTRA MANIFESTANTES

Grandes males, grandes remédiosA China espera lan-

çar o seu próprio sistema operacio-nal em Outubro,

como uma forma de libertar os utilizadores do país da dependência de sistemas ope-racionais estrangeiros, como o Windows da Microsoft. A notícia foi publicada este domingo pela agência gover-namental de notícias Xinhua.

O sistema operacional chinês, cujo nome não foi divulgado, será inicialmente oferecido para computado-res pessoais, com planos de mais tarde se vir a estender a dispositivos móveis.

A agência citou como fonte uma reportagem do

Segundo a Xinhua, o plano é libertar o país de sistemas operacionais estrangeiros como os da Microsoft, Google e Apple

PEQUIM QUER PRODUZIR ALTERNATIVA AO WINDOWS

Fabrico caseiro“Esperamos lançar em Outubro um sistema operacional para computadores pessoais feito na China com suporte para ‘app stores’”NI GUANGNAN Chinese Academy of Engineering

jornal de negócios “People’s Post and Telecommuni-cations News”, ligado ao Ministério da Indústria e da Tecnologia da Informação (MIIT) da China. O MIIT é responsável, entre outras coisas, pela regulamentação e desenvolvimento da indús-tria de “software” chinesa.

“Esperamos lançar em Outubro um sistema opera-cional para computadores pessoais feito na China com suporte para ‘app stores’”, dis-se Ni Guangnan, da “Chinese Academy of Engineering”, ao jornal chinês, de acordo com a tradução da agência Reuters.

CONTRA A MICROSOFTNa mesma entrevista, Ni mencionou o fim do suporte ao Windows XP e a proibi-ção do uso do Windows 8 em computadores governa-mentais como motivos para iniciar o movimento a favor de um sistema operacional local.

O plano é que o sistema operacional chinês subs-titua primeiro os sistemas operacionais estrangeiros nos computadores pessoais, num prazo de um a dois anos, para depois substituir os dispositivos móveis, o que deve acontecer daqui a três ou cinco anos.

A China já tinha tentado desenvolver o seu próprio sistema operacional no pas-

sado. Em 2000 foi lançado o “Red Flag Linux”, que foi financiado em parte pelo governo. No final desse ano, o sistema tornou-se obriga-tório em todos os computa-dores pessoais, substituindo o Windows 2000.

Todavia, o “Red Flag” nunca se desenvolveu e a empresa que o produzia foi fechada no início deste ano, podendo no entanto

vir agora a ser ressuscitada. Numa reportagem de 20 de Agosto, o “People’s Post and Telecommunications News” anunciou que os bens da Red Flag Software teriam sido comprados pela “Penta Wan Jing Information Te-chnology Industry Group” por 6.3 milhões de dólares americanos.

WINDOWS 8 BARRADONo início do ano, o governo chinês barrou o uso do Win-dows 8 em computadores do governo, devido ao fim do suporte ao Windows XP em Abril. Antes desta deci-são, as autoridades tinham criticado a Microsoft por ter encerrado as actualizações de segurança para o sistema operacional de 13 anos de idade.

Historicamente a China tem sido um reduto do Win-dows XP, em boa parte por causa da pirataria em massa deste software da Microsoft.

O país tem estado envol-vido em disputas com em-presas estrangeiras, particu-larmente com a Microsoft e a Google, mas também com a Apple, por causa do seu impacto e influência no país.

A animosidade cresceu

no mês passado quando os órgãos de regulamentação anti-monopólio do governo visitaram vários escritórios da Microsoft no país, tendo apreendido computadores e documentos como o primei-ro passo de uma investigação contra a companhia.

A investigação foi ini-ciada devido a reclamações que datam de Julho de 2013 sobre diversos assuntos como as formas de empa-cotamento do Windows e do Microsoft Office e a com-patibilidade entre ambos.

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14 hoje macau quarta-feira 27.8.2014

hARTE

S, L

ETRA

S E

IDEI

AS António GrAçA de Abreu

“Jorge Mazcarenhas foy ter a huma cidade chamada Chincheo, em que lhe pareceo que avia mais rica gente que em Cantão.”

Fernão Lopes de Castanheda,História da Conquista da Índia,

Livro IV, capítulo XLI.

“Chegados nós ao porto de Chinchéu, achámos aí três naus de portugueses que havia já um mês que eram chegadas (de Liampó) dos quais fomos muito bem recebidos e agasalhados com muita festa e contentamento e depois nos deram novas da terra, e da mercancia, e da paz e quie-tação do porto.”

Fernão Mendes Pinto,Peregrinação, cap.57

“When the Portuguese, in the 16th century, re-covered China to European knowledge, Zayton was no longer the great haven of foreign trade.”Henry Yule, The Book of Marco Polo the Ve-netian, London, John Murray, 1874, capí-

tulo LXXXII, II vol., pag 221, nota 2.

E NTRE os relatos dos nossos cronistas e aventureiros qui-nhentistas existe alguma con-fusão quanto à localização

exacta do lugar que denominávamos Chincheo. O topónimo aparece asso-ciado ora a dois espaços diferentes mas próximos, as cidades de Quangzhou泉州 e Zhangzhou漳州 ou, por exten-são, os chincheos serão os habitantes da actual província de Fujian, podendo Chincheo ser ainda o nome da própria província.1 Ora para Quangzhou, os dois caracteres 泉州– que soam como “chuanchou” em mandarim --, têm a leitura aproximada de “chinchew” na pronúncia local, no dialecto hokkien ou fulaohua福佬话, (a língua antiga de Fu-jian), um subgrupo do grande dialecto min do sul falado na província de Fu-jian. Do “Chinchew” ao Chincheo dos portugueses na China vai um curtíssi-mo passo. De resto, é curioso que, para além do mandarim, o dialecto mais falado em Taiwan, a Formosa, é exac-tamente o hokkien dado que parte da po-pulação da ilha é originária da região de Quangzhou, emigrada para Taiwan nos séculos XVIII e XIX.

Sem querer entrar em qualquer ou-tra discussão, acredito que a cidade de Quangzhou, tal como a Liampó ou Ningbo宁波, na vizinha província de

EM QUANZHOU泉州, ZAITONA Chincheo dos portugueses de quinhentos

Zhejiang,2 são os grandes portos de comércio e abrigo dos portugueses da primeira metade do século XVI, ainda antes da fundação e fixação em Macau, que só acontecerá a partir de 1553/55, após os nossos marinheiros, mercado-res e aventureiros terem sido expulsos destas duas cidades pelos chineses de-vido ao facto de serem estrangeiros e de haverem assumido comportamentos de verdadeiros haitao海偷, os “piratas do mar” como os chineses nos chama-vam. Basta ler a saga de António de Faria na Peregrinação de Fernão Mendes Pinto para entender como comerciar mas também saquear, roubar, viver ex-tremadamente fizeram parte dos quo-tidianos quinhentistas dos portugueses por terras da China. Tal e qual como entravam no dia a dia de outros povos, incluindo chineses.

Quangzhou ou Chincheo, ou se quisermos a Zaiton de Marco Polo que no seu livro a considera “hum dos dous melhores e mayores (portos de comér-cio) que som no mundo”3 foi um dos primeiros lugares das costas da China abertos à navegação, ponto de escala e muitas vezes de início do que se con-vencionou chamar a “rota da seda marí-

tima”. Daqui partiu Marco Polo na sua longa viagem de regresso a Itália. Acre-dita-se que Zaiton, o nome em árabe de Quangzhou, -- também associado a “azeitona” -- deu origem às palavras “satin” em inglês e “cetim” em portu-guês, tudo relacionado com as muitas toneladas de seda que se exportaram pelo porto de Quangzhou.4

Nas dinastias Song e Yuan (de 960 a 1368), a cidade atingiu o zénite do seu desenvolvimento como o grande entreposto dos mares da Ásia. Foram mercadores muçulmanos, sobretudo persas -- que desde o século IX davam corpo à expansão do Islão para o vas-to Sudeste Asiático –, que se fixaram em Quangzhou onde se calcula terem chegado a atingir as 150 mil almas. Era tão forte o seu poder económico na cidade que, entre 1345 e 1365 foram objecto de uma brutal perseguição por parte dos poderes chineses, tendo ha-vido milhares e milhares de mortos. No século XIV, Zaiton era também habita-da por judeus, hinduístas e católicos, tendo o franciscano italiano Andrea da Perugia sido o primeiro bispo na cida-de em 1332. O quarto bispo de Zaiton, o também franciscano Giacomo da Fi-

renze, foi martirizado em 13635. Exis-tiam então dezenas de mesquitas e três igrejas, tudo arrasado nas perseguições ocorridas nesses anos.

No Verão de 2013, eis-me em bus-ca da cidade de Zaiton, Quangzhou, Chinchew ou Chincheo.

Setenta quilómetros de autocarro desde Xiamen e chego à cidade que me parece harmoniosa, bem distribuí-da pelo vale e pelas colinas que a cir-cundam. Onde está o rio, onde fica o porto? Pergunto e vão-me dizendo que Quangzhou não tem porto de mar, ape-nas na foz do rio, diante das ilhas, exis-te um pequeno porto para barcos de pesca. Caminho quilómetros ao longo do rio Jinhe em direcção ao mar. O rio dificilmente é navegável, está tudo as-soreado, a areia e a lama depositaram--se no leito outrora de águas profundas, a cidade actual vive quase de costas voltadas para o Jinhe e para o oceano. O grande porto de Zaiton, a mais que provável Chincheo dos portugueses na China foi engolida pela lama, pelas areias depositadas no rio e, antes da sua embocadura, as águas quase desapare-ceram com o rolar dos séculos.

Apanho um táxi e digo à mulher mo-

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15 artes, letras e ideiashoje macau quarta-feira 27.8.2014

torista, uma senhora afável e simpática, que quero ir, sempre pela margem do rio, até à foz. São mais quatro ou cinco quilómetros mas a condutora assevera--me que não existe nenhum grande porto, só uma aldeia de pescadores e barcos de pesca. Avançamos na estrada. Adivinho umas centenas de traineiras, todas azuis, made in China, atracadas lá mais à frente. Há mesmo um porto na foz do rio, igualmente com bancos e restingas, com muita areia e lama, mas um porto diante do mar. Saio do táxi e avanço para o cais, para os barcos de pesca alinhados junto ao molhe, entro na confusão de quem chega com peixe para descarregar e para vender.

Mulheres carregam ao ombro bal-des pesados de peixe suspensos na ex-tremidade de varas de bambu, outras sentadas em banquinhos limpam caran-guejos e ostras, outras ainda, de cabelo entrançado que dá a volta no alto da cabeça num puxo seguro por uma espé-cie de pauzinhos, acondicionam peixe solto e marisco que vendem em peque-nos lotes. Há homens jogando weiqi, o xadrez chinês, e jogadores batendo sonoramente cartas no tampo de mesas improvisadas. Alguns pescadores, por certo cansados do mar, assistem sosse-gadamente ao bulício misturado com a calma desta gente da beira-mar. Atra-vesso a rua, caminho para a aldeia ao lado que parece manter a traça de sécu-los passados. Casas baixas de madeira, algumas de um só sobrado, decrépitas e pobres. Ruas estreitas, bastante imun-dície, lojas pequenas, uma ou outra casa de comidas, quase só peixe e ma-risco, velhos plantados na soleira das casas, meninos saltitando alegres por vielas e becos.

Estou na Quangzhou, na Chincheo de quinhentos. O porto e a cidade de-veriam ser assim no século XVI e, ao regressar, comprovo, que não estou numa aldeia mas no prolongamento do próprio tecido urbano da velha Quan-gzhou. Quase adivinho Fernão Mendes Pinto à conversa com António de Faria, talvez o seu alter ego, num junco, an-corado na foz do rio Jinhe, aqui, cidade de Chincheo, ano de 1545.

No dia seguinte, visita ao Museu Marítimo de Quangzhou, ao encontro da história e das muitas navegações por estes mares de Fujian, sul da China.

Nas fundamentais fontes chinesas não existe quase nenhuma referência a Portugal e aos portugueses. Se fomos os primeiros a chegar, na ligação ma-rítima entre a Europa e o Império do Meio concretizada em 1513 com a chegada de Jorge Álvares a Toumen, na actual Hong Kong, província de

Guangdong, não fomos os pioneiros nas navegações ao longo das costas e na estadia na China. Nos séculos XIII e XIV, Marco Polo, os muçulmanos e os missionários franciscanos, todos jorna-deando pela velha Zaiton, merecem as honras da exposição museológica, com a exposição de pedras e lápides recen-temente descobertas com textos exten-sos em árabe e pedras tumulares com cruzes cristãs. É interessante a mostra dos diferentes tipos de barcos que no passado navegaram por estes mares, desde os juncos de alto mar do almi-rante Zheng He (1377-1433) que com estes navios navegou até Mombaça em 1433, até às fustas e naus, estas sim li-gadas a uma presença portuguesa. Des-taque também para a figura patriótica de Zheng Chenggong (1624-1662) ou Koxinga, que de pirata passou a he-rói nacional após haver expulsado em 1661 os holandeses sedeados há 38 anos no Forte Zeelandia, em Taiwan, de onde controlavam a ilha Formosa.

Mesmo ao lado do Museu Marítimo situa-se um outro edifício de três an-dares, que funciona igualmente como uma espécie de museu, o Centro Cul-tural Islâmico onde se homenageia a

comunidade muçulmana outrora resi-dente em Zaiton/Quangzhou. À en-trada deparamo-nos com uma estátua de Ibn Battuta (1304-1377), o grande viajante árabe natural de Tânger, logo ali abaixo do nosso Algarve, que no sé-culo XIV empreendeu uma longuíssima jornada até à China e nos deixou um fabuloso relato das suas viagens, algo semelhante ao “Livro de Marco Polo”. Battuta viveu durante um ano em Zai-ton, exactamente em 1346. No jardim do Centro Cultural encontramos um cemitério destinado aos muçulmanos ilustres falecidos na cidade e vale tam-bém a pena visitar a grande mesquita de Qingjing, originalmente construída em 1009 pelos primeiros prosélitos do Islão e de que restam apenas ruínas res-tauradas, e um pórtico. Aproveitando o espaço adjacente a Qingjing, acabou de ser construída uma nova mesquita com dinheiros provenientes da Arábia Saudita, não muito grande, mas a teste-munhar um longo passado de ligação e relacionamento, nem sempre afectuoso e pacífico, entre o Islão e a China.

Regressando aos nossos marinhei-ros de quinhentos será de recordar que os portugueses de então não eram mui-

1 - Sobre a identificação de Chincheo ver Henry Yule, The Book of Marco Polo the Venetian, London, John Murray, 1874, II vol., capítulo LXXXII, nota 2, pags. 219 a 225. Também a útil e extensa nota de Armando Cortesão em A Suma Oriental de Tomé Pires, Coimbra, Universidade de Coimbra, 1978, pags. 359 e 360. E ainda a entrada Chincheo, de Luiz Filipe Thomaz, no Dicionário de História dos Descobrimentos Portugueses, Lisboa, Círculo de Leitores, 1994, pag. 250.

2 - Sobre Liampó ou Ningbo, ver o meu Toda a China, I, Lisboa, Guerra e Paz Ed., 2013, pags. 364 a 367.

3 - O Livro de Marco Paulo, Lisboa, Biblioteca Nacional, 1922, II, 57,v. Na reimpressão da edição de 1502, de Valentim Fernandes.

4 - Luis Filipe Barreto, no seu valioso Macau, Poder e Saber, Séculos XVI e XVII, Lisboa, Ed. Presença, 2006, dá-nos importantes informações sobre o comércio em “Chincheo/zonas de Zhangzhou e Quangzhou no Fujian (que) surgem na cartografia portuguesa nos anos de 1535-1537” (pag.76), destacando depois o porto mais pequeno de Zhangzhou, que nas páginas seguintes passa a grafar como Zangzhou. Este seria o entreposto privilegiado do comércio com o Japão, mantido pelos léquios, das ilhas Ryukyu, e eventualmente pelos portugueses. O porto de Zhangzhou, situado a trinta quilómetros do mar, aproveitava o curso do rio Jiulong e foi importante na época sobretudo para o comércio da seda e da cana-do-açúcar, mas no século XVII já se encontrava assoreado. Como pude comprovar em Junho de 2013, na passagem pela incaracterística e desinteressante cidade, Zhangzhou escoa hoje os produtos das suas muitas fábricas através de dois ou três modernos portos de contentores, construídos em terrenos conquistados ao mar, a uns cinquenta quilómetros de distância do velho burgo. Mas continua a ter uma ligação por pequenos ferries com Xiamen, ou Amoy, apenas a vinte e cinco quilómetros de distância, pela foz do rio Jiulong e depois por mar. No dialecto hokkien, usado na região, o topónimo Zhangzhou漳州 lê-se Chiang Chew o que também não anda longe do Chincheo dos portugueses na China.

5 - Henri Cordier, Histoire Générale de la Chine et de ses Relations avec les Pays Étrangers, Paris, Librairie Paul Geuthner, 1920, pag. 414.

to dados a visitar mesquitas, pagodes, templos budistas ou taoistas. Mas em Quangzhou/Chincheo existia já, desde o ano 686, um magnífico conjunto de pavilhões e pagodes dedicados à vene-ração de Buda, o templo de Kaiyuan. Por volta do ano 1100, na dinastia Song (960-1279) chegou a ser habita-do por mais de um milhar de monges. Hoje, no templo de Kaiyuan, desta-cam-se os dois lindíssimos pagodes de pedra, iguais, não muito altos, apenas cinco andares com as paredes revesti-das por originais baixos-relevos, tudo datado do século XIII quando Zaiton ou Quangzhou era uma das grandes ci-dades da China.

Pouca gente a visitar Kaiyuan. O desdobrar do olhar, uma pequena re-verência aos budas, recordar Portugal e diluir-me na serenidade do dia.

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16 DESPORTO hoje macau quarta-feira 27.8.2014

ANÚNCIOCONCURSO PÚBLICO N.º 25/P/14

Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 12 de Agosto de 2014, se encontra aberto o Concurso Público para a <<Prestação de Serviços de Vigilância das Unidades de Saúde da Área dos Cuidados de Saúde Generalizados e do Centro de Prevenção e Controlo da Doença>>, cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 27 de Agosto de 2014, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita na Rua Nova à Guia, n.º 335, Edifício da Administração dos Serviços de Saúde, 1.º andar, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP$53,00 (cinquenta e três patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria destes Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet no website dos S.S. (www.ssm.gov.mo).

Os citados documentos, só podem ser adquiridos pelos concorrentes que façam prova de possuir o alvará previsto na Lei n.º 4/2007 “Lei da actividade de segurança privada”.

Os concorrentes deverão comparecer na Sala <<Auditório>> situada no r/c do Edifício da Administração dos Serviços de Saúde junto do C.H.C.S.J. no dia 2 de Setembro de 2014 às 9,30 horas para uma reunião de esclarecimentos ou dúvidas referentes ao presente concurso público seguida duma visita aos locais a que se destinam a respectiva prestação de serviços.

As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 22 de Setembro de 2014.

O acto público deste concurso terá lugar no dia 23 de Setembro de 2014, pelas 10,00 horas, na Sala do <<Museu>> situada no r/c do Edifício da Administração dos Serviços de Saúde junto ao C.H.C.S.J.

A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP500 000,00 (quinhentas mil patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente.

Serviços de Saúde, aos 20 de Agosto de 2014.

O Director dos Serviços,

Lei Chin Ion

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O tenista sérvio No-vak Djokovic, primeiro favorito e líder da classifi-

cação mundial, estreou-se sem grandes dificuldades no US Open, esta segunda-feira, com um triunfo fácil sobre o argen-

Peter Lim cancela reuniãoe Valencia desiste de Enzo Enzo Pérez não deverá mesmo rumar ao Valencia. Segundo avança o jornal “Superdeporte”, ligado ao emblema espanhol, Peter Lim terá cancelado a reunião agendada para esta terça-feira em Lisboa, por considerar que o Benfica não cumpriu a palavra durante as negociações. O magnata de Singapura já deu ordens a Francisco Rufete, director desportivo do clube, para encontrar no mercado outro médio de classe mundial e está disposto a pagar caro pelo reforço. O mesmo periódico espanhol já tinha alertado na segunda-feira para o descontentamento de Peter Lim em torno do impasse neste eventual negócio. A última exigência do Benfica, de contar com Enzo pelo menos até ao dérbi de dia 31, com o Sporting, terá sido a gota de água.

Rodgers «É a últimahipótese de Balotelli» O treinador do Liverpool, Brendan Rodgers, não tem dúvidas que Mario Balotelli sabe que esta será a última oportunidade que terá para mostrar que é um dos melhores avançados europeus. «Conversei com ele durante três horas e meia. Ele pode ser muito importante para o clube e nós podemos fazer com que ele melhore o jogo. Ele é um rapaz inteligente e sabe que está é a sua última hipótese», afirmou Rodgers, em declarações à Imprensa inglesa. O técnico do Liverpool está pronto para apostar no italiano. «Toda a minha vida dei oportunidades a jogadores e quando olhei nos olhos de Balotelli percebi. Ele tem 24 anos e já é pai. Ele sabe da responsabilidade que carrega, não só para ele, mas também para este grande clube.»

Com Nadal fora de prova devido a lesão, todos os cabeça de série que já entraram em acção seguiram em frente, com maior ou menor dificuldade. João de Sousa deverá defrontar hoje o canadiano Frank Dancevic, 138.º da hierarquia mundial

US OPEN FAVORITOS CUMPREM NA PRIMEIRA RONDA

Sem surpresas

tino Diego Shartzman, por 6-1, 6-2 e 6-4.

Djokovic, que procura a sua quinta final consecutiva num torneio que venceu em 2011, precisou de apenas de uma hora e 37 minutos para derrotar o 69.º do “ranking”.

Na segunda ronda do últi-mo torneio do “Grand Slam” da temporada, Djokovic vai defrontar o francês Paul-Henri Mathieu, que se impôs ao luxemburguês Gilles Muller,

numa “maratona”, pelos par-ciais de 6-7 (7-9), 7-5, 7-6 (8-6), 6-7 (5-7) e 6-1.

João Sousa, o primeiro tenista português a gozar do estatuto conseguir o estatuto de cabeça de série num Grand Slam, deverá entrar em acção esta quarta-feira frente ao cana-diano Frank Dancevic, 138.º da hierarquia mundial.

Sem o campeão Nadal em prova, devido a uma lesão num pulso, a primeira ronda

do torneio foi tranquila para os principais favoritos como o suíço Stanislas Wawrinka, o canadiano Milos Raonic, o escocês Andy Murray, o francês Jo-Wilfried Tsonga e o espanhol Tommy Robredo.

N a p r ó x i m a r o n d a , Wawrinka, semifinalista em 2013, vai ter pela frente o brasi-leiro Thomaz Belluci, enquanto Murray defrontará o alemão Matthias Bachinbeg, 235.º do ranking mundial.

O francês Tsonga, que depois de vencer o Masters 1000 do Canadá foi afastado na primeira ronda do torneio de Cincinnati, precisou de quatro “sets” para eliminar o argentino Juan Mo-naco: 6-3, 4-6, 7-6 (7-2) e 6-1.

No quadro feminino tam-bém não se registaram surpresas entre as principais favoritas, com os triunfos da polaca Ag-nieszka Radwansska, quarta cabeça de série, da russa Maria Sharappova, quinta favorita, e da dinamarquesa Caroline Wozniacki, 10.ª favorita.

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hoje macau quarta-feira 27.8.2014 ócios / negócios 17

LEONOR SÁ [email protected]

B ÁRBARA Ian tem 29 anos e é natural de Macau. No sangue corre--lhe sangue luso-chinês e um gosto

imensurável pela arte e tudo o que dela faz parte. De acordo com a licenciada em Arte e Moda na cidade de Londres, a entrada no mercado de trabalho local não é a parte mais complicada: por terras macaístas, “o mais difícil é mantermo-nos”, ou seja, conseguir que a empresa sobreviva. A empresa Cocoberryeight começou em 2012, na sala de jantar de casa de Bárbara e do marido, depois do nascimento da sua primeira filha. Tudo ganhava forma entre desenhos, cortes e recortes e a empresa ia, a pouco e pouco, ganhando forma, enquanto o caos se instalava em casa da empresária e estilista.

Ao HM, Bárbara conta que o marido foi um dos apoios mais importantes para o nascimento da Cocoberryeight. “O meu marido, Tiago, foi o meu maior incentivo. Ofereceu-me uma máquina de costura, tesoura e réguas e comecei a produzir peças de roupa em casa”, explicou.

“Actualmente o mercado local está sa-turado de lojas de roupa de mulher. Abrem lojas novas semanalmente pela cidade fora”, explicou Bárbara ao HM. Confessa que já se questionou, várias vezes, quanto à existência de espaço para tantos negócios

“COCOBERRYEIGHT BÁRBARA IAN, A FUNDADORA

MANTER O RÓTULOMADE IN MACAU

A macaense Bárbara Ian criou a marca Cocoberryeight na sala de jantar, em 2012. Para já pretende expandira empresa apenasao nível local, mas tem esperançade um dia vir a conquistar o mundo

“Acho que para sobreviveré preciso ser-se diferentede algum modo”

apenas, a não ser que me façam pedidos especiais. Acho que, de certo modo, isso torna as peças únicas, a meu ver”.

Além de criar poucas quantidades de cada peça, Bárbara orgulha-se de trabalhar a título de singularidade, estando aberta para criações únicas e exclusivas para determinada cliente. Para já, aventura-se pelos meandros do vestuário feminino, mas nada impede que um dia a sua ima-ginação se alargue para roupa de criança ou homem.

O MERCADO LOCALPara já, a Cocoberryeight deverá manter-se apenas em Macau e Bárbara quer expandir a empresa, ainda que apenas localmente. Nunca havia adquirido conhecimentos na área empresarial e do marketing, mas tudo parece estar a correr dentro dos conformes. O volume de trabalho tem aumentado, por vezes mesmo impossibilitando a estilista de continuar a criar todas as suas peças manualmente.

“Faço questão de trabalhar sempre com pessoas locais e especialmente com as costureiras da cidade. Adoro trabalhar com elas”, confessa. Embora provenha de uma família macaense, não fala cantonês e admite que a comunicação é por vezes, uma barreira. No entanto e na perspectiva da jovem, o esforço acaba por compensar porque o resultado final é o esperado. “[as costureiras locais] fazem um óptimo trabalho e produzem em pequenas quan-tidades”, que é, para Bárbara, aquilo que se quer. Outro dos factores importantes na produção das peças é o elemento da confecção local. “Um facto importante para mim é manter o rótulo ‘made in Ma-cau’, bem como o espírito artesanal”, até porque todas as suas peças têm um toque individual e não estão pensadas para ser usadas pelas massas.

Inicialmente, Bárbara recorria a merca-dos fora de Macau para comprar tecidos, mas actualmente prefere-se ficar-se por aqui. “Quanto aos tecidos, no início com-prava muito em Hong Kong e na China, mas hoje em dia compro mais e quase exclusivamente em lojas locais. Porque não ajudar a manter as pequenas lojas que dão vida e personalidade à nossa cidade?”

NOVOS HORIZONTESRecentemente, Bárbara soube, através de uma notícia lançada pelo HM, da abertura de um novo Centro de Design que estava a abrir concursos para atribui-ção de espaços de venda e produção de peças, como estúdios. Com o intuito de expandir a Cocoberryeight e o volume de trabalho, Bárbara decidiu candidatar-se à obtenção de um desses estúdios e foi bem sucedida. “A maior parte da informação [sobre o centro] está em chinês, o que não facilita muito o processo. Fui ver o local, candidatei-me e foi-me cedido um espaço”, disse ao HM. “Acho que me vai dar um ‘boost’ e uma maior exposição no mercado local. Estou muito feliz por fazer parte deste projecto novo, o primei-ro grande centro de design de Macau”, confessou a estilista.

no mesmo campo de acção. “Acho que para sobreviver é preciso ser-se diferente de algum modo”, disse a estilista, que acredita que aquilo que faz é, de alguma forma, único. “Faço praticamente tudo à mão, quase que artesanalmente e geral-mente faço uma peça em três tamanhos

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T E M P O A G U A C E I R O S M I N 2 6 M A X 3 1 H U M 7 5 - 9 5 % • E U R O 1 0 . 5 B A H T 0 . 2 Y U A N 1 . 2

ACONTECEU HOJE 27 DE AGOSTO

João Corvofonte da inveja

Pu Yi

LÍNGUADE gATO

18 hoje macau quarta-feira 27.8.2014(F)UTILIDADES

A pegada de um conservador é uma piada no presente.

Jogo, esse monstroComo devem calcular, tudo para mim surge em tamanho macro. Sou um pequeno gato preto e, na minha perspectiva, tudo é grande. Não me parece, no entanto, que as recentes manifestações dos trabalhadores do jogo em prol de melhores condições seja uma questão de perspectiva. É, sem dúvida, algo grande. Monstruoso, diria mesmo. É curioso pensarmos como é que uma indústria tão forte e (aparentemente) bem estruturada pode vir a ser derrubada por aqueles que a alimentam. Como vão os turistas jogar sem croupiers para dar cartas e fazer rolar os dados? Como vão as pessoas jantar sem que haja quem lhes sirva as refeições? É um assunto no qual tenho vindo a pensar, mas realmente não vejo ninguém muito preocupado com isso... E acho que deviam estar. Imaginam o que é chegarmos às maiores fábricas de dinheiro da região e encontrá-las vazias, tão vazias que o silêncio se torna ensurdecedor? É incrivelmente curioso pensar como é que poderá ser um mundo sem casinos... Uma Macau sem casinos, quero dizer. Qual vai ser a reacção dos turistas quando perceberem que o seu local de entretenimento preferido está de portas fechadas a cadeado, por falta de pessoal? Se me puser pensar sobre as reivindicações dos profissionais do sector, não sei bem se têm, ou não, razão. Quer-me cá parecer que até ganham razoavelmente bem, se compararmos com o ordenado de conhecidos meus de profissões liberais, como advogados, médicos, arquitectos, jornalistas ou economistas. As condições podem não ser as melhores e não estou certo de que concorde com a continuação destes protestos, mas que são um marco na história de Macau, lá isso são!

Nasce Confúcio,o precursor da ética social• No ano 551 antes de Cristo, a 27 de Agosto, nasce o filósofo chinês Confúcio, que desenhou os caminhos da ética. É o autor de um princípio partilhado na actualidade: “Não faças aos outros o que não gostas que façam a ti mesmo”.Confúcio foi um filósofo e pensador chinês, cujo pensamento sublinhava a moralidade, procedimentos correctos nas relações sociais, a justiça e a sinceridade. Estes valores ganharam relevo na China, perante outras doutrinas da Dinastia Han.De acordo com os princípios de Confúcio, deveriam im-perar uma lealdade familiar forte (a família deveria ser a base para um governo ideal) e a veneração e respeito para com os idosos.É da autoria de Confúcio um conhecido princípio praticado na actualidade: “Não faças aos outros o que não gostas que façam a ti mesmo”. Trata-se de uma das versões mais remotas da ética da reciprocidade.A escola filosófica de Confúcio foi seguida pelos seus discípulos, que espalharam estes ideais pelos estudan-tes – mais tarde, funcionários em diversas cortes reais chinesas. O túmulo de Confúcio localiza-se em Qufu, província de Shandong, na China.Neste dia 27 de agosto, em 1810, explode parte da cidade de Almeida, destruindo a catedral, o castelo e as defesas da cidade. Morreram cerca de 500 soldados luso-britânicos, num evento que permitiu a invasão francesa em Portugal.Já em 1955, é lançado o Livro Guinness dos Recordes, inicialmente como brinde aos consumidores da cerveja Guinness.

C I N E M ACineteatro

SALA 1TEMPORARY FAMILY [B]FALADO EM CANTONÊS, LEGENDADOEM CHINÊS E INGLÊSUm filme de: Cheuk Wan ChiCom: Nick Cheung, Sammi Cheng, Angelababy, Oho14.15, 16.05, 18.00, 21.30

LUCY [C]Um filme de: Luc BessonCom: Scarlett Johansson, Morgan Freeman19.50

SALA 2CAFE • WAITING • LOVE [B]FALADO EM MANDARIM E LEGENDADO EM CHINÊSUm filme de: Chiang Chin LinCom: Vivian Chow, Megan Lai, Pauline Lan, Lee Luo14.30, 16.45, 19.15, 21.30

SALA 3LUCY [C]Um filme de: Luc BessonCom: Scarlett Johansson, Morgan Freeman14.15

DORAEMON THE MOVIE: NOBITA IN THE NEWHAUNTS OF EVIL-PEKO AND THE FIVE EXPLORERS [A]FALADO EM CANTONÊS E LEGENDADO EM CHINÊSUm filme de: Yakuwa Shinnosuke16.00

INTO THE STORM [B]Um filme de: Steven QualeCom: Richard Armitage, Alycia Debnam-Carey, Matt Walsh18.00, 19.45, 21.30

TEMPORARY FAMILY

A LISTA DE SCHINDLERSTEVEN SPIELBERG, 1993

O filme do consagrado realizador norte-americano relata a história verídica do empresário alemão Óscar Schindler, que, durante os actos de genocídio praticados pelos nazis na II Guerra Mundial, salvou a vida de cerca de mil judeus, ao empregá-los na sua fábrica. Um filme que vale a pena ver para compreendermos não só uma parte brutal da história da Europa e do mundo, mas para sabermos que, no meio da miséria e tragédias humanas, alguém nos pode fazer ter esperança na humanidade. - Andreia Sofia Silva

H O J E H Á F I L M E

Page 19: Hoje Macau 27 AGO 2014 #3162

hoje macau quarta-feira 27.8.2014

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado; Ricardo Borges (estagiário) Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

19OPINIÃO

cartoonpor Stephff

O desenvolvimento das cida-des sempre esteve na mão da classe que pode investir nestas. Como diz Harvey é um fenómeno de classe. As cidades são local de aplicação e multiplicação de produto excedente. Por isso o seu desenvol-vimento não é inócuo e a

sua construção está sujeita também à luta de classes inerente ao sistema capitalista.

Actualmente mais de metade da popula-ção mundial vive nas cidades. Ou será mais correcto dizer espaço urbano?

O que significa viver na cidade? A ci-dade pressupõe uma concentração social e geográfica de pessoas e actividades mas também serviços, acesso a recursos. É onde há maior concentração de manifestações culturais, de riqueza, onde há maior potencial de desenvolvimento das relações sociais, maior possibilidade de expressão e discussão política, mais inovação. É também onde há maior concentração de poder, formal e po-tencial pelos recursos e relações existentes.

Mas tudo isso depende da forma como a cidade se constrói, das possibilidades que cria. A construção da cidade conforma e condiciona quem a habita. As possibilida-des e o poder de quem vive num subúrbio a duas horas de transporte do trabalho, tem dificuldades em pagar uma habitação, não tem tempo para estabelecer relações sociais, não tem possibilidades de acesso à cultura, tem dificuldades de acesso a recursos e serviços, são diferentes de quem tem as condições opostas.

O desenvolvimento neoliberal da cida-de que se intensificou a partir do fim dos anos 70 tem vindo a promover a expansão capitalista da cidade, desenvolvimento dos subúrbios, de forma formal e informal, onde tendencialmente vivem, porque empurradas ou mesmo expulsas, as classes populares e trabalhadoras. Os centros são do capital, em alta competição, com o desenvolvimento de actividades turísticas, escritórios, con-domínios e habitação de luxo e actividades comerciais.

Essa tendência ajuda a sub-urbanização da cidade, à sua expansão territorial. Tam-bém promove um processo de segregação, separação de classe e também de atomiza-ção. As possibilidades de mobilidade, de acesso a serviços e recursos, de capacidade de comunicação e de expressão são, como vimos, diferentes.

Lisboa não foge à regra: um novo plano director combinado com a nova lei das rendas veio facilitar muito a expulsão dos inquili-nos, do pequeno comércio e vem permitir também de forma inédita a toma da cidade

Rita Silvain Esquerda.net

Ganhar a cidade é ganhar poder

pelo capital com um numero exagerado de hotéis, habitação de luxo, lojas de cadeias internacionais. Simultaneamente, os trans-portes estão mais caros e a vinda ao centro

“Lisboa está num processo fortíssimo de afastamento das suas classes populares do centro, para dar lugar ao turismo, às multinacionais, aos grandes eventos,à habitação cara”

para quem vive na área metropolitana é cada vez mais difícil. Lisboa é uma cidade pequena mas tem uma área metropolitana considerável, que se estende no território.

A capacidade que as pessoas têm para se encontrarem e se mobilizarem são, no entan-to, cada vez mais difíceis. Lisboa está num processo fortíssimo de afastamento das suas classes populares do centro, para dar lugar ao turismo, as multinacionais, aos grandes eventos, à habitação cara.

Este processo de afastamento da cidade enfraquece na nossa capacidade de lutar, assim como a capacidade de nos desenvol-vermos e de sermos. Por isso a pertinência de lutarmos pelo direito à cidade, pelo direito a participarmos plenamente na sua constru-ção que é a construção das nossas próprias capacidades e possibilidades. Se perdemos a cidade perdemos poder; lutar pela cidade é ganhar poder.

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hoje macau quarta-feira 27.8.2014

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O satélite de observação chinês “Gaofen 1” detectou estruturas

pertencentes a túneis secretos entre a China e países vizinhos, como a Coreia do Norte ou na-ções da Ásia central, foi ontem noticiado.

De acordo com a agência oficial chinesa Xinhua, que cita um comunicado da Adminis-tração Aeroespacial Estatal, as imagens captadas pelo satélite mostram dezenas destas estru-turas ilegais, situadas nos dois lados das fronteiras com maior importância estratégica para a China.

Embora não haja informa-ção oficial sobre a possível utilização destes túneis, os ‘media’ chineses afirmaram que as estruturas entre a China e a Coreia do Norte estão relacio-nadas com a fuga, na década passada, de milhares de pessoas da fome e da repressão do regi-

Presidente palestiniano confirma cessar-fogo O presidente palestiniano Mahmoud Abbas confirmou ontem o acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza que entrou em vigor às 19:00 locais mas que ainda não foi confirmado oficialmente por Israel. O fim das hostilidades foi noticiado inicialmente pela AFP que citava um alto responsável palestiniano que pediu para não ser identificado. A guerra na Faixa de Gaza começou no dia 8 de Julho e provocou a morte a 2.130 palestinianos e 68 israelitas.

Taiwan Avião chinês invadiu zona de identificação Um avião chinês de vigilância invadiu duas vezes a zona de identificação de defesa aérea (ZIDA) de Taiwan e foi interceptado e escoltado por dois aviões de combate da ilha nas duas ocasiões, revelou ontem um alto quadro da Força Aérea da ilha. O avião chinês, um Y-8 de reconhecimento electrónico, foi detectado no extremo sudoeste da ZIDA na segunda-feira às 08:33 e às 14:31 locais, a 22.000 pés de altura, explicou, em conferência de imprensa, Hsiung Hou-chi, chefe do comando da Força Aérea. As autoridades de Taiwan fizeram descolar dois aviões militares Mirage 2000 e caças IDF em cada uma das ocasiões, tendo os aparelhos interceptado e escoltado o avião chinês. Apesar da aproximação entre os dois lados do Estreito de Taiwan a partir de 2008 com o regresso do Kuomintang ao poder na ilha, a China e Taiwan continuam a discordar do estatuto da ilha que Pequim considera parte do seu território e ameaça usar a força caso as autoridades se declarem independentes, apesar de, de facto, funcionarem como tal.

CHINA SUBTERRÂNEOS COM COREIA DO NORTE

Túneis da fomeme de Pyongyang, consideradas imigrantes ilegais por Pequim.

Sobre os túneis na fronteira com os países da Ásia central, na região noroeste de Xinjiang, os ‘media’ disseram estar rela-cionados com alegados grupos terroristas, que actuam na zona, onde são cada vez mais frequentes os confrontos entre as forças de segurança e grupos que Pequim identifica como fundamentalistas islâmicos.

Quando foram divulgadas as primeiras descobertas do satélite “Gaofen 1”, lançado em Abril do ano passado para obter imagens da superfície terrestre, as autoridades consideraram ter sido detectada a maior planta-ção de ‘cannabis’ alguma vez encontrada em território chinês.

O ministério da Saúde Pública chinesa desmentiu a possibili-dade, e o comunicado inicial da administração estatal foi apagado das páginas digitais oficiais.