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  • 1. NDICEAUTORESDIREITOS AUTORAISAGRADECIMENTOSAPRESENTAO1847/1851: "A GUERRA AOS NDIOS"1. Quando os ndios eram os donos1.1. Os Caiu-Guarani1.2. Os Oti-Xavante1.3. Os Kaingang1.4. Os destroos tribais1.5. Resistncia indgena aos conquistadores1.6. O capitalismo contido na Serra Botucatu2. O bandeirismo pioneiro 2.1. O cabea de bandeira 2.2. Do que se dizia sobre Jos Theodoro de Souza 2.3. Ascendncia e origem do pioneiro-mor3. Etnocdios pelas razias e dadas3.1. Ocupaes territoriais3.2. Estratgias de conquistas3.3. Matanas toleradas e at incentivadas3.4. As justificativas para os massacres1851/1858: POVOADOS E ASSENTAMENTOS-Esclarecimentos1. Apossamentos2. Capela So Pedro nos caminhos do serto3. As primeiras fazendas 3.1. Entradas pelo Turvo 3.2. Entradas pelo espigo Pardo/Turvo e Pardo direita 3.3. Entradas pela margem e vertentes do Pardo esquerda

2. 3.4. Entradas pelas retaguardas 3.5. Entradas a histria referenciada4. De Capela So Pedro para Capela Santa Cruz5. Os povoadores e habitaes 5.1. Caractersticas de uma fazenda 5.2. Os fogos rurais 5.3. Domiclios urbanos 5.4. Apresentaes familiares e sociais 5.5. Alguns dos usos e costumes sertanejos 5.6. O urbanismo a partir de 1887 5.7. Apndice: avanos para o serto adiante1858/1864: CONQUISTAS CONSOLIDADAS1. Capela jurisdicionada2. Capelania vacante3. Confirmao eclesial de freguesia4. Vicariato 4.1. O primeiro vigrio4.1.1. Uma nova matriz 4.2. Padres sucessores5. O antigo cemitrio 5.1. Destinaes do terreno1864/1872: A GUERRA COM O PARAGUAI ...1. O acontecimento2. Dos [possveis] colonizadores judeus3. Subdelegacia de distrito4. A organizao urbana1872/1876: DAS TRANSFORMAES SOCIAIS1. Santa Cruz - freguesia2. Subdelegacia de freguesia 3. 3. Dados censitrios 3.1. Censo de 1872 3.1.1. Inexatido censitria de 1872 3.2. Censo de 1880 3.3. Censo de 1890 3.4. Censo de 1900 3.5. Censo de 1910 3.6. Censo de 1920 3.7. Censo de 1930 3.8. Censo de 1940 3.9. Censo de 1950 3.10. Censo de 1960 3.11. Censo de 1970 3.12. Censo de 1980 3.13. Censo de 1990 3.14. Censo de 2000 3.15. Censo de 20104. Dos nascidos livres de mes escravas5. Freguesia prspera6. Contestaes de divisas1876/1878: ORDENAES POLTICO-JURDICAS1. Vila2. Estrutura poltico-partidria Sculo XIX 2.1. Os partidos polticos 2.1.1. Partido Conservador 2.1.2. Partido Liberal 2.1.3. Partido Republicano Paulista3. Poderes Legislativo e Executivo 3.1. Legislatura 1877/1880 3.2. Legislatura 1881/1884 3.2.1. Preliminares 4. 3.2.2. Do pleito realizado 3.2.3. Cmara destituda 3.3. Legislatura 1883/1886 3.4. Legislatura 1887/1890 Mandato interrompido 3.4.1. Golpe Militar de 1889 3.4.2. Conselho de Intendncia Municipal - 1890/1892 3.5. Cmara e Intendncia - 1892/1894 3.5.1. Visitante ilustre precipitou comemoraes (...)3.5.2. Eleio para cargo vago de vereador 3.5.2.1. A famlia Cerqueira Cesar3.5.3. Renncia de vereador e eleio para a vaga 3.6. Cmara e Intendncia - 1894/1896 3.7. Cmara e Intendncia -1897/1899 3.8. Cmara e Intendncia -1899/1901 3.9. Cmara e Intendncia -1902/1904 3.10. Cmara e Intendncia -1905/1907 3.11. Cmara e Intendncia -1908/1911 3.12. Cmara e Intendncia -1911/1914 3.13. Cmara e Intendncia -1914/1917 3.14. Cmara e Intendncia -1917/1920 3.15. Cmara e Intendncia -1920/1923 3.16. Cmara e Intendncia -1923/1926 3.17. Cmara e Intendncia -1926/1930 3.18. Interventoria 1930/1936 3.19. Cmara e Prefeitura - 1936/1939: Legislativo dissolvi-do 3.20. Conselho Administrativo e Prefeitos nomeados:1937/1947 3.21. Legislativo e Executivo 1948/1951 3.22. Mandatos 1952/1955 3.23. Mandatos 1956/1959 3.24. Mandatos 1960/1963 5. 3.25. Mandatos 1964/1968 3.26. Mandatos 1969/1972 3.27. Mandatos 1973/1976 3.28. Mandatos 1977/1982 3.29. Mandatos 1983/1988 3.30. Mandatos 1989/1992 3.31. Mandatos 1993/1996 3.32. Mandatos 1997/2000 3.33. Mandatos 2001/2004 3.34. Mandatos 2005/2008 3.35. Mandatos 2009/2012Aparte poltico: Quem o primeiro prefeito?4. Juizados de Paz 4.1. Inspetorias de Quarteiro5. Delegacia de Polcia e Cadeia Pblica 5.1. As primeiras autoridades policiais6. Agncia Postal7. Termo de Comarca8. Da formao jurdica municipal9. Comisso Exploratria de Governo10. Das exaes tributrias 10.1. Histrico 10.2. Das competncias1878/1880: ESCOLAS PIONEIRAS1. Sistema Educacional 1.1. Operacionalizao 1.2. 1 Grau 1.3. 2 Grau 1.4. 3 Grau 1.5. Aplicabilidades2. Ensino pblico 6. 2.1. Primeiras Letras 2.1.1. Professores pioneiros 2.1.2. Inspetores Literrios 2.1.3. A preocupao com a educao pblica2.2. Curso Primrio Grupo Escolar2.3. Curso Tcnico Complementar2.4. Antigo Curso Ginasial2.5. Escolas de Ensino Secundrio 2.5.1. Escola Normal 2.5.2. Curso Colegial: Clssico e Cientfico 2.5.3. Curso Tcnico Agrcola e Economia Domstica3. Ensino Privado3.1. Primeiras Letras Ensino Primrio 3.1.1. Uma escola no identificada 3.1.2. Colgio Nossa Senhora do Amparo 3.1.3. Escola Particular de Instruo de Leitura 3.1.4. Externato Coelho Neto 3.1.5. Professores Particulares 3.1.6. Externatos Santa Terezinha e Santa Cruz 3.1.7. Externato Siqueira Castro 3.1.8. Escola de Instruo Primria 13 de Maio 3.2. Curso Municipal Preparatrio 3.3. Curso Confessional Seminrio Catlico 3.4. Ensino Laico / Religioso 3.4.1. Colgio Companhia de Maria 3.4.2. Escola Irms Dominicanas Casa So Jos 3.5. Escola Tcnica de Comrcio 3.6. Ensino Secundrio Particular Residencial 3.7. Cursos Regulamentares: Ensino Infantil, Fundamental eMdio 3.7.1. Organizao Aparecido Pimentel Educao eCultura 7. 3.7.2. Cooperativa Educacional Santa Cruz do Rio Par-do3.7.3. Centro Educacional Santos S/C 3.8. Cursos Superiores OAPEC4. Centro Educacional do Servio Social da Indstria5. Movimento Brasileiro de Alfabetizao6. Centro Municipal de Aprendizagem Industrial1880/1886: FORMAO POLTICO-ADMINISTRATIVA1. Divisas e regularizaes de posses 1.1. Das posses 1.2. Divisas municipais2. Das reformas eleitorais de 1881 2.1. A Lei Saraiva 2.2. O 5 Distrito Eleitoral3. Perdas territoriais4. Alistamento militar5. Recursos para obras pblicas6. Vencimentos dos servidores municipais7. A gua potvel atravs dos regos8. Cdigo de posturas de 1883 8.1. Aditamentos9. Delimitaes de reas e levantamentos de construes10. Os poderes e o quartel em novo edifcio10.1. Novo prdio para a Cmara e Prefeitura 10.1.1. A Prefeitura em novas instalaes e endereos10.2. Delegacia de Polcia deixou o lugar10.3. Judicirio tambm saiu do velho edifcio10.4. Cadeia desativada11. Progressismos12. A Sade Pblica 12.1. Os doutores no serto 8. 12.2. Os primeiros profissionais mdicos12.2.1. Dr. Samuel Genuta12.2.2. Dr. Joo Candido de Souza Fortes12.2.3. Dr. Francisco de Paula de Abreu Sodr12.2.4. Dr. Ernesto Torres Cotrim12.2.5. Outros profissionais mdicos- 1. Nota referencial: O assassinato do mdico Luiz de Fillipi- 2. Nota referencial: O mdico Aparecido Rodrigues Mouco 12.3. Cirurgies-Dentistas Os primeiros nomes 12.4. Farmacuticos, oficiais, prticos e as farmcias 12.5. Enfermeiros nomeados primeiros nomes 12.6. Parteiras oficiais13.Dos agravos sade 13.1. Cemitrio contaminado 13.2. Abastecimento de gua comprometido 13.3. O matadouro e a fiscalizao 13.4. Lixos urbanos e as medidas saneadoras 13.5. Estado sanitrio em 1915 13.6. Os problemas que persistem 13.7. Dos vcios, mendicncias e prostituio 13.8. Aes em Sade Pblica A Delegacia de Higiene 13.9. Aes na epidemia de varola surto de 1891 13.10. A extino da Delegacia de Sade14.Nosocmios14.1. Lazareto ou gafaria?14.2. A Casa de Misericrdia14.3. Hospital Maternidade15.Reparties pblicas para atendimento sade 15.1. De posto de higiene a Centro de Sade 15.2. Servio de Tracoma e Higiene Visual 15.3. Delegacia de Sade 15.4. Dispensrio de Tuberculose 9. 15.5. Posto de Puericultura16. Entidades caritativas / assistenciais16.1. Irmandade Nossa Senhora do Rosrio16.2. Irmandade Nossa Senhora do Carmo16.3. Sociedade So Vicente de Paulo16.4. Cruz Vermelha nos tempos da gripe espanhola16.5. Asilo (Lar) So Vicente de Paulo16.6. Educandrio Nossa Senhora Aparecida16.7. Educandrio Lar da Criana16.8. Lar Fermino Magnani16.9. Centro Social So Jos e a Casa do Menor17. Iluminao pblica1886/1888: VIAS E MEIOS DE TRANSPORTES1. Vias terrestres1.1. Estrada pioneira e suas ligaes1.2. Estrada Boiadeira o caminho da integrao 1.2.1. Estrada Boiadeira muito antes da oficialidade 1.2.2. A oficialidade da Estrada Boiadeira1.3. A importncia dos caminhos e os interesses paralelos1.4. Veculos a trao animal1.5. Veculos automotores2. Via frrea 2.1. Linha Tibagi 2.2. Ferrovia do Peixe o grande engodo 2.3. O ramal da dvida a herana sodrelista 2.4. Sonho desfeito1888/1891: ACONTECIMENTOS NOTVEIS1. A escravido em Santa Cruz do Rio Pardo 1.1. A libertao dos escravos negros 1.2. Acerca dos escravos mulatos 10. 1.3. Escravos cafuzos 1.4. Os forros 1.4.1. Forro rico e escravagista 1.5. E os ndios continuaram escravizados 1.5.1. Dos mamalucos 1.5.2. Recomendao: catequese bala2. Santa Cruz sinopse em 18883. Arborizao4. A lei da lavoura5. As ltimas realizaes do Imprio 5.1. Criaes de cargos pblicos 5.2. Ato provincial de nomeao6. Presbiterianismo7. Golpe Militar a proclamao da repblica8. Comarca de Santa Cruz do Rio Pardo8.1. O poder judicirio8.1.1. Dr. Augusto Jos da Costa8.1.2. Dr. Francisco Cardoso Ribeiro8.1.3. Dr. Jos Manoel Machado de Araujo Filho 8.1.4. Dr. Jos Mesquita de Barros8.1.5. Dr. Arthur Mihich8.1.6. Outros Juzes de Direito8.2. A Promotoria Pblica9. A Maonaria9.1. Maom ilustre9.2. Continuidade manica10. Ajustes territoriais e divisas 10.1. So Pedro dos Campos Novos do Turvo 10.2. So Jos dos Campos Novos Freguesia 10.3. leo 10.4. Salto Grande do Paranapanema 10.5. Ilha Grande 11. 10.6. Anexaes tardias10.6.1. Mandaguary10.6.2. Santana da Cachoeira (Irap/Chavantes)10.6.3. Bernardino de Campos10.6.4. Sodrlia10.6.5. Rio Turvo (Esprito Santo do Turvo)10.6.6. Caporanga10.6.7. Clarnia11. Revolues e movimentos armados 11.1. Golpe militar de 1889 11.2. Revoluo Federalista 1893 11.3. Revoluo de 1924 11.4. Sedio de 1925 11.5. Revoluo de 1930 11.6. Revoluo Constitucionalista de 1932 11.7. 2 Guerra Mundial 11.8. Revoluo Camponesa de 1953 11.9. Golpe Militar de 1 de Abril de 1964 11.10. Consequncias Lei de Segurana Nacional1891: OS CORONIS E MANDATRIOS*1. Nos tempos dos Coronis1.1. Coronel Emygdio Jos da Piedade1.2. Joaquim Manoel de Andrade1.3. Coronel Joo Baptista Botelho 1.3.1. Precesso histrica 1.3.2. Quem foi o Coronel Botelho 1.3.3. Acontecimentos que precederam o suicdio 1.3.4. Apelaes desesperadas 1.3.5. Grave crise financeira 1.3.6. Conflito conjugal 12. 1.3.7. Desvios de dinheiro pblico e desfalques finan- ceiros 1.4. Famlias Costa e Abreu Sodr 1.4.1. Dr. Antonio Jos da Costa Junior 1.4.2. Dr. Francisco de Paula de Abreu Sodr 1.4.2.1. O exerccio ilegal da medicina 1.5. Coronel Antonio Evangelista da Silva Tonico Lista1.5.1. A quem interessava a morte de Lista?1.5.2. A vida pessoal e familiar de Tonico Lista 1.6. Tenente-coronel Lenidas do Amaral Vieira2. Governantes destacados2.1. O pessoalismo de Abelardo Guimares2.2. O caudilho Lenidas Camarinha 2.2.1. O Prefeito 2.2.2. O Deputado 2.3. A poltica do compadrio2.3.1. Lucio Casanova Neto2.3.1.1. O Prefeito2.3.1.2. O Deputado2.3.2. Onofre Rosa de Oliveira 2.4. A poltica do meio termo2.4.1. Dr. Cyro de Mello Camarinha2.4.2. Aniceto Gonalves2.4.3. Manoel Carlos Manezinho Pereira2.4.4. Maura Soares Romualdo Macieirinha 2.5. Populismo forjicado2.5.1. Dr. Carlos Queiroz2.5.2. Joaquim Severino Martins 2.5.3. Dr. Clovis Guimares Teixeira Coelho 2.6. Caciquismo, capachismo e cumplicidade2.6.1. Dr. Adilson Donizeti Mira3. Representantes na Assembleia, Cmara e Senado 13. 3.1. Coronel Emygdio Jos da Piedade 3.2. Dr. Olympio Rodrigues Pimentel 3.3. Dr. Cleophano Pitaguary de Araujo 3.4. Dr. Antonio Jos da Costa Junior 3.5. Dr. Francisco de Paula de Abreu Sodr 3.6. Tenente-coronel Lenidas do Amaral Vieira 3.7. Dr. Antonio Carlos de Abreu Sodr 3.8. Professor Juvenal Lino de Mattos 3.9. Dr. Lenidas Lulu Camarinha 3.10. Lucio Casanova Neto 3.11. Dr. Jos Abelardo Guimares Camarinha 3.12. Joaquim Severino Martins 3.13. Dr. Benedito Pinheiro Ribeiro 3.14. Dr. Israel Zekcer 3.15. Dr. Vanderlei Siraque1892/1895: A AGRICULTURA LIVRE E AS IMIGRA-ES1. De onde os campos e matas no Vale do Pardo2. As grandes fazendas e os fazendeiros3. Produtividade cafeeira4. Imigraes 4.1. Os imigrantes italianos 4.2. Os japoneses4.2.1. A 2 Guerra Mundial, Shindo Renmei e o DOPS4.3. Imigrantes (famlias) de outras nacionalidades5. Sobrevalorizao das terras6. Questionrio indicativo de prosperidade1895: IMPRENSAI Imprensa escrita A) Principais peridicos 14. 1. O Paranapanema 18952. Correio do Serto 19023. O Progresso 19044. Correio de Santa Cruz 19085. Cidade de Santa Cruz / A Cidade 5.1. Cidade de Santa Cruz 1909 5.2. A Cidade de Santa Cruz 1920 5.3. A Cidade 1923 5.3.1. O Garoto 1935 5.3.2. A Cidade Comercial 19396. O Sul Paulista 1910 7. A Ordem 7.1. A Ordem 1911 7.2. A Ordem 19218. O Municpio 19139. O Contemporaneo 1915 10. O Trabuco 1921 11. O Jornal 1928 12. O Trabalho 1931 13. Santa Cruz Jornal 1932 14. O Regional14.1. O Regional 195114.2. O Regional 196115. A Folha 195916. O Centenrio 197117. Debate 197718. Santa Cruz Notcias 198319. Dirio da Terra 200120. Semanrio Municipal 200221. Folha de Santa Cruz - 200422. Santa Cruz News 2009B) Pequenos significativos jornais 15. 1. O Grulha2. A Alavanca3. A Colmeia4. O Invisvel / O Martelo5. Gazeta Estudantina6. Alvorada7. O Lanterna8. Furinho9. O Galo10. L.A.V. em Notcias II Imprensa falada 1. Emissoras de rdio1.1. AM Sociedade Rdio Difusora Santa Cruz Ltda. 1.2. FM Rdio Morena1.3. FM Alternativa (Rdio Comunitria)1.4. FM Rdio Bandeirantes1895/1900: FINAL DO SCULO XIX1. A ponte nova sobre o Pardo pela Rua Saldanha Marinho2. Alguns feitos e acontecimentos2.1. O hediondo crime da mozinha2.2. Esdrxulas leis municipais2.3. Santa Cruz sede do 5 Distrito Territorial 2.3.1. O municpio no foi elevado a Distrito Agron-mico 2.3.2. Comisso Municipal de Agricultura2.4. Denncias de exerccio ilegal de farmacutico 3. Ocorrncias entre 1897/18983.1. Botelho Comandante da Guarda Nacional da Comarca3.2. Guarda Cvica3.3. Ponte metlica sobre o Rio Pardo4. A Guarda Nacional local 16. HISTRIA COMPLEMENTAR 1. Entretenimentos 2. Diverses: cultura, esporte e lazer 2.1. Cinematgrafo 2.2. Cinemas 2.2.1. Cine Oriente 1909/1914 2.2.2. Cine Brasil 1911/ ? 2.2.3. Cine so Luiz 1911/1914 2.2.4. Cine Theatre Bijou 1911/? 2.2.5. Cassino Cinema 1911/1912 2.2.6. High-Life Cinema 1912/1912 2.2.7. Cine Santa Cruz 1914/1946 2.2.8. Cine So Pedro / Empresa Teatral Pedutti 1946/19872.3. Teatro e Casas de Espetculos 2.3.1. Salo Ravedutti 2.3.2. Salo Nobre Cmara Municipal / Tribunal doJuri 2.3.3. Salo Aurora2.3.4. Salo Brasil2.4. Clubes Sociais, Literrios e Recreativos2.4.1. Democrata Club2.4.2. Clube Literrio Recretivo2.4.3. Tabajara Club2.4.4. Clube 21 de Abril2.4.5. Clube Nutico2.4.6. Clube XV de Novembro2.4.7. Clube Recreativo Progresso2.4.8. den Club2.4.9. Grmio Santa Cruz2.4.10. Clube [de] Xadrez 17. 2.4.11. Clube dos Vinte2.4.12. Clube Social Soarema2.4.13. Icaiara Clube2.4.14. Umuarama Rdio Clube2.4.15. Outros Clubes2.5. Clubes Desportivos 2.5.1. Futebol 2.5.1.1. Associao Atltica Santacruzense 2.5.1.2. Associao Operria Santacruzense- Aparte histrico 2.5.1.3. Comercial Futebol Clube 2.5.1.4. Associao Esportiva Santacruzense 2.5.2. Clube de Ping-pong 2.5.3. Clube de Natao e Regatas Rio Pardo 2.5.4. Cestobol2.6. Clubes de Servios2.6.1. Escotismo2.6.2. Rotary2.6.3. Lions2.7. As bandas e conjuntos musicais 2.7.1. Banda Lira So Jos 2.7.2. Banda Carlos Gomes 2.7.3. Banda Santa Ceclia 2.7.4. Banda Unio dos Artistas 2.7.5. Orquestra Wolf 2.7.6. Conjunto Tabajara 2.7.7. Corporao Musica 7 de Setembro Independente 2.7.8. Corporao Musical Municipal 2.7.9. Conjunto MN 7 2.7.10. Banda Light Brasil 2.7.11. Banda Landau 1969 18. 2.7.12. Blocos Carnavalescos2.7.13. Outros conjuntos, bandas e orquestras 2.8. Casas de prostituies3. Tecnologias em comunicaes 3.1. Telegrafia 3.2. Telefonia 3.2.1. Telefonia celular 3.3. Rdio 3.4. Televiso 3.5. Fax 3.6. Internet4. Sistema financeiro e seguradoras 4.1. Primeiras casas de crdito4.1.1. Banco de Custeio Rural4.1.2. Caixa Econmica do Estado de So Paulo4.1.3. Outras agncias bancrias4.1.3.1. Caixa de Crdito Agrcola4.1.3.2. Banco Comercial4.1.3.3. Banco do Brasil4.1.3.4. Banco Amrica do Sul4.1.3.5. Banco Nacional da Cidade de So Paulo4.1.3.6. Banco do Estado de So Paulo4.1.3.7. Banco Brasileiro de Descontos4.1.3.8. Banco Mercantil4.1.3.9. Caixa Econmica Federal4.1.3.10. Banco Indstria e Comrcio S Catarina4.1.3.11. Bank Brasil S/A Banco Mltiplo4.2. Seguradoras4.2.1. Companhia Sul Amrica de Seguros4.2.2. Sociedade Nacional de Seguros4.2.3. Sociedade Annima de Previdncia e Economia4.2.4. Unio Paulista Sociedade Mutualista 19. 5. A Agricultura e os servios interligados 5.1. Zootecnia 5.2. Expurgo 5.3. Delegacia Agrcola6. Diagnstico do Municpio em 19267. Loteamentos pioneiros 7.1. Centro e Bairro So Jos 7.1.1. Vila Samaritana 7.2. Vilas Santa Aureliana e Sidria 7.2.1. Vila dos Oitenta 7.2.2. Vila [do] Assis 7.3. gua dos Pires 7.3.1. Parque das Naes 7.4. Bairro da Estao 7.4.1. Vila Popular7.4.2. Loteamentos posteriores 7.5. Vila [do] Saul 7.5.1. Parque So Jorge 7.6. Vila [do] Matias 7.6.1. Loteamentos adiante 7.7. Vila [do] Fabiano 7.7.1. Vilas Maristela e Madre Carmem 7.7.2. Bosque dos Eucaliptos 7.7.3. Favelas em terrenos da USP 7.8. Vila Joaquim Paulino 7.8.1. Jardim Alvorada 7.9. Chcara [do] PeixeBIBLIOGRAFIA -o- 20. AUTORES O casal Celso e Junko Sato PradoCelso Prado: nascido em Paraguau Paulista - SP, formado em Pedagogia Especialista em Educao e Telogo, residente em Santa Cruz do Rio Pardo -SP, casado com Junko Sato 2 matrimnio, com a qual os filhos MitchellYutaka Sato Prado e Lorana Harumi Sato Prado. Tambm pai de ArthurCelso Castilho Prado e Gisele de Castilho Prado 1 consrcio.Aposentado optou por pesquisas histricas da regio e estudos teolgicos, au-tor de alguns trabalhos, destacados Razias Incurses Predatrias em Territri-os Indgenas do Vale Paranapanema, e Alm das Fronteiras e Mistrios doDesconhecido, disponibilizados no stio eletrnico: www.satoprado.com.Junko Sato: natural de Araatuba - SP, cursou o Magistrio e depois graduou-se em Odontologia, pela FOB/USP - Bauru.Aposentada, no servio pblico estadual e consultrio particular, dedica-se,ao lado do marido, nos trabalhos de pesquisas histricas e resgates de docu-mentos antigos para a histria de Santa Cruz do Rio Pardo. coautora dos trabalhos Rita Emboava - Segredos Revelados, e Historiogra-fia Para Santa Cruz do Rio Pardo, www.satoprado.com. 21. DIREITOS AUTORAISTrabalho extrado da obra: Razias: Incurses Predatrias emTerritrios Indgenas do Vale do Paranapanema, de autoria eresponsabilidade de Celso Prado, publicao eletrnica em2006, conforme Registro de Direito Autoral junto FundaoBiblioteca Nacional / Ministrio da Educao e Cultura, Escrit-rio dos Direitos Autorais EDA, Registro n 391.422, Livro728, Folhas 82, aos 07 de novembro de 2006, com acrescimen-tos de outros documentos e relatos histricos especficos paraHistoriografia: Santa Cruz do Rio Pardo Sculo XIX, em co-autoria com Junko Sato Prado. ISBN 978-85-913452-0-5REGISTRADO: Historiografia para Santa Cruz do Rio Pardo Memrias, Documentos e Referncias, n #1110130288731,https://www.safecreative.org/Importante:Este trabalho, registrado, resultado de pesquisas.Os autores guardam, em SkyDrive, Hard Disk e outros meioseletrnicos, todas as cpias das obras citadas e documentos queserviram como referncias para elaborao e execuo deste tra-balho.Citar e referenciar para no cometer plgios. Celso Prado e Junko Sato Prado 2012EXEMPLAR: CORTESIA DOS AUTORES 22. AGRADECIMENTOS1. Colaboradores especiais:Anderson Lopes de Oliveira [Magro] Designer GrficoGeraldo Vieira Martins Junior AcervistaJoaquim dos Santos Neto PesquisadorLuciano Leite Barbosa - MemorialistaPadre Hiansen Vieira Franco HistoriadorPaulo Pinheiro Machado Ciaccia Historiador2. Reconhecimentos e agradecimentos aos:Aurlio AlonsoLorana Harumi Sato PradoMaria Helena CadamuroMitchell Yutaka Sato Prado e Adele C Nagasaki PradoPaulo Fernando ZaganinRui Srgio dos ReisSrgio Fleury Moraes3. Outros colaboradoresNa impossibilidade de nomin-los todos, os autores representam-nosnas pessoas de Ari Berna - Autnomo; Aurlio Alonso - Jornalista;Edilson Arcoleze Ramos de Castro - Policial Civil (SSP-SP); EduardoPereira Lima - Empresrio; Gasto Cid - Comerciante; Heresh Antu-nes Ribeiro - Funcionrio Municipal (aposentado); Joo CastelhanoFilho - Desenhista / Ilustrador; Jorge Cassiolato - Aposentado; NoirJos Rodrigues - Contabilista (Aposentado); e Sebastiana da SilvaSantos - Aposentada.4. Crditos externos: vide bibliografiaTODOS OS DIREITOS RESERVADOS 23. APRESENTAO-Resgate da histriaOs memorialistas Celso Prado e Junko Prado esto lan-ando dentro de alguns dias o livro "Santa Cruz do Rio Pardo Historiografia para o Sculo XIX" com previso de trs ediesdistintas. Na verdade, efetivar a publicao em livro visa atenderas formalizaes para resguardar direitos autorais, afinal a am-pla obra j vem sendo disponibilizada na internet e de domniopblico com milhares de acessos pelos internautas. exemplode cidadania.Esse trabalho de garimpagem comeou como hobby,aps a aposentadoria do casal, e referncia atualmente no esta-do e at no Pas. Acompanhei de perto a carreira de pesquisadoramador dos dois, passei a conhec-los a partir de um episdio de"perseguio" na gesto de Adilson Mira. Como jornalista,quando trabalhei no DEBATE, fui cobrir a apreenso de medica-mentos com validade vencida pela Polcia Militar no CentroOdontolgico no Colgio Ave Maria, acompanhada na poca pe-los vereadores Nen Mamona e Jos Antonio Fonatti. O punidofoi a dentista que nada tinha a ver com incompetncia da pasta,por sinal at hoje tem como titular a farmacutica Luizete Ale-xandre Pereira que se mantm no cargo num rearranjo poltico,cujo cargo na prefeitura de So Paulo, onde concursada.Em uma "canetada" do autoritarismo, a dentista JunkoSato foi transferida de Santa Cruz para Assis, a poucos anos parase aposentar, causando transtornos de ordem pessoal. Foi obri-gado a um "exlio" forado em Paraguau Paulista, cidade prxi-ma Regional de Assis, at retornar a Santa Cruz, aps a apo-sentadoria. S lembro do episdio, para que essa poltica arbitr-ria no se repita mais, tpica da pequenez dos polticos locais.O importante que Prado e Sato possibilitaram trazer uma sriede dados histricos importantes para o municpio e regio. Os 24. dois foram a fundo em certides de bitos, documentos, atas, vi-sitaram cartrios de registros civil, de imveis, consultaram viainternet arquivos pblicos, percorreram prefeituras da regio,pesquisaram antigas edies de jornais locais e paulistanos.Infelizmente, um trabalho dessa envergadura deveria terajuda oficial, mas, no entanto, nossos gestores ainda tm comoprioridade o "cabide de emprego" e obras pontuais com recursosdo governo paulista. Essa independncia dos memorialistas, noentanto, s deu qualidade s pesquisas.Importante salientar que o livro ter uma tiragem distri-buda gratuitamente a bibliotecas, escolas, instituies e funda-es da cidade e regio. Haver, ainda, uma edio digital, am-pliada, no se limitando apenas ao sculo XIX. O livro traz in-formaes sobre as primeiras casas, os primeiros fazendeiros emoradores e a localizao exata de alguns prdios pblicos, tudobaseado em documentos oficiais pesquisados na Assembleia Le-gislativa e Dirio Oficial.Os memorialistas usam instrumentos modernos da tecno-logia da informao. A todo momento so corrigidos dados dire-tamente na pgina eletrnica Celso Prado rigoroso e buscaa preciso como quem persegue a perfeio. Na ltima semana,por exemplo, novo achado para a historiografia do municpio: osuicdio do coronel Joo Baptista Botelho teve razes polticas eproblemas envolvendo improbidade administrativa. Triste sinadesta cidade.Apesar de ser uma cidade centenria, Santa Cruz do RioPardo est perdendo todo seu acervo. graas a pessoas como ocasal Prado e Sato que tem sido possvel recuperar parte da his-tria. No Museu Municipal por exemplo tem uma ampla coleode discos de vinil. Se tivesse gente sria na administrao elabo-raria um projeto para fazer a digitalizao de todo esse acervo edisponibilizava na internet. Tambm buscaria recursos junto aos 25. governos federal e estadual para criao de um arquivo munici-pal, mas com profissionais contratados por concurso pblico,para digitalizao de jornais, filmes e todo material udio visual.Tudo com regras e lei aprovada pela Cmara. No o que recen-temente um poltico se gabou ao escrever em carta a este jornal"como obra de resgate da cultura" (algo hilariante) a de promo-ver concurso de fotografia para exibi-los no museu. Aurlio Alonso (Bauru-SP, Debate: 1617, 01/04/2012) 26. 1847/1851: "A GUERRA AOS NDIOS"1.Quando os ndios eram os donosNas primeiras dcadas do sculo XIX todo o interiorpaulista, entre os rios Tiet e Paranapanema, a partir dos povoa-dos de Botucatu e So Domingos barranca do Rio Paran, era,ainda, imenso serto desconhecido da civilizao, regio inspi-ta e insalubre, habitado por ndios e animais selvticos.Os ndios, de diferentes etnias, movimentavam-se dentrode todo esse espao geogrfico, escolhendo reas e por elasguerreando com os rivais.Da Serra Botucatu em direo ao Vale do Paranapanema,pelo denominado Vale do Pardo, incluso parte do municpio san-tacruzense, algumas etnias ou naes indgenas habitavam o lu-gar, destacando-se tribos Caiu-Guarani, Oti-Xavante e Cain-gangue.1.1.Caiu-GuaraniO Caiu, subgrupo identificado por Caiu-Guarani, vi-via nos espiges e beiras de pequenos rios, por exemplo, ao lon-go do divisor Pardo/Turvo. Caa-wa tem significado de o feiodo mato, ou espinho, no sentido de imprestvel.H consenso que bandos de Caiu e Guarani, propria-mente dito, tenham vindo do sul de Mato Grosso, Paran, lestedo Paraguai e nordeste da Argentina, onde desapossados de seustermos procuraram segurana em terras do Planalto OcidentalPaulista, unindo-se aos destroos tribais no Pardo, aps 1835.1.2.Oti-XavanteO J (Oti-Xavante) ou povo Xavante, integrante da fam-lia lingustica J, tronco Macro-J, originrio remoto do litoralmaranhense, sempre numa movimentao precavida, em fugados desbravadores, chegou ao Mato Grosso e depois atravessou 27. o rio Paran no sculo XVII, e escorraado avanou peloscampos at para os lados de Bofete.A presena branca o fez recuar, por volta de 1840, paraos cerrados entre o Pardo e o Turvo, com presena notada em al-guns afluentes do Turvo s duas margens.Era chamado ndio do cerrado, como significado do vo-cbulo xavante, embora inexista uniformidade grfica seno oaportuguesamento fonmico.1.3.CaingangueO Caingangue ou Caa-Caing, designativo xavante comsignificado de gente do mato, habitava matas fechadas s beirasdos rios maiores, na regio do mdio Paranapanema e o Pardo.Tambm conhecido por coroado, em causa do corte de cabelo,o Caingangue seria primo do Xavante, com certa semelhanade fala, por isso grupo macro-j para os especialistas.De origem controvertida, os grupos que se apresentaram no Par-do seriam oriundos das margens do rio Uruguai, chegando aosmagotes, por volta de 1800, j ocupando posies, no se mistu-rando aos outros ndios.1.4.Os destroos tribaisOs grupos Caiu e Oti que j se encontravam na regiodo Pardo, e em todo serto adiante da Serra Botucatu, eram con-siderados destroos tribais, aculturados pelas passagens de seusantepassados em aldeamentos jesuticos nas Fazendas dos Pa-dres, em Guare e Botucatu (1719-1759), aonde os religiososcombinaram diferentes etnias indgenas com os brancos e ne-gros, para formao de raa pretendida ideal, estruturada na in-teligncia do branco ao vigor do negro e a indolncia do ndio interpretaes da poca, com lnguas unificadas para o idioma 28. brasileiro, o Nheengatu (origem tupi), depois oficialmente proi-bido.A eles se juntaram os elementos chegadores, Oti e Caiu,aparentados ou apenas interessados num objetivo comum de re-sistncia aos brancos, que praticamente em nada contriburampara a restaurao das tradies, usos e costumes dos acolhedo-res, porque pouco tempo lhes restaria.1.5.Resistncia indgena aos conquistadoresCom a expulso dos jesutas do Brasil e o fim do aldea-mento em 1759, os ndios tornaram-se vagantes pelos lados deBotucatu, dificultando a fixao do homem branco, at que lhessobrevieram os ataques promovidos pelo Coronel Francisco Ma-nuel Fiza, a servio dos fazendeiros e sesmeiros no alto da Ser-ra, em 1770.Os ndios recuaram e se posicionaram nas encostas, ondea geografia lhes facilitava os movimentos e tticas de combates,impedindo o avano e o expansionismo da civilizao.A relativa segurana adiante da Serra favoreceu e at in-centivou a chegada de outros ndios, isolados ou em pequenosbandos, sobreviventes escorraados pelos fazendeiros de outrasregies.Os indivduos do grupo Caiu (Guarani) chegaram do sulde Mato Grosso, Paran, leste do Paraguai e nordeste da Argen-tina, onde desapossados de seus termos procurando garantia, ps1835, depois de infausta querena pelos lados de Itapetininga eItapeva.Restos de grupo Xavante (Oti) ingressaram, pelos cerra-dos e campos do Vale do Paranapanema, ou para os lados deBauru e Lenis Paulista (Fernandes, 2003: 13-16), em fuga dosdesbravadores, notados por Joaquim Francisco Lopes, em 1840, 29. quando este procura de melhor via de comunicao entre aprovncia de So Paulo e Mato Grosso (Tidei Lima, 1978: 41).Esses elementos, Oti e Caiu, acolhidos pelos grupos lo-cais, aparentados ou apenas interessados num objetivo comumde resistncia aos brancos, praticamente em nada contriburampara a restaurao das tradies, usos e costumes dos acolhedo-res, porque em menor nmero e culturalmente tambm arruina-dos. O Caingangue chegou aos magotes, por volta de 1800, jocupando suas posies, no se misturando com outros ndios.A populao indgena cresceu consideravelmente e em1835 at se dizia de infestaes indgenas nas morrias e furnasdas Serras de Agudos e de Botucatu, nos Vales do Rio Pardo,Rio do Peixe e do Feio/Aguape, e em toda bacia do Paranapa-nema paulista.1.6.O capitalismo contido no alto da Serra BotucatuO fazendeiro capito Jos Gomes Pinheiro, liberal e pol-tico itapetiningano, liderava os fazendeiros de Botucatu. Tinhauma viso expansionista e conclamava o governo paulista em-preender entradas no serto adiante, expulsar os ndios e tomar-lhes as terras, para a ocupao capitalista. Sequer seduziu as au-toridades para a instalao de uma colnia estrangeira no Valedo Pardo.Gomes Pinheiro de seu esconderijo na Fazenda MonteAlegre, em atual Botucatu, quando da fracassada Revoluo Li-beral de 1842, "aproveitara o descanso forado para responderas cartas [dos amigos] e interessar gente de outros rinces nasterras de seu serto. Aquele mundo precisava de gente valente ede brao. (...). Lembrou-se de um amigo, Jos Teodoro de Sou-za. Que viesse ver as terras da serra. Garantia que no ia se arre-pender" (Marins, 1985: 25). 30. Mensagem implcita, os fazendeiros do alto da Serra Bo-tucatu sentiam-se desprotegidos pelo governo e merc de pos-sveis ataques indgenas. Os ndios no permitiam o expansio-nismo capitalista.No existe comprovao de carta do Capito Gomes Pi-nheiro convidando Theodoro a vir ao serto, ou que este tenhaaceitado alguma proposta.Nenhuma tradio aponta a presena regional de Theo-doro antes de 1850 /1851, para fins de ocupaes de terras, se-no sua prpria afirmao, aos 31 de maio de 1856, que era resi-dente e senhor de posses no serto, de maneira mansa e pacfica,desde 1847. Com esta mentira o pioneiro se adequaria aos ter-mos da Lei n 601/1850, a Lei das Terras, para garantia de pos-ses.No ano 1848, com a morte do capito Pinheiro, assumiuo comando regional o seu genro Tito Corra de Mello, tambmcapito, disposto a contratar bugreiros, ou matadores de ndios,para limpar as terras e torn-las teis e produtivas civilizao.Convocou urgente Jos Theodoro de Souza em 1849, para queeste viesse ao serto dar combate aos ndios, garantindo-lhe tor-nar-se dono de latifndio.O prprio capito Tito, em 1889, assumiria a convocaode Jos Teodoro de Souza, a seu chamado, para conquistar e po-voar o serto do Paranapanema (Moreira da Silva, 1965: 99-100).O governo paulista, enfim, cedera s presses dos fazen-deiros tornando permissiva a represso aos ndios "que impedi-am - como se dizia poca - o estabelecimento do progressonas fronteiras do Imprio-" (Azanha, 2001: 4), e a vieram as ra-zias e dadas, aplicadas pelos bugreiros que se firmavam bandosarmados do sertanismo. 31. Aos ndios capturados, de forma legal aldeavam-nos paraaprendizado de servios teis civilizao (Decreto Imperialn 426, 24/07/1845) ou, e a a burla do dispositivo legal e j an-teriormente validada para todo o serto, qual seja, a retirada doindgena "para lugares longnquos (...) alm do Paran e nestecaso destruindo os seus alojamentos para que no possam re-gressar a eles" (AESP / Ofcios Diversos para Botucatu, 1862).O aldeamento era, tambm, forma de tirar o ndio da ter-ra e promover sua miscigenao, quebrando-lhe as tradies cul-turais, os usos e costumes, posto objetivo do governo em prote-ger as "localidades ocupadas por gente civilizada, laboriosa etil ao pas" (Tidei Lima, 1978: 84), da os propalados e algunsacontecidos ataques indgenas s fazendas e povoados, que per-mitiriam aes preventivas do branco, atravs dos bugreiroscontratados.Talvez, em 1849, Tito nem precisasse convocar Theodo-ro em Minas Gerais, atravs de carta, pois, com certeza docu-mental, a 02 de julho daquele ano o mineiro e sua mulher Fran-cisca Leite da Silva, so vistos em Botucatu, partcipes de bati-zado ocorrido na famlia Nolasco.2. O bandeirismo pioneiro Antigas tradies ainda lembram o conquistador do ser-to centro sudoeste paulista, sendo um homem franzino, de pe-quena estatura e fala mansa, tipo caboclo com fronte larga, olhosmidos e queixo fino, pele clara com sardas, quase imberbe se-no uma barba rala a cobrir-lhe o rosto e fios esparsos de cava-nhaque no queixo. Vestia roupas simples e rudes, ps quase sem-pre descalos. 32. Esta era a nica descrio para se formar o retrato de um homem lend- rio (Prado, apontamentos em Leoni, 1979: 2; e Marins, 1985: 39). Posterior- mente o retrato escrito ganharia contor- nos visuais, semelhana da foto que lhe foi atribuda por Barros (2006: 14). Este humilde lavrador residente em Pouso Alegre (MG), frente de um bando de mineiros, em 1847, talvez de- pois, "teve ideia de se aventurar at a re-Jos Theodoro de Souza gio do Paranapanema, procura de ter-sentado, o filho Theodorinho ras de culturas a fim de tomal-as por oc- direita e dois companheiros.Crdito: Barros, 2006: 14cupao originaria" (Nogueira Cobra, 1923: 7-8), de forma mansa e pacfica. Inteligente embora analfabeto, religioso, bom chefe defamlia, honrado e estimado por todos que a ele socorriam-se,em sua entrada pelo serto no quis maltratar os ndios, mas simatra-los civilizao, com amor cristo, de modo reconhecidoque os prprios nativos o tratavam respeitosamente por Pae. Abriu estradas, fundou alguns povoados e fez progredir oserto. Tinha seu lado reverso. Era ele intrpido, alegre, folga-zo, festeiro e perdulrio tanto, dizem, que chegou a trocar umaenorme fazenda por um negro escravo, violeiro e cantador decateret. Quase trs dcadas depois de sua entrada triunfal em ter-ras do centro sudoeste paulista, este homem morreu pobre e es-quecido por todos, conta a histria, exceto talvez por indgenasrenegados que o mataram a golpes de borduna em 24 de setem-bro de 1875, deixando o corpo no local para ser sepultado noCemitrio de So Pedro do Turvo, numa cova que de to sim- 33. ples ningum mais sabe onde encontr-la. Seu nome, Jos Theo-doro de Souza.Documentos recentemente resgatados revelam Jos The-odoro de Souza frente de um bando fortemente armado, parainvases predatrias em territrios indgenas, conquistar terras eentreg-las livres s mos dos fazendeiros, resguardadas as par-tes destinadas aos partcipes dos massacres, e a ele prprio comdireito ao quinho adiante do Rio Turvo, que seria logo fracio-nado e posto a vendas.2.1.O cabea de bandeiraAconteceu um tempo que todo o centro sudoeste paulis-ta, entre os rios Tiet e Paranapanema, a partir dos povoados deBotucatu e So Domingos, se no de todo desconhecido, eraimenso vazio de homem civilizado, quando entrou em cena ocontroverso desbravador Jos Theodoro de Souza, em 31 demaio de 1856, na ento Vila de Botucatu, para proceder a regis-tros paroquiais de terras cujas posses foram declaradas, mansase pacficas, desde 1847.As escrituras so sumrias, imprecisas e, ainda hoje, sus-citam dvidas quanto s reais dimenses das propriedades re-queridas, conforme a seguir:-Registro Paroquial n 516: "Terras que possue Jos The-odoro de Souza no Districto desta Villa de Botucatu.Digo eu abaixo assignado que sou senhor de umas terrasde cultura no logar denominado Rio Turvo, districto des-ta Villa de Botucat, e suas divisas so as seguintes:Principiando esta divisa no barranco do Rio Turvo, barrado Correguinho da Porteira, divisando com os herdeirose meeira de Jos Alves de Lima, e cercando as vertentescom quem direito for at encontrar terras de Jos da Cu-nha de tal at atravessar o rio Pardo, por outro lado at o 34. espigo fra com quem direito for at cahir no mesmobarranco do Paranapanema, por este abaixo at frontear abarra do rio Tibagy, e daqui cercando as vertentes destaagua que se acha dentro deste crculo at encontrar-secom terras de Francisco de Souza Ramos, daqui descen-do at o barranco do So Joo, por elle abaixo at suabarra no Turvo, por este acima at encontrar com a barrado Correguinho da Porteira donde foi o princpio e findaesta divisa. Cujas terras assim divisadas e confrontadasas possuo por posses mansas e pacficas que fiz no annode 1847 e nellas tenho morada habitual at o presente.Por Jos Theodoro de Souza, Francisco das Chagas Mot-ta. Apresentado aos 31 de maio de 1856. Vigrio Modes-to Marques Teixeira" (RPT/BT n 516, 31/051856: 168-v).-Registro Paroquial n 518: "Terras que possue Jos The-odoro de Souza nesta villa de Botucatu. Eu abaixo assig-nado sou senhor possuidor das terras nesta villa de Botu-catu. Um sitio de terras de cultura no lugar denominadoRio Alambary distrito desta villa de Botucatu suas divi-sas so as seguintes: Principiando no lado de cima divi-sando com Messias Jos de Andrade, e pelo alto, comquem direito for at encontrar com terras de Manoel Al-ves dos Reis, e pelo espigo abaixo com o mesmo Alvesat o rio, e pelo veio do rio acima at encontrar o princ-pio desta divisa. Cujas terras foram por mim possudaspor posse que fiz no ano de mil oitocentos e quarenta esete e por no saber ler e nem escrever, pedi a quem pormim fizesse, ao meu rogo, hoje trinta de maio de mil oi-tocentos e cincoenta e seis. A rogo de Jos Theodoro deSouza, Antonio Galvo Severino. Apresentado aos trintae um de maio de mil oitocentos e cincoenta e seis. O vi- 35. grio Modesto Marques Teixeira" (RPT/BT n 518,31/05/1856: 170-v).-Registro Paroquial n 519: "Terras que possue Jos The-odoro de Souza nesta villa de Botucatu. Eu abaixo assig-nado sou senhor possuidor das terras nesta villa de Botu-catu. Principiando na barranca do rio So Joo e seguin-do por um espigo divisando com Matheus Leite de Mo-raes e rodeando as vertentes de um brao do So Joo atencontrar com terras de Francisco de Souza Ramos, at oveio do rio So Joo e por este acima at onde principiae finda esta divisa" (RPT/BT n 519: 31/05/1856, fls170-v).-Registro Paroquial n 520: "Terras que possue Jos The-odoro de Souza nesta villa de Botucatu. Eu abaixo assig-nado sou senhor possuidor das terras nesta villa de Botu-catu. Principiando esta divisa no barranco do rio SoJoo defronte de um pau de cabina aonde faz ponto dedivisa com Francisco de Souza Ramos at encontrar comterras de Joo Vicente de Souza daqui seguindo por umespigo dividindo com o mesmo Souza at encontrarcom terras de Manoel Joaquim da Cunha at a barrancado rio So Joo e por este acima at encontrar com terrasde Anastcio Jos Feliciano, divisando com Jos AntonioDiniz at encontrar com terras de Francisco de SouzaRamos onde fez princpio e finda esta divisa" (RPT/BTn 520: 31/05/1856: 171-a).O pioneiro apossava-se, desta forma, de uma imensidode terras que em muito extrapolava os limites legais de possespermitidos ou tolerados pelo Imprio.Segundo os historiadores as detenes territoriais de JosTheodoro iam desde o Rio Turvo e Ribeiro das Antas, pelo di-visor Peixe/Paranapanema, at o Rio Paran, embora as terras 36. apontadas naqueles registros atingissem apenas a margem do Ri-beiro Anhumas, e a compreender somente Vale Paranapanemapaulista, ainda assim, algo em torno de 60 quilmetros de testa-da por 150 de fundos, ou seja, quase nove mil quilmetros qua-drados de terras.A Comisso de Explorao do Rio do Peixe, criada em1908, informa que "Theodoro apossou-se da regio do campo,habitada pelos chavantes e que se estende desde a encosta daSerra dos Agudos, s proximidades do Paranapanema, e atfrontear do Ribeiro das Anhumas; Joo da Silva apossou-se dasAnhumas para baixo e Francisco de Paula Morais a regio damata, no vale do Rio do Peixe" (Camargo, apud Dantas 1980:30-31).Os referidos Joo da Silva Oliveira e Francisco de PaulaMoraes, respectivamente cunhado e genro de Jos Theodoro deSouza, no registraram suas posses, cabendo da a confuso quetudo era de Theodoro, em nome do qual, por aqueles, ocorridasalgumas vendas de terras ilegais, situaes que criariam litgiosaos compradores, diante da no regularizao fundiria ou reco-nhecimento legal de propriedades.Consta naquele mesmo 31 de maio de 1856, que "JosTheodoro de Souza obtm semelhante registro paroquial juntoao vigrio Modesto Marques Teixeira, de Botucatu (ento, umavila), para a vastssima rea entre a cidade de Bauru e as mar-gens do rio Paran. O registro denomina a rea Fazenda Rio doPeixe, ou Fazenda Boa Esperana do Aguape" (Silva, 2008:44).As divisas da Fazenda Boa Esperana do Aguape ougua- Pey principiam desde as fraldas da serra de Agudos, 40quilmetros aps Bauru, abrangendo toda a bacia do Feio /Aguape at o rio Paran, mais as cabeceiras e partes conhecidasdo Peixe, numa poca que se pensava ser o rio do Peixe tribut- 37. rio daquele, ou ambos um s, com suas diversas nascentes, aflu-ente do Tiet.Aps o registro dessa posse, Theodoro "arregimentou v-rias pessoas para estabelecer o povoamento, vendendo lotes desua propriedade" (Feliciano, 2007: 50), mas, os historiadoresnada ou pouco mencionam Jos Theodoro nesta transao, ouque ele fosse titular de terras em regies de Bauru, todavia refe-rncias posteriores confirmam que "Alm do mesmo Jos Theo-doro, cuja presena na regio do rio Batalha registrada em1861, avultam tambm, entre outros (...) detentores de numero-sas posses na regio" (Tidei Lima, 1978: 70).Documento do Juzo Municipal de Botucatu ao Presiden-te da Provncia de So Paulo, datado de 23 de agosto de 1861,denuncia que em Bauru, "esta imensa rea na sua quase totalida-de tem sido apropriada e vendida por Jos Theodoro de Souza epelos irmos Francisco e Antonio de Campos" (Tidei Lima,1978: 83).Outros estudiosos reconhecem em Theodoro o desbrava-dor das regies de Lenis Paulista, Bauru, Avar e CerqueiraCsar entre outras, aparentemente sem aposs-las.As posses de Theodoro eram terras livres de ocupaesprimrias e nelas no havia sinais de entradas e assentamentosde explorao, a no restar dvidas ser ele o primeiro branco aentrar nelas, com os cuidados de anotaes de divisas e delas aapropriar-se.Se algum antes esteve na regio, foi to somente de pas-sagem e nenhuma fixao observvel seno aquela no sculoXVII (1610-1628), margem direita do rio Paranapanema, a re-duo espanhola So Pedro, de curta durao, no lado paulista,entre os afluentes Tibagi e Pirap (Giovannetti, 1943: 82), almda estalagem em Paranan-Itu. 38. Constam nos tempos da Fazenda Jesutica em Botucatu,entre 1719 e 1759, alguns arranchados e retiros adiante da Serra,que pouco tempo resistiram desativao do caminho de Igua-temy, por volta de 1771. Nem as sesmarias adiante da Serra,ainda conhecidas nos vinte anos iniciais do sculo XIX, foramproficientes em sustentar qualquer povoao.Desta maneira todo o serto centro sudoeste paulista es-tava em completo abandono desde 1780, inclusive Paranan-Itu ePouso de Lenis, embora tais localidades servissem de corre-dor de passagem bandeirante rumo ao serto, at quando a che-gada dos mineiros para povoaes, a partir de 1851, trazidos porJos Theodoro de Souza, o iniciador das primeiras cesses evendas de terras.Theodoro sabia que para o registro paroquial de terrasera necessrio to somente o ato declaratrio do possuidor aoVigrio, a quem cumpria transcrever num livro prprio e forne-cer cpia ao declarante, sem questionar a origem ou a verdadedo ato, sendo obrigado proceder a lanamento mesmo sabendofalsas as declaraes, pois contra o registro cabiam apenas pare-ceres de autoridades civis da provncia, que pudessem tornar nu-los o direito de posse, com aplicaes de penalidades cabveis,quando esgotados os recursos.Alguns autores acreditam que Jos Theodoro, em 1856,simulara data atrasada da posse das terras, 1847, para apresentarao Registro Paroquial em Botucatu e assim, legalmente, garantirsua propriedade, de acordo com termos da denominada Lei deTerras, de 1850, sem dvida favorecedora da concentrao fun-diria.Para os pesquisadores, a partir de referido registro come-aram as discusses de quando efetivamente Jos Theodoro deSouza chegou regio, em 1847 (data informada de suas pos-ses) ou 1856 (data dos registros), se veio algum dia, ou mesmo 39. que tenha existido, posto considerado pelo Governo do Estadode So Paulo, 1955/1958 - Administrao Dr. Jnio da SilvaQuadros, como ente do imaginrio, inexistente e reconhecidocomo tal.Unanimidade, Jos Theodoro de Souza teria sim existidoe adentrado o serto paulista, em alguma data entre os anos de1847 e 1856, frente de comitiva vinda de Pouso Alegre (MG),para dominar toda extenso de terras entre o divisor do Vale doPeixe com o do Paranapanema, a partir do Rio Turvo a descerpelo rio Paranapanema, alm da desembocadura das guas doparanaense Tibagi ou, mais propriamente, do afluente paulistario das Anhumas ou do ribeiro gua Boa, por alguns autores,subindo at sua nascente para encontrar os espiges na regiodenominada Bartira.Alguns pesquisadores acreditam que Theodoro, para ta-manha ousadia de posses, tenha se valido da influncia de seucompadre Capito Tito Correa de Mello, com o qual tinha acor-do em tornar suas as terras alm do Rio Turvo e at onde suaambio o levasse. Outros entendem que o sertanista teve pro-messa do prprio Imperador, em tornar suas as terras livresapossadas adiante das sesmarias do Pardo.O engenheiro e pesquisador Bruno Giovannetti informaque o pioneiro Theodoro, nascido em Pouso Alegre entre 1805 e1815, chegou regio em 1855 com plano j traado de asse-nhorear-se de muitas terras, e para o registro se viu obriga-do "declarar que tinha posse nas ditas terras desde o ano de 1847para ser considerado legtimo o ato de ocupao, em face da Lei601 de 1850, em virtude da qual tornavam-se nulas as ocupa-es das terras devolutas, por outro ttulo que no fosse o decompra. Em 30 de janeiro de 1854 foi promulgado seu regula-mento, pondo fim s apropriaes de terras devolutas, tentando 40. assim de salvar o patrimnio devoluto da Provncia" (1943:125).Desta maneira, da promulgao da Lei 601 de 1850 e seuregulamento em 30 de janeiro de 1854, Theodoro se aproveitarado prazo legal maior concedido para legalizao de posses queia at 1856, para o registro de suas terras com data retroativa a1847, como mero artifcio para que o ato no se tornasse nulo,nem viesse o declarante incorrer em penalidade legal.Jos Magalli Ferreira Junqueira escreve: "Um dos maisintrpidos, seno o pioneiro desbravador do Serto do Paranapa-nema, ser JOS THEODORO DE SOUZA, bandeirante nasci-do no Rio de Janeiro, transferido ainda criana para Pouso Ale-gre, Minas Gerais, onde casou-se aos 24 anos de idade, com Ma-ria Jos no dia 30 de janeiro de 1838" (Junqueira, 1994: 19).O advogado e historiador Amador Nogueira Cobra citouJos Theodoro de Souza ideado em apossar terras no Paranapa-nema (1923: 7-8), ainda que analfabeto, mas "dotado de intelli-gencia, e, sobre tudo, de uma constituio physica excellente"(1923: 26), e no serto, enviuvado de Francisca Leite da Silva,casou-se com Anna Luiza de Jesus.Leoni Ferreira da Silva assegura que "Na dcada de miloitocentos e cinqenta [Jos Theodoro de Souza] procedeu o re-gistro de sua posse, obedecendo a legislao em vigor. H entre-tanto, quem tenha descrito que Teodoro simulou data atrasadapara apresentar ao Registro da Parquia em Botucatu. No verdadeira tal descrio" (1979: 3).Para Leoni, Jos Theodoro de Souza, nascido em PousoAlegre (MG) no ano de 1797, casado em primeiro consrciocom Francisca Leite da Silva, chegou regio do Paranapanemae "fez sua posse no ano de 1847, com uma pequena comitivacomposta de cinco negros seus escravos e seus parentes; Marce-lino Lemes da Silva, Francisco de Paula Morais, Joo da Silva 41. Oliveira, Domiciano de Paula, Joo Loureno Ferreira e o irmodeste, Vicente Loureno Ferreira; este ltimo, sendo afilhado deTeodoro e alm de companheiro de confiana, exerceu a funode escriturrio, compondo o dirio da comitiva" (1979: 341).Segundo Leoni, Theodoro enviuvado casou-se depoiscom Anna Luzia de Jesus, vindo a falecer em 1875 aos setenta eoito anos de idade.Bartholomeu Giannasi, descendente de italianos localiza-dos entre os pioneiros da Vila Conceio de Monte Alegre, des-creve: "De acordo com contratos realizados com Sua MajestadeImperial, o senhor D. Pedro II, Jos Teodoro de Souza era pro-prietrio, desde 1847, de uma posse de terras, comeando nasproximidades de Botucatu e pelos espiges dos rios Peixe Feio,atingia-se as barrancas dos rios Paran e Paranapanema" (2008:15-16).Cristiano Machado informa, por supostos familiares deJos Theodoro, ser este nascido em Pouso Alegre em 1805, vin-do ao oeste paulista em 1847, por ordem imperial, para constatarou no civilizao no local e receber do imperador aquelas terrasinabitadas e nem antes apossadas (Machado, 2004: 08/12 Fo-lha de So Paulo).No existe concordncia a respeito da entrada de JosTheodoro de Souza em 1847, nem algum documento oficial quepossa atest-la acontecida.Segundo Jos Joaquim Gonalves Melo "foi no ano de1842, que, para Esprito Santo do Turvo vieram o clebre JosTeodoro de Souza juntamente com Jos Antonio Pereira deLima e Antonio Lemes da Silva. Estes foram quem fizeram oprimeiro levantamento das terras do Rio Turvo e tambm do RioPardo".Para ou autor Gonalves Melo, o Pereira de Lima era cu-nhado e "testemunha dos fatos e demais acontecimentos, inclusi- 42. ve da morte de Jos Teodoro de Souza, (...), o qual tinha autori-zao expressa e escrita por ordem do Imperador D. Pedro II,para fazer o levantamento das terras e registros das mesmas"(1999: 3). No apresenta referncias.Tradies indicam que a segunda mulher de Theodoro,Anna Luiza de Jesus, seria descendente da famlia Pereira deLima, mas autores no encontraram documentos que pudessemcomprovar o tal vnculo.Para a professora e autora Oliveira Zanoni, "O pioneironos avanos por estes lados foi Jos Teodoro de Souza, que fun-dou So Pedro do Turvo em 1842." A autora prossegue: "(...) foiuma ocupao lenta tanto que a cidade de So Pedro do Turvo(...) foi fundada 30 anos antes da fundao de Santa Cruz do RioPardo" (1976: 55-56).Santos Silva (1954: 5) informa o pioneiro Theodoro pre-sente na regio em 1842, quando fundou So Pedro do Turvo.Nantes entende que as terras foram apenas registradasem nome de Jos Theodoro de Souza, "que as distribua aos che-gantes conforme orientao da Igreja e dos Lderes Liberais (...).Para evitar que o governo imperial percebesse as doaes e as-sentamento nas terras em nome de Jos Theodoro de Souza, estepassava escrituras de venda e recebendo simbolicamente pelasterras vendidas: facas de prata, animais arreados, gado bovino,escravos, fuzis, espingardas, garruches, etc..., esta era uma for-ma de afirmar perante a lei que Jos Theodoro de Souza no es-tava doando uma posse terras, mas sim vendendo uma proprie-dade particular de forma legal perante a lei de terras vigente napoca" (2007: 71-72).Controvrsias e extraordinrios parte, a histria registraem 1842 a primeira presena documentada de Jos Theodoro naProvncia de So Paulo, em maio de 1842, envolvido num inci-dente poltico nacional em Sorocaba a Revolta dos Liberais, 43. quando os revoltosos momentaneamente senhores da situaoprenderam, entre outros Conservadores, o fazendeiro botucatu-ense Eusbio Costa, a seguir "libertado, quase a fora, por umoutro caudilho, Jos Theodoro, nascido no Rio de Janeiro, mastido e havido por mineiro" (Donato, 1985: 72).A informao de Donato extremamente reduzida e pre-cria, sem qualquer indicativo sobre o que efetivamente Theo-doro fazia em Sorocaba naquele ms de maio de 1842, perododas realizaes da Feira Anual de Animais, em meio aos eventosdesportivos e as festas religiosas do Divino, quando l compare-ciam pessoas das mais diversas regies do Brasil. Apenas preva-lece a certeza tratar-se do mesmo Theodoro, que num futurono distante, viria ser o conquistador do serto adiante da Serrade Botucatu: "Jos Teodoro de Souza, carioca, criado em MinasGerais (...)" (Donato, 1985: 110 - notas).Antigos relatos pela primeira gerao de desbravadoresdefiniam Theodoro um cabecilha, frente de bando para prote-ger e garantir segurana dos trabalhadores ou empreiteiros detropas, mediante paga, por conhecer os desvios dos condutospelo serto, evitando taxas e pedgios, alm de entender as ast-cias do ndio e as manobras dos ladres, sempre s espreitas nosapreensivos caminhos do contrabando tropeiro.Teria sido naquele ano de 1842 que Theodoro, em seu re-torno para Minas Gerais, passara por So Domingos, ocasioprovvel de sua primeira incurso pelas margens do Rio Turvo,at prximo atual localidade de Esprito Santo do Turvo, dei-xando gentes no local como pretende Gonalves Melo (1999: 7),e avanado at So Pedro do Turvo de hoje, de acordo com Oli-veira Zanoni (1976: 55-56) e Santos Silva (1954: 5). Infelizmen-te os autores mencionados no citam fontes nem apresentam do-cumentos quanto a presena de Theodoro na regio em 1842. 44. 2.2.Do que se dizia sobre Jos Theodoro de SouzaNascido no Rio de Janeiro, provncia ou municpio nose sabe, criado e tido mineiro por quase todos os historiadores,chegou ao serto paulista, em algum tempo entre 1847 - 1851,casado com Francisca Leite da Silva, com quem teve os seguin-tes filhos: "Flausina Maria de Souza casada com Josu [ouJos] Antonio Diniz; Francisco Sabino de Souza casado comMaria Francisca do Carmo; Maria Teodora de Souza (ou MariaTeodora do Esprito Santo) casada com Francisco de PaulaMoraes; Jos Theodoro de Souza Junior casado com Mariannade Souza Pontes; Agostinha Maria [Teodora] de Souza casadacom Jos Igncio Pinto" (I/JTS, 1875: 7).Enviuvado, Theodoro casou-se com Anna Luiza de Je-sus, de cujo consrcio veio luz, em 23 de junho de 1875, "o fi-lho Jos Luiz de Souza, que nasceu apoz a morte do pai" (Gio-vannetti, 1943: 131).Com a vida conjugal assim adequada surgia, no entanto,um complicador: o pioneiro teria tido outro matrimnio, confor-me cpia de certido apresentada em 1972, segundo informes,pelo historiador lenoense Alexandre Chitto (1972: 24), quantoao consrcio, de 30 de janeiro de 1838, em Pouso Alegre MG,entre Jos Theodoro de Souza, filho legtimo de Igncio de Sou-za Teixeira e Francisca Magdalena Serpa, nascido no Rio de Ja-neiro, com Maria Jos, filha de Izabel Claudina de Jesus, naturalda localidade, sendo por testemunhas o Capito Jos Borges deAlmeida e o Sr. Manoel Leite de Mello (Eclesial 2, Matrim-nios, Pouso Alegre MG, 1838: 47-v e 48-a).No constam filhos desse casamento e nem participaesde Maria Jos em quaisquer documentos de transaes de terrasque fez o pioneiro no serto centro sudoeste paulista.Em 2005 os autores (Prado & Sato) cuidavam tratar-sede homnimo - exceto bigamia, por decifrao familial encon- 45. trada no filho Francisco Sabino de Souza, nascido do pioneirocom Francisca Leite da Silva, como o segundo descendente den-tre os demais inscritos no inventrio, por ordenamento etticodecrescente, e registrado na Lista Geral de Votantes da Regiode So Domingos - Municpio de Botucatu, para o ano de 1859,6 Quarteiro [Capela] de So Pedro, eleitor n 132 (DAESP,Eleitores de 1859: 5 apud Pupo & Ciaccia, 2005: 324), casado,com idade de 30 anos, assim, nascido entre os anos de1828/1829.A situao, portanto, confirmava a certeza dos auto-res (Prado & Sato) que o pai de Francisco Sabino de Souza, JosTheodoro de Souza, no seria aquele casado com Maria Jos em1838.Deste modo, no sendo aquele Jos Theodoro de Souza,casado com Maria Jos ou Josefa, o mesmo Jos Theodoro deSouza desbravador do serto, tambm a sua naturalidade, se vin-culada to somente quela certido de casamento, deveria sernulificada, a despeito das citaes de autores respeitados, inclu-sive o historiador Hernni Donato na assertiva de "Jos Teodoro,nascido no Rio de Janeiro mas tido e havido por mineiro."(1985: 72), e, em outra sua meno, "Jos Teodoro de Souza, ca-rioca, criado nas Minas Gerais (...)" (1985: 110).Para dissipaes de todas as dvidas, Maria Jos faleceuaos 29 de outubro de 1853, (Livro Eclesial, bitos, Pouso Ale-gre MG, 1853: 29/10), e em 04 de fevereiro de 1854, o vivoJos Theodoro de Souza casava-se, em 2 npcias, com MariaCandida da Silveira (Livro Eclesial, Matrimnios, Pouso Alegre MG, 1854:04/02).Aos estudiosos da histria do Serto do Paranapanema,adiante de Botucatu, o ano do nascimento de Theodoro seria in-certo, com margem especulativa de dez anos, num tempo em 46. que se pronunciava mais ou menos ou aparentando, como res-salva ao perodo de vida da pessoa. Adriano Campanhole (1985: 143) declarou que "O con-quistador maior da Alta Sorocabana pertencia Guarda Nacio-nal de Botucatu em 1865, sob n. 198, de profisso lavrador, de66 anos de idade"; nascera, por esta referncia, no ano de 1799. Jos Theodoro de Souza teria sido Capito da GuardaNacional, e ele assim autointulava-se, mas em nenhum docu-mento oficial lhe referido tal patente. Nas caadas aos ndiosbradava implacvel, diziam, com a arma em punho, "Vocs voconhecer a fria do Capito Jos Teodoro" (Blanco, Lenis No-tcias - Histria). No ano de 1872, em Lenis Paulista, Theodoro decla-rou-se sexagenrio num documento ao rogo, junto CmaraMunicipal, sem preciso quanto ao ano de nascimento, assim ainviabilizar qualquer definio, porque o pioneiro poderia terqualquer idade entre os 60 e 70 anos, ou seja, nascido entre 1802e 1812. Quando da morte de Theodoro, em 1875, a considerar oinventrio, o desbravador teria 70 anos de idade, portanto, nasci-do em 1805. Giovannetti (1943: 124), quase unanimidade, situavaTheodoro nascido entre 1805 1815, tempo reconhecidamentedemasiado. Leoni, para alguns exageradamente, indicava o pioneironascido em 1797, ao relatar certo acontecimento "antes de 1875(mil oitocentos e setenta e cinco), porque nesse mesmo anoocorreu o falecimento de Jos Teodoro de Souza em So Pedrodo Turvo, com 78 anos de idade" (1979: 8). A motivao da entrada de Theodoro no serto paulistasurgia da mesma maneira controversa: "No podia portanto estagrande e imensa regio continuar sendo habitada por indios e 47. animais ferozes. Eis que surgiu o Hrcules do Serto na pessoamassia de Jos Teodoro de Souza. Este rude homem monta-nhez, partiu para um lugar qualquer, sem conhecer um caminho,pois no existia e, verdadeiramente sem um objetivo que lhe pu-desse garantir o triunfo real da conquista" (Giovannetti, 1943:70). Para Nogueira Cobra, j observado, Theodoro metera-senuma aventura " procura de terras de cultura afim de tomal-aspor occupao originaria" (1923: 6-7), ou, conforme o memoria-lista Dantas, "Impelido pelo anseio de desbravar terras desco-nhecidas e expandir a civilizao, liderou ele a penetrao noserto paulista" (1980: 24-25). Outrossim, reconhecidamente, o entradismo de Theodorono foi de maneira mansa e pacfica, nem os ndios lhe permiti-riam isto. Fragmentos histricos, independentes das tradies einfluncias familiares dos pioneiros, mostram o lado bastantecruel da atividade exercida pelo pioneiro-mor abocado ao pro-cesso de dizimao indgena, para a ocupao territorial e pro-duo de bens, conforme exigncias do capital e interesses doestado. Foram os tempos da "Guerra ao ndio Sculo XIX, apartir de 1850/1851, e as consequncias do expansionismo queconsolidou-se em 1912, quando no havia mais terra para con-quistar e nem silvcola para matar" (Prado & Sato). Marins relata os acontecimentos da conquista sertanejade Jos Theodoro de Souza e seu bando, atravs das razias sobreterritrios indgenas e as aplicaes das temveis dadas: "Mata-ram quase todos os homens e, das mulheres, s deixaram as no-vas para se aproveitarem delas. Tinham tanta sede de sangue queiam estripando at crianas e velhos, que achavam pelas redes,ainda dormindo. Dizem que atiravam indiozinho de colo paracima e esperavam embaixo, na faca. Pegavam outros pelas per- 48. nas e batiam com a cabea deles nos barrotes das choas. En-contraram uma ndia grvida e abriram a barriga dela (...). A al-deia dos ndios ficou que era s cadver que eles largaram paraos urubus comerem, quando no atiravam s guas para pastodos jacars famintos..." (1985: 40-41). A narrativa de Marins assemelha-se de Nogueira Cobraquando das dadas praticadas contra o ndio Caingangue pelo Co-ronel Francisco Sanches de Figueiredo, o famigerado mandat-rio de Campos Novos Paulista e serto avante, num tempo pos-terior morte de Theodoro:-"Destarte o chefe dos sertanejos, que pela pratica j conhecia oshbitos dos contrarios, aguardava certos dias da semana parachegar s vizinhanas das moradas destes, precisamente na oc-casio de suas danas guerreiras e religiosas, durante as quaestomam uma bebida por elles mesmos fabricada. Depois de dan-arem toda a noite e beberem muito, de fadiga e embriaguez, en-tregam-se a profundo somno. (...). O chefe distribue seus ho-mens em redor; manda preparar as armas, e esperar at que hajaluz. (...). Os [indios] que esto dentro despertam, saem em gru-pos e medida que se apresentam, vo caindo, feridos mortal-mente, a tiros. (...). Em seguida os sitiantes penetram nas habita-es e encontrando-se com as indias, a umas aprisionam, a ou-tras matam, bem como aos indiosinhos, aos quaes, - conta-se que chegavam a levantar do cho ou da cama, atiral-os para o are espetal-os em ponta de faca; outras vezes tomal-os pelos ps edar com as suas cabecinhas nos paus, partindo-as. s ndias gr-vidas, rasgavam-lhes o ventre e depois de finda a carneficina,amontoavam os cadaveres sobre os quaes lanavam fogo bemcomo aos ranchos. A estes, variando de tactica, de quando emvez, nem sempre punham fogo; deixavam-nos de p e deitavamsubstancias venenosas nos utensilios de cozinha e nos alimentos 49. alli guardados, para que fosse victimado no comer algum queporventura sobrevivesse" (1923: 142-143).Texto duplicado ou no, para esta ou aquela persona-gem, Jos Theodoro de Souza era visto, sim, "matador de ndi-os" (Chitto, 1972: 23). mesma maneira Donato apresentou-o "O impiedoso conquistador, feroz perseguidor de ndios ..."(1985: 110).Segundo Tidei Lima, "o Juiz Municipal de Botucatu de-nuncia uma chacina na regio do rio Batalha, perpetrada, entreoutros, por Jos Theodoro de Souza, velho sertanista, notvelpela sua vida tragueira e ainda mais notvel pelo temor que seunome inspira nos selvagens, pelas barbaridades por ele pratica-das nos encontros com os ndios tem tido-" (1978: 83).Theodoro, desde sua entrada no serto paulista, no foiunanimidade na Provncia de So Paulo, a tratar-se de homempolmico, amado pelos amigos, odiado pelos inimigos, mas in-distintamente temido por todos.Quando o pioneiro pretendeu fundar e dirigir o Aldea-mento [Indgena] Itacor em Salto Grande [do Paranapanema],o Padre Andre ou Andrea Barra Vigrio de So Domingos, lo-calidade ento conhecida como Comarca Eclesistica do sertoem conquista, atestou-o cidado prestante, civilizado e religioso,com objetivos em atrair os ndios civilizao, com amor cris-to, de modo reconhecido "a imprimir nos nimos dos Indiginasos mysterios da F Catholica, fazendo com que elles Baptizemseus filhos" (ALESP EE 64.22).Outros cidados sertanejos (ALESP EE 64:22) assinaramdocumentos a favor de Jos Theodoro para as pretenses, lou-vando seu carter, religiosidade e presteza social, alm de suainegvel importncia como fundador de povoados e abridor deestradas. Dentre os assinantes destacavam-se: Antonio AlvesNantes, 2 Suplente de Subdelegado de Polcia da Freguesia de 50. So Domingos; o Tenente-coronel Francisco Dias Baptista, daGuarda Nacional da Freguesia de So Domingos; e Igncio Pe-reira Nantes, 1 Suplente de Subdelegado da mesma localidade.Visando o deferimento de suas ambies em relao aocitado Aldeamento, Theodoro dirigiu-se Capital da Provnciade So Paulo, acompanhado de um grupo de ndios ditos recen-temente pacificados por ele, para apresentaes devidas s auto-ridades e, assim, reforar tanto a sua dominao quanto a neces-sidade de um aldeamento em Salto Grande, gesto que refletiupositiva e negativamente em toda a Provncia.Para o Joaquim Antonio Pinto Junior Poltico, Historia-dor e Advogado dos ndios, Theodoro mostrara-se "um homemde corao bem formado, que se tem constitudo protetor dos n-dios, que lhe do at o nome de pai; ele, as expensas suas, osconduziu a esta capital, para apresent-los ao Governo; ele queos auxilia em suas necessidades mais urgentes; em sua fazendaque encontram todos os socorros; de uma modstia a toda prova,no faz ostentao de seus servios" (Pinto Junior apud Giovan-netti, 1943: 129).Como Advogado dos ndios, Pinto Junior manifestou-sefavorvel a Jos Theodoro quanto s pretenses para o Aldea-mento em Salto Grande (ALESP, EE. 64.22, 3-5). O historiadorPinto Junior autor da obra "Memoria sobre a Cathechese e acivilisao dos indigenas da Provncia de S. Paulo", editada em1862.Theodoro e os ndios, quando na capital da provncia,igualmente influenciaram Joo Mendes Junior, autor de Os Ind-genas do Brasil, para o qual "um dos maiores posseiros das regi-es do Paranapanema, foi o sertanejo Jos Theodoro de Souza"(Mendes Junior apud Giovannetti, 1943: 129).J o frei capuchinho, Pacfico de Montefalco, do Aldea-mento So Joo Batista do Rio Verde, atual localidade de Itapo- 51. ranga - SP, num ato contrrio, denunciou ao Governo da Provn-cia que as apresentaes do pioneiro e daqueles ndios na capitalda provncia foram uma farsa, pois eram todos egressos de alde-amentos vizinhos: "Os ndios que moram no Salto-Grande emparte so deste aldeamento, e parte so daqueles que vieram doJata em 1852 [1862], os quais so todos batizados, e casadosem parte. Aqueles que so deste aldeamento, o Capito deles um ndio chamado Jos de Camargo, o qual nascido, batizado,e casado neste aldeamento, e o ano passado foi apresentado comos outros Capites dos sobreditos do Jata a essa Presidnciacomo bravos, que bela especulao!!! E l para essa Cidade atficaram pintados" (Montefalco apud Amoroso, 2006: 138-139).O Diretor Geral dos ndios, Jos Joaquim Machado deOliveira [dOliveira], no processo de criao do AldeamentoSalto Grande, manifestou-se contra Jos Theodoro de Souza e odenunciou matador de ndios: "Augmentou-se a minha repulsa criao do projetado aldeamento, ao constar-me que seria nome-ado como diretor um homem que, na primeira entrada que fezno serto de Botucatu, cometeu contra os selvagens as mais hor-rveis e nunca vistas atrocidades, massacrando a tudo quanto en-contrava, sem distino de sexo e idade, s para assenhorear dasterras do serto e em seguida vend-las aos mineiros que come-aram a povoar aquelas matas" (ALESP EE 64.22).Afora tais documentos que revelavam como era visto ohomem Jos Theodoro de Souza, e o que dele pensavam as auto-ridades da poca, "recentes revelaes de expedientes, com res-pectivas interpretaes, solucionam principais dvidas a respeitode Theodoro, tanto de ordem pessoal quanto aquelas que melhorinstruem o seu carter e importncia no serto Paranapanema"(Prado & Sato destaques).Theodoro enfim faleceu. O advogado e historiador Ama-dor Nogueira Cobra, sem revelar indcio, considera a morte do 52. pioneiro ocorrida no ms de abril: "Chegamos assim ao mez deabril do anno de 1875. Nesse mez e nesse anno, no povoado deS. Pedro do Turvo, falleceu Jos Theodoro de Souza, passado jdos 70 annos" (1923: 57).Giovannetti, maneira de Nogueira Cobra e sem apre-sentar origem, numa linguagem potica informa o falecimentodo pioneiro-mor que, em So Pedro do Turvo, "Morreu pobreem abril de 1875, numa manh de cr de opala, envolta num vuhmido de tristeza, sem um s amigo, sem uma voz consolado-ra" (1943: 130).A morte de Theodoro, em abril de 1875, parece coerentese a considerar o filho pstumo nascido aos 23 de junho de1875, cujo acontecimento e data so confirmados por todos oshistoriadores, por exemplo, o textual Campanhole a afirmarque "deixou Jos Teodoro de Souza um filho pstumo - JosLus de Souza com 3 meses de idade em 23-9-1875" (1985:130), portanto a confirmao que a morte do pioneiro ocorreraantes do natalcio do filho.Mas, as contradies surgem.O filho no lhe seria pstumo, a crer no testamento data-do de 22 de junho de 1875 e tardiamente juntado ao invent-rio (I/JTS: 1875: 96-97), o qual esclarece que o pioneiro nomorrera em abril, segundo informao cartorria de 23 de se-tembro de 1875 quando "Dona Anna Luiza de Jess, passou amesma a fazer perante o Juiz suas primeiras declaraes pelamaneira e frma seguinte: que seu finado marido Jos Theodorode Souza, no dia vinte quatro deste, fazem dois meses que falle-ceu" (I/JTS, 1875: 6-7), portanto o passamento ocorrera aos 24de julho de 1875.Tambm Jos Theodoro no fora abatido de morte pornenhum indgena, e sim em causa de doena, de acordo com otestemunho do Padre Francisco Jos Serodio, de 10/09/1877 53. (I/JTS, 1875: 111), que informava opioneiro enfermio e "em estado pa-ralytico" naquela poca de 1875, sobos cuidados, inclusive financeiro, deJoo da Silva Oliveira, irmo da pri-meira mulher do pioneiro.O testamento anexado expres-sava assim a vontade do pioneiro:-"Testamento feito por Jos Theodorode Souza perante mim Juventino de Testamento: Theodoro com Oliveira Padilha, Escrivo do Juizo de paralisiaPaz e Tabellio de Ntas nesta Fregue-Acervo: CEDAP/Unesp - Assissia de Santa Brbara do Rio Pardo eseu Districto, em casa de residencia de Jos Theodoro de Souza,neste mesmo Districto e ahi por elle Jos Theodoro de Souza,em seu perfeito juizo me foi dito que na melhor frma de direitoque podia fazer, fazia de sua livre vontade e sem constrangimen-to de pessa alguma o Testamento e as ultimas declaraes edeixas de seus bens que possue, livre e desembargados, comoabaixo se declara. Deixo para minha mulhr Anna Luiza de Je-ss a minha tra dos bens que posso, e para o pagamento damesma tra, deixo uma crioula de nome Honorata, de idade dequatorze annos. Deixo mais para o pagamento da referida trapara a mesma minha mulhr Anna Luiza de Jess, uma casa queposso nesta Caplla de So Jos do Rio Novo, sendo a casa deminha residencia, e se o computo da minha tra, que deixo minha mulhr no chegar para pagar os dois objectos que deixoem minha tra, mesma minha mulhr, separo para os meusherdeiros o que faltar, e se porventura a minha tra excedr dovalr dos dois objectos acima declarados, os mesmos meus her-deiros reporo aquella quantia que faltar para inteirar o paga-mento de minha tra, que minha livre vontade e no meu juzo 54. perfeito, deixo por minha morte minha mulhr Anna Luiza deJess. E de como mais no nada disse, e nem tinha a declarar,lavro o prezente Testamento, que assigna-se a rogo do testadorJos Theodoro de Souza, por no saber escrever, Antonio AlvesNantes. Eu Juventino de Oliveira Padilha, Tabellio de Notaspela Lei, que o escrevi e assigno. So Jos do Rio Novo, vintedois de Junho de mil oitocentos e setenta e cinco" (I/JTS, 1875:96-97).Causa estranheza o testamento ser lavrado em Santa Br-bara do Rio Pardo, naquele mesmo distrito e freguesia, ondeJos Theodoro de Souza estaria residente, fato este jamais narra-do em qualquer outro documento.Outra anomalia seria a ausncia de testemunhas testa-mentrias, alm da apresentao extempornea ao termo do in-ventrio, todavia nenhuma mais absurda que, ao assinar o expe-diente, o tabelio troca a localidade Santa Brbara do Rio Pardopor So Jos do Rio Novo, a sugerir falcatruas e pressas em seconstruir o documento, cujo maior valor estava em excluir fa-zendas de Theodoro do rol de bens possudos.A no bastar discrepncias quanto s localidades, o bitodo pioneiro Jos Theodoro de Souza, pelo que indica o invent-rio, deu-se em So Jos do Rio Novo [atual Estncia ClimticaCampos Novos Paulista] e no So Pedro do Turvo, consoantetradies. Quanto a forjicao documental e o possvel falso tes-temunho de Padre Serodio, em nada alteram a data do bito deTheodoro, nem a enfermidade que lhe dera a causa da morte,no sem antes deix-lo paraltico.Tanto pelo inventrio quanto pelas tradies, Theodoromorrera pobre, a viva no arrolara fazenda alguma que apenasinformou existir, mas no sabia o lugar, assim como desconhe-cia onde estavam as matrculas de escravos estes posterior-mente arrolados e o testamento tardiamente apresentado. 55. A despeito dos enteados desistirem dos bens paternos emfavor da viva e do filho, segundo o inventrio a estes quasenada restara. A inventariante reconhecera, num primeiro mo-mento, parte das muitas dvidas deixadas pelo marido, de outrasnunca ouvira dizer, e adiante ela contestou quase todas e reque-reu embargos, entendendo que o ento procurador Joo da SilvaOliveira apresentara dbitos inexistentes e informaes frauda-das. Realmente Silva Oliveira j inaugurara a grilagem de terras,retirando legtimas propriedades daqueles herdeiros.A quantidade e os altos valores das dvidas apresentadascontra o falecido Jos Theodoro de Souza, sem comprovaes eapenas fundamentadas em justificativas de testemunhos duvido-sos, porque interesseiros, levou o cidado Theodoro de CamargoPrado, de Santa Cruz do Rio Pardo, requerer em nome da vivaAnna Luiza de Jesus, nova anlise do processo e, no sem ra-zes, o Juiz de Lenis Paulista, Dr. Joaquim Antonio do Ama-ral Gurgel, deferiu pedido de embargo, determinou novas provi-dncias para, enfim, declarar irregularidades e m f praticadaspor Joo da Silva Oliveira, procurador anterior da inventariante.Diante dos recursos apresentados e as juntadas de novosdocumentos, o processo de inventrio do pioneiro foi encami-nhado de Santa Cruz do Rio Pardo ao Tribunal de Relaes daProvncia de So Paulo, aos 16 de agosto de 1882. Quase trsanos depois a sentena homologatria obteve o venerando acr-do:-"Accordo em Relao, vistos, relatados e discutidos estes au-tos, despreso a preliminar de se no conhecer da appellao,bem como o aggravo do processo de fls. 146, e dando provimen-to a mesma appellao interposta a fls. 211, reformo a sentenaappellada de fls. 108, por no se fundar em prova legitima emandar em consequencia, que subsista a sentena de fls. 79-vque homologou a respectiva partilha e rateio; indo, porm, a pra- 56. a para ser arrematada a escrava Hono-rata, separada para pagamento do ap-pellante credor; a quem no se admitteser ella adjudicada contra direito ex-presso em inventario de rfos. - pagasas custas pela appellada. S. Paulo, 17de julho de 1885. Villaa, P. Ucha, A.Brito Melo Matos".Ao herdeiro Jos Luiz de Souzatocara "uma casa assoalhada e coberta Inventrio de Jos Theodoro de de telha na Capela de So Jos dos Souza CEDAP AssisCampos Novos, no valor de seiscentosmil reis" (DOSP, 16/03/1938: 2).A deciso no teve o final satisfatrio s partes conflitan-tes, e ainda hoje herdeiros, legtimos ou no, sustentam que osregistros de propriedades advindas de Jos Theodoro de Souzapadeceram de vcios, considerando que as transmisses de do-mnios teriam ocorrido de forma fraudulenta aps a morte dosertanejo.Os insinuados e at os comprovados invasores de terras,no uso de artifcios criminosos, das violncias fsicas e mortes,ou de imposturas de ttulos primitivos de posses, escudavam-seque Jos Theodoro vendera muitos de seus bens, a quase totali-dade deles, e os ttulos seriam legtimos.Quanto a dissipao dos bens preciso compreender queJos Theodoro adentrara no serto para desbrav-lo e povo-lo,e, mesmo assim, "No esplio do mineiro, sobre tudo, sabemosque existiam muitas guas que reunidas s outras, irregularmen-te alienadas, por falta de registro, formavam bloco, assaz consi-dervel" (Nogueira Cobra, 1923: 99).Com a morte de Theodoro surgiram diversos interessa-dos, por competentes procuradores, em saber das terras para 57. apropriaes, e alguns nomes destacaram-se, por exemplo, Jooda Silva Guimares, com o pedido ao Governo de So Pau-lo, "que se lhe mande passar por certido o teor do registro dasterras feito por Jos Theodoro de Souza, em Campos Novos doParanapanema, em 1856" (DOSP, 14/10/1892: 7-8).Outro relevante procurador, Antonio Rodrigues Lopes,que foi dos primeiros interessados, quanto s transmisses dedomnios das posses do pioneiro-mor, com seguidos requeri-mentos ao Governo de So Paulo para fornecimentos de certi-des "se tem sido feitas legitimaes, respeitando e obedecendoa mesma posse e se tal posse tem sido respeitada pelo Governoe seus delegados nas pessoas dos legtimos successores de JosTheodoro de Souza e se dentro de tal posse esto comprehendi-dos os rios do Pary, S. Joo, Novo, Capital, Ribeiro das Anhu-mas, do Palmital, do Coimbra e em que posio geographicaest este ultimo" (DOSP, 10/01/1895: 1).Do mesmo Rodrigues Lopes havia, ainda, a preocupaocom a denominada Fazenda do Rio Turvo e se dentro desta esta-va a Fazenda denominada Coimbra (DOSP, 22/01/1895: 1).Coimbra, ou Pau dAlho o atual municpio de Ibirare-ma, cuja sede chamava-se Pau dAlho.Estas e outras solicitaes de Jos Rodrigues Lopes fo-ram encaminhadas pelo Governo Inspetoria de Terras, Coloni-zao e Imigrao para verificaes e providncias, praticamen-te no mesmo teor: "De Antonio Rodrigues Lopes, pedindo sejacertificado si dentro da posse de Jos Theodoro de Souza, de-monstrada pela certido que junta, tm sido feitas legitimaesrespeitando a referida posse, etc" (DOSP, 16/03/1895: 2).O citado Antonio Rodrigues Lopes o mesmo a quem ogrileiro Padre Francisco Jos Serodio delegou poderes para ven-das de suas terras, conforme consta em edital Ao Publico emque o referido padre, por procurao publica passada no Cart- 58. rio do Juzo de Paz de Campos Novos Paulista constitua, porseu nico procurador o, Antonio Rodrigues Lopes residenteem So Paulo, para efetuar vendas da Fazenda Aldeia Grande emil alqueires na Fazenda das Pedreiras nas vertentes do Rio doPeixe, alm das outras Anhumas na margem direita do Rio Para-napanema, todas no municpio de Campos Novos, anulando, as-sim procurao anterior, particular, dada a Joaquim Alves daCunha, residente no Rio de Janeiro em 23 de maio de 1891, bemcomo outra procurao particular dada a Joo Antonio Gonal-ves (DOSP, 14/02/1896: 7-8).Naquele tempo discutia-se, na Assemblia Legislativa deSo Paulo, o Projeto que resultaria na edio da Lei 323 de 22de junho de 1895, com as disposies sobre as "terras devolutas,sua medio, demarcao e aquisio, sobre a legitimao ou re-validao das posses e concesses, discriminao do dominiopblico do particular" (Legislao Provincial de So Paulo,1835/1889).Das margens do Rio Novo do Pary eram cerca de trintamil alqueires de terras usurpadas de legtimos proprietrios eherdeiros, e tambm da margem direita do Pary desde as junesdos Ribeires Veado e Taquaral, e o mesmo com os Ribeiros doCoimbra e do Palmital, com documentos falsos e ocupaes in-devidas, atravs das denominadas grilagens articuladas.Entre 1896/1897 Jos Luiz de Souza, o herdeiro pstu-mo de Jos Theodoro de Souza, "Attingindo a maioridade, indu-ziram-no a tomar conta da herana que desconhecia e, em segui-da, alienou dando origem esse acto a uma contenda ..." (Noguei-ra Cobra, 1923: 57).Jos Luiz apresentara, informam as fontes, direitos here-ditrios (DOSP, 16/03/1938: 36), de propriedades que entenderasuas, em partes no inventariadas nem postas em testamento deseu pai, contraditado pela Procuradoria de Terras, com pronunci- 59. amento da justia a seu favor contra os grileiros Coronel Fran-cisco Sanches de Figueiredo, do Capito Francisco de Assis No-gueira e outros, na regio denominada Pari-Veado.As vendas daquelas propriedades, por Joo da Silva Oli-veira ou Jos Antonio da Silva compradores de Jos Theodorode Souza, em 1865. , so imprestveis porque comprovadamentefalsas as escrituras.Jos Luiz, no entanto, alienara suas terras antes mesmoda deciso final da justia, para residir em Botucatu e morrer po-bre. Theodoro deixara bens para sua famlia e esta renunciaraem favor da viva Anna e do filho pstumo Jos Luiz de Sou-za.O fazendeiro Manoel Pereira Goulart e sua mulher eramou se pronunciavam "cessionrios de Jos Luiz Souza e sua mu-lher, no inventrio de Jos Theodoro de Souza e sua mulherDona Anna Luiza de Jesus. O immovel constituido de toda avertente do Santo Ignacio, excluindo as vertentes directas ca-beceira do Ribeiro Bonito, e dividindo com o Rio Novo - Riodo Peixe e vertentes s cabeceiras do S. Joo e Anhumas ..." (OContemporaneo, 15/05/1920: 2, edital de citao de herdeiros).O Coronel Francisco Sanches de Figueiredo que se diziadono daquela propriedade, j havia contestado judicialmente aoManoel Pereira Goulart como cessionrio de Jos Luiz de Sou-za, e a Justia lhe fora desfavorvel, inclusive em recurso apre-sentado: "Recurso Crime n 1367 - Campos Novos do Paranapa-nema Recorrente, o promotor pblico da comarca e o coronelFrancisco Sanches de Figueiredo, recorrido, Manoel PereiraGoulart; relator, o sr. C. Canto. (...). Negaram provimento, coma advertencia ao escrivo e recommendao ao juiz quanto cal-ligraphia daquele" (DOSP, 11/05/1901: 4).Apareceram centenas de falsos ttulos de domnios [emmilhares de alqueires] e estes recaam, em parte, sobre as fazen- 60. das denominadas Terras de Santo Incio, Anhumas e So Joo.Para o Governo do Estado de So Paulo, "a simples declaraofeita perante o vigrio de Botucatu por Jos Theodoro de Souza,no constitue titulo de dominio, sendo certo que referidas terrasno foram transferidas por qualquer titulo aos herdeiros ou qua-esquer outros successores de Jos Theodoro..." (DOSP, edio16/03/1938: 37). Tais propriedades, por no constar do testa-mento e nem do Inventrio de Jos Theodoro de Souza (1875), oGoverno considerava-as terras devolutas.Outra motivao para o Estado contestar glebas restavaque Theodoro, ao pronunciar a imensido de suas posses, em1856 com retroatividade a 1847, no teria considerado outrosposseiros que tambm teriam feito seus registros paroquiais. Defato Theodoro distribuiu propriedades em aguadas, aos seuscompanheiros envolvidos na Guerra ao ndio, alguns declarandoque adquiriram terras de Theodoro, outros que fizeram possesprimitivas, igualmente retroativas, s vezes mencionando entra-da h mais ou menos uns dez anos, ou seja, por volta de 1846.Ao Governo no interessava tais consideraes que tudoera de Theodoro, por exemplo, ao reconhecer validade "da es-criptura de permuta entre partes Jos Estevam de Pontes e Fide-lis Jos Rodrigues, tomada nas notas do Escrivo Jacob Molitoraos 8 de agosto de 1876, no obstante as falhas apontadas na-quelle memorial, por tratar-se de uma escriptura pblica de firrecusavel, com data anterior a 1878 (art. 2 letra a) do dec.6.473) e vista da declarao constante do item 40, de fls.1.502, pela qual o contestante esclarece que as suas terras per-tenceram na sua integridade a Joaquim Rodrigues Fidelis, cujodomnio no se confunde com a posse de Jos Theodoro de Sou-za" (DOSP, 16/03/1938: 37).Joo da Silva [e] Oliveira, distinto de Jos Antonio daSilva ou uma s pessoa, era cunhado de Jos Theodoro de Souza 61. 1 matrimnio, por tempos seu procurador, e depois represen-tante da viva Anna Luisa de Jesus (2 casamento de Theodoro)no inventrio do pioneiro-mor, e partir de 1876 deu incio aosgrandes grilos de terras na regio do Vale do Paranapanema,com falsas escrituras de terras, datadas de 1863 a 1865 e outras,originariamente do cunhado desbravador. Nota-se, a ttulo de-monstrativo, que de Theodoro "na escriptura de venda a JooAntonio da Silva em 1865, e na escriptura de 17 de julho de1917, outorgada por Joo Antonio da Silva Jr ao Cel AntonioEvangelista da Silva, [so] titulos absolutamente imprestaveis,conforme demonstramos no memorial de fls. 1.360 e mais nositens ..." (DOSP, 16/03/1938: 37). Algumas propriedades foram consideradas pertinentes,outras, descabidas quanto s regularizaes de posses. Desta maneira, os interessados em regularizar terras in-vocavam um testamento que seria o verdadeiro e em razo doqual legtimas as suas posses, ento haveria terras a inventariar,e, assim pretendiam falso o inventrio de 1875. O Governo doEstado de So Paulo reconheceu phantastico o segundo inven-trio e falsas as vendas de terras "que o mesmo Jos Theodoroteria feito a Joo da Silva Oliveira ou a Joo Antonio da Silva,ou a quem quer que seja" (DOSP, 16/03/1938: 37). Em 1938 a Procuradoria de Terras do Estado de So Pau-lo fez publicar sua ao de expurgo dos falsos ou desarrazoadosttulos de propriedades, na discriminao de terras da Comarcade Santa Cruz do Rio Pardo, assinada pelo Subprocurador PauloMoreira, em Santa Cruz do Rio Pardo, aos 12 de maro de 1938,com integral publicao (DOSP, 16/03/1938: 35-38), incluso ex-trato de sentena judicial de 07 de maio de 1937, proferida porDomingos de Castello Branco, Juiz de Direito de Capo Bonito,So Paulo. 62. Aps cento e vinte e cinco anos de embates nos tribu-nais, muitas demandas ainda prosseguem, tanto pelos supostosherdeiros e sucessores de Jos Theodoro de Souza inclusas ter-ras devolutas, quanto por segmentos de movimentos ruralistas,como Movimento dos Sem Terras MST e congneres. Assim expostos os assuntos, compreende-se que a ativi-dade exercida por Theodoro, excetuada as avenas, enquadrava-se na soluo dos conflitos civilizacionais, sensvel "s pressesdos proprietrios e aos interesses do Estado para proteger as lo-calidades ocupadas por gente civilizada, laboriosa e til ao pas requisitos efetivamente no preenchidos pelos grupos indge-nas na perspectiva do capitalismo - faz com que a presidncia daProvncia oficialize a represso, mesmo com os proprietrios jusando das aes armadas das dadas, comandadas por bugrei-ros" (Brando, 1989/1990: 2).2.3. Ascendncia e origem do pioneiro-morOs autores, com as colabora- es historiadores e estudiosos, Joa- quim dos Santos Neto, Paulo Pi- nheiro Machado Ciaccia e o histori- ador Padre Hiansen Vieira Franco, concluram pesquisa indita que re- Batismo de Jos Theodoro de Souza vela o pioneiro Jos Theodoro deSouza, nascido em Juruoca MG, conforme assento eclesial ca-tlico, disponibilizado pelos Mrmons, e que harmonizam-secom os estudos de Barthiyra Sette e Paola Dias (Projeto Com-partilhar 1.9 ...).O feito, indito (Prado & Sato), revela a genealogia dodesbravador do centro sudoeste paulista, sendo "Jos Theodorode Souza nascido de Joo de Souza Barboza e de Maria Theodo-ro do Esprito Santo, em Juruoca Aiuruoca, Minas Gerais, ba- 63. tizado em Capela do Senhor do Porto do Turvo, aos 27 de maiode 1804, tendo por padrinhos Manoel Joaquim da Silva e Mar-garida de Souza" (Eclesial, Batismos, Aiuruoca MG: 1804:27/05).Jos Theodoro de Souza foi casado com Francisca Leiteda Silva, aos 07 de fevereiro de 1823 (Livro Eclesial, Matrim-nios, Camanducaia MG: 1823: 07/02), sendo ela nascida emCampanha MG, a 1 de dezembro de 1801, filha de Joo Tava-res da Cunha e Anna Maria do Nascimento. O casal teve os seguintes fi-lhos citados em expediente oficialde1875: "Flausina Maria de Souza,casada com Josu ou Jos AntonioDiniz; Francisco Sabino de Souza,casado com Maria Francisca do Casamento de Theodoro com Dona Carmo; Maria Theodora de SouzaFranciscaou Maria Theodoro do Esprito San-to casada com Francisco de Paula Moraes; Jos Theodoro deSouza Junior casado com Marianna de Souza Pontes; AgostinhaMaria [Theodora] de Souza casada com Jose Ignacio Pinto"(I/JTF, 1875: 7).Dona Francisca faleceu aos 15 de dezembro de 1868, e,no ano de 1871, Jos Theodoro de Souza desposou Anna Luizade Jesus (DOSP, 20/10/ 1939: 34).Jos Theodoro de Souza, natural de Aiuruoca (MG), teveos seguintes irmos, quase todos conhecidos no serto paulista:"Justina Maria de Souza, casada com Jeronymo Jos de Pontes;Francisco de Souza Ramos, casado com Maria Thereza de Jesus;Manoel Silveiro de Souza; Bernardino de Souza, casado comTheodora Maria do Nascimento; Joaquim de Souza; AntonioTheodoro de Souza casado com Ana Francisca da Silva; Anacle- 64. ta Maria de Souza casada com Joaquim Antonio Miranda; e Dio-nsio" (Diversos: Livros Eclesiais e Cartoriais).3.Etnocdios pelas razias e dadasO Capito Jos Gomes Pinheiro, fazendeiro e poltico li-beral itapetiningano, de seu esconderijo na Fazenda Monte Ale-gre em atual Botucatu SP, em 1842, quando da frustrada Revo-luo Liberal ento "aproveitara o descanso forado para res-ponder as cartas [dos amigos] e interessar gente de outros rin-ces nas terras de seu serto. Aquele mundo precisava de gentevalente e de brao. (...). Lembrou-se de um amigo, Jos Teodorode Souza. Que viesse ver as terras da serra. Garantia que no iase arrepender" (Marins, 1985: 25).No existe comprovao de qualquer carta do CapitoPinheiro convidando Theodoro vir ao serto, ou que este tenhaaceitado alguma proposta. Nenhuma das tradies aponta suapresena regional antes de 1851, para fins de ocupaes de ter-ras, seno pela afirmao de Leoni: "A investida de Teodoro noserto, ocorreu no ano de 1847 (mil oitocentos e quarenta esete)" (1979: 1), ou do prprio Theodoro ao declarar-se, aos 31de maio de 1856, proprietrio de terras que "possuo por possesmansas e pacficas que fiz no anno de 1847 e nellas tenho mora-da habitual at o presente" (RPT/BT n 516: 31/05/1856). Mas,Theodoro teria mentido para adequar-se Lei da Terra e garantirsua posse, e Leoni fez-se acreditador.Outra verso informava que em 1849, sem prejuzoquele convite de 1843, Theodoro estava em Pouso Alegre MG, quando lhe chegou carta do Capito Tito convocando-oreunir bando e vir urgente ao serto dar combate aos ndios, soba garantia em fazer-se "dono de meio mundo naquele serto, quecomeava na serra" (Marin