historinhas de mãe natureza · bebeu da água de um rio poluído que fica perto daqui. – após...

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Historinhas de Mãe Natureza ©ROZILDA EUZEBIO COSTA BN 506697, em 10/09/2010

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Historinhas

de

Mãe Natureza

©ROZILDA EUZEBIO COSTA

BN 506697, em 10/09/2010

CONTOS INFANTIS DE PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE

LITERATURA INFANTIL EDUCATIVA

HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA

3

DECLARAÇÃO

Declaro que esta obra é puramente fictícia, e foi criada

com o intuito de colaborar com a preservação da natureza

e seus segmentos.

A autora.

HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA

4

SUMÁRIO

As lágrimas de Mãe Natureza......................................5

Senhor Jatobá............................................................8

Fred e o Peixe falante..............................................11

Tucanola....................................................................16

A casa de Oncilda......................................................20

Ararina........................................................................23

Luigi e o Pé de Cedro................................................26

O aniversário de Aroeira Brasil da Silva....................30

A solidão de Castanhola............................................33

Jacareína...................................................................36

A festa das Flores......................................................40

HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA

5

As lágrimas de Mãe Natureza

atureza sempre fora uma mãe muito

dedicada a seus filhos. Todos eles são

lindos e diferentes, não existe nenhum igual

ao outro.

Certo dia Natureza descobriu que estava doente e

ficou muito triste com isso. Ela estava cheia de feridas

muito graves. Algumas delas talvez nem tivessem mais

cura. Natureza chorou muito.

N

HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA

6

Ararinha, uma de suas filhas, viu que a mãe chorava

muito, então voou e foi chamar outros animais para

confortá-la.

- Mamãe, porque choras tanto assim? Estamos aqui

com você e não vamos abandoná-la! – disse o Jacaré,

confortando-a. Mas Mãe Natureza não parava de chorar. E

quando viu alí seus filhos todos reunidos, ela então buscou

forças no seu coração e disse:

- Meus filhinhos, não estou chorando por mim e nem

por minhas feridas, eu estou chorando é por causa de

vocês! Pois se eu morrer, vocês também não vão

sobreviver! Isso é muito triste para mim...

Neste momento, o leão ergueu a cabeça com

coragem e disse para sua mãe:

- Olhe mamãe, eu tenho uma idéia! – vamos nos unir

e fazer um apelo aos humanos para que eles nos

socorram. Quem sabe mamãe, eles nos escutem! Eu sei

que suas feridas foram feitas por alguns humanos

inconscientes do mal que estavam fazendo, porque muitos

homens não sabem que não podem maltratar a senhora,

que é a nossa Mãe Natureza! Eu tenho fé de que a senhora

ainda pode ser curada! Não vamos ficar sem você

mamãe... Não vamos...

HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA

7

E todos os filhos de Mãe Natureza ficaram alí,

juntinhos esperando que ela melhorasse um pouco e

voltasse a ter esperanças de que tudo um dia iria mudar.

Os humanos se tornariam mais dedicados e cuidadosos

com a Mãe Natureza e com todos os seus filhinhos.

HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA

8

Senhor Jatobá

m uma pequena reserva de floresta

conservada ainda viva, com um verde

profundo e ar puro, vivia um senhor muito

distinto. Ele era alto e forte, tinha uma aparência

esplendorosa. Seu nome? Jatobá! Ele era uma árvore

notável e muito importante naquele lugar, e já vivia ali há

muitos e muitos anos.

Jatobá todas as noites contemplava as estrelas do

céu. Ele as admirava por tão grande beleza e imenso

brilho.

E

HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA

9

Vivia rodeado de amigos que sentiam proteção

quando a seu lado. Devido ao seu belo porte, todos o

respeitavam muito.

Mas certo dia, de repente, Jatobá ouviu um barulho

muito estranho que ele desconhecia, e sentiu medo, muito

medo mesmo. Tremendo-se todo, questionou-se em

pensamentos – meu Deus, o que está acontecendo

comigo? – E depois de alguns instantes, Jatobá percebeu

que aquele barulho vinha de um pequeno monstrinho cheio

de dentes. Era ele que estava a serrar o seu tronco,

destruindo sua vida de árvore majestosa.

A fraqueza foi tomando conta dele e logo ele começou

a se sentir fraco. Já sentia dificuldade até pata respirar.

Depois de algum tempo, e já quase sem vida, Jatobá

olhou em sua volta para cada árvore, grandes e pequenas,

olhou para cada animal ao seu redor e despediu-se de

todos. Era a última vez que ele comtemplava os seus

amigos e companheiros com olhos de árvore – adeus

amigos! Eu espero que não aconteça o mesmo a vocês. Eu

sei que isso foi obra do homem, mas um dia eles

aprenderão a conservar a natureza, porque saberão a

importância de cada árvore, de cada rio, de tudo que

mantém a terra viva. – E após despedir-se, Jatobá caiu por

HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA

10

terra e nunca mais pode contemplar suas belas estrelas do

céu.

HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA

11

Fred e o Peixe Falante

red era um garoto de seis anos de idade que

adorava passear na fazenda de seu pai. Era

chegar às férias do colégio, e ele logo

arrumava a sua mochila. O pai de Fred já sabia que ele

estava pronto para a viagem.

Sempre que chegava na fazenda, a primeira coisa que

Fred fazia era arrumar suas tralhas de pesca, porque

pescar no lago era algo que ele fazia com paixão.

Certa vez ao chegar à fazenda, Fred correu para o

lago e tratou de procurar um bom lugar para se apoiar e

F

HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA

12

praticar a sua pescaria. Porém neste dia, Fred teve uma

grande surpresa.

Depois de alguns minutos que havia atirado o anzol na

água, sentiu puxar a linha com muita força. – Parece um

peixe grande! – pensou ele. Levantou-se e foi ajeitando a

linha para aproximar o peixe. Estava bastante tranquilo,

não queria perder aquele peixão.

O peixe foi se aproximando da margem do lago, e, de

repente, Fred ouviu uma voz que ele não soube identificar

de onde vinha. Olhou a sua volta e não viu ninguém! Um

pensamento lhe veio em mente, mas ele não queria

acreditar – seria possível que aquele peixe estava falando

com ele?! O som daquela voz parecia vir de dentro do lago!

E novamente a voz falou:

– Qual é garoto, me deixa em paz!

Desta vez Fred não teve dúvidas, o peixe estava

mesmo falando com ele! Como poderia ser isso?! Um peixe

falante!

- Quem está aí? Quem está falando comigo? –

perguntou Fred um tanto assustado.

E o peixe então respondeu:

- Ora rapazinho, sou eu mesmo! Dá para tirar este

anzol da minha boca? É esse o nome, não é? Anzol! Já

HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA

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ouvi muitos pescadores falarem aqui na beira do lago. Isso

está me machucando, sabia? – disse o peixe já nervoso.

Fred estava muito assustado, mesmo assim puxou a

linha um pouco mais, e finalmente pôde ver o peixe.

- Mas o que é isso?! Eu nunca vi um peixe falar! –

disse Fred com assombro.

- Nunca viu é? Pois agora está vendo! Saiba que eu

falo porque sou um peixe diferente. Agora tira logo este

anzol da minha boca, eu não vou fugir de você! Até porque,

eu tenho que mandar um recado para o seu pai – disse o

peixe, dando uma rabanada na água.

- Recado?! – perguntou Fred, retirando o anzol logo

em seguida.

- Sim, um recado! Diga para o seu pai parar de cortar

as árvores em volta do meu lago porque ele está secando!

- Meu Deus, eu nunca vi um bicho falar, e muito

menos um peixe! – disse Fred novamente. E ficou

pensativo por alguns instantes, com os olhos estatelados.

- Garoto?! Garoto?! Cadê você? Não vai falar comigo?

– perguntou o peixe.

- Claro! É que... Eu estou um pouco assustado sabe!

O que você disse mesmo?

HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA

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- Meu Deus! Esses garotos de hoje andam com a

cabeça não sei aonde! Desta vez vou falar pausadamente

para ver se você entende ok? Eu - disse - para – você –

pedir - para - o – seu – pai – para – não – cortar – mais –

as – árvores - em – volta – do – meu – lago! – Porque –

isso – faz – o - meu – lago - secar! Você entendeu garoto?

Ou quer que eu desenhe? Já aviso logo que falar para mim

que sou um peixe até que é fácil, agora... desenhaaar...

Não dá não sabe, é que eu não tenho mãos assim como as

suas, sabe?

Fred respondeu:

- Mas eu sempre vim aqui, e porque você nunca falou

sobre isso comigo antes? – Fred quis saber.

- Eu esperava que seu pai despertasse a consciência

e percebesse que está destruindo a natureza. Sem falar de

nós aqui do lago, eu e meus amigos, a minha família...

Você não tem idéia de quantos somos nós garoto! Além do

mais, eu não queria ver um garoto assim, com cara de

bobo.

- Como assim? Garoto com cara de bobo?! Quem é

esse garoto? Não está se referindo a mim, não é? – Fred

perguntou para o peixe.

HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA

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- Não, não. Claro que não... – depois de negar, o

peixe confirmou baixinho para que Fred não o ouvisse,

senão ficaria magoado com ele.

- Ora se não!

- Tudo bem Peixe Falante, eu vou pedir para o meu

pai deixar as árvores vivas em volta do seu lago, pode ficar

tranqüilo. Só não vou dizer a ele que falei com um peixe,

ele nunca vai acreditar! – Fred sorriu junto com o peixe.

Fred e o peixe falante se tornaram grandes amigos. E

nos anos seguintes, Fred continuou visitando o seu amigo

peixe, mas nunca revelou a ninguém que eles

conversavam, pois isso era um segredo somente deles.

HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA

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Tucanola

rande Tucano, cheio de charme... E o bico

então, nem se fala! É o mais bonito que eu

já vi. – comentou uma tucana chamada

Sarita, com a sua amiga Dadá. Elas estavam a observar

aquele jovem tucano há bastante tempo. Tucanola nem se

deu conta de que estava sendo observado, e ainda, que

estava em cima de uma árvore a ponto de cair! Pois a

coitadinha da árvore estava tão danificada por falta de

G

HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA

17

água, que já estava quase morta. Passava sede há muitos

anos, e por isso foi morrendo aos poucos. No lugar em que

ela vivia já não chovia há tempos! E o clima também era

muito seco.

De repente, um baque! Tucanola se viu sem nenhum

apoio debaixo de seus pés de passarinho. A árvore caiu!

Ele assustou-se tanto, que saiu desnorteado a bater as

asas, à procura de outro abrigo.

Sarita, que ainda estava com sua amiga Dadá ali

numa árvore próxima, viu Tucanola o chamou para a árvore

que estavam ela e sua amiga Sarita. Elas não perceberam,

mas aquela árvore também estava fragilizada.

- Nossa que susto! Quase que meu coração para de

bater! – disse Tucanola.

Sarita se aproximou de Tucanola e começaram a falar

sobre o acontecido.

- Mas porque está acontecendo isso com as nossas

árvores?! – questionou Tucanola a Sarita.

- Você não sabe? Não sabe mesmo?! Pois vou lhe

explicar o que ouvi por aí nas conversas de outros

pássaros. Eles disseram que tudo isso é resultado da ação

dos homens. Eles derrubam as árvores, inclusive as das

margens dos rios, jogam sujeiras químicas em suas águas,

HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA

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e muitas outras coisas prejudiciais à natureza. Essas

atitudes acabam matando as pobrezinhas das árvores,

matam os peixinhos e os animais, até nós, pássaros,

morremos! Eu tive uma amiga que morreu depois que

bebeu da água de um rio poluído que fica perto daqui. –

após estas palavras Sarita fez uma pausa, e continuou –

que tristeza olhar tanta destruição assim!

- É verdade garotas. Isso é muito triste mesmo. Nem

sabemos quanto tempo ainda vamos resistir a estas ações

desumanas com a natureza. – disse Tucanola, para Sarita

e Dadá.

- Isso sem falar no oxigênio! Precisamos das árvores

para ajudar a produzir e manter o oxigênio que respiramos.

Ah que triste, não é mesmo? – disse Sarita, já com os

olhos cheios de lágrimas. Tucanola aproximou-se dela para

confortá-la.

- Desculpe, mas eu ainda não sei o seu nome! Como

se chama? – perguntou Tucanola.

- Eu me chamo Sarita. E esta é minha amiga Dadá.

- Então Sarita, não chore! Eu tenho certeza que isso

vai mudar. Os homens perceberão que estão prejudicando

a natureza e vão parar de fazer estas coisas ruins. Eles

ainda não têm consciência, que também estão

HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA

19

prejudicando a si mesmos. – disse Tucanola, confortando-

a.

Dadá, que até o momento só prestava atenção na

conversa, chamou os dois para dar uma volta no que

restava daquela floresta.

E daquele dia em diante, Tucanola nunca mais se

separou de Sarita e Dadá. Eles sempre se reuniam com

outros pássaros da floresta para falarem sobre a natureza,

e sobre o lugar onde viviam.

HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA

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A casa de Oncilda

ncilda era uma onça muito bonita. Ela tinha

o pelo amarelo escuro e pintas negras que

se destacavam, deixando-a mais bonita

ainda. Era muito respeitada na região que vivia, inclusive a

chamavam de – Dona Oncilda!

A toca em que Oncilda morava era muito bem cuidada

por ela. Tinha orgulho de viver naquela floresta. Ali, ela

teve os seus filhotes.

Porém, certo dia, ainda com os filhotes pequenos,

Oncilda ficou desesperada, quando notou que o ar estava

mais quente e uma fumaça esbranquiçada vinha em

O

HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA

21

direção à sua casa. A partir daquele instante, Oncilda viu

sua vida mudar completamente. Num instante, estava sem

lar, e pensou – meu Deus, o que farei? E meus filhotinhos,

tão pequenos ainda, como eu vou salvá-los?! – e o

desespero tomou conta dela. E viu grandes labaredas de

fogo aproximando-se de sua toca.

Oncilda não tinha tempo para pensar, pois precisava

agir muito rápido para salvar os seus filhotes.

Começou a carregá-los para perto de um rio que

ficava um pouco a frente de onde morava. Eram somente

três filhotes, mas ela estava sozinha para socorrê-los, e só

poderia carregar um por vez. Assim, um a um, Oncilda os

carregou até a margem do rio.

Ficou pensativa, sem saber o que fazer. – E agora

meu Deus, o que vou fazer? Meus filhos não podem ficar

sem um lar! - Oncilda passou o resto da noite, triste e sem

esperança.

Finalmente o dia amanheceu. Já tinha amamentado

seus filhos, então ela os escondeu embaixo de alguns

arbustos ao lado do rio e foi em busca de um lugar onde

pudesse formar o seu novo lar.

Oncilda atravessou o rio a nado e caminhou a manhã

inteira. Por sorte, encontrou uma pequena caverna que lhe

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transmitiu segurança. Ali seus filhotes e ela estariam

seguros, pelo menos até crescerem e se tornarem adultos,

para que pudessem sobreviver por conta própria.

Oncilda voltou e foi buscar os filhos, trazendo um de

cada vez, com grande esforço e caminhando toda aquela

distância, sem falar do risco que seus filhotes correram em

afogar-se enquanto ela os atravessava pelo rio.

Ao terminar de agasalhar seus filhotes no novo lar,

Oncilda estava tão cansada que se estirou no chão, mal

conseguia movimentar suas patas. Somente seus

pensamentos tinham força, pois ela não parava de pensar

no porquê de os homens terem ateado fogo em sua tão

amada floresta. Perguntava-se – porque estão fazendo

isso?! Eles estão cegos?! Não vêem que estão matando a

vida da natureza através das queimadas! Oh homens, onde

estão suas consciências?! – finalizou.

HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA

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Ararina

uando Ararina nasceu, era uma bela arara

azul. Naquele tempo sua mãe já sabia que

sua espécie estava em extinção. Sabia

também que deveria cuidar muito bem de sua filha, a única

nascida de sua ninhada de quatro ovinhos.

Sentia-se orgulhosa por ver sua filha a cada dia mais

bela. Prometia a si mesma que cuidaria dela com muita

dedicação e amor, como se isso fosse sua última missão

de pássaro. Parecia até que ela estava adivinhando que o

pior estava por vir.

Q

HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA

24

Não demorou muito, até que um dia, enquanto

observava Ararina praticando seu voo diário, foi atingida

por algo que a deixou desacordada. Quando voltou a si,

percebeu que estava presa em uma gaiola, em um lugar

que nem imaginava existir de tão triste que era.

Quando Ararina viu sua mãe sendo levada embora,

chorou muito e partiu sem direção floresta adentro.

Passaram-se alguns meses e Ararina sempre sozinha.

Agora ela já era uma ave adulta e desejava encontrar um

companheiro, já que não tinha mais ninguém para voar

com ela. Então procurou, e procurou, e nada! Lembrou-se

da sina da mãe que sofrera tanto! A mãe lhe contara que

logo que fez o ninho e botou seus ovos, levaram o

companheiro dela, deixando-a sozinha! Não desejava

sofrer e passar pelas mesmas coisas que sua mãe havia

passado.

Depois de muito procurar, Ararina encontrou um jovem

de sua espécie. Ele também vagava sozinho, não tinha

família. Os dois se uniram e passaram a voar juntos,

fazendo companhia um ao outro.

Tempos depois Ararina foi viver em uma pequena

reserva florestal, onde ainda não havia sido destruído pelo

homem. Ali teve dois filhinhos e viveu por muitos anos

HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA

25

ainda, mas nunca se esquecera de sua mãe. Sabia

também que alguns seres humanos estavam lutando para

proteger sua espécie dos predadores, para que pudessem

continuar a existirem.

HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA

26

Luigi e o Pé de Cedro

uigi nascera na cidade grande, e sempre

convivera em um ambiente barulhento de

pessoas, carros, motos e outros sons próprios

das cidades. Tudo isso para ele era algo muito normal. Não

sabia como era viver em outro ambiente que não tivesse

estas características.

O pai de Luigi sonhava em comprar um sítio, e

durante muitos anos trabalhou duro para juntar dinheiro o

suficiente para que pudesse realizar este sonho.

Por fim, ele conseguiu comprar um pequeno sítio a

alguns quilômetros da cidade em que eles viviam.

L

HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA

27

Luigi já havia completado oito anos de idade, e não

conhecia nada sobre a vida do campo. Seu pai logo quis

levá-lo para conhecer o sítio. Luigi hesitou um pouco, mas

aceitou ir com o pai.

Quando chegaram ao sítio, Luigi não gostou muito,

pois era tudo tão diferente daquilo que ele conhecia! Era

um lugar muito silencioso, tanto que incomodava. E

aqueles bichos?! Vacas, porcos, galinhas... – Ah pai, eu

não estou gostando desse lugar! – disse Luigi, com

fisionomia de insatisfeito.

- Ah filho, você acabou de chegar! Ainda nem viu o

sítio direito! Eu vou levá-lo para dar uma volta, tenho

certeza que você irá se familiarizar com o sítio logo, logo. –

disse o pai com animação.

Assim fizeram, logo depois do almoço, saíram os dois

juntos caminhando pelo sítio. E andaram bastante, pois o

sítio não era tão pequeno. O pai de Luigi desejava muito

que o filho se interessasse pela natureza, pelos animais e

pela vida do campo, então, enquanto caminhavam foi lhe

explicando tudo.

Chegaram a uma pequena reserva de mata virgem, e

uma árvore centenária chamou a atenção de Luigi. Seu

tronco era forte e sua copa muito formosa, desgalhava-se

HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA

28

deslumbrantemente, reinando com seu verde magnífico

naquele espaço onde vivia.

Luigi se encantou com a árvore e perguntou ao pai:

- Pai, que árvore é essa, tão grande?!

- Linda não é filho? Esta árvore tem mais de cem anos

de vida! Isso não é uma maravilha? Chama-se Cedro. Um

pé de Cedro!

- Cem anos pai?! Nunca pensei que uma árvore

pudesse viver cem anos! – disse Luigi com admiração.

- Vive muito mais filho! É que muitos seres humanos

destroem a natureza, cortam as árvores e não deixam que

elas vivam e cresçam. Muitos homens derrubam este tipo

de árvore para usarem sua madeira construindo móveis

com ela. Outros constroem casas, e assim vão derrubando

todas as árvores, acabando com a natureza.

- Que triste não é pai? Vamos pedir a eles para não

fazer mais isso!

- Vamos sim filho. Nós podemos fazer isso. Muita

gente já tem consciência, não destrói e nem polui a

natureza. Um dia chegaremos lá filho, todos serão

conscientes e serão educados a cuidar muito bem da

nossa natureza.

HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA

29

O menino tentou abraçar a árvore, mas não conseguiu

juntar as mãos em torno dela, então convidou o pai para se

darem às mãos e assim, poder abraçar aquela árvore.

Ficaram alguns minutos abraçando a arvore. O pai

percebera que Luigi a partir daquele momento se tornaria

outra criança, pois notara o quanto o filho estava

emocionado.

Depois de alguns minutos o menino falou novamente

com o pai:

- Pai, eu posso ficar com ele, com o pé de Cedro?

Prometo que vou cuidar bem dele. Seremos amigos.

- Pode sim filho! Claro! Com um protetor como você,

este Cedro irá viver ainda muitos anos. – disse o pai com

expressão sorridente.

E assim, todos os anos em suas férias, Luigi ia para o

sítio visitar sua amiga árvore, o pé de Cedro. Mesmo

depois que cresceu, Luigi continuou a ir ao sítio do pai,

dizia que, enquanto ele vivesse, aquela árvore também

viveria, pois cuidaria dela com muito amor.

HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA

30

O aniversário de Aroeira

Brasil da Silva

á oitenta anos nascia Aroeira, em um lugar

onde outrora havia sido uma grande pastagem

que alimentava o gado de um rico fazendeiro.

O proprietário do lugar resolveu na época deixar vivas,

as pequenas árvores que insistiam em crescer ali. Para

Aroeira isso foi uma dádiva do céu, pois a cada dia ela

crescia e se tornava ainda mais robusta.

H

HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA

31

Aos poucos o lugar foi se tornando uma pequena

floresta. O proprietário realmente decidira não mais formar

pastagem naquele pedaço de terra.

***

Aroeira Brasil da Silva celebrava já seus oitenta anos

de idade! Aquele proprietário de antes, já havia partido para

o outro mundo. Agora quem se tornara dono do lugar era

seu filho, um conceituado médico que nem fazia muita

questão de trabalhar a terra. Com isso, Aroeira

contemplava a vida fazendo parte daquela natureza

maravilhosa.

Naquele dia era seu aniversário, e, no entanto

ninguém havia se lembrado. Nenhum de seus amigos e

vizinhos! Aroeira aguardara o dia todo e nada!

Já quase escurecendo, Aroeira já estava desistindo de

acreditar que algum de seus amigos ainda se lembraria de

seu aniversário, no entanto... Háaaa! Gritaram todos de

uma só vez! Seus amigos prepararam-lhe uma bela

surpresa. E todos cantaram parabéns para Aroeira que,

agora, era só felicidade. Estava muito feliz e sentia que

realmente possuía muitos amigos naquele pedaço de

floresta.

Todos comemoraram o aniversário de Aroeira. As

outras árvores balançavam seus galhos, os animais

corriam de um lado para o outro, todos muito felizes.

Também comemoravam o fato de ainda viverem e

contemplarem aquela floresta intocável em dias de muito

HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA

32

perigo, onde o homem destrói a natureza sem dó nem

piedade, sem a mínima consciência de amor a natureza.

HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA

33

A solidão de Castanhola

astanhola nasceu em meio a uma natureza

magnífica e pura, ainda sem os efeitos

devastadores causados pela ação do

homem. Sua família sempre foi muito conhecida pelos seus

frutos, os quais também nós chamamos de “Castanha do

Pará” ou “Castanha do Brasil”, frutos muito saborosos e

ricos em proteínas.

No entanto, os tempos mudaram, e mesmo

permanecendo viva, Castanhola viu sua família sendo

destruída. Suas amigas e vizinhas foram sendo

C

HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA

34

derrubadas, umas para fornecimento de madeiras, outras

para a formação de pastagem para o gado. E muitas

árvores da vizinhança foram devoradas pelo fogo ateado

propositalmente por aqueles que se diziam proprietários

das terras onde elas haviam crescido. Alguns diziam fazer

isso para a plantação de alimentos, outros, para a

formação de pastagem para a criação de bovinos... –

Bem... eu, Castanhola... Eu permaneci. Continuo existindo

solitária, neste mundo transformado pela ação do homem.

Os pássaros, esses também se tornaram escassos por

aqui. Vez ou outra eu recebo a visita de algum passarinho

meio atordoado e perdido. Alguns deles migraram para a

cidade, onde também correm o risco de morrerem por

alguma pedrada de baladeira, ou por comerem alimentos

inadequados para o estômago de um passarinho. Os

poucos pássaros que ainda vivem por aqui, não possuem

mais o encantamento de outros tempos, quando faziam

algazarras festivas, como se tivessem comemorando a

vida. Isso tudo que vem acontecendo, é o resultado de uma

mudança drástica no meio ambiente. Tudo vai mudando, se

tornando algo dividido, sendo meio natural e meio

fabricado, resultados do tal progresso. Penso que o

progresso é bom, mas não deve mudar a essência natural

HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA

35

das coisas. Pergunto a mim mesma – o que será de mim?!

Meus frutos já não são tantos como outrora, quando eram

abundantes e robustos. Hoje, já não tenho força para

produzi-los. Talvez no próximo ano eu já nem esteja mais

de pé... Meu tronco parece estar enfermo, eu tenho uma

ferida causada por um fogo nas queimadas do ano

passado. Sinto-me a balançar quando o vento passa com

um pouco mais de velocidade, parece que vou cair a

qualquer momento... Ah Sr. Fazendeiro, tenha pena de

minha Mãe Natureza! Eu peço. Seja mais amável e

cuidadoso com aquela que tem participação fundamental

na composição da vida.

HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA

36

Jacareína

ois amigos resolveram sair pra caçar numa

pequena floresta que ficava numa região

próxima de onde moravam. Prepararam tudo

e partiram ao entardecer.

Logo que chegaram ao local programado, perto de um

riacho, cuidaram de armar suas barracas e preparar suas

tralhas para a caçada noturna. A noite estava linda, com

uma lua imensa e brilhante no céu. As estrelas cintilavam

na imensidão do universo, enfeitando-o com realeza.

Ao terminar de montar as barracas, os dois amigos

foram preparar algumas armadilhas para pegar algum

animal que passasse por ali.

D

HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA

37

O silêncio foi interrompido por um cântico que ecoava

floresta adentro, e deixou os dois caçadores arrepiados de

medo. Seus cabelos eriçaram e um pavor lhes tomou conta

da mente. Como poderia alguém cantar daquela forma

numa floresta solitária?! Seria alguma assombração?! –

pensou um deles, enquanto olhava para o amigo com os

olhos arregalados.

- Você ouviu? Ouviu isso?

- Psiu! Silêncio! Está cantando novamente!

Os dois permaneceram em silêncio por mais alguns

segundos ouvindo o canto, que parecia se aproximar.

“Eu sou um jacaré, e vivo na floresta,

E a minha vida é uma festa taaaá,

Durmo o dia todo, brinco durante a noite,

E em caçadores dou os meus açoites... La la la ra la,

la la la ra... e em caçadores dou os meus açoites.”

E o canto foi se aproximando... se aproximando...

- Minha nossa, isso é um fantasma! – disse um deles

já querendo correr e ir embora. E o som se aproximando

cada vez mais.

De repente, silêncio total. Nenhum som se ouvia mais.

Nem mesmo os grilos cricrilavam.

Um dos caçadores então disse ao outro:

HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA

38

- Foi embora, Graças a Deus! E nós também vamos.

Pegue suas coisas, rápido!

- Mas, se o fantasma já foi embora, então a gente não

precisa ir! E se isso foi apenas coisa da nossa

imaginação?! Talvez fosse porque estávamos com medo! –

disse o outro caçador ao amigo.

Enquanto isso, algo ou alguém, se aproximava deles

por entre os pequenos arbustos.

- Muito bonito hein! Querendo caçar meus amigos! –

disse aquela voz.

Os dois viraram de repente e um deles focou com a

luz da lanterna na direção da voz e deparou-se com um

grande jacaré.

- O que é isso?! Um Jacaré falando?! Socorro! Vamos

correr!

- Ha ha há haa. Seus medrosos! E eu não sou um

jacaré, eu sou ela, entendeu? Ela! Meu nome é Jacareína.

- Você fala? Como gente? Isso não pode ser desse

mundo! – disse um dos caçadores coçando a cabeça e

com olhos esbugalhados.

- O que há de errado no meu falar? Vocês humanos

tem cada uma viu! Quem disse que bicho não fala? Bicho

fala sim!

HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA

39

Os dois caçadores, pasmados, não conseguiram falar

mais nada, ficaram extremamente admirados com

Jacareína.

Ela continuou falando:

- Então, seus malvados, vão embora daqui! Os meus

amigos animais querem viver. Vamos corram! Eu vou dar

umas rabanadas em vocês se não forem embora agora!

E os dois caçadores começaram a correr. E correram

tanto que até largaram suas tralhas de caça para traz. Não

tiveram nem mesmo a lembrança das coisas que haviam

trazido para a caçada. E aprenderam que não se deve

caçar animais da floresta para matar, usando como

desculpa de que a caça é um esporte porque não é! O

esporte é vida. O esporte não mata, não tira vidas. Matar

animais indefesos apenas por diversão é uma maldade

muito grande. É preciso preservar a vida e a natureza,

porque natureza também gera vida.

HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA

40

A festa das Flores

oi num lindo dia de sol que Mariazinha, uma

borboleta lindamente colorida, saiu para mais

um de seus passeios. Todos os passeios de

Mariazinha eram muito especiais para ela, mas aquele

seria ainda mais especial que os outros. Ela fora convidada

para a Festa das Flores, uma festa organizada para

F

HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA

41

comemorar o nascimento da primeira florzinha de

Orquidina, amiga de Mariazinha.

O lugar em que vivia Orquidina era simplesmente

magnífico. Ali nasceram tantas outras flores de beleza rara

e incomparável!

Mariazinha ajeitou suas asas e partiu logo em seguida

para a Festa das Flores.

Ao chegar no bosque vira todas as flores já reunidas,

cantarolando felizes, exalando seus perfumes e fazendo

com que o vento graciosamente os espalhasse por toda a

área do bosque. Mariazinha então cumprimentou uma a

uma.

Todas as flores aguardavam ansiosas pelo grande

momento do nascimento da pequena flor de Orquidina.

E mais um pouco de tempo, e ela nasceu! Tão linda!

Tão bela! Todas as outras flores ficaram encantadas e

paralisadas com tamanha beleza. Mariazinha não se cabia

de tanta felicidade e quis logo sentir o perfume daquela

maravilha de florzinha que acabara de desabrochar.

Aproximou-se de Orquidina alegre e esvoaçante para beijar

a sua florzinha.

Que dia mais feliz aquele! Quanta emoção! Todas as

flores estavam em festa.

HISTÓRINHAS DE MÃE NATUREZA

42

Mariazinha disse para as amigas flores:

- Nunca me esquecerei deste lindo dia! Este momento

foi mágico para mim. Eu peço a Deus que nunca deixe os

seres humanos destruírem o nosso bosque, porque ainda

quero ver nascerem muitas outras flores aqui.

Fim

© Rozilda Euzebio Costa