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HISTÓRICO DO 23º BATALHÃO DE CAÇADORES: O ATUAL BATALHÃO MARECHAL CASTELLO BRANCO Roberto Augusto Caracas Neto * RESUMO Este artigo apresenta uma revisão de literatura do histórico do 23°BC (Batalhão Marechal Castello Branco), bem como narra de forma contextualizada a atuação nacional e estadual do 23º Batalhão de Caçadores, desde sua criação, passando por suas transformações, até chegar os dias atuais. As informações apresentadas baseiam-se na História do Brasil, do estado do Ceará e do Batalhão Marechal Castello Branco desde sua criação. Tal revisão foi desenvolvida buscando aumentar as fontes literárias didáticas na secretária do Batalhão, que possa facilitar pesquisas históricas por eventos em que o 23° BC e seus membros participaram. O 23° BC vive em constante preparação para o combate, instruindo e adestrando seus homens. Participa também de atividades complementares, tais como: controle da distribuição de alimentos para populações carentes, apoio a campanhas de vacinação, integração da criança com a sociedade, apoio aos idosos e tantas outras. Interagindo com a comunidade, e construindo sua própria história com denominação atual na cidade de Fortaleza-CE. Palavra-chave: Batalhão Marechal Castello Branco. Revisão de literatura. 23°BC. *Militar - Oficial do Exército Bacharel em Ciências Militares Academia Militar das Agulhas Negras Especialista em Segurança do Sinal Centro Integrado de Guerra Eletrônica - Exército Brasileiro E-mail: [email protected]

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HISTÓRICO DO 23º BATALHÃO DE CAÇADORES: O ATUAL BATALHÃO

MARECHAL CASTELLO BRANCO

Roberto Augusto Caracas Neto *

RESUMO

Este artigo apresenta uma revisão de literatura do histórico do 23°BC (Batalhão

Marechal Castello Branco), bem como narra de forma contextualizada a atuação nacional e

estadual do 23º Batalhão de Caçadores, desde sua criação, passando por suas transformações,

até chegar os dias atuais. As informações apresentadas baseiam-se na História do Brasil, do

estado do Ceará e do Batalhão Marechal Castello Branco desde sua criação. Tal revisão foi

desenvolvida buscando aumentar as fontes literárias didáticas na secretária do Batalhão, que

possa facilitar pesquisas históricas por eventos em que o 23° BC e seus membros

participaram. O 23° BC vive em constante preparação para o combate, instruindo e

adestrando seus homens. Participa também de atividades complementares, tais como: controle

da distribuição de alimentos para populações carentes, apoio a campanhas de vacinação,

integração da criança com a sociedade, apoio aos idosos e tantas outras. Interagindo com a

comunidade, e construindo sua própria história com denominação atual na cidade de

Fortaleza-CE.

Palavra-chave: Batalhão Marechal Castello Branco. Revisão de literatura. 23°BC.

*Militar - Oficial do Exército

Bacharel em Ciências Militares

Academia Militar das Agulhas Negras

Especialista em Segurança do Sinal

Centro Integrado de Guerra Eletrônica - Exército Brasileiro

E-mail: [email protected]

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1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por finalidade apresentar a primeira revisão de literatura do

Histórico do 23° Batalhão de Caçadores (23°BC), dentro de um contexto histórico nacional e

estadual. Tem-se como objetivo verificar a cronologia comparativa entre a História do Brasil

e a História do 23° Batalhão de Caçadores, que justificaram as diversas mudanças

organizacionais e operacionais desde sua origem no 36° Batalhão de Infantaria (36° BI),

criado em 1889 na cidade de Manaus-AM. Neste período, o Brasil era governado por

Deodoro da Fonseca, passando para nova denominação de 46° Batalhão de Caçadores (46°

BC), durante o ciclo da borracha. Nesta ocasião, em face de levantes e com o declínio da

oligarquia cearense, aliada da situação governista, o batalhão é transferido para nova sede na

cidade de Fortaleza-CE Posteriormente, é re-numerado para 23°BC, atuando de forma

consistente e louvável, conforme os anseios da sociedade brasileira e cearense, representando

o Ceará, dentro do País e do Mundo, em vários momentos de vulto da história até os dias

atuais. Tal revisão foi desenvolvida buscando aumentar as fontes literárias didáticas na

secretária do Batalhão, que possa facilitar pesquisas históricas por eventos em que o 23°

Batalhão de Caçadores e seus membros participaram.

2. DESENVOLVIMENTO

O 23° Batalhão de Caçadores é uma tradicional e centenária Unidade do Exército

Brasileiro, originando-se do 36° Batalhão de Infantaria (36° BI). Criado em 1889 na Cidade

de Manaus-AM, período em que o Brasil era governado por Deodoro da Fonseca, Oficial de

origem “tropier” (isto é, cuja carreira fora feita mais em contato com a tropa e menos em

escolas militares). Este período foi caracterizado por exemplos remontados da guerra do

Paraguai, onde os mais antigos oficiais participaram, trazendo consigo o autoritarismo em

face de divergências com civis, que dificultavam articulações políticas, principalmente com

grupos de cafeicultores. A criação do Batalhão foi uma ação que garantiria a execução de

outros projetos, na época que separou a Igreja do Estado, baniu a família imperial do

território, e para possibilitar eleições para Assembléia Constituinte em setembro de 1890,

assim garantindo.

Em junho de 1908, o 36° BI passa a denominar-se 46° Batalhão de Caçadores (46°

BC), durante a presidência de Afonso Pena, conforme o Decreto n° 6.971. Nesta ocasião

buscou-se ter na região uma tropa de Pronta Ação, assim remontar a origem da palavra na

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França: quando em 1741, por ocasião do “Cerco de Praga”, aquele país carecia de uma tropa

de elite e com grande mobilidade para enfrentar o inimigo. Foi durante e motivada pela crise

do café no Brasil, oportunidade que sua economia apresentando efeitos negativos evitou

novos confrontos, como ocorreram nos combates de Canudos, e na Revolta Popular ocorrida

em 1904.

Após uma aparente situação de rebeliões e revoltas ocorridas durante a presidência de

Hermes da Fonseca, onde ocorreram abalos na ordem oligárquica atrelados aos planos de

valorização do café, foram necessárias diversas intervenções nos Estados-Membros, no

chamado processo de Política da Salvação, que controlaram o País e Estados, trazendo a paz

para diversas rebeliões que cito: Revolta da Chibata (1910) e a dos Contestados (1914) .

Sendo assim, em face de movimentação estratégica necessária a transferência do 46° BC, em

1915, da cidade de Manaus para Fortaleza, ocupando a “Fortaleza de Nossa Senhora de

Assunção”, prédio onde está atualmente o Comando da 10ª Região Militar.

Os abalos nas oligarquias foram fortes. A política de “Salvações” foi realizada nos

Estados da Bahia, Pernambuco e Alagoas com sucesso, enquanto na Paraíba, Piauí e Rio

Grande do Sul fracassaram. Em particular no estado do Ceará, ocorreu o que o governo não

esperava. O então Coronel do Exército Franco Rabelo candidatou-se ao cargo de governador

em 1912, com o apoio da oposição estadual. Durante a campanha, o governador Nogueira

Acioli, pinheirista (aliado de Hermes), representando a situação, desencadeou violenta

perseguição aos adversários, utilizando inclusive forças policiais do estado e agindo com

extrema violência, como ocorriam em outras regiões do País.

Nesta época, o Batalhão em 18 de maio de 1912, ainda com sede em Manaus-AM

realizou expedição a Senna-Madureira no Alto do Purus - AM, no departamento que estava

em poder de revolucionários, oportunidade em que o Batalhão tomou de assalto e re-

estabeleceu o departamento a seu prefeito, com inúmeras perdas de combate em mortos e

feridos, retornando a tropa para Manaus, em 5 de janeiro de 1913.

Neste período de transição no Nordeste saindo do coronelismo, do voto de cabresto,

após abalos na oligarquia cearense, temos o declínio destas oligarquias entre os anos de 1914

á 1930. O presidente Venceslau Brás (1914 – 1918) enfrentou problemas externos e a eclosão

da Primeira Guerra Mundial, que enfraqueceram seu governo, sendo necessárias

transformações sociais e econômicas que provocariam uma força contra as oligarquias.

Em 1914, no Ceará, foi então que o Deputado Floro Bartolomeu iniciou a reação,

revoltando-se, e após tomar a cidade de Juazeiro do Norte – CE, ato apoiado e abençoado por

padre Cícero, iniciou a marcha para Fortaleza-CE, derrubando o governador Nogueira Acioli,

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representante da oligarquia cearense, que então apoiava o pinheirismo nacional. Em

conseqüência destas transformações sociais e econômicas surgiu um descontentamento na

disputa pelo Poder na República Velha, provocando reações políticas do governo contra

novos abalos, em face da criação de novos grupos sociais, o que propiciaram

emergencialmente a reformulação e rearticulação política do Exército, em novas bases,

conforme ocorreu com o envio do 46° BC de Manaus para Fortaleza ,em 20 de abril de 1915,

para dispersar levantes contra o governo.

Ainda em 1915, o 46° BC atuou diversas vezes para restabelecer a ordem pública no

Estado do Ceará. Após período de acampamento de instrução do dia 4 á 20 de dezembro de

1916, na região da Parangaba, realizou manobras de preparação para combate. Iniciou em 31

daquele mês o deslocamento do Batalhão para o Pará (cidade de Belém) para reforçar a

guarnição, retornando em 3 de janeiro de 1917, e finalizando o ano de instrução entre 15 à 31

de dezembro de 1917, na cidade de Pacatuba - CE.

Com a presidência de Delfim Moreira (1918-1919), após a morte do presidente eleito

por gripe espanhola, com indícios de fraude na eleição, houve uma grande diminuição de

imigrantes entrados no Brasil. A população brasileira continuou a aumentar, haja vista a

Primeira Guerra Mundial na Europa (local que vinha a maioria dos estrangeiros) e grande

produção básica de bens de consumo não duráveis, têxteis e alimentos processados

industrialmente, período de expansão industrial, principalmente de material bélico. Nesta

ocasião surge a importância inédita no país dos grupos sociais separados da burguesia, que no

pós-guerra seriam responsáveis por ocupar e manter a industrialização.

Entre 1919 á 1922, durante a presidência de Epitácio Pessoa, com a fundação do

Partido Comunista do Brasil e o tenentismo, foi realizada uma tentativa para diminuir a

influência do Movimento dentro das Forças Armadas. Em face da boa situação industrial

nacional, a chegada da missão militar francesa em 1920 (intercâmbio para instrução militar

brasileira) e para evitar ideologias anarquistas (Revolução Russa de 1917), alguns quartéis no

País são reestruturados.

Em 1919, o 46° BC recebeu a nova denominação de 23° Batalhão de Caçadores

(23°BC), que se mantém até hoje pelo Decreto n° 13.916, de 11 de dezembro de 1919. Teve

como primeiro comandante o Coronel Felipe Antonio da Fonseca, numeração que passou a

contar de 1° de janeiro de 1920, ano este que recebe ordem de realizar manobras e

Acampamentos em diversas localidades do Nordeste que cito: 1920 - Vila de Mecejana (atual

bairro de Fortaleza-CE), 1921 - povoado de Cajazeira - PB (região de fronteira entre estados)

e 1922 – cidade de Acarape - CE.

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No governo de Artur Bernardes (1922-1926), desde o início com o descontentamento

dos militares no episódio das “cartas falsas”, levou mal-estar entre os jovens oficiais e o

político Mineiro, haja vista as críticas ao Exército, sublevação dos Tenentes do Forte de

Copacabana, a Revolução Gaúcha, a Revolução Paulista. A partir de 1924-1925 o 23°

Batalhão de Caçadores passa a reformulação de efetivo e começa a preparar o efetivo de

guerra por determinação do Ministro da Guerra, ficando em condições de (ECD) combater.

Forneceu em 11 de agosto de 1924, 200 (duzentos) soldados para tomar parte em expedição

ao norte da República. Ocasião que recebeu referencia do Presidente do Estado do Ceará,

Ildefonso Albano, e recebe a ordem de embarque de duas Sub-Unidades para o Maranhão em

7 de novembro de 1924, fato que foi desencadeado em 25 de junho de 1925, ano que foi

consagrado o Dia do Soldado, como sendo a data Natalícia do Duque de Caxias. Em 14 de

novembro de 1925, o quartel receber a 31° Companhia de Força Pública do Ceará e uma do

Maranhão, que embarcam como efetivo do 23°BC, com destino a cidade de São Luiz. Lá

reúnem forças com sua companhia de fuzileiros e de metralhadoras prosseguindo para

operações no Norte da República. Em 24 de novembro, ao chegar à cidade de Barra do Corda,

o Batalhão é recebido sob forte fogo inimigo. Tendo assim, seu batismo de fogo com a nova

numeração de 23°BC. Durante os combates faz-se necessário destacar as duas Companhias de

Força Pública do Ceará e Maranhão. Em 6 de janeiro de 1926, a cidade é controlada,e então

iniciado o retorno das tropas para Fortaleza, em 14 de janeiro de 1926.

Ao chegar á Fortaleza, o 23°BC, tropa de elite da República receberá a missão de

deslocamento para Leopoldina–PE, juntando-se ao “Destacamento Brazil”. Percorreu o

interior do Maranhão, Piauí, Bahia, Pernambuco e Ceará utilizando embarcações no São

Francisco, ferrovias e á pé na caatinga. Realizou operações de demonstração de força do

efetivo, presença nacional e a procura de marginais, fazendo barreiras a membros da Coluna

Prestes que iniciou em Alegrete – RS, e teve fim no início de 1927, com os últimos

sobreviventes refugiados na Bolívia. Passou a retornar a guarnição de Fortaleza em 20 de

julho de 1926, oportunidade em que já havia determinado o retorno e desligamento das duas

Companhias de Força Pública para suas sedes, desde o mês de janeiro.

Já no governo de Washington Luís (1926-1930), último presidente da República

Velha, apesar de atitudes modernizadoras e não ter dificuldades em dialogar com as massas

durante seu governo, ironicamente mantinha seu compromisso ideológico com a velha ordem

oligárquica. Nos anos de 1927 e 1928, após a chegada do Batalhão a Fortaleza só realizou

nove dias de acampamentos na região de Maranguape-CE, reiniciando suas manobras de

instrução em 1929, onde acampou e Manobrou no povoado de Cajazeiras - PB.

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Após as eleições de 1930, com a vitória de Júlio Prestes, as gerações mais jovens da

Aliança (oposição) não aceitaram e começaram a falar em revolução, quando em 26 de julho

de 1930 após o assassinato de João Pessoa por disputas locais na Paraíba, é deflagrada a

Revolução de 30.

Em 1930, o 23° Batalhão de Caçadores, em plena fase revolucionária, desloca-se para

cidade de Lavras e posteriormente para a Paraíba, sob o Comando do Tenente Coronel Pedro

Ângelo Correia, para fins de combater focos de insurreição. Porém, na chegada do

acampamento na cidade de Cajazeiras – PB, após deslocamento para Souza-PB, o seu

Comandante e Sub-Comandante são mortos pelo levante de 4 de outubro de 1930, passando a

receber em 12 de outubro do mesmo ano, o 1° Batalhão de Força Pública do Ceará. Juntos

avançaram para o Crato – CE, por ordem do General Juarez Távora. Na ocasião é extinto o

23°BC, que passa a ser chamado de 2° G.B.C., passando (as Antigas Sub-unidades) a

constituírem Batalhões.

O General Juarez Távora determina ao 3° Batalhão que passe a controle do Presidente

do Ceará, e posteriormente em 18 de outubro de 1930, desloque-se para Recife-PE, utilizando

itinerário (Souza, Campina Grande, Itabaiana). Consequentemente, embarca no vapor Afonso

Pena para a cidade de São Luís – MA. Após deslocamentos do 1° e 2° Batalhões do G.B.C. no

interior do Ceará, em 8 de novembro de 1930, é proclamada a vitória. A 7ª Região Militar,

composta por norte e nordeste, estavam dominadas pelas forças revolucionárias do General

Juarez Távora. Em 15 de novembro, é consagrado feriado nacional durante acampamento do

2° G.B.C. no povoado do Crato, em prol da liberdade, paz e justiça. Sendo deposto

Washington Luís.

No dia 24 de novembro de 1930, juntam-se no porto de São Luís os Batalhões do 2°

G.B.C. que embarcam no Vapor Afonso Pena, com destino ao Norte da República (Belém -

PA).

Ao analisarmos a Revolução de 30, devemos observar sua complexa base social. O novo presidente, Getúlio Vargas, agora representa as oligarquias que haviam criado uma dissidência nas eleições de 30, mas também setores sociais urbanos e o tenentismo aparentemente vitorioso dentro das Forças Armadas. Todas essas forças tinham em comum a oposição que, por algum motivo, fizeram ao último governo da República Velha. No entanto, a revolução triunfante estava longe de representar um rompimento decisivo na história do país, uma vez que permanência de pessoas e grupos ligados à velha ordem era marcante. Basta observarmos que o próprio Getúlio fez toda sua carreira política dentro do velho esquema oligárquico. (VICENTINO; DORIGO, 1997, p.332).

Em 26 de novembro, o 2° G.B.C. passa a situação de normalidade, voltando à

denominação de 23° Batalhão de Caçadores. Retorna a sua sede em Fortaleza-CE, recebendo

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seus militares que estavam espalhados por diversas tropas revolucionárias no território

nacional, se reorganizando.

Com o início do governo provisório (1930-1945), e conseqüência da crise de 1929,

alguns tenentes começaram a se converter ao Fascismo, como ocorrerá com Prestes no

Comunismo. Isto fez com que Getúlio realizasse algumas mudanças para fortalecer seu poder

pessoal. Criou benefícios e até leis favoráveis aos trabalhadores, estimulando a indústria e

defendendo o setor cafeeiro. Deixou os tenentes divididos em os dois grupos; de direita e

esquerda. Levou-os a submissão ao aparelho burocrático do Estado Novo e a nova influência

da missão militar americana, em substituição à francesa, que foi superada após o início da

segunda Guerra Mundial.

O 23° BC retificou para janeiro de 1931 o início e fim de período de instrução, devido

ao período de anormalidade que havia passado enviando para Teresina–PI a 1ª Companhia

como Força de Intervenção Federal do Novo Estado do Piauí, retornando em 16 de setembro

do mesmo ano.

Em 31 de julho de 1932, o Batalhão embarcou com destino ao Rio de Janeiro, sendo

posteriormente deslocado para o Estado de São Paulo. A 12 de setembro, entrou em luta na

região de São Braz, após substituir tropas gaúchas. Avançou para região de

Pindamonhangaba, quando no dia 3 de outubro encerra sua atuação nos combates. A 14 de

novembro, retorna para Fortaleza, conforme foi publicado no Livro “Diário de marchas e

operações de guerra do 23° BC”.

O Batalhão lutou na Revolução Constitucionalista de 1932, Revolução Paulista,

ocasião que se destacou a bravura dos Soldados do Nordeste em defesa do governo provisório

de Vargas. Situação de guerra desencadeada, haja vista o levante daquele estado contra atos

do presidente, que defendia: estímulos á industrialização, cafeicultores paulistas e a

intervenção federal no estado.

No governo constitucional (1934-1937), o presidente americano Franklin Roosevelt

adota o intervencionismo estatal com o New Deal. Na Europa, a extrema-direita se fortalece

com o nazismo na Alemanha e fascismo na Itália.

No Brasil, com a constituição de 1934, houve algumas crises políticas internas no

Ceará, o que motivou alguns políticos (Deputados Estaduais) solicitarem asilo no quartel do

23° BC.

[...] contando a história da eleição indireta para governador do Ceará, em 1934, quando os deputados favoráveis a um candidato se sentiram de tal forma ameaçados que pediram asilo no 23º Batalhão de Caçadores, contei que algum partidário do seu opositor, José Acioli, misturara tártaro na comida do quartel, o que provocara terrível caganeira nos deputados, quase impedindo a eleição. Haroldo Collares

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Chaves, filho do então comandante do batalhão, mandou-me um e-mail contando que o pai, coronel Manoel Collares Chaves, dera abrigo, mas não dera comida. A comida veio do Hotel Palace. Logo, foi no hotel, e não no quartel, que o tártaro foi misturado ao jantar dos deputados. (ALVES, 2001)

Esta situação não impediu que o Batalhão prosseguisse com seu adestramento,

conforme ocorreu com a Companhia de Metralhadoras em 14 de junho, em Maranguape-CE.

No dia 4 de julho de 1934, por iniciativa dos oficiais da OM, é inaugurado no Gabinete do

Comandante o quadro dos “18 do Forte”, em homenagem aos jovens sonhadores, que levados

por um idealismo derradeiro deixaram suas almas e sangue nas praias de Copacabana, em prol

da Revolução Brasileira.

Em 02 de janeiro de 1935, o 23° BC tem extinta sua 3ª Companhia de Fuzileiros,

passando a ser tipo 2. Em 16 de outubro, os jovens Tenentes recém promovidos: Tácito

Theófilo Gaspar de Oliveira, Henrique Pergentino Maia, Carlos Alberto Cabral Ribeiro e José

Parente Frota, grandes nomes da atual Sociedade Cearense, prestam o compromisso ao

primeiro posto. No dia 27 de novembro, o Batalhão recebe ordem de embarque com destino a

Cabedelo - PB, conforme rádio n° 357, de 26 de novembro de 1935. Horas depois, recebe

ordem de retificação de destino. Utilizando seus caminhões orgânicos, desloca-se para a

cidade de Mossoró-RN, a fim de garantir a ordem em toda a zona de fronteira do Ceará.

O 23°BC chega ao destino no dia seguinte, e só retornando para Fortaleza em 02 de

dezembro, após receber rádio n° 44, do Comandante da 7ª Região Militar. Permanece em

Mossoró – RN, com parte o efetivo até 7 de dezembro, para garantir a causa Democrática, se

for o caso pelo combate, contribuindo assim, em novembro de 1935 para o fracasso da

Intentona Comunista, prisão de membros da intentona e deportação de estrangeiros.

Em 1936, o 23° BC deslocou-se para realizar um cerco na região de Santa Cruz, no

município do Crato, por determinação do ministro da Guerra. Coube a Polícia Militar e a

Força Aérea a efetiva atuação no Sítio Caldeirão, que estava de posse do Beato José Lourenço

e seus seguidores. Retornou para a sede logo após a desocupação da área e destruição da

célula comunista que ali se encontrava instalada.

Desse modo, as elites dominantes, receosas da proliferação das idéias comungadas no Caldeirão, juntamente com o apoio da Igreja Católica, da Imprensa e do próprio Estado, promoveram, no dia 10 de setembro de 1936, a destruição total do Caldeirão de Santa Cruz do Deserto, a qual, por intermédio de saques e incêndios, culminou com a expulsão de todos os sertanejos e com a usurpação por parte da polícia de quase todos os bens produzidos durante os dez anos de existência do Caldeirão. (BRUNO, 2002)

O Estado Novo (1937-1945), com a justificativa de evitar um golpe comunista (plano

Cohen) Vargas ordena o fechamento do congresso, extinção dos partidos políticos, suspensão

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da campanha presidencial e da constituição de 1934. Implantando a Ditadura, oportunidade

em que vários opositores foram presos em quartéis, cadeias e/ou levados para a Ilha de

Fernando de Noronha.

Na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), em 11 de junho de 1940 o Brasil se

posiciona favorável aos Estados Unidos, após empréstimo de 20 milhões de dólares para a

construção da usina siderúrgica de Volta Redonda.

Durante o ano de 1941, o então General Mascarenhas de Morais, Comandante da 7ª

Região Militar (7ªRM), visita o 23°BC na cidade de Fortaleza. Ordenando prontidão e marcha

de 20 km, no qual determina em suas ordens o tempo da prontidão, a execução de incidentes e

relatórios da realidade da tropa. Requer com urgência o envio dos relatórios para a Região

Militar, em Recife, conforme foi transcrito nos assentamentos do Histórico da Organização

Militar, em maio de 1941. Em agosto, termina o terceiro período de instrução, após

acampamento na fazenda Trápia em Maranguape, oportunidade na qual o Ministro da Guerra

autorizou pelo Decreto-lei, publicado no Boletim Regimental de 8 de setembro, a permuta de

imóvel do quartel do 23° BC, com terreno na Rua 13 de maio em Fortaleza-CE, para

construção de novo quartel, que foi inspecionado várias vezes pelo General Mascarenhas de

Morais.

Em face aos preparativos do Brasil, para entrar na 2ª Grande guerra, o General Meira

realizou diversas visitas nas Organizações subordinadas. Avaliou a tropa e aproveitou para

realizar preleção dos efetivos que seriam empregados na preparação para guerra. Nesta

oportunidade ele concitou os Oficiais do 23° BC a não permitirem alastrar no estado o perigo

do extremismo Fascista/Nazista e do Comunismo. Tal solicitação tinha por intenção a

manutenção da nação e garantia de nossa independência política, pois a situação internacional

era adversa. Em dezembro, a Região Militar inicia a convocação de todos os reservistas de 1ª

e 2ª categorias, das classes de 1904 á 1923 para formar Escola Regimental, que compuseram a

Guarda Territorial, FEB e os Batalhões.

Em 1942, na declaração de guerra aos países do Eixo, foi enviada para Itália, junto ao

5° Exército norte-americano, a FEB e a FAB entre julho de 1944 até o final da guerra. O 23°

BC atuou a partir de 25 de abril de 1944, sendo responsável por mobiliar e re-completar a

criada 3ª Brigada de Infantaria, na praça de Fortaleza-CE. Em uma reunião para os oficiais, o

General de Divisão Estevão Leitão de Carvalho abordou a importância da cidade de Fortaleza

nas Operações de Guerra, que juntamente com a cidade de Natal acolheriam tropas

americanas. Estas se dirigiam para África e controlaria o tráfego no oceano Atlântico Sul.

Atuou também durante a 2° Grande Guerra, mantendo a vigilância da costa cearense e

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contribuindo com um contingente para FEB, que foram para a Itália, em face da situação

internacional (atitude de Vargas) de declarar Guerra aos países do Eixo, durante os

acontecimentos econômicos, morais e políticos.

Após novas inspeções do Comandante da 7ª RM, General Mascarenhas de Moraes, o

23° BC inicia a preparação de instrução de marchas e manobras. Cumprindo o programa de

instrução militar fornecido pelo Exército Americano e Ministério da Guerra Brasileiro, e em

17 de agosto e 1944 volta a ser tipo 3, constituído por 3(três) companhias de fuzileiros, 1

(uma) companhia de metralhadoras, um pelotão de extranumerário,e um pelotão de

esclarecedores montados. Sendo vários oficiais designados a realizar trabalhos sobre a guerra

atual em Boletim Regimental.

A crise do Estado Novo, com o retorno da FEB e FAB, e junto os membros do 23° BC

um contingente de oficiais e praças que se deslocaram para a Itália em dezembro de 1944

compondo a FEB.

[...] criou uma situação insólita: combatia-se a ditadura fascista na Europa enquanto, no Brasil, mantinha-se um regime ditatorial inspirado nesse mesmo fascismo. Lembremos ainda que, em 1945, Vargas completaria seu 15° ano no poder e, por mais que o seu governo representasse um sucesso do ponto de vista econômico, um certo desgaste era inevitável. (VICENTINO; DORIGO, 1997, p.373).

Temendo uma guinada à esquerda por parte de Vargas, o Exército, em outubro de

1945, através de seus comandantes Góis Monteiro e Dutra, acabou por desencadear um golpe,

derrubando o presidente e garantindo a realização de eleições sem a participação de Vargas.

Encerrava-se o Estado Novo.

No Regime Liberal Populista (1945-1964), o 23° BC trabalhou para a sociedade

cearense servindo de exemplo cívico, em face do movimento social e turbulência político-

social, inaugurando a pedra fundamental da Escola Infantil Paulo Sarasate. Esta prestou

serviços á sociedade transmitindo educação a alunos e alunas de todas as classes sociais. No

mesmo ano, em 1956, também foi erguido na entrada do quartel um pedestal ao herói

nacional, General Antônio Sampaio. Este que é o patrono da Infantaria Brasileira, símbolo

histórico da bravura do povo cearense. Testemunhado por sua atuação heróica e gloriosa na

guerra do Paraguai, onde morreu após ser ferido na Batalha de Tuiuty. Posteriormente foi

entregue à propriedade da praça erguida em sua homenagem a prefeitura da cidade de

Fortaleza.

Ainda nesse período, o quartel por determinação da justiça eleitoral é autorizado pelo

Presidente da República a atuar em diversos municípios do interior, ou nos outros Estados

vizinhos. Tal atuação tinha por finalidade garantir o pleito e manter a ordem, pois a política de

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governo era tímida, com intervencionismo que se alicerçava sob uma frágil base ideológica. O

projeto nacionalista de combate às desigualdades, utilizava a campanha “O petróleo é nosso”.

Nesta oportunidade a população estava com medo da bipolaridade, entre blocos Americanos e

Soviéticos, tornando-se apreensiva quanto a que posição o governo tomaria partido. Tomando

posse Getúlio Vargas em segundo governo.

Em 29 de setembro de 1954, com o término deste governo o 23°BC por solicitação do

Tribunal Regional Eleitoral – CE deslocou-se para Juazeiro do Norte, Missão Velha, Brejo

dos Santos, Assaré e Jaguaribe. Assim, poderia assegurar o pleito eleitoral, que era disputado

por vários candidatos de linhas ideológicas distintas como: Juscelino Kubitschek, pelo PSD;

João Goulart, pelo PTB; Juarez Távora, pela UDN e Ademar de Barros, que havia firmado

acordo com Getúlio antes de sua morte.

Já na sua face humanitária, o 23°BC trabalha pela primeira vez em operações de apoio

a calamidades públicas que atingiram o Ceará em 1944, 1949 e 1960, nas respectivas cidades

de Lavras de Mangabeira, Fortaleza e Orós, onde prestaram socorro e auxilio aos

desabrigados dos alagamentos e enchentes. O 23°BC aproveitou os avanços econômicos do

Exército pela disponibilidade de recursos, conseqüência do plano de Metas do governo do

Presidente Juscelino Kubitschek. Fase esta que recebeu boa quantidade de material bélico

novo, materializando os feitos históricos do Coronel Pedro Ângelo, que morreu durante o

exercício do comando construindo e inaugurando o Estádio do Batalhão com seu nome em

sua homenagem em 1958.

Em 1959, o 23°BC adota novo Quadro de Organização para combate, que foi

publicado no Boletim Reservado do Exército n° 4, de 30 de Abril de 1959. Ocasião, que pelos

anos seguintes os quadros se adestraram para adequação da nova formação, entrando em

prontidão em 8 de junho de 1961, quando estudantes em Recife deflagram uma greve. Neste

período o presidente e vice aproximam-se do bloco socialista, com encontros com Fidel

Castro e visita a China. Oportunidade que após a renúncia de Jânio a presidência em 1961, o

novo presidente João Gourlart implantou o parlamentarismo no Brasil. O Presidente causa

junto com o governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, uma situação à beira de uma

guerra civil, que em face da corrupção e descontentamento no País, forçam a sociedade

Brasileira a manifestar-se na “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”. Foi este o

estopim do golpe militar de 1° de abril de 1964.

Em 1964, iniciam os anos de chumbo (1964 – 1985). O Batalhão constituiu um só

bloco na defesa da Revolução Democrática em 31 de março. Participou eficientemente para a

vitória do movimento, contra a subversão e a corrupção instalada em vários grupos sociais da

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sociedade cearense. Realizou várias missões de busca e apreensão, auto de prisão em flagrante

delito, convocações para explicações e interrogatórios, utilizando para estas missões todo seu

quadro disponível de pessoal militar, entre eles, os músicos.

O 23°BC passou a situação Extraordinária de “Prontidão Rigorosa” em 31 de março

de 1964. Aguarda ordens do Comandante da 10ª Região Militar, para realizar ações contra

veiculadores e pregadores Comunistas. Oportunidade que aderiu ao Movimento

Revolucionário de Minas Gerais, empreendendo em 7 de abril uma caçada a três agitadores,

que findou em 9 de abril, com a prisão total de 11 (onze) cidadãos: estudantes, líderes

comunistas e ex-parlamentares. Saiu da situação Extraordinária em 18 de abril. Sendo visitado

entre 6 à 8 de dezembro pelo ministro da guerra.

Ficaram trancafiados na época os presos políticos nas instalações no 23º Batalhão de

Caçadores, na Central de Polícia Militar e no Forte de Nossa Senhora de Assunção. No

Quartel do 23º BC, um grande pavilhão foi dividido em dois compartimentos com áreas de

comunicação, para duas alas destinadas aos presos, com mais de setenta vagas. Os presos

políticos pertenciam a diferentes classes (camadas sociais) da sociedade cearense.

Segundo Bonavides, eram deputados, professores, médicos, operários, advogados, jornalistas, estudantes, camponeses, funcionários públicos, etc., separados de acordo com a lei, em “presos políticos titulados” e “não titulados”. O fato da prisão dos titulados encontrar-se defronte à dos não titulados, onde estavam encarcerados operários, camponeses, estudantes e funcionários públicos, despertava “a veia humorística” cearense. E, assim, o compartimento dos titulados recebeu a designação de “Aldeota”, bairro de Fortaleza onde residem, predominantemente, a classe média alta e a elite política e empresarial; o compartimento dos “não titulados” passou a ser designado “Pirambu”, bairro da zona urbana de Fortaleza, onde residem trabalhadores e favelados. (CORTEZ).

Com o envio dos primeiros presos para a prisão na Ilha de Fernando de Noronha, em

13 de maio de 64, criou-se apreensão entre os que permaneceram no presídio do Quartel do

23º Batalhão de Caçadores do Ceará. Um dos primeiros foi o ex-vereador da cidade de

Fortaleza, Tarcísio Leitão, e do líder sindical Moura Beleza, pois os Inquéritos Policiais

Militares começavam a ser concluídos e a permanência dos presos no 23°BC era temporária e

intermediária. Estas instalações serviriam de prisão, apenas até a conclusão dos Inquéritos e

os presos seriam levados para as cadeias ou para a ilha de Fernando de Noronha.

Em 1972, o 23° BC participou com efetivos de militares, reforçando outros quartéis,

que atuavam na área das operações de contraguerrilha, na região de Xambioá (norte de Goiás,

atualmente Tocantins região de fronteira com o estado do Pará). No dia 26 de agosto de 1972,

deslocou-se para Teresina a 1ª Companhia do 23°BC, que integraria o 25°BC/Operações.

Tropa que seguiu para Xambioá, retornando em 11 de outubro. Foi publicado em 30 de

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novembro de 1973, no Boletim Interno do 23°BC o itinerário da 1ª Companhia, quando

compunha o efetivo do 25°BC da 3ª Brigada de Infantaria. No mesmo ano, nos dia 9 e 14 de

julho, na cidade de Fortaleza, o 23° BC junto com a sociedade local tomou parte da Guarda de

Honra em homenagem a 1ª transladação dos restos mortais das seguintes personalidades: de

D. Pedro I, do Ex-Presidente Castello Branco e D. Argentina. Também participando do Ato

Cívico Nacional que ocorreu na Praça do Ferreira, centro da cidade.

Já a Guerrilha Rural, a exemplo de Cuba, queria criar uma área liberada na Amazônia. E o Gen. Médici, também a liquidou no seu Governo. E eu, naquele período do seu Governo, (1971-1974), servindo no Estado Maior da 10ª RM, (CE), ajudei a organizar um Batalhão formado com uma Companhia de Combate do 23 BC,CE, uma do 24 BC,MA, e com uma Companhia de Combate e outra de Comando do 25 BC,PI, batalhão que assim composto, foi colocado sob o Comando do Cel. Eider Nogueira Mendes, Cmt. 25 BC, (Turma de 1948). E este batalhão seguiu para Xambioá para enfrentar e derrotar a Guerrilha Rural que atuava naquela região entre outras que operavam na Amazônia, todas como já disse antes, derrotadas pelo Gen. Médici no seu Governo.(KERTH, 2009)

A 1° de janeiro de 1974, o 23°BC cria mais uma Sub-Unidade em substituição a 2°

Companhia destacada em Crateús, que estava desvinculada do efetivo do quartel, haja vista

sua autonomia administrativa. Empregando-a na recepção do Presidente da República,

General Ernesto Geisel, que visitou a capital cearense nos dias 12 e 13 de maio de 1977.

O Brasil Atual (1985 -2009) foi um período em que o Brasil se readaptou a instalação

de um novo governo, sem a presença de militares, onde tanto aliados e oponentes do governo

buscavam a globalização capitalista, haja vista a queda do socialismo e o crescimento da

produção industrial e tecnológica. Ocasião que o neoliberalismo americano, trouxe inflação ao

Brasil e a necessidade de planos econômicos que destruiriam o parque bélico nacional.

O 23° BC durante todo este período, como no restante do Exército, foi colocado de

lado pelos governos, provocando até hoje a paulatina falta de investimentos, o que causou o

sucateamento e tornando obsoleto o material bélico brasileiro. Restando ao Batalhão cumprir

os planos de instrução básica, de qualificação e adestramento, entretanto, recebe em 1996

algumas viaturas novas.

Passa a focar suas ações também em outras atividades junto a órgãos civis em

operações institucionais, assistências e subsidiárias. Dentre elas podemos citar: OPEFOR (Dia

do Ancião), em 22 de maio de 1996; recepção dos restos mortais do Brigadeiro Antonio de

Sampaio, em 16 e 17 de dezembro de 1996; Segurança de Área destinada a Chefes de Estado

participantes do “MERCOSUL”, em 07 de Janeiro de 1998; Inauguração do Museu Marechal

Castello Branco; Projeto Universidade Solidária; inclusão do quartel nas atividades em busca

da qualidade total (Programa do governo federal); PRODEA (Programa de Distribuição de

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Alimentos); Operação Faxeiro, junto á rede ferroviária; Segurança dos participantes da XLIII

Reunião do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), realizada nesta capital;

diversas Operações Saudade, revivendo aos civis e Oficiais da reserva os tempos de caserna;

operações de segurança das eleições no interior do estado e estados vizinhos; ACISO (Ações

Cívicas Sociais); e operações de apoio aos atingidos por enchentes e Carros Pipa, para

abastecer a população atingida pela estiagem no Nordeste.

No ano de 1997, pela primeira vez, o 23°BC prepara-se e adequa-se para receber e

realizar o Estágio de Adaptação e Serviço (EAS), onde os instruídos são compostos em parte

por um seguimento feminino.

Em 11 de janeiro de 2006, foi publicada no Jornal a preparação do 23° BC para

compor o efetivo do nordestino na missão de paz no Haiti. Efetivo que estava sob

coordenação tática da 10ª Brigada de Infantaria Motorizada, sediada em Recife - PE. O

23°BC iria compor um pelotão de fuzileiros, que foi comandando pelo 1° Tenente Humberto.

O pelotão do 23ºBC foi composto por 16 soldados, oito cabos, quatro sargentos e um tenente;

que foram enviados ao Haiti pela Organização das Nações Unidas (ONU). O objetivo da

missão era manter a estabilidade do local e participar de ações humanitárias para melhorar as

condições de vida do povo haitiano, ocasião que teve seu retorno também publicado no

Boletim Interno do 23°BC, no final de 2006, após a chegada da tropa, e a devida dispensa

como recompensa, no ano de 2007.

[...] Atualmente 41 pré-selecionados estão sendo submetidos a uma bateria de exames físicos, psicológicos e a uma peneira burocrática administrativa. Em princípio, do 23º Batalhão de Caçadores (23º BC) estão relacionados 25 homens. Dois tenentes concorrem a vaga de comandante do pelotão do Ceará. O outro ficará na reserva, podendo também integrar as forças de paz caso seja necessário. (O POVO, 2006)

3. CONCLUSÃO

O 23° Batalhão de Caçadores, herdeiro das tradições do General Sampaio,

Patrono da Infantaria Brasileira, vive em constante preparação para o combate, instruindo e

adestrando seus homens. Não só isso, o Batalhão Marechal Castello Branco, como todo o

Exército Brasileiro, participa também de atividades complementares, tais como: controle da

distribuição de alimentos para populações carentes, apoio a campanhas de vacinação,

integração da criança com a sociedade, apoio aos idosos e tantas outras. Por tudo isso é que o

23° BC faz parte da história do Brasil e do Ceará, há 120 anos desde sua criação. Estando há

94 anos em terras cearenses, e 90 anos integrando à comunidade, construindo a sua própria

história com sua denominação atual na cidade de Fortaleza-CE.

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