caÇadores de histÓrias

44
45 SALVADOR DOMINGO 26/9/2010 #130 / DOMINGO, 26 DE SETEMBRO DE 2010 REVISTA SEMANAL DO GRUPO A TARDE JOSÉ MEDRADO TORTA BÚLGARA MODA DE RUA COSME E DAMIÃO VINHOS « Indiana Jones do ARQUIVO Pesquisadores, liderados por Urano Andrade, buscam documentos raros no Arquivo Público

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Revista Muito 130 Jornal A TARDECaçadores de Histórias Urano Andrade

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Page 1: CAÇADORES DE HISTÓRIAS

44 SALVADOR DOMINGO 26/9/2010 45SALVADOR DOMINGO 26/9/2010

#130 / DOMINGO, 26 DE SETEMBRO DE 2010REVISTA SEMANAL DO GRUPO A TARDE

JOSÉ MEDRADO TORTA BÚLGARA MODA DE RUA COSME E DAMIÃO VINHOS «

Indiana Jones doARQUIVOPesquisadores, liderados por Urano Andrade,buscam documentos raros no Arquivo Público

Page 2: CAÇADORES DE HISTÓRIAS

2 SALVADOR DOMINGO 26/9/2010 3SALVADOR DOMINGO 26/9/2010

CARTUM [email protected]

UranoAndradeéumcaçador dehistórias. Ao ladodeumaequipe formadapor Jetro doCarmo,

Cândido Domingues e Jacira Santos Pinto, ele é uma espécie de Indiana Jones do Arquivo

Público da Bahia, que completa 120 anos em 2010. O repórter Vitor Pamplonamostra o tra-

balho deste grupo que, ao vasculhar o passado, desenterra informações perdidas há séculos

e ajuda a resolver questões atuais. Omédium JoséMedrado conversa coma repórter Tatiana

Mendonça sobre espiritismo. Esta edição traz, ainda, outras surpresas.Muito, a partir desta

semana, vem com novas e deliciosas seções: as colunas Muitíssimo, com notícias exclusivas sobre persona-

lidades, assinada por Ronaldo Jacobina, e Vinhos, na qual Regina Bochicchio dá dicas sobre esta bebida dos

deuses, cada vez mais presente no cotidiano da Bahia. Boa leitura. Nadja Vladi, editora-coordenadora

Page 3: CAÇADORES DE HISTÓRIAS

2 SALVADOR DOMINGO 26/9/2010 3SALVADOR DOMINGO 26/9/2010

CARTUM [email protected]

UranoAndradeéumcaçador dehistórias. Ao ladodeumaequipe formadapor Jetro doCarmo,

Cândido Domingues e Jacira Santos Pinto, ele é uma espécie de Indiana Jones do Arquivo

Público da Bahia, que completa 120 anos em 2010. O repórter Vitor Pamplonamostra o tra-

balho deste grupo que, ao vasculhar o passado, desenterra informações perdidas há séculos

e ajuda a resolver questões atuais. Omédium JoséMedrado conversa coma repórter Tatiana

Mendonça sobre espiritismo. Esta edição traz, ainda, outras surpresas.Muito, a partir desta

semana, vem com novas e deliciosas seções: as colunas Muitíssimo, com notícias exclusivas sobre persona-

lidades, assinada por Ronaldo Jacobina, e Vinhos, na qual Regina Bochicchio dá dicas sobre esta bebida dos

deuses, cada vez mais presente no cotidiano da Bahia. Boa leitura. Nadja Vladi, editora-coordenadora

Page 4: CAÇADORES DE HISTÓRIAS

ÍNDICE 26.9.2010

FUNDADO EM 15/10/1912 FUNDADOR ERNESTO SIMÕES FILHO PRESIDENTE REGINA SIMÕES DE MELLO LEITÃO SUPERINTENDENTE RENATOSIMÕES DIRETOR-GERAL EDIVALDO M. BOAVENTURA EDITOR-CHEFE FLORISVALDO MATTOS EDITORA-COORDENADORA NADJA VLADI EDITORAKÁTIA BORGES EDITORES DE ARTE PIERRE THEMOTHEO E IANSÃ NEGRÃO EDITOR DE FOTOGRAFIA CARLOS CASAES DESIGNER ANA CLÉLIAREBOUÇAS. TRATAMENTO DE IMAGEM ADENOR PRIMO. FALE COM A REDAÇÃO WWW.ATARDE.COM.BR/MUITO E-MAIL: [email protected], 71 3340-8800 (CENTRAL) / 71 3340-8990 (ALÔ REDAÇÃO) CLASSIFICADOS POPULARES 71 3533-0855 /[email protected] / WWW.ATARDE.COM.BR VENDAS DE ASSINATURAS BAHIA E SERGIPE (71) 3533-0850 REPRESENTANTE PARA TODO OPAÍS PEREIRA DE SOUZA E CIA. LTDA. / RIO DE JANEIRO 21 2544 3070 / SÃO PAULO 11 3259 6111 PROPRIEDADE DA EMPRESA EDITORA A TARDE/ SEDE: RUA PROF. MILTON CAYRES DE BRITO, Nº 204 - CAMINHO DAS ÁRVORES, CEP 41822-900 - SALVADOR - BA. REDAÇÃO: (71) 3340-8800,PABX: (71) 3340-8500. FAX: (71) 3340-8712/8713. PUBLICIDADE: (71) 3340-8757/8731. FAX 3340-8710. CIRCULAÇÃO: (71) 3340-8612. FAX3340-8732. REPRESENTANTES COMERCIAIS / SÃO PAULO (SP) RUA ARAÚJO, 70, 7º ANDAR, CEP 01200-020. (11) 3259-6111/6532. FAX (11)3237-2079 SERGIPE E ALAGOAS GABINETE DE MÍDIA & COMUNICAÇÃO LTDA. RUA ÁLVARO BRITO, 455, SALA 35, BAIRRO 13 DE JULHO, CEP49.020-400 - ARACAJU - SE - TELEFONE: (79)3246-4139 / (79)9978-8962 BRASÍLIA(DF) SCS, QD. 1, ED. CENTRAL, SALAS 1001 E 1008 CEP70304-900. (61) 3226-0543/1343 A TARDE É ASSOCIADA À SOCIEDADE INTERAMERICANA DE IMPRENSA (SIP), AO INSTITUTO VERIFICADOR DECIRCULAÇÃO (IVC) E É MEMBRO FUNDADOR DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS JORNAIS (ANJ) IMPRESSÃO QUEBECOR WORLD RECIFE LTDA

ABRE ASPAS José Medrado fala sobrea popularização do espiritismo na mídia

08

CAPA A caça ao tesouro, em livros edocumentos raros, no Arquivo Público

22

GASTRÔ A origem da torta búlgara, umenigma que desafia os especialistas

38

FOTOS MARCO AURÉLIO MARTINS / AG A TARDE

07 BIOA atriz baiana NandaLisboa estreia na TV emAraguaia, novela das 18horas da Globo

14 MUITÍSSIMOChristian Cravo lança livrosobre o Haiti em NovaYork, e tudo sobre anova San Sebastian

16 MODAUm passeio pelo Centrode Salvador em umensaio com a modeloLorraine Cruz

37 VINHOSProdução do Vale do SãoFrancisco conquistanorte-americanos,baianos e franceses

O historiadore pesquisadorUranoAndrade noArquivoPúblico daBahia em fotode IracemaChequer »

MAKINGOF,VÍDEO

SEFO

TOSEM

REVISTAMUITO.ATARDE.CO

M.BR

SUGESTÕ

ES,CRÍTICAS:

[email protected]

M.BR

SIGAAMUITOEM

:TW

ITER.COM/REVISTAMUITO

COMENTÁRIOS Mande suas sugestões e comentários para [email protected] «

_Pai Balbino 1 Amei a entrevista

com o nosso Balbino. Ele é coisa da Bahia.

Que o baiano absorva que é um

privilegiado no concerto domundo. Axé

para as inspiradíssimas criaturas que

fazem a revista. Thereza Lima de Jesus

_Pai Balbino 2 Gostaria de

parabenizar os jornalistasMarcos Dias e

Marco AurélioMartins pela excelente

entrevista com o babalorixá Balbino. É

essencial mostrar sacerdotes de religiões

marginalizadas como é o candomblé.

Balbinome pareceu um homemhonrado

e inteligente. Fábio Damasceno

_Pai Balbino 3 Quero

parabenizarMuito pela excelente

entrevista com o babalorixá Balbino

Daniel de Paula, que nos deu uma

verdadeira aula sobre o candomblé e a

força dos orixás. Lígia Santiago

NELSONNETO/DIVULGAÇÃO

Ticiana Villas-Boas e Fábio Malheiros

_Fabrício Boliveira Não canso

de elogiar as edições deMuito. Tenho

orgulho por ter emminha terra uma

revista com conteúdo tão rico e que

valoriza a prata da casa. A reportagem

como ator Fabrício Boliveira estava

simplesmente fora de série.Náira Silva

_Erramos A foto do casamento de

Ticiana Villas-Boas e FábioMalheiros, feita

por Nelson Neto, não foi devidamente

creditada namatéria A Bela da Noite,

publicada emMuito. Republicamos a

imagemnesta edição com o devido

crédito do profissional.

Page 5: CAÇADORES DE HISTÓRIAS

ÍNDICE 26.9.2010

FUNDADO EM 15/10/1912 FUNDADOR ERNESTO SIMÕES FILHO PRESIDENTE REGINA SIMÕES DE MELLO LEITÃO SUPERINTENDENTE RENATOSIMÕES DIRETOR-GERAL EDIVALDO M. BOAVENTURA EDITOR-CHEFE FLORISVALDO MATTOS EDITORA-COORDENADORA NADJA VLADI EDITORAKÁTIA BORGES EDITORES DE ARTE PIERRE THEMOTHEO E IANSÃ NEGRÃO EDITOR DE FOTOGRAFIA CARLOS CASAES DESIGNER ANA CLÉLIAREBOUÇAS. TRATAMENTO DE IMAGEM ADENOR PRIMO. FALE COM A REDAÇÃO WWW.ATARDE.COM.BR/MUITO E-MAIL: [email protected], 71 3340-8800 (CENTRAL) / 71 3340-8990 (ALÔ REDAÇÃO) CLASSIFICADOS POPULARES 71 3533-0855 /[email protected] / WWW.ATARDE.COM.BR VENDAS DE ASSINATURAS BAHIA E SERGIPE (71) 3533-0850 REPRESENTANTE PARA TODO OPAÍS PEREIRA DE SOUZA E CIA. LTDA. / RIO DE JANEIRO 21 2544 3070 / SÃO PAULO 11 3259 6111 PROPRIEDADE DA EMPRESA EDITORA A TARDE/ SEDE: RUA PROF. MILTON CAYRES DE BRITO, Nº 204 - CAMINHO DAS ÁRVORES, CEP 41822-900 - SALVADOR - BA. REDAÇÃO: (71) 3340-8800,PABX: (71) 3340-8500. FAX: (71) 3340-8712/8713. PUBLICIDADE: (71) 3340-8757/8731. FAX 3340-8710. CIRCULAÇÃO: (71) 3340-8612. FAX3340-8732. REPRESENTANTES COMERCIAIS / SÃO PAULO (SP) RUA ARAÚJO, 70, 7º ANDAR, CEP 01200-020. (11) 3259-6111/6532. FAX (11)3237-2079 SERGIPE E ALAGOAS GABINETE DE MÍDIA & COMUNICAÇÃO LTDA. RUA ÁLVARO BRITO, 455, SALA 35, BAIRRO 13 DE JULHO, CEP49.020-400 - ARACAJU - SE - TELEFONE: (79)3246-4139 / (79)9978-8962 BRASÍLIA(DF) SCS, QD. 1, ED. CENTRAL, SALAS 1001 E 1008 CEP70304-900. (61) 3226-0543/1343 A TARDE É ASSOCIADA À SOCIEDADE INTERAMERICANA DE IMPRENSA (SIP), AO INSTITUTO VERIFICADOR DECIRCULAÇÃO (IVC) E É MEMBRO FUNDADOR DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS JORNAIS (ANJ) IMPRESSÃO QUEBECOR WORLD RECIFE LTDA

ABRE ASPAS José Medrado fala sobrea popularização do espiritismo na mídia

08

CAPA A caça ao tesouro, em livros edocumentos raros, no Arquivo Público

22

GASTRÔ A origem da torta búlgara, umenigma que desafia os especialistas

38

FOTOS MARCO AURÉLIO MARTINS / AG A TARDE

07 BIOA atriz baiana NandaLisboa estreia na TV emAraguaia, novela das 18horas da Globo

14 MUITÍSSIMOChristian Cravo lança livrosobre o Haiti em NovaYork, e tudo sobre anova San Sebastian

16 MODAUm passeio pelo Centrode Salvador em umensaio com a modeloLorraine Cruz

37 VINHOSProdução do Vale do SãoFrancisco conquistanorte-americanos,baianos e franceses

O historiadore pesquisadorUranoAndrade noArquivoPúblico daBahia em fotode IracemaChequer »

MAKINGOF,VÍDEO

SEFO

TOSEM

REVISTAMUITO.ATARDE.CO

M.BR

SUGESTÕ

ES,CRÍTICAS:

[email protected]

M.BR

SIGAAMUITOEM

:TW

ITER.COM/REVISTAMUITO

COMENTÁRIOS Mande suas sugestões e comentários para [email protected] «

_Pai Balbino 1 Amei a entrevista

com o nosso Balbino. Ele é coisa da Bahia.

Que o baiano absorva que é um

privilegiado no concerto domundo. Axé

para as inspiradíssimas criaturas que

fazem a revista. Thereza Lima de Jesus

_Pai Balbino 2 Gostaria de

parabenizar os jornalistasMarcos Dias e

Marco AurélioMartins pela excelente

entrevista com o babalorixá Balbino. É

essencial mostrar sacerdotes de religiões

marginalizadas como é o candomblé.

Balbinome pareceu um homemhonrado

e inteligente. Fábio Damasceno

_Pai Balbino 3 Quero

parabenizarMuito pela excelente

entrevista com o babalorixá Balbino

Daniel de Paula, que nos deu uma

verdadeira aula sobre o candomblé e a

força dos orixás. Lígia Santiago

NELSONNETO/DIVULGAÇÃO

Ticiana Villas-Boas e Fábio Malheiros

_Fabrício Boliveira Não canso

de elogiar as edições deMuito. Tenho

orgulho por ter emminha terra uma

revista com conteúdo tão rico e que

valoriza a prata da casa. A reportagem

como ator Fabrício Boliveira estava

simplesmente fora de série.Náira Silva

_Erramos A foto do casamento de

Ticiana Villas-Boas e FábioMalheiros, feita

por Nelson Neto, não foi devidamente

creditada namatéria A Bela da Noite,

publicada emMuito. Republicamos a

imagemnesta edição com o devido

crédito do profissional.

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6 SALVADOR DOMINGO 26/9/2010 7SALVADOR DOMINGO 26/9/2010

BIO NANDA LISBOA Uma joiabem baiana

Texto TATIANA MENDONÇA [email protected]

A baiana Fernanda Lisboa, 21, começou a

fazer cursos de interpretação para dar con-

ta das diferentes personagens que encar-

nava em comerciais de TV e ensaios foto-

gráficos.Modelodesdeos11,foimorarem

SãoPaulo ainda adolescente, aos 16, para

tentara sortegrande.Oprofessordocurso

de teatro acabou convidando-a para inte-

grar o elenco da peça A Dama do Cabaré,

que estreou em junho do ano passado.

QuandosoubequeaGloboestavacom“ca-

rência de atrizes negras”, foi lá deixar seu

currículo. Um ano esperando, e nada. “Já

tinha desencanado”. Mas eis que, depois

deumasemanaatribuladadetrabalho,viu

à noite o e-mail da produtora da emissora

chamando-a para fazer um teste para Ara-

guaia, nova novela das seis, que estreia

amanhã. “O teste era no dia seguinte, no

Rio.Liguei chorandoparaminhamãe,com

medo de não dar tempo. Mas aí ela me

acalmou... Copiei o texto, arrumeia sacola

e corri para o aeroporto”. Concorreu com

atrizes que já trabalhavam na Globo, mas

saiu confiante. Um mês depois, recebeu

uma ligação dizendo que o papel era seu.

Nanda foi acompanhada por um fonoau-

diólogo para suavizar seu sotaque “meio

paulista,meiobaiano”e, em junho, come-

çouagravar.“Foibemintenso.Aindaestou

me adaptando. Minha experiência como

atriz é curta, mas a equipe ajuda muito”.

Natrama,elaseráAmetista,adoceirmãdo

meio das “joias doAraguaia” – as três têm

nomes de pedras preciosas. «

JOÃO MIGUEL JÚNIOR / TV GLOBO / DIVULGAÇÃO

MUITO INDICA SARAU DE PANELA

Felicidade urgenteA ideia original era fazer um resgate daquelas comidinhas populares maravilhosas, como maxixada, vatapá, anduzada, moqueca de

camarão com cenoura, rabada com molho lambão, com aquele dom e pegada típicos do Recôncavo. E o que era para ser o projeto

ComidinhadePanelaacabou se transformandonoSaraudePanela, noespaço cultural ebar CasadaMãe,noRioVermelho, desdeo feliz

18 de julho. Todas as terças, o prato do dia é vendido por R$ 10, e quem vai lá dá de cara com artistas declamando poesia, cantando,

tocando e pintando o sete. “Tudo é bem espontâneo”, afirma a produtora LuziaMoraes, que resume a proposta como “microfone livre

e entrada livre”. O resultado, tambémmovido por roscas geniais, é a felicidade estampada na cara de todomundo.MARCOS DIAS «

REJANE CARNEIRO / AG. A TARDE

TIAGO LIMA / DIVULGAÇÃO

MATILDE, LA CAMBIADORA DE CUERPOSTexto de Fábio Espírito Santo, direção de HebeAlves, a peça leva ao palco do Teatro Vila Velhapersonagens de TV. De sexta a domingo, às 20h

DIVULGAÇÃO

VIVO ARTE.MOVO vídeo Pomba Gira, de Marcondes Dourado, éuma das atrações da mostra temática NE, noMAM. De 29 deste mês a 2 de outubro

DIVULGAÇÃO

PRÊMIO MARCANTONIO VILAÇAConstelações, de Rosana Ricalde, é uma dostrabalhos na mostra do Prêmio CNI SesiMarcantonio Vilaça. Até 14/11, no MAM

Page 7: CAÇADORES DE HISTÓRIAS

6 SALVADOR DOMINGO 26/9/2010 7SALVADOR DOMINGO 26/9/2010

BIO NANDA LISBOA Uma joiabem baiana

Texto TATIANA MENDONÇA [email protected]

A baiana Fernanda Lisboa, 21, começou a

fazer cursos de interpretação para dar con-

ta das diferentes personagens que encar-

nava em comerciais de TV e ensaios foto-

gráficos.Modelodesdeos11,foimorarem

SãoPaulo ainda adolescente, aos 16, para

tentara sortegrande.Oprofessordocurso

de teatro acabou convidando-a para inte-

grar o elenco da peça A Dama do Cabaré,

que estreou em junho do ano passado.

QuandosoubequeaGloboestavacom“ca-

rência de atrizes negras”, foi lá deixar seu

currículo. Um ano esperando, e nada. “Já

tinha desencanado”. Mas eis que, depois

deumasemanaatribuladadetrabalho,viu

à noite o e-mail da produtora da emissora

chamando-a para fazer um teste para Ara-

guaia, nova novela das seis, que estreia

amanhã. “O teste era no dia seguinte, no

Rio.Liguei chorandoparaminhamãe,com

medo de não dar tempo. Mas aí ela me

acalmou... Copiei o texto, arrumeia sacola

e corri para o aeroporto”. Concorreu com

atrizes que já trabalhavam na Globo, mas

saiu confiante. Um mês depois, recebeu

uma ligação dizendo que o papel era seu.

Nanda foi acompanhada por um fonoau-

diólogo para suavizar seu sotaque “meio

paulista,meiobaiano”e, em junho, come-

çouagravar.“Foibemintenso.Aindaestou

me adaptando. Minha experiência como

atriz é curta, mas a equipe ajuda muito”.

Natrama,elaseráAmetista,adoceirmãdo

meio das “joias doAraguaia” – as três têm

nomes de pedras preciosas. «

JOÃO MIGUEL JÚNIOR / TV GLOBO / DIVULGAÇÃO

MUITO INDICA SARAU DE PANELA

Felicidade urgenteA ideia original era fazer um resgate daquelas comidinhas populares maravilhosas, como maxixada, vatapá, anduzada, moqueca de

camarão com cenoura, rabada com molho lambão, com aquele dom e pegada típicos do Recôncavo. E o que era para ser o projeto

ComidinhadePanelaacabou se transformandonoSaraudePanela, noespaço cultural ebar CasadaMãe,noRioVermelho, desdeo feliz

18 de julho. Todas as terças, o prato do dia é vendido por R$ 10, e quem vai lá dá de cara com artistas declamando poesia, cantando,

tocando e pintando o sete. “Tudo é bem espontâneo”, afirma a produtora LuziaMoraes, que resume a proposta como “microfone livre

e entrada livre”. O resultado, tambémmovido por roscas geniais, é a felicidade estampada na cara de todomundo.MARCOS DIAS «

REJANE CARNEIRO / AG. A TARDE

TIAGO LIMA / DIVULGAÇÃO

MATILDE, LA CAMBIADORA DE CUERPOSTexto de Fábio Espírito Santo, direção de HebeAlves, a peça leva ao palco do Teatro Vila Velhapersonagens de TV. De sexta a domingo, às 20h

DIVULGAÇÃO

VIVO ARTE.MOVO vídeo Pomba Gira, de Marcondes Dourado, éuma das atrações da mostra temática NE, noMAM. De 29 deste mês a 2 de outubro

DIVULGAÇÃO

PRÊMIO MARCANTONIO VILAÇAConstelações, de Rosana Ricalde, é uma dostrabalhos na mostra do Prêmio CNI SesiMarcantonio Vilaça. Até 14/11, no MAM

Page 8: CAÇADORES DE HISTÓRIAS

8 SALVADOR DOMINGO 26/9/2010 9SALVADOR DOMINGO 26/9/2010

ABRE ASPAS JOSÉ MEDRADO MÉDIUM

«Há fantasia emassociar tudoaos espíritos»Texto TATIANA MENDONÇA [email protected] MARCO AURÉLIO MARTINS [email protected]

JoséMedrado,49,dormedequatroacincohoraspordia,masnãosequeixa.Diz jáestar

acostumado. Só assim consegue dar conta de tanto. O emprego no Tribunal Regional

do Trabalho, onde está há 29 anos; as gravações dos seus programas de rádio e TV

transmitidos na Bahia, em São Paulo e Minas; e as atividades no Cavaleiros da Luz,

centro espírita que fundou aos 17 anos e que acabou se transformando na Cidade da

Luz, complexo comescola, abrigo e ambulatóriomédico que no ano passado atendeu

250mil pessoas. “Não posso nem contar com o pneu furado, porque aí me atrapalha

a vida toda”. Aos 7 anos, Medrado passou a ver e escutar a avó, quemorreu antes de

ele nascer. O pai dizia que ele estava ficando maluco, o menino se calou. Aos 15, en-

quanto ouvia um professor de português descrever os “sintomas” da mediunidade,

pensava “essa coisa eu tenho, isso também...”. Foi umalívio saber que não era doido.

Nascido emuma família pobre – “comia tantomingau de cachorro que não sei comoé

que hoje eu falo em vez de latir” –, conseguiu formar-se em letras e filosofia pela Uni-

versidadeCatólicadoSalvador.Destaca-seentreosmédiunsqueproliferamnoPaíspor

falar de espiritismode uma forma leve e divertida. Ninguémmais se espanta quando,

no meio de uma palestra, cita como exemplo um personagem de novela (noveleiro

assumido, deixa gravando para não perder nenhum capítulo). Os quadros que pic-

tografa de pintores famosos, como Portinari, Monet e Van Gogh, já chegaram a ser

vendidos por R$ 10 mil. Em novembro, ele lança o quarto livro, Apontamentos em

psicologia – Uma proposta para melhorar a vida, de autoria do espírito Pablo Duran.

Mais de duas mil pessoas costumam as-

sistir à sua palestra nas terças-feiras,

atraídas pela forma descontraída com

que o senhor prega o espiritismo.

É verdade, eu inaugurei, digamos

assim, uma nova forma de pregar o

espiritismo, com mais alegria. Me

calçomuito noque escreveuopsicó-

logo americano James Hillman, de

que a sua história de vida não deve

ser a biografia de uma vítima. A ten-

dênciaéexatamenteessa,adesevi-

timizar, e em nome da religião tam-

bémvocêproporumdiscurso vitimi-

zado. Então, como isto serviu para

mim, comecei a falar para as pes-

soas. Aí foi se criando um processo

de empatia.

Mas o senhor também deve ser discrimi-

nado por quem acredita que a doutrina

deve ser tratada de formamais séria.

Ah,sim,sim,sim,sim.Omovimento

espírita oficial, entre aspas–porque

o espiritismo não tem hierarquia –,

me faz resistência, claro.

De que maneiras o senhor sente essa re-

sistência?

Eventos oficiais que eu não sou con-

vidado, tá entendendo? Ou então

qualquer posicionamento público

queeutenho,eaíelesvêmemecon-

tradizem... E eles não agem dessa

forma quando é um leigo falando

uma bobagem sobre espiritismo.

Quando você encontra, por exem-

plo, numposte umpanfleto de uma

‘cartomante espírita’. Aí não vem

ninguémpara explicar que ela pode

até ser cartomante, mas não pode

ser espírita, porque não se concilia

ser cartomantecomoespiritismo.Aí

você começa a perceber que é uma

Page 9: CAÇADORES DE HISTÓRIAS

8 SALVADOR DOMINGO 26/9/2010 9SALVADOR DOMINGO 26/9/2010

ABRE ASPAS JOSÉ MEDRADO MÉDIUM

«Há fantasia emassociar tudoaos espíritos»Texto TATIANA MENDONÇA [email protected] MARCO AURÉLIO MARTINS [email protected]

JoséMedrado,49,dormedequatroacincohoraspordia,masnãosequeixa.Diz jáestar

acostumado. Só assim consegue dar conta de tanto. O emprego no Tribunal Regional

do Trabalho, onde está há 29 anos; as gravações dos seus programas de rádio e TV

transmitidos na Bahia, em São Paulo e Minas; e as atividades no Cavaleiros da Luz,

centro espírita que fundou aos 17 anos e que acabou se transformando na Cidade da

Luz, complexo comescola, abrigo e ambulatóriomédico que no ano passado atendeu

250mil pessoas. “Não posso nem contar com o pneu furado, porque aí me atrapalha

a vida toda”. Aos 7 anos, Medrado passou a ver e escutar a avó, quemorreu antes de

ele nascer. O pai dizia que ele estava ficando maluco, o menino se calou. Aos 15, en-

quanto ouvia um professor de português descrever os “sintomas” da mediunidade,

pensava “essa coisa eu tenho, isso também...”. Foi umalívio saber que não era doido.

Nascido emuma família pobre – “comia tantomingau de cachorro que não sei comoé

que hoje eu falo em vez de latir” –, conseguiu formar-se em letras e filosofia pela Uni-

versidadeCatólicadoSalvador.Destaca-seentreosmédiunsqueproliferamnoPaíspor

falar de espiritismode uma forma leve e divertida. Ninguémmais se espanta quando,

no meio de uma palestra, cita como exemplo um personagem de novela (noveleiro

assumido, deixa gravando para não perder nenhum capítulo). Os quadros que pic-

tografa de pintores famosos, como Portinari, Monet e Van Gogh, já chegaram a ser

vendidos por R$ 10 mil. Em novembro, ele lança o quarto livro, Apontamentos em

psicologia – Uma proposta para melhorar a vida, de autoria do espírito Pablo Duran.

Mais de duas mil pessoas costumam as-

sistir à sua palestra nas terças-feiras,

atraídas pela forma descontraída com

que o senhor prega o espiritismo.

É verdade, eu inaugurei, digamos

assim, uma nova forma de pregar o

espiritismo, com mais alegria. Me

calçomuito noque escreveuopsicó-

logo americano James Hillman, de

que a sua história de vida não deve

ser a biografia de uma vítima. A ten-

dênciaéexatamenteessa,adesevi-

timizar, e em nome da religião tam-

bémvocêproporumdiscurso vitimi-

zado. Então, como isto serviu para

mim, comecei a falar para as pes-

soas. Aí foi se criando um processo

de empatia.

Mas o senhor também deve ser discrimi-

nado por quem acredita que a doutrina

deve ser tratada de formamais séria.

Ah,sim,sim,sim,sim.Omovimento

espírita oficial, entre aspas–porque

o espiritismo não tem hierarquia –,

me faz resistência, claro.

De que maneiras o senhor sente essa re-

sistência?

Eventos oficiais que eu não sou con-

vidado, tá entendendo? Ou então

qualquer posicionamento público

queeutenho,eaíelesvêmemecon-

tradizem... E eles não agem dessa

forma quando é um leigo falando

uma bobagem sobre espiritismo.

Quando você encontra, por exem-

plo, numposte umpanfleto de uma

‘cartomante espírita’. Aí não vem

ninguémpara explicar que ela pode

até ser cartomante, mas não pode

ser espírita, porque não se concilia

ser cartomantecomoespiritismo.Aí

você começa a perceber que é uma

Page 10: CAÇADORES DE HISTÓRIAS

10 SALVADOR DOMINGO 26/9/2010 11SALVADOR DOMINGO 26/9/2010

«Inaugurei uma nova forma de pregaro espiritismo, com mais alegria (...).O movimento espírita oficial,entre aspas, me faz resistência, claro»

coisarealmentedirecionada.Mas is-

so só serve como um desafio para

mim. Muitos dizem que eu sou pa-

lhaço, comose isso fosseumaagres-

são. Ao contrário, isso é um elogio

ao meu trabalho, porque a minha

proposta é exatamente fazer as pes-

soas refletirem com alegria, com

bom humor, para sair daquele este-

reótipodequeareligião temqueser

vivida na dor e no sofrimento. Eu

mexi comestruturas que estavamaí

há muitos anos, com padrões de

comportamento, então é aquela ve-

lha história... O novo sempre vem,

gera resistência e perseguição. Mas

a perseverança donovo termina por

aplacar ou pelo menos atenuar es-

ses movimentos.

Mas isso já chegou a incomodá-lo?

No início, sim, fiqueimuito triste. Fa-

lava: ‘Poxa, somos companheiros

de ummesmo ideal’. Mas hoje não.

Porque vi que a minha coragem de

mudar deu certo. Você quer ver?

Meu programa de televisão já tem

quase 14 anos. É um recorde mun-

dial.NaRádioMetrópole jáestouhá

oito anos. E as pessoas mandam

muitas, muitas perguntas. No pro-

grama de rádio, são mais de 40 por

dia. Não dou conta.

Acho curioso que nos seus programas o

senhor não leva tudo para o lado da re-

ligião. Outro dia, um homem disse que

estava deprimido e achava que era culpa

deumespíritoobsessor.Osenhoroacon-

selhou a procurar ummédico.

Issoémuitoaminhavisão. Eupenso

quereligiãoéparafazermelhor,não

éparaescravizar, nemparagerar se-

guidores. É para libertar.Meus estu-

dossempremepontuaramquenem

tudo é espírito, então eu não posso

pregar uma verdade diferente da

que seja o lastro das minhas convic-

ções. Procuro imprimir também

questões comportamentais, sem-

pre propondo às pessoas uma visão

macrodavida,nãoumavisãoestrei-

ta, embasada apenas em princípios

religiosos, porque eu acho que isso

mediocriza o ser humano.

Estando tão presente namídia, o senhor

nunca se questionou se sua figura estava

ficando ‘maior’ do que o que o senhor

prega?

Não... Quando começou uma onda

muito grande, eu passei a ver da se-

guinte maneira: os espíritos estão

cominteressenessaminhaformade

pregação, senão não estariam me

abrindo esses espaços todos. Não fi-

quei imaginando que eu estaria na

mídiaeaquiloviriadeencontroàmi-

nha proposta religiosa. Muito pelo

contrário, veio ao encontro.

O espiritismo é tema de dezenas de no-

velas,minissériesefilmes.Osenhoracre-

dita que, por conta da liberdade de cria-

ção, a doutrina fica deturpada?

Para mim, não é o espiritismo, são

questões espirituais, à exceção, cla-

ro, de filmes como Chico Xavier e

Nosso Lar. As demais produções vão

no rastro desse boom que começou

em 1990 com Ghost. Acho que isso

refleteessemomentodomundo.Se

você fizer um paralelo com as ques-

tões políticas e econômicas, é como

seofimdaUniãoSoviética represen-

tasse umgolpe nomaterialismo ab-

soluto,noqueparecia sera salvação

do mundo. As pessoas perderam o

que seria o rumo. Pronto, não resol-

veu nada, o caos se estabeleceu. En-

tãoaspessoas forambuscandoaou-

tra vertente, a espiritual. Essa éuma

buscamundial. Agora, claro,oBrasil

tem um caldo cultural que favorece

isso, por causada formaçãodopovo

brasileiro. Voltando à sua pergunta,

a licença poética existe, claro. Apa-

recem os anjos com asinhas, coisa

quenós não concebemos.Mas acho

válido, porque de qualquer forma

suscita o interesse, a discussão.

Li uma declaração sua dizendo que o es-

piritismo deveria sermenos fantasioso e

mais concreto. A que se referia?

Hámuitafantasiaemassociartudoà

interferência dos espíritos. Há uma

facilidadededizerqueumepiléptico

é assim porque tem uma mediuni-

dadenãocuidada... Entãoécomose

fosse uma vivência exacerbada, e as

pessoas terminamnão fazendoase-

paração entre o real e o fantasioso.

Mas como isso pode ser “separado”

quandoentramemcena,porexemplo,as

curas espirituais?

Adoutrina espírita se calça na razão.

Toda vez que algo foge à razão e ao

bomsenso, temqueservistocomre-

servas. E cabeaquemestáoferecen-

do esse tipo de tratamento um pou-

co de coerência. Fazer cirurgias espi-

rituais utilizando um bisturi e esse

bisturi passando por todo mundo...

Ah,nãosepodeacreditarqueaquilo

vai ficar imuneao contágio. Aminha

preocupação é exatamente essa,

que,emnomedofanatismoquesur-

ge, o espiritismo seja decomposto

na sua essência racional.

Como é a relação com os pintores famo-

sos que o senhor pictografa?

Nós fizemos um acerto de que no

momentoemqueeumeconcentrar,

vou fazer uma vibração direcionada

ao trabalho de pintura. O coordena-

dor da equipe espiritual que traba-

lhacomigoéRenoir.Entãoécomose

naquele momento eu acendesse

uma luz do lado de lá e eles dizes-

sem: ‘Olhe, Medrado se preparou,

vamos’. Então eu sinto um choque

queme percorre toda a coluna. Não

fico inconsciente, mas fico naquele

estágio como se fosse o sair de uma

anestesia geral. Você pode gritar

meu nome, mas eu ouço longe, co-

mosetivessenofimdeumtúnel.Eaí

me entrego ao transe. Não sei o que

vai serpintadonemquemvaipintar.

Deixoàdisposiçãodez telas, porque

há alguns anos, uma TV daHolanda

veio fazer umdocumentário comigo

e aí eu levei umas 40 telas para po-

der mostrar o trabalho. Eles só ter-

minaram quando pintei a última. Aí

não faço mais isso.

Li que o senhor se descobriumédiumou-

vindo um professor descrever os “sinto-

mas” damediunidade. Como foi isso?

Meu processo mediúnico começou

aos7anos. Euouvia e viaminhaavó

paterna, quenão conheci.Minha fa-

Page 11: CAÇADORES DE HISTÓRIAS

10 SALVADOR DOMINGO 26/9/2010 11SALVADOR DOMINGO 26/9/2010

«Inaugurei uma nova forma de pregaro espiritismo, com mais alegria (...).O movimento espírita oficial,entre aspas, me faz resistência, claro»

coisarealmentedirecionada.Mas is-

so só serve como um desafio para

mim. Muitos dizem que eu sou pa-

lhaço, comose isso fosseumaagres-

são. Ao contrário, isso é um elogio

ao meu trabalho, porque a minha

proposta é exatamente fazer as pes-

soas refletirem com alegria, com

bom humor, para sair daquele este-

reótipodequeareligião temqueser

vivida na dor e no sofrimento. Eu

mexi comestruturas que estavamaí

há muitos anos, com padrões de

comportamento, então é aquela ve-

lha história... O novo sempre vem,

gera resistência e perseguição. Mas

a perseverança donovo termina por

aplacar ou pelo menos atenuar es-

ses movimentos.

Mas isso já chegou a incomodá-lo?

No início, sim, fiqueimuito triste. Fa-

lava: ‘Poxa, somos companheiros

de ummesmo ideal’. Mas hoje não.

Porque vi que a minha coragem de

mudar deu certo. Você quer ver?

Meu programa de televisão já tem

quase 14 anos. É um recorde mun-

dial.NaRádioMetrópole jáestouhá

oito anos. E as pessoas mandam

muitas, muitas perguntas. No pro-

grama de rádio, são mais de 40 por

dia. Não dou conta.

Acho curioso que nos seus programas o

senhor não leva tudo para o lado da re-

ligião. Outro dia, um homem disse que

estava deprimido e achava que era culpa

deumespíritoobsessor.Osenhoroacon-

selhou a procurar ummédico.

Issoémuitoaminhavisão. Eupenso

quereligiãoéparafazermelhor,não

éparaescravizar, nemparagerar se-

guidores. É para libertar.Meus estu-

dossempremepontuaramquenem

tudo é espírito, então eu não posso

pregar uma verdade diferente da

que seja o lastro das minhas convic-

ções. Procuro imprimir também

questões comportamentais, sem-

pre propondo às pessoas uma visão

macrodavida,nãoumavisãoestrei-

ta, embasada apenas em princípios

religiosos, porque eu acho que isso

mediocriza o ser humano.

Estando tão presente namídia, o senhor

nunca se questionou se sua figura estava

ficando ‘maior’ do que o que o senhor

prega?

Não... Quando começou uma onda

muito grande, eu passei a ver da se-

guinte maneira: os espíritos estão

cominteressenessaminhaformade

pregação, senão não estariam me

abrindo esses espaços todos. Não fi-

quei imaginando que eu estaria na

mídiaeaquiloviriadeencontroàmi-

nha proposta religiosa. Muito pelo

contrário, veio ao encontro.

O espiritismo é tema de dezenas de no-

velas,minissériesefilmes.Osenhoracre-

dita que, por conta da liberdade de cria-

ção, a doutrina fica deturpada?

Para mim, não é o espiritismo, são

questões espirituais, à exceção, cla-

ro, de filmes como Chico Xavier e

Nosso Lar. As demais produções vão

no rastro desse boom que começou

em 1990 com Ghost. Acho que isso

refleteessemomentodomundo.Se

você fizer um paralelo com as ques-

tões políticas e econômicas, é como

seofimdaUniãoSoviética represen-

tasse umgolpe nomaterialismo ab-

soluto,noqueparecia sera salvação

do mundo. As pessoas perderam o

que seria o rumo. Pronto, não resol-

veu nada, o caos se estabeleceu. En-

tãoaspessoas forambuscandoaou-

tra vertente, a espiritual. Essa éuma

buscamundial. Agora, claro,oBrasil

tem um caldo cultural que favorece

isso, por causada formaçãodopovo

brasileiro. Voltando à sua pergunta,

a licença poética existe, claro. Apa-

recem os anjos com asinhas, coisa

quenós não concebemos.Mas acho

válido, porque de qualquer forma

suscita o interesse, a discussão.

Li uma declaração sua dizendo que o es-

piritismo deveria sermenos fantasioso e

mais concreto. A que se referia?

Hámuitafantasiaemassociartudoà

interferência dos espíritos. Há uma

facilidadededizerqueumepiléptico

é assim porque tem uma mediuni-

dadenãocuidada... Entãoécomose

fosse uma vivência exacerbada, e as

pessoas terminamnão fazendoase-

paração entre o real e o fantasioso.

Mas como isso pode ser “separado”

quandoentramemcena,porexemplo,as

curas espirituais?

Adoutrina espírita se calça na razão.

Toda vez que algo foge à razão e ao

bomsenso, temqueservistocomre-

servas. E cabeaquemestáoferecen-

do esse tipo de tratamento um pou-

co de coerência. Fazer cirurgias espi-

rituais utilizando um bisturi e esse

bisturi passando por todo mundo...

Ah,nãosepodeacreditarqueaquilo

vai ficar imuneao contágio. Aminha

preocupação é exatamente essa,

que,emnomedofanatismoquesur-

ge, o espiritismo seja decomposto

na sua essência racional.

Como é a relação com os pintores famo-

sos que o senhor pictografa?

Nós fizemos um acerto de que no

momentoemqueeumeconcentrar,

vou fazer uma vibração direcionada

ao trabalho de pintura. O coordena-

dor da equipe espiritual que traba-

lhacomigoéRenoir.Entãoécomose

naquele momento eu acendesse

uma luz do lado de lá e eles dizes-

sem: ‘Olhe, Medrado se preparou,

vamos’. Então eu sinto um choque

queme percorre toda a coluna. Não

fico inconsciente, mas fico naquele

estágio como se fosse o sair de uma

anestesia geral. Você pode gritar

meu nome, mas eu ouço longe, co-

mosetivessenofimdeumtúnel.Eaí

me entrego ao transe. Não sei o que

vai serpintadonemquemvaipintar.

Deixoàdisposiçãodez telas, porque

há alguns anos, uma TV daHolanda

veio fazer umdocumentário comigo

e aí eu levei umas 40 telas para po-

der mostrar o trabalho. Eles só ter-

minaram quando pintei a última. Aí

não faço mais isso.

Li que o senhor se descobriumédiumou-

vindo um professor descrever os “sinto-

mas” damediunidade. Como foi isso?

Meu processo mediúnico começou

aos7anos. Euouvia e viaminhaavó

paterna, quenão conheci.Minha fa-

Page 12: CAÇADORES DE HISTÓRIAS

12 SALVADOR DOMINGO 26/9/2010 13SALVADOR DOMINGO 26/9/2010

mília era católica, meu pai era da Ir-

mandadedeNossaSenhoradaCon-

ceição da Praia. Ele ficava dizendo

paraeudeixar amãedeledescansar

em paz. Houve essa repressão, se

chegou a dizer que eu pudesse ter

uma esquizofrenia... Aí eu me calei.

Aos15anos,eraalunodaPolíciaMi-

litar e estava fazendo uma prova de

português quando ouvi o professor

Benedito Araújo falando sobre sin-

tomasdamediunidade. Aí eu fui ou-

vindo e pensando essa coisa eu te-

nho, essa coisa eu tenho... Foi um

alívio saber que eu não era maluco.

Aí fui conversar comelee,namesma

noite, nós fomos ao centro espírita

MensageirosdaLuz.Depoisnós fun-

damos o Cavaleiros da Luz.

E sua família continuou contra?

Não. Minha mãe passou a me

apoiar. Meu pai ficou um pouco re-

sistente, mas não chegou mais a

criar nenhum obstáculo. É engraça-

do, porquedepois elepassouaacre-

ditar... Quando dava entrada no

hospital, pedia para que euavisasse

aDr. Bezerra – umespírito que é um

dosmentoresdaCidadedaLuz–que

eleestavainternado.Comoeletinha

muitomedodemorrer,eudiziabrin-

cando: ‘Meu pai, fique sossegado,

você só vaimorrer aos 120 anos”. Aí

quando os médicos chegavam, ele

falava: ‘Fiquem tranquilos, porque

Dr. Bezerra está aqui comigo e meu

filhodissequeeu sóvoumorrer com

120 anos’. (risos)

O senhor, Divaldo Franco e Chico Xavier,

para citar três médiuns famosos, não

constituíramumafamília tradicional.Por

que, no seu caso, isso não aconteceu?

Comecei a realizarmeu ideal de vida

muito precocemente, aos 17 anos,

coma fundaçãodo centro. Então vo-

cê vai se absorvendo, né, e hoje em

dia eu até penso assim: poxa, ainda

bem, porque seria muito difícil. Se-

ria uma zona de conflito para mim.

Como o senhor lida com amorte?

Meu pai morreu agora em maio, e

você sente a dor da perda do conví-

vio,masnãodaextinçãodavida.Sei

que a morte não existe, então esse

meu saberme conforta. Agora acho

uma bobagemquando alguns com-

panheirosespíritasdizem: ‘Nãocho-

re,quevaiperturbaroespírito’.Não,

chore sua saudade, a sua falta. É na-

tural. Agora, só não questione... O

comumédizer naquelaagonia: ‘Por

que você morreu?’. Poxa, a pessoa

não morreu porque quis, não é ver-

dade? É o processo da vida. «

«Eu penso que religião é para fazer melhor,não é para escravizar, nem para gerarseguidores. É para libertar. (...) Não possopregar uma verdade diferente»

ATALHO FAYOLA BAR

Moqueca do Recôncavono Rio Vermelho

Texto EMANUELLA SOMBRA [email protected] IRACEMA CHEQUER [email protected]

FAYOLA BAR: RuaAlexandre Gusmão,116, Rio Vermelho.Tel: 71 3018-1313DESTAQUE: servidacom arroz e farofa, amoqueca de feijão(R$ 22) pode seracompanhada por umdos 13 tipos de cervejaoferecidos norestaurante

Os apreciadores de moqueca agora podem dizer que comeram

uma novidade. A receita tradicional do Recôncavo – e cuja varie-

dade é tão pouco explorada na capital – ganhou mais um lugar

para chamar de seu. Servida com arroz e farofa, a moqueca de

feijão (R$ 22) é uma das boas razões para ir ao Fayola Bar. Re-

centementeabertoecompintadequevaisetransformarnohappy

hour preferido de muita gente, o lugar nem por isso tem cara de

restaurantedepraia. Servemoquecas, comoasdebucho comcar-

ne-secaoubanana,masnãosedistanciadaboacomidadeboteco.

Bolinhos de siri, rolinhos de salmão e lula frita à dorê são servidos

na tábua (R$ 19,50) com molho tártaro. Para beber, 13 tipos de

cerveja e chope. A decoração sóbria é perfeita para um encontro

depois do trabalho. Amantes do futebol e órfãos da sinuca, um

aviso: o lugar exibe os jogos do Campeonato Brasileiro – os que

não passam na TV aberta – e tem uma mesa de bilhar num dos

ambientes. «

Page 13: CAÇADORES DE HISTÓRIAS

12 SALVADOR DOMINGO 26/9/2010 13SALVADOR DOMINGO 26/9/2010

mília era católica, meu pai era da Ir-

mandadedeNossaSenhoradaCon-

ceição da Praia. Ele ficava dizendo

paraeudeixar amãedeledescansar

em paz. Houve essa repressão, se

chegou a dizer que eu pudesse ter

uma esquizofrenia... Aí eu me calei.

Aos15anos,eraalunodaPolíciaMi-

litar e estava fazendo uma prova de

português quando ouvi o professor

Benedito Araújo falando sobre sin-

tomasdamediunidade. Aí eu fui ou-

vindo e pensando essa coisa eu te-

nho, essa coisa eu tenho... Foi um

alívio saber que eu não era maluco.

Aí fui conversar comelee,namesma

noite, nós fomos ao centro espírita

MensageirosdaLuz.Depoisnós fun-

damos o Cavaleiros da Luz.

E sua família continuou contra?

Não. Minha mãe passou a me

apoiar. Meu pai ficou um pouco re-

sistente, mas não chegou mais a

criar nenhum obstáculo. É engraça-

do, porquedepois elepassouaacre-

ditar... Quando dava entrada no

hospital, pedia para que euavisasse

aDr. Bezerra – umespírito que é um

dosmentoresdaCidadedaLuz–que

eleestavainternado.Comoeletinha

muitomedodemorrer,eudiziabrin-

cando: ‘Meu pai, fique sossegado,

você só vaimorrer aos 120 anos”. Aí

quando os médicos chegavam, ele

falava: ‘Fiquem tranquilos, porque

Dr. Bezerra está aqui comigo e meu

filhodissequeeu sóvoumorrer com

120 anos’. (risos)

O senhor, Divaldo Franco e Chico Xavier,

para citar três médiuns famosos, não

constituíramumafamília tradicional.Por

que, no seu caso, isso não aconteceu?

Comecei a realizarmeu ideal de vida

muito precocemente, aos 17 anos,

coma fundaçãodo centro. Então vo-

cê vai se absorvendo, né, e hoje em

dia eu até penso assim: poxa, ainda

bem, porque seria muito difícil. Se-

ria uma zona de conflito para mim.

Como o senhor lida com amorte?

Meu pai morreu agora em maio, e

você sente a dor da perda do conví-

vio,masnãodaextinçãodavida.Sei

que a morte não existe, então esse

meu saberme conforta. Agora acho

uma bobagemquando alguns com-

panheirosespíritasdizem: ‘Nãocho-

re,quevaiperturbaroespírito’.Não,

chore sua saudade, a sua falta. É na-

tural. Agora, só não questione... O

comumédizer naquelaagonia: ‘Por

que você morreu?’. Poxa, a pessoa

não morreu porque quis, não é ver-

dade? É o processo da vida. «

«Eu penso que religião é para fazer melhor,não é para escravizar, nem para gerarseguidores. É para libertar. (...) Não possopregar uma verdade diferente»

ATALHO FAYOLA BAR

Moqueca do Recôncavono Rio Vermelho

Texto EMANUELLA SOMBRA [email protected] IRACEMA CHEQUER [email protected]

FAYOLA BAR: RuaAlexandre Gusmão,116, Rio Vermelho.Tel: 71 3018-1313DESTAQUE: servidacom arroz e farofa, amoqueca de feijão(R$ 22) pode seracompanhada por umdos 13 tipos de cervejaoferecidos norestaurante

Os apreciadores de moqueca agora podem dizer que comeram

uma novidade. A receita tradicional do Recôncavo – e cuja varie-

dade é tão pouco explorada na capital – ganhou mais um lugar

para chamar de seu. Servida com arroz e farofa, a moqueca de

feijão (R$ 22) é uma das boas razões para ir ao Fayola Bar. Re-

centementeabertoecompintadequevaisetransformarnohappy

hour preferido de muita gente, o lugar nem por isso tem cara de

restaurantedepraia. Servemoquecas, comoasdebucho comcar-

ne-secaoubanana,masnãosedistanciadaboacomidadeboteco.

Bolinhos de siri, rolinhos de salmão e lula frita à dorê são servidos

na tábua (R$ 19,50) com molho tártaro. Para beber, 13 tipos de

cerveja e chope. A decoração sóbria é perfeita para um encontro

depois do trabalho. Amantes do futebol e órfãos da sinuca, um

aviso: o lugar exibe os jogos do Campeonato Brasileiro – os que

não passam na TV aberta – e tem uma mesa de bilhar num dos

ambientes. «

Page 14: CAÇADORES DE HISTÓRIAS

14 SALVADOR DOMINGO 26/9/2010 15SALVADOR DOMINGO 26/9/2010

MUITÍSSIMO RONALDO JACOBINA

Perpetuaçãodos CravosO fotógrafo Christian Cravo está de vol-

ta à Bahia depois de um ano vivendo

com a família em Nova York. Antes de

deixar o soloamericano, agendoupara

o dia 11 de novembro, nos EUA, o lan-

çamento de um livro com 72 imagens

captadas no Haiti. Algumas delas mos-

tradas este ano no MAM-BA. Em São

Paulo, no próximo dia 28, expõe seus

retratos no Instituto Tomie Ohtake. De-

pois destes compromissos, vai dedicar

boa parte do seu tempo à implantação

do instituto que vai abrigar todooacer-

vodopai,ofotógrafoMarioCravoNeto,

morto em agosto de 2009.

Amor e devoção

Maria Bethânia não cansa de cercar Dona

Canôde cuidados emimos.Nodia emque

a matriarca dos Velloso completou 103

anos,adivamandoudeSãoPauloumcon-

fortável automóvel com elevador adapta-

dopara cadeirade rodas. Éque,desdeque

sofreu uma queda, no começo deste ano,

Dona Canô passou a ter dificuldade de lo-

comoção. Com a dignidade que lhe é pe-

culiar, não suporta a ideia de ser carrega-

da. Sensível como ela só, a filha querida

acabou com o problema.

Relíquias guardadas

Desde que fechou o restaurante Famiglia

Salvatore, Antônio Júnior passou a lidar

apenas com antiguidades, hobby que cul-

tiva há anos. No espaço que mantém no

RioVermelho,oantiquárioguardaapaleta

original do mestre Carybé, ainda suja de

tinta.Foide láquesaiuosuntuosolustrede

cristal que enfeita o Edifício Leonor Cal-

mon, no Corredor da Vitória, que durante

anos iluminou o chiquérrimo Hotel Copa-

cabana Palace, no Rio.

Pink money

OClubSanSebastian,quecompletouopri-

meiro ano no último dia 11 de setembro,

vaimudar de endereço. Até o final do ano,

os empresários José Augusto Vasconcelos,

André Gagliano e Valdeck Júnior armamo

cenário noturnono local onde funcionoua

Boomerangue.Hádoismeses, oarquiteto

Marlon Gama comanda o quebra-quebra

do antigo espaço para criar bares, cama-

rotes e duas pistas de dança que funciona-

rão simultaneamente e com dois DJs.

Cidade Baixa em alta

ACidadeBaixaeaBR-324devemse tornar

ospróximosvetoresdecrescimentodeSal-

vador antes da Copa do Mundo. Com o

apetite que omercado imobiliário temde-

monstrado, não vai demorar e os preços

dos terrenos, neste locais, podem subir. O

empresário do ramo Guto Amoedo confir-

maasprevisões,masnegaqueospasseios

de lancha que tem feito no mar da Penín-

sula de Itapagipe sejam de prospecção. “É

atrás de peixe”, justifica

MARCO AURÉLIO MARTINS / AG. A TARDE

FOTOS MARCO AURÉLIO MARTINS / AG. A TARDE

José Augusto Vasconcelos e André

Gagliano comandam a noite do Club

San Sebastian, agora em novo espaço

Depois de fechar a Artefacto do Stiep, La-

rissa Bicalho esculpiu as iniciais do seu no-

me numa nova loja de decoração na Pitu-

ba, a LB Home. Poucomais de umano de-

pois, a empresária volta por cima.A LBHo-

me ganha mais um endereço, no Jardim

Brasil, desta vez ostentando na fachada

suamarca e a da grife paulista. O novo es-

paço será inaugurado em outubro. Até lá,

Larissa se concentra na revista de lança-

mento damarca LB Home/Artefacto.

Lado a lado

»EVEN

TOS,PERGUNTAS,CRÍTICAS,SU

GESTÕ

ES:RJACO

[email protected]

M.BR

Page 15: CAÇADORES DE HISTÓRIAS

14 SALVADOR DOMINGO 26/9/2010 15SALVADOR DOMINGO 26/9/2010

MUITÍSSIMO RONALDO JACOBINA

Perpetuaçãodos CravosO fotógrafo Christian Cravo está de vol-

ta à Bahia depois de um ano vivendo

com a família em Nova York. Antes de

deixar o soloamericano, agendoupara

o dia 11 de novembro, nos EUA, o lan-

çamento de um livro com 72 imagens

captadas no Haiti. Algumas delas mos-

tradas este ano no MAM-BA. Em São

Paulo, no próximo dia 28, expõe seus

retratos no Instituto Tomie Ohtake. De-

pois destes compromissos, vai dedicar

boa parte do seu tempo à implantação

do instituto que vai abrigar todooacer-

vodopai,ofotógrafoMarioCravoNeto,

morto em agosto de 2009.

Amor e devoção

Maria Bethânia não cansa de cercar Dona

Canôde cuidados emimos.Nodia emque

a matriarca dos Velloso completou 103

anos,adivamandoudeSãoPauloumcon-

fortável automóvel com elevador adapta-

dopara cadeirade rodas. Éque,desdeque

sofreu uma queda, no começo deste ano,

Dona Canô passou a ter dificuldade de lo-

comoção. Com a dignidade que lhe é pe-

culiar, não suporta a ideia de ser carrega-

da. Sensível como ela só, a filha querida

acabou com o problema.

Relíquias guardadas

Desde que fechou o restaurante Famiglia

Salvatore, Antônio Júnior passou a lidar

apenas com antiguidades, hobby que cul-

tiva há anos. No espaço que mantém no

RioVermelho,oantiquárioguardaapaleta

original do mestre Carybé, ainda suja de

tinta.Foide láquesaiuosuntuosolustrede

cristal que enfeita o Edifício Leonor Cal-

mon, no Corredor da Vitória, que durante

anos iluminou o chiquérrimo Hotel Copa-

cabana Palace, no Rio.

Pink money

OClubSanSebastian,quecompletouopri-

meiro ano no último dia 11 de setembro,

vaimudar de endereço. Até o final do ano,

os empresários José Augusto Vasconcelos,

André Gagliano e Valdeck Júnior armamo

cenário noturnono local onde funcionoua

Boomerangue.Hádoismeses, oarquiteto

Marlon Gama comanda o quebra-quebra

do antigo espaço para criar bares, cama-

rotes e duas pistas de dança que funciona-

rão simultaneamente e com dois DJs.

Cidade Baixa em alta

ACidadeBaixaeaBR-324devemse tornar

ospróximosvetoresdecrescimentodeSal-

vador antes da Copa do Mundo. Com o

apetite que omercado imobiliário temde-

monstrado, não vai demorar e os preços

dos terrenos, neste locais, podem subir. O

empresário do ramo Guto Amoedo confir-

maasprevisões,masnegaqueospasseios

de lancha que tem feito no mar da Penín-

sula de Itapagipe sejam de prospecção. “É

atrás de peixe”, justifica

MARCO AURÉLIO MARTINS / AG. A TARDE

FOTOS MARCO AURÉLIO MARTINS / AG. A TARDE

José Augusto Vasconcelos e André

Gagliano comandam a noite do Club

San Sebastian, agora em novo espaço

Depois de fechar a Artefacto do Stiep, La-

rissa Bicalho esculpiu as iniciais do seu no-

me numa nova loja de decoração na Pitu-

ba, a LB Home. Poucomais de umano de-

pois, a empresária volta por cima.A LBHo-

me ganha mais um endereço, no Jardim

Brasil, desta vez ostentando na fachada

suamarca e a da grife paulista. O novo es-

paço será inaugurado em outubro. Até lá,

Larissa se concentra na revista de lança-

mento damarca LB Home/Artefacto.

Lado a lado»

EVEN

TOS,PERGUNTAS,CRÍTICAS,SU

GESTÕ

ES:RJACO

[email protected]

M.BR

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16 SALVADOR DOMINGO 26/9/2010 17SALVADOR DOMINGO 26/9/2010

MODA CIDADE

À DERIVA

A modelo Lorraine Cruz mudou-se para São Paulo para trabalhar, mas, neste ensaiointeiramente analógico, passeia por Salvador e por suas memórias da Bahia

Fotos DANILO BANDEIRAhttp://www.flickr.com/photos/xbolotax/Texto MAYRA LINS http://ex-ato.tk/

Macacão Mara Mac + Melissa + óculosIt Store Preços sob consulta

Vestido Tarcísio Almeida + sandáliaMaria Bonita Preços sob consulta

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16 SALVADOR DOMINGO 26/9/2010 17SALVADOR DOMINGO 26/9/2010

MODA CIDADE

À DERIVA

A modelo Lorraine Cruz mudou-se para São Paulo para trabalhar, mas, neste ensaiointeiramente analógico, passeia por Salvador e por suas memórias da Bahia

Fotos DANILO BANDEIRAhttp://www.flickr.com/photos/xbolotax/Texto MAYRA LINS http://ex-ato.tk/

Macacão Mara Mac + Melissa + óculosIt Store Preços sob consulta

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18 SALVADOR DOMINGO 26/9/2010 19SALVADOR DOMINGO 26/9/2010

Blusa Mara Mac Preço sob consulta

Vestido Úrsula Felix + sandáliaRaphaella Booz Preços sob consulta

Vestido + pelerine + sandália MariaBonita Preços sob consulta

Vestido Alexandre Guimarães + cintoMaria Bonita + Melissa Preços sobconsulta

AGRADECIMENTOS Lorraine Cruz, modelo daagência Model Club (www.modelclub.com.br/)Danilo Bandeira ([email protected]) e Kátia,produção ([email protected])

ONDE COMPRAR Galpão de Estilo: Rua Prof.Sabino Silva, 836, Apipema – 71 3237-8570. ItStore: Rua Pernambuco, 264, Pituba - Salvador BA– 71 3240-8694. Martha Paiva: Av. Paulo VI, 267,Pituba – 71 3248-2428. Maria Bonita: SalvadorShopping, L2 – 71 3342-2872/2173. RaphaellaBooz: Salvador Shopping, L2 – 71 3878-1212

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18 SALVADOR DOMINGO 26/9/2010 19SALVADOR DOMINGO 26/9/2010

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20 SALVADOR DOMINGO 26/9/2010 21SALVADOR DOMINGO 26/9/2010

NÉCESSAIRE COSME E DAMIÃO

l1

l2

l3

l4

1 AZULEJO DECORATIVO OroPa, França e Bahia - Ceasa do Rio Vermelho, Salvador / R$ 29. 2 ORATÓRIO POP COSME E DAMIÃOwww.cabecadefrade.com / Preço sob consulta. 3 TULIPAS PARA OFERENDA Box Cosme e Damião - Ceasa do Rio Vermelho, Salvador/ R$ 3. 4 COSME E DAMIÃO RESPINGOS www.complexob.com.br / R$ 88. 5 VELA VOTIVA Box Cosme e Damião, Ceasa do RioVermelho, Salvador / R$ 7. 6 KETTLE POPCORN MAKER www.manufacturersclearance.com / US$ 59,99. 7 BALAS Planeta Bombom,Salvador Shopping, Salvador / R$ 2,50 (100 g). PRODUÇÃO: EMANUELLA SOMBRA

l5

l6

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20 SALVADOR DOMINGO 26/9/2010 21SALVADOR DOMINGO 26/9/2010

NÉCESSAIRE COSME E DAMIÃO

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22 SALVADOR DOMINGO 26/9/2010 23SALVADOR DOMINGO 26/9/2010

CaçadoresDE

HISTÓRIAS

Pesquisadores se aventuram

em busca de informações

Texto VITOR PAMPLONA [email protected] MARCO AURÉLIO MARTINS [email protected]

Grupo de historiadores é especializado em descobririnformações perdidas no Arquivo Público da Bahia

LEIS RELIGIOSASUma das peças antigas mais bemconservadas do Arquivo Público da Bahiaé o Compromisso da Irmandade de S.Benedito da Matriz da Conceição da Praia,um código de leis de 1684

NoprédiodaQuintadoTan-

que, construçãodo século

16onde funcionaoArqui-

vo Público da Bahia, o si-

lêncio é de ouro. Na sala

destinada à consulta dos

documentos históricos, muitos deles ma-

nuscritos originais do Brasil colonial, ape-

nasosomprovocadopelosmaçosdepapel

está autorizado.

Mas, numa tarde de 2006, um choro

ecoounopátiodoedifíciodedoispavimen-

tos, localizadonaBaixadeQuintas,emSal-

vador. Funcionários do arquivo, que com-

pleta 120 anos em2010 e é omais impor-

tante do País depois do Arquivo Nacional,

no Rio de Janeiro, pararam de trabalhar.

Na sala de consulta, pesquisadores perde-

ram a concentração. O historiador Urano

Andrade abandonou papéis sobre a mesa

e, após descer dois vãos de escada em di-

reçãoao térreo, encontrouumamoça com

lágrimas nos olhos. Chamava-se Luciana.

O motivo do choro: sua irmã, que tra-

balhava na Itália, corria risco de expulsão

do país por não ter visto de permanência.

Sustentadapelodinheiroenviado todosos

meses do exterior, a família sentia-se

ameaçadapela extradição. “Ela estava de-

sesperada”, lembra Urano. “Tinha vindo

procuraroregistrodeentradadepassagei-

ros na Bahia, em busca do dia em que o

bisavô italiano chegou aqui”.

O pesquisador reuniu alguns colegas e

começaram a procurar. ”Encontramos não

sóa inscriçãodaentradadobisavôdelano

portode Ilhéus,massuas certidõesdenas-

cimento e casamento. Isso salvou a famí-

lia”. Após alguns dias, um tradutor foi con-

tratadoe,ao fimdo julgamentodoproces-

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22 SALVADOR DOMINGO 26/9/2010 23SALVADOR DOMINGO 26/9/2010

CaçadoresDE

HISTÓRIAS

Pesquisadores se aventuram

em busca de informações

Texto VITOR PAMPLONA [email protected] MARCO AURÉLIO MARTINS [email protected]

Grupo de historiadores é especializado em descobririnformações perdidas no Arquivo Público da Bahia

LEIS RELIGIOSASUma das peças antigas mais bemconservadas do Arquivo Público da Bahiaé o Compromisso da Irmandade de S.Benedito da Matriz da Conceição da Praia,um código de leis de 1684

NoprédiodaQuintadoTan-

que, construçãodo século

16onde funcionaoArqui-

vo Público da Bahia, o si-

lêncio é de ouro. Na sala

destinada à consulta dos

documentos históricos, muitos deles ma-

nuscritos originais do Brasil colonial, ape-

nasosomprovocadopelosmaçosdepapel

está autorizado.

Mas, numa tarde de 2006, um choro

ecoounopátiodoedifíciodedoispavimen-

tos, localizadonaBaixadeQuintas,emSal-

vador. Funcionários do arquivo, que com-

pleta 120 anos em2010 e é omais impor-

tante do País depois do Arquivo Nacional,

no Rio de Janeiro, pararam de trabalhar.

Na sala de consulta, pesquisadores perde-

ram a concentração. O historiador Urano

Andrade abandonou papéis sobre a mesa

e, após descer dois vãos de escada em di-

reçãoao térreo, encontrouumamoça com

lágrimas nos olhos. Chamava-se Luciana.

O motivo do choro: sua irmã, que tra-

balhava na Itália, corria risco de expulsão

do país por não ter visto de permanência.

Sustentadapelodinheiroenviado todosos

meses do exterior, a família sentia-se

ameaçadapela extradição. “Ela estava de-

sesperada”, lembra Urano. “Tinha vindo

procuraroregistrodeentradadepassagei-

ros na Bahia, em busca do dia em que o

bisavô italiano chegou aqui”.

O pesquisador reuniu alguns colegas e

começaram a procurar. ”Encontramos não

sóa inscriçãodaentradadobisavôdelano

portode Ilhéus,massuas certidõesdenas-

cimento e casamento. Isso salvou a famí-

lia”. Após alguns dias, um tradutor foi con-

tratadoe,ao fimdo julgamentodoproces-

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24 SALVADOR DOMINGO 26/9/2010 25SALVADOR DOMINGO 26/9/2010

so na Itália, a irmãde Luciana obteve a du-

pla nacionalidade, podendo permanecer

legalmente na Europa.

AVENTURAPara Urano, um ex-gerente de super-

mercado de 37 anos que só entrou na fa-

culdade de história depois dos 30, o epi-

sódio ilustra os momentos emocionantes

de uma profissão que parece saída de fil-

mesdeaventura:adecaçadordehistórias.

Sob um olhar generoso, ele é um Indiana

Jonesdosdocumentosraros,queconciliaa

descoberta de informações históricas com

a atividade de professor.

Mas as semelhanças com o persona-

gem aventureiro, vivido no cinema por

Harrison Ford, terminam aí. Urano não

gosta de semeter em conflitos nos quais é

quase impossível descobrir quem é o ban-

dido e quem é omocinho. “Prefiro não fa-

zer pesquisas sobre questões envolvendo,

por exemplo, brigas por herança ou reser-

vas indígenas”.

Desde que começou a vasculhar o pas-

sado, como monitor de pesquisas univer-

sitárias, há sete anos, ele se aproximoude

outros pesquisadores. Juntos, formaram

umgrupoespecializadoemdesenterrar in-

formações perdidas em papéis amarela-

dos, cuja escrita dificilmente é compreen-

sível para uma pessoa sem familiaridade

com a grafia de séculos passados.

Em comum com amaioria dos historia-

dores, eles têm projetos pessoais e traba-

lham para escrever as próprias teses e dis-

sertações. Mas, ao oferecer seus serviços

a terceiros, que os contratam para encon-

trar a informação que precisam, já ajuda-

ram a resolver questões judiciais, recons-

truir árvores genealógicas e reunir mate-

rial fundamental parao trabalhodeoutros

historiadores.

“Sempre vãoexistir pessoasprecisando

depesquisa, seja nas universidades ouem

outras demandas, como passaporte, du-

pla nacionalidade, escrituras. Tudo isso es-

tá envolvido comdocumentação histórica.

Por isso, surgiu aproposta de criar o grupo

e profissionalizar a atividade“.

Oprimeiro a embarcar na ideia foi Jetro

doCarmoda Luz, 28, quehá cincoanos co-

nheceu Urano na Católica. No começo de

sua carreira de caçador de histórias, cada

incursão nos acervos significava uma sur-

presa. “Lembroque, ao fazer um trabalho,

encontrei cartas de cerca de 1850, escritas

por umpadre da região de Rodelas (a 540

quilômetros de Salvador)“, diz. “O padre

denunciava para a arquidiocese, na capi-

tal, que umeuropeude ‘maus hábitos’ ha-

via chegado à vila quando os índios esta-

vamjá‘domesticados’.Oestrangeirointro-

duziu o álcool e teria, de certa forma, per-

turbado a ordem. Foi um caso muito de-

talhado, interessante“.

CONVIVÊNCIANo Arquivo Público da Bahia, principal

território de atuação dos dois pesquisado-

res,eles conheceramCândidoDomingues,

25, e Jacira Santos Pinto, 31. Cândido já

ajudoupessoasacomprovaremanaciona-

lidade de antepassados e tem no currículo

o trabalho de recolher material para livros

comoDomingosSodré–UmSacerdoteAfri-

cano (Companhia das Letras), a elogiada

biografiadeumex-escravoescritapelohis-

toriador baiano João José Reis, um dos

maiores estudiosos da área no País. Jacira

tambémfezpesquisasparaobrasdogêne-

roeencontroudocumentos ligadosaques-

tões imobiliárias. Recentemente, uma

construtoraaprocurouparaencontraraes-

crituradeumterrenonoIAPI(bairro),onde

a empresa pretende construir um edifício

de apartamentos.

“Acabamos criando laços de amizade e

conhecendo o trabalho um do outro”, re-

velaJacira.Esseefeitocolateraldoconvívio

representa uma conveniência: como cada

um deles é especializado em temas e pe-

ríodos distintos da história do Brasil e da

Bahia,osquatroconseguemcobrirpratica-

mente todo o acervo do Arquivo Público,

onde os documentos ocupam estantes

que, alinhadas, preenchem uma distância

equivalente a 25 quilômetros.

O trabalho dos caçadores de histórias

costuma ser remunerado por hora. “Mas

posso fechar um pacote, se a pessoa já sa-

be o que quer“, explica Urano. “Cobro um

determinadovalorpara fotografarumma-

çocompletodedocumentos.Seapesquisa

for mais intensa, quando tenho de procu-

rar personagens, o valor émaior“.

Denegociaçãoemnegociação,as inves-

tigações rendem em torno de 600 reais

mensais em cada trabalho. O valor máxi-

mo já recebido por ele, por um único ser-

viço, foi 1.500 reais, para localizar e foto-

grafar seis maços de documentos. Urano

levou duas semanas. “Hoje, mando catá-

logos digitalizados para interessados em

Portugal, nos EUA e outros países. Eles di-

zemo que precisam e eu pesquiso”. Atual-

mente, trabalha para uma pesquisadora

turca da Universidade de Nova Orleans.

ACERVOAs facilidades trazidas pelos investiga-

dores profissionais, porém, não impedem

que muitos estrangeiros frequentem pes-

soalmente o Arquivo Público. Em regra,

vêm atrás do valiosíssimo acervo colonial,

que remeteaoperíodoemqueacidadede

Salvador foi capital do Brasil.

ILHA DE PRESENTEA carta de doação da Ilha de Itaparica(na época chamada sesmaria), feita peloprimeiro governador-geral do Brasil,Thomé de Souza, é o mais antigodocumento preservado no acervo doArquivo Público. A ilha foi doada ao nobreportuguês D. Antônio de Ataíde, conde deCastanheira, em 1552

REBELIÃO ESCRAVAEscrita em árabe, esta carta do escravoAmaro Ussá foi apreendida pelo governoimperial brasileiro durante a repressão àRevolta dos Malês (1935), movimentoliderado por negros muçulmanosinsatisfeitos com a escravidão, que tinhamcomo objetivo a conquista da liberdade ea criação de uma república islâmica

Grupo procura informação de casos históricos e já ajudou a resolver questões judiciais e a reconstruir árvores genealógicas

Umadas coleçõesmais importantes é a

de documentos judiciários, produzidos pe-

lo antigo Tribunal deRelaçãodo Estadodo

Brasil e da Bahia, a corte suprema colonial

criada há mais de 400 anos que deu ori-

gem ao Tribunal de Justiça da Bahia e ao

Supremo Tribunal Federal.

Reconhecidos pela Unesco, os cerca de

64mildocumentosdoTribunalganharam,

hádois anos, o títulodeMemóriadoMun-

do,oequivalenteaseremtombadoscomo

patrimônio da humanidade. “Nossa preo-

cupação é preservar e difundir“, diz a dire-

toradoArquivoPúblicodaBahia,MariaTe-

resaMatos.“Égratificantequandoalguém

nos procura para comprovação de direitos

e podemos ajudar“.

Atualmente, o arquivo cuida da recupe-

raçãodoacervo ligadoà Independênciada

Bahia, restaurado com patrocínio do go-

vernoda Espanha.Opróximopasso é adi-

gitalização dos papéis, mas a direção afir-

ma ainda não contar com a infraestrutura

tecnológica necessária. Uma referência,

DANILO BANDEIRA / AG. A TARDE

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24 SALVADOR DOMINGO 26/9/2010 25SALVADOR DOMINGO 26/9/2010

so na Itália, a irmãde Luciana obteve a du-

pla nacionalidade, podendo permanecer

legalmente na Europa.

AVENTURAPara Urano, um ex-gerente de super-

mercado de 37 anos que só entrou na fa-

culdade de história depois dos 30, o epi-

sódio ilustra os momentos emocionantes

de uma profissão que parece saída de fil-

mesdeaventura:adecaçadordehistórias.

Sob um olhar generoso, ele é um Indiana

Jonesdosdocumentosraros,queconciliaa

descoberta de informações históricas com

a atividade de professor.

Mas as semelhanças com o persona-

gem aventureiro, vivido no cinema por

Harrison Ford, terminam aí. Urano não

gosta de semeter em conflitos nos quais é

quase impossível descobrir quem é o ban-

dido e quem é omocinho. “Prefiro não fa-

zer pesquisas sobre questões envolvendo,

por exemplo, brigas por herança ou reser-

vas indígenas”.

Desde que começou a vasculhar o pas-

sado, como monitor de pesquisas univer-

sitárias, há sete anos, ele se aproximoude

outros pesquisadores. Juntos, formaram

umgrupoespecializadoemdesenterrar in-

formações perdidas em papéis amarela-

dos, cuja escrita dificilmente é compreen-

sível para uma pessoa sem familiaridade

com a grafia de séculos passados.

Em comum com amaioria dos historia-

dores, eles têm projetos pessoais e traba-

lham para escrever as próprias teses e dis-

sertações. Mas, ao oferecer seus serviços

a terceiros, que os contratam para encon-

trar a informação que precisam, já ajuda-

ram a resolver questões judiciais, recons-

truir árvores genealógicas e reunir mate-

rial fundamental parao trabalhodeoutros

historiadores.

“Sempre vãoexistir pessoasprecisando

depesquisa, seja nas universidades ouem

outras demandas, como passaporte, du-

pla nacionalidade, escrituras. Tudo isso es-

tá envolvido comdocumentação histórica.

Por isso, surgiu aproposta de criar o grupo

e profissionalizar a atividade“.

Oprimeiro a embarcar na ideia foi Jetro

doCarmoda Luz, 28, quehá cincoanos co-

nheceu Urano na Católica. No começo de

sua carreira de caçador de histórias, cada

incursão nos acervos significava uma sur-

presa. “Lembroque, ao fazer um trabalho,

encontrei cartas de cerca de 1850, escritas

por umpadre da região de Rodelas (a 540

quilômetros de Salvador)“, diz. “O padre

denunciava para a arquidiocese, na capi-

tal, que umeuropeude ‘maus hábitos’ ha-

via chegado à vila quando os índios esta-

vamjá‘domesticados’.Oestrangeirointro-

duziu o álcool e teria, de certa forma, per-

turbado a ordem. Foi um caso muito de-

talhado, interessante“.

CONVIVÊNCIANo Arquivo Público da Bahia, principal

território de atuação dos dois pesquisado-

res,eles conheceramCândidoDomingues,

25, e Jacira Santos Pinto, 31. Cândido já

ajudoupessoasacomprovaremanaciona-

lidade de antepassados e tem no currículo

o trabalho de recolher material para livros

comoDomingosSodré–UmSacerdoteAfri-

cano (Companhia das Letras), a elogiada

biografiadeumex-escravoescritapelohis-

toriador baiano João José Reis, um dos

maiores estudiosos da área no País. Jacira

tambémfezpesquisasparaobrasdogêne-

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“Acabamos criando laços de amizade e

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equivalente a 25 quilômetros.

O trabalho dos caçadores de histórias

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be o que quer“, explica Urano. “Cobro um

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çocompletodedocumentos.Seapesquisa

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rar personagens, o valor émaior“.

Denegociaçãoemnegociação,as inves-

tigações rendem em torno de 600 reais

mensais em cada trabalho. O valor máxi-

mo já recebido por ele, por um único ser-

viço, foi 1.500 reais, para localizar e foto-

grafar seis maços de documentos. Urano

levou duas semanas. “Hoje, mando catá-

logos digitalizados para interessados em

Portugal, nos EUA e outros países. Eles di-

zemo que precisam e eu pesquiso”. Atual-

mente, trabalha para uma pesquisadora

turca da Universidade de Nova Orleans.

ACERVOAs facilidades trazidas pelos investiga-

dores profissionais, porém, não impedem

que muitos estrangeiros frequentem pes-

soalmente o Arquivo Público. Em regra,

vêm atrás do valiosíssimo acervo colonial,

que remeteaoperíodoemqueacidadede

Salvador foi capital do Brasil.

ILHA DE PRESENTEA carta de doação da Ilha de Itaparica(na época chamada sesmaria), feita peloprimeiro governador-geral do Brasil,Thomé de Souza, é o mais antigodocumento preservado no acervo doArquivo Público. A ilha foi doada ao nobreportuguês D. Antônio de Ataíde, conde deCastanheira, em 1552

REBELIÃO ESCRAVAEscrita em árabe, esta carta do escravoAmaro Ussá foi apreendida pelo governoimperial brasileiro durante a repressão àRevolta dos Malês (1935), movimentoliderado por negros muçulmanosinsatisfeitos com a escravidão, que tinhamcomo objetivo a conquista da liberdade ea criação de uma república islâmica

Grupo procura informação de casos históricos e já ajudou a resolver questões judiciais e a reconstruir árvores genealógicas

Umadas coleçõesmais importantes é a

de documentos judiciários, produzidos pe-

lo antigo Tribunal deRelaçãodo Estadodo

Brasil e da Bahia, a corte suprema colonial

criada há mais de 400 anos que deu ori-

gem ao Tribunal de Justiça da Bahia e ao

Supremo Tribunal Federal.

Reconhecidos pela Unesco, os cerca de

64mildocumentosdoTribunalganharam,

hádois anos, o títulodeMemóriadoMun-

do,oequivalenteaseremtombadoscomo

patrimônio da humanidade. “Nossa preo-

cupação é preservar e difundir“, diz a dire-

toradoArquivoPúblicodaBahia,MariaTe-

resaMatos.“Égratificantequandoalguém

nos procura para comprovação de direitos

e podemos ajudar“.

Atualmente, o arquivo cuida da recupe-

raçãodoacervo ligadoà Independênciada

Bahia, restaurado com patrocínio do go-

vernoda Espanha.Opróximopasso é adi-

gitalização dos papéis, mas a direção afir-

ma ainda não contar com a infraestrutura

tecnológica necessária. Uma referência,

DANILO BANDEIRA / AG. A TARDE

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26 SALVADOR DOMINGO 26/9/2010 27SALVADOR DOMINGO 26/9/2010

segundoMariaTeresa,éadigitalizaçãodoacervodeATARDE, feita

emparceria comaHumanidades Editora eProjetos, comapoiodo

Arquivo Público, onde as edições podem ser consultadas.

Além disso, novas normas de consulta para pesquisadores fo-

ram aprovadas pelo governo estadual para proibir o acesso de

não-funcionários aos depósitos. O objetivo é evitar a perda ou ex-

travio de documentação.Mas o arquivo não temmuitomais a co-

memorar. Parte da memória da Revolução dos Alfaiates e da Re-

volta dos Malês, duas das mais significativas insurgências popu-

lares da história da Bahia, está com os documentos corroídos ou

parcialmente destruídos, à espera de restauração.

Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Na-

cional (Iphan) desde 1949, a Quinta do Tanque passou por uma

inspeçãotécnicanofinaldeagosto.Segundoorelatórioproduzido

peloórgão,asituaçãodoimóvelépreocupante.Semmanutenção,

cerca de 20% da madeira do telhado e 50% do forro estão com-

prometidospelaumidade.O Iphanapontouaindagoteiras, fiação

elétrica exposta – há risco de incêndio – e esquadrias danificadas,

entre outras inadequações.Odiretor dearquivos da FundaçãoPe-

dro Calmon, Paulo de Jesus Santos, responsável pelo Arquivo Pú-

blico, promete restaurar o telhado e instalar um sistema anti-in-

cêndionoprédio. Paraos caçadoresdehistórias, o casonãoéape-

nas de preservar umamemória de valor incalculável.

”Vemos nessa atividade um mercado de trabalho a ser explo-

rado“,acreditaUrano.“Facilitamosoacessoaosdocumentoseaju-

damos outros pesquisadores a ter novos olhares sobre nossa his-

tória, o que émuito importante“. Anote-se. Arquive-se. «

REPÚBLICA BAIANAUma das coleções mais valiosas é a daConjuração Baiana (1798), ou Revolta dosAlfaiates. O Arquivo Público tem o registroda devassa feita pelas autoridades da coroaportuguesa sobre bens e papéis dosrevolucionários, que eram republicanos

Arquivo Público da Bahia tem 120 anos e é o segundo mais importante do País, mas o prédio que o abriga precisa de reparos

SERVIÇOArquivo Público daBahia / Ladeira deQuintas, 50, Baixa deQuintas / Tel. (71)3116-2163.Saiba mais sobre oscaçadores de histórias:www.uranohistoria.blogspot.com

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26 SALVADOR DOMINGO 26/9/2010 27SALVADOR DOMINGO 26/9/2010

segundoMariaTeresa,éadigitalizaçãodoacervodeATARDE, feita

emparceria comaHumanidades Editora eProjetos, comapoiodo

Arquivo Público, onde as edições podem ser consultadas.

Além disso, novas normas de consulta para pesquisadores fo-

ram aprovadas pelo governo estadual para proibir o acesso de

não-funcionários aos depósitos. O objetivo é evitar a perda ou ex-

travio de documentação.Mas o arquivo não temmuitomais a co-

memorar. Parte da memória da Revolução dos Alfaiates e da Re-

volta dos Malês, duas das mais significativas insurgências popu-

lares da história da Bahia, está com os documentos corroídos ou

parcialmente destruídos, à espera de restauração.

Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Na-

cional (Iphan) desde 1949, a Quinta do Tanque passou por uma

inspeçãotécnicanofinaldeagosto.Segundoorelatórioproduzido

peloórgão,asituaçãodoimóvelépreocupante.Semmanutenção,

cerca de 20% da madeira do telhado e 50% do forro estão com-

prometidospelaumidade.O Iphanapontouaindagoteiras, fiação

elétrica exposta – há risco de incêndio – e esquadrias danificadas,

entre outras inadequações.Odiretor dearquivos da FundaçãoPe-

dro Calmon, Paulo de Jesus Santos, responsável pelo Arquivo Pú-

blico, promete restaurar o telhado e instalar um sistema anti-in-

cêndionoprédio. Paraos caçadoresdehistórias, o casonãoéape-

nas de preservar umamemória de valor incalculável.

”Vemos nessa atividade um mercado de trabalho a ser explo-

rado“,acreditaUrano.“Facilitamosoacessoaosdocumentoseaju-

damos outros pesquisadores a ter novos olhares sobre nossa his-

tória, o que émuito importante“. Anote-se. Arquive-se. «

REPÚBLICA BAIANAUma das coleções mais valiosas é a daConjuração Baiana (1798), ou Revolta dosAlfaiates. O Arquivo Público tem o registroda devassa feita pelas autoridades da coroaportuguesa sobre bens e papéis dosrevolucionários, que eram republicanos

Arquivo Público da Bahia tem 120 anos e é o segundo mais importante do País, mas o prédio que o abriga precisa de reparos

SERVIÇOArquivo Público daBahia / Ladeira deQuintas, 50, Baixa deQuintas / Tel. (71)3116-2163.Saiba mais sobre oscaçadores de histórias:www.uranohistoria.blogspot.com

PRO

JETO

DE

MAR

KETI

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JETO

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KETI

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I N F O R M E P U B L I C I T Á R I O

Tratamentosdermatológicosde última geraçãopara o alto verão

Patrocínio:

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28 SALVADOR DOMINGO 26/9/2010 29SALVADOR DOMINGO 26/9/2010

PROJETO

DEMARKETIN

GATA

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À prova

2

do

solINFORME PUBLIC ITÁRIO

EDIÇÃOYA

RAVASKU

FOTO

SFR

ANCISCOSALES

|EST ILO

TATIANACARVALH

OCAPA

EDIAGRAMAÇÃOHELDER

V.FLOREN

TINO

Neste período do ano, aumenta a procurapor novidades tecnológicas direcionadasaos cuidados como a pele. Pessoas quedurante o Inverno ficarammaisdespreocupadas com relação à aparência,percebem que estão às vésperas de seexpor mais a um senhor holofote, chamadosol, e correm em busca de benefíciosestéticos para o rosto e para o corpo.

Entre os tratamentos que podemproporcionar resultados imediatos para aboa forma física está o Thermage, que comapenas uma sessão tensiona áreas flácidas,como o entre-coxas e os braços (os famososmúsculos do “tchauzinho”).

Outra estrela da estação é o Ultra Shape,aparelho de ultra-som focalizado para otratamento de gordura localizada econtorno corporal. Uma ponteira aplicadana região desejada atinge célulasgordurosas “com tal precisão, que com amédia de três sessões é possível ter perdade até 4 centímetros nas medidas”, comoexplica omédico especialista emdermatologia, Osmilto Brandão.

Canga

A vereadora AndréaMendonça diz quecuidar do visual não é algo exclusivo dequem tem vida pública. “Olhar no espelho ese sentir bem vale para a vida profissional epessoal de qualquer pessoa”. Ela começouperceber manchinhas na pele do rosto ecomo tem a pele muito clara, achou quepoderia estar no grupo de risco que nãopodem pegar sol. Por questões de saúde,marcou uma consulta dermatológica.

Diz que a partir dali conheceu ummundofantástico de procedimentos. Já realizou oThermage no rosto, eliminando a papada e

por Claudia Pedreira

redefinindo o contorno do rosto. Também foirealizado em áreas do corpo, commelhoriada flacidez. Ainda eliminoumanchas no rostocom o laser Profile.

“Quando eu penso que já cheguei a umlimite, aparecem novos tratamentos, com oavanço da tecnologia, que trazem,realmente, grandes resultados”. Andréa já seprograma para fazer o novo tratamento devarizes a laser, explica, já que não tem dasveias miudinhas. E se empolga com apossibilidade de solucionar seu problema semprecisar de ummétodo invasivo. Para folgas

de Verão, já programou que vai ficar debiquíni o tempo inteiro. E sem canga.

Rachaduras

A aposentada Telma Rios vive, na Primavera,imaginando a próxima vez que vai sentir abrisa à beira domar. “Me vejo livre, numapraia maravilhosa, sem usar base corretoranenhuma no rosto”, visualiza. Vinte dias apósum tratamento na pele, ela se livrou de rugasprofundas e rachaduras na face, típicas deenvelhecimento precoce. O envelhecimentoera tão acentuado que nemmesmo a cirurgiaplástica era recomendada. A dona de casaresolveu o problema com o tratamento alaser Fraxel Repair, uma das sensações dadermatologia mundial que está conquistandoadeptos na Bahia.

A base do tratamento é o laser de CO2desenvolvido por Rox Anderson, cientista daUniversidade de Harvard que é consideradoPai do Laser na Dermatologia. “Os laseresfracionados, como o Fraxel Repair,proporcionam excelentes resultados em umcurto período de recuperação e com poucosriscos, em comparação às técnicas invasivas”,avalia omédico Osmilto Brandão.

XTRAC LASER PARA

TRATAMENTO DO

VITLIGO

SMOOTHSHAPES:

PRIMEIRO LASER PARA

TRATAMENTO DA

CELULITE

PROJETO

DEMARKETIN

GATA

RDE

3

CLÍNICA OSMILTO BRANDÃOAv. Tancredo Neves, 1.632,Ed. Salvador Trade CenterTorre Sul, sala 1.812 - Caminho das ÁrvoresSalvador-BA / CEP: 41820-020www.clinicaosmiltobrandao.com.brcontato@clinicaosmiltobrandao.com.brTel: 71 3204-5650

INFORME PUBLIC ITÁRIO

Entrevista:Osmilto Brandãopor Claudia Pedreira

SAÚDE&ESTÉTICA – Quais procedimentoscitaria como de ponta paramanter o viçoda pele?

OSMILTO BRANDÃO - Além dos cremesrejuvenescedores, sem dúvida nenhuma, olaser é amelhor alternativa por atuarprofundamente em todas as camadas dapele, estimulando a formação de novocolágeno, atenuando os sinais deenvelhecimento.

S&E – O Thermage, inicialmente utilizadono rosto, para redefinir contornos faciais,também proporciona bons resultados nocorpo?

OB – O Thermage é um tratamentorápido, que utiliza tecnologia deradiofrequência, a melhor que existe nomundo para flacidez. Por isso tanto podeser usado no rosto, inclusive para reduçãoda papada, quanto para regiões comocoxas, nádegas e abdômen.

S&E - Em torno de 90% dasmulherestêm celulite. O que pode ser feito, emtermos de prevenção e de tratamento,para controlar o problema?

OB – A celulite atinge a grandemaioriadas mulheres e temmúltiplos fatores queatuam no seu aparecimento. Desdefatores hormonais, genéticos, circulatórios,sedentarismo, dieta emedicamentos.Além disto, a celulite apresenta váriosgraus de severidade (grau I, Grau II, Grau IIIe IV). Assim, para ummelhor resultado énecessário, também, amudança dehábitos alimentares e a prática deexercícios físicos. Em se tratando delaseres, temos o que hámais moderno,como o Vella Shape e Smothshape.

S&E - De que forma o Smoothshapespode contribuir para resgatar aauto-estima de quem tem celulite?

OB - O Smoothshapes é primeiro lasera ser lançado nomercadomundialpara tratamento da celulite. É umcomposto de laser, massagem edrenagem linfática em um equipamentode tratamento indolor que utiliza o laser, ea energia da luz para liquefazer a gorduradas células e reparar o colágenofragilizado. O colágeno é regenerado, acirculaçãomelhora e os processosmetabólicos são restabelecidos.

S&E – Dependendo de cada cliente, éinteressante pensar em combinaçõesde tratamento?

OB - Cada paciente é avaliada e otratamento é específico para cadasituação. A combinação de tecnologiascostuma levar a bons resultados, comono caso de unir o Smoothshapes e oVella Shape, aparelho que atua comradiofreqüência e infravermelho paracombater a celulite, também reduzindoas medidas. Madonna, por exemplo,utiliza esta combinação.

S&E – O que destacaria em termos detratamentos de patologias?

OB - Uma grande novidade notratamento hoje é voltada a doençascomo vitilico e psoríase, queincomodam bastante as pessoas doponto de vista de estético. Já existe olaser conhecido como XTrac, que utilizaa tecnologia Excimer, que promoveexcelentes resultados

S&E – E em termos de preenchi-mento, o que existe demais avançadoe seguro?

OB - Hoje se pode fazer combinaçõesde laser com os preenchedores. Eexistem substâncias modernas eseguras à base de Ácido Hialurônicoque é natural da nossa pele. Existemprodutos como o PMMA e oMetacril,que têm esta função de preenchi-mento, mas podem provocar reaçõesimediatas ou em longo prazo, comoformação de nódulos, granulomas, eprocessos inflamatórios definitivos. Agrande novidade é o Juvedermevoluma que refaz as maçãs do rosto,aumenta omento (queixo) e redefinecontornos.

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Entre os tratamentos que podemproporcionar resultados imediatos para aboa forma física está o Thermage, que comapenas uma sessão tensiona áreas flácidas,como o entre-coxas e os braços (os famososmúsculos do “tchauzinho”).

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Canga

A vereadora AndréaMendonça diz quecuidar do visual não é algo exclusivo dequem tem vida pública. “Olhar no espelho ese sentir bem vale para a vida profissional epessoal de qualquer pessoa”. Ela começouperceber manchinhas na pele do rosto ecomo tem a pele muito clara, achou quepoderia estar no grupo de risco que nãopodem pegar sol. Por questões de saúde,marcou uma consulta dermatológica.

Diz que a partir dali conheceu ummundofantástico de procedimentos. Já realizou oThermage no rosto, eliminando a papada e

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redefinindo o contorno do rosto. Também foirealizado em áreas do corpo, commelhoriada flacidez. Ainda eliminoumanchas no rostocom o laser Profile.

“Quando eu penso que já cheguei a umlimite, aparecem novos tratamentos, com oavanço da tecnologia, que trazem,realmente, grandes resultados”. Andréa já seprograma para fazer o novo tratamento devarizes a laser, explica, já que não tem dasveias miudinhas. E se empolga com apossibilidade de solucionar seu problema semprecisar de ummétodo invasivo. Para folgas

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XTRAC LASER PARA

TRATAMENTO DO

VITLIGO

SMOOTHSHAPES:

PRIMEIRO LASER PARA

TRATAMENTO DA

CELULITE

PROJETO

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CLÍNICA OSMILTO BRANDÃOAv. Tancredo Neves, 1.632,Ed. Salvador Trade CenterTorre Sul, sala 1.812 - Caminho das ÁrvoresSalvador-BA / CEP: 41820-020www.clinicaosmiltobrandao.com.brcontato@clinicaosmiltobrandao.com.brTel: 71 3204-5650

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Entrevista:Osmilto Brandãopor Claudia Pedreira

SAÚDE&ESTÉTICA – Quais procedimentoscitaria como de ponta paramanter o viçoda pele?

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S&E – O Thermage, inicialmente utilizadono rosto, para redefinir contornos faciais,também proporciona bons resultados nocorpo?

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S&E - Em torno de 90% dasmulherestêm celulite. O que pode ser feito, emtermos de prevenção e de tratamento,para controlar o problema?

OB – A celulite atinge a grandemaioriadas mulheres e temmúltiplos fatores queatuam no seu aparecimento. Desdefatores hormonais, genéticos, circulatórios,sedentarismo, dieta emedicamentos.Além disto, a celulite apresenta váriosgraus de severidade (grau I, Grau II, Grau IIIe IV). Assim, para ummelhor resultado énecessário, também, amudança dehábitos alimentares e a prática deexercícios físicos. Em se tratando delaseres, temos o que hámais moderno,como o Vella Shape e Smothshape.

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S&E – O que destacaria em termos detratamentos de patologias?

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VINHOS REGINA BOCHICCHIO

Espumantedo Vale

DIVULGAÇÃO

VINHO DA SEMANAMoscatel EspumanteTerranova /Asti /Miolo / Uvasmoscatéis do Vale doSão Francisco / Ondecomprar: Perini(Pituba): R$ 26 /SupermercadosBompreço: R$ 30,34

AGENDA Aulas e jantarenogastronômico compossibilidades deharmonização depratos / De 26 a 28deste mês / R$ 250/Casa dos Vinhos -Bistrot du Vin71 3231-6793 ou3231-1933 / Pato aomolho de nozes comentradas e sobremesa.Vinhos: merlot, Shiraz.R$ 150 (por pessoa) »

EVEN

TOS,PERGUNTAS,CRÍTICAS,SU

GESTÕ

ES:[email protected]

M.BR

Uma coisa quemuitos bebedores ou apreciadores baianos do

vinho ainda não sabem é que esta bebida – signo de sofisti-

cação e elegância no imaginário comum– tem sido produzida

bem aqui, na Bahia, mais precisamente na quente região do

Vale do Rio São Francisco, nomunicípio de Casa Nova. E não é

vinhozinho de prateleira de boteco. É do tipo exportação.

Se você é daqueles que precisambeber para crer, basta pro-

curar–numadasdezenasdelojasespecializadasemvinho,que

estãocadavezmaisàvistaemSalvador,ouaté supermercados

– e encher a taça.

Claro que não é nenhum Bordeaux. Claro, porque estamos

naBahia. E vinho pode ser tudo,menos igual a qualquer outro

do vasto mundo. É como digital, cada pessoa tem a sua. Cada

terra produz um vinho diferente.

Vinho baiano, sim, senhor, vá lá. Mas com tecnologia gaú-

cha. Foram os empreendedores da Miolo Wine Group, lá do

municípiodeBentoGonçalves (RS),queprovaramdauvamos-

catel cultivada na Bahia e, visionários, arriscaram investir mi-

lhões no Vale do São Francisco – em cujo espaço do agreste

pernambucano,nosmunicípiosdeLagoaGrandeeSantaMaria

da Boa Vista, outros empresários já investiam há anos.

FRUTASAuvamoscatel transformou-se numespumante, produzido

pelométodoAsti, tipicamente italiano, que consiste numaúni-

ca fermentação (outros métodos são feitos com duas fermen-

tações). Tanto o espumante Moscatel como o vinho tinto re-

servaShiraz,produzidoseengarrafadosnaBahia, são,hoje,os

líderes dos rótulos Terranova. Garrafas que os norte-america-

nos e franceses estão sorvendo, já que 40% da produção da

Ouroverde é para a exportação. E o espumante Moscatel, li-

geiramentedocee leve,servidobemgelado(entre4°Ce6°C),

vaibemcomamaioriadospratossimplesousofisticadosàbase

defrutas: crepesuzette,moussede limão,saladadefrutas, sor-

vetes de frutas cítricas. Pão-de-ló com recheio de frutas, com-

potas de peras. Combinação perfeita para o verão. «

20*+*+,%5!+4 )"2 - (+#&"1!+4 )"2 .*+$0'3/

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VINHOS REGINA BOCHICCHIO

Espumantedo Vale

DIVULGAÇÃO

VINHO DA SEMANAMoscatel EspumanteTerranova /Asti /Miolo / Uvasmoscatéis do Vale doSão Francisco / Ondecomprar: Perini(Pituba): R$ 26 /SupermercadosBompreço: R$ 30,34

AGENDA Aulas e jantarenogastronômico compossibilidades deharmonização depratos / De 26 a 28deste mês / R$ 250/Casa dos Vinhos -Bistrot du Vin71 3231-6793 ou3231-1933 / Pato aomolho de nozes comentradas e sobremesa.Vinhos: merlot, Shiraz.R$ 150 (por pessoa) »

EVEN

TOS,PERGUNTAS,CRÍTICAS,SU

GESTÕ

ES:[email protected]

M.BR

Uma coisa quemuitos bebedores ou apreciadores baianos do

vinho ainda não sabem é que esta bebida – signo de sofisti-

cação e elegância no imaginário comum– tem sido produzida

bem aqui, na Bahia, mais precisamente na quente região do

Vale do Rio São Francisco, nomunicípio de Casa Nova. E não é

vinhozinho de prateleira de boteco. É do tipo exportação.

Se você é daqueles que precisambeber para crer, basta pro-

curar–numadasdezenasdelojasespecializadasemvinho,que

estãocadavezmaisàvistaemSalvador,ouaté supermercados

– e encher a taça.

Claro que não é nenhum Bordeaux. Claro, porque estamos

naBahia. E vinho pode ser tudo,menos igual a qualquer outro

do vasto mundo. É como digital, cada pessoa tem a sua. Cada

terra produz um vinho diferente.

Vinho baiano, sim, senhor, vá lá. Mas com tecnologia gaú-

cha. Foram os empreendedores da Miolo Wine Group, lá do

municípiodeBentoGonçalves (RS),queprovaramdauvamos-

catel cultivada na Bahia e, visionários, arriscaram investir mi-

lhões no Vale do São Francisco – em cujo espaço do agreste

pernambucano,nosmunicípiosdeLagoaGrandeeSantaMaria

da Boa Vista, outros empresários já investiam há anos.

FRUTASAuvamoscatel transformou-se numespumante, produzido

pelométodoAsti, tipicamente italiano, que consiste numaúni-

ca fermentação (outros métodos são feitos com duas fermen-

tações). Tanto o espumante Moscatel como o vinho tinto re-

servaShiraz,produzidoseengarrafadosnaBahia, são,hoje,os

líderes dos rótulos Terranova. Garrafas que os norte-america-

nos e franceses estão sorvendo, já que 40% da produção da

Ouroverde é para a exportação. E o espumante Moscatel, li-

geiramentedocee leve,servidobemgelado(entre4°Ce6°C),

vaibemcomamaioriadospratossimplesousofisticadosàbase

defrutas: crepesuzette,moussede limão,saladadefrutas, sor-

vetes de frutas cítricas. Pão-de-ló com recheio de frutas, com-

potas de peras. Combinação perfeita para o verão. «

20*+*+,%5!+4 )"2 - (+#&"1!+4 )"2 .*+$0'3/

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A búlgara do

Tortarelli: cara

de bolo solado

e consistência

macia de pudim

GASTRÔ TORTA BÚLGARA

Um docemistérioCercada de segredos sobre a sua verdadeira origem epreparo, ela é uma das sobremesas preferidas dos baianos.Muito ensina como preparar esta misteriosa delícia

Texto LUDMILA [email protected] MARCO AURÉLIO MARTINS [email protected]

Elaestápresentenocardápiode

quase todos os restaurantes e

docerias da cidade, mas nin-

guém sabe dizer ao certo de

onde ela veio nem quando

apareceuemSalvador.Ospou-

cosque têmareceitaguardamosegredoa

sete chaves. Cercada de mistérios, a torta

búlgara–umsimplesbolodechocolatefei-

to sem adição de farinha – já se transfor-

mou numa verdadeira instituição baiana.

O mistério começa pelo nome, já que

não se sabe sequer se a torta é búlgara de

nascimento ou a mais pura invencionice.

“Acontece com muitos pratos. Por exem-

plo, ninguémsabe se a torta alemãémes-

mo alemã nem se a torta holandesa veio

daHolanda”,dizAnaLúciaBorges,donado

RestauranteCristal,umdosprimeirosdaci-

dade a oferecer o doce, há aproximada-

mente seis anos.

“Sempre que viajo ao exterior, fico de

olhonosdoces e comidas típicas enunca vi

nada igual por onde estive”, confessa. A

despeito do nome internacional, a torta –

também conhecida como bolo búlgaro ou

apenas búlgaro – parece existir mesmo

apenas em Salvador, a exemplo de outros

quitutes indiscutivelmente locais, como o

pãozinho delícia e o picolé Capelinha.

“Eu acho que é uma iguaria de origem

local, tantoquesóagoraestácomeçandoa

ser conhecida foradoEstado”,dizaempre-

sária.OchefpaulistanoLucianoEliçagaray,

professor do curso de gastronomia da Ruy

Barbosa, concorda. “Eume interesso mui-

topelaorigemdosalimentos,masnãoen-

contrei informações sobre essa torta. Fora

da Bahia, nunca tinha ouvido falar dela”.

SEM FARINHAMasissosóresolvepartedomistérioem

tornodatortabúlgara.Se,porumlado, tu-

do indicaqueela seja, na verdade, uma in-

venção baiana, por outro lado, ninguém

sabe dizer ao certo quem criou a sobreme-

sa. Para os chefs, cozinheiros, patissiers e

até antropólogos, consultados pela repor-

tagem,aorigemdopratocontinuacercada

demistérios e contradições.

Alguns dizemque se trata de uma recei-

taantiga,datadadotempoemquefarinha

de trigo era coisa rara e costumavam-se

usarmuitosovosemuitamanteiganacon-

fecçãodosdoces.Outros alegamqueéno-

vidade, trazida junto comoutras sobreme-

sas com pouca ou nenhuma farinha de tri-

go, a exemplo do brownie norte-america-

no e do petit gateau francês.

Ébemverdadequeatortabúlgaranãoé

aprimeiranemseráaúltimaversãodobo-

lo de chocolate sem farinha de trigo. Basta

dar uma pesquisada na internet para en-

contrardezenasdeoutrasvariaçõescomos

mais diversos nomes. Assim como as ou-

tras tortas semfarinha,abúlgaraébastan-

te densa e doce, ideal para ser comida em

pequenas quantidades.

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A búlgara do

Tortarelli: cara

de bolo solado

e consistência

macia de pudim

GASTRÔ TORTA BÚLGARA

Um docemistérioCercada de segredos sobre a sua verdadeira origem epreparo, ela é uma das sobremesas preferidas dos baianos.Muito ensina como preparar esta misteriosa delícia

Texto LUDMILA [email protected] MARCO AURÉLIO MARTINS [email protected]

Elaestápresentenocardápiode

quase todos os restaurantes e

docerias da cidade, mas nin-

guém sabe dizer ao certo de

onde ela veio nem quando

apareceuemSalvador.Ospou-

cosque têmareceitaguardamosegredoa

sete chaves. Cercada de mistérios, a torta

búlgara–umsimplesbolodechocolatefei-

to sem adição de farinha – já se transfor-

mou numa verdadeira instituição baiana.

O mistério começa pelo nome, já que

não se sabe sequer se a torta é búlgara de

nascimento ou a mais pura invencionice.

“Acontece com muitos pratos. Por exem-

plo, ninguémsabe se a torta alemãémes-

mo alemã nem se a torta holandesa veio

daHolanda”,dizAnaLúciaBorges,donado

RestauranteCristal,umdosprimeirosdaci-

dade a oferecer o doce, há aproximada-

mente seis anos.

“Sempre que viajo ao exterior, fico de

olhonosdoces e comidas típicas enunca vi

nada igual por onde estive”, confessa. A

despeito do nome internacional, a torta –

também conhecida como bolo búlgaro ou

apenas búlgaro – parece existir mesmo

apenas em Salvador, a exemplo de outros

quitutes indiscutivelmente locais, como o

pãozinho delícia e o picolé Capelinha.

“Eu acho que é uma iguaria de origem

local, tantoquesóagoraestácomeçandoa

ser conhecida foradoEstado”,dizaempre-

sária.OchefpaulistanoLucianoEliçagaray,

professor do curso de gastronomia da Ruy

Barbosa, concorda. “Eume interesso mui-

topelaorigemdosalimentos,masnãoen-

contrei informações sobre essa torta. Fora

da Bahia, nunca tinha ouvido falar dela”.

SEM FARINHAMasissosóresolvepartedomistérioem

tornodatortabúlgara.Se,porumlado, tu-

do indicaqueela seja, na verdade, uma in-

venção baiana, por outro lado, ninguém

sabe dizer ao certo quem criou a sobreme-

sa. Para os chefs, cozinheiros, patissiers e

até antropólogos, consultados pela repor-

tagem,aorigemdopratocontinuacercada

demistérios e contradições.

Alguns dizemque se trata de uma recei-

taantiga,datadadotempoemquefarinha

de trigo era coisa rara e costumavam-se

usarmuitosovosemuitamanteiganacon-

fecçãodosdoces.Outros alegamqueéno-

vidade, trazida junto comoutras sobreme-

sas com pouca ou nenhuma farinha de tri-

go, a exemplo do brownie norte-america-

no e do petit gateau francês.

Ébemverdadequeatortabúlgaranãoé

aprimeiranemseráaúltimaversãodobo-

lo de chocolate sem farinha de trigo. Basta

dar uma pesquisada na internet para en-

contrardezenasdeoutrasvariaçõescomos

mais diversos nomes. Assim como as ou-

tras tortas semfarinha,abúlgaraébastan-

te densa e doce, ideal para ser comida em

pequenas quantidades.

Page 40: CAÇADORES DE HISTÓRIAS

40 SALVADOR DOMINGO 26/9/2010 41SALVADOR DOMINGO 26/9/2010

Odiferencial estámesmona sua textura, aomesmo tempope-

sada e leve. “A torta búlgara tem a aparência de um bolo solado,

mas, quando você morde, parece até um pudim de tão macia”,

descreve Anna Patrícia Maia, proprietária da casa de doces Torta-

relli.Outrapeculiaridadeéqueelaé tãoúmidaquechegaagrudar

nos dentes, como um brigadeiro. Como ela fica desse jeito? Es-

tamos diante demais um segredo.

QUATRO INGREDIENTESSe a origem da torta búlgara já é em si um grande enigma, a

receitaentãopodeserdescritacomoosantograaldoschocólatras.

PatríciaMaianãorevelaadelanemsobtortura.Masdáumapista:

“A receita émuito simples, são apenas quatro ingredientes”.

Ela conta que “herdou” a dela deumaex-sócia numaépoca em

que ninguém sabia como fazer a sobremesa. “Havia até grupo de

discussão na internet para descobrir a receita”. Hoje emdia, ela já

não émais tão secreta assim: existem diversas versões diferentes

naweb e até um vídeo no Youtube ensinando como fazer.

É fácil descobrir, por exemplo, que os quatro ingredientes em

questãosãochocolateempó,açúcar,manteigaeovos.Masquem

Torta do Cristal, um dos

primeiros a oferecer

a sobremesa na cidade

disseque saber issoacaba comomistério?

“Opulodogatoestánamaneirade fazer”,

revela Patrícia, que diz ter testado dezenas

de variações até descobrir o jeito certo.

Existem diversos fatores que devem ser

levados em consideração para que a recei-

ta possa funcionar de fato. Patrícia revela

uma informação importante: “A tortaé co-

zidaembanho-mariaparasódepoisseras-

sada”.Ouseja,devem-secozinhartodosos

ingredientesantesde levaramassaao for-

no,diferentementedopreparodeumbolo

de chocolate comum.

Outromomentodelicadoéahoradede-

senformar o doce. Ana Lúcia Borges dá a

dica: “Ele deve ser desenformado ainda

morno, nem quente nem frio”, senão cor-

re-se o risco de partir a torta em vários pe-

daços. Estedetalheé tão importantequea

cozinheira do Cristal vem pessoalmente –

mesmo quando está de férias – desenfor-

mar as tortas servidas no restaurante.

VARIAÇÕESÉ bom lembrar que, como não se tem

notícia de uma receita original, cada con-

feiteiro faz a sua versãoparticular, alteran-

do as quantidades dos ingredientes. “Criei

minhareceitaapartirdeoutrasqueencon-

trei na internet, e fui adaptando os ingre-

dientesaomeugosto,colocandomaischo-

colate, menos manteiga, até chegar ao

ponto”, conta a empresária.

Eladescobriu,porexemplo,queaquan-

tidadedeaçúcaralteranãosomenteogos-

tomas tambéma texturadoproduto final.

Quantomais açúcar,mais crocante ficará a

parte externa da torta, e quanto menos

açúcar mais úmida e de paladar mais sutil

sairá o resultado. Difícil é decidir qual das

versões é amais gostosa. «

TORTA BÚLGARA300 g de chocolateem pó300 g de manteiga(com ou sem sal)300 g de açúcarbranco refinado3 ovos inteiros2 gemas

PREPAROPré-aqueça o forno emtemperatura média eunte uma forma depudim com manteiga.Derreta a manteigacom o chocolate empó numa panela embanho-maria. Quandoestiver homogêneo,retire do fogo e junteos ovos e o açúcar,batendo bem. Leve devolta ao banho-mariae mexa até a massaengrossar, ficandosemelhante a umalama negra. Transfirapara a forma depudim untada e leveao forno também embanho-maria por 30 a40 minutos

ONDE COMER Tortarelli: Rua das Hortênsias, 552, Pituba. Fone: 71 3344-2022 (preço da torta: R$ 55 / R$ 6,90, a fatia) RestauranteCristal: Al. dos Umbuzeiros, 638, Caminho das Árvores. Fone: 71 3011-8134 (preço da torta: R$ 70 / fatia por peso)

TRILHAS ANINHA [email protected]

«Sem educação, a política é circo,e os impostos escoam pelo ralo»

Um encontrocom o futuroN

o próximo domingo, participaremos de um

acontecimento que nenhum dos nossos an-

tepassados conseguiu antes: votaremos pe-

la 6ª vez à Presidência da República sem que golpes

e “revoluções gloriosas” interrompamo fluxodemo-

crático. Essa conquista faz do Brasil uma República,

nãomais a republiquetadasbananasdo século20. E

nossa ida às urnas decidirá que brasileiros conduzi-

rãoas reformasnaeducação,napolíticaenosistema

fiscal monstruoso que no s penaliza, nessa ordem.

Sem educação, a política é circo, e os impostos co-

lossaisque todospagam,única coisademocráticano

Brasil, hoje, escoam pelo ra lo da corrupção e da in-

competência. É surreal que osmoradores de rua pa-

guem impostos quando compram o pão cacetinho

comcaféouentornamabranquinhanecessária para

suportar o cotidiano, e que esses impostos não os ti-

rem da rua.

Nós ralamos cincomeses por anopara bancar

os deputados federais que contrataremos

no próximo domingo, pelo voto, e que nos

custarão, a unidade, sem os reajustes que o Poder

Legislativo sempre consegue, quatro milhões, tre-

zentos e vinte mil reais durante os quatro anos do

mandato, 90 mil reais mês, cada um. Um senador

eleito nos custará onze milhões, quinhentos e vinte

mil reais em oito anos, 120mil reais mês. Se os elei-

tos desviarem os impostos para aumentar os patri-

mônios, para receber porcentagens em licitações

fraudulentas,oprejuízoé incalculável,eonossovoto

responsável por ele.

Mas se eles não roubareme não fizeremna-

da,nenhumprojetoquesirvaàsociedade,

o prejuízo será enorme, porque trabalhar

paradar boa vidaa cupimé idiotia. Então, quemnão

escolheuatéagoradeputadoestadual, deputado fe-

deral, senador, governador e presidente que, nos

próximos quatro anos estão obrigados a fazer do Es-

tado e do Paísmelhores, concentre-se e escolha, du-

rante a semana, pensando em três prioridades co-

nectadas entre si: honestidade, trabalho emoderni-

dade.Ebastadedeplorarque,napolítica, só temcor-

ruptoeque,nesteano,onegócioévotonulo.OBrasil

não precisa demais nenhuma nulidade! «

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40 SALVADOR DOMINGO 26/9/2010 41SALVADOR DOMINGO 26/9/2010

Odiferencial estámesmona sua textura, aomesmo tempope-

sada e leve. “A torta búlgara tem a aparência de um bolo solado,

mas, quando você morde, parece até um pudim de tão macia”,

descreve Anna Patrícia Maia, proprietária da casa de doces Torta-

relli.Outrapeculiaridadeéqueelaé tãoúmidaquechegaagrudar

nos dentes, como um brigadeiro. Como ela fica desse jeito? Es-

tamos diante demais um segredo.

QUATRO INGREDIENTESSe a origem da torta búlgara já é em si um grande enigma, a

receitaentãopodeserdescritacomoosantograaldoschocólatras.

PatríciaMaianãorevelaadelanemsobtortura.Masdáumapista:

“A receita émuito simples, são apenas quatro ingredientes”.

Ela conta que “herdou” a dela deumaex-sócia numaépoca em

que ninguém sabia como fazer a sobremesa. “Havia até grupo de

discussão na internet para descobrir a receita”. Hoje emdia, ela já

não émais tão secreta assim: existem diversas versões diferentes

naweb e até um vídeo no Youtube ensinando como fazer.

É fácil descobrir, por exemplo, que os quatro ingredientes em

questãosãochocolateempó,açúcar,manteigaeovos.Masquem

Torta do Cristal, um dos

primeiros a oferecer

a sobremesa na cidade

disseque saber issoacaba comomistério?

“Opulodogatoestánamaneirade fazer”,

revela Patrícia, que diz ter testado dezenas

de variações até descobrir o jeito certo.

Existem diversos fatores que devem ser

levados em consideração para que a recei-

ta possa funcionar de fato. Patrícia revela

uma informação importante: “A tortaé co-

zidaembanho-mariaparasódepoisseras-

sada”.Ouseja,devem-secozinhartodosos

ingredientesantesde levaramassaao for-

no,diferentementedopreparodeumbolo

de chocolate comum.

Outromomentodelicadoéahoradede-

senformar o doce. Ana Lúcia Borges dá a

dica: “Ele deve ser desenformado ainda

morno, nem quente nem frio”, senão cor-

re-se o risco de partir a torta em vários pe-

daços. Estedetalheé tão importantequea

cozinheira do Cristal vem pessoalmente –

mesmo quando está de férias – desenfor-

mar as tortas servidas no restaurante.

VARIAÇÕESÉ bom lembrar que, como não se tem

notícia de uma receita original, cada con-

feiteiro faz a sua versãoparticular, alteran-

do as quantidades dos ingredientes. “Criei

minhareceitaapartirdeoutrasqueencon-

trei na internet, e fui adaptando os ingre-

dientesaomeugosto,colocandomaischo-

colate, menos manteiga, até chegar ao

ponto”, conta a empresária.

Eladescobriu,porexemplo,queaquan-

tidadedeaçúcaralteranãosomenteogos-

tomas tambéma texturadoproduto final.

Quantomais açúcar,mais crocante ficará a

parte externa da torta, e quanto menos

açúcar mais úmida e de paladar mais sutil

sairá o resultado. Difícil é decidir qual das

versões é amais gostosa. «

TORTA BÚLGARA300 g de chocolateem pó300 g de manteiga(com ou sem sal)300 g de açúcarbranco refinado3 ovos inteiros2 gemas

PREPAROPré-aqueça o forno emtemperatura média eunte uma forma depudim com manteiga.Derreta a manteigacom o chocolate empó numa panela embanho-maria. Quandoestiver homogêneo,retire do fogo e junteos ovos e o açúcar,batendo bem. Leve devolta ao banho-mariae mexa até a massaengrossar, ficandosemelhante a umalama negra. Transfirapara a forma depudim untada e leveao forno também embanho-maria por 30 a40 minutos

ONDE COMER Tortarelli: Rua das Hortênsias, 552, Pituba. Fone: 71 3344-2022 (preço da torta: R$ 55 / R$ 6,90, a fatia) RestauranteCristal: Al. dos Umbuzeiros, 638, Caminho das Árvores. Fone: 71 3011-8134 (preço da torta: R$ 70 / fatia por peso)

TRILHAS ANINHA [email protected]

«Sem educação, a política é circo,e os impostos escoam pelo ralo»

Um encontrocom o futuroN

o próximo domingo, participaremos de um

acontecimento que nenhum dos nossos an-

tepassados conseguiu antes: votaremos pe-

la 6ª vez à Presidência da República sem que golpes

e “revoluções gloriosas” interrompamo fluxodemo-

crático. Essa conquista faz do Brasil uma República,

nãomais a republiquetadasbananasdo século20. E

nossa ida às urnas decidirá que brasileiros conduzi-

rãoas reformasnaeducação,napolíticaenosistema

fiscal monstruoso que no s penaliza, nessa ordem.

Sem educação, a política é circo, e os impostos co-

lossaisque todospagam,única coisademocráticano

Brasil, hoje, escoam pelo ra lo da corrupção e da in-

competência. É surreal que osmoradores de rua pa-

guem impostos quando compram o pão cacetinho

comcaféouentornamabranquinhanecessária para

suportar o cotidiano, e que esses impostos não os ti-

rem da rua.

Nós ralamos cincomeses por anopara bancar

os deputados federais que contrataremos

no próximo domingo, pelo voto, e que nos

custarão, a unidade, sem os reajustes que o Poder

Legislativo sempre consegue, quatro milhões, tre-

zentos e vinte mil reais durante os quatro anos do

mandato, 90 mil reais mês, cada um. Um senador

eleito nos custará onze milhões, quinhentos e vinte

mil reais em oito anos, 120mil reais mês. Se os elei-

tos desviarem os impostos para aumentar os patri-

mônios, para receber porcentagens em licitações

fraudulentas,oprejuízoé incalculável,eonossovoto

responsável por ele.

Mas se eles não roubareme não fizeremna-

da,nenhumprojetoquesirvaàsociedade,

o prejuízo será enorme, porque trabalhar

paradar boa vidaa cupimé idiotia. Então, quemnão

escolheuatéagoradeputadoestadual, deputado fe-

deral, senador, governador e presidente que, nos

próximos quatro anos estão obrigados a fazer do Es-

tado e do Paísmelhores, concentre-se e escolha, du-

rante a semana, pensando em três prioridades co-

nectadas entre si: honestidade, trabalho emoderni-

dade.Ebastadedeplorarque,napolítica, só temcor-

ruptoeque,nesteano,onegócioévotonulo.OBrasil

não precisa demais nenhuma nulidade! «

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42 SALVADOR DOMINGO 26/9/2010 43SALVADOR DOMINGO 26/9/2010

PAREDE AYRSON HERÁCLITOwww.ayrsonheraclito.blogspot.com/

O artista visual Ayrson Heráclito fecha a seção Paredecom o trabalho Banhista Yaô (da série Bather/Banhista), de 2007. Aqui o líquido é livre, escapa,escorrega pelo corpo e invade nossos sentidos

»MANDESU

ASIM

AGEN

[email protected]

M.BR

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42 SALVADOR DOMINGO 26/9/2010 43SALVADOR DOMINGO 26/9/2010

PAREDE AYRSON HERÁCLITOwww.ayrsonheraclito.blogspot.com/

O artista visual Ayrson Heráclito fecha a seção Paredecom o trabalho Banhista Yaô (da série Bather/Banhista), de 2007. Aqui o líquido é livre, escapa,escorrega pelo corpo e invade nossos sentidos

»MANDESU

ASIM

AGEN

[email protected]

M.BR

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#130 / DOMINGO, 26 DE SETEMBRO DE 2010REVISTA SEMANAL DO GRUPO A TARDE

JOSÉ MEDRADO TORTA BÚLGARA MODA DE RUA COSME E DAMIÃO VINHOS «

Indiana Jones doARQUIVOPesquisadores, liderados por Urano Andrade,buscam documentos raros no Arquivo Público