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Projeto de Pesquisa Histórico comparado das relações trabalhistas na América Latina” Pesquisador responsável: Prof. Dr. Wallace dos Santos de Moraes Rio das Ostras Setembro - 2010

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Projeto de Pesquisa

“Histórico comparado das relações trabalhistas na América Latina”

Pesquisador responsável: Prof. Dr. Wallace dos Santos de Moraes

Rio das Ostras

Setembro - 2010

Resumo

O sistema do capital tem como característica nodal a subordinação dos

vendedores de força de trabalho aos proprietários dos meios de produção.

Historicamente, os representantes do capital impuseram suas leis através do

Estado para garantir a subordinação citada. Em um período pequeno da

relação capital-trabalho, a exploração capitalista foi amenizada, chamada por

parte da literatura por welfare state. Este modelo foi deveras atacado durante

os anos neoliberais, caracterizado por flexibilizar direitos trabalhistas. Nos

últimos anos na América Latina, chegaram ao poder político governos

considerados de base popular como Chávez, Morales, Corrêa, Lula, Ortega,

Kirchner, Lugo e outros. A partir deste momento alguns teóricos passam a

defender que vivemos no contexto pós-neoliberal. A pesquisa objetiva

perscrutar se há uma mudança no padrão histórico da relação entre capital e

trabalho, bem como da intervenção do Estado nesta relação no novo contexto

– ou para além disso, se realmente vivemos em contexto diverso do neoliberal.

Faremos inicialmente uma comparação entre Brasil e Argentina e

privilegiaremos se há uma melhora da situação para o Trabalho, percebendo

se há aumento de seus direitos etc.

Palavras-chave: relação capital-trabalho; América Latina; direitos trabalhistas;

Brasil; Argentina.

1. Introdução

A leitura do texto clássico de T. H. Marshall (1977) acerca do processo de

implementação dos direitos de cidadania sugere que caminhamos de maneira

progressiva, e, aparentemente, irreversível, para um aumento dos direitos aos

trabalhadores na construção de um processo civilizador, parafraseando Norbert

Elias (1993).

Contudo, as últimas décadas evidenciam que até os direitos civis, tão

essenciais ao capitalismo na suplantação do feudalismo, sofreram um revés.

São vários os exemplos de desrespeito aos direitos civis. Os acontecimentos,

tanto na França – rebelião de jovens da periferia com decretação de estado de

emergência, acompanhada de toque de recolher etc. (2005, 2006 e 2007) –,

quanto nos EUA – com a supressão de determinadas liberdades, sobretudo

para árabes e descendentes, após os atentados de 11 de setembro, além de

seus mais de dois milhões de encarcerados –, evidenciam um retrocesso no

que diz respeito às garantias individuais. A autodeterminação dos povos e o

direito de liberdade religiosa sofreram ataques consideráveis por parte da

principal potência militar mundial, tendo como resultado dois fenômenos: 1)

retrocesso do avanço dos direitos civis, atacados em nome dos mesmos

direitos civis, consubstanciado na prevalência do lucro, na busca pelo

monopólio do petróleo, na propriedade privada; 2) o uso da força

indiscriminadamente, alertando para, na melhor das hipóteses, uma inflexão do

processo civilizador.

Nos últimos anos, parte da literatura da Ciência Política, em autores

como Pippa Norris (1999), Russel J. Dalton (2000), Martin Wattenberg (2000),

Dieter-Fuchs (1999), Richard Rose, Doh C. Shin e Neil Munro (1999), Chantal

Mouffe (1996) e Robert Putnam (2000; 2002), está preocupada com os altos

índices de abstenção nas eleições, com o esvaziamento dos partidos políticos,

dos sindicatos, das associações de todos os tipos, enfim, com o declínio do

que Putnam chamou de capital social, concomitante com a crescente

descrença na legitimidade e eficácia das instituições políticas. Com efeito, se

os direitos políticos significam, para Marshall, a prerrogativa de participar do

poder político, tanto como candidato, quanto como eleitor, a World Values

Survey mostra que no período neoliberal houve um certo descaso por esses

direitos.

Já no que concerne aos direitos sociais, percebemos, na maioria dos

países, que as últimas décadas do século XX caracterizaram-se pela perda de

alguns direitos para os trabalhadores. Se os direitos sociais, segundo Marshall,

têm por objetivo garantir um mínimo de bem-estar e segurança materiais para

todos os indivíduos, algumas implicações que tratem dos novos tempos devem

ser elencadas. Primeiro, a implementação destes direitos diz respeito a um

período muito curto da história da humanidade, compreendido entre o fim da

Segunda Guerra e meados da década de 1970, portanto, pouco mais que trinta

anos. Segundo, territorial e demograficamente, esta prerrogativa ficou

basicamente circunscrita aos países da OCDE (Organização para Cooperação

e Desenvolvimento Econômico) e a algumas “elites” pelo mundo afora.

Terceiro, nem todos, mesmos nos países citados, desfrutaram, ou desfrutam,

dos direitos sociais.

Muitos historiadores, cientistas sociais e juristas valeram-se do texto de

Marshall para elaborar teses das mais variadas. Qualquer conhecedor da

História constata que as teses de Marshall não se aplicam no restante do

mundo. Assim, elas figuram quase como idílicas para os casos brasileiro e

argentino, por exemplo.2 O surgimento dos direitos sociais esteve ligado a um

novo metabolismo social, no qual os direitos dos trabalhadores encontravam-se

na pauta do dia, fruto das grandes reivindicações, em toda parte do mundo,

dos trabalhadores socialistas, anarquistas e social-democratas, por uma vida

menos injusta.3 Qual a história dos direitos trabalhistas no Brasil e na

Argentina? Ela segue os mesmos princípios de Marshall?

Tencionamos fazer esta pesquisa porque grande parte da literatura assevera

que a América Latina vive, pelo menos desde o início do novo milênio, no

contexto pós-neoliberal. Com efeito, dentre os casos de pós-neoliberalismo na

América Latina (AL), o brasileiro e o argentino são paradigmáticos. O primeiro,

como exemplo moderado do neodesenvolvimentismo; e o segundo, como

modelo mais radicalizado da nova face da economia capitalista.

O Brasil normalmente figura na América Latina com posição de destaque por

ter a maior economia, a maior população e a maior extensão territorial. Além

disso, o Partido dos Trabalhadores e Luiz Inácio Lula da Silva representam

uma postura referencial para a esquerda institucional latino-americana desde a

década de 1980. Ao mesmo tempo, o governo do PT adota princípios do

receituário liberal que o caracterizam como uma espécie de hibridismo entre

liberalismo e desenvolvimentismo (Boschi, 2007; Sheahan, 2002; Boyer, 2005).

A economia argentina, reconhecida como uma das que mais sofreu com a crise

do neoliberalismo, consegue alcançar razoáveis índices de crescimento

econômico sob os governos Kirchners. Ao mesmo tempo, se vê uma

transformação mais radicalizada com algumas (re)nacionalizações de

empresas privatizadas.

Fato é que embora sejam países latino-americanos, suas origens,

trajetórias e ações dos governos diferem radicalmente. Além de atuações

governamentais heterônomas, podemos dizer que estes países possuem

sindicatos de trabalhadores com reivindicações bem diversas e também com

posições das firmas igualmente distintas, resultado de conjunturas não

análogas, apesar das particularidades comuns de países latino-americanos

com altos graus de desigualdade e pobreza.

Estes são os dois países mais industrializados e mais fortes econômica

e politicamente da América do Sul.

Objetivamos, portanto, pesquisar comparadamente Brasil e Argentina,

especificamente nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), de

Néstor e Cristina Kirchner (2003-2010) com vistas a perceber as alterações nos

direitos trabalhistas com relação aos governos anteriores.

2. Referencial teórico

Soskice e Hall (2001) desenvolveram uma metodologia para análise da

variedade de capitalismo em países desenvolvidos, identificando a relação das

firmas diante dos direitos trabalhistas em dois modelos de capitalismos. O

objetivo deste trabalho é ressignificar o método desenvolvido pelos autores e

aplicar ao estudo de países latino-americanos. Nesse sentido, nossa

investigação visa, a partir de uma pesquisa comparada e multidimensional,

identificar as condições de mudanças nas relações capita-trabalho exigidas

pelas associações coletivas do empresariado e pelas organizações dos

trabalhadores e perceber quais interesses são atendidos pelos governos no

contexto pós-neoliberal na America Latina. Com efeito, serão analisadas as

relações entre as associações coletivas dos empresários, os sindicatos e os

governos de Brasil e Argentina, privilegiando as possíveis alterações no âmbito

das direitos trabalhistas e/ou outras questões que mudem as condições e a

qualidade de vida do trabalhador.

Em que pese o modelo hegemônico de organização societal e de

produção econômica do século XXI ser o capitalista, cujas características

idiossincráticas de produção são encontradas em quase todas as partes do

mundo, existem diferenças fundamentais entre as economias políticas

nacionais que determinam seus desempenhos econômicos e de bem-estar da

sociedade. Esta é a principal tese da teoria VOC.

Façamos uma necessária problematização antes de continuarmos a

descrição das principais teses da teoria. Quando os autores afirmam que

existem diferentes modelos de capitalismo, suas baterias estão voltadas para

suplantar um modelo de análise muito usado por renomados intelectuais nas

décadas de 1970/80/90: a teoria da modernização.

A teoria da modernização aponta para a questão de o fator de

transformação da economia se basear na modernização das indústrias. Daí a

ideia de progresso das firmas que seria impulsionado por bancos,

principalmente oficiais, e intervenções estatais que direcionariam investimentos

em setores específicos. Portanto, o desenvolvimento da economia nacional

dependeria do planejamento do sistema com base na intervenção do Estado no

setor privado, e no controle do fluxo de fundos no sistema financeiro. Nesse

sentido, os países são categorizados de acordo com a estrutura de seu Estado,

em fortes e fracos (Soskice e Hall, 2001:2). Está embutida nesta análise o

pressuposto de que todos chegariam a um ponto comum pelo

desenvolvimento, isto é, a Europa e os EUA são modelos de desenvolvimento

que devem ser seguidos, por exemplo, pela América Latina. A teoria da

modernização, por sua vez, tem problemas de aplicação analítica, sobretudo

no contexto de abertura em que o Estado desempenha um papel menor na

condução econômica, ficando este mais destinado às firmas, defendem

Soskice e Hall.

Entretanto, com exceção da teoria da modernização e da teoria liberal,

com seu postulado da mão invisível, nenhuma outra teoria concebe que existe

um único capitalismo. Todas partem da ideia de que há diferentes papéis das

economias nacionais no capitalismo. A teoria marxista não concebeu que

existisse um único capitalismo, a própria tese do imperialismo de Lênin

desmitifica totalmente esta ideia. Pelo lado da teoria social-democrata, Esping-

Andersen, bem antes de Soskice e Hall, concebia a existência de diferentes

modelos de welfare state. Portanto, alardear a existência de diferentes modelos

de capitalismo não é nenhuma novidade.

Mas por que nos impressionamos com a defesa das teses de Soskice e

Hall? A nossa percepção é que o problema é menos teórico e mais jornalístico.

Explicamos. Se as grandes matrizes explicam a existência de diferentes

capitalismos desde há muito, não teria porque nos impressionarmos. A

proeminente questão é que, com a hegemonia do neoliberalismo, recebemos

quase que diariamente notícias e artigos jornalísticos apresentando o espaço

econômico internacional como um grande mercado homogêneo, contra o qual

não podíamos lutar, um espaço livre da intervenção estatal, produzido pela

existência e atuação das firmas globais e pelo suposto declínio do papel do

Estado-nação. É produzido, portanto, um capitalismo único, sem fronteiras,

com economias muito parecidas. Embriagados destas construções político-

ideológicas, construídas, mais uma vez, pela teoria da mão invisível,

amplamente difundida pelos grandes meios de comunicação, nos encantamos

quando temos acesso a um estudo que aponta para diferenças fundamentais

nas economias dos países da OCDE. Não obstante, essa teoria traz aspectos

relevantes que vão além da tese de variedades de capitalismo e, por isso, é

pertinente que a estudemos. Vamos às suas principais considerações.

David Soskice e Peter Hall (2001) propõem um método que a partir do

modelo institucional comparativo entre as economias nacionais permite

perceber suas semelhanças e diferenças, sobretudo na conjuntura de abertura

dos mercados especificamente para o caso dos países de capitalismo

desenvolvido.5 Para efeito de interesse desta pesquisa, os vários ensaios

organizados na obra citada sugerem que determinadas políticas sociais

melhoraram as operações de mercado e realçaram as capacidades das firmas

para alcançar seus objetivos.

A base de estudo do approach é centrada na economia política,

povoada por múltiplos atores, cada qual perseguindo seus interesses em uma

estratégia de interação racional com os demais. Os atores relevantes devem

ser indivíduos, firmas, grupos de pressão e governos. Não obstante, este

método de análise, em perfeita sintonia com a teoria de Olson (1999), é

centrado na firma porque a reconhece como ator central na economia

capitalista.

Para a abordagem “variedades de capitalismo”, os resultados da

economia política nacional podem ser medidos com referência aos caminhos

que as firmas percorrem para resolver seus problemas de coordenação. Os

resultados são divididos e agrupados em dois tipos de economias políticas:

economia de mercado liberal (LME) e economia de mercado coordenada

(CME).8 Com base nestes dois “tipos ideais”, as economias nacionais são

enquadradas, embora, cabe ressaltar, o método não consiga dar conta de

todas as economias dos países desenvolvidos.

A partir do approach de Sosckice e Hall surgem novos métodos que

mantêm seus principais postulados, mas que estabelecem alterações pontuais

na teoria. Este é o caso de Menz (2003). Ao mesmo tempo em que segue

critérios da VOC ao estabelecer estudos comparados e perceber a dinâmica

própria das economias nacionais para efeitos similares da internacionalização

do capital, Georg Menz (2003) também se diferencia do método citado ao

comparar a força dos sindicatos dos trabalhadores com a dos empresários na

disposição dos salários no contexto de Europeanization.

A tese de Menz (2003) é de que a força dos principais atores envolvidos

e interessados na re-regulação das leis trabalhistas determina o que é regulado

pelo Estado. Assim, a força dos grupos de interesse domésticos, sobretudo dos

sindicatos dos trabalhadores e das associações de empresários, determina o

que será regulado na política social. A preocupação de Menz em perceber a

posição dos atores envolvidos no arranjo trabalhista no contexto da

“Europeanization” é a mesma que temos ao verificar o fenômeno no contexto

pós-neoliberal.

O grande diferencial do approach variedades de capitalismo é conceber

que a política social também é importante para as firmas. Soskice e Hall

(2001:56), em contraposição a outras teorias, que veem automaticamente o

Capital em busca do menor custo do trabalho, sugerem que as firmas agem de

maneira diferente nas LMEs (economias de mercado liberais) e nas CMEs

(economias de mercado coordenadas) para similares estímulos da

globalização. Neste sentido, esta teoria se diferencia da matriz liberal que

entende que as políticas sociais são intervenções indevidas do Estado no

mercado, pois desestimula o empenho do trabalhador e gera injustiça por

transferir renda de uma pessoa a outra contra a liberdade daquela. Também se

distingue das interpretações social-democratas que entendem que, se o Estado

não regular as políticas sociais, os empresários jamais o farão, porque

diminuem seus lucros.

Portanto, se se entende o processo de mundialização do capital

diretamente ligado à deslocalização, os autores alegam que as firmas não

transportam automaticamente suas atividades para o exterior quando lhes são

oferecidos trabalho a baixos custos. Isto significa que, de acordo com a

dicotomia analítica, as firmas das CMEs estão menos propensas a deslocar-se

em busca de diminuir os custos da produção que as das LMEs.

Por fim, podemos concluir que a VOC percebe a existência de diferentes

interesses das firmas em políticas sociais, o que depende das vantagens

institucionais conseguidas nas relações entre os atores domésticos. Daí a

conclusão de que normalmente as firmas nas CMEs não se opõem às políticas

sociais com tanta ênfase, como ocorre nas LMEs.

Dentro do modelo geral que concebe variedades de capitalismo sob a

perspectiva comparada na América Latina (AL), podemos situar cinco grandes

interpretações. Uma delas é a de Renato Boschi (2006; 2007) e Eli Diniz (1991;

2007), que acrescenta novos métodos de análise fortemente amparados no

histórico institucional e na flexibilidade de denominações junto aos modelos

existentes na região. Outra é a de Ben Ross Schneider (2004a, 2004b e 2008)

que atribui duas teses aparentemente paradoxais com relação ao Estado; ele

seria forte e fraco simultaneamente, para o primeiro caso, na intervenção na

relação capital-trabalho; no segundo, na capacidade de taxar e fazer respeitar

as leis. Outra interpretação, como base da Teoria da Regulação, é a de Robert

Boyer (2005) e o seu conceito de wage-labour nexus; uma quarta tem base na

proposta metodológica organizada por Evelyne Huber (2002) e Sheahan

(2002), que estipulam critérios para o estudo das economias latino-americanas

sem que se fique a reboque das visões eurocêntricas em função das diferenças

enormes entre as regiões. Por fim, Collier e Collier (1991) analisam a relação

K-T com base no conceito de conjuntura crítica.

Mas, se já existem tantas análises sobre variedades de capitalismo para

a América Latina de maneira comparada, como se justifica nossa pesquisa?

Podemos adiantar que nenhuma tratou comparadamente das relações de

trabalho no Brasil e na Argentina.

Além disso, objetivamos centrar nossa análise não apenas nas firmas

como fazem as teorias baseadas na VOC, mas também nos representantes

dos trabalhadores e no Estado. Isto é, centramos a análise nas associações

coletivas do empresariado porque são organizações com enorme poder político

e econômico, capazes de influenciar governos (Olson, 1999; Soskice e Hall,

2001; Schneider, 2004, 2008; Diniz e Boschi, 2005), sejam democracias

representativas, sejam autoritários e, portanto, nas referidas alterações

legislativas e de políticas públicas, nos mais variados modelos de Estado e de

economia. Não obstante, para estudo das leis trabalhistas e das reformas que

as acompanham no limiar do século XXI, não podemos centrar análise apenas

em uma das partes interessadas, pois as políticas trabalhistas são resultado de

disputa de interesses entre Capital e Trabalho (Menz, 2003; Gourinchas e

Babb, 2002; Boyer, 2005; Sheahan, 2002; Collier e Collier, 1991), nos casos

brasileiro e argentino, intermediado pelo Estado.

Verificaremos, também, as políticas em forma de legislação

estabelecidas pelo Estado para esta relação. Por fim, ressaltamos que

consideraremos a dimensão histórica como um condicionamento importante

para explicar as diferenças entre a relação K-T nos dois países. Daí a

importância da pesquisa com base na dependência de trajetória. Em outros

palavras, é necessário um estudo de longo prazo. A análise de curto prazo não

nos possibilitaria perceber o início da relação. Neste sentido, o conceito de

dependência de trajetória nos ajudará a compreender de maneira coerente o

processo. Daí o entendermos como averiguação de escolhas feitas em

determinadas conjunturas que resultam em posições no presente, depois das

quais diminuem as possibilidades de trajetórias alternativas, como se existisse

uma causalidade social dependente da trajetória percorrida observada na

história (ver Mahoney, 2001; Pierson, 2004).

Partimos do pressuposto de que a criação de direitos trabalhistas

representou a inauguração da dependência de trajetória da relação K-T. Esta

surgiu nas primeiras décadas do século XX sob a predominância das idéias

social-democratas, no contexto de crise do liberalismo com a ascensão dos

movimentos anticapitalistas e o aumento da força dos sindicatos dos

trabalhadores. Ela caminhou passo a passo com a alteração do papel do

Estado.

A adoção de políticas neoclássicas, em fins do século XX, com a

desregulamentação, flexibilização e retirada de direitos e/ou aumento dos

prazos ou dificuldades para obtê-los – em que se defendeu a prioridade do

negociado sobre o legislado –, significou um desvio da trajetória, buscando sua

destruição e inaugurando uma nova trajetória contrária aos interesses dos

trabalhadores, a que chamamos de crise ou desvio da dependência de

trajetória. Esta foi uma tendência mundial, na qual Brasil, e Argentina se

enquadraram. Por conseguinte a eminente questão é saber se o contexto pós-

neoliberal representou uma modificação da trajetória inaugurada com o

neoliberalismo para os dois países.

Entendemos também que os efeitos da globalização figuram como

inputs para os governos, as elites e os trabalhadores domésticos. Daí

dependerá da ação política destes atores para a conformação dos modelos

econômicos e de Estado, normalmente com sua própria ressignificação.

3. Objetivos

Objetivos gerais

Investigar a dependência de trajetória da relação entre capital e trabalho

mediada pelo Estado nas economias de Brasil e Argentina.

Historicizar a relação capital-trabalho e as regras que a envolvem, com o

objetivo de verificar as características distintivas do período pós-

reformas orientadas ao mercado nestes dois países.

Objetivos específicos

Os objetivos específicos desta pesquisa é encontrar respostas para as

seguintes perguntas:

O que os governos de Brasil e Argentina fizeram de concreto em matéria

de direitos trabalhistas?

Como mediaram a relação capital-trabalho (k-t)?

O papel exercido, tanto pelos representantes dos trabalhadores quanto

dos empresários nos referidos países foi similar?

Tendo em vista que há interesses antagônicos e irreconciliávies entre

capital e trabalho, os governos atenderam prioritariamente os interesses

de qual classe social?

4. Metodologia

Os procedimentos adotados para a realização deste trabalho

compreendem em revisão bibliográfica e pesquisas de fontes secundárias e

primárias, baseadas em documentos e publicações das instituições estudadas.

No caso brasileiro: CNI, FIESP, FIRJAN e CUT. As instituições representativas

do empresariado escolhidas, FIESP e FIRJAN, são reconhecidamente as

maiores federações do segmento do Brasil, e a CNI é o órgão de cúpula que

consolida todas as demais federações. Pelo lado dos trabalhadores, a CUT foi

escolhida por ser a maior central sindical do país.

A escolha da CUT deve-se ao fato de, diferente das outras organizações

de cúpula dos trabalhadores reconhecidas, ela ter tido, ao longo de sua

história, uma postura mais combativa e intransigente na defesa de direitos para

os trabalhadores, negando as formas de flexibilização dos mesmos. No mais, a

CUT sempre teve uma relação umbilical com o Partido dos Trabalhadores –

PT, agora no governo.

A análise basear-se-á em documentos produzidos entre 1990 e 2010,

privilegiando as teses defendidas pelo empresariado no que concerne às

mudanças na legislação trabalhista, através de seus documentos públicos, e ao

atendimento destas questões por parte dos governos, consubstanciadas na

reformulação da legislação. Daí termos que cotejar as propostas das entidades

empresariais e da CUT com as leis e projetos de leis produzidos pelo governo

Lula.

O procedimento quanto ao capitalismo argentino será semelhante. Trata-

se de pesquisa sobre os documentos produzidos pela Associação de Industriais

Metalúrgicos (Adimra), bem como pela principal organização de classe dos

trabalhadores naquele país no mesmo período, CGT (Confederación General de

Trabajadores de Argentina), cotejados com as políticas trabalhistas elaboradas

pelo governo

Para tanto, discutiremos os modelos brasileiro e argentino de relações

de trabalho, desde a sua criação, nos primeiros anos da República, até o

paradigma criado com e após as reformas orientadas para o mercado. Os

papéis do empresariado, bem como dos sindicatos dos trabalhadores e do

Estado serão vistos prioritariamente como um epicentro que tem relações

recíprocas para a elaboração, tanto das relações de trabalho, quanto para sua

mudança (ver Moraes, 2009).

Por fim, tal como fizemos em nosso último trabalho (ver Moraes, 2010),

produziremos, ainda, tabelas com o fito de tentar mensurar quantitativamente e

estabelecer um parâmetro comparativo entre os diversos contextos históricos

para a relação capital-trabalho nos dois países. Elas estarão pautadas em

quatro eixos analíticos: 1) “direitos de liberdade”; 2) “direitos de trabalho”; 3)

“Força dos Sindicatos e/ou dos movimentos sociais” e 4) “intensidade da ação

coletiva do empresariado”. Separamos nestes quatro eixos, pois assim

diferenciamo-nos das interpretações que veem a relação capital-trabalho

apenas de um ângulo, ora negligenciando a ausência de liberdade, ora a

ausência de direitos, ora a força e combatividade dos sindicatos ou ainda o

grau de ação coletiva do empresariado. Certo é que em determinadas

conjunturas pode haver amplos direitos, mas sob enorme controle sobre o

trabalhador e, portanto, com pouca ou nenhuma liberdade, além de outras

configurações. Também queremos analisar se a força dos sindicatos e/ou dos

movimentos sociais - mensurada pela sua atuação através da participação na

elaboração de políticas pró-trabalho, ou com greves e protestos - coincide com

o aumento de direitos etc. A partir desta perspectiva, evitamos considerar

sindicatos fortes pela simples participação nos governos de maneira cooptada

e submissa sem olhar para os interesses dos trabalhadores, privilegiando

aspectos corporativos dos sindicalistas e/ou individuais de seus dirigentes.

5. Plano de trabalho

Pretendemos desenvolver as atividades da pesquisa no âmbito do

INCT/PPED. Daremos continuidade à pesquisa produzida no âmbito do

NEIC/IUPERJ no decurso do doutorado, no qual discutimos os casos de Brasil

e Venezuela, criando uma metodologia própria para o estudo da relação

capital-trabalho na América Latina. Pretendemos, neste sentido, aplicar a

metodologia que criamos para produzir uma reflexão original sobre o caso da

Argentina, comparadamente com o Brasil. Pretendemos ainda estimular os

estudantes de graduação do RIR a se inserirem em atividades de pesquisa. A

participação dos alunos facilitará a elaboração de seus projetos de monografia,

a partir de um olhar crítico e multidisciplinar.

Por fim, produziremos relatórios parcial e final do projeto de pesquisa.

Serão produzidos, ainda, artigos científicos para publicação, bem como

apresentação e participação em Congressos e Seminários relacionados ao

tema. Segue abaixo cronograma de trabalho que explicita melhor nosso plano

de trabalho.

6. Cronograma de Execução das Atividades (out./2010 a out./2012)

O quadro abaixo apresenta o cronograma de atividades detalhadas a

serem desenvolvidas no âmbito desta proposta de pesquisa ao longo dos dois

primeiros anos de trabalho.

Atividade/Mês 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24

Levantamento e

revisão

bibliográfica

x x x X x X x x

Coleta de dados

legislativos da

Argentina

x X x x

Estudo do papel

das associações

de classe da

Argentina

x x x

Elaboração de

relatório parcial

x x

Workshop para

divulgação dos

dados parciais

da pesquisa

x

Coleta de dados

legislativos do

Brasil

x x x x

Estudo do papel

das associações

de classe do

Brasil

x x x

Sistematização

dos dados da

relação capital-

trabalho

Brasileira

x x x x

Workshop

comparativo da

pesquisa

x

Participação em

evento científico

x

x

Elaboração de

relatório anual de

pesquisa

x

x x

Para o terceiro ano subseqüente da pesquisa, a partir de uma avaliação

coletiva e considerando os avanços em relação à obtenção dos resultados

esperados, temos como expectativa a aplicação do mesmo método para

análises de outros países da América Latina. O objetivo longínquo é mapear

todos os países da região.

5. Resultados Pretendidos

Temos as seguintes expectativas com relação a esta pesquisa:

Ajudar no desenvolvimento da cultura da pesquisa no PURO;

Envolver alunos e professores no projeto de pesquisa;

Estimular pesquisas comparadas de países da América Latina com

perspectiva crítica com vistas a emancipação humana;

Apresentar trabalhos em congressos científicos;

Organizar workshops sobre o tema pesquisado;

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