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História e Cultura Afro-Brasileira e Africana: Contribuições para o trabalho em Geografia João Stresser Cardoso RESUMO Desde a promulgação da Lei Nº 10.639 os professores tem a incumbência de tratar em suas aulas a temática africana e afrodescendente. Este trabalho procurou criar um conjunto de materiais didáticos que podem servir para os professores de geografia subsidiar as suas aulas dentro da temática africana e afrodescendente, onde se nota a ausência destes. Para tanto se procurou por meio de uma ferramenta disponibilizada pela Secretaria de Educação do Estado do Paraná, conhecido como OAC (Objeto de Aprendizagem Colaborativo) organizar essa coletânea, tanto na organização de todos os materiais necessários, quanto na análise e experimentação deste OAC. Utilizou-se um curso on line chamado de – GTR – Grupo de Trabalho em Rede – o qual foi muito importante para avaliar a necessidade desta temática, bem como a organização de materiais. Palavras chaves: Educação. Responsabilidade social. Relações interétnicas. ABSTRACT Since the promulgation of the Law number 10,639 professors have had the incumbency to deal in their lessons the thematic African and Afrodescendente. This way developed this work, which looked for creating a set of didactic materials that served for the geography professors to subsidize in their lessons of the thematic African and afrodescendente, where it has been noticed the absence of these, threfore it looked for through a tool available by Secretariat of Education of State of Parana known as OAC - Object of Collaboration Learning - to organize this collection , as much in the organization as in the analysis and experimentation of this OAC, a course was used on line called - GTR - Work group in Net - that it was very important to evaluate the necessity of this thematic and the organization of materials. Keys words: Education. Social Responsability. Interetnics relacions.

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História e Cultura Afro-Brasileira e Africana: Cont ribuições para o

trabalho em Geografia

João Stresser Cardoso

RESUMO

Desde a promulgação da Lei Nº 10.639 os professores tem a incumbência de tratar em suas aulas a temática africana e afrodescendente. Este trabalho procurou criar um conjunto de materiais didáticos que podem servir para os professores de geografia subsidiar as suas aulas dentro da temática africana e afrodescendente, onde se nota a ausência destes. Para tanto se procurou por meio de uma ferramenta disponibilizada pela Secretaria de Educação do Estado do Paraná, conhecido como OAC (Objeto de Aprendizagem Colaborativo) organizar essa coletânea, tanto na organização de todos os materiais necessários, quanto na análise e experimentação deste OAC. Utilizou-se um curso on line chamado de – GTR – Grupo de Trabalho em Rede – o qual foi muito importante para avaliar a necessidade desta temática, bem como a organização de materiais. Palavras chaves : Educação. Responsabilidade social. Relações interétnicas.

ABSTRACT

Since the promulgation of the Law number 10,639 professors have had the incumbency to deal in their lessons the thematic African and Afrodescendente. This way developed this work, which looked for creating a set of didactic materials that served for the geography professors to subsidize in their lessons of the thematic African and afrodescendente, where it has been noticed the absence of these, threfore it looked for through a tool available by Secretariat of Education of State of Parana known as OAC - Object of Collaboration Learning - to organize this collection , as much in the organization as in the analysis and experimentation of this OAC, a course was used on line called - GTR - Work group in Net - that it was very important to evaluate the necessity of this thematic and the organization of materials. Keys words: Education. Social Responsability. Interetnics relacions.

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INTRODUÇÃO

Durante muito tempo a cultura Africana e Afro-Brasileira ficou um tanto oculta

dos nossos conteúdos disciplinares, colocando de forma secundária as

contribuições dadas por esses grupos étnicos para a formação cultural do

nosso país.

Como forma de reparar esse grave erro histórico, a lei federal número 10.639,

previu a obrigatoriedade dessa temática em todas as disciplinas. Logo em

seguida no ano de 2008, uma nova lei federal de número 11.645/08 resolveu

incorporar a temática indígena à mesma condição legal que a africana e

afrodescendente. A partir deste momento os professores de Geografia vêem-se

em um problema de como e de onde encontrar materiais para subsidiar suas

as aulas. Vendo essa situação o presente trabalho propõe-se a contribuir com

a área da Geografia para tentar organizar materiais que possam auxiliar os

professores neste tema. Por que agora sabemos o quanto a geografia pode

contribuir nesse campo, um interessante trabalho está sendo realizado pelo

professor Rafael Sanzio Araújo dos Anjos (2006, p. 53), que aponta a nossa

disciplina como de fundamental importância no entendimento destas questões:

A geografia é a ciência do território e este componente fundamental, a terra, ou o terreiro num sentido mais amplo, continua sendo o melhor instrumento de observação do que aconteceu, porque apresenta as marcas da historicidade espacial; do que está acontecendo, isto é, tem registrado os agentes que atuam na configuração geográfica atual e o que pode acontecer, ou seja, é possível capturar as linhas de forças da dinâmica territorial e apontar as possibilidades da estrutura do espaço no futuro próximo.

Não podemos perder de vista que é a geografia que tem o compromisso de tornar o mundo e suas dinâmicas compreensíveis para a sociedade, de dar explicações para as transformações territoriais e apontar soluções para uma melhor organização do espaço. A geografia é, portanto, uma disciplina fundamental na formação da cidadania do povo brasileiro, que apresenta uma heterogeneidade singular na sua composição étnica, socioeconômica e na distribuição espacial.

O território é na sua essência um ato físico, político, social, categorizável, possível de dimensionamento, onde geralmente o Estado está presente e estão gravadas as referencias culturais e simbólicas da população. Dessa forma o território étnico seria o espaço construído, materializado a partir das referências de identidade e pertencimento territorial e, geralmente, a sua população tem um traço de origem comum. As demandas históricas e os conflitos com o sistema dominante têm imprimido a esse tipo de estrutura espacial exigências de organização e a instituição de uma auto-afirmação política, social, econômica e territorial.

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São várias as questões estruturais relacionadas à cultura africana que continuam merecendo investigação, conhecimento e intervenção. Um dos pontos básicos está relacionado à desmistificação do continente africano, sobretudo nos seus aspectos geográficos e suas relações com a formação do território brasileiro, que assume uma posição de destaque na conjuntura atual, quando demandas significativas da sociedade, principalmente educacionais e empresariais, solicitam esse conhecimento.

Nessa direção, configura-se uma necessidade de recuperação e construção de um perfil do continente africano de forma mais adequada. Um primeiro ponto de partida é o estabelecimento e reconhecimento d outras perspectivas para a compreensão do tráfico, da escravidão, da diáspora e da tecnologia africana como elementos formadores e estruturadores da configuração do mundo contemporâneo. (2006, p. 53-54)

Em sala de aula a questão da cultura Africana e Afro-Brasileira não é muito

discutida, pois existe uma resistência a esse tema por parte dos professores,

poderíamos dizer que há um pré-conceito com o assunto, ou seja, mexer com

este assunto é difícil para alguns professores que inculcaram idéias de

inferioridade racial em relação aos negros. Não é raro, no meio discente,

ouvirmos colocações que transmitem aspectos racistas. Debates acalorados

ainda são comuns quando se discute, por exemplo, o sistema de cotas nas

universidades para afrodescendentes. Discute-se ainda a idéia de que o

problema é a falta de disposição dos negros para o estudo. Imaginem estas

colocações em uma sala de aula, onde é fácil falar sobre as contribuições dos

imigrantes europeus ou asiáticos, e de fazer árvores genealógicas dos seus

descendentes. Neste caso surge a pergunta: e os africanos? Durante todo

esse tempo as citações sempre foram negativistas, repousando nos textos

sobre a escravidão. Sendo assim, e como contraponto pretendemos trabalhar

de forma a incluir este assunto, È importante ultrapassar os aspectos negativos

da escravidão e os quais devem ser e retirados do oculto e discutidos no

sentido de mostrar suas contribuições políticas para a cultura brasileira.

Existe em nosso país um mito de “igualdade racial”. Diz-se que é um lugar no

mundo onde não encontramos conflitos como encontramos nos EUA ou na

África do Sul. Pensamos que aqui seria um lugar onde os negros teriam total

liberdade, no entanto isto naufraga quando nos deparamos com as estatísticas

que relatam proporcionalmente a distribuição da renda e participação em

cursos superiores, comparando brancos e negros, onde vemos uma

participação muito menor dos negros.

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Neste ponto gostaria de salientar a importância do PDE - Programa de

Desenvolvimento Educacional - que oportunizou aos professores da rede

pública estadual do Paraná a liberação das suas aulas para retornar ao

ambiente universitário com o intuito de aprofundar os seus conhecimentos na

sua área específica. Esta proposta é inovadora, pois em seu documento-

síntese explicita como pressupostos do PDE:

a. Reconhecimento dos professores como produtores de conhecimento sobre o processo ensino-aprendizagem; b. organização de um programa de formação continuada atento as reais necessidades de enfrentamento de problemas ainda presentes na educação básica; c. superação do modelo de formação continuada concebido de forma homogênea e descontínua; d. organização de um programa de formação continuada integrado com as instituições de ensino superior; e. criação de condições efetivas, no interior da escola, para o debate e promoção de espaços para a construção coletiva do saber. (SEED, 2006, p. 12 e 13)

Foram abertas 1200 vagas para os professores da rede estadual de ensino

desenvolverem projetos que dessem respostas às questões do dia-a-dia do

trabalho nas escolas. Um destes foi com certeza a inserção de temas

relacionados à história e cultura Afro-Brasileira e Africana. A partir da

necessidade de se discutir temas que incluam a temática afrodescendente e

africana no âmbito escolar promulgou-se a lei federal número 10.639,

atualmente alterada pela Lei federal nº 11.645/08. Como está descrito na Lei,

trata-se de uma tarefa de todo o currículo escolar. No que concerne à

Geografia, o caderno temático - História e Cultura Afro-Brasileira e Africana

redigido pela SEED instrui que:

Sendo a Geografia a ciência cujo objeto é o espaço geográfico e suas inter-relações, caberá ao professor desta disciplina tratar dos seguintes contextos: A população brasileira: miscigenação de povos. A distribuição espacial da população afrodescendente no Brasil; A contribuição do negro na construção da nação brasileira; O movimento do povo africano no tempo e no espaço; Questões relativas ao trabalho e a renda; A colonização da África pelos europeus; A origem dos grupos étnicos que foram trazidos para o Brasil (a rota da escravidão); A política de imigração e a teoria do embranquecimento no mundo; Localização no mapa e pesquisar sobre a atualidade de alguns países (como vivem, população, idioma, economia, cultura, história, música, religião); Estudo da organização espacial das aldeias africanas (questões urbanísticas); Estudo de como o continente africano se configurou espacialmente: as (re)divisões territoriais; Análise de dados do IBGE sobre a composição da população brasileira por cor, renda e escolaridade no país e no município em uma perspectiva geográfica; Discussões a respeito de práticas de segregação racial, como as acontecidas, por exemplo, na África do Sul, e nos Estados Unidos da América. (SEED, 2005, p. 38).

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Para desenvolver este projeto livros e cadernos temáticos foram consultados. É

importante ressaltar que esses cadernos são publicações da SEED, e,

procuram desenvolver determinados temas, por isso temáticos, onde vários

autores e instituições contribuem com suas observações procurando deixar

claro estes mesmos temas, pois a partir da lei federal 10.639, muitos livros e

cadernos temáticos começaram a ser construídos. Mesmo assim os

professores de Geografia passam por dificuldades para pesquisarem os temas

e então inserir em seus planejamentos de aulas.

Tivemos como objetivo geral elaborar um conjunto de materiais pedagógicos

no formato de OAC – Objeto de Aprendizagem Colaborativo – onde textos e

mapas, sites e outros estarão presentes para que possam auxiliar na

construção de atividades dentro das aulas de geografia que procurem

contemplar a temática da história e cultura afro-brasileira e africana. Como

objetivos mais específicos temos:

• Reconhecer a importância do legado histórico-cultural africano para a

humanidade em geral e para o Brasil particularmente;

• Analisar aspectos demográficos da afrodescendência no Brasil;

• Discutir o preconceito nem sempre claro nas relações sociais,

principalmente de trabalho;

• Discutir a hecatombe da escravidão e as conseqüências funestas da

partilha da África e das fronteiras artificiais;

• Analisar em escalas local, regional e nacional, dados estatísticos

relacionados ao tema história e cultura afro-brasileira e africana.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Partindo de alguns dados estatísticos vemos que não é tão difícil desmontar o

“mito de democracia racial” que se criou em nosso país. No seu livro de 6ª

série o professor Elian Alabi Lucci, que possui larga experiência na construção

de livros didáticos, nos alerta:

Muita coisa não mudou nesses mais de 100 anos após a abolição. Os 300 anos em

que a escravidão foi oficialmente praticada deixaram uma herança difícil de ser

destruída.

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Efetivamente a população negra continua sendo a mais pobre: cerca de 70% dos

negros, segundo o IBGE, recebem até três salários mínimos, enquanto cerca de 50%

dos brancos estão nessa situação. Conforme dados do Ipea (Instituto de Pesquisa

Econômica Aplicada), no inicio do século XXI a porcentagem de crianças brancas

pobres na faixa de 0 a 6 anos era de 38%, enquanto a de negras atingia

66%.(LUCCI, 2005, p. 90).

Nos livros de 5ª série da mesma coleção mesmo autor complementa que

conforme Figura 1, de cada 100 pessoas brancas que realizam atividades

remuneradas (trabalham e recebem um salário), cerca de 9 não tinham

trabalho em salvador; de cada 100 pessoas negras e pardas, nessa mesma

cidade, cerca de 18 não tinham emprego. No caso de São Paulo, de cada 100

brancos, cerca de 13 não tinham trabalho, e de 100 negros e pardos, cerca de

18 não tinham emprego.

A Figura 1 e Tabela 1 mostram a situação de desocupação (desemprego) e o

nível salarial dos negros ou pardos (homens e mulheres) em comparação com

a situação dos brancos ou não-negros nas cidades de Salvador e São Paulo.

Na Figura 1, percebemos que o número de desocupados é maior entre as

pessoas negras ou pardas do que entre os brancos. Na Tabela 1, vemos que o

nível salarial dos não-negros é superior ao dos negros, assim como o das

mulheres é inferior ao dos homens.

Figura 1 - Taxa de desocupação (%) dos trabalhadores, segundo a cor da pele em março de 2004

9,313,1 18,3

18,4

0 5 10 15 20

Salvador

Salvador

São Paulo

São Paulo

brancos negros/pardos

Fonte: IBGE. Pesquisa mensal de emprego, março de 2004.

Os dados apresentados retratam as desigualdades e a discriminação presentes

em nossa sociedade. Passados mais de 100 anos da abolição da escravatura,

os negros ainda enfrentam discriminação no país.

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Tabela 1 - Rendimento médio mensal (R$) conforme o sexo e a cor da pele em janeiro de 2003 Salvador (BA) São Paulo (SP)

Homem não-negro 1405 1379

Mulher não-negra 933 896

Homem negro 668 756

Mulher negra 435 494

Fonte : Dieese. Boletim especial, novembro de 2003, p.31

Como podemos perceber nos dados apresentados muito tem para ser feito.

Para que esta mudança aconteça o nosso país deve passar por uma profunda

transformação na estrutura socioeconômica, e, juntamente com os professores,

tem um papel fundamental nesse processo. No entanto para que isto aconteça

precisamos primeiro acreditar que essa mudança é possível, então procurar os

meios para isso. Será que as nossas formações nas universidades nos

encaminham para termos uma postura mais corajosa frente aos desafios

contemporâneos, como a temática afro, nos legando um arcabouço teórico,

que nos intrumentalize para que com mais segurança possamos realizar o

nosso trabalho. Na escola encontramos materiais para realizar esse trabalho?

Em um interessante trabalho realizado pelo professor Anderson Ribeiro Oliva

intitulado: A História africana nas escolas: entre abordagens e perspectivas, ele

nos traz muitas informações sobre essa temática, e como ela é tratada nos

cursos de formação de professores nas universidades, nos cursos de

graduação e pós-graduação. Mesmo o curso de História dos quais ele

apresentou dados disponibilizados pelo Intitulo Nacional de Estudos e

Pesquisas Anísio Teixeira (Inep), onde participaram do Exame Nacional de

Cursos em 2003 dos 211 cursos de história, 68% não possuíam a disciplina de

História da África (2003). Ainda, o mesmo autor aponta que os cursos de

história que possuem a disciplina a mesma é ofertada como optativa, o qual

também foi constatado por mim na UFPR. Em suma, a África não recebe

atenção no Ensino Superior. Em outro tópico o mesmo autor questiona a África

nos livros didáticos da disciplina de História, conforme citação:

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No que diz respeito ao trabalho cotidiano dos professores, uma das maiores

preocupações está associada à revisão dos livros didáticos de história. Partindo do

princípio de que o material é concebido para auxiliar a atividade docente e servir

como fonte de leitura para os alunos, reformular suas abordagens acerca da África é

medida de caráter urgente.

Das quarenta coleções de história utilizadas no ensino fundamental, de 5ª a 8ª série,

entre 1995 e 2005, apenas onze possuíam entre seus volumes capítulos específicos

que tratavam a história africana.

Para você entender melhor, a análise do conteúdo dos manuais escolares levou em

consideração a história da África anterior ao processo de ocupação européia, que se

estendeu dos meados do século XIX aos anos de 1970. Ele abrange, portanto, o

longo período que se estende desde o processo de humanização, passando pelo

aparecimento das primeiras civilizações e atingindo os últimos seis milênios de

história.

É necessário lembrar que se compararmos a atual configuração dos manuais com o

quadro encontrado há dez anos houve uma mudança importante. Até 1996, a África

aparecia apenas como um apêndice da história européia ou do Brasil. A inclusão de

capítulos que versam sobre a história africana, mesmo com limitação, pode ser

entendida com um avanço chave. (Brasil, 2006, p.90 - 91).

Algumas dessas limitações que o professor Oliva nos traz são: pouco espaço

dedicado à história africana, variando entre seis ou sete páginas, enquanto

outros temas possuem sempre mais que quinze.

Outra limitação é a escolha por abordagens nos grandes reinos e impérios

africanos, que é uma forma eurocêntrica de tratar a história. Os pequenos

grupos não merecem ser estudados? Professor Oliva (2006) nos indica que

podemos trabalhar de forma variada e estimulante, tratando de questões como

gênero, migrações, elaboração de padrões de organização política, econômica

e social, valores estéticos, filosóficos e culturais, conforme será mostrado mais

adiante, essa foi a proposta deste trabalho no GTR – Grupo de Trabalho em

Rede.

No que e diz respeito ao tratamento da escravidão tradicional africana, a

maioria dos livros a trata como uma invenção de árabes ou europeus nas suas

aventuras na África, desconsiderando as pesquisas realizadas nesse campo,

que revelam as complexas dinâmicas internas e externas que envolveram a

escravidão na África. Se esta questão fosse posta poderia levar os educandos

a imaginar o tráfico de escravos como influência exclusiva dos comerciantes

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árabes, europeus e americanos, ignorando a participação de africanos no

processo.

Outra constatação feita pelo professor Oliva (2006), é que muitas vezes

podemos observar o uso inadequado do termo tribo para se referir às

organizações não estatais da África. Isto claramente mostra uma europeização

da nossa formação conceitual, pois este tipo de uso para o termo foi forjado no

século XIX, no período da colonização africana pelos europeus, para classificá-

la como primitiva, selvagem enfim tribal, o que com certeza não cabe mais em

nossos tempos, sendo necessário essa desconstrução de conceitos na sala de

aula, mudando para algo que seja menos marcado deste tipo de racismo,

nesse caso em específico trocando de tribo para uma sociedade sem Estado

como nós conhecemos.

É importante salientar que essa análise foi feita em livros de história. Portanto

devemos pensar que para a nossa disciplina geografia a realidade deve ser

muito mais dura, a qual foi constatada pela nossa própria experiência e dos

colegas que auxiliaram neste trabalho. Isso ficou bem claro quando realizamos

o GTR – Grupo de Trabalho em Rede, que foi parte do Projeto PDE. Esse

Grupo foi muito mais que apenas um curso on line, foi um extenso fórum de

debates que organizamos entre o segundo semestre de 2007 e o primeiro de

2008, onde formamos um grupo de mais de 20 professores de geografia em

todo o estado do Paraná. O trabalho foi dividido em seis módulos, sendo a

temática africana e afro-brasileira no âmbito da nossa disciplina foi a principal

preocupação. A partir deste ponto passo a analisar algumas participações de

colegas de geografia no GTR.

Como sempre demonstrei tinha uma grande preocupação em relação a

materiais que pudessem dar subsídios às aulas de geografia e que

procurassem tratar da temática africana e afrodescendente. Pelo que vi não

estava sozinho nesta busca, pois ao mostrar o meu plano de trabalho que

versava sobre essa situação obtive algumas colocações bem próximas às

minhas, como demonstram os relatos abaixo:

”Acho muito interessante trabalharmos o assunto Cultura Afro-brasileira. No entanto

necessito de material concreto para trabalhar com meus alunos, pois acho tudo muito

vago. Gostaria de encontrar mapas detalhados sobre o assunto. Tenho procurado

muito, mas nada me agradou. Na escola que trabalho, estamos desenvolvendo uma

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exposição sobre o assunto, precisamos de material interessante para envolver os

alunos e não ficar apenas em discursos”.

“Este assunto procura oferecer uma resposta, entre outras, na área de educação, a

demanda da população afrodescendente no sentido de políticas de ações

afirmativas, isto é, de política de reparações, e de reconhecimento e valorização de

sua história, cultura e identidade. Para isso temos que ter professores qualificados

para o ensino de diferentes áreas de conhecimento, com formação para lidar com as

tensas relações produzidas pelo racismo e discriminações, sensíveis e capazes de

conduzir a reeducação das relações entre diferentes grupos étnico-raciais.”

“Este assunto sobre cultura afro-brasileira sempre me chamou a atenção, e

principalmente em sala de aula a discriminação às vezes é bem visível quando um

grupo de alunos colocam apelido em um ou outro aluno negro, ridicularizando-o

frente a sala de aula. É um ato que causa grande constrangimento e como

professora sempre tento acalmar e explicar o que é correto, mais nem sempre é

possível. Neste caso a diferença não está na cor e sim no caráter das pessoas.

Discriminação é crime.

Somos todos iguais”.

“Muito se fala do resgate e valorização da cultura dos povos que formaram a nação

brasileira, porém no cotidiano percebe-se que o preconceito ainda está enraizado e

escondido em piadas, apelidos, personagens de televisão, músicas, etc.”

“As diversidades regionais do Brasil são marcadas pelas desigualdades históricas e

geográficas, reforçando a valorização desigual entre as culturas, que muitas vezes

sobreviveram de forma clandestina e precária.”

“O papel arcaico de reprodutor de mecanismos de dominação e exclusão, atribuído à

escola, perde o sentido quando se objetiva a formação de um cidadão crítico e

atuante sobre sua realidade. Cabe lembrar, que a situação dos afrodescendentes,

marcada ‘a ferro’ pela história, é conseqüência do período de escravização pelos

quais esses povos passaram. Muitos acham que compensá-los com sistemas de

cotas nas universidades já paga parte da dívida que temos com o afro-descendente.

Debates feitos com meus alunos de Ensino Médio dizem que não, que essa é mais

uma maneira de discriminar e marcar, pelas características físicas capazes e

incapazes. Será que o sistema de cotas pode realmente contribuir para mudar a

realidade socioeconômica dos afrodescendentes? Como fica o aspecto psicológico

do acadêmico ao ser visto dentro da universidade como um favorecido e não como

uma pessoa realmente capaz de estar lá?”.

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“Todos sabemos que o Brasil resultou de um encontro de ’raças’. Somos um país

mestiço, ou pluriétnico. Deste encontro, somos quase todos, de uma maneira ou de

outra, afrodescendentes ou afro-brasileiros. Apesar disso, a autoconsciência do país

em relação a seu passado está por fazer. Isso diz respeito a nós educadores

formadores de cidadãos. Quanto à angústia que a professora sente em discutir com

os alunos sobre esse tema, também sinto dificuldades, pois existem aqueles alunos

que se escondem e outros que conversam , abrindo discussão, por esse motivo

quanto maior esclarecimento sobre o assunto vai ser melhor para nós”.

Quantas dúvidas e quantas angústias neste campo. Pelo que vimos nos relatos

existe espalhada pelas diversas regiões do nosso país professores que se

encontram em situações que os incomodam, que, antes de se esconder do

problema querem enfrentá-lo, mas às vezes faltam materiais que lhes dê

suporte, vontade existe, e até procuramos alguns meios.

E o curso do GTR, que intitulei Geoáfrica, talvez possa ajudar neste caminho

como declarado a seguir pelos colegas:

“A cultura afro está presente em nossa sociedade de forma marcante. A escola

precisa assumir de forma mais ativa a discussão a respeito de questões que muitas

vezes são reconhecidas como polêmicas. Devemos retratar a nossa história de forma

mais verídica, deixando claro o papel da população negra nesse país, ou seja, sua

história e sua participação na formação de nossa sociedade. Não basta discutir um

capítulo de livro didático sobre a escravidão do negro no Brasil. É preciso dar maior

ênfase ao tema. De acordo com a estrutura desse curso, a qual achei que pode ser

bastante útil para inserir essa discussão no conteúdo escolar.”

“É inegável que o processo de formação do povo brasileiro, se fez pelo encontro de

seus contingentes índios, negros e brancos, e que hoje, a convivência

aparentemente amistosa entre os diferentes grupos demarca as suas

particularidades”.

“Os grupos não recebem o mesmo tratamento em nossa sociedade, enfrentando

barreiras, conflitos que avassalam o caráter do respeito, cumprindo metas

econômicas socialmente cruéis, buscando a superação para redefinição da própria

identidade”.

“É possível que nossa contribuição para a busca do reconhecimento, valorização e

contribuição da cultura afro-brasileira em nossas escolas, também passe por

processos conflitantes na busca / utilização de materiais para dar plena eficácia ao

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assunto, quanto na forma positiva de disponibilidade para o trabalho. Apoiar e

promover projetos temáticos culturais afro-brasileiros, visando o aumento da

produção cultural, bem como a sua difusão inclusiva no Brasil é sem dúvidas uma

forma de estarmos participando e atuando para a descoberta do nosso país”.

E quanto a necessidade de voltarmos à África, buscarmos avivar a mente de

nossos educandos para refletir sobre o continente berço de nossa civilização:

“ A África, lugar de origem da espécie humana sob a forma do Homo Sapiens, é

também, no entanto, matriz e raiz de culturas que se disseminam na América no

rastro da escravidão desde o século XVI. No Brasil encontram – se elementos que

mostram a imensa diversidade das culturas africanas e da arte por elas produzidas.

Gravuras e fotografias retratam poderosas figuras de reinos africanos do passado,

bem como situações cotidianas, mostrando a diversidade étnica dos povos da África

depois reduzidos à escravidão no Brasil.

O assunto abordado cultura afro-brasileira vem de encontro as nossas necessidades,

pois muitas vezes nós professores sentimos dificuldades em trabalhar temas que

geram polemica étnica e cultural. Nas escolas e nos livros, costumamos estudar

apenas a história de um povo africano: “os egípcios”. Porém, na mesma época em

que o povo egípcio desenvolvia sua civilização, outros povos africanos faziam sua

história em outras regiões do mundo.

“Acredito que é neste momento que nós educadores devemos mostrar aos alunos a

importância da raça negra e suas contribuições que fizeram do Brasil um pais

conhecido pela sua diversidade de raças e culturas, as quais valorizam a nossa

historia. Assim fica fácil quebrarmos também o nosso preconceito.”

Confesso ter me surpreendido com a recepção à temática encontrada, e a

existência de tantas pessoas preocupadas em fazer o certo, ainda que com

temores por se tratar de uma temática nova para nós professores de geografia.

“Eu tenho um pouco de receio em falar sobre cultura afro, pois tenho medo de passar

para os alunos algo como preconceito, racismo”.

“Gostei muito deste tema, pois nos dá mais suporte pra nossa prática em sala de

aula, estes textos e debates são muito importantes, levando-nos a refletir nossas

práticas pedagógicas, diante de um tema polêmico, mas, que muitos de nós

herdamos muitas coisas, principalmente a alimentação e cultura”.

Mas mesmo assim precisamos ir em frente, além dos educandos e, talvez

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atingindo também as famílias, com uma maior possibilidade de sucesso.

“Trabalhar a cultura afro-brasileira nas salas de aula é necessário e desafiador, já

que o que está presente na nossa sociedade infelizmente é um preconceito que é

passado de geração em geração. Nós professores mostramos a igualdade que

existem entre os seres humanos, podemos mudar a forma de agir de nossos alunos,

mas mudar a forma de pensar de muitos, é difícil. Portanto ao trabalharmos cultura

afro nas salas de aula devemos levar em consideração de que forma foram

educados nossos alunos, porque educação vem de berço, preconceito aprende-se

também no berço; a família é peça fundamental na valorização da cultura afro.

Entendo que a sociedade como um todo deve estar engajada numa forma de pensar

onde todos possamos ter os mesmos direitos, não simplesmente leis belíssimas em

um papel que aceita tudo. Escola e família tem que falar a mesma língua e ter o

mesmo discurso.”

“E sempre aparecia a necessidade de nos aprimorarmos através da leitura sobre a

temática, e como a nossa disciplina era importante na discussão.”

“É de fundamental importância lermos e analisarmos textos referente a Cultura Afro-

brasileira e Africana, para nosso conhecimento e aprofundamento teórico, pois só

conseguimos fazer um bom trabalho com algo conhecido, pelas informações e as

leituras que tenho feito percebo que o tema ainda é pouco debatido e conhecido

mesmo por nós professores imaginemos pelo restante das pessoas.”

“Concordo com você professor, que o assunto não é discutido em sala de aula e que

o preconceito está muito enraizado dentro da própria escola. Pois eu mesma já ouvi

professores dizendo que seus filhos teriam sido prejudicados no vestibular por que

agora tem cota para negros, que isso é o cúmulo, pois sendo que seus filhos

estudaram tanto, mas não conseguiram vaga na universidade”.

“Vejo na geografia a possibilidade de se fazer um trabalho de desmistificar a Cultura

Afro-brasileira e Africana e mostrar aos nossos alunos a importância que os negros

têm na construção e formação econômica do nosso país. Percebo que tenho que ser

ousada para discutir e levar o meu aluno a se tornar sujeito da história e não se sentir

como objeto menos importante no contexto social onde está inserido”.

“Consigo visualizar a geografia como arma na busca de mostrar o espaço e sua

materialização durante o processo de colonização, exploração e no período de

escravidão em nosso país, sabendo que todas as nossas mazelas, são frutos de um

processo de exploração e um sistema político pelo qual nosso país já passou e está

passando, entendo que no capitalismo tudo passa ter valor quando é mercadoria, ou

quando deixa de ser objeto da história e passa ser sujeito ativo com papel

determinado e valorizado pela sociedade”.

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OAC em debate

Neste ponto do curso pedi para que os colegas analisassem o meu OAC -

Objeto de Aprendizagem Colaborativo – Que na realidade é o material didático

que havia me proposto a criar, dividido em partes ele estará disponível no site

da Secretaria de Educação do Estado do Paraná, no link OAC. Nele

encontramos sugestões de sites, músicas, livros, curiosidades, enfim uma série

de informações úteis para o professor de geografia poder realizar as suas

aulas, e ainda poder contribuir com o material dando sugestões.

Pedi para que os colegas utilizassem o recurso em suas aulas, e em seguida

me enviassem os seus relatórios, os quais alguns transcrevo aqui, para as

discussões a seguir:

“O grupo de trabalho em rede nos proporcionou um crescimento didático

metodológico aos temas abordados nesta fase, sendo possível desenvolver em sala

de aula a base teórica para a prática com nossos alunos”.

Neste sentido realizamos diversificados trabalhos sobre a Cultura Afro Brasileira,

como:

- Filme para os alunos do ensino-médio – Título- Quase Deuses

Objetivo: levar o aluno a compreender a importância de lutar pelos seus sonhos.

Realizamos debate para troca de experiência sobre a idéia central abordada dentro

de um contexto histórico do filme

Com os alunos do ensino fundamental trabalhamos a importância da Cultura Afro-

Brasileira para o nosso país através de textos e reportagens de jornais e revistas.

Objetivo: levar o aluno a compreender que, todos somos iguais em deveres e direitos

exercendo a nossa cidadania em sociedade

Realizamos apresentações das equipes com os cartazes e comentários das

pesquisas.

Assim, concluímos que devemos estar sempre abordando esta temática

evidenciando que os negros são responsáveis pelo desenvolvimento do Brasil e que

todo cidadão deve lutar para alcançar seus sonhos e se realizar como pessoa”.

É Interessante relatar o trabalho realizado por uma colega que desenvolveu

atividades sobre a África, conforme segue:

“Olá prof. e colegas enviei na tarefa 05 a música ornamentada de Clara Nunes, foi

esta atividade que desenvolvi com meus alunos nas turmas de oitava série, percebi

que foi muito proveitosa os alunos demonstraram bastante interesse em conhecer

mais sobre o continente, alguns comentários como: "nossa prof. como tem lugar

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bonito na África" "tem florestas e rios parecidos com o Brasil" "Quantos animais

diferentes tem lá, por que aqui não tem? “Esses comentários entre outros foram

produzidos nas aulas sobre o continente africano, os quais superaram minhas

expectativas”.

Além da música elaborei atividades com mapa da África para trabalhar a localização.

Levei os alunos no laboratório de informática para pesquisa de imagens sobre a

natureza e a culinária, também relataram oralmente para a turma os pratos

(comidas) feitos com herança afro.

A prof. de Sociologia aproveitou a apresentação da música para trabalhar o tema no

Ensino Médio, e elogiou muito o interesse e a participação dos alunos .

Aproveito para relatar que foi a participação neste curso que me levou a criar este

trabalho diferenciado para este continente, o que talvez não teria ocorrido sem o

curso. Espero também ter contribuído para o trabalho dos colegas. Obrigado a

todos.

Achei o resultado positivo porque despertou o interesse dos alunos em conhecer

mais sobre a África. Gostei muito pelos comentários que ouvi dizer que "até que

enfim alguém mostrou coisas bonitas sobre a África".

Em muitos relatos percebemos como o curso e a temática fizeram a diferença

na vida dos colegas, que começaram a ver o assunto com outros olhos, dando

a real importância, e mais, tomando gosto pelo assunto.

“Quando fiz a inscrição para o PDE e vi que o assunto era Geo África-História e

Cultura Afro- Brasileira fiquei com uma grande expectativa. Todos os módulos

trabalhados enriqueceram de uma maneira ou de outra o nosso pensar e fazer

pedagógico. Uma colega da área de História também trabalha esta temática no PDE

e durante todo o curso trocamos idéias e experiências. Em todas as turmas que foi

trabalhado, de Ensino Fundamental e Médio esta temática despertou um grande

interesse e comprometimento em nossos educandos. Buscou-se despertar e

valorizar o respeito às pessoas negras e sua descendência africana, buscando

compreender seus valores e lutas; à serem sensíveis ao sofrimento causado pelas

tantas formas de preconceito e práticas discriminatórias. Explorou-se as diversidades

étnico-raciais que estão postas tanto na sala de aula como na sociedade,

oportunizando durante as aulas a reflexão crítica, o pensar do aluno, suas

experiências, propondo a formação de atitudes, posturas e valores percebendo as

diversidades raciais, culturais, sociais e econômicas do Brasil. Foram utilizadas

varias metodologias como: textos, leituras e reflexões, pesquisas bibliográficas,

análise de gráficos, tabelas e mapas, confecção de painéis, debates e seminários,

projeção de filmes, documentários e músicas( muitas dessas atividades sugeridas

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pelos demais colegas do GTR ). Acredito que teremos ainda muitos desafios pela

frente, pois é essencial um processo de formação permanente e continuada para nós

professores. O professor foi muito feliz em abordar esta temática no PDE pois

certamente foi uma grande oportunidade de ampliarmos os nossos conhecimentos, e

esta é, com certeza uma bandeira em defesa da igualdade e contra a discriminação

que impera na sociedade. Entender e combater o racismo é buscar o resgate de

nossa cidadania.

Foi muito bom estarmos interagindo neste período. Obrigada!”

Em alguns relatos podemos ver que o assunto ensejou a interdisciplinaridade,

que se encaixou perfeitamente a temática, o próximo relato é de um trabalho

deste tipo.

“No Ensino Médio foi apresentado o filme “Amistad” e posterior discussão sobre a

“escravização” dos povos africanos pelo continente americano, bem como a luta

desses povos pelo direito a liberdade e inclusive a vida.

Nas 8ª séries eu iniciei o trabalho e precisei contar com a colaboração do professor de

Artes Christhian Ratier (ex-aluno), que muito me orgulha por hoje ser colega de

trabalho e que enriqueceu muito a ação. Os alunos analisaram a canção “A mão da

limpeza” de Gilberto Gil cuja letra eu já havia enviado. A análise se deu da seguinte

forma:

- Leitura detalhada da letra e logo após um breve debate sobre a trajetória histórica dos

povos afro-descendentes no Brasil. O assunto encaminhou-se para o “preconceito” de

uma forma geral (relatos de discriminação vivenciados pelos alunos). Também foram

observados os elementos sonoros (ritmo, harmonia, tempo e estilo em que a música

está inserida, devido à sua época).

- O professor de arte fez análise com os alunos da obra “SÓCRATES” (colagem sobre

fotografia) da série Aftermath (1998) de Vik Muniz. A obra é uma fotografia de um

menino negro, catador de papel. Foi adornada (com técnicas de colagem e

assemblagem) com lixo coletado na manhã seguinte ao carnaval e re-fotografado. O

artista coloca em um mesmo grau de valor um ser humano e objetos, sendo ambos

desprezados pela sociedade. O professor relata que há discussão da arte

contemporânea entre o “objeto da arte” e o “objeto artístico”. Também há possibilidade

de trabalhar os signos teorizados pela semiótica e que facilmente se relacionam com a

canção analisada.

Foi proposto aos alunos que produzissem textos relatando algum fato onde ficassem

evidentes casos de preconceito e discriminação de modo geral e não apenas racial.

Também foi proposto que eles escolhessem entre suas predileções, a coisa que

julgassem ser mais importante de suas vidas (mãe, time, namorado, ídolos, etc).

Utilizando-se de signos (não da imagem explícita, mas de algo que a signifique) que

produzissem desenhos coloridos e adornassem a obra com lixo, não apenas no sentido

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da obra de Vik Muniz (que dá o mesmo grau de importância ao menino e aos objetos),

mas coisas de maiores e menores importâncias dividindo o espaço da mesma obra.

Após contemplação das obras entregues, os alunos realizaram uma instalação artística

e atos performáticos. Os textos (referentes ao preconceito) foram espalhados pelo

chão. Os trabalhos de colagem foram expostos no fundo da sala suspensos,

pendurados por barbantes colados no teto. Os atos performáticos estão registrados

nas fotos e são: confraternização com abraços coletivos, mãos dadas, barbantes

amarrando os pulsos e cortando em seguida como “ato libertário”.

Sempre realizamos atividades temáticas, mas aprofundar isso e poder compartilhar

nossas idéias e práticas é maravilhoso. Isso foi possível aqui.”

Que trabalho realmente maravilhoso, muitos outros trabalhos foram menores

em tamanho, mas não em importância ou compromisso com a temática.

“Olá professor e colegas! A atividade realizada foi muito simples, por isso não me

preocupei em registrar através de fotos. A 7ª série fez histórias em quadrinhos,

depois da explicação dos conteúdos sobre a colonização, o país de origem dos

negros africanos que vieram para o Brasil, a contribuição deles na formação do povo

brasileiro. Destacando a suas contribuições, seja ela na língua, na cultura, na comida

entre outras. O objetivo era que os alunos criassem suas próprias histórias e seus

próprios personagens para ilustrar, dando destaque a sua criatividade e as

descobertas realizadas por eles. Em seguida cada aluno apresentou sua história

para a turma, foi muito interessante, pois cada aluno criou sua história de acordo a

sua visão e seu cotidiano ( o que realmente eles achavam ). Professor, isso e o que

realizei até agora, pretendo fazer outras atividades que foram elaboradas pelos

colegas de curso. Foi muito bom o nosso curso. Obrigada! “

Outros por outro lado foram realmente extensos, demonstrando conhecimento,

e a sempre necessária procura por novas linguagens pedagógicas que podem

enriquecer o nosso conteúdo. E a dança foi uma delas.

“Bom eu trabalhei com projeto que aborda a cultura Afro-brasileira através de aulas

de Capoeira, Dança Afro-brasileira, filmes, textos, canções populares e reportagens.

Nesse sentido, pretende-se promover a preservação dos valores culturais e sociais

decorrentes da influência negra na formação da sociedade brasileira, potencializar a

participação da população afro-descendentes do município no processo de

desenvolvimento social, político e econômico da sociedade tornando-os capazes de

identificar, compreender e assumir suas origens, para a partir delas afirmar sua

identidade e sua cidadania.”

A Dança Afro-brasileira e a capoeira são trabalhados através de aulas práticas

realizadas 5 vezes por semana, com duração de 60 minutos cada aula, que

acontecem no ginásio de esporte. As aulas de Dança Afro-brasileira são planejadas

e ministradas com pessoas voluntárias do curso de educação física. As atividades de

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Dança Afro-brasileira e de capoeira envolvem alunos do sexo feminino e masculino

de 5°série a 3° série do ensino médio.

Foram formadas duas turmas de Dança e uma de capoeira, de acordo com horário

escolar e a idade dos participantes do projeto. Cada turma é composta em média por

15 alunos. Os alunos que estudam no período da manha freqüentam as aulas de

dança e capoeira nas terças e quinta as 15:00 e de capoeira nas segunda e sexta

feira, aqueles que estudam no período da tarde participam das aulas de dança nas

quartas e sexta das 8:00 as 10:30. As aulas de Dança Afro-brasileira são realizadas

com apoio sonoro de um CD e músicas de ritmos afro-brasileiros.”

Encontrados situações-problema na nossa escola os nossos professores se

mostraram eficientes ao propor soluções.

“Dentro do conteúdo estruturante: A Dimensão Cultural e Demográfica do Espaço

Geográfico.

Trabalhei com a 6ª serie C, do ensino fundamental, do Colégio Estadual Antônio e

Marcos Cavanis, A população brasileira, Miscigenação de povos e a Pluralidade

Cultural do Povo Brasileiro.

Iniciei o trabalho com uma problematizacão, levei várias gravuras com pessoas

loiras, morenas, negras. Perguntei para os alunos se esses grupos étnicos formam a

população brasileira?

De que maneira percebemos que o Brasil apresenta uma miscigenação?

Fiz um levantamento na sala de aula dos alunos descendentes de Africanos,

Europeus e Asiáticos.

A turma é bem Heterogenia tendo 5 alunos que são descendentes de negros e os

demais são descendentes de europeus ,asiáticos e índios.

Nesse momento comecei atividades de pluralidade cultural, verificando a

contribuição dos diferentes grupos étnicos para nossa rica cultura.

Contextualizei com os alunos, fazendo cada um falar, sobre suas origens e como

chegaram até a cidade de Castro. Junto com a professora de história montamos um

painel com descrição das experiências dos alunos sobre a origem de suas famílias e

com fotos antigas de suas famílias ao lado de fotos recentes, assim puderam

perceber as mudanças do número de filhos que tiveram seus avós e o número que

tem hoje seus pais. Todos analisaram como eram as moradias e as famílias

antigamente, e como é hoje a organização das moradias no espaço geográfico.

Todos conseguiram comparar que antes as famílias eram numerosas e hoje são

menores, a maioria pai, mãe e um ou dois filhos. Com esse trabalho conseguiram

perceber essa mudança que ocorreu nas famílias brasileiras.

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Realizamos uma visita na casa da Cultura e no Museu do Tropeiro para que os

alunos percebessem a contribuição dos afro-brasileiros na organização do nosso

espaço geográfico, sabendo que nossa cidade teve fazendas de escravos como a

Fazenda Capão Alto. E que também apresenta áreas de quilombo na Serra do Apon,

Distrito do Socavão no município de Castro e tudo isso os alunos conseguiram ver

fotos, documentos e além de instrumentos utilizados por senhores de escravos nas

fazendas também ficamos sabendo que existia uma igreja para os negros que era

localizada na então Vila Santa Cruz hoje, e a igreja símbolo da História da cidade de

Castro igreja Matriz de Santana era para os senhores donos das fazendas. Assim os

alunos relataram que a discriminação que sofrem hoje a sociedade afro-brasileira é

resultado do período da escravidão no Brasil.

Os alunos conseguiram entender que aquele que aprende, guarda na memória o que

viu e ouviu. Exemplos e às lições de vida são ensinadas através da história dos

parentes, avós, pais que vão passando de geração em geração, assim ao

retornarmos para sala de aula eles escreveram um texto no caderno sobre o que

viram na visita. Levei um material didático para a sala de aula (Tabela 2) para

analisarmos junto com os alunos.

Perguntei aos alunos o que eles perceberam olhando a tabela?

Eles responderam que os de cor branca têm uma vida melhor, que os outros grupos.

Então continuei o trabalho com várias indagações.

Por que eles têm uma vida melhor?

Novamente a maioria escreveu que eles estudam mais, tem emprego melhor e com

essas respostas continuei o trabalho.

Na opinião de vocês por que eles têm mais oportunidades?

Os alunos responderam que eles não foram escravos e que não são discriminados

iguais a outros grupos como negros, pardos, índios, amarelos e alguns alunos

citaram que os descentes de escravos sofrem preconceito até hoje na sociedade.

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Tabela 2 - Percentagens da População Brasileira e dos Concluintes do ensino superior por cor

Cor Branca Preta Parda Amarela Indígena

População Brasileira

54,0 5,4 39,9 0,5 0,2

Concluintes do Ensino Superior

77,8 2,7 16,4 2,4 1,1

Fonte: IBGE, 1999/ INEP, 2001.

Entretanto, não podemos ignorar as categorias criadas no cotidiano social, e,

sobretudo, vale ressaltar que eles também nos revelam desconforto da

autoclassificação, quando o lugar no qual eu me reconheça é o lugar da

desigualdade. Estudos recentes têm revelado um gradiente maior de cores auto-

atribuídas quando existe uma presença marcada de traços do fenótipo negro e, ao

contrário, quando a predominância é do fenótipo branco, as dúvidas de auto-

atribuição são bem menores e o gradiente de cores, também. (SANSONE, 2004).

Para fazer uma analise mais precisa sobre as situações que presenciei durante as

aulas anteriores, busquei trabalhar com o texto:

Paulo Moreira Leite”. A epopéia do retorno.” In: veja 7/7/1999.

Distribui um texto para cada aluno e pedi que fizessem uma leitura do texto, após

todos lerem comecei fazer as perguntas como:

O que entenderam?

O que mais chamou atenção no texto?

Qual a contribuição do Brasil com a África e vice-versa?

Foram vários comentários, como sobre as profissões, a riqueza que os ex-escravos

conseguiram quando voltaram para África. Falaram muito na contribuição para o

Brasil na cultura arquitetura na religião na comida.

No final do trabalho percebi que aqueles alunos que são afro-brasileiros estavam

bem à vontade para falar de suas origens.

Um menino que não comentava nada começou falar que ele era tataraneto de

escravo, que sua avó contava sobre a vida difícil que seu avô levara quando escravo

em uma fazenda em Tibagi, que seus avós vieram para Castro quando crianças.

Com esse texto os alunos perceberam que se por um lado os africanos que vieram

ao Brasil contribuíram de forma significativa para nossa formação étnica e cultural,

por outro, os negros brasileiros, ex: escravos que voltaram para a África levaram

consigo um pouco de Brasil, por isso, em alguns aspectos, principalmente culturais,

vários países africanos estão estreitamente ligados ao nosso país.”

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Trata-se de uma temática mais ampla do que poderíamos imaginar, é

necessário trabalhar com o assunto desde as séries iniciais, como mostra esse

belíssimo relato.

“Como já havia comentado, direcionei meu foco a crianças menores, com as quais

trabalho nas séries iniciais do Ensino Fundamental e tive a preocupação em

conscientizar-me da importância desses momentos formais sobre a História e Cultura

Afro-brasileira e Africana para crianças pequenas, tornando os momentos bem

prazerosos, fundamentando esse grupo para futuras ações, por isso procurei

evidenciar os contextos e condições específicas de inserção da História e Cultura

Afro-brasileira e Africana no processo de formação do povo brasileiro, sem restringir-

me ao tema escravidão, enfocar diferentes formas de trabalho, as maneiras com que

recriaram a cultura brasileira, os aspectos culturais e econômico-sociais, enfatizando

a riqueza cultural sob o eixo das produções artísticas, festas populares, religiosidade,

danças, músicas e culinária.

Organizei o trabalho inicialmente propondo um levantamento dos conhecimentos

prévios que o grupo tinha sobre o tema. Foi surpreendente a riqueza de informações

oferecidas por eles, pois quando perceberam que podiam participar das aulas com

aqueles conhecimentos trazidos e / ou vividos, eles oportunizaram conversas bem

produtivas.

Era momento de sistematização das informações apresentadas, então organizei uma

série de atividades que possibilitaram esse trabalho, como por exemplo:

Observação do globo terrestre e mapa-múndi;

Conhecimento dos aspectos físicos sobre o continente africano (vale ressaltar

que aqui, foram informações bem superficiais, dada a idade do grupo trabalhado);

Música (que aproveitei as idéias das músicas, oferecida pelos colegas);

Receitas culinárias (tivemos muitos exemplos oferecidos pelas famílias e

colegas da Escola);

Textos (vários e vários);

Falamos muito sobre a capoeira (o tema chamou muito a atenção das

crianças);

Finalizamos o trabalho com a proposta de reflexão sobre a situação dos

afrodescendentes na sociedade brasileira atualmente e aqui fizemos uso do texto do

livro: Programa do Agrinho: Alguns Fios para Entretecer o Pensar e o Agir / Patrícia

Lupion Torres [org.]. – Curitiba: SENAR – PR, 2007 – chamado: O valor da igualdade

e da individualidade: pensando uma ética global, de Paulo Eduardo Oliveira,

explicitando questões sobre desigualdade social e das manifestações, muitas vezes

camufladas de discriminação. Essa discussão é sempre polêmica e extremamente

complexa, o que por um lado, nos assusta, e de outro lado, nos desafia.

Isso mesmo nos desafia!!!!!!”

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Quero deixar claro que esses são apenas alguns dos diversos relatos que o

nosso GTR, produziu, com atividades muitos diversas, que infelizmente o

espaço não permite um detalhadamento mais profundo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com este trabalho tive a oportunidade de perceber e que existe em nosso

estado um grupo de professores de geografia realmente preocupados com esta

temática, não só no sentido de cumprir com os compromissos legais, mas de

sentir realmente a necessidade urgente de valorizar essa etnia, esse povo,

esse continente, enfim a nossa própria humanidade. Sou muito grato por poder

ver isso, talvez a ponta de um imenso iceberg, mas com certeza já percebido e

acompanhado.

Para demonstrar realmente a importância de se realizar trabalhos como esse

gostaria de usar mais um relato de um colega do GTR:

”Gostaria muito de evidenciar a minha grande satisfação em compartilhar momentos

tão frutíferos com todos os participantes do GTR – História e Cultura Afro-brasileira e

Africana e especialmente ao professor João Stresser Cardoso. Obrigada por também

compartilhar conosco suas descoberta e estudos, auxiliando nosso trabalho na

Escola e nos direcionando.

Enquanto educadores, também somos responsáveis pelo processo de formação

humana, não podendo deixar de lado a discussão afro-brasileira e africana, cuja

necessidade de enfrentamento é urgente e essencial a qualquer perspectiva de uma

sociedade democrática.

Posso afirmar que o trabalho foi muito proveitoso! Mais uma vez obrigada.”

E quanto a mim devo apenas reiterar a quanto me foi proveitoso realizar esse

conjunto de atividade, e enaltecer o PDE – Projeto de Desenvolvimento

Educacional, do Estado do Paraná, que numa ação inovadora e ousada,

proporcionou a 1200 professores, poder retornar às universidades, em um

diálogo com os colegas, procurando soluções para os problemas que

encontramos em nossas salas de aula.

É importante salientar que essa temática é muito ampla para se encerrar com

esse pequeno trabalho. A busca por uma sociedade mais igualitária deve ser

constante.

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