história dos 100 anos do cobei

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de Eletricidade, mais conhecido pelorótulo Cobei e ligado à ABNT - Asso-ciação Brasileira de Normas Técnicas,que foi fundada em 1940.

Mas o nascimento do Comitê Eletro-técnico Brasileiro, em 1908, não diz tudosobre a ação pioneira do setor de eletri-cidade no domínio das normas técnicas.Vinte anos antes, em 1888, havia sidocriado, no Rio de Janeiro, o Centro Téc-nico dos Eletricistas Brasileiros. Foi aprimeira entidade brasileira a congregarpessoas interessadas na eletricidade. Umdos mentores e figura de destaque dogrupo foi Aarão Reis (1853–1936), autordo que se acredita serem os doisprimeiros trabalhos sobre eletricidadepublicados no Brasil: “A transmissão edistribuição de força” (1884) e “Aeletrologia em 1886” (1888).

Numa nova área de conhecimento, co-mo era o caso da eletricidade, até mesmoa denominação da entidade teve de serdebatida. A sessão que discutiu os estatu-tos, em 15 de junho de 1888, foi favo-rável ao neologismo “electricistas” e não

“electristas”, como alguns opinavam.E qual a ligação do Centro Técnico

dos Eletricistas Brasileiros com o van-guardismo da eletricidade no terreno dasnormas técnicas? Pois foi aquela entida-de que elaborou a primeira norma técni-ca brasileira, nessa área. IntituladoRegras preventivas de incêndio nas ins-talações elétricas, o documento foi apre-sentado em outubro de 1888. O texto foibaseado na norma inglesa Rules and re-gulations for the prevention of fire risksarising from electric lighting, publicadaem 1882. Por sinal, este código inglês,uma publicação de apenas quatro pági-nas, é considerado a origem da normabritânica de instalações elétricas, popu-larmente conhecida como the IEEWiring Regulations (ver quadro “A nor-ma de instalações elétricas”).

O Comitê Eletrotécnico BrasileiroNa época em que o país recebeu a su-

gestão ou pedido de criação de umcomitê nacional da IEC, o principal nú-cleo brasileiro de debates e estudos na

área técnica era o Clube de Engenharia,fundado em 1880, no Rio de Janeiro,então a capital federal. Assim, em 20 dejaneiro de 1908, o ministro Miguel Cal-mon, titular da pasta da Indústria, Via-ção e Obras Públicas, solicitou ao Clubede Engenharia que organizasse um co-mitê destinado a representar o país naIEC. Dias depois, em 1º de fevereiro de1908, o Clube de Engenharia constituiuuma comissão para tratar do assunto.

Henrique Morize, o coordenador dacomissão, fez os primeiros contatoscom a IEC. Mas em vez de cuidar da or-ganização do comitê, como solicitadopelo governo, a comissão por ele coor-denada dedicou-se à elaboração de umparecer sobre a adesão do Brasil à IEC.Assim, o relatório apresentado pela co-missão, em 16 de novembro de 1908,plenamente favorável ao ingresso dopaís na IEC, na verdade apenas corro-borou a decisão que já havia sido toma-da, nesse sentido, pelo ministro Fran-cisco de Sá, titular da nova pasta daViação e Obras Públicas (o Ministérioda Indústria, Viação e Obras Públicas,que originalmente fizera a solicitaçãoao Clube de Engenharia, nesse meiotempo fora desmembrado em três novaspastas: Agricultura, Indústria e Comér-cio e Viação e Obras Públicas).

Assim, o Comitê Eletrotécnico Brasi-leiro seria instalado, de forma definitiva,em 11 de fevereiro de 1909. HenriqueMorize foi eleito presidente. Naquelemesmo mês, o presidente do Clube deEngenharia, Paulo de Frontin, designariaoutros nomes para integrar o Comitê.

Em fevereiro de 1911, as atas doClube de Engenharia registram umaqueixa do presidente Morize queacabaria se convertendo, ao longo dahistória, num problema recorrente.Morize reclamou do atraso de pagamen-to das contribuições anuais à IEC, com-promisso que ficara a cargo do governobrasileiro.

No final do mesmo ano, o Comitêelaborou um vocabulário eletrotécnicoem língua portuguesa, com base numdocumento IEC que continha 79 termos,em francês, inglês e alemão. Submetidoà apreciação do Conselho Diretor do

NOVEMBRO, 2008 EM 5

Um século de existência. Em2008, o organismo brasileiroresponsável pela normalização

na área de eletricidade completa cemanos de vida. Amplamente conhecidopela sigla Cobei, que se tornou suamarca registrada desde a década de1950, o comitê que elabora as normastécnicas brasileiras de eletricidade,eletrônica, iluminação e telecomunica-ções atinge o centenário apenas doisanos depois da entidade que motivouseu nascimento, a Comissão Eletrotéc-nica Internacional, ou IEC - Interna-tional Electrotechnical Commission.

De fato, a IEC, a semente que deuorigem ao Cobei e a vários organismoscongêneres, em outros países, nasceuoficialmente em 1906 — o que eviden-cia, por outro lado, o pioneirismo daárea de eletricidade em matéria de nor-mas técnicas, pois a ISO - InternationalOrganization for Standardization, queabrange todos os demais campos nor-mativos, exceto o de eletricidade e cor-relatos, só seria criada em 1947.

Como toda gestação, o nascimentoda IEC não foi repentino. Ele começoucerca de dois anos antes, em setembrode 1904, no Congresso Elétrico Interna-cional realizado em St. Louis, nos EUA— o quinto de uma série que havia seiniciado há 23 anos. Um dos destaquesda agenda do congresso era justamentea definição e uniformização de unidadeseletromagnéticas e a elaboração de nor-mas que facilitassem o comércio inter-nacional no nascente negócio da eletri-cidade. Muitas das grandezas elétricassequer tinham a denominação e o en-tendimento hoje consagrados, o que di-ficultava enormemente a comunicaçãoentre os cientistas. O embrião da IECfoi justamente o grupo de delegados, in-dicados pelo governo de seus países, en-carregado de discutir a nomenclaturae outras questões de normalização —um total de 29 delegados, de 15 paí-ses. E este grupo concluiu pela necessi-dade de uma comissão internacionalpermanente para conduzir o assunto,que redundaria então na criação da

IEC, cerca de dois anos depois.Mais exatamente, a IEC foi oficial-

mente fundada em junho de 1906, emLondres, onde a sede da entidade per-maneceu até 1948, quando foi transferi-da para Genebra, na Suíça. O primeiropresidente da IEC foi Lord Kelvin, in-glês, seguido por Elihu Thomson, inglêsde nascimento mas vivendo nos EUAdesde os cinco anos de idade. Thomsoné considerado o idealizador da entidade.E o principal responsável pela materia-lização da IEC foi o inglês coronelRookes Evelyn Bell Crompton, nomea-do primeiro secretário honorário quan-do de sua fundação.

Após a fundação da IEC, o Brasil,como outros países, foi convidado a or-ganizar um grupo local que funcionassecomo comitê nacional da entidade. Ogoverno brasileiro não se fez de rogado.Tratou de atender ao convite, certamen-te por julgar meritórios o trabalho e a ar-ticulação propostos pela IEC. E daí nas-ceria o Comitê Eletrotécnico Brasileiro,antecessor do atual Comitê Brasileiro

4 EM NOVEMBRO, 2008

ESPECIAL

100 anos de

Um momento histórico. O ano de 2008 marca ocentenário do Cobei, o órgão responsável pelaelaboração das normas técnicas brasileiras nasáreas da eletricidade, eletrônica, iluminação etelecomunicações. Os 100 anos do Cobei seconfundem, em boa medida, com a própria históriada eletricidade — em particular, com sua evoluçãono Brasil. Por isso mesmo, a trajetória do Cobeireflete tanto as conquistas quanto as dificuldadesque o setor de eletricidade — representado pelasempresas de energia, fabricantes de produtoseletroeletrônicos e usuários — vivenciou ao longodos anos. Esta trajetória pode ser dividida emcinco etapas históricas. Neste suplemento especialda revista Eletricidade Moderna, são relatadas ahistória do Cobei e, além disso, acontecimentos efatos que ilustram o resultado de sua atuação e aprópria evolução da eletricidade.

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Clube de Engenharia, o vocabulário te-ve aprovados seu conteúdo e impressão— tarefa que, aparentemente, não foilevada adiante.

Em 1913, o Comitê Eletrotécnico e o

Clube de Engenharia se manifestaram,favoravelmente, sobre duas proposiçõesda IEC. A primeira dizia respeito à“adoção universal de kW para a avalia-ção de potência de todos os aparelhos

industriais”. A segunda tratava de al-guns parâmetros referentes aos aprovei-tamentos hidrelétricos e, por conseguin-te, às turbinas hidráulicas.

Após 1913 e até 1930 inexistem da-

A ABNT NBR 5410 - Instalações elétricas de baixa tensãoé uma das mais importantes normas técnicas brasileiras.Sempre figurou na lista das mais vendidas. E é provavel-mente a mais citada e discutida, entre todas as normas daABNT. O que não chega a ser nenhuma novidade. Pois emoutros países a situação é similar. As normas locais de ins-talações elétricas são sempre um documento de muita rele-vância. Na Alemanha, é a VDE 0100; nos EUA, é o NEC -National Electrical Code; na França é a NF C 15-100; e as-sim por diante. Tais normas são periodicamente atualizadas.

Não é de estranhar, portanto, como os registros indi-cam, que a primeira norma técnica brasileira tenha sido,justamente, uma norma de instalações elétricas.

Foi em 1888, no mesmo ano de fundação do CentroTécnico dos Eletricistas Brasileiros, que aquela entidadeveio a público com o documento intitulado Regras preven-tivas de incêndio nas instalações elétricas. A origem dessetexto era a norma inglesa Rules and regulations for the pre-vention of fire risks arising from electric lighting, publicadaem 1882, pela The Society of Telegraph Engineers andElectricians.

A entidade britânica ganhara essa denominação em1880, pois ela havia sido criada, em 1871, como The Socie-ty of Telegraph Engineers. E em 1888 o nome seria nova-mente alterado, passando àquele que tornou a sociedademundialmente conhecida: The Institution of Electrical Engi-neers. Logo, o documento em questão constitui a origem danorma britânica de instalações elétricas, a BS 7671 - Requi-rements for electrical installations, ainda hoje bastante co-nhecida pelo rótulo the IEE Wiring Regulations. Trata-se deum nome de guerra, claro, pois a própria IEE não é maisIEE. Após a fusão com outras entidades, ela se tornou, em2006, a IET - The Institution of Engineering and Technology.

No Brasil, o capítulo seguinte na normalização das ins-talações elétricas seria um documento preparado pela an-tiga Inspetoria Geral de Iluminação da Capital Federal —na época, a cidade do Rio de Janeiro. O ano: 1914. Quan-to ao título do trabalho, os registros existentes não conver-gem. Um deles informa que o título seria Regulamento dasinstalações de luz. Outro menciona Código de instalaçõeselétricas. Há convergência, isso sim, quanto ao seu men-tor: Paulo de Queiroz, que ocupava a função de inspetorgeral naquele organismo. O documento tinha força de lei,mas restrito ao Rio de Janeiro, esfera de competência daInspetoria.

O período NB-3Em 1941, já com a ABNT em funcionamento (ela fora

constituída no ano anterior, 1940), a então Comissão deEletrotécnica da entidade propôs uma norma de instala-ções elétricas. O texto-base havia sido preparado por umacomissão integrada por F. E. da Fonseca Telles, Guilher-me Dumont Villares, Octávio Marcondes Ferraz, Luiz Ca-

langelo Nóbrega e Antonio Bresser Monteiro. O documen-to foi então aprovado, em outubro de 1941, por ocasião da4ª Reunião Geral da ABNT, realizada em São Paulo. Inti-tulado Norma Brasileira para a Execução de InstalaçõesElétricas, recebeu o código NB-3, que ficaria consagradopelas quatro décadas seguintes, pelo menos.

A ABNT atribuía às suas normas um código compostode duas letras, que identificava o tipo de norma, seguidodo número de ordem do documento. Assim, existiam as si-glas: EB, de “especificação brasileira”; PB, de padroniza-ção; SB, de simbologia; NB, de norma (reservada para ostextos que fixavam procedimentos, geralmente de projetoe execução); MB, de método de ensaio; e assim por diante.

Três anos depois, com a Portaria nº 1130, de 27 de no-vembro de 1944, assinada pelo ministro da Viação, João deMendonça Lima, entraria em vigor o Código de InstalaçõesElétricas, que incluía a NB-3 de 1941. Em outras palavras,o Código, composto de três partes, era um regulamentomais abrangente que a norma. A primeira parte tratava do“fornecimento de energia elétrica a instalações de ilumina-ção e aparelhos domésticos”. A segunda reproduzia aNB-3, devidamente identificada. E a terceira continha notas

dos sobre as atividades do Comitê Ele-trotécnico. A ausência de indicações pa-rece refletir, de fato, um progressivo es-vaziamento do órgão. Sintomaticamen-te, o membro que de certa forma o per-

sonificava, Henrique Morize, seu presi-dente, faleceria em março de 1930. Mo-rize nascera em 1860, na França. Emi-grou para o Brasil em 1875, fixando re-sidência em São Paulo. Em 1884, natu-

ralizou-se brasileiro, trocando naocasião seu prenome original, HenriCharles, por Henrique. Mudando-se parao Rio de Janeiro, ele diplomar-se-ia en-genheiro industrial, em 1890, pela

NOVEMBRO, 2008 EM 76 EM NOVEMBRO, 2008

100 ANOS DE COBEI

A norma de instalações elétricas

Empresa de instalações elétricas na Rua Boa Vista, centrode São Paulo, em 1912.

complementares. O organismo governamental diretamenteenvolvido com o Código era a já mencionada Inspetoria Ge-ral de Iluminação da Capital Federal. Mas dois anos depoisda promulgação do Código, ou seja, em 1946, a Inspetoriadeixaria de existir, dando lugar a um órgão com campo deatuação mais amplo, o Departamento Nacional de Ilumina-ção e Gás. É por essa razão que a própria NB-3 passou aanunciar, em seu preâmbulo, que “a presente norma é ado-tada em caráter obrigatório, para todo o país, pelo DNIG -Departamento Nacional de Iluminação e Gás.”

A revisão da NB-3 de 1941 só sairia em 1960. Além doscolaboradores e integrantes da Comissão de Eletrotécnicada ABNT, o trabalho contou também com a participação detécnicos do DNIG. A organização do texto é atribuída aEvandro G. O. Silva. A publicação do documento, intitula-do Execução de instalações elétricas de baixa tensão, ocu-pou 31 páginas em formato A4. Compunha-se de seis ca-pítulos e dois anexos. Os capítulos: 1) Generalidades; 2)Prescrições gerais; 3) Métodos de instalação; 4) Instala-ções em casos gerais; 5) Instalação de equipamentos; e 6)Instalações em casos particulares. Os anexos: 1) Termino-logia; e 2) Tabelas.

O período atual (NBR 5410)A versão seguinte da norma brasileira de instalações

elétricas de baixa tensão, datada de 1980, representouuma grande mudança. Tanto em termos de conteúdo — oaspecto mais relevante, claro — quanto na sua identifica-ção. O rótulo NB-3 foi substituído por NBR 5410. Na práti-ca, no dia a dia, essa substituição não foi imediata. Ao con-trário, por um bom tempo após sua entrada em vigor, aedição de 1980 era freqüentemente referida como a “novaNB-3”. De um lado, pela força do hábito. Afinal, o rótuloNB-3 ficara em evidência por quase 40 anos. Depois, por-que o código NBR havia sido instituído por regulamenta-ção governamental e a ABNT só iria se desfazer da suaprópria codificação vários anos depois. Enfim, as normastécnicas do período, particularmente aquelas que nãoeram novas, mas revisões, tinham uma espécie de duplapersonalidade. Elas eram NB, EB, SB, MB, etc., à luz danomenclatura tradicional da ABNT, e também NBR, paraefeito de registro oficial.

Aos poucos, com a consolidação do epíteto NBR e a ex-tinção do antigo código da ABNT, a nova fase deflagradacom a edição de 1980 passou a ser assim percebida eidentificada, isto é, como a “fase NBR 5410”. Isto, bem en-tendido, para aqueles profissionais de instalações mais an-tigos ou que conviveram com a transição. Para os mais no-vos, não há nova fase, mas simplesmente a NBR 5410.

Os trabalhos da comissão de estudos que preparou aNBR 5410 de 1980, presidida por Ricardo Luiz Perrone, daEletrobrás, foram iniciados em 1978. A aprovação da novanorma se deu em junho de 1980. Já no mês seguinte, aedição da revista Eletricidade Moderna traria uma amplamatéria de capa sobre a novidade. E publicaria, nos núme-ros subseqüentes, artigos técnicos sobre a nova norma,

assinados por Ademaro Cotrim, professor da Escola deEngenharia Mauá e membro da comissão que havia elabo-rado o documento.

O aparecimento da NBR 5410 ensejou até mesmo umtratamento mais profissional ao produto “norma técnica”.Pela primeira vez, na história da ABNT, uma norma foi pu-blicada em formato de livro e com elevada tiragem. Com di-reito a evento alusivo, realizado no salão nobre da Fiesp -Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, em 12de março de 1981. Em seu discurso, além de destacar osbons resultados da iniciativa, já então evidentes, o presi-dente do Cobei, Mauro de Carvalho Velloso, lembrou tam-bém o trabalho despendido na elaboração da norma, tradu-zindo-o em números: “Para a elaboração da NBR 5410 fo-ram necessárias 155 reuniões de estudo, contando comcerca de 121 participantes, perfazendo 660 horas de traba-lho em reuniões e 1000 horas de trabalho em pesquisa”.

Mas a mudança mais notável introduzida com aNBR 5410 de 1980 foi mesmo a de conteúdo. A edição an-terior da norma de instalações era de 1960. Portanto, fo-ram 20 anos sem revisão. E a edição de 1960 era uma ver-são resumida, raquítica mesmo, da norma equivalente nor-te-americana, o NEC.

Já o documento de 1980 foi baseado na norma france-sa, a NF C 15 100. E de lá para cá houve um grande ali-nhamento natural da norma brasileira com a norma inter-nacional de instalações elétricas, a IEC 60364 - Low-volta-ge electrical installations — cuja denominação, até mea-dos de 2005, era Electrical installations of buildings. O do-cumento brasileiro tem sido periodicamente atualizado.Após a versão de 1980 — baseada, como dito, na normafrancesa —, já saíram três novas edições da NBR 5410:1990, 1997 e 2004. Mas essa evolução do documento nãosignificou nenhuma mudança de rumo em relação à ediçãoinaugural da nova fase, a de 1980. Naquela ocasião, anorma internacional IEC 60364 era apenas uma fraçãomuito reduzida do seu estágio atual. Hoje, é um documen-to volumoso. Mas tudo que foi produzido desde então se-guiu os mesmos princípios e as regras básicas contidas nanorma francesa, a fonte da edição de 1980. Pela boa esimples razão de que as normas de instalações elétricasdos países europeus (ou, pelo menos, dos principais) já seencontravam harmonizadas, em grande medida. E foi emcima desse consenso, dessa harmonização, que nasceu anorma IEC, internacional.

O alinhamento com a IEC, como se sabe, não é exclu-sivo da norma de instalações elétricas. Hoje, praticamentetoda a normalização brasileira da área de eletricidade se-gue as normas IEC. Isso tem a ver também com umaorientação governamental. Com empresas industriais dasmais diversas origens, o país teria mesmo de optar por talalinhamento, sob o risco de ver aqui instaurada uma autên-tica babel. Além disso, era a trilha mais segura para favo-recer suas exportações. Para entidades como a OMC - Or-ganização Mundial do Comércio, as normas internacionais,IEC e ISO, não são barreiras tarifárias.

Arquivo/AE

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cada uma delas dedicada a determinadaárea de atuação. Assim, foram constituí-das a Comissão de engenharia civil econstrução, a Comissão de engenhariamecânica e metalurgia, a Comissão deeletrotécnica e assim por diante. E, nes-sa época, as normas eram aprovadas úni-ca e exclusivamente durante as reuniõesgerais da entidade, uma espécie de con-gresso, que aconteciam a cada dois anos.

Na prática, e em certa medida, foicomo se o Comitê Eletrotécnico Brasi-leiro tivesse sido incorporado à ABNT,embora formalmente não tenha sido as-sim. E não tanto naquela altura, mas pe-lo que sucedeu posteriormente. Afinal,o traço distintivo daquele organismo erao seu papel de comitê nacional brasilei-ro da IEC. E essa função simplesmentedesaparecera. Ninguém a vinha exer-cendo, começando pelo próprio ComitêEletrotécnico — que, tudo indica, prati-camente deixara de existir.

Pois a ABNT procurou resgatá-la,anos depois. As démarches começaramem setembro de 1949, quando Paulo Sá,secretário geral da entidade, esteve emGenebra, fazendo contatos com a IEC ecom a ISO, logo após o congresso destaúltima. E a questão do reingresso do Bra-sil na IEC seria debatida na VIII ReuniãoGeral da ABNT, realizada no final de1949, início de 1950, em Porto Alegre.

Numa sessão preparatória, em 20 dedezembro de 1949, foi aprovada a pro-posta de refiliação à IEC — ou, melhordizendo, os desdobramentos dela decor-rentes, incluindo as mudanças regimen-tais que dariam à área de eletricidade daABNT, diferentemente das demais co-missões da entidade, a flexibilidade eautonomia necessárias para atuar comoo comitê brasileiro da IEC. E dias de-pois, em 7 de janeiro de 1950, foi reali-zada a sessão de instalação do ComitêBrasileiro, na sede da Sociedade deEngenharia, em Porto Alegre.

Paulo Sá, na ocasião, expôs seu pon-to de vista de que o Comitê Brasileiro daIEC seria, simplesmente, a Comissão deEletrotécnica da ABNT, “do mesmomodo que a IEC constitui, hoje, a divi-são de eletrotécnica da ISO”. Em segui-da, coube justamente ao presidente daComissão de Eletrotécnica da ABNT,Dulcídio de Almeida Pereira, conduziros trabalhos. Decidiu-se então constituiruma comissão para preparar o projeto de

estatutos do comitê. E deliberou-se tam-bém sobre a eleição dos seus diretores.

Com o estatuto, que criou a denomi-nação Comitê Brasileiro de Eletrotécni-ca e Iluminação, nasceu também a siglaCobei, que doravante se tornaria a marcaou referência mais difundida do comitê.

A posse da diretoria do Cobei ocor-reria no dia 5 de setembro de 1951, porocasião da IX Reunião Geral da ABNT,realizada de 3 a 8 de setembro, em SãoPaulo. A presidência do comitê foi con-fiada àquele que já vinha desempenhan-do tal função à frente da Comissão deEletrotécnica da associação, isto é, Dul-cídio de Almeida Pereira.

O passo seguinte foi a busca daquiloque estava por trás de toda essa movi-mentação, isto é, a efetiva readmissãodo Brasil como membro da IEC.

A admissão de um país aos quadros daIEC requeria a concordância de pelomenos quatroquintos da totali-dade dos comitêsmembros. Assim,a refiliação pleitea-da pelo Brasil foiantecipadamentecomunicada porcorrespondência atodos os países as-sociados e o pedi-do oficialmenteaprovado em 10 desetembro de 1952,durante a ReuniãoGeral realizada emScheveningen, naHolanda. Aindaem 1952, o Cobeiobteria tambémsua filiação à Co-missão Internacio-nal de Iluminação,ou CIE - Commis-sion Internationalede l'Éclairage,fundada em 1903.

De início, osc o m p r o m i s s o sfinanceiros do Co-bei foram salda-dos, em especial aanuidade devida àIEC, com contri-buições especiaisde alguns mem-

bros — que, por isso mesmo, eram qua-lificados como “sócios mantenedores”.Mas as estripulias do câmbio, problemacrônico da economia brasileira, inviabi-lizaram o uso dessas contribuições paraa liquidação dos compromissos com aIEC. Houve então o socorro de insti-tuições governamentais, como o Minis-tério das Relações Exteriores e o Conse-lho Nacional de Pesquisa. Mas esse au-xílio também minguou.

Por exemplo, o relatório anual daABNT referente a 1954 registra que emface do agravamento das dificuldadesfinanceiras foi formada uma comissãopara estudar o assunto e propor medidasque poderiam chegar mesmo à extinçãodo Cobei, caso não houvesse meios decusteá-lo. De forma insistente, a comis-são apelou às indústrias, o que garantiuuma contribuição pecuniária relevantepara o exercício de 1955.

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Escola Politécnica da então capital fede-ral. Tornou-se professor efetivo da insti-tuição, em 1898, após concurso em quedefendeu a tese “Raios catódicos e deRoentgen”. Aliás, poucos meses depoisde Roentgen ter descoberto os raios X,Morize realizou a primeira radiografiana América Latina, utilizando uma “bo-bina de indução de 12 cm de centelha eum tubo por ele adaptado”. Foi tambémo responsável pela montagem do primei-ro gabinete de raios X aplicados à medi-cina. Outras áreas em que Morize deixoucontribuições relevantes foram a de tele-grafia sem fio, magnetismo terrestre eeletricidade atmosférica.

Após a morte de Henrique Morize, oComitê Eletrotécnico Brasileiro teria seresumido a apenas dois membros. Um

deles, Artur de Miranda Ribeiro, envioucarta à direção do Clube de Engenharia,em 6 de maio de 1930, propondo a disso-lução do Comitê. Mas o Conselho Dire-tor do Clube decidiu reorganizar o órgão.

Após a decisão, a ausência de regis-tros acerca do Comitê parece indicar quea idéia de reavivá-lo ficou só na tentati-va — ou, então, que seu funcionamentorestringiu-se apenas a tarefas burocráti-cas. Pois as raras menções ao órgão en-contradas na documentação existentetransmitem essa impressão.

Segunda faseEm suma, as atividades do Comitê

Eletrotécnico Brasileiro, particularmen-te na década de 1930, ficaram envoltasnuma penumbra. Mas isso não impede

que se identifique, com clareza, aquelaque seria a segunda fase da normaliza-ção elétrica no Brasil.

Essa segunda fase tem como marcoinicial a fundação da ABNT, em 1940.Como todo projeto, ela não nasceu derepente. Idéia já acalentada há algunsanos, a entidade foi efetivamente criadaem setembro de 1940, durante o 3° Con-gresso de Laboratórios de Ensaios deMateriais, realizado no Rio de Janeiro. Àfrente desse movimento, destacou-sePaulo Sá, diretor do laboratório de en-saios de materiais do INT - Instituto Na-cional de Tecnologia, do Rio de Janeiro.

O primeiro estatuto da entidade esti-pulava que os trabalhos de elaboraçãodas normas seriam desenvolvidos ecoordenados por diferentes comissões,

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100 ANOS DE COBEI

Ainexistência ou, o que é mais provável, o desapareci-mento de registros que permitiriam uma descrição

mais acurada da história do Cobei apenas confirma umtraço constrangedor da cultura brasileira: a inapetência eincapacidade de preservar sua memória. Na área de ener-gia elétrica, felizmente, a situação hoje é bem mais ani-madora. Houve iniciativas concretas de conservação eresgate de sua história.

Em 1986, por iniciativa da Eletrobrás, foi criado oCentro da Memória da Eletricidade no Brasil, sediado noRio de Janeiro. A entidade já publicou diversos livrosabordando a história da eletricidade no país, sob diferen-tes aspectos — evolução do parque gerador, a trajetóriada política governamental para a área, o impacto dasnovidades eletroeletrônicas sobre a vida brasileira, etc.

Em março de 1998, foi instituída a FundaçãoPatrimônio Histórico da Energia de São Paulo — que maistarde, em 2004, incorporaria também a área de sanea-mento, fazendo com que sua denominação fosse alteradapara Fundação Patrimônio Histórico da Energia eSaneamento. A Fundação possui um rico acervo, que her-dou das empresas de eletricidade e de coleções particu-lares. Há farta documentação impressa, como livros, pe-riódicos, boletins, manuais e outras publicações. A cole-ção de fotografias é surpreendente. E o patrimônio incluiainda museus que abrigam objetos os mais diversos, al-guns dos quais estão ilustrados na foto: 1) interruptor de10 A, de sobrepor, com acionamento por alavanca(1940~1950); 2) interruptor doméstico, com acionamentopor botões; 3) caixa para disjuntor de baixa tensão, cujapatente é de julho de 1892; 4) lâmpada de filamento decarvão (1880~1890). Usada até 1910, aproximadamente,substituiu as lâmpadas de arco voltaico, em iluminaçãopública e industrial, alimentada por circuito com ligaçãosérie; 5) chave de potência (corrente nominal de 60 A)

com temporizador de 24 h (~1900); 6) disjuntor comrearme manual através de volante; 7) disjuntor a pequenovolume de óleo.

A preservação da memória

Anúncio da Arno S.A., fabricante de motores elétricos,veiculado em 1958. No anúncio, a empresa se diz “nadianteira do progresso”, pois “é a primeira a aplicar asnormas da IEC no Brasil”. E o anúncio é ilustrado com afigura de um “motor de 125 HP, fabricado segundo as regrasda IEC”. A Arno foi fundada em 1944, por um imigrantehúngaro.

(continua na pág. 14)

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E quanto às escovas elétricas? [figura 5] Além de remé-dio para uma série de doenças, elas também combatiam aqueda de cabelo. Algumas usavam uma pequena bateria [A],enquanto outras geravam um choque elétrico quando ousuário pressionava com o dedo uma pequena alavanca [B],repetidas vezes.

Analogamente, havia o pente elétrico [figura 6], que tam-bém usava uma pilha e aplicava pequenos choques ao corocabeludo do usuário ou usuária enquanto ela se penteava.

Já os eletrovibradores foram uma nova forma de aplica-ção de uma terapia secular. A tese é de que a vibração, na fre-qüência correta, consegue botar para fora do corpo humanoos males que o afetam, como numa “sessão de descarrego”.Ou, então, que a vibração aumenta a circulação na área docorpo afetada, recuperando-a. Vendidos em estojos [figura 7],os eletrovibradores eram acompanhados de uma série deacessórios, cada um deles indicado para uma moléstia dife-rente. Podiam ser usados [figura 8] no tratamento dos olhos,no alívio das cólicas e dores de estômago do bebê, recomen-dando-se mesmo seu uso simultaneamente a uma imersão nabanheira (!). Havia ainda os eletrovibradores em versão tipo“capacete” [figura 9] — compostos, como diz o anúncio, dequatro discos vibratórios, num total de “480 dedos artifi-ciais”, que estimulam a circulação de sangue no couro cabe-ludo e também as células cerebrais, além de remover toda acaspa e os fios de cabelo soltos.

O advento da eletricidade, da sua difusão e, conseqüente-mente, da iluminação artificial, abriu também as portas paraa disseminação da fototerapia e da cromoterapia [figura 10].Os aparelhos mostrados são da década de 1920. Eles vinhamcom um protetor para os olhos e eram indicados para as maisvariadas perturbações, para todas as idades, do bebê ao adul-to. De quebra, curavam a calvície, havendo também modelosespecíficos para essa finalidade [figura 11].

O tratamento dos cabelos era igualmente um dos benefíciosatribuídos aos aparelhos de raio violeta [figura 12], para usodoméstico, vendidos durante a primeira metade do século XX.A exemplo dos eletrovibradores, vinham em estojos providosde uma parafernália: acessórios para aplicação nos olhos, nopeito e em partes mais recatadas do corpo humano. E mais: ro-

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Hoje, as pessoas já não chegam a se espantar com asinovações que a tecnologia eletroeletrônica oferece, diaapós dia, dada a rotina em que isso se transformou.

Mas quando a eletricidade começou a participar da vidacotidiana, o sentimento da população a respeito da novidadeera um misto de fascínio e mistério.

Assim, nos tempos pioneiros, o conhecimento precáriosobre a eletricidade, de um lado, e o deslumbramento por elaprovocado, de outro, abriram a porteira para toda a sorte decharlatanice. A admiração pelos fenômenos elétricos consti-tuiu campo fértil para mistificações e engodos inacreditáveis— ainda que eventualmente nascidos, alguns deles, de boafé. Afinal, que outra reação o cidadão comum poderia de-monstrar? Pois a eletricidade, para começo de conversa, éparte daquilo que os próprios físicos apontam como origemda vida, a chamada sopa primordial. Bombardeando mistu-ra de gases metano e nitrogênio com descargas elétricas épossível obter matéria orgânica complexa.

A propósito, quem não conhece a obra de Mary Shelley,“Frankenstein”, célebre desde sua publicação, em 1818?[figura 1]. No livro, o estudante de medicina VictorFrankenstein dá vida a uma criatura. Frankenstein ressusci-ta um cadáver, no seu laboratório. Como? Usando eletrici-dade. Isso mesmo! Por sinal, uma idéia considerada plausí-vel pelos cientistas da época. Afinal, vivia-se ainda o im-pacto da experiência de Galvani, nos fins do século XVIII[figura 2]. Médico de formação, Galvani constatou o efeitode convulsão muscular, numa rã, provocado pela passagemde corrente elétrica — uma rã que estava sendo dissecada.Daí para a idéia de que a eletricidade pudesse ressuscitarcadáveres foi um passo.

No laboratório de Frankenstein, possivelmente havia umgerador eletrostático de Ramsden [figura 3], que data justa-mente da segunda metade do século XVIII. A eletricidadeproduzida por máquinas de atrito, como essa, era usada paratratar paralisia e espasmos musculares e para controlar o rit-mo cardíaco. Provavelmente era considerado um tratamentofashion, high-tech.

Com o desenvolvimento das máquinas eletrostáticas, de-pois, da pilha voltaica, das baterias e, finalmente, das formas

modernas de geração e distribuição de energia elétrica, o in-teresse em torno da eletricidade só aumentou. E deu margema todo tipo de produto milagroso, particularmente no períodoque vai de meados do século XIX até as primeiras décadasdo século XX.

Como por exemploos óculos elétricos, ouóculos galvânicos [fi-gura 4]. Os desenhossão de registros de pa-tente, datados de 1860 a1900. Tais óculos, se-gundo seus inventores,promoviam a circula-ção de uma pequenacorrente elétrica, forta-lecendo assim o nervoocular, a visão do usuá-rio e, em alguns casos,também prevenindo acongestão nasal típica dos resfriados. A maioria das inven-ções se apoiava no princípio da pilha galvânica: pequenaspeças de zinco e/ou de cobre eram aplicadas às hastes dosóculos [detalhe A], às pontas das hastes [detalhe C] ou àponte que apóia os óculos sobre o nariz [detalhe B].

No início, até efeitos milagrosos

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Finalmente, entre as pérolas dessa época temos também,suprema ironia, a cadeira elétrica [figura 18]. Não aquelaque todos conhecemos como tal, mas uma cadeira elétricaterapêutica. Como se vê, a cadeira tinha dois eletrodos, naextremidade dos braços, e era alimentada a partir daquiloque poderíamos considerar como um precursor dos atuaispainéis de comando e distribuição [figura 19]. Esses painéisexistiam em versões de embutir, de semi-embutir, e em ver-sões tipo cubículo, ou gabinete.

Bem, isso é o passado. A fraude, é verdade, ainda não de-sapareceu de todo. Mas, de lá para cá, a aplicação dos fenô-menos eletromagnéticos para fins medicinais tem registradoconquistas notáveis. Marca-passos cardíacos, desfibrila-dores e outros dispositivos eletromédicos já salvaram umsem-número de vidas. E tecnologias como a imagem de res-sonância magnética e a tomografia de emissão de pósitrons

emergiram como grandes ferramentas de diagnóstico. Porexemplo, a figura 20 traz a representação gráfica da geome-tria e do fluxo de corrente elétrica de um modelo de tórax,derivado de um paciente real, usando imagem de ressonân-cia magnética.

Num livro recente, de 2004, intitulado “Medicina bioele-tromagnética”, é dito que o bioeletromagnetismo em breveassumirá uma importância igual ou superior à da farmacolo-gia e da cirurgia atuais. Independentemente de nosso conhe-cimento sobre o assunto, a frase deixa evidente que novas eboas surpresas nos aguardam. Pois que sejam bem-vindas!

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lo, escova, inaladores de ozônio, garrafinha com óleo especialpara melhorar ainda mais o resultado e por aí afora.

No campo da eletroterapia, propriamente dita, ou seja, daaplicação dos campos elétrico e magnético para fins medici-nais, a imaginação não foi menor. Começando com o uso demáquinas eletrostáticas, já comentadas [figura 13]. Girando-se o disco de atrito, produzia-se corrente elétrica que era

transferida para o pa-ciente através de termi-nais, ou eletrodos. Paraquê? Pra tudo que sepossa imaginar!

Aliás, os geradoreseletrostáticos, de maiorporte, foram as primeirasfontes utilizadas no iníciodos raios X [figura 14].

Ainda antes da distri-buição generalizada deenergia elétrica, mas jáusando pilhas e baterias,tivemos fantasias memo-ráveis. Uma delas foramos cintos elétricos [figu-ra 15]. Os textos dosanúncios não deixam pormenos: curas a man-cheias, um produto verdadeiramente milagroso.

Com a chegada da energia elétrica às residências, aos con-sultórios, às clínicas médicas, o leque de bugigangas aumen-tou. A lista é hilária. Apareceram novas versões do cinto elé-trico [figura 16] — como diríamos hoje, plug and play. Apare-ceu o osciloclasto [figura 17], um aparelho que deu fama eter-na a seu inventor, o Dr. Albert Abrams, considerado o rei doscharlatães dos EUA. Abrams morreu milionário, em 1924, ecriou técnicas de diagnóstico que não precisavam mais do queum papel com uma gota de sangue ou então com a caligrafiado paciente — isso mesmo, a caligrafia do paciente! — paradiagnosticar sua doença e apontar o tratamento necessário.

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nos trabalhos de normalização, partici-pando de um grande número de nossascomissões e contribuindo materialmen-te através dos recursos do seu fundo dedesenvolvimento para o financiamentode nossos trabalhos”.

Antes disso, em 1968, houvera alte-ração nos estatutos da ABNT, com mu-dança na denominação de suas áreas deatuação. A designação “comissão” foitrocada por “comitê”. E criou-se um có-digo de identificação para os comitês:“ABNT/CB”, seguido de um número.Assim, por exemplo, a Comissão de en-genharia civil e construção passou a sero ABNT/CB-02 Comitê Brasileiro deConstrução Civil. E a área de eletricida-de, que diferentemente das demais jáganhara, em 1950, a denominação Co-mitê Brasileiro de Eletrotécnica e Ilumi-nação — e, de quebra, a sigla Cobei —,foi rebatizada ABNT/CB-03 ComitêBrasileiro de Eletricidade. Oficialmen-te, à luz do regimento da ABNT, esta éa designação vigente ainda hoje. Mas,na prática, o rótulo de uso generalizadoé mesmo a sigla Cobei.

Embalado pelo suporte da Eletrobrás,que se estendeu até o final da década de1980, início dos anos 1990, o Cobei, se-gundo alguns registros, chegou a res-ponder por 25% das normas publicadaspela ABNT. Não surpreende, portanto,que nesse período o Brasil tenha acolhi-do a Reunião Geral da IEC — mais exa-tamente, a de 1982. Na época, o presi-dente do Cobei era Mauro de CarvalhoVelloso, responsável também pelo De-partamento de Normas Técnicas da Ele-trobrás. Foi a primeira e, até 2008, únicavez que o encontro ocorreu na AméricaLatina. A segunda vez está sendo nesteano de 2008, em que o Brasil sedia a 72ªReunião Geral da IEC.

Realizada de 31 de maio a 12 de ju-nho, no Rio de Janeiro, a conferência de1982, a 47ª da série, reuniu 847 delega-dos de 41 países. E 243 delegados bra-sileiros tiveram a oportunidade de to-mar contato direto — a grande maioria,pela primeira vez —, com o trabalho de-senvolvido na normalização interna-cional. A reunião do Conselho da IEC,seu órgão mais importante, teve a par-ticipação de 41 dos 44 países membros.

Quarta faseA era de bonança começou a declinar

no início da década de 1990. E com issoa normalização brasileira da área elétri-ca entrou no que poderia ser identificadocomo o quarto período de sua história.

Dois fatores contribuíram, cumulati-vamente, para o recrudescimento da si-tuação. De um lado, a retirada do arrimoantes proporcionado pelas empresas esta-tais de energia elétrica. Aliás, o própriosetor de energia começara a vivenciaruma crise que desaguaria na privatizaçãode diversas empresas, a partir de 1995. Ena esfera da normalização, em si, aABNT foi submetida a um processo dereestruturação cujo traço essencial era ode transferir a seus diversos comitês aresponsabilidade pela própria sobre-vivência. Eles deveriam então granjearapoio junto às associações, empresas eentidades de suas áreas. Em suma, aentidade pôs em prática um grande enxu-gamento. Mas implementando, ao mes-mo tempo, uma providência sem a qual acontinuidade do trabalho normativopoderia ficar comprometida, que foramas alterações regimentais viabilizadorasda descentralização das atividades. Emoutras palavras, a ABNT abriu mão dequalquer vezo dominador, centralizador,para se tornar simplesmente gerencia-dora do processo de normalização.

A reestruturação da ABNT, por sinal,vinha alinhada com as mudanças em-preendidas no arcabouço regulatório emque a normalização está inscrita. De fa-to, em 1992 o Conmetro - Conselho Na-cional de Metrologia, Normalização eQualidade Industrial, um colegiado in-terministerial, baixou resoluções intro-duzindo importantes novidades. Em sín-tese, elas corrigiram disposições ante-riores eivadas de centralismo e burocra-cia. E também fortaleceram a instituiçãoABNT, impondo, como contrapartida,compromissos que a tornassem maiságil, menos centralizadora. Assim, a Re-solução Conmetro nº 1, de 8 de janeirode 1992, revogou resoluções anterioresque tratavam da classificação e registrodas normas técnicas e cujo resultadoprático não havia sido outro senão oacréscimo de burocracia. A ResoluçãoConmetro nº 6, de 24 de agosto de 1992,tratou de regras para a elaboração denormas técnicas, credenciando a ABNTcomo o Foro Nacional de Normaliza-ção. E através da Resolução Conmetronº 7, também de 24 de agosto de 1992,

a ABNT foi designada Foro Único deNormalização.

O Cobei, como outros comitês daABNT, se viu então compelido a seadaptar à nova situação. A reestrutura-ção do Cobei foi empreendida em 1995,na gestão de Carmine Taralli. Foram ar-regimentadas empresas e associaçõesdispostas a participar — alcunhadas, ge-nericamente, entidades setoriais mante-nedoras, ou ESM. Cada uma delas as-sumiu a coordenação de um conjunto decomissões de estudo, ligadas à sua áreade interesse, e tinha poderes para esta-belecer quais normas técnicas deveriamser desenvolvidas, prioritariamente.Como contrapartida, cabia-lhes contri-buir financeiramente para o funciona-mento do Cobei, de acordo com o crité-rio de rateio estabelecido. A relação dasentidades incluía: Abinee, Sindicel, Ele-trobrás, Petrobrás, Codi (Comitê deDistribuição), Abimo, Telebrás, Abri-cem, Abilux e Eletros.

A fórmula se mostrou bem-sucedida.Pelo menos por certo tempo. E permitiusolucionar, na ocasião, um problemarecorrente na história do Cobei, já men-cionado: o de atraso ou inadimplênciano pagamento das contribuições devi-das à IEC. Um registro de janeiro de1995 informa que o pagamento dasanuidades da IEC estava em aberto hátrês anos. Mas no final daquele ano a si-tuação seria regularizada. Os boletinsdo Cobei desse período informam que“o Brasil retoma o pagamento de umadívida de US$ 350 mil junto à IEC evolta a participar das atividades da enti-dade, após dois anos de afastamento.” Euma mensagem assinada pelo próprioCarmine Taralli relata que “o retorno sófoi possível graças a um trabalho coleti-vo, coordenado pela Abinee, com oapoio da CNI, para juntar os recursosnecessários e saldar a dívida junto àIEC”. Uma outra conseqüência deletériada suspensão da participação na IEC éque o país fica sem receber a documen-tação da entidade enquanto durar a pen-dência — ainda que essa suspensãonunca seja imediata, ao menor sinal deatraso no pagamento. Ao contrário, a to-lerância aí é generosa.

O sucessor de Carmine Taralli na di-reção do Cobei, Ademaro A. M. B.Cotrim, assumiu prometendo manter areestruturação empreendida por seu an-

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Terceira faseMas a esperança de uma rotina mar-

cada pela estabilidade, sem a mazela detapar buracos, aqui e ali, só viria mesmoa partir de meados da década de 1960,quando a Eletrobrás, que iniciara suasoperações em junho de 1962, começoua apoiar as atividades do Cobei, numcrescendo, chegando mesmo a adotá-lo,na prática — particularmente no perío-

do que vai de meados dos anos 1970 atéo final da década de 1980. Havia porparte da empresa o desejo de que o setorde energia elétrica, em todos os seussegmentos — geração, transmissão edistribuição —, contasse com um ar-cabouço normativo compatível com asgrandes tarefas que tinha pela frente.

Esta nova fase na vida do Cobei, aterceira de sua história, pode ser bem

avaliada pelo discurso proferido em1975 pelo então presidente, Julival deMoraes, quando o comitê ganhou umanova sede: “A atual fase de desenvolvi-mento do Cobei muito deve ao apoio ir-restrito que vem recebendo da Eletro-brás, através do diretor Mauro Moreirae seus colaboradores do Departamentode Normas Técnicas, que têm incentiva-do a participação do setor energético

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Uma das contribuições marcantes do trabalho realizadopelo Cobei é a norma ABNT NBR 14136, de 2002, quepadronizou os plugues e tomadas. Ela foi baseada na nor-ma internacional IEC 60906 — documento que, entre ou-tras finalidades, se propõe justamente a servir de modelopara países ainda sem uma padronização nacional, comoera o caso do Brasil.

A padronização cumpre importantes objetivos. Um de-les, o mais notório, é pôr fim à diversidade de formatos detomadas existentes, fazendo com que o país caminhe do-ravante para um padrão de fato — a exemplo de inúmerasoutras nações, no mundo todo, que definiram seus mode-los de tomadas e plugues. Além de evitar dores-de-cabeçapara o usuário, a medida representa, também, racionalida-de econômica, graças aos ganhos de escala.

A padronização não é uma aspiração nova, bem aocontrário. Em 1957, uma das edições da revista então pu-blicada pela General Electric do Brasil, que habitualmentecontinha uma seção de perguntas e respostas, trazia a se-guinte questão: “Por que não se padroniza, definitivamen-te, o tipo das tomadas de corrente a serem usadas nas ins-talações domicilares?” E a resposta fazia coro ao inconfor-mismo já patente na pergunta: “Não há justificativa possí-vel para essa falta de padronização”. Lembrando que nopaís existiam tomadas com pino redondo e com pino cha-to, a resposta finalizava acrescentado que “as chamadastomadas universais, que se propõem a receber, indistinta-mente, pinos redondos ou pinos chatos, são de funciona-mento precário”.

Mas a definição de um padrão, além de poupar descon-fortos para o usuário e favorecer a racionalidade econômica,pode e deve contemplar os aspectos de segurança — quegeralmente passam despercebidos para o usuário comum.E, neste particular, o padrão NBR 14136 é irrepreensível.

Ele segue à risca um princípio consagrado da normali-zação internacional de produtos elétricos de uso domésti-co e análogo: o de que o usuário, ao manipular o produto,não corra risco de choque elétrico. Portanto, o produto de-ve ser concebido e construído de forma tal que o usuárionão venha a ter contato acidental com partes vivas. Ora,ao conectar um plugue a uma tomada, ou ao desconectá-lo, a pessoa poderia inadvertidamente tocar um dos pinosdo plugue, ou ambos, correndo então risco de choque elé-trico se o pino estiver em contato com o alvéolo vivo da to-mada. Essa é uma situação de risco concreta. Aliás, mui-tas vezes as pessoas se valem dos próprios dedos, colo-cando-os em contato com o pino do plugue, para se orien-

tar na tentativa de encaixá-lo numa tomada de mais difícilacesso — por exemplo, atrás de um móvel.

Pois a padronização brasileira NBR 14136 atentou paratodos esses cuidados, fixando disposições construtivas queeliminam o risco de contato acidental com partes vivas.Além disso, ela apresenta uma coordenação dimensionalque confere às tomadas autodefesa contra sobrecargas.

Mais: a tomada fixa padrão brasileiro vem com contatode aterramento. E é exigida pela norma de instalações elé-tricas, a NBR 5410. Aliás, a NBR 5410 estabelece que astomadas fixas de uma instalação devem ser todas comcontato de aterramento. Essa exigência se alinha tambémcom outro requisito, que é o da presença do condutor deproteção (“fio terra”), nos circuitos. E a Lei nº 11 337, de 26de julho de 2006, transformou em requisito legalmenteobrigatório o uso do condutor de proteção nas instalaçõeselétricas de edificações, reforçando assim o disposto nanorma NBR 5410.

Não menos importante, a tomada fixa conforme aNBR 14136 se alinha com a orientação da norma de insta-lações — aliás, como deve ser, pois tomada fixa é um com-ponente da instalação —, de que a instalação deve ser amais universal possível, sem descuidar dos aspectos desegurança. Nesse sentido, a tomada fixa da padronizaçãobrasileira confere à instalação a necessária universalidade,pois permite a inserção tanto de plugues de três pinos, ouplugue 2P+T (equipamentos classe I), quanto de pluguesde dois pinos (equipamento classe II).

A Resolução Conmetro nº 11, de 20 de dezembro de2006, estabelece que fabricantes e importadores não maispoderão comercializar plugues e tomadas em desacordocom a NBR 14136 a partir de 1º de janeiro de 2009.

Tomadas: padronização, ganho de escala e segurança

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tecessor. Até porque, como declarou aoboletim do Cobei, edição de jan./fev. de1997, a reforma vinha “apresentando re-sultados bastante promissores”. A con-dução de Cotrim à chefia do Cobei nãose deu porque o mandato de Taralli che-gara ao fim, por seu afastamento ourenúncia. Taralli faleceu, de mal súbito,em julho de 1996, em pleno exercício desua função. E Cotrim viria também a fa-lecer nas mesmas circunstâncias: repen-tinamente, enquanto estava à frente doCobei. Isso se deu, mais exatamente, emagosto de 2000. A coincidência, comoera de se prever, suscitou ilações quevariaram da superstição ao humor negro.

Pois o titular seguinte do Cobei,Martin Crnugelj, tratou de frustrar osmaus presságios, cumprindo integral-mente seu mandato; e inaugurando,além disso, o que seria o quinto e atualperíodo na história do órgão.

Quinta fase Mas Martin Crnugelj tornou-se su-

perintendente do Cobei — o rótulo“presidente” deixara de existir, dandolugar ao de “superintendente” — só nocorrer de 2002. O que significa que ocomitê ficou acéfalo por quase doisanos. E pior: a situação financeira doCobei foi se deteriorando, mais e mais,nesse período. Até que, em 2001, o es-critório foi fechado e as atividades sus-pensas. Na prática, foi o que aconteceu.Nem a ABNT, que anos antes já deixaraclaro que cada comitê deveria buscarsua própria sobrevivência e, muitomenos, o Cobei dispunham de recursospara manter o órgão em funcionamento.

Consciente da importância da norma-lização, de um lado, e preocupado com asituação caótica em que o Comitê deEletricidade se encontrava, de outro, umgrupo de associações de classe e empre-sas, sob a coordenação da Abinee, pôsem ação um plano para recuperá-lo. Mascom uma abordagem nova. O grupocriou uma sociedade, devidamente regis-trada, que foi batizada Cobei - ComitêBrasileiro de Eletricidade, Eletrônica,Iluminação e Telecomunicações. Afinal,a sigla Cobei tornara-se uma marca am-plamente conhecida, de fato, mas não erapropriedade de ninguém. E essa socie-dade assumiu todos os compromissos fi-nanceiros que possibilitariam a plena re-tomada da atividade normativa.

Enfim, essa foi a fórmula imaginadapara não apenas retomar a rotina do tra-balho normativo, como também confe-rir-lhe uma estrutura possivelmentemais sólida. Que fórmula? Atuar emduas frentes, que se confundem masque, juridicamente, são distintas: uma éo CB-03, parte integrante da ABNT,entidade privada sem fins lucrativos;outra, o novo Cobei, também umasociedade civil de direito privado, semfins lucrativos. Na prática, é como seambos fossem uma só entidade. Mas,formalmente, são duas figuras que secompletam. O CB-03, que personifica aABNT, responde pelos aspectos for-mais. As comissões que elaboram osprojetos de norma ou de revisão de nor-ma e os próprios documentos prepara-dos são formalmente do CB-03, daABNT. Mas quem responde por todo oaparato, toda a logística necessária a es-se trabalho — as salas de reunião, os re-cursos audiovisuais, a atividade de se-cretaria, etc. — é o Cobei. Uma vezconcluído o projeto de norma ou derevisão de norma, ele é encaminhado àABNT, que o coloca em consulta nacio-nal. Decorrido o período de consulta, aABNT repassa à comissão de estudosresponsável pelo documento os votos esugestões recebidas. Se a votação foi fa-vorável, a comissão delibera sobre oacolhimento ou não das sugestões e en-via o texto final à ABNT — semprecontando, para tanto, com a secretariado Cobei. E toda a parte restante, de pu-blicação, divulgação e comercializa-ção da norma, corre por conta da ABNT.

O novo Cobei foi criado em abril de2002. Seus fundadores foram onze em-presas e cinco associações. As empresas:ABB, Actaris, Eaton, GE do Brasil, Har-ting, Pial Legrand, Pirelli (hoje Prys-mian), Schneider Electric, Sew do Brasil,Siemens e Weg. As associações: Abinee,Abilux, Abradee, Procobre e Sindicel.Atualmente, o quadro de associados éum pouco diferente. As associações, oschamados “associados institucionais”,são: Abinee, Abradee e Sindicel. Já asempresas, ou “associados mantene-dores”, são: ABB, Elster, Fae, Harting,Kcel Motores e Fios, Nansen, PialLegrand, Prysmian, Schneider Electric,Sew Eurodrive Brasil, Siemens e Weg.

Este aspecto, dos associados, é outroelemento útil na diferenciação formal

entre o Comitê Brasileiro de Eletricida-de, o ABNT/CB-03, e o novo Cobei. To-do associado do CB-03 é necessaria-mente, ou antes, um associado daABNT. Ao filiar-se à ABNT, a empresaou pessoa física (o chamado “sócio indi-vidual”) deve especificar em qual ouquais comitês da entidade deseja se ins-crever. Assim, todo associado da ABNTinscrito no CB-03 é, naturalmente, umassociado do CB-03. Já os associadosdo novo Cobei são aqueles listados aci-ma e outros que vierem a aderir à socie-dade.

Estatutariamente, todo superinten-dente do CB-03 deve ser eleito pelos as-sociados da ABNT inscritos no Comitê.Já o superintendente do Cobei — ou,mais precisamente, do novo Cobei — éaquele nomeado pelos associados da or-ganização. Em princípio, portanto, nadaimpede que sejam pessoas distintas.Mas desde o advento da nova fase doCobei, e até mesmo para evitar confli-tos desnecessários, ambas as funçõestêm sido acumuladas. O superinten-dente do Cobei tem sido também o su-perintendente do ABNT/CB-03. Foi as-sim com Martin Crnugelj. E desde oinício de 2008 essa dupla função, desuperintendente do Cobei e do CB-03,tem sido ocupada por José SebastiãoViel.

No âmbito internacional, o Cobeirepresenta oficialmente o Brasil juntoà IEC, segundo o termo de entendimen-to celebrado com a ABNT. Nessafrente, a da participação brasileiranas atividades da IEC, a situação nãosó voltou à plena normalidade comotem registrado uma tendência de cresci-mento.

AGRADECIMENTO

Na preparação deste suplemento espe-cial dedicado aos 100 anos do Cobei, aredação da revista Eletricidade Modernapesquisou livros, periódicos e outros docu-mentos disponíveis em bibliotecas. E con-sultou também o arquivo pessoal de MiltonMartins Ferreira, presidente do Cobei noperíodo de 1991 a 1995. Foi esta, aliás, afonte mais valiosa. Por isso, fica aqui regis-trado um agradecimento especial ao eng.Milton Martins Ferreira, por sua cooperaçãoe boa vontade.

Foto de capa: Stadtwerke Kufstein

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