história do teatro aulas

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Egito É possível encontrarmos no Egito uma das formas mais primitivas c fazer teatral. Nessa civilização em que o enviesamento do olhar acont aos mortos e a ocupação com a vida após a morte. A teatralidade fora cerimoniais religiosos de coroação, u!ileu, funerais e cuidados com deuses ou faraós. Em $%%&, um historiador chamado 'aston (aspero, dem que as inscriç)es nas pir*mides eram, em grande parte, recitaç)es dra rituais religiosos. A e emplo do pronunciamento de uma fórmula m+gica -sis evoca para salvar seu lhinho /órus da picada de um escorpião. 0urante as cerim1nias, constantemente eram apresentadas os deuses m+scaras, danças, recitaç)es e m"sica. 3ale lem!rar a gura do anão d gozava a sorte de grande privil2gio diante a ele, dando#lhe conselhos podendo at2 mesmo critic+#lo em algumas circunst*ncias. 4ada sacerdot representante direto de um deus que, por sua vez, era evocado para de prodígios atrav2s da arte. No caso do teatro de som!ras, por e emplo, antigas formas de representação conhecida, datando por volta de dezoi antes de 4risto, o faraó realmente podia crer que conversava com os e mortos durante a peça e eram punidos aqueles que ofendiam essa credi! alguma forma. 5 canto, a dança e a m"sica, por2m, nunca foram e clusividade cort tiveram sempre presentes nos meios populares e comemoraç)es festivas povos, seus maiores representantes são os mimos de rua, farsistas, da acro!atas. 0uas festas tiveram sua carreira na história dos egípcios7 o 8estival de Ano Novo, como um culto ligado as colheitas e r o qual cada vez mais começou#se a cultivar a tradição mítica de deuses 9s cidades, onde muita gente era curada de suas a!rindo vastas sugest)es e possi!ilidades de mist2rios e dram+ticas. 8estival de 5síris :ou deuses semelhantes;7 no qual todos se cidades principais, ou em A!idos :a principal delas;, para ador popular de todo o Egito. 5corriam cerim1nias que contavam e rev curiosa história mítica desse deus repleto de traiç)es e ressur de recitaç)es dram+ticas, m"sicas, pantomimas e danças. Apesar da origem na religião similar 9 /2lade, o teatro egípcio n desenvolvimento principalmente por continuar cumprindo uma função rel cunho cerimonial, rechaçando o con<ito dram+tico para uma característica em segundo plano ou totalmente apagada. Não houve uma e tensão do mito d que contivesse o homem :somente o deus; e, depois, um modo particular humano. As maiores fontes históricas desse período estão no Antigo =estam na >aid2ia, de /eródoto :o ?pai da /istória@;. PROGRAMA: (ito de 5síris e (ist2rios de 5síris. 4omo 2 a arte no Egitoatual # opressãoda sociedade mulçumana e autoritarismo político.

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Egito possvel encontrarmos no Egito uma das formas mais primitivas conhecidas do fazer teatral. Nessa civilizao em que o enviesamento do olhar acontecia com o culto aos mortos e a ocupao com a vida aps a morte. A teatralidade fora reinante nos cerimoniais religiosos de coroao, jubileu, funerais e cuidados com a sade dos reis-deuses ou faras. Em 1882, um historiador chamado Gaston Maspero, demonstrou que as inscries nas pirmides eram, em grande parte, recitaes dramticas de rituais religiosos. A exemplo do pronunciamento de uma frmula mgica que a deusa sis evoca para salvar seu filhinho Hrus da picada de um escorpio.Durante as cerimnias, constantemente eram apresentadas os deuses atravs de mscaras, danas, recitaes e msica. Vale lembrar a figura do ano do fara, que gozava a sorte de grande privilgio diante a ele, dando-lhe conselhos e animando-o, podendo at mesmo critic-lo em algumas circunstncias. Cada sacerdote era um representante direto de um deus que, por sua vez, era evocado para demonstrar seus prodgios atravs da arte. No caso do teatro de sombras, por exemplo, uma das mais antigas formas de representao conhecida, datando por volta de dezoito sculos antes de Cristo, o fara realmente podia crer que conversava com os espritos dos mortos durante a pea e eram punidos aqueles que ofendiam essa credibilidade de alguma forma.O canto, a dana e a msica, porm, nunca foram exclusividade corts, mas tiveram sempre presentes nos meios populares e comemoraes festivas de todos os povos, seus maiores representantes so os mimos de rua, farsistas, danantes e acrobatas. Duas festas tiveram sua carreira na histria dos egpcios: o Festival de Ano Novo, como um culto ligado as colheitas e renovao, com o qual cada vez mais comeou-se a cultivar a tradio mtica de visita dos deuses s cidades, onde muita gente era curada de suas enfermidades, abrindo vastas sugestes e possibilidades de mistrios e representaes dramticas. Festival de Osris (ou deuses semelhantes): no qual todos se reuniam nas cidades principais, ou em Abidos (a principal delas), para adorar ao deus mais popular de todo o Egito. Ocorriam cerimnias que contavam e reviviam a curiosa histria mtica desse deus repleto de traies e ressureies, atravs de recitaes dramticas, msicas, pantomimas e danas.Apesar da origem na religio similar Hlade, o teatro egpcio no teve maior desenvolvimento principalmente por continuar cumprindo uma funo religiosa de cunho cerimonial, rechaando o conflito dramtico para uma caracterstica em segundo plano ou totalmente apagada. No houve uma extenso do mito de modo que contivesse o homem (somente o deus) e, depois, um modo particular de ser humano.As maiores fontes histricas desse perodo esto no Antigo Testamento bblico e na Paidia, de Herdoto (o pai da Histria).PROGRAMA: Mito de Osris e Mistrios de Osris.Como a arte no Egito atual? - opresso da sociedade mulumana e autoritarismo poltico. Mesopotmia

Os Festivais egpcios deram origem, entre os mesopotmicos e sumrios, a uma imagem dos deuses mais humanizada, no em aparncia externa, mas em suas emoes. O que, de fato, bifurca o caminho na estrada que leva ao teatro, j que: o drama se desenvolve a partir do conflito simbolizado na ideia dos deuses transposta para psicologia humana.Os sumrios desenvolveram breves enredos celebrativos dos Casamentos Sagrados. Peas do matrimnio entre o deus e um homem, representadas por pantomimas de um grande banquete; um drama religioso no qual os deuses passam a descer Terra atravs de msicos, cantores, vocalistas que pertenciam a determinados deuses.Entre os sumrios tambm, escribas do fara desenvolveram alguns dilogos satricos inaugurando o teatro secular, a exemplo da Conversa de Hamurabi, um rei reformador, 1720 a.C., que dialoga com mulher a respeito dos novos ideais de realeza: um prncipe humilde, temente aos deuses, pastor do povo. E, mais recentemente, Enmerkar e o Senhor de Arata, O Mestre e o Escravo e Carta de um deus, comdias repletas de trocadilhos satricos, poema heroico e pardias grotescas. Em O Mestre e o Escravo um servo expe a vacuidade e relatividade dos bons conselhos e decises bem consideradas.Alm dos dilogos sumrios, nas cidades prximas de Ur, Uruk, Nipur, Assur, Dibatt, Harran, Mari, Umma, Lagash, Perspolis (cidade de Drio e Alexandre, fundada to somente para os Festivais de Ano Novo), eram celebradas apresentaes e brincadeiras tambm muito bem humoradas dos deuses, nos quais eles discutiam e disputavam poderes, muitas vezes representados at mesmo de forma grotesca e sempre pardica. Ao todo se tem conhecimento de sete destes dilogos das Disputas Divinas.Civilizaes islmicas PrsiaNesta regio predominou a religio monotesta que foi organizada por Maom na fundao do Estado islmico por volta de 610. L at hoje h a proibio da personificao de Deus, o que sufoca qualquer desenvolvimento dramtico a partir da representao imagtica humana e muito menos de Deus, j que Esse seria irrepresentvel e invisvel, acusando o ato de iconoclastia. No entanto, desde muito cedo, estimulados pelos romanos, eles apreciam o combate e luta dos gladiadores, a dana e as artes plsticas. Em 632 morre Maom e a batalha de seus sucessores pela posse do Imprio tornou-se um dos maiores motivos dramticos que a humanidade pode testemunhar at os dias de hoje nos festivais de cunho altamente religiosos entre os mulumanos, o Muharram. Um sacerdote, mollah, organiza, dirige e narra o drama que se chama taziy, que quer dizer toldo, tem origem em lamentaes e recitaes picas e lricas das assembleias de luto de Hussein que ocorriam num tapete coberto por um toldo. A cerimnia hoje celebrada por volta de todo o mundo e envolve fiis que se penitenciam muitas vezes com chicoteadas nas costas, s vezes com tinta, e jogando terra na cabea.Turquia

A Turquia, um pas mulumano de origem islmica, conseguiu boicotar Maom com personificaes de tipos tnicos pelos artistas de rua, troupes e mmicos de todas as nacionalidades. H influncia da sia Central, Grcia e Bizncio.Por volta de 1070 a. C., a rivalidade com os bizantinos dava origem a stiras turcas como a do Imperador Alxio Comnena, que por sofrer de gota no podia sair a luta. Por influncia asitica desenvolveu-se o ortaoyunu feito para os sultes e em celebraes sob sua ordem. A origem estaria no xamanismo e em rituais primitivos de exorcismo e evocao das foras da natureza, o oyun asitico. Com ele recuperava-se a sade, impedia-se catstrofes naturais, como vulces, tempestades e furaces, e celebrava-se a colheita (influenciadas tambm pelo culto a Dioniso na Grcia). No to breve, teve origem as celebraes do Jogo do Meio, crculo ou anel, no qual punha-se um toldo, dois biombos e msicos, danarinos e alguns cmicos apresentavam suas cenas num espao ovalado.As farsas populares de tipos tnicos se desenvolveram a partir dos personagens Pischekar e Kavuklu (que mais adiante se assemelhou ao Karagz do teatro de sombras). Compunha-se uma gama bem variada de tipos populares que arrancavam o riso contundente da plateia: o jovem dndi, a linda messalina, o ano ingnuo, o persa com pipa dgua, o albans, o viciado em pio, o bbado, e outros...Os bonecos Karagz* e Hadjeivat, formando uma dupla cmica que, tendo vencido todo tradicionalismo da religio (quem poderia acusa-los de serem imagens humanas, grotescos que eram?), percorreram e percorrem at hoje o palco de todo o Oriente e Europa (Balcs, sia, Grcia e Norte). Sua origem lendria remonta a histria de dois trabalhadores de uma mesquita que paralisavam o trabalho de seus colegas com seus trocadilhos e duelos verbais, muitas vezes obscenos e indecentes. O sulto ordenou que os matasse, contudo, arrependeu-se pelo que causara e resolveu torna-los em dois bonecos do teatro.O teatro turco se abriu para apresentao de peas ocidentais de grandes autores como Goldoni, Molire, Goethe, Lessing, no sculo XIX. E em 1867 funda o primeiro teatro turco, denominado orta oyunu com uma cortina. Em 1873 um grande drama chama a ateno de todo o mundo para o teatro turco, Vatan de Namik Kemal, com um maior sucesso em 1908 aps a revoluo.Destaca-se a tradio dos meddhas (contadores de histrias turcos) e dos dervixes (uivadores e danarinos), que comearam com apresentaes para sustentar o mosteiro e hoje so uma grande atrao turstica de Teer, Istambul e do Cairo, tendo viajado pelo mundo inteiro com suas danas e recitaes.*Karagz hoje tambm significa um seminrio poltico, pela influncia que esses artistas tiveram em questes polticas em 1870.

Civilizaes indo-pacficas

O prprio deus Brahma, criador do universo, criou tambm o drama e sua ligao expressa com a religio, cerimnias de bnos e purificaes sempre ocorrem antes do evento teatral. Na trindade divina hindu, uma das faces a de Shiva, deus da morte e do renascimento terreno, chamado Rei dos Danarinos. Teatro e dana so duas artes inseparveis desde a sua origem, que remonta 3500 anos.As trs religies indo-pacficas (bramismo, jainismo e budismo) propiciaram o primeiro impulso ao drama pela sua conceitualizao antropomrfica dos deuses. As grandes heranas literrias esto no Ramayana e Mahahbarata. Fontes histricas para a inscrio dos cinco Vedas, ou livros sacros.O quinto Veda justamente o manual que organiza com mximo detalhes e esmerada erudio as artes da dana e do teatro. considerado o quinto Veda, comunicado por Brahma ao sacerdote (bharata) por volta de 200 a. C. Alm de discutir as questes tcnicas da representao de dana e teatro, o Natyasastra faz o relato do mito histrico de como foi o primeiro drama montado: ...numa celebrao celestial em homenagem ao deus Indra...

H muito que as recitaes picas em forma de dilogo, principalmente as associadas ao Rig Veda, eram o assunto de manipuladores de bonecos e dos mimos de rua, a eles era imputado foras mgicas e um poder revigorante. O personagem bufo que mais se destacou foi o Vidusaka, servial que sempre tira amo dos apuros e que torna-se o fiel responsvel pelas cenas introdutrias do puruvanga (cerimnia de purificao).O Natyasastra faz uma meno curiosa que remete ao teatro de sombras ao se referir a cortina divisria (yavanika) j nas cavernas de Sitabenga. Fica a pergunta: qual surgiu primeiro, o teatro de sombras hindu ou chins?Os dilogos englobam toda a extenso da vida, tanto na terra como no cu. As peas esto dividias segundo duas categorias, sendo a primeira a que trata os temas de maneira mais sria. H uma perfeita padronizao estrutural para todas as peas: 5 formas de desenlace, portanto 5 finalizaes; 48 formas de ser heri; 9 temas (rasas) ou prazeres estticos extrados de 9 emoes geradoras deste prazer (bhavas): amor, prazer, ternura, furor, herosmo, terror, nojo, surpresa, calma absoluta.

O sculo de ouro hindu ocorre em V d. C., influenciando a esttica das pastorais do medievo europeu, e fonte para inspirao romntica do sculo XVIII, bem como para Clepatra de Shakespeare.Autores hindus e suas importncias histricas:- Asvagosha (ano 100): coloca Buda em cena;- Dutavakya e Balacarita (sculo II e III): colocam as armas dos deuses em cena (Charudata);

- rei Sudraka: A carrocinha de terracota, drama que influenciou um dos principais dramas histricos hindus no sculo V;- Kalidasa (sculo V): Shakuntala, principal drama antigo hindu;- monges do Tibet (sculo VI): Zugiima;- Bhavabhuti (ano 700): elimina o bufo. H duas peas tematicamente muito prximas de Romeu e Julieta e Hamlet, ele chamado o garganta divina;- Harshal (sculo VII): Priyadarsika e Ratnavali, pea dentro da pea;

- Tagore (sculo XX): inclue o narrador em cena, assemelhando-se a Bertold Brecht, com cenrios simplrios e uma direo formal, tendendo para o simblico.Em todo esse contexto histrico o Vidusaka, junto aos atores de rua, mimos e sua arte, no pararam de crescer satirizando com uma verso singular e uma leitura atualizada da cultura popular.Religio e arte so, portanto, dois nomes distintos que aludem a uma mesma experincia, a uma intuio da realidade e da identidade

... a finalidade dos yogas levar a concentrao mental at ao extremo de anular toda distino entre o sujeito e o objeto de contemplao, um meio, em definitivo, para alcanar a harmonia ou unidade da conscinciaBagavad Gita: ...doutrina da unio pela ao

... a beleza no tem outra existncia seno a sua percepo

... a audincia hindu escuta mais a cano mesma que a execuo concreta dessa cano... no contam uma histria, mas evocam um estado de nimo

Indonsia

Quando o imprio indiano dominou as ilhas da Indonsia atravs do comrcio e converso religiosa, desenvolveu-se a mais bela das formas teatrais do sudeste da sia, o teatro de sombras ou wayang.A origem remota provm de cultos ritualsticos ancestrais. O carter cerimonioso de excluso e depois separao das mulheres da platia sugere uma ligao com os cultos de iniciao tal como na Turquia. Da ndia se absorveu os mitos vdicos e personagens picos do Mahabharata e Ramayana, tornando-os numa rica representao descritiva.O wayang eram estritamente reservadas para apresentaes na corte dos palcios de nobres javaneses. As cerimnias ocorriam para um pblico seleto, pois cada gesto possua um significado ritual, mgico, sagrado. Era executado pelo dalang, ator, narrador e comentarista, que necessitava de muitos anos de treinamento para manipular cerca de 144 figuras diferentes (de acordo com o nmero mstico correspondente, cada uma, a uma paixo humana). Antes do incio da pea, o dalang apresenta uma descrio detalhada do lugar e das personagens, introduzindo a ao que durar das nove horas da noite at o amanhecer e, s vezes, muitos dias em festivais. Ele consegue movimentar, apenas com duas mos, toda esta gama de personagens , ainda, reger os msicos e produzir sons com os ps e a boca. Os homens sentam-se ao lado bom da tela, isto , atrs do dalang, de modo que possam ver os prprios bonecos, deixando o lado das sombras para as mulheres e crianas.A evoluo dos wayang:

Wayang purba ou purwa, do sculo XI para trs, quer dizer antigo. Wayang gedok, do perodo da invaso Isl (sculo XIV), atribudo ao santo mulumano Sunan ing Giri.

Wayang golek, assinando at hoje, anualmente, um testemunho de renovao da f, com bonecos tridimensionais de madeira e ricamente pintados, cujo repertrio deriva do prncipe Menak, precursor de Maom.

Wayang kulit com bonecos de couro, da poca do sulto Demak (1430). Wayang kruchil ou klittik, que quer dizer pequeno, com bonecos de madeira porm mais planos, da ascenso do imprio islmico de Demak. Wayang bbr, que fazia uso de rolo de papel pintado que era movimentado como filme (hoje s h vestgios de um rolo dessa forma de wayang). E, finalmente, o wayang Wong, que quer dizer teatro do humano. Hoje to comercializado quanto as danas nativas: dana das ninfas (bedaja); a kiprah, dana acrobtica de solo; djarankpang, danada em pares com bambus entrelaados representando cavalos.ChinaCinco mil anos de histria. Civilizao autctone de tempos pr-histricos, semi-histricos e histrico. Com uma mitologia de estrutura rgida e muitos deuses. um pas de grande influncia na cultura e arte ocidental moderna.

As origens do teatro remontam as danas da fertilidade, exorcismos xamnicos, pantomimas na corte, trocadilhos de bufes, culto dos ancestrais, dos heris e interveno do misticismo taosta (Lao-ts), filosofia moral de Confcio, budismo e cristianismo nestoriano.

A formao do Estado se d em 3641 a.C., e at 1000 a.C., a msica era usada para manter a ordem em cerimnias oficiais, desenvolvendo-se o primeiro sistema musical baseado em instrumento de cordas, uma espcie de rgo. As danas xamnicas eram apresentadas diante de catstrofes naturais, eclipses e fenmenos da natureza como uma forma ritualstica, sagrada e mgica para poder det-los.No perodo que se segue, comeam a aparecer os primeiros profanadores, mimos e bufes que, aos poucos, ganham tanto prestgio em episdios triviais que, por volta de 140 a.C., j fazem parte da nobreza oficial e davam o solavanco para o surgimento do teatro de sombras.Mgicos, malabaristas, engolidores de espada, pirotecnia, pantomimas, dana, acrobacia e teatro de sombra eram populares do lado de fora dos muros da cidade. Em 610, porm, com o aumento do comrcio exterior (Arbia e Prsia) e a chegada dos embaixadores, o imperador construiu um teatro que tornou oficial o evento dos Cem Jogos, um costume tradicional at o sculo XVII.Em 714 (era do imperadorMing Fujam712-755) construda a primeira escola de arte dramtica da China, chamada Jardim das Peras, uma escola imperial que existe at hoje, inicialmente formada pelos 300 melhores rapazes treinados em dana, canto e msica instrumental, que puderam provar uma brilhante carreira na corte ao lado do imperador Ming, tambm conhecido por Hsuan Tsung ou Ming Huang. Este vinha pessoalmente todos os dias verificar o progresso e talento desses jovens sempre prontos a atuar, alm de participar ele mesmo de algumas montagens dedicadas a sua concubina (temas favoritos dos chineses at o sculo XVII); ao contedo dessas montagens atribui-se a esttica da pera Ming. O imperador Ming Huang pode ser considerado, portanto, pai honorfico do conjunto de tradies de pera que atuavam em Pequim e que hoje existem em variedades regionais. Em paralelo ao Jardim das Peras, havia o Jardim da Primavera Perptua, uma escola para 300 danarinas tambm escolhidas dedo para apresentarem dentro do palcio aonde e quando fosse ordenado. As histrias do imperador alimentavam o contedo das peas.O imprio assume a sua maior dimenso territorial em 907 e at 998, h um perodo de muitas guerras civis e divergncias polticas, impedindo assim maior desenvolvimento do teatro. Aps essa data, e at 1022, a China vivencia um perodo de ouro para o crescimento da identidade cultural. So representadas cenas histricas dos Trs Reinados do sculo III em meio a festividades e cerimoniais nos palcios dedicados aos senhores feudais, com show de variedades (tsa ch), danas, msicas, farsas e rcitas, no Ching Ming (Festival de Primavera) o festival mais popular de Pequim.Com a invaso do imprio turco-otomano de Gngis Khan (1101 a 1125), os chineses so levados a exilarem-se ao Norte e ao Sul, promovendo a descentralizao da arte e uma diferenciao do drama do norte e do sul. O drama origina-se por causa da liberao das foras intelectuais dos grandes exames estatais e como uma forma de resistncia subterrnea, favorecida pelo surgimento da escrita impressa.O Norte presenciava uma acirrada afirmao dos valores e deveres na guerra e nos assuntos amorosos, prestigiava-se a clareza de estilo com uma resistncia confucionista, regras restritas, aes estticas, figurinos luxuosos, simbologias, rigidez moral. Drama com quatro atos e um prlogo. O canto estava sempre presente.Ao Sul, desenvolvia-se uma moral mais flexvel e um estilo informal com efeito potico. Cinco categorias de papis: o homem fiel, trapaceiro, do povo, cmico e o personagem sexual. Marco Polo faz uma incrvel descrio da prosperidade teatral ao Sul da China no sculo XIII.As peas que se tornaram conhecidas chegaram at ns atravs dos manuscritos impressos. Embora discutidas e debatidas criticamente, no se sabe se foram representadas naquele perodo. H belssimas adaptaes dessas obras por Goethe e Voltaire. Esse fantstico crescimento literrio e musical atinge seu pice com a fundao da Sala Yu-Ming de Tang Hsien-tsu, contemporneo de Shakespeare.O sculo XIII tambm a poca do surgimento da pera de Pequim, teatro chins tradicional que combina msica, performance vocal, mmica, dana e acrobacia, com desenvolvimento e reconhecimento pleno no sculo XIX.At o sculo XX, nenhuma proibio oficial era feita para mulheres em cena, porm eram relegadas ao nvel de cortess na sociedade (cintas verdes), mas os homens preferiam atuar em todos os papis e levavam anos adquirindo feminilidade. As mscaras se incorporam neste momento com lendas de guerreiros que usavam mscaras para irem s batalhas com feies assustadoras.Em 1907 surge o drama falado ao estilo ocidental e tem uma influncia muito pequena em contraste com as estilizadas peras. Em 1919, A Academia Nacional de Teatro convida as primeiras companhias estrangeiras como forma de propagandismo poltico, inspirado na revoluo e trinta anos de guerras com o Japo. Aps a guerra civil de 1949, cresce ainda mais o patriotismo dando fora a pera e aos estilos tradicionais, contudo buscando formas de renovao. Trs instituies lideram o desenvolvimento teatral na China atual, a Escola Nacional em Pequim, o Departamento de Teatro e Cinema da Academia Nacional de Arte em Panchiao e o Comit de Produes Dramticas, que tem se esforado para desenvolver o drama falado (hua chii).Japo

O registro de presena humana neste conjunto de ilhas (6.852) data de 35.000 a.C. No entanto, o Japo unifica-se pela primeira vez no sculo IV. O teatro e a dana so caractersticos do xintosmo (principal religio), com influncias na tradio chinesa e ocidental. Danas sacrificiais e rituais xamnicos so manifestaes comuns at hoje. A essncia das formas est nas crnicas dos livros histricos mais antigos, o Kojiki e o Nihongi, que contam dos mitos dos deuses da criao e nascimento das divindades histria dos primeiros imperadores. A honra de se danar ou atuar num espetculo passada pela famlia de maneira tradicional at hoje.- KAGURA (divertimento dos deuses):

A forma de teatro e dana do primeiro milnio tem origem nos ritos xintostas de manifestao dos deuses. O mikagura ocorre nos palcios imperiais e Santurios Xinto em oposio ao satokagura, sua verso popular. Variam radicalmente, consoante as regies, locais e os momentos em que realizada e tm vindo a perder o carcter de solenidade religiosa e a adquirir um tom mais ligeiro e de entretenimento em todas as festas mais importantes do calendrioXinto. Apesar disso, a kagura apresenta normalmente uma estrutura em trs partes: a recepo dokami, a oferta de entretenimento e, por fim, a despedida com o regresso ao hondendo objecto sagrado (Shintai).O contedo pode vir a ser danas com leques e sinos; mitos e lendas sagradas (a deusa virgem com espelho, Amo no Uzume e Umihiko, o primeiro ator com terra vermelha no rosto), utilizandomscaras, tal como noTeatro Noh; um ritual depurificaoatravs da gua a ferver(yudate); ou vrios bailarinos que utilizam uma mscara de leo, que se considera como sendo o corpo sagrado dokami(Shintai).- GIGAKU (msica arteira):

So as primeiras danas e canes budistas oriundas da China. Fixadas pelo imperador no Japo no sculo VI. Registrado somente em 1233 como procisso de msicos e bailarinos, seguidos de pantomimas, mscaras grotescas de elmo com grandes narizes de rapina. Provavelmente de origem nos rituais flicos da sia Central via Coria (semelhantes aos mimos gregos e romanos).- BUGAKU (dana e msica): o gigaku com a msica instrumental de corte (gagaku). Os espetculos so precedidos pela dana da purificao (embu). Um grupo de danarinos azuis entram pela esquerda danando msicas inspiradas em fontes chinesas e hindus, e um grupo de bailarinos verdes entram pela direita com msicas de origem coreana e da Manchria, ambos com mscaras.

- SARUGAKU e DENGAKU (percursores do Noh):

Movimentos majestosos e passos cerimoniais. Significativo erguer e abaixar das cabeas, sbito imobilizar-se em pose silente, aps um arremeter-se... Caractersticas que tambm se referem ao Noh posterior. O sarugaku assemelha-se aos divertimentos populares de carnaval do ocidente, onde todos participam. Vem do termo sangaku que significa msica desordenada e tambm contm o ideograma saru (macaco). O macaco, na China, um clown que assume a crtica dos acontecimentos contemporneos com o barrete do oficial na mo ele tambm importante na Indonsia, na ndia, no Egito e chega ao ocidente na pera dO Pequeno Lorde, de Hans Werner.O dengaku se originou nas danas da colheita e ficou mais sofisticado no dengaku-no-no.A partir do sculo XIV o anonimato dos atores (za) chega ao fim, quando Kwanami e Zeami inauguram e interpretam uma das formas de arte mais fascinantes e profundas do Japo: o N.- TEATRO NOH (talento):A exaltao aos samurais um ideal pico cavalheiresco da Baixa Idade Mdia japonesa. A arte dos guerreiros samurais patrocinada pela aristocracia cujo regente, o xgum, avalia as virtudes do herosmo: magnanimidade, lealdade, defesa dos fracos e averso covardia, avareza e traio (filosofia zen-budista, do iluminismo japons, expressando a experincia espiritual fora de uma relao estritamente religiosa).

O poeta e ator zen-budista Zeami, vincula-se corte em 1374 e desenvolve a arte da dana (dengaku-no-no e sarugaku) no limite do seu talento expresso em A Estrela de Zeami, de 1408. Defini a especializao de sua arte nos tratados secretos de Hanakagami, Kwadensho e Kyui. Chega a ser exilado, em 1434, por no passar seu cdigo a seu sobrinho, o preferido do xgum. Mais tarde, volta para transmitir sua arte para o seu genro, Zenchiku.

Segundo ele, o cume da apreciao esttica ocorre no yugn, mas a beleza est envolvida como semente antes da flor. A cada passo uma medida (alm de um significado), no plano de fundo sempre um pinheiro simbolizando a vida eterna. As peas conservam-se intactas at hoje, a exemplo de Rashomon. Possuem sempre uma origem cultual, coro com mscaras convencionais e protagonista. O shite o primeiro ator e o waki o secundrio. Seus contedos abordam os deuses, as batalhas, o tema da mulher (peruca), a perda do amor (filho ou amante) e lendas.- KYOGEN:Interldios, farsas, stiras sutis e suaves com as convenes solenes e formais do Noh. um componente do teatro Noh que introduz os primeiros aspectos da crtica a vida social, ao mundo autoconfiante dos samurais.

A maior parte sem mscaras e tambm sem vulgaridades. No enredo, semelhante a commedia dellarte, geralmente se tem um macaquinho trapalho que salva a vida ameaada de seu dono e restitui o seus bens (esse personagem usa a mscara). Com hierarquia tradicional de atores e confidencialidade de autores. Influencia o Kabuki.

- KABUKI:O Japo vive uma poca de paz no sculo XVII (barroco europeu), favorecendo a presena dos mercadores e ao dos jesutas nas cidades. Da dana e do teatro, do Kyogen e do Noh, se desenvolve o Kabuki.A origem, talvez no do estilo, mas para o acontecimento do Kabuki, est na sacerdotisa Okuni que, em 1600, apresentava o nembutsuodori (dana difundida pelos monges do sculo X) para arrecadao de donativos para o templo recm destrudo pelo fogo. A iniciativa tornou-se uma tima fonte comercial e uma atrao turstica para os mercadores e as casas de ch em Kyoto (e logo em Yedo tambm atual Tkio). Alm da dana, a sacerdotisa adicionou dilogos e algumas jovens sensuais que atraam grande plateia.

Em 1624, a atrao j era tradicional e culminou com a construo do primeiro teatro Kabuki permanente (em Kyoto). Em 1629, no entanto, as mulheres foram proibidas de participar do Kabuki acusadas de denegrirem a imagem da cidade com o alto ndice de prostituio. Jovens rapazes assumiram seus papis, em todos os sentidos, e, em 1652, o Kabuki foi completamente proibido. Em 1654, a concesso foi para que s atuassem de cabeas raspadas e sem cenas erticas.J h algum tempo, o teatro japons havia assumido uma entranhada tendncia para se criar astros da cena e da estilizao. Tojuro, Danjuro, Ayame, Chikamatsu e Nakamura so grandes geraes de famlias com linhagem de atores Kabuki. As suas peas tratam da lealdade e amor discipular dos samurais, dramas dosmticos de comerciantes e arteses, heris sobre-humanos e melodramticos e dramas danados ou lricos. Com o mais rico e sofisticado teatro em termos de iluminao e cenografia. Constri-se o primeiro palco giratrio. E estabelece na arquitetura o Caminho das Flores, passarela que atravessa o pblico, por onde os atores recebem suas homenagens em flores e ptalas de rosas.-SHIMPA e SHINGEKI:

O Shimpa acontece em meio a revoltas polticas e sociais que comeam em 1868 e desembocam na 1 Guerra Mundial, em 1909. O teatro engajado europeu e sua forte influncia no Japo, provoca uma reforma da viso nipnica segundo modelos ocidentais. As privatizaes e o liberalismo trazem os jovens e as mulheres de volta cena. Os novos conceitos de arte colocam Hamlet no caminho das flores de bicicleta. O movimento no passou de uma ponte cada entre o teatro moderno e a referncia romntica e melodramtica do Kabuki, limitando e frustrando a passagem de um drama popular tipicamente japons.Na virada do sculo XIX, Tsubouchi Shoyo iniciou o movimento shingeki (novo teatro) que tornou-se um conceito de convergncia das aspiraes sociais dos jovens intelectuais japoneses. Shoyo traduziu todas as peas de Shakespeare e levou ao palco, alm de montar tambm Ibsen, Hauptmman e outros autores da escola naturalista europeia. Com o shingeki, museus e espaos de pesquisas teatrais foram fundados. O shingeki moderno um espao para experimentaes, crticas sociais engajadas, apresentaes de sucessos internacionais e discusso das correntes do teatro mundial.- TEATRO DE BONECOS:

A histria do teatro de bonecos do Japo pode ser sintetizada na histria de formao do Bunraku. Os bonecos esto em todo Extremo Oriente, a primeira vez no Japo no sculo VIII nas apresentaes do sangaku. Titereiros carregam suas caixas retangulares, abertas na frente e movimentam bonecos de madeira e trapos atravs de buracos abertos no fundo e nas laterais (ainda hoje em algumas regies remotas). O desenvolvimento da arte se deu ao unir-se com os contadores de histrias que contavam, ao som de seus instrumentos musicais, picos dos samurais nos portes dos templos. Uma das mais conhecidas baladas conta a triste histria de Joruri, que procura o seu eterno amado e quando o acha, perde-o outra vez.No final do sculo XVI, um grande ttere se junta com um grande contador de histrias e do origem ao Ningyo Joruri, com um boneco de mo uma arte recm surgida. O imperador chamou-os para a corte e passaram a influenciar outros grupos. O grande dramaturgo Chikamatsu Monzaemon (1653 1725) escrevia para tteres esculpidos na madeira peas que podem ser comparadas as de Shakespeare, veiculando paixes e emoes que desconhecem fronteiras.

Por volta de 1727, Chikamatsu inventa o palco giratrio para o teatro Kabuki, baseado no palco do teatro de bonecos. A especializao era to grande que passou a ter dificuldades para manter os requisitos tcnicos (como por exemplo 3 titereiros altamente sincronizados por boneco) e, a partir de 1780, o teatro de bonecos entra em declnio. Porm, em 1870, Uemura Bunrakuken fundou o Bunraku de Osaka e revive o joruri. Em 1926 o teatro incentiou-se e houve a reinstalao no edifcio Asahi-za levando ao vocabulrio internacional do teatro o nome Bunraku.Grcia

Lugar em que o teatro teve sua maior importncia poltica e social, visando conservar, preservar e estabelecer (sem contrariar) o Bem-Geral conduzido pelo racionalismo aristocrtico.O auge histrico da Grcia Antiga, hoje oficialmente conhecida como Repblica Helnica, acontece com a organizao das cidades-Estados (polis), administrada e regida pelos euptridas (cidados mais ricos de cada regio, bem-nascidos), os aristoi (senhores das melhores terras), por volta de 800 a.C.A civilizao floresceu entre o sculo XXX a. C. e XV a.C., quando conta-se a histria do rei semi-lendrio Minos, filho de Zeus que houvera raptado a fencia Europa, levada para ilha de Creta, aonde se desenvolveu a chamada civilizao minoica (assim como o nome de outros reis semi-lendrios da Antiguidade: Mens do Egito, Mannus da Germnia, Manu da ndia). Os minoicos viveram uma transio de uma economia agrcola para adentrar noutras economias (pr-industriais), o resultado do comrcio martimo com outras regies do Egeu e Mediterrneo Ocidental. Os sculos XVII e XVI a.C., neopalaciano, representa o apogeu da civilizao minoica. Os centros administrativos controlavam extensos territrios, fruto da melhoria e desenvolvimento das comunicaes terrestres e martimas, mediante a construo de estradas e portos, e de navios mercantes que navegavam com produes artsticas e agrcolas, que eram trocadas por matrias-primas e importaes de cermicas do Egito, Sria, Biblos e Ugarit, demonstrando ligaes entre Creta e esses pases. Os hierglifos egpcios serviram de modelo para a escrita pictogrfica minoica, a partir da qual os famosos sistemas de escrita Linear A e B mais tarde desenvolveram-se.A civilizao minoica teve tambm uma ampla relao com Micenas, Tirinto e Argos, dominada pelos aqueus (ou danaos), povo nmade indo-europeu que venceu os pelgios (nativos que viviam na Idade da Pedra) na regio do Peloponeso em busca de terras frteis conhecidos como opositores aos troianos na guerra. Os micenas, como eram chamados, tornaram-se os herdeiros da cultura minoica aps a destruio desses por diversos abalos e catstrofes naturais vulces, terremotos e tsunamis.Entre 1100 e 800 a.C. perdeu-se o conhecimento da escrita. Com a queda dos palcios a Grcia ficou dividida em pequenas provncias com autonomia, muito em razo das condies topogrficas da regio: cada plancie, vale ou ilha isolada de outra por cadeias de montanhas ou pelo oceano. A origem das cidades gregas remonta prpria organizao dos invasores, especialmente dos aqueus, que se agrupavam nos chamados ghen (ghenos, no singular). Os ghen eram essencialmente comunidades tribais que cultuavam seus deuses na acrpole (local elevado). A vida econmica dessas grandes famlias era, a princpio, baseada em laos de parentesco e cooperao social. A terra, a colheita e o rebanho pertenciam comunidade. Havia uma liderana poltica na figura do pater, um membro mais velho e respeitado. Diversos ghen agrupavam-se em fratarias, e diversas fratarias em tribos.

Para fugir misria, muitos gregos migravam em busca de terras para plantar e de melhores condies de vida, fundando novas cidades. A Hlade comeou a dominar lingustica e culturalmente colnias que no eram controladas politicamente pelas cidades que as fundavam, apesar de manterem vnculos religiosos e comerciais com aquelas. Predominava a organizao de comunidades independentes, e a cidade (cada uma desenvolveu seu prprio sistema de governo, leis, calendrio e moeda) tornou-se a unidade bsica do governo grego.Com a concentrao fundiria, tornaram-se comum as faces, revoltas e tiranias. Atenas (democracia aristocrata) e Esparta (oligarquia militar) dominavam o cenrio econmico e poltico entre 500 e 338 a.C. Apesar das diferenas, elas se unem contra a invaso persa, de Drio I e Xerxes I, de 490 a 478 a.C., com vitria dos gregos em Salamina. Porm em 431 a. C. as relaes entre Atenas e Esparta atingem o grau de saturao e iniciam a guerra do Peloponeso (relatada pelo historiador Herclito da seguinte forma: o conflito o pai da Histria). O tratado de paz entre a Confederao de Delos (Atenas) e a Liga do Peloponeso (Esparta) assinado em Ncias, em 421 a.C., mas somente em 404 a.C., com a derrota de Atenas e o governo dos trinta tiranos, que cessam os conflitos.A histria do teatro tem sua origem na vida religiosa, com rituais de sacrifcio (inclusive humanos), dana e culto aos deuses e heris mticos, com extrema importncia dos rituais e celebraes que acompanham o cultivo de quase todas as espcies conhecidas de cereais e leguminosas e produtos agrcolas ainda hoje conhecidos como o vinho, uvas, leo e azeitonas, que ocorriam desde o terceiro milnio a.C. E tem seu declnio com a guerra do Peloponeso e o fim da democracia ateniense.A base literria atribuda a Homero, na criao dos poemas Ilada e Odisseia, de 1100 a 800 a.C., reelaborando os mitos gregos e organizando a histria das eras anteriores. Os gregos aprendem a cantar os atos de homens famosos, isto , de heris, invocando as Musas da arte.Em 776 a.C. realiza-se os primeiros Jogos Olmpicos em Olmpia e, por volta desta poca, as festas mendicas e bquicas (extremamente ligadas a fertilidade e ao deus Dioniso) so estruturadas em festivais rurais para dezembro e os festivais das flores para maro e fevereiro. Nestes rituais celebrativos, stiros (danarinos, mimos e folies vestindo roupas de bode, geralmente com falos gigantes) e bacantes (sacerdotisas de Dioniso, mulheres embriagadas pelo vinho) promoviam um clima festivo ao som dos aules e instrumentos musicais dos ditirambos (menestris). Em 600 a.C. o legislador rion, citado como compositor de ditirambos, organiza os stiros num coro de acompanhamento mimtico, cantando em homenagem ao heri Adrasto. Em seguida, Clstenes, tirano de Sicio (antecessor de Slon, o pai da democracia), em 596 a.C., transferiu o culto para Dioniso como forma de atingir maior popularidade.O tirano Pisstrato, com uma atitude sagaz para manter e aumentar o poderio destacado em Atenas, atraindo mercadores e comerciantes, organizou as Grandes Dionisacas (Urbanas) e as Pequenas Dionisacas (Rurais). Compilou a obra de Homero, conhecida apenas por fragmentos e as fez ler nas Panatenias (agora festival pan-helnico).Pisstrato deu uma brilhante sequncia ao projeto democrtico de Slon. Convidou o mtico Tpsis, corodidascalo de Icria (zona rural), para conduzir com originalidade o coro de stiros em Atenas. Tpsis cria, ento, o dilogo com o condutor do coro, dando origem ao hypokrites (aquele que responde) no por um acaso, Hypkrites era tambm o nome do pai de Pisstrato. O clmax da abertura dos festivais se d com a entrada do carro-barca alegrica de Dionsio. Poderia ser puxada nele a imagem do deus ou, neste momento, um ator representando o prprio deus.Contemporneo de Tpsis Frnico, seu discpulo, que participou das Grandes Dionisicas j organizadas como concurso de tragdias. Ele concebe dois personagens ao hypkrites. A competio era denominada de agon, em que cada poeta deveria participar com trs tragdias e um drama satrico (estilo trazido do Peloponeso e atribudo a Prtinas de Fleio, autor de 32 dramas satricos e 50 peas). Apenas alguns ttulos foram conservados de suas tragdias: Os egpcios, As danaides, Alcestes, As fencias e A tomada de Mileto.Quando Pricles assume o poder, as Grandes Dionisicas, que ocorriam sempre em maro, a Repblica de Atenas j havia sido proclamada na Batalha da Maratona, e Clstenes havia decretado a remunerao para participao dos cidados, alm das assembleias e tribunais, nos espetculos. Pricles instituiu o symbolon, que era uma espcie de ingresso numerado. Os espectadores, todos vestidos branco, se manifestavam com palmas para aprovao ou batendo os ps no cho e assoviando para reprovao.Os poetas trgicos que mais receberam ttulos nos festivais foram squilo, Sfocles e Eurpides, conhecidos at hoje por suas obras que se eternizaram.squilo participou da Batalha da Maratona e autor de 90 tragdias, das quais restam-nos 79 ttulos e apenas 7 peas inteiras conservadas. Ele inclui o segundo ator em cena e debate as leis morais e da tradio antiga confrontando-as com a lei democrtica que rege governo atual. Seus prlogos so cantados e contm um relato de um mensageiro do coro. O heri tentado pela hybris para o seu mal. Ele vence a competio pela primeira vez com Os Persas. Podemos ver, atravs de um dilogo, a sntese do seu pensamento: -Quem rege os gregos, quem os governa?

Eles no so escravos, no tm senhor. Sfocles tinha 29 anos quando venceu squilo (60). Admirador do artista plstico Fdias, procura, da mesma forma, dar ao homem uma alma divina, representando-o com corpo ou destino de um deus. Para ele a disposio humana para o sofrimento leva a um mal concebido divinamente para a possibilidade da sua correo. A presena dos deuses d espao ao destino, o homem heri, por isso sofre: ... em tudo isso, no h nada que no venha de Zeus disse o poeta na sua tragdia Traqunias. A sua pea provoca o alvio cultual, mas no feita para melhorar, nem educar ou purificar o homem, mas melhora, educa e purifica. Ele reduz os coreutas e aumenta um ator em cena (tritagonista). Est a caminho de uma maior individuao dos personagens. Escreve 123 peas, das quais conservam-se 111 ttulos, mas apenas 7 tragdias inteiras. Ganhou dezoito prmios.

Eurpedes considerado o primeiro humanista e acusado de atesmo. Defende o arbtrio, a escolha, a dvida e os valores ticos. Pe fim a verdade absoluta. Eu represento os homens como devem ser. Eurpedes representa-os como eles so disse Sfocles. Eurpedes descortina as paixes humanas, antecipando o melodrama. Para ele no h nenhuma soluo conciliadora no Acaso. asceu em Salamina, onde se fez sofista da contradio e ambiguidade. Foi para Pela, convidado por Arquelau e acusado de atesmo, quando naverdade visa elogiar o carter humano em suas peas. Autor de 78 tragdias, com 17 conservadas na ntegra e o nico drama satrico preservado da antiguidade.Toda organizao dos Concursos Dramticos Urbanos era atribuda a um arconde, que selecionava os cregas que iriam apresentar. Um crega era responsvel por financiar o poeta e seu elenco, alm de arcar com todas as despesas para produzir as suas peas. O corodidascalo dirigia o coro. Geralmente, no havia cenrio, as palavras tinham o poder de emoldurar o plano visual. A acstica era altamente refinada e facilitada pelas mscaras com megafones em seus bocais. Estas tornaram-se cada vez mais suaves e individuadas, deixando de lado seus planos lineares e solenes, atribuindo-lhes cada vez mais traos caractersticos como idade e tipo social. Alm das mscaras haviam os onkos (adorno na cabea), quiton (cinta ou roupa apertada) e cothurnus (bota alta) que destacavam o ator em cena. A indumentria passou a ser cada vez mais especializada, mas j possua tradicionalmente o eciclema (carro naval), mquinas voadoras (para chegada dos deuses) e o theologeion (local onde os deuses conversavam acima da skene - camarim). Os grandes teatros s foram construdos ou finalizados aps a decadncia das tragdias e dos festivais.A Comdia

A tragdia encontram seu declnio com os trinta tiranos e a fragmentao do modo de vida na Hlade e aps o crescimento e invaso do imprio Macednico por volta de 338 a.C. Dando espao para uma maior fruio das comdias, j organizadas em festival especialmente programado para elas, as Leneidas, no inverno.

Sua origem est nas cerimnias flicas e canes dos komasts (komos eram orgias que ocorriam nas celebraes durante as noites). A isso une-se a arte dos comediantes e trues dricos e siclicos, mestres da farsa improvisada e dos chistes verbais, impulsionados principalmente pelo poeta Epicarmo, que ridicularizava os deuses e estabelece a escala dos personagens cmicos e populares que sobreviveram at a commedia dellarte e Molire (fanfarres, alcoviteiras, maridos trados, parasitas, bbados e etc.). E os mimos, acrobatas, malabaristas, danarinos, flautistas, contadores de histria de tempos imemoriais da Grcia e do Oriente, imitadores fiis da natureza, assumindo tanto a caricatura dos homens do povo como dos animais, conhecedores dos costumes locais sempre prontos a atuar, sem barreiras geogrficas nem censuras, mais tarde amados pelos romanos.A Comdia Antiga: quando se desenvolve principalmente os phlyakes, percursores da caricatura poltica, do charivari e cabar. Organizam um frum recheado de veneno e polmica, denncia e desvelamento de assuntos que inicialmente mobilizam e esto no centro de srias questes, mas que vo se tornando cada vez mais corriqueiros e banais. Os festivais tornava acirrada a disputa entre os autores, que por diversas vezes tornava-se pessoal. Em nome da democracia podia-se falar o que quiser, mas tambm podia-se protestar. As respostas as peas eram dadas tambm atravs de peas, pelo menos inicialmente antes das tiranias. Autores como Quinides, Magnes, Cratino, Crates, Euplide e Aristfenes, assumiram uma importncia fundamental na poltica interna das cidades-Estados. Deles o que mais se destaca Aristfanes, defensor dos deuses e acusador das tendncias subversivas e das demagogias polticas e filosficas de Atenas. De suas 40 comdias, preservaram-se 11.Comdia Mdia: aproximadamente quarenta nomes de autores, mas nenhuma pea, nenhuma histria, nenhuma inovao de que se tenha registro. O eixo poltico se desloca para Macednia (360 a.C.) e a comdia sai dos riscos do campo poltico para chamar ao palco tipos locais como pequenos funcionrios, gabolas, cidados bem de vida, peixeiros, cortess famosas, etc. Epicarmo e Hilaros amortecem o grotesco e comeam a dar vazo para o sentimentalismo em cena.

Comdia Nova (NEA): Menandro assina o novo estilo com caricaturizao, mudanas internas, avaliao do bem e do mal, ausncia de coro e influncia romana. De suas 105 comdias, restou apenas uma: A arbitragem, que d um exemplo do que eram suas peas com adolescentes fervorosamente apaixonados, intrigas e nuanas individuais de dilogo, personagens cuidadosamente delineadas, tenso gradual e consistncia na ao.

Nesta poca os grandes teatros foram construdos ou finalizado suas obras e os romanos passam a ditar os costumes. A orquestra (crculo inteiro) vira a conistra (semi-crculo) e aproxima a cena do pblico. Os deuses trocam de nomes. E os atores fizeram a remontagem de grandes peas e passaram a se sustentar atravs de grmios e benfeitorias formadas por eles mesmos e no mais apoiadas pelo governo.

Roma

O ltimo imprio surgido na Antiguidade. Em 753 a.C. datado tradicionalmente a fundao da cidade das sete colinas, Alba Longa, na regio do Lcio, pelos legendrios Rmulo e Remo e seus guerreiros nmades. A base de desenvolvimento desta civilizao est no evocativo e contagium, isto , os deuses das cidades invadidas eram invocados e convidados para viverem e morar junto capital romana. Assim, anexavam, alm dos territrios, a propriedade espiritual e cultural de cada povo dominado, promovendo os homens talentosos e permitindo que adorassem seus deuses. Proliferavam-se as tradies e apreendiam, principalmente, o conhecimento dos gregos e etruscos.Os romanos tinham gosto pelas lutas e seus principais entretenimentos eram os jogos de gladiadores, brigas de animais ou com animais, combates navais, acrobacia e diversos jogos populares. Em seus doze sculos de existncia, a civilizao romana passou de uma monarquia para uma repblica oligrquica (509 a.C.), at se transformar em um imprio cada vez mais autocrtico. O Imprio Romano (27 a.C.) chegou a dominar o Sudoeste da Europa Ocidental, Sudeste da Europa/Blcs e toda a bacia do Mediterrneo atravs da conquista e assimilao.A toga era o traje distintivo dos homens romanos, enquanto as mulheres usavam estolas. A tnica era usada sob a toga, embora os pobres, escravos e crianas pequenas usassem apenas tnicas. Os principais grupos sociais que se construram em Roma eram os patrcios (donos de terras), os clientes (servidores dos patrcios), os plebeus (comerciantes, artesos e agricultores, s vezes ricos) e os escravos (propriedades dos senhores, geralmente estrangeiros). Aps as Guerras Pnicas (146 a.C.), com as quais Roma dominou todo o comrcio Mediterrneo e grande parte da Europa, supersaturou o nmero de escravos e os plebeus e patrcios caram em falncia, emergindo a classe dos cavalheiros, homens novos e comerciantes.O Teatro em Roma foi utilizado como um instrumento de poder do Estado. Era entendido como lugar belo e de divertimento. Todo os edifcios teatrais gregos foram reformados e adaptados para os modelos romanos, inventores dos anfiteatros (orquestra cortada ao meio). Raramente eram utilizados para representaes de peas teatrais, a base do Programa de Festividades, os Ludi Romani, eram as lutas e corridas de bigas. Pelo calendrio oficial, haviam festas em setembro, novembro, abril e julho.A cultura romana foi muito influenciada pela cultura grega. Ao longo de sua histria, a arte romana sofreu trs grandes influncias: a etrusca (na tcnica), a grega (na decorao) e a oriental (na monumentalidade). comum se dizer que Roma conquistara a Grcia militarmente, mas fora por ela conquistada culturalmente. No comeo do perodo imperial, destacavam-se os romanos que dominavam a lngua grega, vestiam-se como os gregos e conheciam as notcias sobre Atenas e Corinto. Em Roma, as casas da elite eram decoradas com esttuas e vasos gregos, originais ou rplicas. Roma tornara-se "a maior cidade grega do mundo".Lvio Andrnico, de origem grega e escravo liberto em Roma, pode ser considerado o primeiro dramaturgo com adaptaes gregas de estilo ateniense, comps tragdias e comdias, aps desenvolver uma tcnica de traduo para o latim da Odisseia de Homero (em 240 a.C.). Das suas obras se conhece pouco mais do que o ttulo: as tragdias Achilles, Aegisthus, Aiax, Andromeda, Danae, Equos Troianus, Hermiona, Tereus e talvez Ino. Editam-se como seus os fragmentos das comdias Gladiolus, Ludius e Virgo.Gneu Nvio o primeiro poeta e dramaturgo romano de nascena. Soldado entusiasmado e um dos pretores (alto funcionrio) da Repblica, criou a fabula togata, segundo o estilo tpico de roupa colorida, parodiando a fabula pallium dos gregos (plio: roupa de l comum dos gregos; pallas mover ligeiramente). Escreveu o pico De Bello Pnica em seus ltimos anos (poemas picos divididos em sete livros), mas tinha aptido para comdia, inspirando-se em Aristfanes, denunciando e ofendendo autoridades. Foi, por isso, encarcerado e mandado para exlio.Tito Mcio Plauto, nascido por volta de 254 a.C., de origem humilde. Sua histria remete ao mimo popular ou artista do povo, que fora consagrado pelo teatro aps sua frustrada carreira como comerciante. Escreveu apenas comdias com tipos populares, ricos e pobres do dia-a-dia. So 130 obras muito admiradas em sua poca, entre 200 a.C. e 189 a.C., com uma linguagem arcaica e pitoresca e forte influncia de Menandro (NEA), pelos artifcios cmicos e jogos cnicos. Vinte dessas obras chegaram at ns:1) Amphiturno: nica de assunto mitolgico.

2) Asinaria: cmica.

3) Aulularia: representa o carter de um avarento (falta a ltima parte).

4) Bocchides: uma das melhores comdias (faltam as ltimas cenas).

5) Captiui: (os cativos) comdia sentimental.

6) Curculio: assim chamada pelo nome do parasita.

7) Casina: retrato do velho enamorado (falta o final).

8) Cistellaria: perdida mais da metade.

9) Epidicus: cmica, de enredo complicado.

10) Mostellaria: vivacidade exuberante.

11) Menaechimi: a mais brilhante de todas, com equvocos divertidssimos.

12) Miles gloriosus: caricatura do soldado fanfarro (O soldado fanfarro).

13) Mercato: argumento semelhante ao de Casina.

14) Pseudolus: comdia agradvel.

15) Poenulus: entre os personagens h um cartagins falando fencio.

16) Persa: o protagonista um escravo.

17) Rudens: vivacidade das cenas.

18) Stichus: imitao de uma comdia de Menandro.

19) Trinummus: descreve cenas familiares.

20) Truculentus: situaes estranhas e vivasPlauto morreu em Roma em 184 a.C.

Os Cipies eram uma famlia de renome militar que mais apoiava a cultura, desenvolveram o patronato. Mais tarde Mecenas assumiu esse lugar, dando origem ao mecenato. Quinto nio tirou proveito deste apoio cultural para que se lhe atribusse o ttulo de fundador da literatura latina, tendo inventado o hexmetro (versos em seis slabas). nio escreveu epos nacionais celebrando suas vitrias como soldado das Guerras Pnicas. dele Os Anais, maior obra potica onde se conta a histria de Roma; as Tragaediae, com tradues livres de Eurpedes; e as Saturae, composies variadas.Marco Pacvio, Titnio, Turplio, Asnio Plio e Ceclio Estcio (tradutor das comdias de Menandro) tambm foram escritores de fbulas que adaptavam os temas gregos. Lcio cio (nascido em 170 a.C.) considerado por alguns como o maior poeta trgico de Roma, tendo escrito tambm: Didascalica, espcie de histria da poesia grega e romana; Pragmaticon libri, relativo histria de arte; Parerga, de assunto relativo agricultura; e Annales, 3 livros. , porm, Publio Terncio (190 159 a.C.) que se destaca por imitar o discurso cultivado da nobreza romana, dando um refinamento urbano aos modelos gregos e perfeio formal. Liderou uma troupe de mimos que nunca utilizaram mscaras segundo a maneira tpica de representar dos romanos, mas comum encontrarmos registros de suas peas em seus imitadores medievais, esses sim as colocavam.No teatro romano da era imperial, tanto a arte quanto a organizao pressupunha a sntese e o exagero, por querer impressionar com um realismo spero e a seriedade brutal. Compunha-se, enfim, um show de crueldades, com assassnios reais e muita tortura de escravos. Os autores do sculo de ouro (II a.C.) continuavam a ser representados, mas de forma sucinta cada vez mais rascunhada, dando espao para os mimos, phlyakes e intrpretes da famosa farsa atelana. Apresentavam-se nos grandes teatros construdos para eventos pblicos. A partir de 55 a.C. comearam haver teatros construdos de pedra, at ento havia somente os de madeira, pois eram demolidos aps os eventos. No havia mais teatro nas encostas de montanhas ou grandes templos, tais quais os gregos concebiam, e o auditrio poderia ser coberto por toldos, o velo, da a ideia dos circos. Em 56 a.C. v-se o primeiro pano de boca. A skene grega ganha frontalidade nos anfiteatros e passam a ser denominadas scaenae frons. Os cenrios passaram a ser extravagantes e muito coloridos. Nenhuma grande comdia ou tragdia antiga foi encenada em teatros romanos e at 150 a.C. era proibido se sentar durante as peas.Ao contrrio da Grcia, a profisso de ator em Roma no era digna, sempre desempenhada por escravos com exceo dos chefes de elenco, mas l que surgem as primeiras escolas institucionalizadas para atores. Em 391, Teodsio I oficializou o cristianismo nos territrios romanos e perseguiu os dissidentes pagos. Aps seu reinado, o imprio foi dividido em duas partes. Os filhos de Teodsio assumiram o poder: Arcdio herdou o Imprio Romano do Oriente, cujo centro poltico era Constantinopla (antiga Bizncio, rebatizada em homenagem ao imperador Constantino; localizava-se onde hoje a cidade turca de Istambul); a Honrio coube o Imprio Romano do Ocidente, com capital em Roma. Com o surgimento da nova f, a arte crist expulsa os atores dos palcos dos meios sociais, excomungando-os da igreja como pagos, devido, principalmente, a imoralidade com que se seguia o teatro na poca. E com sequncia de invases brbaras os teatros so definitivamente fechados. Os atores passam a ser ambulantes, levando suas pantomimas decadentes e desclassificadas com efeitos grosseiros. Nem mesmo os improvisadores de humor resgatavam as caractersticas atelanas do teatro de rua, sendo renegados ao roubo e prostituio.

Bizncio

Em 313, Constantino assina o Edito de Milo declarando liberdade religiosa para o imprio romano e favorecendo, principalmente, os cristos que o apoiaram na resistncia contra o domnio de Roma em sua tentativa de reunificar o imprio.

Constantino construiu muitos teatros nos quais chegaram a ser encenadas as obras dos grandes poetas da antiguidade. Bizncio, porm, no produziu um drama prprio e, em geral, vive a era das pantomimas e dos solistas em atitude trgica com uma linguagem popular que no se distinguia nem se definia, mas que se reconhecia nos calados e mscaras que tentavam alcanar a antiga arte.No entanto, as cerimnias e banquetes da corte imperial contavam com uma extrema severidade hiertica, esplendor purpreo e estilizao solene do luxo e da vaidade. A liberdade de culto leva a uma liturgia mais elaborada. Vai haver duas vertentes que se desenvolveram culminando no teatro: o as representaes da corte e as da igreja.

O teatro da corte era rigorosamente regulado num curso cerimonial rendendo vassalagem ao imperador e desempenhando seu papel religioso para as autoridades. Atores e mimos muitas vezes recebiam a proteo de imperadores menos devotos.O teatro na igreja inicia-se como uma instrumentalizao litrgica de um cerimonial bem elaborado com aclamaes dramticas, evocaes dos profetas, oratrias e hinos, alm de dilogos que ofereciam um conflito repleto de dramaticidade na tenso entre Deus e o homem. Cerimnias e procisses ostentavam a riqueza nas vestes e ornamentao luxuosa.O drama desenvolveu-se como uma forma pedaggica de cativar o pblico analfabeto e dar acesso aos pobres leitura e educao formal dos valores doutrinais. O teatro era uma espcie de Bblia Pauperum que associado aos sermes verbais, levaria as representaes da igreja para praa e o cristianismo da Europa para o mundo. Para tanto, os sacerdotes puseram-se a debruar sobre o conhecimento dos antigos acerca da oratria e do teatro. Ao mesmo tempo em que Dioniso era a imagem da abominao e do demnio encarnado para Igreja, a primeira Paixo de Cristo (sculo XI) era uma conjugao da paixo crist ao drama grego, 2640 versos que comeam com o caminho at o Glgota e terminam com a ressurreio so parfrases de Eurpedes.O imprio fragmenta-se e aps muitas e muitas guerras comea o seu declnio em 1204, terminando em 1453 com a Queda de Constantinopla e o destronamento e morte do ltimo Constantino, XI, "quando estava rodeado pelos inimigos, um anjo o teria transformado em esttua de mrmore e o escondido em uma caverna", donde sair um dia para expulsar os Turcos de Constantinopla e restaurar o imprio. A lenda tem carcter escatolgico, pois o despertar do imperador coincidiria com a "Consumao dos Tempos". Constantinopla est em poder turco at hoje. Teve seu nome alterado para Istambul. Para muitos historiadores marca-se com essa data o fim da Idade Mdia e incio da Idade Moderna.

Imprio Romano do Ocidente // Imprio Romano do Oriente

Idade Mdia

Teatro religiosoTeatro profano

Sc. V XFundao de Constantinopla (330), nova capital do Imprio Romano. Edito de Milo (313) assegura liberdade de culto aos cristos. Logo o cristianismo institudo religio oficial do Imprio.Sc. IV Adoratio Crucis; Cerimnias teatro como instrumentalizao litrgica (aclamaes dramticas, vestimentas luxuosas, evocaes dos profetas, procisses solenes, hinos dramticos, cultivo da oratria).

At o sculo X desenvolveram-se cenas curtas da Paixo e Auto dos Profetas no Natal e na Pscoa.

At sculo X Depositatio Crucis e Elevatio Crucis.

Do sculo X em diante o dilogo do Quem Quaeritis evolui no primeiro tropo (cena dramtica), que ficou conhecido como Visitatio Sepulchri, seguido sempre do hino do sculo IV, Te Deum.

Sc. V VIII

Sc. V: Queda do ltimo imperador romano do Ocidente, Augusto Rmulo (476). Ataques brbaros e incio da Idade Mdia.

Era comum receber senhores feudais com msica, dana, acrobacias e os mais variados divertimentos, como demonstram esttuas e pinturas de reconhecidos mimos ambulantes.

Trechos de tragdias e farsas da antiguidade sobrevivem como um mostrurio grotesco da era clssica.

Farsas de animais: uma delas, a Comedie Bile, tornou-se popular e ficou conhecida at o sculo XV no enredo, dois peixes falantes. Alm dessa, eram muito populares as fbulas de Esopo (Ecbasis Captivi).

Dois nomes populares do teatro de rua: Pusterbalk e Lasterbalk, trabalhavam em conjunto dos joculadores e teatro de bonecos nas sociedades livres. Alm disso, eram comuns, desde o sculo II os mimos cristolgicos e a Festa do Asno, em que crucificavam o animal.

Na sequncia do quem quaeritis veio a cena precursora do Mercador, personagem popular (geralmente Pusterbalk e Lasterbalk), que vende os unguentos s Marias antes da visita ao tmulo. E em seguida, com o maior desenvolvimento da linguagem vernacular, a cena de Joo e Pedro no caminho de Emas.

Sc. XDestaque para dramaturga Hrotsvitha: escreve a maneira de Terncio, com uma linguagem polida. Adapta os mitos cristos a seu tempo, por exemplo, uma anunciao em que Maria uma canonisa.Sc. XSalom dana de seios e braos ns, os cabelos louros soltos at os joelhos. Segundo eremita Frau Ava, Salom uma spilwip (mima danante de origem sua), conhecedora de todas as artes da pantomima e da dana.

Enquanto a igreja sai para as ruas, os artistas invadem a cena religiosa e se divertem com as ideias de inferno, demnios, servos, danarinos, msicos etc.

Sc. XIAutos da Paixo e dos Profetas (Pscoa) e Autos da Anunciao (Natal) projetam sua autoridade para alm da Casa de Deus, chegando aos ptios e praas pblicas. Ganham as cores e originalidade das ruas.Sc. XIA crnica de Odericus Vitalis, Helechini, que inspirou os histries e folies a criao do arquidemnio Alecrim.Incio das Cruzadas.

Pedro, Salom e demnios so representados por mimos, menestris e joculadores cheios de troas e chistes cnicos do teatro da rua. Os eruditos errantes auxiliam na propagao da cultura popular e na interao entre igreja e teatro.

Sc. XII - XIIISc. XII: Representado pela primeira vez O Anticristo de Tegernsee no Auto de Natal. Incio da Santa Inquisio.Sc. XIII: Cristo representado pela primeira vez como pessoa que fala e atua. Autos da Criao: os enredos tomam do Gneses ao Apocalipse: cortejo, procisses, milagres e teatro de estaes que chegam durar 40 dias. Mystre dAdam toda espcie de mistrios, lendas de santos e milagres.Em 1264, o Papa Urbano institui a Festa de Corpus Christi (reflexo da luta religiosa contra infiltrao do Isl e Reforma). A Inquisio lana e apoia peas como o Auto-da-f no qual hereges so queimados.Foram se desenvolvendo aqum da literatura dramtica, junto com a linguagem e tcnicas populares.Enquanto os Carmina Burana denunciam a corrupo no clero, as peas de Jean Bodel inauguram uma poca em que literatura dramtica secular ir polemizar as doutrinas ortodoxas (Jeu de Saint Nicolas) com cavalarias, magia e tabernas.Tema da Danao Vs. Redeno. Milagres e o tema das Cruzadas.Sc. XII - XIIIAs lutas de espadas e cavalaria tornam-se o gosto popular (at o sculo XV) lendas.Incio das festas de primavera e carnaval:

Sc. XIII: Adam de la Halle, Jeu de Feiulle (Pea da Ramada) elementos cultuais, contos de fadas, supersties, mscaras, grosserias e encantos, malcia e palavras mgicas.Incio das peas pastorais.

Jeu de Robin et Marion;

Auto de Neidhart -costume de se eleger um rei e uma rainha de primavera.

Miracle de Notre Dame lenda do mimo devoto de Nossa Senhora.

Sc. XIV - XV- Le Miracle de Thophile, de Rutebouef (1 Fausto)- Frau Jutten, de Dietrich Shernberg Mhlhausen (Papisa)Paixo rompeu de vez com a liturgia e transforma-se nos Mistrios da Paixo - a f segundo as interpretaes de vida dos patrcios, burgueses e artesos). Tematizam: aluses tpicas (peste); fanatismo religioso; judeus se batizando; inseres autorais.Festa de Pentecostes a Fiesta de los carros.

Teatro de carros e palcos de dois planos. Quarenta dias de Ato dos Apstolos. Autos de Natal com histrias de Maria e Jos. Hedrit, a mulher que forjou os pregos de Jesus.

Sc. XIV - XVAuto de Neihart com 103 atores na cidade. Teatro nos carros-palcos, cortejos e estaes.Homenagem a reis e senhores (Lyon Lydgate).Autos de Carnaval (carrum navalis): Swanck, Fastnachtsspiele.Farsas de carnaval do barbeiro e cirurgio Hans Folz (Nuremberg). Ataca o clero e a nobreza, mostrando o turco oprimido. Apresenta em tabernas, pousadas, tablados improvisados em qualquer lugar, se houvesse a permisso da Igreja.Personagens: cavaleiros, judeus, clrigos, cannicos, alcoviteiras, imperadores, abades, acusadores e acusados, mdicos e pacientes, camponeses e damas.Comicidade robusta, chegando ao mximo da perverso medieval.Tema de Aristteles e Flis (semelhana sumrica).Farsas e Sotties:

Le garonete laveuger1495: Maistre Pierre Pathelin

Lavradores, servos e demnios competiam entre si na inveno de tesouros de blasfmias e inventivas. Herodes torna-se o principal antagonista.

Sc. XV - XVIMoralidades e Alegorias: A personificao do mundo conceitual.Prudncio (400).1378 Pater Noster (autos)

1425 - The Castle of Perseverance

1431 Concile de Bal

1450 O homem bem avisado, o homem mal avisado. O homem justo, o homem mundano. Chegam a 8000 versos, vrios dias de representao, figurinos originais. Se enrazam com mais fora na Inglaterra.1495 - Everyman

1507 Condamnation de Banquet

Sc. XV - XVIConfrarias de advogados, escritores, estudantes, associaes cnicas, eruditos errantes, mercadores, artesos e juristas. Produzem:Sottie: gente comum ou da corte com vestes de bobo Farsas: trues e bobos em trajes comuns e de cortezes (Enfants sans Souci, de Pierre Grimpsire, Paris)Sotternien um gnero tpico da Holanda, mais alegre, ligado ao carnaval, gerou grandes produes eruditas com regras poticas herdeiras da stira da antiguidade (Abelespele)Peas camponesas: burlescos annimos e atores camponeses. Temas populares e presentes. Referncias concretas para Commedia dellArte: - Strascino, de Niccolo Campani; e Ruzante, de Angelo Beolco.Dilogos mordazes, frases polidas, erudio da comdia para trair o conhecimento profissional, geralmente alegorias inofensivas, mas, algumas vezes, perdendo o escrpulo, auto-ironia, zombaria, abusos, polmicas polticas.Locais de montagem: salas pblicas, auditrios, casas particulares e palcios.

Aps o programa circense romano, com o fechamento dos teatros do sculo VI ao sculo X, os mimos, que provocaram e ignoraram as proibies da igreja, acabaram por ver seu resplendor nas igrejas. No havia vida social para o ator medieval, comediantes e vagabundos se misturavam a menestris e bufes para dividir o palco. A bagagem da antiguidade trazida como herana pelo trgico (agora o ator de rua) a de um solista, calado com um alto coturno de madeira, que tentava alcanar o esplendor da antiga arte dramtica com extravagantes declamatrios.Aps a transformao do cristianismo em religio oficial do Imprio Romano (centro do Ocidente) fizeram-se mais cinco sculos at que as cerimnias de Natal e Pscoa levassem aos mistrios da Paixo e dos Profetas que se estendiam por muitos dias com seus numerosos elencos. Durante esses sculos a Igreja projetou sua autoridade para alm da Casa de Deus, s cidades e aldeias, diante do portal para o ptio e praa do mercado, ganhando as cores e originalidade da vida cotidiana. Lieux e mansions inspiraram os pageants (palcos simultneos) e pageants aux wagons (carros-palcos), alm dos locos na Alemanha. A partir da comeou um processo de laicizao, com um acabamento realista, desenvolvimento da tcnica e ascenso da cultura burguesa para a fase gtica da mstica salvao (danao Vs. redeno). A partir deste momento tambm, a corrupo do clero transborda em letras claras nos versos dos audaciosos eruditos errantes e de uma elite critica devota.A morte agora reina sobre os prelados que no querem administrar os sacramentos sem obter recompensas (...) So ladres, no apstolos, e destroem a lei do Senhor (trecho 10 Carmina Burana).As Confrarias da Paixo no eram formadas por atores, mas por profissionais que davam cabo de prepararem o evento para os Autos e conseguirem a concesso da igreja, que por sua vez, tornava mais rgida sua censura. No sculo XIII, um ator representa pela primeira vez o Cristo em cena. E a partir do XIV, as Paixes rompem de vez com a liturgia para se transformarem em mistrios patrcios, feitos por burgueses e artesos que aproveitam para exporem suas opinies sobre a f verdadeira segundo suas interpretaes de vida.Farsas e sotties, estimulados pelos autos de carnaval (fastnachtsspiele), so cada vez mais espetculos contratados pelos nobres para os seus palcios e conduzem ao teatro elisabetano, levando ao ressurgimento e renascimento do autor liberal e da tradio autoral.Por outro lado, os eventos religiosos investem nas moralidades que chegam a oito mil versos de tradio teolgica, pedaggica e experincia retrica dos apostolados, alm de contar com a cenografia e indumentria desenvolvidas nos Autos da Paixo.A Idade Mdia reflete um perodo onde se viver da arte era fugir da fome e da misria. O aprendizado da cenografia, dos adereos, dos efeitos cnicos so conquistados de gerao em gerao no cunho da ao de praticar. Enquanto o palco tornava-se o lugar da alegria, a vida era lugar privilegiado para a tristeza e fantasia, no qual o grande conflito trgico entre Deus e o mundo havia se deslocado, antes, para a submisso do mundo a Deus.

RenascenaEm 1453, morre o ltimo imperador da Roma oriental. Constantino XI fora atacado pelas tropas de Maom sobre Bizncio. O imprio turco-otomano s ir se dissolver agora em 1922. A fuga dos eruditos traz para Ferrara e Roma uma imigrao de livros salvos pelas bibliotecas das igrejas.Trata-se de um perodo de maior liberdade da dependncia das autoridades civis e religiosas, culminando na liberao do individualismo e despertar da personalidade. Ao contrrio da Idade Mdia, surge a expresso do desejo de alcanar a sntese harmoniosa entre a antiguidade e o cristianismo. O impulso ldico das classes populares encontra sua resposta, inicialmente crtica e conservadora, no cultivo humanista do drama pelas classes mdias, guildas, corporaes e academias. O ofcio do ator desenvolve-se em crescente profissionalizao.Para Histria da Arte, a linha divisria que inicia o renascimento est nas descobertas das doze comdias de Plauto, em 1428 e nas montagens da primeira tragdia de Sneca e primeira comdia de Plauto, em 1486, respectivamente em Roma e Ferrara. Nesta data, publica-se tambm, em lngua romana, De Architectura, de Vitrvio.- Evoluo cnica: o deslocamento para a sala fechada transforma completamente o estilo de interpretao. O gesto monumental e simblico d lugar a movimentos muito mais medidos, adaptando-se ao palco limitado. Os gestos tornaram-se mais discretos, refletem nuances relativas ao carter, idade, sexo e situao social. A palavra no a interpretao da ao, mas aes e gestos so elementos que interpretam a palavra. Expresso e conciso. Um dado fundamental para o teatro moderno comea a ganhar importncia: a mmica do rosto, a expresso facial. Os figurinos, por sua vez, continuam a enaltecer as cores e formas do carnaval para enaltecer o magnfico e extraordinrio. A decorao renascentista luxuosa, tecnicamente especializada e com avanos majestosos da maquinaria teatral.

- Ator renascentista: O homem renascentista buscava alcanar sua soberania espiritual e moral voltando-se cada vez mais para a realidade da vida terrena. Um dualismo, no entanto, a interpunha: a busca da realidade e a busca apaixonada por Deus, ao mesmo tempo que construa gigantescas catedrais, se voltavam para a realidade da vida mundana. O homem, centro deste perodo de transio, se sentiu arrastado entre o cu e a terra.

A Itlia assumiu a liderana da cultura europeia, que manteve at o sculo XVIII, quando, ento, nasceu na Frana um teatro nacional e corteso.

Gneros teatraisOs gneros teatrais aos quais nos referimos faz referncia histrica aos estilos e escolas da poca que abrangemos. Uma classificao usual apenas, mas que d conta de definir uma ordem de vertentes que se desenvolvero durante os sculos. Com a homogeneizao e difuso cultural promovida pelo Imprio Romano e a cristianizao da Europa, a arte teatral se multiplica e diferencia a partir das Tragdias e Comdias, dando vazo a uma pores de subgneros trgicos, lricos e dramticos, como o caso das procisses crists e pastorales medivais, ambas se difundiram por todo o continente atribuindo-se pequenas variaes. Da mesma forma, as paixes, autos e moralidades, ou as esquetes cmicas de carnaval, as farsas e soties. Todas eram muito mais caracterizadas e demonstravam suas particularidades segundo o nicho no qual se estabeleciam, uma escola, uma confraria, ou uma corporao, um festival da corte, uma cerimnia palaciana ou exclusivamente religiosa. Por mais que se espalhassem, mantinham seus centros de referncias voltados para um mundo cristianizado e fortalecido poltica e economicamente.

Dos ento assim gneros dramticos podemos definir quatro ordens diferentes de peas que evoluram e influenciaram a histria posterior de todo o teatro:Gneros desenvolvidos: - 1. Teatro escolar

- 2. Comdias

- 3. Pastorales

- 4. Intermezzos

Alm desses quatro nichos artsticos, percebemos um quinto nvel de subdesenvolvimento das tragdias que, por mais que no se apresentassem nos palcos, ditavam as regras para todos os conceitos tericos eruditos da dramaturgia em questo. As peas, por sua vez, seguiam uma brilhosa e sombria adequao ao lorrible (incesto, parricdio, assassinato do marido, filhos, netos, suicdio, etc.) e demais expresses e palavras de ordem para o clssico humanista acerca da unidade de ao, verossimilhana, e outras regras clssicas. Na Frana, as tragdias se sobressaram com um pouco mais de sucesso (fortemente influenciadas pela poro de Mistrios em 1548) na dramaturgia de Etienne Jodelle, autor de Cletapre Captive (1552), em versos alexandrinos. A Inglaterra preferiu versos livres com seu pblico no palco, sobressaindo a obra sobre a fabulosa histria de Marie Stuart.Tragdias l antique:1552 (Frana) Cleopatre Captive, inspirada em Plutarco, de Etenne Jodelle. E Eugne (uma comdia com um abade). Seguem a estrutura clssica de cinco atos, cultivo do idioma e ideais poticos.

1556 (Frana) Sofonisba de Trissino Apresentada para Maria Stuart (menos de cinquenta anos mais tarde ela mesma seria o tema da tragdia).

1573 (Inglaterra) Obras declamatrias, Hyppolyte, fils de Thse, de Garnier, precursor de Racine e Cornlle proximidade com o pblico e sala fechada.

A partir da segunda metade do sculo XVI, o drama renascentista comea a se espalhar na Europ, principalmente entre os estudantes.1 O drama escolar Agradou principalmente com as comdias, porm, dramas como os de Christoph Stummel (Alemanha - 1545), autor de uma pea chamada Studentes (inspirada no grande poeta da poca Ariosto), traziam a beleza dos dilogos latinos, erudio e espiritualidade na verso do filho prdigo bblico.Em sua totalidade as peas defendiam o direito de livre expresso (inclusive das normas tradicionais), a democracia antiga, o cultivo do latim, o nacionalismo, com as intenes didticas de pedagogos, na maior parte das vezes protestante, apresentadas para os pais e as autoridades. No entanto, o teatro escolar, cuja origem est na inofensiva declamao latina, perdeu-se no fogo cruzado entre potncias religiosas e a poltica.

Sua importncia fundamental, contudo, foi o primeiro grande estmulo profissionalizante para a arte dos atores e fazedores de teatro da camada social mais emergente, que viria em breve a conquistar os palcos da era moderna, a burguesia.Em 1546, o Queens College expulsa todo estudante que se negasse a atuar numa comdia ou tragdia ou que no as assistisse;Em 1572 uma lei exigiu que os atores constitussem companhias sob proteo de nobres (para proteger do clero). As companhias, a partir de 1600 a 1700, viajavam por toda Europa apresentando os grandes autores Molire, Goldoni, Caldern e Cornlle;Aphra Ben (1640 1689) primeira autora deste perodo.

Aos poucos, mesmo os teatros dos colgios cederam a fora dos novos gneros dramticos conquistados pelas companhias ambulantes e aos destaques da comdia popular. Grandes atores de improvisaes que comearam a se destacar a partir do estudo da msica, da dana, do mimo, da esgrima, circo e prestidigitao (razes na vida popular). Anton Joseph Stranitzky (1676 1726), da companhia de Johan Velthew (1640 1693), criou o Hans Wust (Joo Salsicha) um arlequim mais autntico baseado no Pickelheeing e retirado da psicologia popular, fazia o levante da verdadeira psique humana. No meio estudantil, raramente, porm, os palcos deixaram de se caracterizar por uma cenografia neutra e simples, limitada por tapetes ou cortinas.

2 Comdias EruditasO gnero repercutiu com as montagens de Plauto e Terncio em italiano, em Ferrara e Roma. Aos poucos vo se afastando lentamente do modelo antigo e deixam de seguir to rigorosamente as regras clssicas. O espectador, por no estar includo na ao (de seguir os atores e a representao) vai se tornando cada vez mais um observador na sala fechada.Ludovico Ariosto, autor de La Cassiria (A caixinha); I Supposit (Os impostores), que fez carreira no teatro estudantil e at mesmo na Commedia delArte, apresentada pela primeira vez com cenrios desenhados pelo grande pintor Rafael. O estilo predominante em Ariosto refere-se a Plauto. Umas de suas obras mais conhecidas Orlando Furioso, que conta a histria do grande oficial de Carlos Magno.Outros autores que cultivaram a linguagem polida e o domnio das regras:

Enas Silvio Piccolomini, autor de Chrysis (1444), ao estilo de Terncio; Giordano Bruno, autor de Il Candelaio; Cassentino Bibbiena (1518), autor de Calandria, tambm segue o estilo de Plauto; Nicolau Maquiavel, autor de Mandrgora; Pietro Aretino, La cortez e Il Ragionamenti.

Domnio da linguagem clssica popular. Comdias de fantasias, de observao e notcia:

Torre Naharro, em 1499, aps o seu sucesso com Tinelaria, uma comdia de observao dos dialetos com muito aspecto de impresso da realidade, escreve La Celestina e Gli Ingannati, duas comdias que fizeram sua tourne pela Europa e se tornaram na incrvel Comdia de los Enganados, de Lope de Rueda; e em Noite de Reis, nas mos de Shakespeare. Obs.: para a obra Os Enganados, de Charles Estienne, de 1540.Em 1551, um iuguslavo de nome Martin Drz, escreve uma comdia de caracteres, no estilo de Plauto que s encontra reflexos mais tarde com Molire, a pea chama-se Dundo Majore.Em 1567, Jean Antoine de Baf, um dos franceses renomados com inspirao direta em Plauto, concebe a obra Le Brave, retirada de Miles Gloriosoue do poeta clssico.E em 1594, ainda temos Jonh Lily, dos dramaturgos elizabethanos, com Mother Bombie, fazendo um quadro realista do cotidiano la comdias de Terncio e Sneca. Muito embora a obra tenha sido eclipsada pelo sucesso de Sonho de uma Noite de Vero e de Romeu e Julieta, de Shakespeare.Em sntese, o ator da comdia erudita, tanto popular quanto polida, tinha seu destino fadado ao fracasso diante da concorrncia das peras e dos dramas lricos que refletiam, em suma, e da maneira mais satisfatria e exata, a experincia absolutista e do poder total que Inglaterra e demais pases iriam cobiar e representar durante eras. Alm disso, elas tinham como irms oprimidas, mais bem mais atraentes em ritmo e jogo, as comdias de rua. Commedia dellArte, o gnero exclusivo dos grupos do povo...o teatro do povo improvisado, leva quase dois sculos antes de se formar definitivamente, no tem quase modelos e alcana resultados exclusivamente teatrais (JACOBBI, Ruggero. A expresso dramtica. Rio de Janeiro: INL/MEC, 1956, p. 22).O teatro renascentista de rua traz marcado essa renovao do artista popular. Consagrada sua independncia como virtuosa, seguimos passo a passo ele traar o caminho da profissionalizao do seu teatro. A formao de sua companhia, a captao de meios, a organizao do elenco, a tradio fortemente enraizada no estilo de vida e costumes. Ainda que se apresentassem para um pblico desordenado e livre para se locomover, no comprometiam o nvel excelente e cada vez mais aprimorado de suas representaes. Leva inmeros atores para o afamado palco do conhecimento pblico. E com eles tambm seus personagens para o seio da vida social cotidiana.

Angelo Beolco, com seu divertidssimo palhao Ruzzante. Seu discpulo e continuador Andrea Calmo, mestre dos dialetos italianos. Alberto Ganassa, conhecido por seu Arlequim na corte francesa. Flamnio Scala, diretor da companhia I Comici Gelosi, ficou famoso com seu enamorado Flvio. Francesco e Isabella Andreini, admirados at entre a corte. Domenico Biancolelli, ou Dominique, do Arlequim. Pietro Antonio Caracciola, Anton Francesco Granazziani, o il Lasca, e Tibrio Fiorilli, o Scaramouche, mestre de Molire. Muito outros personagens ficaram conhecidos entre o povo, dos quais ouvimos at hoje e muitas vezes em cena: Brighella, Polichinelo, Maccus e Bucco, Colombina, Pantaleo, Pappus, Doutor, Capito, e outros.O elenco compunha-se de dois atores, em mdia, para o desempenho de dez a doze personagens, que se especializavam em determinados tipos de igual importncia. No obedecia a um texto escrito, mas a um esquema cujos extratos eram colocados lateralmente na cena, e a partir do qual se improvisava sob orientao de um diretor da cena, o corago. Esse esquemas ou roteiros inspiravam-se, muitas vezes, em fragmentos de comdias eruditas, como as de Terncio e Plauto, mas basicamente apresentando sempre uma mistura desordenada de equvocos. A partir da, cresceu desproporcionadamente a importncia do ator e desapareceu, quase por completo, a figura do poeta dramtico italiano.A commedia dellarte e o Teatro de Feira, do sculo XVI, influenciam toda posteridade e contemporaneidade sendo levada para autores como Lope de Rueda, Caldron, Gil Vicente, Molire e at mesmo todo o Queens College apreciavam suas obras. At que as companhias ambulantes dos diversos pases tivessem conquistado, enfim, o profissionalismo por toda Europa.

Commedia dellarte - comdia de habilidades. Isto quer dizer arte mimtica segundo a inspirao do momento, improvisao gil, rude burlesca, jogo teatral primitivo tal como na Antigidade os atelanos haviam apresentado em seus palcos itinerantes: grotesco de tipos segundo esquemas bsicos de conflitos humanos, demasiadamente humanos, a inesgotvel, infinitamente varivel e, emltima anlise, sempre inalterada matria-prima dos comediantes no grande teatro do mundo. Mas isto tambm significa domnio artstico dos meios de expresso do corpo, reservatroio de cenas prontas para a apresentao e modelos de situaes, combinaes engenhosas, adaptao espontnea do gracejo situao do momento.

Quando o conceito de Commedia dellarte surgiu na Itlia no comeo do sculo XVI, inicialmente significa no mais do que um delimitao em face do teatro literrio culto, a commedia erudita. Os atores dellarte eram, no sentido original da palavra, artesos de sua arte, a do teatro. Foram, ao contrrio dos grupos de amadores acadmicos, os primeiros atores profissionais. (2001, idem, p. 353). 3 Pastorais

O idealismo platnico, o reino da beleza, o livre erro, os heris e poetas, ninfas e faunos, pastores e pastoras, o ar fresco da sapincia humanista, a busca do irreal e idealizado mundo de pura humanidade, no corao da natureza, no acorde da beleza e da juventude, com canes, poemas, idlios, clogas e estncias, tinham seu lugar nas peas pastorais promovidas pela corte.

Em suma, o objetivo das pastorais era obter favores dos nobres em celebraes fechadas nas salas teatrais dos palcios. Mesmo assim, algumas companhias populares imitavam o gnero, como o casa de Lope de Rueda e o estudante George Peele.

1495, primeiro drama profano italino, com a pea pastoral Favola dOrfeo, de Angelo Poliziano, com os moldes da sacra rappresentazione.

1497, Egloga del Amor, de Juan del Encina;

1510, O Auto da Fama, de Gil Vicente; 1573, com os modelos das peas pastorais de louvao Idade de Ouro, Aminta de Tasso; 1595, Pastor Fido, de Giambattista Guarini, sucessor de Tasso na corte de Ferrara; 1628, Dubravaka, do croata Gjivo Franje Gunduhi; 1641, Pegnesisches Schfergedicht, de George Philipp Harsdrffer.

4 Intermezzos na corte

Consistiam em pantomimas alegricas, crists e mitolgicas, acompanhadas de canto e msica instrumental, que chegava a apresentar drages, panteras, lees, numa festa para os olhos para o qual grandes artistas da renascena, como Leonardo da Vinci (1452-1519), encarregaram-se da criao e construo de cenrios, maquinarias, edifcios, palcos, cartazes e alegorias, maneira dos trionfi italianos.

Os trionfi eram aquelas manifestaes soberbas que envolviam toda comunidade nos mistrios medievais, com a finalidade operante de glorificar os grande e poderosos senhores, como Lorenzo de Medici, o Magnfico (1449-1492), o papa Pio II (1405 1464), Cesar e Borgia (1475 1507), o papa Leo X (1475 1521), que eram alm de lords e autoridades, grandes patrocinadores da arte e cultura.

O novo empenho parecia ser o de apreciar a majestosidade das procisses agora, no, como sequncia ou passagem em sesses separadas, tais quais as observou o espectador medieval, mas em sua totalidade (de cima ou no eixo). O luxo e a ostentao das sacra rappresentazionis numa apresentao profana e popular, a ponto de desviar continuamente a ateno do espectador do pobre ou mal lapidado contedo potico.... nas estaes convenientes do ano, deve manter o povo ocupado com festivais e mostras (O Prncipe, de Nicolai Maquiavel).Atravs dessa estratgia de popularidade monrquica atravs das peas intermezzas, foram levantados grandes e suntuosos edifcios para as apresentaes. A construo de salas teatrais privadas em palcios, casas de governadores ou universidades, a partir do sculo XVI, assumem grande importncia, tanto do ponto de vista da histria cultural quanto da arquitetura. O Teatro Olmpico de Vicenza uma cpia reduzida dos enormes teatros tardo-romanos de pedra ao ar livre, transposto para um espao fechado de uma encantadora caixa de brinquedos fora encomendado pela Academia Olmpica de Vicenza e projetado por Joseph Furttenbach.

1490 Ludovico Sforza, o Mouro, organiza a Festa de Paradiso. Os poetas da corte torneavam em incessante produo. Hiprboles panegricas em rima elegante ocupavam o palco giratrio e cenrio de Leonardo da Vinci na corte de Milo.

1581 A Rainha e Luis XIV entram em cena no Ballet Comique de la Royne, uma combinao de nmeros de dana, recitaes, rias e pantomimas em homenagem a rainha no salo Bourbon do Louvre a expresso de uma monarquia enganosamente confiante. O novo gnero sobreviveu graas a Molire e Luly e suas comdie-ballet.BarrocoA busca da clareza e harmonia renascentista d lugar abundncia de ornamentos, hiprbole e autoconfiana. Nunca uma poca pintou a prpria imagem em cores to exuberantes. O teatro vivia um momento de extraordinria ascenso, assim como o absolutismo lutava por uma apoteose gloriosa, a soberania e a contra-reforma invocava todos os meios ticos e intelectuais da arte do palco.

O recm desenvolvido sistema de bastidores laterais alternados, possibilitando uma maior iluso de profundidade e frequente troca de cenas, marchava para triunfal e luxuosa extravagncia cnica da arte da transformao cnica. Encenadores e cengrafos mostravam-se incansveis na inveno de mecanismos sempre novos de puxar, voar, deslizar pra movimentar a multido de figuras alegricas que sufocavam o teatro na exibio da magia da decorao e maquinarias barroca. Enquanto os truques da tcnica cnica permaneciam miraculosos e no eram compreendidas, muitas vezes, nem mesmo por colegas do ofcio, paradoxalmente, era impossvel que a assistncia prendesse sua ateno aos atores, cantores, msicos e bailarinos. Na arte, a mgica total da aventura, da vida improvisada, produzia um espetculo despreocupado com questes mais srias; a sedutora atrao do mal envolvia essas cortes governadas pelo absolutismo, e por isso que elas eram sempre censuradas pelos telogos, mas admiradas e amadas pelos artistas.

a. A peraO gnero especfico da pera tem sua origem nas longas conversas do cenculo florentino do conde Giovanne de Bardi, um crculo acadmico do qual Vicenzo Galilei (pai de Galileu Galilei) fazia parte e atuou como um dos membros principais. Eles defendiam a subordinao da msica poesia e criticavam a msica corts de sua poca.

A dramatizao da msica em Amico Fido (Amigo Fiel) de Bardi (1535) e a musicizao de algumas passagens da Divina Comdia de Dante e as Lamentaes de Jeremias, por Vicenzo deram origem ao novo estilo representativo. Porm, somente em 1594, trs anos depois da morte de Vicenzo Galilei, a famosa primeira pera do mundo, Dafne, com msica de Jacob Peri, para um texto de Ottavio Rinuccani e intermdios cantados de Giulio Caccine, foi encenada diante de um crculo seleto em Florena.

O produto erudito da arte tinha aflorado e era guiado por Orfeu com sua lira, at que, em 1600, Peri e Rinuccini cooperam mais uma vez com sua segunda pera Eurdice. E por dcadas, agarraram-se aos dois temas que no podiam ser contestados porque ningum conhecia nenhum melhor, ou seja, Orfeu e Dafni.

Montiverdi liderava o palco italiano com suas composies de Orfeo, Arianna e A coroao de Pompia, quando testemunhou a abertura da primeira casa de pera pblica, o Teatro di S. Cassiano, em 1637.

A partir da deu-se a magnificncia cnica das casas de pera, que j haviam se tornado um negcio lucrativo. O arquiteto Giovanni Burnacini impressionava as cortes, mais tarde seu filho Ludovico Burnacini, desenhou cenrios, maquinaria de palco, carros alegricos e figurinos para mais de 150 peras levando toda ateno da assistncia em Il Pomo dOro diante da jovem imperatriz Margareta.

b. Bale clssico

Plutarco o poeta invocado para a dana barroca; com sua frase de que a dana a poesia sem palavras, ele alicera a ideia renascentista de fuso das artes. Na Frana, a combinatria das quatro grandes formas de arte (msica, dana, pintura e poesia) gerou uma forma de teatro especificamente adequada corte e a alta sociedade: o ballet de cour.

Quando Rinuccini e Caccini chegaram em Paris, em 1604, eles tiveram que comear a pensar em termos completamente diferentes para intercalar seus drama per msica em estilo italiano no bal da corte.

Durante o reinado de Luis XIII, o cardeal Richelieu tomava as rdeas da Frana como patrono da arte, a partir de 1624. Richelieu encena o suntuoso Ballet de la Prosprit des Armes de la France, e pela primeira vez a ao aconteceu exclusivamente no palco, deixando a plateia para os espectadores. Doravante o ballet du cour seria encenado exclusivamente no palco e, assim, separado do piso principal da sala, o que significava uma diviso entre a dana no palco e a dana ulica. Foi a primeira abordagem da dana profissional e do bal clssico.

No reinado de Luis XIV, Jean Batiste Lully e Molire desenvolveram uma nova forma de arte numa tentativa bem-sucedida de fundir o esprito da comdia com a graa cortes do ballet du cour, era a comdie ballet. Em maio de 1664, um grande festival em Versailles, no qual sucederam duas semanas de banquetes, torneios, cortejos, fogos de artifcios, bals pastorais, Molire contribuiu com as comedie-ballet: Les fncheux in Vaux; Mariage Forc; La Princese dElide. E, em 1670, o Burgus Fidalgo, uma sequncia cintilante de atualidades sobre a presuno de cultura e moda, estupidez e vaidade, cano pastoral e minueto na casa burguesa e,