história de vida

12
Autobiografia é çã

Upload: norberto-martin-alves-da-costa

Post on 16-Mar-2016

216 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

minha vida em poucas palavras...

TRANSCRIPT

Page 1: História de Vida

Autobiografia

éçã

Page 2: História de Vida

Técnico de Desenho e Projecto de Construção Civil.

Norberto Martín Alves da Costa – 09/2009. P á g i n a | 2

Autobiografia

Meu nome é, Norberto Martín Alves da Costa, nasci no dia, 1 de

Junho de 1971, na cidade de Luján, Buenos Aires, Argentina. Sou

filho de António Roldão Alves da Costa e de Maria Celeste

Manteigas Robalo, sou o segundo filho de três irmãos – Fabián e

Marcelo Javier.

Com a idade de 5 anos, no ano de 1976 e até 1983, começou o meu

tempo de escolaridade primária, o 1º e 2º ciclo de ensino básico

obrigatório (7 anos de escolaridade), na escola primária Nº 15

Mariano Moreno, no Bairro São Francisco.

Frequentei a escola desde os 5 anos até aos 12 anos de idade; a

escola só ficava a uma rua ou quarteirão de distância, e eu com os

meus irmãos éramos sempre os primeiros a chegar. O segundo ano

de escolaridade, foi um pouco estranho, a escola entrou numa fase

de reconstrução total. O chão era só terra, os pedreiros misturados

com os alunos estavam sempre a bater e a fazer barulho, mas o

tempo foi passando e a escola ficou muito linda.

Porém, já passou muito tempo e não me lembro basicamente do

percurso escolar. Posso dizer que de todas as formas foi um tempo muito agradável, onde minha maior

satisfação era o dia de ginástica, içar nossa bandeira (Celeste e Branca) todas as manhãs, aproveitar cada

minuto do nosso tempo livre e, sobretudo a participação em cada evento Nacionalista. Uma das principais

lembranças que eu tenho da minha escola, é das professoras que, para além do ensino, elas nos concediam

liberdade para agir em determinadas tarefas dentro da escola, sem exercer nenhum tipo de pressão sobre nós.

Outra das coisas que me lembro, a mais desagradável e, num sentido nacional colectivo, foi a guerra que, no

ano 1982, a Argentina teve com a Inglaterra pelas ilhas “As Malvinas” do Atlântico Sul. Acredito que foram

dois ou três meses de angústia e tristeza, sofrida por todo um povo, sobretudo as mães viviam com muita

angústia, porque o seus filhos podiam estar lá ou podiam ser chamados pelo exército Argentino. Nós na

escola, por diversas vezes tivemos que fazer um minuto de silêncio pelas vítimas caídas em combate.

No entanto, na vida familiar, na casa dos meus pais, tínhamos de tudo, de nada tínhamos falta, em cada

estação climática sempre havia: plantações de morangos, laranjeiras de todo tipo, alperces, toda a variedade

de hortaliças, figos, uvas, amêijoas e pêssegos. Tínhamos mais de 1200 m2 de terras para lavrar e também

para brincar, saltar, jogar futebol e para pôr uma linda piscina de plástico em cada Verão.

Mais tarde, as hortaliças começaram a desaparecer, devido às mudanças económicas surgidas no nosso lar e,

em seu lugar, chegou o cultivo de plantas para jardins. O meu pai trazia as sementes e tínhamos a tarefa de

preparar os vasos onde iam crescer para serem vendidas mais tarde, aos nossos clientes e parcerias com

outras empresas; a tarefa mais complicada e mais trabalhosa era no verão, quando tínhamos de regar e cuidar

de tudo, debaixo do sol escaldante.

1. República Argentina

Page 3: História de Vida

Técnico de Desenho e Projecto de Construção Civil.

Norberto Martín Alves da Costa – 09/2009. P á g i n a | 3

Autobiografia

Por enquanto a nossa família, ia desenvolvendo a criação de um viveiro de plantas, juntamente e ao longo

deste percurso, começo a recepção de clientes, para serem atendidos com o serviço de jardinagem

domiciliário. O meu pai levava-me consigo para o ajudar no seu trabalho e começar a conhecer um ofício, eu

tirava o lixo e a relva, desarrumava e arrumava os fios para ligar as máquinas e limpava os passeios.

O tempo foi passando, aos meus 12 anos de idade, e depois de ter um ano de ensino na escola secundária,

que não tinha sido muito agradável ou favorável, devido a um sem-fim de factores, como por exemplo, uma

turma sem disciplina, o meu pai diz-me que, tinha de começar a trabalhar com ele, e eu concordei com meu

pai em fazer plantações em campos de golfe, casas de campo, urbanizações e até, o atendimento de 30

jardins por semana, os quais cada um deles eram atendidos, uma vez por semana no verão e cada duas

semanas em inverno.

A minha actividade como servente e ajudante de jardineiro, foi de aproximadamente uns 4 anos, nos quais

fui desenvolvendo um ofício muito agradável, até chegar a cortar relva, fazer podas e plantações, utilizando

maquinaria eléctrica e manual. Fazia decoração de jardins e preparava as estufas para a criação de novas

gerações de plantas, (eucaliptos, pinheiros, rosais, etc.).

Entretanto, enquanto ia trabalhando no ofício de meu pai, aos 15 anos de idade, tome a decisão de começar a

estudar e fazer um pequeno curso de um ano, na área de electricidade e bobinagem de motores monofásicos;

só que quando eu tinha de ficar a estudar, o meu pai não gostava, e acabámos até por nos zangar. Tudo foi

de mal a pior e até cheguei a estar um bom período fora da minha casa paterna pelas birras.

Procurei a ajuda de um amigo e fiquei com ele durante um tempo. Outro amigo conseguiu arranjar-me um

trabalho junto a seu pai, na sua panificadora e comecei a trabalhar como servente, onde limpava e os ajudava

a cozinhar. Gostava muito do trabalho que fazia e a minha mente estava muito receptiva a aprender este

outro novo ofício.

Estive quase 5 anos a trabalhar em panificadoras. Na segunda e última empresa panificadora, consegui

desenvolver tudo o que já tinha aprendido até essa altura na primeira, e na qual, sou colocado, depois de um

tempo de consideração como, mestre padeiro.

Por enquanto, trabalhava como padeiro, e nos meus tempos livres na minha casa, ia desenvolvendo o ofício

de electricidade e bobinagens de motores monofásicos. Ao longo do tempo fui ganhando experiência e

prática neste outro ofício, fazia todo tipo de reparações eléctricas, mecânicas, de manutenção, bobinagem de

motores, mudança de rolamentos em máquinas de lavar roupa e louça, bombas de água, electrodomésticos, e

todo tipo de maquinaria monofásica. E tudo isto, só com 17 anos.

Aproximadamente aos 20 anos, comecei a trabalhar numa indústria de gelados.

Ingressei como operário provisório, a qual, por ser uma indústria de época e, onde a Primavera e o Verão são

os seus picos mais elevados de produção, cada 6 meses ficava desempregado.

Page 4: História de Vida

Técnico de Desenho e Projecto de Construção Civil.

Norberto Martín Alves da Costa – 09/2009. P á g i n a | 4

Autobiografia

Estive 3 temporadas de trabalho nesta indústria, a função principal nessa primeira etapa foi só de embalar

gelados. O gelado, depois de ser elaborado sai a uma temperatura de -45 graus, passava pela máquina de

cobertura ou embalagem e, nós tínhamos de encaixar e despachar para as câmaras frigoríficas.

A 2ª e 3ª temporada foram muito mais criativas, pois comecei a trabalhar na criação e elaboração de matéria-

prima, a qual mais tarde, era injectada, colocada ou adicionada dentro dos gelados, segundo sua variedade e

sabor. As minhas tarefas principais foram de elaboração de chocolates brancos e pretos para injectar nos

gelados ou fazer a cobertura, pasteurização de frutas - morangos, pêssegos, ananás, e a elaboração de

molhos.

Esta foi a minha primeira experiência de trabalho numa empresa ao nível industrial, onde consegui ver que,

a organização, é um alicerce fundamental para o bom desempenho da mesma.

Nela, conheci alguns processos de elaboração e qualificação para os mesmos produtos, como por exemplo:

medir a acidez dos produtos para consumo, onde o sete (7) é o valor neutro da acidez, o que é, uma

pasteurização e uma homogeneização e principalmente o valor que tem a água neste tipo de indústria, a

mesma era tratada em reservatórios próprios, para logo ser canalizada para uma reutilização.

Desafortunadamente e, no meu último ano de trabalho, a empresa foi à falência pela má administração de

fundos.

Com 25 anos de idade aproximadamente, começo a trabalhar numa indústria metalúrgica, chamada “Tecno

Confort”. Nesta empresa faziam-se todo tipo de mobílias em tubos redondos e ferro de aço, cadeiras, mesas,

sofás, camas, prateleiras, etc.

Esta foi uma das melhores experiências que tive no âmbito laboral, era uma empresa que empregava quase

30 trabalhadores e onde o meu companheiro de trabalho nunca dizia nada, “era um robô”, eu tinha a

responsabilidade de fazê-lo funcionar. Ele estava assentado verticalmente, com 3 bancadas de trabalho à sua

volta, e onde eram carregados todos os elementos que constituíam a estrutura das cadeiras, e qualquer falha

ou defeito que se apresentava na fabricação dessas cadeiras por meio do robô, era solucionado ao final dessa

serie, de forma manual utilizando uma soldadora.

Depois de um tempo à prova, chegou uma segunda fase, comecei a trabalhar directamente como soldador, e

com máquinas de soldar. Todo o tipo de mobílias eram feitas manualmente, todas as suas partes eram

fixadas numa matriz, soldava-se tudo e, mais tarde, eram despachadas para a área de lavagem e tinta.

Esta foi uma oportunidade muito especial e grande em conhecimento metalúrgico, saber como se prepara o

material, os seus processos de elaboração, (preparação do material, criação, lavagem, pintura e embalagem

final). Os procedimentos que se utilizam para a produção standard de mobílias foram muito enriquecedores

para uma nova etapa que estava muito próxima a acontecer.

Ao longo da vida fui ganhando alguma experiência para desenvolver certos ofícios, como por exemplo,

Electricidade, Construção Civil, Canalizador, Carpintaria, Serralharia Civil, e pô-los ao serviço de muita

gente.

Page 5: História de Vida

Técnico de Desenho e Projecto de Construção Civil.

Norberto Martín Alves da Costa – 09/2009. P á g i n a | 5

Autobiografia

No ano 1997, surgiu a ideia de criar uma empresa dedicada a manutenção, reparações e instalações novas

em todas as áreas incluídas como numa moradia, loja, instituições, casas de campo, campos de golfe, etc.

A empresa chamava-se S.G.M – Serviço Geral de Manutenção.

Procurávamos levar uma serie de serviços e afins, destinada aos clientes que não gostavam de trabalhar com

várias empresas e pessoas dentro da sua moradia, por questões de segurança.

E até por vezes, só atingíamos contratos de serviços para supervisionar a obra que o nosso cliente

necessitava de fazer.

Os nossos clientes tinham ao seu dispor uma série de serviços, como por exemplo:

Na área de electricidade faziam-se

manutenções, reparações e novas

instalações, colocação de todo tipo de artigos

eléctricos, reparações de electrodomésticos e

comercializava-se equipamentos de alarmes

e equipamentos automáticos para portões e

acessos.

Na área de construção civil, realizava

manutenção, reparação e execução de

reformas ou restaurações. Alguns exemplos

de trabalhos abrangidos eram: o reboco

grosso e fino, os telhados, remodelação de

casas de banhos, cerâmicas, etc.

2. Cartão de visitas

3. Trabalho 1

Page 6: História de Vida

Técnico de Desenho e Projecto de Construção Civil.

Norberto Martín Alves da Costa – 09/2009. P á g i n a | 6

Autobiografia

Na área de canalização fazia todo tipo de trabalho, reparações existentes e execução em obras novas. Os

serviços abrangidos nesta área eram as instalações de água fria e quente, e gás natural.

Os materiais a serem utilizados eram: o latão, o galvanizado, o plástico, o cobre, o bronze, etc.

Na área de carpintaria faziam-se tectos e

todo tipo móveis em madeira. Depois de

ter as dimensões dos trabalhos a serem

feitos, enviava as informações ao comércio

de madeiras para fazerem os cortes à

medida, e depois só tinha-se de montar as

peças.

Na área de serralharia fazíamos

gradeamentos, portas, portões de

segurança, artísticos e industriais,

churrasqueiras e protecções para

lareiras.

Ao mesmo tempo comercializava

gradeamentos enroláveis para as

lojas comerciais e todo o tipo de

equipamentos automáticos para

portões e portas de acesso.

Na área referida a serralharia, apresento-vos duas cartas de recomendação, onde indica que fomos os

representantes oficiais das respectivas marcas nacionais. (ver anexos)

4. Trabalho 2

5. Produtos

Page 7: História de Vida

Técnico de Desenho e Projecto de Construção Civil.

Norberto Martín Alves da Costa – 09/2009. P á g i n a | 7

Autobiografia

Na minha vida particular, simplesmente estabeleci como meta ou alvo, projectar uma grande

responsabilidade ao momento de desenvolver qualquer tarefa profissional. E ao longo do tempo fui

descobrindo na sociedade que havia novas áreas e formas de relacionamento e crescimento.

Num momento da minha vida, aos 24 anos aproximadamente, chegou ao meu

conhecimento uma instituição sem fins lucrativos, a “Igreja Evangélica

Baptista”, onde não só tentavam ter um serviço religioso perante a sociedade aos

domingos, se não também dar uma ajuda social aos mais necessitados durante no

decorrer a semana.

Nesta altura e até o dia de hoje, começo a ter uma visão diferente, e principalmente no relacionamento que

Deus quer ter com o homem, e é através da leitura da Bíblia que o podemos conhecer mais dia após dia.

E eu posso dizer que o nosso construtor deixou-nos o seu manual de instruções para que possamos usufruir

de todos os recursos que ele estabeleceu nesta vida presente e na vindoura.

Nesta igreja, foi fundada uma associação civil sem fins lucrativos, chamada “Fuente de Luz”, a 1ª actividade

a desenvolver foi a criação de um refeitório infantil, chamado “Puntito”, onde quase 100 crianças recebiam

assistência alimentar dia após dia.

Todos os integrantes da associação eram colaboradores sem remuneração, e que sem pedir nada a câmbio

davam ou até ofereciam um momento do seu tempo para dar assistência na hora do almoço.

Outras das actividades que sempre estavam a decorrer, eram as parcerias com os centros de saúde, onde se

procurava atingir a vacinação integral do meio requerido.

A meu ver, a ajuda ao próximo sempre vai

ser pouca, mas a diferença sempre estará

em aquilo que podemos fazer por eles,

para uma melhor integração no futuro, e

até porventura estamos sem saber, a

estender a nossa mão a um futuro “Prémio

Nobel da Paz”.

6. Brasão

7. Comedor

Page 8: História de Vida

Técnico de Desenho e Projecto de Construção Civil.

Norberto Martín Alves da Costa – 09/2009. P á g i n a | 8

Autobiografia

O tempo foi passando, até chegar ao nosso 2º objectivo

como associação, e foi a criação de um infantário para

toda nossa cidade de Luján, chamado “LUCECITAS”,

onde foram implementadas novas ferramentas para as

gerações futuras.

Neste infantário não só ensinava histórias ou como

fazer um desenho, também se tinha integrado o ensino

de inglês, informática e educação cristã, ensinando-se

os valores e princípio que una pessoa deve ter para um

bom e exemplar percurso de vida perante a sociedade.

Uma nova actividade surge nesta comunidade, a criação de uma revista informativa e de educação cristã,

onde eu fui o principal responsável. O material chegava às minhas mãos e eu tinha a responsabilidade das

artes gráficas (design e impressão).

Depois de ter recebido o convite para o início desta nova actividade na associação, em conjunto iniciei-me

na área de informática, criando uma marca comercial chamada “KANONimpresor”.

Esta área na minha vida foi-se expandindo e comecei a realizar trabalhos a terceiros, como por exemplo:

cartões-de-visita, folhetos, autocolantes, e até uma revista promocional da filantrópica “Habitat for

Humanity”, a qual esta organização global não-

governamental tem como meta principal a

eliminação de todas as formas de moradia

inadequadas do mundo.

Actualmente, KANONimpresor tem a sua página activa

na internet oferecendo serviço de hosting e criação de

páginas Web em formato CMS.

8. Infantário

9. Habitat for Humanity

10. KANONimpresor

Page 9: História de Vida

Técnico de Desenho e Projecto de Construção Civil.

Norberto Martín Alves da Costa – 09/2009. P á g i n a | 9

Autobiografia

Ao longo da vida, tenho descoberto uma diversidade de habilidades muito grande, e que hoje em dia quero

seguir desenvolvendo, descobrindo e compartilhando-as.

No ano 2003, surge uma nova ideia para se experimentar e avaliar.

A Argentina nesse ano tinha entrado novamente num câmbio económico muito grotesco e inevitável para

toda uma sociedade de consumo. Depois de disfarçar por algum tempo uma economia totalmente estragada

por todos os governos (militares e democráticos), este último estabelece que, o valor de “um peso

Argentino”, seria igual a “um dólar Americano”. Toda uma nação acreditou nessa farsa, pouco tempo depois

o valor do dólar era três vezes superior ao peso Argentino e toda uma sociedade estava sujeita e submersa

aos créditos e empréstimos bancários para atingir o sonho da sua vida (carros, casas, empresas, campos, etc.)

e com estes, também muita gente foi à vida.

Depois de tomar novas decisões a este respeito, procurámos novos horizontes, o escolhido foi Portugal, a

minha terra paterna. Vir conhecer e experimentar, para avaliar, um novo campo de vida, momentaneamente,

era a única opção para libertar nossas vidas do stress que vinham

tendo.

O tempo de avaliação seria muito breve, só dois meses, o tempo de

duração da passagem de ida e volta, mas seria mais que suficiente

também para avaliar os fundamentos básicos, para iniciar um novo

projecto como família.

A minha entrada oficial em Portugal foi o dia 25 de Julho de 2003,

foi um momento inesquecível, às 11 horas da manhã, entrando em

Portugal pelo Oceano Atlântico, as suas praias estavam cheias de

gente, desfrutando de um agradável mergulho.

Nesse mesmo dia fiquei a dormir na casa de uns primos, na Freguesia de Casal de Cambra em Lisboa. Na

manhã seguinte do dia 26, começo a minha travessia até chegar à Aldeia das Aranhas, no Concelho de

Penamacor.

Depois de uns dias, começo a trabalhar como servente, com um pedreiro da aldeia de Aranhas, o qual, nesse

mesmo momento estava a construir uma moradia de luxo na mesma aldeia. No decorrer do tempo fui

rapidamente apanhando as novas formas de trabalho, conhecendo outros tipos de matérias e algumas

técnicas que na Argentina não se utilizam.

Os dias foram passando, de vez em quanto ia falando com minha esposa e comunicando-lhe tudo o que ia

acontecendo e com muita expectativa de ficar em Portugal, já que, em determinada altura na aldeia eram 8

pedreiros a trabalhar em diferentes obras. Fiquei mesmo assombrado por que a aldeia é muito pequenina

mas a economia parecia funcionar muito bem.

11. Passaporte

Page 10: História de Vida

Técnico de Desenho e Projecto de Construção Civil.

Norberto Martín Alves da Costa – 09/2009. P á g i n a | 10

Autobiografia

Considero-me um empreendedor e, depois de ter avaliado, o meu tempo de estágio e de chegar a conhecer a

cidade de Castelo Branco, os meus horizontes estavam-se alargando muito favoravelmente para seguir

desenvolvendo os meus ofícios.

Antes de chegar a viver definitivamente em Castelo Branco, e depois de minha saía da aldeia das Aranhas,

tive de fazer uma paragem na aldeia de Proença-a-Velha, onde estive trabalhando numa reserva de caça e

pesca, como operário temporal. A minha passagem por essas terras deram-me a conhecer a aldeia de Idanha-

a-Nova.

A passagem por esta pequena localidade levou-me a conhecer

mais desta linda região e conhecer uma igreja evangélica cristã

em Idanha-a-Nova, a qual tem sede em Castelo Branco, na zona

das Tilías. Foi através desta comunidade cristã que conseguimos

entrar na cidade tão desejada por nós, eles ofereceram-nos uma

casa onde viver e a ajuda necessária até encontrar emprego, o

qual não demorou muito tempo.

Novamente começo a trabalhar com um pedreiro da zona,

estabelecendo-me como o pedreiro artista da sua empresa. Por

mim, passavam todos os trabalhos a serem executados e

sobretudo, os de acabamento como por exemplo, massa fina,

azulejos, mosaicos, casas de banho.

O tempo foi passando e ia trabalhando como pedreiro durante o dia e, nas minhas horas vagas, estava a

desenvolver uma pequena serralharia artística. Já tinha dois meses de investimento e preparação na área de

serralharia, na internet estava a criar um site de vendas de produtos em ferro, tinha procurado ao nível

nacional provedores de matéria-prima para a elaboração de alguns artigos, e com um amigo tínhamos criado

um catálogo com mais de 30 produtos, criados para serem exibidos nas lojas de decoração de interiores, e

até em determinada altura, recebi um convite para expor os meus produtos na festa de verão na aldeia de

Aranhas, foi uma alegria muito grande já que nem sequer tinha de pagar o stand.

12. Igreja Cristã Evangélica

Page 11: História de Vida

Técnico de Desenho e Projecto de Construção Civil.

Norberto Martín Alves da Costa – 09/2009. P á g i n a | 11

Autobiografia

Aqui deixo uma representação gráfica do programa comercial que seria desenvolvido:

A apresentação na aldeia de Aranhas, foi muito boa, mas nessa mesma noite do 19 de Agosto de 2005, a

minha vida e a de minha família dariam uma viragem muito grande. Voltando da festa e já perto da cidade

de Castelo Branco tive um acidente com a minha carrinha, que se despistou e virou, eu fiquei dentro dela e o

meu braço esquerdo ficou preso debaixo da porta. Os bombeiros demoraram quase duas horas para tirar-me

desse lugar.

Acordei após 2 dias de internamento no Hospital de Coimbra. Fui transferido para Coimbra para reparar a

artéria principal do meu braço, já que ela tinha sido cortada, e no hospital de Castelo Branco não têm

cirurgia vascular.

Na semana a seguir já estava no hospital de Castelo Branco, onde me fizeram a restauração da perna

esquerda, a qual tinha sido partida em 4 sítios, (fémur, calcanhar, tíbia e perónio). Também posso dizer que

depois desse acidente converti-me num verdadeiro Português, já que cheguei a contar, no meu tempo de

internamento, a transfusão de 4 litros de sangue, para repor o que tinha perdido.

O tempo foi decorrendo, tive todo tipo de momentos, bons e ruins, alegres e tristes, mas tivemos a ajuda de

muitos amigos, os quais até o dia de hoje seguem vigentes em nossas vidas, nos deram muita força para

seguir adiante, já que, eu não tive direito a baixa, por que só tinha dois meses de caixa e o Estado pede 8

meses de antiguidade.

Co

mp

lexo

Met

alu

rgic

o

Ferr

o C

lass

ic •Fabricação Própria

•Mobilias e Art. de decoração.,Portões,

•Gradamentos,

•Serralharia em Geral.

•Representação Comercial

•Automatismos de,

•Portões, Portas, Acessos comerciais, Toldos, etc.

•Serviços

•Manutenção de Automatismos,

•Decapagem e Tinta,

•Restauração.

Áre

a C

om

erci

al •Clientes

•Empresas,

•Particulares,

•Instituções Privadas e Publicas.

•Comercialização

•Show Room,

•Vendedores,

•Internet,

•Folhetos,

•Catalogos,

•Ferias,

•Etc.

Serv

iço

s n

a Á

rea

Co

mer

cial •Área Comercial

•Show Room,

•Recepcionista,

•Vendedores,

•Assistencia Tecnica,

•Serviço de Entrega,

•Serviço post-venda,

•Decapagem,

•Rastauração,

•Serviço de Pintura.

Page 12: História de Vida

Técnico de Desenho e Projecto de Construção Civil.

Norberto Martín Alves da Costa – 09/2009. P á g i n a | 12

Autobiografia

Depois de começar a reabilitação física, também procurei uma forma de trabalho diferente dada as

circunstancias. Antes do acidente já tinha comprado um computador e havia tomado a iniciativa de começar

a mexer, mais profundamente, na Internet sabendo que poderia chegar a produzir algum tipo de ganho na

Net. Foi o único meio e área que favoreceria não só a minha economia, mas também me ajudaria

psicologicamente, porque todos os trabalhos que eu fazia eram desenvolvidos com as duas mãos, mas uma

delas depois do acidente ficou incapacitada.

Após avaliar a minha vida, acredito que sempre teremos possibilidades de desenvolver novas áreas e

descobrir os talentos que por vezes estão escondidos na nossa vida. Foi o meu caso, por enquanto eu estava

sujeito aos meus ofícios ou talentos, a vida deu-me a entender que os nossos ofícios são só meios para

desenvolver e ser atendido num determinado momento, e se ele um dia acabar, nós seguimos tendo a

possibilidade de usufruir de tudo o que há em nós e em nosso redor.

A vida não termina (só com a morte) depois de qualquer eventualidade que surja na nossa vida, sem lugar a

dúvida será um novo tempo para percorrer.

Dou graças a Deus por ter uma mulher que tem sido

muito forte e valente em suas decisões, e pelas duas

filhas que tenho, uma com 14 anos e outra com 7, as

quais estão totalmente lindas e estão integradas na

sociedade, estudando e participando de qualquer

evento que surja e sendo também grandes

colaboradoras em nosso lar.

Actualmente em Portugal, e depois de já quase 4 anos de uma desgraça com sorte, sigo em frente, pondo de

lado a cada dia, a tristeza de não poder fazer aquilo que tanto gostava, mas, acredito que não se pode viver

apegado ao passado, já que, quem vive do passado é o museu.

Graças as novas oportunidades oferecidas pelo Estado Português, tive a oportunidade de fazer o 9º ano, e

actualmente estar a frequentar uma dupla certificação ao nível escolar e profissional, o 12º, e o Desenho e

Projecto de Construção Civil, e é por meio desta iniciativa que à procura de um meio para aproveitar

qualquer oportunidade que se dê na minha vida.

Estou a desenvolver novos conhecimentos na área de informática relacionadas com a Net (códigos HTML,

PHP, etc.), e procuro ajudar ou colaborar, dia após dia, nas áreas que for preciso, sejam elas na família, com

os amigos, na sociedade, etc.