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Farmacotécnica Homeopática

Profª Aliana Alaine Alano

História da Homeopatia.

HOMEOPATIA A Homeopatia é uma especialidade médica, farmacêutica e veterinária, reconhecida pelos Conselhos Federais de Medicina, Farmácia e Medicina Veterinária. Ela também é exercida pelos dentistas e está em processo de reconhecimento no Conselho Federal de Odontologia. A palavra oriunda do grego: OMOIOS: semelhante, idêntico AOTHOS: sofrimento, doença Baseia-se na capacidade do organismo em manter-se em pleno equilíbrio. Como nosso organismo controla os processos vitais (nascimento, vida, doenças e morte)? Através da ENERGIA VITAL, que mantém nosso organismo (nossas funções vitais) em perfeito funcionamento SAÚDE, reagindo por si só diante das agressões com o objetivo de restabelece-la. Quando há uma desorganização, uma alteração desta ENERGIA sem que o organismo consiga corrigi-lá, instalam-se as DOENÇAS.

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Cada um tem a sua força vital única, por isso cada um reage de formas diferentes diante das agressões que surgirem. O Individuo é uma interação entre a Vitalidade (E.V.) e a doença natural (individual, genética) ou prévia (morbidade prévia – M.P.), quando a equação se inverte aparecem os sintomas. A EV e a MP são inversamente proporcionais. 427 a C. O filósofo Platão reconhece a existência da E.V. 438 a 377 a C. Hipócrates, pai da medicina, descrevia que: estado patológico era um fenômeno geral, onde existiam doentes e não doenças. Os curandeiros, pajés... buscavam empiricamente a maneira de aliviar o sofrimento, onde buscava-se obter a “cura” através de uma planta que provocasse sensações idênticas àqueles que o doente sentia. Aparece então o primeiro relato do “ SIMILIA SIMILIBUS CURANTUR”. Entre os séculos I e V, os romanos tiveram grandes progressos na medicina. Os médicos romanos, dentre eles CELSUS, GALENO Y DESCARTES, melhoraram o conhecimento sobre a estrutura e funcionamento do corpo humano, contestadores do pensamento de Hipócrates, atribuíram ao princípio “CONTRARIA CONTRARIS” a única via para o tratamento médico. Era a medicina da objetividade, da comprovação, “é certo porque vejo”. Apesar do avanço da compreensão do funcionamento do corpo humano, o conhecimento da natureza das enfermidades seguiu firme como um a idéia de uma força mística. No princípio do século XVI , graças a obra do médico suíço Paracelsus (1493-1541) as causas das enfermidades se vincularam a forças externas. Mais uma vez se defendia o princípio segundo o qual semelhante cura semelhante, porém não foi o suficiente para que a Homeopatia se popularizasse.

SAMUEL CHRISTIAN FRIEDERICH HAHNEMANN

HAHNEMANN acreditava numa força maior a Força Vital que se sobressaia acima de qualquer atividade mecânica (VITALISMO). Enquanto outras correntes acreditavam que as atividades vitais eram decorrentes puramente da organização biológica (ORGANICISMO). Nasceu em 11/04/1755 na Alemanha.

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Aprendeu vários idiomas (grego, latim, hebraico, inglês, sírio , espanhol, alemão e italiano). Com 12 anos já ensinava grego. - Seu pai não queria que ele estudasse e sim que fizesse algo que ajudasse na renda familiar. Seus professores não permitiram que isto acontecesse. - Em 1755 foi para Leipzig, estudar e se sustentava ensinando alemão e francês e fazendo traduções para o inglês. - Estudou medicina em Viena entre 1775-1779 (dos 20 aos 24 anos). - Casou-se em 10/11/1782 com Johanna Henriette Leopoldina Küechler. - Neste ano escreve sua primeira obra “ Os Primeiros Ensaios Médicos”. - Pela primeira vez ataca as concepções da medicina da época dizendo “É a eleição e a maneira de usar o medicamento que caracteriza o verdadeiro médico...” - De 1785 a 1790, escreveu obras originais e traduziu obras estrangeiras que reunidas representam mais de 3.500 páginas. - Apesar de ter atingido uma relativa prosperidade desde o tempo que residiu em Dresde, Hahnemann decide abandonar a medicina. O que mais influenciou esta decisão foi sua incapacidade de tratar das graves doenças que acometeram alguns de seus filhos (total de 11). Hahnemann observara a ausência de base científica da terapêutica, sem uma lei diretriz, sem previsão. Uma medicina que fazia sofrer os doentes, onde era comum a aplicação de cáusticos violentos e sangrias. Tentando um último esforço, prescreveu um ou mais medicamentos de sua confiança, considerados heróicos. Seu amigo, na manhã seguinte era um cadáver. Não suportou este golpe e com o cadáver do amigo foi sepultada a dúvida que ainda poderia ter sobre o valor da terapêutica alopática de sua época. - Nos doze anos seguintes a 1789, Hahnemann mudou de residência vinte vezes, e vivia praticamente na miséria, com a mulher e seus filhos em um único quarto. Tendo abandonado a medicina, vivia de traduções. Não clinicava, mas continuava estudando a medicina, à procura de algo que ele não sabia, mas pressentia existir: uma lei racional de cura. Ele já compreendia que a primeira condição para usar com vantagem os medicamentos era conhecer seus efeitos sobre o organismo humano.

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- Traduz a Matéria Médica de William Cullen, médico escocês, editada em Edimburgh, em 1788 e não se convence da ação terapêutica da China ser devida a uma ação fortificante sobre o estômago. Relata: “Eu tomei, durante vários dias, a título de experiência, quatro dracmas de boa quinina, duas vezes por dia. Meus pés e a ponta dos meus dedos ficaram primeiramente frios; eu fiquei cansado e sonolento; em seguida meu coração começou a palpitar; meu pulso ficou duro e rápido; uma ansiedade intolerável e tremedeiras (mas sem calafrios); cansaço em todos os membros; depois pulsações na cabeça, rubor na face, sede; em breve todos os sintomas habitualmente associadas à febre intermitente aparecerem sucessivamente, sem apresentar os reais calafrios. Para resumir, todos estes sintomas que para mim são típicos de febre intermitente apareceram sucessivamente, como a estupefação dos sentidos, um tipo de enrijecimento de todas as articulações, mas, acima de tudo, o entorpecimento, uma sensação desagradável que parece ter sua sede no periósteo de todos os ossos do corpo. Tudo apareceu. Esta crise durava, cada vez, de duas a três horas e se reproduzia quando eu repetia a dose e não de outra forma. Eu parei o remédio, e me reencontrei uma vez mais em boa saúde”. “A casca peruana, que é utilizada como remédio contra a febre intermitente, age porque ela pode produzir sintomas similares aos da febre intermitente no homem são.” Desta forma relatou-se pela primeira vez o QUADRO PATOGENÉTICO de um medicamento, ou seja, a droga apresenta todos os sintomas artificiais semelhantes aos naturais de uma doença. - A primeira experimentação de China permitiu reformular o antigo princípio da similitude. Assim, 1790 é considerado o ano do nascimento da Matéria Médica Homeopática. Nascia a Homeopatia. Hahnemann experimentou diversas substâncias (Belladona -no tratmento de escarlatina - , Arsênio...) e esperava a oportunidade de comprová-las publicamente. - Em 1792, começou a tratar em uma casa de saúde para enfermos mentais. Hahnemann curou casos de loucura e prescrevia por correspondência. - Em 1796 publica o primeiro ensaio sobre a nova doutrina: “Ensaio sobre um novo princípio para descobrir as virtudes curativas das substâncias medicinais.” Escreveu um pequeno trabalho “pequeno opúsculo de segredos úteis”. Seus adversários encontraram nele pretexto para atacá-lo.

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Os farmacêuticos o odiavam, pois Hahnemann reclamava para os médicos o direito de preparar seus medicamentos. - Em 1799, Hahnemann controlou uma epidemia de Escarlatina com o medicamento Belladona. - Em 1808, Hahnemann entrou num período de glória. A clientela aumentava pelos resultados que obtinha com a nova medicina. - Em 1811, Hahnemann solicitou autorização para realizar conferências na universidade de Leipzig. Fez sua primeira conferência, em 26 de junho de 1812, em latim. - Em 28 de setembro de 1812 foram inauguradas as suas conferências com grande assistência. Hahnemann tinha, então, 57 anos de idade. Abria o Organon e começava a comentá-lo com entusiasmo e atacava a alopatia, provocando desagrado de muitos. Apesar disto conseguiu reunir seus primeiros discípulos: Franz Hartmann, Gustav Wilhelm Gross, Christian Gottlob Hornburg, Langhamer, os dois irmãos Ernst Ferdinand e Théodor Johann Rückert, Johann Ernst Stapf e W. E. Wislicenus. - Hahnemann conseguiu chamar a atenção para a nova medicina. Inaugurou, em sua residência, o Instituto homeopático, onde recebia os discípulos e ministrava um curso de 6 meses de duração. - Em 1813, uma epidemia de tifo atingiu Leipzig e o êxito de Hahnemann, obtendo curas fantásticas, foi excepcional, curando 178 de 180 casos com apenas uma fatalidade . Porém a Homeopatia sofria sucessivos ataques. Até então Hahnemann utilizara os medicamentos em tinturas e baixas diluições. - Em 1821, abandona Leipzig e vai para Koethen. Durante os 15 anos que viveu em Koethen, quase não saia de casa. Sua clientela, seus estudos e o carinho da família lhe bastavam. Os ataques às teorias homeopáticas atingem o auge em 1825, com o emprego das doses infinitesimais. - Em 31 de março de 1830 falece sua esposa. - Casa-se novamente com Melanie. Mudaram para Paris. Caso notável foi a cura da filha de Ernest Legouvé, membro da academia francesa. Sua filha de 4 anos fora desenganada pelos médicos mais famosos de Paris. Hahnemann a observou durante algum tempo e no dia seguinte iniciou o tratamento. Houve uma agravação no décimo dia e por fim a menina se curou. Isto provocou muita discussão e a academia de medicina solicitou ao ministro Guizot que proibisse Hahnemann de exercer a homeopatia. O ministro negou o pedido com estas considerações:

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“Hahnemann é um sábio de grande mérito. A ciência deve ser para todos. Se a homeopatia é uma quimera ou um sistema sem valor próprio, cairá por si mesma. Se for, ao contrário, um progresso, se difundirá apesar de todas as nossa medidas de preservação; e a academia, antes que ninguém, deve desejá-lo, pois tem a missão de fazer progredir a ciência e de alentar seus descobrimentos”. . Na grande epidemia de cólera de 1831, a Homeopatia perdeu apenas 6 de 154 pacientes. A medicina convencional da época perdeu 821 de 1501 casos (55%). Nesta época Hahnemann também deu um espantoso ensinamento de Saúde Pública para época, publicando conselhos sobre ventilação, higiene, esterelização, infecção e quarentena. Há que se lembrar que o bacilo do cólera, foi somente descoberto por Koch em 1883, e isto valoriza a inteligência privilegiada e o poder de observação do Mestre. O Dr. Hahnemann não era um teórico, mas um magnífico praticante da Arte de curar, e trouxe para nós não apenas mais uma Doutrina Terapêutica, mas um novo conceito de Medicina . - Hahnemann falece de uma afecção brônquica no dia 3 de julho de 1843, às 5 horas da manhã, aos 88 anos de idade, em sua casa em Paris, à Rua de Milan, n° 1.

PERÍODO PÓS-HOMEOPÁTICO DE HAHNEMANN Medicina Assepsia – publica trabalho sobre a assepsia com a proposta de uso de um sublimado mercurial, isto por ter observado os barbeiros drenando abscessos e as parteiras atendendo as parturientes. �Saúde pública - desenvolveu um método para a purificação da água que naquela época já estava suja e contaminada, através do uso do nitrato de prata e a seguir o sal, provocando floculação e desidratação. Mineração �Publica trabalho sobre a intoxicação dos mineradores nas minas de prata, por cobalto e cobre. Indústria Trabalho sobre a intoxicação das pessoas que usavam roupas vermelhas coloridas com cobalto. �Trabalho sobre a intoxicação das pessoas que cozinhavam com panelas de chumbo. Trabalho sobre a intoxicação pelo carvão mineral nas cidades que o usavam na calefação ao invés do carvão vegetal.

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Observa e destaca a cura dos problemas respiratórios destas pessoas quando estas usavam o pó do carvão mineral em pomada com vaselina no peito. Aperfeiçoou vários testes de bromatologia e criou métodos para a tintura dos tecidos. Criou testes para pesquisa de adulteração dos vinhos. Farmácia Trabalho sobre a intoxicação pelo arsênico, através do levantamento de inúmeros casos de intoxicação por este, que na época era amplamente vendido nas farmácias como febrífugo. Realizou um trabalho de intoxicação experimental com o arsênico em 350 cachorros – as farmácias foram então proibidas da venda deste após ter mostrado este seu trabalho no parlamento. �Começou a trabalhar com o chá da folha de salgueiro como febrífugo. Trabalhou durante um período procurando quimicamente a substância ali contida que abaixava a febre. Não prosseguiu neste trabalho, senão teria descoberto o ácido acetil salicílico 50 anos antes de ele ser isolado da casca do salgueiro por químicos ingleses, ou 100 anos antes dele ser sintetizado pelos estadunidenses. Foram estes e outros tantos trabalhos de Hahnemann que levaram ao seguinte comentário de Christoph Wilhelm Hufland (o principal comentador científico do século XVIII na Europa): “Hahnemann era o mais ilustre médico entre todos os químicos e o mais ilustre químico entre todos os médicos, um consultor honesto, dedicado ao progresso industrial e ao bem estar do seu semelhante, e que o seu compromisso era com a humanidade”.

PRINCIPAIS OBRAS DE HAHNEMANN ��1779 – Etiologia e terapêutica das afecções espasmódicas, que foi sua tese para receber o grau de doutor em medicina na Universidade de Erlangen. ��1784 – Guia para curar radicalmente as feridas antigas e as úlceras pútridas. ��1786 – Sobre o envenenamento pelo arsênico, seu tratamento e sua constatação do ponto de vista legal, 276 páginas. ��1787 – Os caracteres de pureza e de falsificação dos remédios, 350 páginas. ��1789 – Instruções para os cirurgiões sobre as doenças venéreas, com a indicação de uma nova preparação mercurial, 292 páginas. ��1792 – O amigo da saúde, 100 páginas. ��1793 – Dicionário de Farmácia (A/E), 280 páginas. 1795 - Dicionário de Farmácia (F/K), 244 páginas. 1798 - Dicionário de Farmácia (L/P). 1799 - Dicionário de Farmácia (Q/Z). ��1796 – Manual para as mães. ��1796 - Descrição de klockenbring em sua loucura, 9 páginas. ��1796 - Ensaio sobre um novo princípio para descobrir as virtudes curativas das substâncias medicinais, seguido de alguns comentários sobre os princípios

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admitidos até nossos dias, 144 páginas e primeira publicação sobre a nova doutrina. ��1801 - Cura e profilaxia da escarlatina. ��1801 - Sobre o poder das pequenas doses de medicamentos em geral e da belladona em particular. ��1801 - Observações sobre os três métodos correntes de tratamento. ��1803 - Sobre os efeitos do café, 30 páginas. ��1805 - Esculápio na balança, 40 páginas. ��1805 - Fragmenta de viribus medicamentorum positivis in sano corpore humano observatis. ��1805 - A medicina da experiência, 55 páginas. ��1808 - Valor dos sistemas especulativos em medicina, 11 paginas. ��1810 - Organon da Medicina Racional, com 222 páginas. A segunda edição foi publicada em 1819 com o título Organon da Medicina, que preservou nas demais edições, com 371 páginas. A terceira edição foi publicada em 1824, com 281 páginas. A quarta edição, em 1829, com 307 páginas. A quinta edição, em 1833, com 304 páginas. Os originais da sexta edição, estavam prontos, antes da morte de Hahnemann, para serem editados. Porém, foi Richard Hael, com a ajuda financeira de William Boericke, quem comprou, anos após, dos herdeiros de Hahnemann toda a sua obra literária, constituída de 54 caixas, com arquivos das histórias clínicas de seus pacientes, quatro volumes de 1500 páginas de um repertório alfabético, ainda não publicado, 1300 cartas de médicos de todas as partes do mundo e a sexta edição do Organon, constituída pela quinta edição, com anotações de Hahnemann e correções à margem, datada de fevereiro de 1842, em Paris, e que veio a ser publicada somente em 1923. ��1811 - Matéria Medica Pura, 1ª parte. 1816, 2ª e 3ª partes. 1818, 4ª parte. 1819, 5ª parte. 1821, 6ª parte. ��1812 - Dissertação sobre o helleborismo dos antigos, tese histórica para a faculdade de Leipzig. ��1813 - Espírito da nova medicina. ��1816 - Tratamento inadequado das doenças venéreas. ��1828 - Doenças crônicas, 1ª edição. ��1832 - Introdução do repertório de Böenninghausen. ��1835 - Doenças crônicas, 2ª edição. Levantamento estatístico de seus trabalhos: 126 Trabalhos, sendo 105 obras criadas e 21 traduções. Línguas: alemão (102 trabalhos); inglês (14 trabalhos); francês (6 trabalhos); latim (3 trabalhos) e italiano (1 trabalho).

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A HOMEOPATIA NO BRASIL Logo no início do século XIX, ainda em 1810, José Bonifácio de Andrada e Silva (o Patriarca da Independência), que era naturalista com destaque na minerologia conheceu a teoria homeopática por meio de cartas de Hahnemann que apresentou-lhe a Homeopatia, como fazia habitualmente a seus correspondentes. Em 1811, novas informações sobre a Homeopatia no Brasil. O Prof. Dr. Antônio Ferreira França, que ministrava aulas na Faculdade de Medicina e Cirurgia da Bahia, fazia considerações descabidas e maledicentes sobre esta, desestimulando novos alunos a terem contato com o conhecimento homeopático. Em 1836, surgiram os primeiros fatos oficiais em relação à Homeopatia. Neste ano, a Academia Imperial de Medicina publicou artigos que tratavam sobre a doutrina homeopática falseando e deturpando as colocações feitas por Samuel Hahnemann, no Organon da Arte de Curar, editado em 1826. Alguns homeopatas estrangeiros se estabeleceram no Brasil. O primeiro médico homeopata do Brasil foi o Dr. Duque-Estrada (Domingos de Azevedo Coutinho de Duque-Estrada). Outros foram: Thomaz Cochrane, médico escocês formado pela Universidade de Londres, que chegou ao Rio de Janeiro em 1829; e o francês Emílio Germon, autor do Manual Homeopático, editado em 1843. Em 1840, aportou, no Rio de Janeiro Dr. Benoit Jules Mure e mais de cem famílias francesas. Bento Mure, como ficou conhecido nasceu em Lyon, na França, em 1809. Foi salvo pela Homeopatia em 1833, quando tuberculoso. Em sua curta estada no Rio, mais propriamente na Lapa, o Dr. Mure clinicou e difundiu a Homeopatia através de suas curas "miraculosas". Neste período, conheceu o Dr. Souto Amaral, célebre cirurgião brasileiro, que veio a abraçar a Homeopatia através de seus ensinamentos. Após ter recebido licença do Governo Imperial e ter escolhido o local para a implantação de sua colônia, Bento Mure partiu, em 22 de dezembro, com as cem famílias, a bordo do navio Caroline para colonizar a península do Sahy, na divisa do Paraná com Santa Catarina, no encontro dos rios São Francisco e Sahy. Neste local, chegou no dia 21 de novembro, data escolhida para a comemoração da Homeopatia no Brasil. Mure, como médico homeopata, viera, entretanto, com o fim não de difundir a homeopatia no Brasil, mas de realizar um projeto de fundo social. O temperamento irrequieto de Benoit Mure, não permitiu que se deixasse abater pelos insucessos do Saí. Antes de voltar para o Rio de Janeiro, Mure instalou o

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Instituto Homeopático do Sahy, em 1842, e uma Escola Suplementar de Medicina, com o objetivo de preparar médicos já diplomados na arte homeopática, sob orientação do Dr. Thomaz da Silveira, médico militar, convertido à Homeopatia por ele. Em meados de 1843 abandonou a colônia, dedicou-se a dar continuidade às atividades que iniciara já em 1841, no Rio de Janeiro, como médico homeopata. Através do Jornal do Commércio, divulgava já em 1841 o projeto para a formação de um Instituto Escola Homeopático. Em dezembro de 1843, fundou o Instituto Homeopático do Brasil, no local do primeiro consultório homeopático na cidade do Rio de Janeiro, à Rua São José, nº 59, com o objetivo de propagar a homeopatia em favor dos pobres. Existiam vários consultórios médicos destinados à propagação da nova ciência através de atendimento a pacientes, além da preparação dos medicamentos homeopáticos. Além destes postos de atendimento, Bento Mure, e João Vicente Martins, diplomado em Lisboa, criaram mais 26 locais de assistência ambulatorial. Eram principalmente os médicos homeopatas, quase os únicos, que atendiam à população carente e escrava nesta época. No período posterior a 1840, a Homeopatia foi largamente discutida pela imprensa, principalmente no jornal do Comércio. Sua imagem era denegrida através dos professores e grandes doutores em medicina, da Bahia e do Rio de Janeiro, e arduamente defendida pelo próprio editor do jornal, o Dr. José da Gama e Castro, que abria espaço permanente para as matérias polêmicas de João Vicente Martins e para os homeopatas da época. Bento Mure era ambicioso e desde o princípio projetava equiparar a homeopatia no Brasil ao patamar em que era praticada no exterior. Para isso, o primeiro passo seria o da divulgação da nova ciência e, em seguida, o da criação de uma Escola capaz de formar médicos homeopatas e formá-los dentro dos princípios Hahnemannianos puros. A Escola devia ainda proporcionar um ensino teórico (história da Homeopatia, cursos de terapêutica, posologia e farmacologia) e prático (experiências no homem são, prática à cabeceira dos leitos e preparo de remédios). Assim, em 12 de janeiro de 1845, foi apresentado um plano de criação de uma Academia de Medicina Homeopática e Cirurgia. Os estatutos foram redigidos e foi então fundada e inaugurada a Escola Homeopática do Brasil (primeira escola de formação homeopática), que funcionava com autorização do Governo Imperial, mas que não permitia aos seus diplomados o exercício da clínica, e com a direção de Bento Mure. Em seus primeiros anos de existência, o Instituto difundia a homeopatia através da instalação de outros consultórios pela Corte e interior das províncias do Rio de

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Janeiro e São Paulo, tendo à frente dessa iniciativa Benoit Jules Mure e João Vicente Martins. Além dos consultórios, fundaram também uma farmácia homeopática denominada Botica Homeopática Central, localizada no mesmo endereço do consultório central (rua São José, 59), considerada a primeira instalada no Brasil, e a Casa de Saúde Homeopática na chácara do Marechal Sampaio (Largo do Castelo, 17), fundada em fevereiro de 1846 por Bento Mure. Amparada pelo aviso da Secretaria dos Negócios da Justiça, de 27/3/1846 e pela lei que estruturou o ensino no Brasil, de 3/10/1846, a Escola Homeopática do Brasil é autorizada, pelo Governo Imperial, a conferir certificados de estudo aos homeopatas que concluíssem seu curso. Para difundir os progressos da homeopatia no Brasil, Mure e seus companheiros fundaram uma revista, chamada A Sciência, que começou a circular em 1847. Além de uma discussão teórica, a revista divulgava também dados interessantes sobre o movimento homeopático que tomava impulso no país. Em setembro de 1847, divulga-se pela revista, por exemplo, que o consultório homeopático da rua São José, atendia por mais de três horas por dia, tinha três mesas de consulta que no prazo de uma semana chegam a atender a 100 pacientes, que teria recebido 3 mil doentes no prazo em que o de Nova York recebera apenas 100. No mesmo lugar do consultório funcionava ainda, desde 1845, a Sociedade Hahnemanniana. Era uma sociedade científica que visava o "exame e o aperfeiçoamento teórico e prático da homeopatia" (A Sciência, out. 1847. Por esta época há o rompimento entre Mure e Duque Estrada (1812-1900). Este obtivera o diploma em medicina em 1833 pela Faculdade de Medicina da Corte e em 1840 elegeu-se deputado à Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro. Dizia ter rompido com a medicina tradicional, porém para conservar as suas posições praticava a alopatia. Enquanto Mure defendia a maior liberdade possível no exercício da homeopatia, o seu colega admitia que só poderiam praticar a nova ciência os diplomados em escolas regulares de medicina. O principal motivo da cisão foi que Duque Estrada não podia admitir que "a nobre ciência médica" viesse a ser praticada pelo povo, pessoas sem conhecimento, mal preparadas inclusive, na sua opinião, para executar até mesmo as tarefas mecânicas às quais estavam habituadas. Em abril de 1848, deixou o país. A contribuição do Dr. Mure para a definitiva implantação da homeopatia no Brasil é inegável. Segundo números fornecidos por Sophie Liet, que foi sua aluna, e o acompanhou posteriormente ao Egito, Mure teria deixado, só na província do

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Rio de Janeiro, mais de 25 dispensários, e no restante do império, 50. A sua obra intitulada "Prática elementar da homeopatia", teve uma tiragem de mais de 10.000 exemplares e serviu para a aplicação nas plantações de cana de açúcar, onde houve uma melhora no que se refere à saúde dos escravos, com uma baixa da mortalidade de 10% para 2 ou 3%. Mure também formou mais de 500 alunos que passaram a praticar a homeopatia em toda a América do Sul. Entre novembro de 1848 e março de 1849, João Vicente Martins escreveu artigos nos jornais alertando a população para o perigo de uma epidemia de cólera, quando chegou a oferecer medicamentos homeopáticos ao Imperador Pedro II, para tratamento da doença na Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro. Dirigiu-se à Câmara dos Deputados em fevereiro de 1850, oferecendo medicamentos homeopáticos para tratamento da febre e propondo que fossem criados hospitais onde estes pudessem ser ministrados, deixando a cargo do doente a escolha pelo tratamento alopático ou homeopático. No mês seguinte, não tendo obtido resposta, encaminhou novo oferecimento, sendo então ameaçado de deportação por sua insistência e crítica ao tratamento utilizado pela medicina alopática. Alguns anos depois, em 1859, por divergências com o Dr. Duque Estrada, bem como, entre os companheiros que lhe eram afins, houve uma ruptura e a formação de duas novas instituições: o primeiro Instituto Hahnemanniano do Brasil e a Congregação Médico-Homeopática Fluminense, que enfraquecidas, sucumbiram. A Homeopatia e a industria ligada às grandes corporações Após a I Guerra Mundial, as fundações ligadas às grandes corporações passaram, por interesse de mercado e com isso, o período áureo da homeopatia entrou em decadência: primeiramente, nos Estados Unidos e, posteriormente, no Brasil. Somente em 1950 foi organizado o “II Congresso Brasileiro de Homeopatia”, constatando-se, portanto, uma lacuna de 24 anos na organização dos congressos médicos homeopáticos no Brasil. A partir deste, os congressos médicos homeopáticos brasileiros mantiveram uma média bianual. A Lei nº 1.552, de 8/7/1952, tornou obrigatório o ensino de Noções de Farmocotécnica Homeopática nas Faculdades de Farmácia do Brasil. O Decreto nº 57.477, de 20/12/1965, regulamenta a manipulação, receituário e venda de produtos utilizados em homeopatia. Não podemos deixar de destacar dentre outros, que favoreceram a Homeopatia em nosso país, grandes figuras de nossa cultura ligadas à Homeopatia como Monteiro Lobato e Rui Barbosa.

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A Ciência Homeopática que vinha, desde a metade do século passado, ganhando força e se expandindo no cenário mundial, foi também duramente abalada em sua evolução, por ter sido afastada das Universidades (pólos de irradiação do conhecimento e formadores da opinião social).

O renascimento da Homeopatia no Brasil a partir da década de 70.

No final da década de 1970, a consciência sobre as questões relacionadas com os ecossistemas e com a valorização do ser, se estendeu para além dos homens de ciência e atingiu a população em geral, produzindo, com isto, um movimento de contestação também da classe médica, insatisfeita com a forma de atenção médica ensinada pela medicina dita “oficial”. Esta passou a buscar formas de entendimento do processo de doença que se distanciassem da compartimentalização apresentada pela visão das especialidades médicas. Pelo Decreto nº 78.841, de 25/11/1976 (suplemento nº 4 do Diário Oficial de 6/1/77), foi aprovada a Parte Geral da Farmacopéia Homeopática Brasileira. A Farmacopéia Homeopática Brasileira teve publicação autorizada pelo Ministério da Saúde através do Processo nº 4.556/77 - RJ, com base no artigo 6 do referido decreto e foi publicada ainda em 1977. Neste cenário, a Homeopatia, no Brasil, recebeu novo impulso, a partir do XIII Congresso Brasileiro de Homeopatia e I Encontro Nacional de Estudantes Interessados em Homeopatia (I ENEIH), no Rio de Janeiro em abril de 1977. Dali saíram reforçados incipientes grupos para a difusão da Homeopatia em todo o Brasil. Das discussões encabeçadas pelos grandes pólos homeopáticos do país, nasceu na data de 24 de Novembro de 1979 a Associação Médica Homeopática Brasileira – AMHB que é a atual representante de todos os médicos homeopatas do país. Também em 1977 a Homeopatia passou a ser reconhecida como uma especialidade farmacêutica, contrastando com o fato de dois anos antes, em 1975, ter sido eliminada a Homeopatia do currículo da Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro. Assim, a Homeopatia é beneficiada, retornando num ritmo crescente em termos de prestígio, notoriedade e demanda por parte dos pacientes e dos colegas médicos interessados, até os nossos dias, quando já não existe mais conotação de modismo e sim de uma realidade, o reconhecimento de um velho-novo campo do conhecimento médico.

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Porém, nos primeiros 10 anos, a AMHB teve dificuldades em atuar como instituição, pois as associações estaduais não tinham a organização e articulação políticas necessárias para fazê-la funcionar, além da tradição de divisão entre os homeopatas e da discussão entre os unicistas e os pluraristas. Com o tempo os homeopatas foram amadurecendo estas questões. No ano de 1980, houve uma grande conquista da Homeopatia brasileira, que foi o reconhecimento pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) da Homeopatia como Especialidade Médica, através da resolução CFM nº 1.000, de 4 de junho de 1980. Figura importante desta articulação foi o Dr. Alberto Soares de Meirelles. Em 1982 o CFM estabelece as instruções para obtenção do Título de Especialista em Homeopatia. Consubstanciou-se uma denominação que vinha desde o Código Sanitário do Império, em 1886. Em 1986 a VIII Conferência Nacional de Saúde recomendou a introdução de práticas alternativas de assistência à saúde no âmbito dos serviços de Saúde, possibilitando ao usuário o acesso democrático de escolher a terapêutica preferida. Em 198_, realiza-se o primeiro concurso público para médicos homeopatas no Hospital do Instituto de Assistência aos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Desde então diversos serviços públicos em vários estados brasileiros têm realizado concursos para médicos homeopatas.

A Homeopatia nas Universidades

Também nas universidades brasileiras observamos aos poucos a retomada da inclusão da Homeopatia em suas faculdades de farmácia, medicina, odontologia e medicina veterinária como foi apurado em uma pesquisa, realizada em 2002, que mostrou a existência de disciplinas de Homeopatia em nível de graduação, de diversas formas, em 18 universidades em 12 estados. Assim, com estes cursos e sua crescente expansão, na área de graduação, e os cursos de formação para obtenção de Título de Especialista por prova realizada pela AMHB e aquelas realizadas pela ABFH e AMVHB, está se assegurando a formação suficiente de profissionais farmacêuticos, médicos e veterinários para suprir a demanda pelo tratamento por esta especialidade em nosso país.

A FARMÁCIA Neste contexto de fortalecimento da homeopatia, é bom lembrar a atuação dos farmacêuticos homeopatas, que desde os meados dos anos 80 têm formado cada vez mais especialistas.

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Muitos farmacêuticos, principalmente mulheres (95%) acabaram abrindo suas próprias farmácias, o que resultou no fato de nenhum grande laboratório conseguir se instalar no Brasil, o contrário do que aconteceu na Europa. As receitas aqui são aviadas com os medicamentos sendo manipulados praticamente no momento da venda. No XIX Congresso Brasileiro de Homeopatia surgiu a criação de uma associação de classe dos farmacêuticos homeopatas. Em maio de 1989 foi realizado, no Rio de Janeiro, o Primeiro Encontro Nacional dos Farmacêuticos Homeopatas. Em 1990 foi fundada a Associação Brasileira de Farmacêuticos Homeopatas - ABFH. A ação da ABFH tem sido muito importante na padronização das medicações, supervisão de preparação, fonte das tinturas, modo de aviação, etc. Nos últimos 10 anos, tivemos também a estruturação do Título de Especialista em Farmácia Homeopática conferido através de Prova de Titulação realizada pela ABFH. Esta também foi responsável pela confecção do MANUAL DE NORMAS TÉCNICAS em farmácia homeopática. A boa organização dos farmacêuticos homeopatas brasileiros, sua boa relação com os médicos homeopatas desde o início do desenvolvimento da Homeopatia em nosso país e o grande número de farmácias homeopáticas aqui existentes têm impedido e podem continuar a impedir, dependendo de nossa convicta vigilância, a entrada de laboratórios estrangeiros de medicamentos homeopáticos no Brasil, contribuindo para a manutenção do bom nível da Homeopatia em nosso país.

A VETERINÁRIA Os veterinários brasileiros já contam com a intensa atividade de sua entidade nacional, a Associação Médico Veterinária Homeopática Brasileira, que em agosto de 2003 promoveu em São Paulo / SP, o “I Congresso Brasileiro de Homeopatia Verterinária”.

A ODONTOLOGIA A Homeopatia ainda não é reconhecida como especialidade pela ABCD, mas este processo encontra-se em andamento. As pessoas, de modo geral, não sabem como é aplicada a Homeopatia na área odontológica, e se perguntam se os dentistas homeopatas fazem tudo aquilo que os outros fazem. Como já vimos, a Homeopatia possui a limitação do procedimento cirúrgico; ou seja, a Homeopatia é um modo de tratamento clínico, não sendo incompatível ou contrária ao tratamento cirúrgico, quando este realmente se faz necessário. E o procedimento odontológico é normalmente um tipo de ato cirúrgico. O dentista homeopata realiza todos os procedimentos para tratamento dentário que o dentista não homeopata, o que o diferencia é que ele, pelo seu conhecimento homeopático, consegue enxergar o indivíduo como um todo, e não

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somente como boca e dentes. Com isso o tratamento é realizado de forma mais humana, sendo valorizada a pessoa inteira, com seus sentimentos, sensações e necessidades. Além disto o dentista homeopata conta com um arsenal de medicamentos menos agressivos e mais abrangentes, que o auxiliam no tratamento dentário convencional. Encontramos os mais diversos medicamentos, tais como medicamentos para irrigar os canais a serem tratados, tratar abscessos, diminuir a dor, bochechos, diminuição na quantidade de tártaros e placas bacterianas. Além destes medicamentos, de atuação mais localizada, os dentistas homeopatas podem também utilizar de outros que agem também a nível constitucional, como por exemplo aqueles que atuarão desde a vida uterina e a primeira infância, proporcionando à criança uma maior resistência à cárie e ajudando na erupção dos dentes de leite e permanentes. Existem outros medicamentos também que podem ser utilizados no sentido de tornar a visita ao dentista mais gratificante; alguns podem ser usados para diminuir a salivação, por exemplo, enquanto que outros, sem se constituírem em calmantes (como os que existem na alopatia) conseguem diminuir os medos e ansiedades de determinadas pessoas frente à consulta odontológica. A Associação Brasileira de Cirurgiões Dentistas Homeopatas – ABCDH promove os Congressos Brasileiros de Homeopatia em Odontologia.

OS CURSOS EM TODO O PAÍS Existem vários cursos de formação em Homeopatia para médicos, médicos veterinários, farmacêuticos e dentistas no Brasil. A maioria deles é oferecida por associações estaduais. Existem também cursos de entidades privadas, em sua maioria de formação unicista.

HOMEOPATIA PARA TODOS

Homeopatia para todos é uma campanha promovida pela AMHB, através de sua Comissão de Saúde Pública juntamente com o Ministério da Saúde, que está sendo feita para se levar a Homeopatia a um maior numero de pessoas, através da medicina pública. Esta campanha também visa a incentivar a formação de farmácias homeopáticas e a contratação de médicos homeopatas, o que vai estimular mais médicos a estudarem a Homeopatia. A Homeopatia tem sua importância na saúde pública não somente pela vantagem de sua forma de tratamento, como também pelo seu baixo custo, ajudando a melhorar o sistema de atenção médica nacional, e tendo muito mais a ver com as condições e a índole do povo brasileiro. Encontra-se

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possibilitada a sua expansão pela reforma sanitária vigente no país, que procura mudar o modelo assistencial atual, em face da constatada falência do mesmo. A Homeopatia faz parte da política oficial de saúde pública desde a década de 80, entretanto poucas cidades no Brasil oferecem esta especialidade médica como opção. O fortalecimento da relação médico-paciente tem sido visto como uma meta a ser buscada para a melhoria da assistência à saúde e maior impactação dos serviços prestados pelo Estado na saúde das comunidades, como o demonstram o Programa de Saúde da Família. Essa relação é um fator de extrema relevância no tratamento homeopático, sendo um dos pilares da satisfação com o atendimento observado nos usuários. A profundidade da anamnese homeopática que exige um aprofundamento em toda a história do paciente, dando real valor a todos os seus sofrimentos, escutando o relato de suas moléstias juntamente com sua história de vida, sua biopatografia, contribui para o estabelecimento de uma estreita e profícua relação médico-paciente. A diminuição da relação custo/benefício no Sistema Único de Saúde Brasileiro pode ser alcançada com a expansão do atendimento no SUS através da terapêutica homeopática, conforme demonstram pesquisas realizadas em serviços com atendimentos com a Homeopatia, no SUS em alguns municípios no Brasil. Evidenciamos o menor custo deste tratamento, dentre outras causas, pela diminuição no que se refere às referências para internação, referências para atendimento de urgência, referências para outras especialidades, solicitação de exames laboratoriais e solicitação de exames radiológicos, por sua eficácia e baixo custo dos medicamentos. Outro fator de diminuição da relação custo/benefício através do atendimento homeopático advém do que esta tem como proposta de bom resultado na evolução do tratamento: a transformação do sujeito, de susceptível às noxas exteriores que o adoecem, devido aos seus traumas que estão por trás de sua biopatografia, em agente de sua história e transformador do ambiente sócio-político-econômico em que vive e de acordo com os seus desejos. Isto é o que a homeopatia pode propiciar, através de encontro do sujeito consigo mesmo, possibilitando-lhe uma mobilização interna de seus traumas o que o faculta a acessar o quê de sua história se tornou para si mesmo insuportável. Permite assim, ao sujeito tratado com êxito, ter acesso, conviver com aquilo que antes era insuportável, e que, quando algo a este se remetia, lhe predispunha ao adoecimento, sendo a causa mantenedora de sua susceptibilidade. Isto é o que vem a ser uma verdadeira cura para a Homeopatia, e que quebra o cíclico adoecer (medicina preventiva).

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Podemos atender a demanda ao atendimento homeopático pela população, criando serviços de atendimento com esta terapêutica nos Centros de Saúde do SUS, em todos os municípios onde exista o profissional médico homeopata disponível para este trabalho e uma demanda pela população por esta terapêutica, ajustando-se a oferta do serviço de acordo com a disponibilidade de profissionais médicos e a demanda por parte desta população. O fornecimento do medicamento homeopático à população atendida pelo SUS através desta terapêutica pode ser operacionalizado através da implantação de farmácias municipais, ou em caráter provisório, através de convênios firmados com farmácias de reconhecida competência técnica para o fornecimento destes. Os custos para a montagem e gerenciamento destas farmácias não é grande, assim como também não o é o custo para a produção dos medicamentos. Os benefícios que a expansão do atendimento homeopático pode oferecer à população e contribuir em termos de eficiência para o SUS podem ser avaliados através de pesquisas feitas no serviço, que poderão confirmar as análises já feitas e também ampliar a sua abrangência. O trabalho homeopático desenvolvido até agora, no SUS, ainda que por demais pequeno em relação ao nosso país, propiciou, junto com o desenvolvimento da Homeopatia aqui e no mundo todo, a proposta de uma Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares para o Sistema Único de Saúde, desenvolvida dentro do Ministério da Saúde, e que já foi aprovada pelo Conselho Nacional de saúde. Atualmente esta proposta encontra-se em vias de ser assinada pelo excelentíssimo Ministro da Saúde.