História da Funai e a política de proteção aos indígenas no Brasil.

-O Serviço de Proteção ao Índio.

Desde a chegada dos europeus a América, o contato com os povos indígenas foi muito

complicado. Sempre houve uma intolerância em relação aos costumes indígenas e

tentava-se inserir o índio numa cultura estranha a dele, somente em tempos mais

recentes foi dado o valor que merecia ao povo indígena.

No final do século XIX e inicio do século XX ainda vigorava no Brasil uma política de

proteção aos índios baseada em modelos do tempo do Brasil colonial, o que acabou

gerando para o nosso país uma série de problemas no modo como era visto

internacionalmente. Passava-se a imagem de que os índios eram caçados e assassinados

em nosso país, foi dentro desse contexto que foi criado o SPI, Serviço de Proteção ao

Índio. Tinha então este orgão a missão de solucionar este problema e socializar os

índios com a cultura brasileira.

Nesta época as forças armadas brasileiras possuíam como filosofia o positivismo de

Augusto Comte, acreditavam que a cultura ocidental era superior as demais, o ultimo

estagio evolucional da humanidade. Para eles os indígenas estavam em uma fase de

transição e cabia aos militares a tarefa de fazer a passagem para uma civilização

superior. Isso foi a chamada política de integração.

O nome que mais se destacou na gestão do SPI foi o do coronel Cândido Mariano da

Silva Rondon, o primeiro diretor do novo órgão. Foi um dos criadores do SPI e tinha

descendência indígena, acreditava que os índios tinham direito a posse da terra onde

viviam e de que eles podiam viver de acordo com os seus próprios costumes.

O SPI por ser guiado pelas idéias positivistas queria inserir os índios na cultura

brasileira e ao mesmo tempo preservar a cultura indígena que eles possuíam, com isso

acabou ocorrendo muitas vezes o chamado aculturamento, onde um individuo não

pertence a nenhuma cultura.

Para fazer este processo de integração em que acreditavam os militares, foram tomadas

diversas medidas para integrar o indígena a sociedade brasileira. Como por exemplo a

demarcação de terras indígenas, evitava a invasão de terras e protegia os índios contra a

exploração de terceiros. Também auxiliavam na prevenção de doenças, no cultivo de

alimentos e prestavam ensino, ensinando os índios a ler e escrever.

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Por diversas denuncias de corrupção, o SPI chegou ao fim nos anos 60 durante a

ditadura militar. Para substituir este órgão foi então criada a Fundação Nacional do

índio, Funai.

-A Fundação Nacional do Índio.

A Funai foi criada pela lei 5.371/67, no lugar do extinto SPI. Esta legislação que a

criou tinha como propósito estabelecer uma nova política de proteção aos índios,

facultava a este novo órgão as mesmas atribuições do Sistema de Proteção aos Índios e

almejava chamar a atenção da sociedade brasileira para os problemas dos indígenas.

A Funai tem como principais objetivos:

- garantir o cumprimento das diretrizes da política indigenista ;

- gerir o patrimônio indígena;

- fomentar estudos sobre as populações indígenas que vivem em território brasileiro e garantir

sua proteção;

- demarcar, assegurar e proteger as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios, exercendo o

poder de polícia dentro de seus limites, para evitar conflitos, invasões e ações predatórias que

representem riscos para a vida e a preservação cultural e do patrimônio indígena;

- promover a prestação de assistência médico-sanitária e a educação elementar para os índios;

- despertar o interesse da sociedade brasileira pelos índios e pelos assuntos a eles pertinentes.

Possuindo Administrações Executivas Regionais, AERs, em todo o Brasil e com sede

em Brasília, é até os dias de hoje o órgão pelo qual o governo administra a população

indígena. Tem entre seus servidores muitos indígenas e descendentes de indígenas,

devido a evolução do entendimento da capacidade civil do índio.

Algumas leis editadas posteriormente a criação da Funai, alteraram a relação que o

órgão tinha com os indígenas. A lei 6.001/73, o estatuto do índio, deu forma aos

procedimentos que a Funai usa para auxiliar os indígenas. A CF/88 mudou a concepção

que havia sobre a população indígena no Brasil, reconhecendo a diversidade cultural

desses povos e lhes legitimando uma tutela jurídica através do MP. O decreto 26/91

transferiu para o MEC a coordenação da educação indígena e o decreto 1.904/96 criou o

Programa Nacional de Direitos Humanos.

Depois de tanto tempo tutelando os indígenas, a Funai hoje encontra-se em um

processo de reestruturação para adequar-se aos preceitos constitucionais ainda não

alcançados e almejando atender melhor os anseios da população indígena.

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