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História da educação Prof. José Renê Felipe de Araújo Ocara, junho de 2015.

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Histria da educao

Histria da educaoProf. Jos Ren Felipe de ArajoOcara, junho de 2015.Unidades UNIDADE I. Histria e Histria da Educao: fundamentos terico-metodolgicos e importncia na formao do educador.

UNIDADE II. Principais teorias e prticas educacionais desenvolvidas na histria da humanidade.

UNIDADE III. Viso histrica da educao brasileira. UNIDADE 1 HISTRIA DA EDUCAO: FUNDAMENTOS TERICO- METODOLGICOS E A IMPORTNCIA NA FORMAO DO EDUCADOR O que histria?

O que educao?

Histria e Educao: histria da educao

A importncia da histria da educao na formao do educadorHistria da Educao: fundamentos tericos-metodolgicos e a importncia na formao do educador.Questes iniciais

Qual o sentido da palavra educao?

Afinal, para que ela serve a educao?

possvel conceituar a educao?

O que histria?

Quais as relaes da Histria da Educao com a Histria e com a Educao? O que histria?

Na atualidade, o termo histria apresenta uma ambiguidade: de um lado, indica o conhecimento de fatos humanos ou a cincia que disciplina e dirige esse conhecimento; por outro, refere-se aos prprios fatos. Ao se reduzir a histria a uma sequncia de fatos ou de ideias, acaba-se por torn-la apenas uma disciplina que reter uma srie de grandes fatos desvinculados da realidade e, portanto, sem sentido. No processo de ensino-aprendizagem, a absoro memorstica dos fatos histricos implica em deixar de situ-los em seus contextos. H inmeras discusses acerca da definio de histria. Algumas enfatizam que a histria deve estudar s o passado. Outras, se ela pode fazer projees futuras. Cotidianamente, ouvimos falar que a histria refere-se aos acontecimentos do passado. Mas, o presente no histria? Hoje, a histria no visa somente explicitar o passado, de maneira esttica, mas est intrinsecamente interligada ao presente, vivo e dinmico. Para Ghiraldelli Jr. (2006; p.13 -14): Nesse sentido, a histria, ao mesmo tempo em que explica a realidade, pode transform-la. A histria est sempre se construindo: o conhecimento que ela produz nunca perfeito ou acabado (BORGES, 2003: p;9). Na concepo de Luzuriaga (2001), a histria o estudo da realidade humana ao longo do tempo. Ela matria do presente, como corte, no desenvolvimento da humanidade. A histria , ento, o estudo do passado que nos ajuda a compreender o presente, mas de um passado vivo, que est presente em ns. Um dos principais objetivos da Histria resgatar os aspectos culturais de um determinado povo ou regio para o entendimento do processo de desenvolvimento. Entender o passado tambm importante para a compreenso do presente. Considerar a histria como conceitos que podem ser vistos de maneira relacionada entre passado, presente e futuro fundamental. A funo principal da histria a de fornecer sociedade uma explicao sobre ela mesma, pois A histria a histria do homem, visto como um ser social, vivendo em sociedade (BORGES: 2003; p.48). O que educao?

Ningum escapa da educao. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos, todos ns envolvemos pedaos da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar (BRANDO, 2003; p.7). Trata-se de uma indagao que acarreta uma grande discusso. Porm, comecemos por afirmar que educao um processo contnuo e tal fato j suscita uma grande discusso. Poderamos dizer que esse processo contnuo tem incio com o nascimento do ser humano e encerra-se com a sua morte, ressaltando ainda que no se encontra circunscrito ao ambiente escolar. Para Brando (2003; p.9), No h uma forma nica nem um modelo nico de educao [...] o ensino escolar no sua nica prtica e o professor profissional no o nico praticante. mile Durkheim afirmava que educao um fenmeno social, chamando ateno para o fato de que esse processo se configura por meio de relaes estabelecidas dentro do prprio processo de ensino. Assim, considerada como um fator de mudana social, a educao reflete os acontecimentos histricos, polticos e culturais responsveis pelas mudanas que experimentamos cotidianamente. Nesse texto, iremos entender que na vida cotidiana e a partir dela que se cumprem as verdadeiras criaes, aquelas que produzem os homens no curso de sua humanizao: as obras. Essa afirmao nos permite apreender o sentido da escola alm da instituio que ela . Por transcender esse aspecto, a escola pode ser entendida como resultado de uma construo que, ao longo do tempo, tem se transformado continuamente pela ao dos sujeitos. No entanto, compreender a educao exige uma reflexo mais aprofundada, sobretudo apreender os vrios contextos em que esse processo ocorre. Dessa forma, no podemos incorrer no erro de tentar fechar uma definio. Nessa perspectiva, possvel afirmar que no existe apenas uma Educao, uma sociedade ou um s contedo, porque, na realidade, existem tantas educaes quantas forem as vivncias do indivduo. Afinal, os valores mudam medida que os grupos aos quais eles pertencem sofrem mutaes.

Histria e Educao: histria da educao

Atualmente h uma dicotomia na nomenclatura do termo Histria da Educao. De um lado, considera a educao como rea especfica da Histria. De outro lado, defende-se a histria como auxiliar da educao. De acordo com Saviani (1985), se centrarmos a ateno na educao, ou seja, na problemtica educacional, teremos condies de esclarecer o significado de istria, j que a histria no se d no abstrato: A Histria uma histria concreta, portanto, histria de alguma coisa (1985; p.34). Nesse sentido, podemos afirmar que a histria da educao atualmente um complexo interligado de vrias histrias, unidas pela complexidade do objeto educao. O educador dever, portanto, tornar sua prtica intencional, o que significa ultrapassar a dimenso do senso comum. A prtica crtica e emancipatria, consciente de seus fins, ser mais eficaz. Para Aranha (1998, p. 16), os fins a serem atingidos no processo, a educao, como prtica, precisa estar em constante abertura para a teoria, porque o vaivm entre o agir e o pensar que dinamiza a ao, evitando as formas esclerosadas da ideologia. A pedagogia, como teoria da educao, possui seu contedo prprio, mas necessita de cincias auxiliares, dentre elas, a histria, como tambm outras cincias. A importncia da histria da educao na formao do educador

Qual a importncia da histria para a educao? A disciplina Histria da Educao, nascida no final do sculo XIX, desenvolveu-se, sobretudo, nas escolas normais e nos cursos de formao de professores e no, como poderia se supor, nos institutos de pesquisa e ensino da Histria propriamente dita. Nesse sentido, sua histria est intrinsecamente relacionada ao campo da Pedagogia que, desde o sculo XVIII, comea a se desenvolver na Europa e nos Estados Unidos. No Brasil, a histria da Histria da Educao tambm est associada s trajetrias das escolas normais e, posteriormente, dos cursos de Pedagogia e, portanto, ao campo da educao e, particularmente, ao ensino. Em 1928, era introduzida a disciplina Histria da Educao no currculo da Escola Normal do Rio de Janeiro. A reorganizao do curso de formao para o magistrio integrava o conjunto de aes promovidas por Fernando de Azevedo na reformulao da instruo pblica do Distrito Federal iniciada em 1927 .Constituda como disciplina escolar, em geral em proximidade com a filosofia da educao, impregnada de uma postura salvacionista e tribuna de defesa de um ideal de educao popular, histria da educao foi delegado o lugar de cincia auxiliar da Pedagogia.Ressalta-se, ainda, que a histria da educao no se desenvolveu como uma rea da histria, embora seu objeto seja extremamente importante para se compreender o passado das sociedades. No campo da histria, a educao tem sido, tradicionalmente, um objeto ignorado ou considerado de pouca importncia. Com a progressiva influncia da nova histria cultural, isso vem, aos poucos, mudando. Que consequncias isso trouxe para a disciplina?

Sabemos que comum na rea da educao a preocupao com a utilidade dos conhecimentos, tendo em vista as prticas pedaggicas. Nessa perspectiva, a histria da 'Histria da Educao' est marcada pelo carter utilitrio que essa disciplina poderia cumprir na formao dos professores. Talvez pela necessidade que a rea da educao tem de solucionar os problemas da prtica, a histria foi considerada pouco importante para a compreenso do fenmeno educativo. Essa rea do conhecimento era vista apenas como uma disciplina formadora nos cursos de formao de professores. Foi desse modo que a histria da educao, praticamente ignorada pelos historiadores de ofcio, foi considerada secundria no prprio campo da educao. exatamente a filosofia que vai acompanhar a histria da educao em sua trajetria. Essa associao trouxe consequncias importantes para o contorno que assumiu a histria da educao. Por muito tempo, no havia uma distino ntida entre as duas disciplinas que, em alguns cursos, chamavam-se Fundamentos da Educao. Enquanto a histria ocupava-se sobretudo da histria da organizao dos sistemas de ensino ao longo do tempo, a Filosofia falava do pensamento pedaggico. Mesmo quando se separaram institucionalmente, sobretudo a partir da dcada de 1970, as duas reas continuaram bastante relacionadas. Mesmo hoje, no raro as duas disciplinas formam uma nica linha de pesquisa ou uma rea. A relao entre histria da educao e pedagogia traz outra consequncia. A rea da educao est impregnada de um etos religioso, como vem sendo evidenciado nas pesquisas realizadas nos ltimos anos. O discurso sobre o professor tem insistido no carter missionrio da profisso. Essa influncia religiosa se expressa tambm na constituio da disciplina Histria da Educao, que ao lado da Filosofia ganha ainda mais importncia. Os diversos iderios pedaggicos so concebidos como verdadeiras doutrinas e seus expoentes como sacerdotes propagadores de uma determinada verdade que conteria as melhores propostas para a soluo dos problemas educacionais. O fato de a trajetria da histria da educao estar relacionada Pedagogia e ao ensino dificultou sua constituio como rea de pesquisa propriamente dita. Embora nas dcadas de 1930 e 1940 algumas obras tenham sido escritas, somente nas dcadas de 1950 e 1960 que comea a se configurar um campo de pesquisa em Histria da Educao, com realizao de levantamentos de fontes. A insero da histria da educao no campo da Pedagogia tambm provocou, nos pesquisadores, uma tendncia de explicar os fenmenos educativos do passado em si mesmos, sem relao com outros aspectos da sociedade caractersticos da mesma poca. No caso da Histria da Educao no Brasil, essa tentativa de articulao ainda mais recente. A partir da dcada de 1970 se inicia sistematicamente, nos cursos de Pedagogia, a introduo de uma disciplina especfica que trata da histria da educao brasileira. Ento, se era incomum realizar pesquisas em histria da educao, mais incomum ainda eram as investigaes sobre a histria da educao brasileira. Nesta perspectiva, mster explicitar o papel da disciplina Histria da Educao no processo de formao do educador no Brasil, pois, at os anos de 1960, a disciplina era considerada como apndice da Filosofia da Educao. Vale ressaltar, ainda, que esse perfil foi responsvel pelo processo de incluso da histria da educao em disciplinas de formao do magistrio. No entanto, nas ltimas dcadas, a rea de histria da educao sofreu uma verdadeira revoluo, seja em seus contornos terico-metodolgicos, seja no alargamento de seus objetos e de suas fontes.Atividade UNIDADE 2Principais teorias e prticas educacionais A educao em seus diversos momentos histricos A educao primitiva: antes da histria propriamente dita. Nesta fase, no havia povos ou Estados, mas pequenos grupos humanos dispersos pela Terra. A educao oriental: dos povos em que j existiam civilizaes desenvolvidas, compreendendo os pases como ndia, Egito, Arbia, China e o povo Hebreu, entre outros. A educao clssica: comeo da civilizao ocidental Grcia e Roma. A educao medieval: na qual se desenvolveu essencialmente o cristianismo O renascimento (1) A educao humanista: esta fase representa o retorno cultura clssica (renascimento sculo XV), acrescendo ainda mais o surgir de uma nova vida, baseada na natureza, na arte e na cincia. (2) A educao reformada, no sculo XVI, como produto da renascena, uma reforma religiosa. De um lado as confisses protestantes, de outro lado a reforma da igreja catlica. A educao moderna a pedagogia realista: iniciam os mtodos da educao moderna (sculo XVII), baseados nas filosofias e cincias novas Galileu, Coprnico, Newton e Descartes. Um dos maiores representantes da didtica, Comnio. O sculo das luzes: a educao racionalista e naturalista o ideal liberal de educao: culmina com a chamada ilustrao, ou seja, movimento cultural iniciado na renascena. Rosseau um dos principais representantes no sculo XVIII, em cujo final comea o movimento idealista na pedagogia, sendo Pestalozzi seu mais alto representante. A educao nacional sculo XIX: promove a interveno cada vez maior do Estado na educao, formao de conscincia nacional e patritica, em todo mundo civilizado e estabelecimento da escola primria universal, gratuita e obrigatria. A educao para a democracia sculo XX: seu trao mais marcante ser a tendncia para a educao democrtica educao possvel ao maior nmero possvel de indivduos. Educao para o terceiro milnio: deve levar em conta a diversidade cultural, uma educao multicultural, crtica e capaz de resgatar a unidade entre histria e sujeito. Essas so as principais fases percorridas pela educao at os nossos dias, as quais naturalmente influenciam e continuaro influenciando enquanto o homem viver. A educao primitiva s vezes parece estranho saber que a escola no existiu sempre em todas as sociedades. Para Aranha, [...] as sociedades tribais no tm Estado, no tm classes, no tm escrita, no tm comrcio, no tm histria, no tm escola (ARANHA: 2001; p26). De maneira geral, o conhecimento da cultura e da educao dos povos primitivos essencialmente mtico e de tradio oral. De acordo com Aranha: Ao agir, o homem imita os deuses nos ritos que tornam atuais, presentes, os mitos primordiais, ou seja, cada um repete o que teria ocorrido com deuses nos incio dos tempos. S assim a semente brota na terra, as mulheres se tornam fecundas, as rvores do frutos, o dia se sucede noite, e assim por diante (ARANHA: 2001; p26). Em relao educao, as crianas aprendem imitando o comportamento dos adultos, na vida diria e nas cerimnias dos rituais. No h, geralmente, a utilizao de castigos no processo de adaptao aos usos e valores da tribo. Por meio dessa educao difusa, da qual todos participam, a criana toma conhecimento dos mitos dos ancestrais, desenvolve a percepo do mundo e aperfeioa suas habilidades. A educao integral, abrange todo o saber da tribo. O saber aberto a todos, em funo da vida e para a vida. No h privilgio, mas apenas prestgio para aqueles que se destacam, como o caso do feiticeiro. Nessa concepo, Luzuriaga afirma que a educao nas sociedades tribais: Era essencialmente uma educao natural, espontnea, inconsciente, adquirida na convivncia com os pais e filhos adultos e menores. Sob a influncia ou direo dos maiores, o ser juvenil aprendia as tcnicas elementares necessrias vida: caa, pesca, pastoreio, agricultura e fainas domsticas. Trata-se, pois, de uma educao por imitao, ou melhor, por coparticipao nas atividades vitais. Assim aprende tambm os usos e costumes da tribo, seus cantos e suas danas, seus mistrios e seus ritos, o uso de armas e sobretudo da linguagem, que constitui o seu maior instrumento educativo (LUZURIAGA: 2001; p.14). A educao primitiva era essencialmente prtica, marcada pelos rituais de iniciao De acordo com Gadotti, para aprender a usar o arco, a criana caava; para aprender a nadar, nadava. A escola era a aldeia. Alm disso, fundamenta-se pela viso animista, acreditando que todos os bens naturais rvores, rios, animais possuam alma semelhante do homem; e totemista religiosa, na qual toma qualquer ser homem, planta, animal, fenmeno natural como sobrenatural e criador do grupo. A educao dos povos primitivos dividia-se nas duas grandes fases: a do homem caador e a do homem agricultor. costume caracterizar a vida tribal como um perodo pr-histrico, por que o homem ainda no conhece a escrita nem os registros de seus feitos. A educao oriental "[...] todos os povos, por primitivos que sejam, tm uma ou outra forma de cultura, tendo-se por cultura o conjunto de instituies e produtos humanos, como famlia, cl, linguagem, usos e costumes, utenslios e armas, etc. Em compensao, para chegar ao grau de civilizao, requer-se alguma forma de organizao poltica, Estado ou cidade, que ultrapasse a vida do cl ou da tribo. Somente algumas sociedades ou povos primitivos chegam a essa organizao superior" (2001, p.19). As primeiras civilizaes surgem no norte da frica e na sia. Na Antiguidade oriental, a posse da terra no mais de todos, como na sociedade primitiva, e nem de particulares, mas propriedade do Estado. Todas essas civilizaes impem governos despticos e autocrticos: Egito fara, China imperador. Essas formas de organizao poltica as tornam tradicionalistas, apegadas ao passado e resistentes s mudanas (ARANHA: 1998; p.32). Entre as primeiras sociedades civilizadas, esto as chamadas orientais, como China, ndia, Egito, Palestina, dentre outras, que, ainda com caractersticas peculiares, apresentam certos traos comunsElas tm uma organizao poltica, um Estado, com chefe supremo nico e administrao pblica, classes sociais diferenciadas guerreiros, sacerdotes e a massa do povo trabalhador. Surge a escrita, que fixa o saber, e uma classe encarregada de seu cultivo, a dos letrados: no Egito os escribas, na China mandarins e na ndia os brmanes, tendo a seu cargo a administrao e o governo. Essas caractersticas reclamam a organizao de uma educao sistemtica, assim surgem as escolas e os mestres e, em algumas pocas, instruo pblica organizada.

Associada ao aparecimento do Estado, est a inveno da escrita. Os egpcios (3.500 a.C) fazem inscries em hierglifos . Na Mesopotmia, fazem escritas cuneiformes em formas de cunhas tambm pictogrficas. Na China, manteve sempre a escrita ideogrfica . O saber representa uma forma de poder. As preocupaes com a educao permeiam os livros sagrados, que direcionam as regras ideais de conduta e orientao para o enquadramento das pessoas nos rgidos sistemas religiosos e morais. Enquanto que nas sociedades primitivas o saber difuso, acessvel a todos, nas civilizaes orientais, a populao comerciantes, lavradores e artesos - no tm direitos polticos nem acesso ao saber dominante. [...] o conhecimento da escrita bastante restrito [...]. Com o tempo, aumenta o nmero dos que procuram instruo, embora apenas os filhos dos privilegiados conseguissem os graus superiores (ARANHA: 1998, p.33). Podemos inferir que nesta poca tem incio o dualismo escolar, que destina um tipo de educao para o povo e outro para os filhos dos funcionrios. A grande massa fica ento excluda da escola e restringida educao informal. No Egito, as escolas funcionavam nos templos e em algumas casas, predominando o processo de memorizao e a utilizao constante de castigos. Apesar do teor religioso, a educao prtica e utilitria, no vinha acompanhada de questes tericas de demonstrao, nem de princpios ou leis cientficas. Na ndia, a educao tambm discriminadora, privilegiando os brmanes. Eles so encaminhados por mestres e aprendem os textos sagrados dos Vedas e dos Upanishads - o hindusmo se baseia nesses livros. As outras castas podem receber a educao elementar, mas os sudras e os prias dela se acham excludos. Alm do brumanismo, a educao na ndia foi influenciada pelo budismo . A China, uma das mais tradicionais culturas, revela em sua educao o carter conservador, voltado para a transmisso da sabedoria contida nos livros clssicos, dentre eles, o talvez de mais difcil interpretao seja o chamado Livro das Mutaes - I Ching, que remonta ao terceiro milnio a.C. Ao contrrio das demais civilizaes antigas, o sistema de seleo para o ensino superior extremamente rigoroso, baseado em exames oficiais que distribuem os candidatos nas diversas atividades administrativas, e a educao elementar visa alfabetizao, processo longo devido complexidade da escrita chinesa. Tudo feito de maneira rigorosa, com nfase nas tcnicas de memorizao. Os hebreus, como nas demais civilizaes antigas, esto impregnados de religiosidade e da ao dos profetas, seus primeiros educadores. As sinagogas eram locais de instruo religiosa e o livro de seus ensinamentos era a Bblia. Significativa mudana acontece entre os hebreus, distinguindo-os dos demais povos: 1) a superao da concepo politesta; 2) desenvolveram uma nova tica para os valores da pessoa e para a interioridade moral. Valorizavam a educao manual, a aprendizagem de um ofcio. A educao popular e a erudita marchavam paralelamente. Assim, como todos os povos orientais, os seus mtodos de ensino baseavam-se na memria mecnica. A educao na Grcia a Paideia

A sociedade grega, estratificada e sustentada por colnias, desenvolvida numa regio geogrfica que facilitava o comrcio com o Oriente e o Ocidente, serviu de bero da cultura, da civilizao e da educao ocidental (GADOTTI: 2001). Apesar da Grcia ser constituda por unidades polticas autnomas, as diferentes cidades tm em comum o idioma e a religio, alm das similaridades nas instituies sociais e polticas. Com as transformaes sociais e polticas, o advento das cidades-estado (plis) e a diviso da sociedade em classes com base na escravido, desenvolveu-se o comrcio. A ampla produo nas artes, literatura e filosofia delineou a herana cultural no mundo ocidental. Os gregos realizaram a sntese entre educao e cultura. Na poltica nasceu uma nova ordem - a democracia. No entanto, na democracia grega, cidados eram apenas os homens livres, no incluindo os escravos, as mulheres e as crianas. Os cidados se dedicavam s funes tericas, polticas e de lazer, consideradas mais dignas. Os gregos tinham uma viso universal. As explicaes predominantemente religiosas so substitudas pelo uso da razo autnoma, da inteligncia crtica e pela atuao da personalidade livre, capaz de estabelecer uma leitura humana e no mais divina (ARANHA: 1998; p.41). Surgia, assim, a necessidade de formao, atingindo o nvel mais avanado da educao na Antiguidade a paideia , uma educao integral, que consistia na integrao entre a cultura da sociedade e a criao individual de uma outra cultura numa influncia recproca, em seus amplos aspectos. [...] A educao do homem integral consistia na formao do corpo pela ginstica, na da mente pela filosofia e pelas cincias, e na da moral e dos sentimentos pela msica e pelas artes (GADOTTI: 2001; p.30). Com o advento da plis (cidades), comeam a aparecer as primeiras escolas. Porm, somente no perodo clssico, sobretudo em Atenas, a instituio escolar foi estabelecida. Esta instituio atendia principalmente aos jovens de famlias tradicionais da antiga nobreza ou dos comerciantes enriquecidos. A escola permanecia elitizada o ideal de educao da poca estava em consonncia com os ideais e aspiraes da sociedade. Para os gregos, a palavra escola schol significa inicialmente lugar do cio. O cio digno significa a disponibilidade de gozar o tempo livre, privilgio daqueles que no precisam se ocupar da prpria subsistncia (ARANHA: 1998; p.50). A Grcia clssica pode ser considerada o bero da pedagogia , pois, ao discutir os fins da paideia, esboaram as primeiras linhas conscientes da ao pedaggica, influenciando por sculos a cultura ocidental Luzuriaga distingue quatro perodos essenciais: A educao herica, cavalheiresca, representada pelos poemas homricos.A educao cvica, representada por Atenas e Esparta. A educao clssica, humanista, representada por Scrates, Plato e Aristteles.A educao helenstica, enciclopdica, representada pela cultura Alexandrina (LUZURIAGA: 2001; p.34). No perodo da educao herica ou cavalheiresca, visava-se formao corts do nobre, com base nos valores aristocrticos: fora, coragem, lealdade, prudncia, glria e desafio morte. A educao, nessa fase, aristocrtica e de incumbncia da famlia. O trao essencial o desejo de ser superior ser o melhor e distinguir-se dos demais e de educar integralmente - pronunciar discursos e realizar aes. Nessa poca, a educao era recebida nos palcios ou castelos dos nobres, atravs de preceptores e mentores. Ao contrrio dos atenienses, os espartanos no so educados para os refinamentos intelectuais, nem apreciam os debates e discursos longos (ARANHA: 1998; p.51). No entanto, alm da formao militar que era predominante, ela era musical e esportiva. A educao espartana clssica estava inteiramente nas mos do Estado. ]Era nas cidades espartanas que as mulheres tinham maior ateno, participando das atividades fsicas. Os cuidados com o corpo tinham sua razo de ser: fortalecer as mulheres para gerar filhos robustos e sadios. Na poca era recomendado abandonar as crianas deficientes e frgeis (ARANHA: 1998; LUZURIAGA: 2001). Enquanto Esparta se deteve na fase guerreira e autoritria, Atenas chegou ao estgio superior o da vida poltica democrtica. Atenas tida com a escola de toda a Grcia. Ao lado dos cuidados com a educao fsica, destacava-se a formao intelectual. Essa formao tinha uma razo de ser: a participao dos atenienses na vida da cidade (plis). A educao em Atenas contrastava acentuadamente com aquela que era adotada em Esparta. Eles acreditavam que sua cidade-estado tornar-se-ia a mais forte se cada menino desenvolvesse integralmente as suas melhores aptides individuais. O governo no controlava os alunos e as escolas. Um garoto ateniense entrava na escola aos 06 anos e ficava confiado a um pedagogo. Ele estudava aritmtica, literatura, msica, escrita e educao fsica; alm disso, decorava muitos poemas e aprendia a tomar parte nos cortejos pblicos e religiosos. A educao era intelectual, atendia somente aos filhos da elite, excluindo os demais. Scrates, mestre de Plato, realizou atividades educativas por meio da conversao, sendo que a sua educao no tinha carter prtico, mas sim do tipo espiritual e moral. Divergente dos sofistas, no fazia da educao profisso remunerada e utilitria. Uma das suas contribuies foi o mtodo socrtico: a primeira parte chama-se ironia - "perguntar, fingindo ignorar", processo negativo e destrutivo de descoberta da prpria ignorncia; e a segunda a maiutica - "relativo ao parto", construtiva e consiste em dar luz novas ideias. A educao em Roma a humanitas O imprio romano conquistou a Grcia e absorveu sua filosofia de educao. Os romanos, assim como os gregos, no valorizavam o trabalho manual: [...] Seus estudos so essencialmente humanistas, entendendo-se a humanitas (traduo de paideia) como aquela cultura geral que transcende os interesses locais e nacionais (GADOTTI: 2001; p.42). Tratava-se de uma educao nacional, mas de ensino do tipo universal, humanstico, diramos hoje, baseado em cultura alheia superior, a servir de inspirao. De acordo com Luzuriaga (2001) e Aranha (1998), podemos dividir a histria da cultura e a histria da educao romana em trs perodos: 1) Realeza, referente educao da poca herico-patrcia, do sculo V ao sculo III a.C.; 2) Repblica, poca de influncia helnica, do sculo II ao sculo I a.C; 3) Imperial, poca do sculo I a.C ao sculo V da era crist. A educao medieval a formao do homem de f O cristianismo surge, nesse contexto, como elemento agregador. Uma nova fora espiritual se sucedeu cultura antiga, preservando-a, mas submetendo-a a seu crivo ideolgico a igreja crist. Com o aparecimento do cristianismo, muda o rumo da histria ocidental. No que tange educao, o significado do cristianismo historicamente, pode reduzir-se:1) Reconhecimento do valor do indivduo como obra da divindade; 2) Superao dos limites de nao e Estado e criao da conscincia universal humana; 3) Fundamentao das relaes humanas no amor e na caridade; 4) Igualdade essencial de todos os homens, seja qual for a posio econmica ou classe social; 5) Valorizao da vida emotiva e sentimental sobre a puramente intelectual; 6) Considerao da famlia como a mais imediata comunidade pessoal e educativa; 7) Desvalorizao da vida terrena presente ante o alm e, portanto, subordinao da educao vida futura; 8) Reconhecimento da igreja como rgo de f crist e, logo, como orientadora da educao (LUZURIAGA: 2001; p. 70). A educao crist, desde os primeiros tempos, realizou-se direta e pessoalmente. Os educadores foram o prprio Jesus, os apstolos, os evangelistas e os seus discpulos. uma educao sem escolas, como foram as religies em seus primeiros tempos: judaica, budista. Nesse contexto, surge pouco a pouco uma forma de ensino baseada no carter religioso e no pedaggico, de preparao para a vida ultraterrena e para o batismo. Anuncia-se ento a instrumentao catequista e a instruo fica por conta dos didscalos Posteriormente, surgem as escolas propriamente ditas, que tinham a seu cargo os sacerdotes. Assim, h a necessidade de contar com professores preparados para esse novo modelo de educao, no qual emergem as escolas de catequistas, a escola episcopal e a escola paroquial ou presbiterial. O horizonte dessas escolas era limitado formao de eclesisticos. A maioria da populao ficava sem instruo. A minoria que conseguia ter acesso educao era atravs dos mosteiros, nicos mantenedores da educao e da cultura: [...] toda essa educao, como a anterior, continuava reservada a certa minoria; naquela, de eclesisticos; nesta, de monges Ao lado do clero, a nobreza realizava sua prpria educao: seu ideal era o perfeito cavaleiro com formao musical e guerreira. As classes trabalhadoras nascentes no tinham seno a educao oral, transmitida de pai para filho. As mulheres, consideradas pecadoras pela Igreja, s poderiam ter educao se fossem vocacionadas para ingressar nos conventos femininos. A Igreja no considerava a educao fsica, pois considerava o corpo pecaminoso. Os jogos ficavam por conta da educao do cavaleiro Os estudos medievais tm como base o estudo clssico das sete artes liberais, cujas disciplinas comeam a ser delineadas desde os tempos dos sofistas gregos. Os contedos de ensino compreendiam: o trivium e o quadrivium. No trivium constam as disciplinas de gramtica, retrica e dialtica, correspondentes ao ensino mdio. O Quadrivium, formado por geometria, aritmtica, astronomia e msica, de nvel superior [...] (ARANHA: 2001; p.77). No sculo IX, sob inspirao de Carlos Magno, o sistema de ensino compreendia: a) a educao elementar, ministrada em escolas paroquiais por sacerdotes; b) a educao secundria, ministrada em escolas monsticas, ou seja, conventos; c) a educao superior, ministrada nas escolas imperiais, onde eram preparados os funcionrios do Imprio (GADOTTI: 2001). A Igreja crist exerce no s o controle da educao, como tambm a fundamentao dos princpios morais, polticos e jurdicos da sociedade medieval. Atravs da adaptao do pensamento grego ao novo modelo de homem cristo, impe uma sistematizao, conhecida como filosofia crist, caracterizada, segundo Aranha (1998), por dois grandes perodos: Patrstica e Escolstica A Patrstica, filosofia dos padres da Igreja, do sculo II at o V; caracteriza-se pela defesa da f e converso dos no-cristos. Conciliou a f crist com as doutrinas greco-romanas e difundiu as escolas catequticas por todo Imprio. Os copistas, monges, reproduziam as obras clssicas nos conventos. A Escolstica, filosofia das escolas crists ou dos doutores da Igreja, do sculo IX at o XIV, a mais alta expresso da filosofia crist medieval. Chama-se Escolstica por ser uma filosofia ensinada nas escolas. [...] o mtodo escolstico constitudo por vrias etapas: a leitura (lectio), o comentrio (glossa), as questes (quaestio) e a discusso (disputation) (ARANHA: 1998; p.73). Na Idade Mdia no houve grandes tericos da educao, mas em compensao houve muitos educadores, geralmente monges e eclesisticos. Dentre os Patrsticas, destacam-se: Clemente de Alexandria, Orgenes, So Baslio, So Jernimo, So Bento (fundador da ordem dos beneditinos) e Santo Agostinho. Por volta do sculo X e XI, com o fim das incurses, invases brbaras, as cruzadas liberam as navegaes no Mediterrneo, reiniciando o desenvolvimento do comrcio. A principal consequncia o renascimento das cidades e o surgimento de uma nova classe, a burguesia. Aos poucos, vilas se libertam e transformam-se em comunas ou cidades livres. As modificaes no sistema de educao fazem surgir as escolas seculares . [...] Se at ento educao era privilgio dos clrigos ou, no caso dos leigos, se restringia instruo religiosa, o desenvolvimento do comrcio faz reaparecer a necessidade de se aprender a ler, escrever e calcular (ARANHA: 1998; p.77). As escolas burguesas contestam o ensino religioso distante dos interesses da classe em ascenso. A sociedade se torna mais complexa e surge a universidade dos mestres e estudantes, visando ampliar os estudos para alm das sete artes liberais, incluindo filosofia, teologia, leis e medicina. As universidades, centros que buscavam a universalizao do saber, tornam-se espaos de fermentao intelectual: Paris, Bolonha, Salerno, Oxford, Viena, Heidelberg. No retrospecto do pensamento medieval no encontramos propriamente pedagogos, no sentido restrito da palavra. A educao, neste contexto, surge como instrumento para um fim maior, a salvao da alma e a vida eterna. [...] Predomina a viso teocntrica, a de Deus como fundamento de toda ao pedaggica e finalidade da formao do cristo. H, portanto, um modelo de homem, uma essncia a ser atingida [...] (ARANHA: 1998; p. 82). O renascimento humanismo e reforma: uma nova viso de homem Com a Renascena comea, no sculo XV, uma nova fase na constituio da educao moderna. A Renascena leva esse nome por representar a retomada dos valores greco-romanos, que [...] antes de tudo criao, gerao de algo novo. [....] A Renascena rompe com a viso asctica e triste da vida, caracterstica da Idade Mdia, e d lugar a uma nova concepo humana, risonha, prazerosa e prazenteira da existncia (LUZURIAGA: 2001; p.93). 87Durante o Renascimento prevaleceu a tendncia um tanto exagerada, e at injusta, de considerar a Idade Mdia, na totalidade, como "idade das trevas" ou "a grande noite de mil anos". [...] O retorno s fontes da cultura greco-latina, sem a intermediao dos comendadores medievais, um procedimento que visa tambm secularizao do saber, isto , a desvesti-lo da parcialidade religiosa, para torn-lo mais propriamente humano. Procura-se com isso formar o esprito do homem culto mundano, o gentil-homem (1998, p.86). O olhar do homem desvia-se do cu para a terra. Com a descoberta de Nicolau Coprnico, da teoria heliocntrica, que contrape viso teocntrica elaborada na Idade Mdia, uma nova imagem de mundo construda. A Itlia se destaca como centro irradiador do novo iderio. Acentua-se a busca da individualidade, baseada na razo de cada um para estabelecer seus prprios caminhos. O Renascimento est ligado a alguns fatores como: as grandes navegaes do sculo XIV, que deram origem ao capitalismo comercial; a inveno da imprensa, realizada por Gutenberg, que difundiu o saber e a revolta; a inveno da bssola, que propiciou as grandes navegaes e as descobertas de novos territrios.

A Revoluo Comercial foi fundamental para a ascenso da burguesia, consolidando os Estados Nacionais e fortalecendo as monarquias absolutistas. O esprito inovador se manifestou tambm na religio, atravs da Reforma Protestante, iniciada por Matinho Lutero, filho de mineiro, no sculo XVI, com crticas estrutura autoritria da Igreja, centrada no poder do Papa. Desde o sculo XII, muitas heresias se disseminavam pela Europa, momento em que organizada a Inquisio, atravs do Conclio de Trento, que criou o Index Librorum Prohibitorium (ndice de Livros Proibidos), e da Companhia de Jesus, como instrumento de combate aos desvios da f, que se tornou mais atuante na Contra-Reforma, sculo XVI, momento em que a Igreja Catlica reage prontamente, defendendo seus ideais e combatendo o protestantismo. A principal consequncia da Reforma foi a transferncia da escola para o controle do Estado, nos pases protestantes. Mas no consistia ainda em uma escola pblica, leiga, obrigatria, universal e gratuita, como a entendemos hoje. Em relao educao proposta pelos jesutas, organizaram, para orientar suas prticas, o Ratio Institutio Studiorum, publicado em 1599 pelo padre Arquaviva, que continha os planos, programas e mtodos da educao catlica. No contexto turbulento que marca a renascena, a educao procura bases naturais, no-religiosas, a fim de se tornar instrumento adequado para a difuso dos valores burgueses. A educao renascentista centrou-se na formao do homem burgus, no chegando s massas populares, [...] Caracterizava-se pelo elitismo, pelo aristocratismo e pelo individualismo liberal. Atingia, principalmente, o clero, a nobreza e a burguesia nascente (ARANHA: 1998; p.62). Para o povo sobrou apenas o ensino da religio crist. Os principais educadores renascentistas foram: 1) Vittorino da Feltre, na obra Casa de Gioconda , propunha uma educao individualizada, o autogoverno dos alunos teria sido a primeira escola nova, a se desenvolver no sculo XIX; 2) Erasmo Desidrio, natural de Rotterdam, na obra Elogio da loucura, de fundo satrico, investiu sobre o obscurantismo conservador da pseudo-religio e da cultura medieval; 3) Juan Luis Vives realizou sistemticos estudos sobre educao, cujo principal trabalho o Tratado de ensino, chamou a ateno dos cientistas para a responsabilidade social da cincia, o reconhecimento do desenvolvimento infantil e os aspectos psicolgicos no ensino, dentre outras questes; 4) Franois Rabelais representa a corrente enciclopdica da Renascena, em sua obra Gargantua e Pantagruel, transparecem suas ideias a respeito da educao; 5) Michael de Montaigne critica o ensino livresco e o pedantismo dos falsos sbios, valoriza a educao integral do homem e enfatiza que a finalidade da educao formar o gentil-homem, culto e polido. Essa nova sociedade rejeita a estrutura medieval, mas mantm-se ainda fortemente hierarquizada, excluindo a grande massa popular dos propsitos educacionais, com exceo dos reformadores protestantes, que agem por interesses religiosos. No Renascimento, continua a perspectiva essencialista, que s mudar com Rousseau, no sculo XVIII, [...] j se tem a percepo mais aguda de problemas que, hoje, chamaramos de existenciais, numa recusa submisso aos valores eternos e aos dogmas tradicionais A pedagogia moderna: a pedagogia realista No sculo XVII, sculo do mtodo, O homem lanou-se ao domnio da natureza, desenvolvendo tcnicas, artes, estudos matemtica, astronomia, medicina [...]. Tudo o que fora ensinado at ento era considerado suspeito (GADOTTI: 2001; p.76). Neste contexto, ainda persistem as contradies entre o Humanismo e a Reforma do sculo XVI, decorrentes do processo de ascenso da burguesia e a implantao do capitalismo, que se consolida com o mercantilismo Politicamente, o sculo XVII absolutista , no mais fundamentado no "direito divino dos reis", mas sim no contrato, pacto social. medida que a burguesia se fortalece, surgem as sementes do liberalismo, que questiona a legitimidade do poder real. O liberalismo ope-se ao absolutismo dos reis, restringindo a interferncia do Estado na vida dos cidados e defendendo o direito da iniciativa privada. Apesar do liberalismo se apresentar como democrtico, encontra-se na sua raiz o elitismo que defende os interesses da burguesia. Essa mesma perspectiva elitista fundamenta a reflexo sobre a educao. A modernidade marca o abandono das explicaes religiosas e busca a autonomia da razo. O pensamento moderno marcado pela tendncia antropocntrica, ou seja, o resgate da dimenso humana sob todos os aspectos: Um deles compreender o sujeito do conhecimento, questo dominante na Idade Moderna. Filsofos como Descartes, Bacon, Locke, Hume, Spinoza discutem a teoria do conhecimento e ocupam-se com o problema do mtodo, isto , com os procedimentos da razo na investigao da verdade. Mtodo significa direo, caminho para um fim, instrumento que permite a construo do conhecimento (ARANHA: 1998; p. 105). Descartes, o pai do racionalismo (da filosofia moderna), conhecido pelo pensamento: penso, logo existo (cogito, ergo sum), inicia sua reflexo pela dvida, ao analisar o processo pelo qual a razo atinge a verdade. Segue da pgina 47Ser feliz no ter uma vida perfeita, mas deixar de ser vtima dos problemas e se tornar o autor da prpria histria!Abraham Linconln

A educao na Colnia: dos jesutas a Pombal O Brasil foi colnia de Portugal entre 1500 a 1822. Os portugueses se restringiram explorao do pau-brasil at 1530, quando tem incio a colonizao com sistemas de capitanias hereditrias e a monocultura da cana-de-acar. Sendo colnia, os lucros advindos da produo brasileira retornavam para os comerciantes das metrpoles, o que caracteriza uma economia de modelo agrrio-exportador dependente. Nesse contexto, a educao no era meta prioritria, j que no havia demanda por uma formao especializada. A educao brasileira tem incio propriamente dito com o fim das capitanias hereditrias, que perdurou at 1549, e a chegada dos jesutas, com liderana do Padre Manoel da Nbrega. A experincia pedaggica dos jesutas sintetizou-se em um conjunto de normas e estratgias chamado de Ratio Studiorum (Ordem de Estudos), conforme explicitado anteriormente. O objetivo da ordem era de formao integral do homem cristo, de acordo com a f e a cultura de seu tempo, sendo todas as escolas regulamentadas pelo documento, escrito por Incio de Loyola e inspirado na escolstica (filosofia crist medieval), que significa organizao e planos de estudos. Essa concepo pedaggica tradicional se caracteriza por uma viso essencialista de homem. Nessa viso, a educao precisa moldar a existncia particular e real de cada educando essncia universal e ideal que o define enquanto ser humano, tendo como meta a formao do homem perfeito, bom cristo. Em territrio brasileiro, os jesutas se dedicaram pregao da f catlica e ao trabalho educativo. Porm, perceberam que no seria possvel converter os ndios f catlica sem que soubessem ler e escrever. Passaram, ento, a fundar misses e aldeamentos com esse objetivo. Alm da educao e catequese dos ndios, promoveram ao macia na formao dos filhos dos colonos, na formao de novos sacerdotes e da elite intelectual. A elite colonial se preparava de forma predominantemente intelectualista e universalista, portando distanciada das principais conquistas cientficas da Idade Mdia. Assim, o catolicismo foi o cimento da nossa unidade, neutralizando os efeitos de culturas to heterogneas Os jesutas no se limitaram ao ensino das primeiras letras; alm de curso elementar, mantinham cursos de filosofia, considerados secundrios, e o curso de teologia e cincias sagradas, de nvel superior, para formao de sacerdotes. No curso de letras, estudava-se gramtica latina, humanidades e retrica, e, no curso de filosofia, estudava-se lgica, metafsica, moral, matemtica e cincias fsicas e naturais. O currculo baseava-se na educao literria e humanista voltado para a elite colonial, alheia revoluo intelectual representada pelo renascimento cientfico. Os jesutas edificaram a primeira escola elementar brasileira, em Salvador, estendendo-se para o sul e, em 1759, tnhamos em nosso pas mais de cem estabelecimentos. A gratuidade do ensino da Companhia favoreceu a expanso de seus colgios, que imprimiram de forma marcante o iderio catlico na concepo de mundo dos brasileiros. O mtodo utilizado pelos jesutas predominou durante 210 anos, de 1549 a 1759, quando uma nova ruptura marca a histria da educao no Brasil: a expulso dos jesutas pelo Marqus de Pombal. A educao brasileira, com isso, vivenciou uma grande ruptura histrica num processo j implantado e consolidado como modelo educacional. Com eles levaram tambm a organizao monoltica baseada no Ratio Studiorum. Os jesutas foram expulsos das colnias em funo de radicais diferenas de objetivos com os dos interesses da Corte. No sculo XVIII, o governo portugus comeou a temer o poder da Igreja, exercido por meio da educao. Em 1759, os jesutas foram expulsos, quando o Marqus de Pombal, ento Ministro de Portugal, empreendeu uma srie de reformas, instituindo o ensino laico e pblico, influenciado pelas ideias prximas do Iluminismo, passando o comando da educao para as mos do Estado. Nascia, de certo modo, a educao pblica no Brasil, levadas a efeito somente a partir de 1722, quando foi implantado o ensino publico oficial. O Marqus de Pombal s iniciou a reconstruo do ensino uma dcada mais tarde, provocando um retrocesso de todo sistema educacional brasileiro. Ao mesmo tempo em que suprimia as escolas jesuticas de Portugal e de todas as colnias, Pombal criava as aulas rgias de disciplinas isoladas de latim, grego, filosofia e retrica. Cada aula rgia era autnoma e isolada, com professor nico e uma no se articulava com as outras. A educao estava deriva. Porm, os professores geralmente no tinham preparao para a funo, j que eram improvisados e mal pagos. O resultado da deciso de Pombal foi que, no princpio do sculo XIX, a educao brasileira estava reduzida a praticamente nada. O sistema jesutico foi desmantelado e nada que pudesse chegar prximo dele foi organizado para dar continuidade a um trabalho de educao. Durante o longo perodo do Brasil colnia, aumentou o fosso entre letrados e a maioria da populao analfabeta. Em 1808, com a vinda da corte portuguesa para o Brasil, que passou a ser sede do reino portugus; o ensino realmente comeou a se alterar mais profundamente. Educao no Imprio

A chegada da famlia portuguesa no BrasilA chegada da famlia portuguesa no BrasilQuando a famlia real chegou ao Brasil, existiam apenas as insuficientes aulas rgias, o que obrigou Dom Joo VI a criar escolas, principalmente superiores, a fim de atender s necessidades do momento: formar oficiais da marinha e do exrcito para a defesa da colnia, engenheiros, mdicos, bem como abrir cursos de carter pragmtico. Foi recriada, em outros moldes, a academia militar que havia. Alm disso, ele criou duas escolas de medicina, uma no Rio de Janeiro e outra em Salvador. Criou tambm, em 1827, aps a Independncia do Brasil, duas faculdades de Direito, as atuais Faculdades de Direito da Universidade de So Paulo e a Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pernambuco.Alm das mudanas citadas, houve a abertura dos portos para o comrcio com os pases amigos, iniciando a consolidao do modelo agrrio-comercial-exportador-dependente ao lado do modelo agrrio-exportador-dependente, resultantes da lenta passagem de uma sociedade rural-agrcola para urbano-comercial. Em relao s transformaes culturais, houve inovaes, como a Imprensa Rgia (primeira imprensa oficial que criou o primeiro jornal impresso do Brasil), Biblioteca (futura Biblioteca Nacional), Jardim Botnico do Rio de Janeiro, Museu Real e Museu Nacional. Essas inovaes geraram impactos nas perspectivas educacionais futuras no contexto brasileiro.Em 1824, houve referncias a um sistema nacional de educao, quando foi outorgada a primeira Constituio brasileira, que no Art. 179, dizia: instruo primria gratuita para todos os cidados. Porm, no houve mudanas reais que dessem essa garantia para todos. A educao continuou sendo privilgio de uma seleta elite.Em 1827, determinou-se a criao de escolas de primeiras letras em todas as cidades. Os resultados dessa lei tambm fracassaram. Somente em 1834 houve uma reforma que descentralizou o ensino, atribuindo Coroa a funo de promover e regulamentar o ensino superior, enquanto as provncias ficavam responsveis pelas escolas elementar e secundria. Tais medidas reforavam o carter elitista e aristocrtico da educao brasileira, impedindo ainda a organizao do sistema educacional. O "sistema" de ensino brasileiro no Imprio foi "estruturado" em trs nveis: elementar, secundrio e superior.A situao do ensino elementar era catica. Alm do mais, houve a tentativa fracassada de implantao do mtodo Lancaster, mtodo de ensino mtuo que tinha o objetivo de instruir o maior nmero de alunos com o menor gasto possvel, que se arrastou de 1823 a 1838. Sem exigncia de concluso do curso primrio para acesso a outros nveis de ensino, a elite educa seus filhos em casa com preceptores [...] apenas 10% da populao em idade escolar se acha matriculada nas escolas primrias (ARANHA: 19998; p.155). Para os demais segmentos da sociedade, o nvel elementar restringia-se a ensinar a ler, escrever e contar.Entre o ensino primrio e secundrio no havia pontes de articulao, cada um se orientava na sua direo. Enquanto todos os pases do mundo caminhavam em direo oposta, promovendo a educao nacional, o Brasil perdia ainda mais sua unidade de ao. O currculo era desarticulado, em funo da introduo das aulas rgias, escolhas aleatrias de disciplinas, sem qualquer exigncia de articulao entre os nveis de ensino.Eram os parmetros do ensino superior que determinavam a escolha das disciplinas do ensino secundrio, obrigando-o a ser mais propedutico, destinado a preparar jovens para a faculdade diante do exame final. As escolas eram aconselhadas ento a fazer rigorosos exames. O ensino secundrio predominantemente ministrado por professores particulares, em aulas avulsas. com o tempo, criaram-se os Liceus provinciais. No perodo de 1860 a 1890, a iniciativa particular se organiza, e so fundados importantes colgios, sobretudo catlicos [...] (ARANHA: 1998; p.154)Os protestantes tambm criaram escolas, trazendo inovaes da educao americana. Enquanto no resto do mundo preocupavam-se com a laicizao das escolas, no Brasil a tendncia era criar escolas religiosas. Havia ainda importantes iniciativas laicas, com pressupostos de inspirao positivista, que ofereciam estudos de cincias, menosprezado pela tradio humanstica. Os colgios laicas da poca eram os mais renovadores e progressistas.Em referncia formao de professores, foram fundadas as primeiras escolas normais em Niteri (1835), Bahia (1836), Cear (1945) e So Paulo (1846), para melhorar a formao dos mestres. Essas escolas inicialmente destinavam-se somente a rapazes e, mais tarde, tiveram uma clientela predominantemente feminina. O ensino formal estava distante das questes tericas, tcnicas e metodolgicas relacionadas com a atuao do professor. O descaso com a formao de educadores retratava, sem sombra de dvida, o no-comprometimento de toda a sociedade da poca para com a educao.No final do sculo XIX, diversos fatos ocorreram na histria do Brasil: abolio da escravatura, surto industrial, o fortalecimento da burguesia urbano-industrial, a poltica imigratria; encaminhando para a queda da monarquia e a proclamao da Repblica. No campo educacional, o pensamento positivista intensificou a luta pela escola laicas, gratuita e pblica, bem como pelo fortalecimento do ensino de cincias.Ainda no Imprio (1879), Lencio de Carvalho estabeleceu normas para o ensino primrio, secundrio e superior; determinando o fim da proibio de matrculas aos escravos, a criao de escolas normais, a liberdade de ensino, de frequncia, de credo religioso. Estimulou a criao de colgios com tendncias positivistas, que, valorizando as cincias, pudessem superar o ensino acadmico e humanista da tradio colonial. Porm, nem todas as propostas se efetivaram.A educao na primeira Repblica: em busca de novos horizontes Com a queda da monarquia em 1889, comeou a Primeira Repblica, designada tambm como Repblica Velha, Repblica Oligrquica , Repblica dos Coronis e Repblica do Caf. Aps a Primeira Guerra Mundial, teve incio no Brasil uma lenta mudana no modelo econmico agrrio-exportador para o urbano-industrial, com o surgimento de uma pequena burguesia nacional e o incio da nacionalizao da economia. O operariado, formado por imigrantes italianos e espanhis, organizou sindicatos sob influncia anarquista. A dcada de 1920 foi fortemente marcada por movimentos de contestao:fundao do partido comunista do Brasil (1922); as revoltas tenentistas (1927), das quais originou-se a Coluna Prestes, sob comando de Lus Carlos Prestes, descontentes com a oligarquia dominante; a Semana de Arte Moderna (1922), movimento cultural que marcou a ruptura dos antigos modelos estticos e uma crtica velha ordem social e poltica; a queda da bolsa de Nova York (1929), que afetou a economia do mundo inteiro, desencadeado a crise do caf no Brasil; a Revoluo de 1930, que aglutinou grupos de diversos segmentos sociais e econmicos e de diferentes correntes ideolgicas, dessa situao, Getlio Vargas se tornou governo provisrio. Benjamin Constant, um dos professores ilustres da Escola Militar, escolhido Ministro da Instruo, Correios e Telgrafos, empreendendo, em 1890, a reforma educacional. Esse ministrio durou apenas dois anos. Somente em 1930 foi criado o Ministrio da Educao e Sade. A Reforma de Benjamin Constant tinha como princpios orientadores a liberdade e laicidade do ensino, como tambm a gratuidade da escola primria. Estes princpios seguiam a orientao do que estava estipulado na Constituio brasileira. Uma das intenes era substituir a predominncia literria pela cientfica. A Constituio republicana de 1891 reafirmava a descentralizao do ensino, atribuindo Unio a incumbncia da educao superior e secundria, reservando aos estados o ensino fundamental e profissional. Tal procedimento reforava o carter elitista da educao, confirmando o sistema dual de ensino. O secundrio continuava com seu carter acadmico e propedutico, voltado para a preparao ao curso superior e humanstico. A educao elementar continuava a receber menor ateno. As reformas no se implantaram de fato, devido falta de infraestrutura e de apoio das elites, avessas a qualquer inovao cultural. Por outro lado, a igreja catlica reagia de forma negativa s novidades positivistas atribudas ao governo republicano, considerado ateu, e que na Constituio estabelecera a separao entre Estado e Igreja e a laicizao do ensino nos estabelecimentos pblicos. A pedagogia nova o manifesto dos pioneiros da educao [email protected] AvaliativaFaa um breve texto apresentando de forma sequencial as principais caractersticas da Educao ao longo dos sculos, compreendendo: Educao clssica;Educao medieval;Educao moderna;Educao para o terceiro milnio;Educao na colnia: dos Jesutas Pombal;Educao no Imprio.

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