histÓria aprendizagem prazerosa - gestão escolar · tempo para preparar suas aulas e o reduzido...
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HISTÓRIA APRENDIZAGEM PRAZEROSA
Néldi Dalposso*
* Professora do Colégio Estadual Antônio Maximiliano Ceretta - Ensino Fundamental e Médio (Marechal Candido Rondon – PR). Trabalho apresentado como requisito parcial para conclusão do Programa PDE.
• Agradecimentos as valiosas contribuições da professora doutora Geni Rosa Duarte, aos colegas professores da rede estadual, aos alunos do Colégio Estadual Antônio Maximiliano Ceretta, a minha família.
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RESUMO: Este trabalho propõe uma análise sobre o ensino de História, a partir de pesquisas, depoimentos de alunos, pais e professores da rede pública, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. De posse destes dados buscamos práticas metodológicas diversificadas com o objetivo de desafiar o estudante a participar das aulas de história com prazer e a entender a construção do conhecimento histórico e a relação deste com sua formação de cidadão. Procuramos ressaltar os aspectos coletivos da aprendizagem, utilizando diferentes linguagens e recursos, a História oral, e o estudo de textos de diferentes autores, e fontes diversas, propiciando aos alunos a análise do mesmo fato histórico sob diferentes ângulos e óticas. Procuramos desenvolver no aluno uma cultura que vá além da técnica, bem como preparar o jovem, para participar nesta sociedade globalizada como sujeito de transformação. PALAVRAS–CHAVE: metodologias, prazer, ensino, aulas de História, sujeito.
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ABSTRACT: This work proposes an analysis regarding the issue of history teaching, from research studies, testimonies from students, parents and teachers from the public school, the elementary school and high school. From these data we sought possession diversified practice methodology in order to unravel the student to attend History classes with pleasure and understand the construction of historical knowledge and relationship with its training of the citizen. We looked up the collective knowledge of the way, using different languages and resources, the Oral History, and the study of texts by different authors, and various sources, providing for the students to analyze the historical fact from different angles and perspectives. We seek to develop into students a culture that goes beyond the technology and prepare the young, to participate in this global society as a fellow of transformation. KEY WORDS: methodologies, pleasure, education, History classes, fellow.
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INTRODUÇÃO:
Vivemos em uma sociedade globalizada em constantes mudanças que
alteram os hábitos das populações, estimulam o consumismo, encurtam distâncias,
paradoxalmente, aproximam as pessoas apenas espacialmente e em decorrência,
os homens vivem num mundo cada vez mais irracional.
Essas mudanças acarretam crises dos modelos, de Estado, do trabalho, das
ciências, das famílias, enfim, crise do homem moderno.
Os jovens no meio dessas crises, ficam sem referências, com dificuldade de
compreender este mundo com tantas variáveis, formando a idéia da política como
uma atividade sem princípios, sem ética, sem respeito, e a escola como uma
instituição alheia à sociedade, aos seus Interesses e as suas necessidades.
Se por um lado a sociedade está mais exigível quanto a funcionários mais
competentes, críticos e criativos, de outro lado estão estudantes que conseguem
concluir o Ensino Médio saindo para o mundo do trabalho mal “preparados”, com
uma visão de mundo distorcida da realidade, na qual eles não se vêem como
sujeitos da História e da sociedade em que vivem.
A situação do ensino atual é dramática. É grande o índice de evasão e
repetência de alunos. Nas salas de aula, a maioria deles demonstra apatia,
indisciplina e desinteresse, porque não conseguem ver aplicabilidade a sua vida
nem a sua formação nas atividades escolares propostas.
As famílias, muitas vezes desestruturadas, vivem numa situação econômica
que não lhes permite vislumbrar perspectivas de um futuro promissor para seus
filhos. Mandam-nos à escola, acreditando que assim cumprem sua obrigação, mas
não conseguem acompanhar a sua trajetória escolar. A maioria destes jovens não
consegue obter sucesso na aprendizagem sistemática.
É comum nos lares os alunos não verem seus pais como exemplos, no
sentido cultural, visto que muitos não lêem ou se voltam para atividades culturais. Os
programas oferecidos pela mídia, principalmente a televisiva, são de baixíssimo
nível, e é a essa que quase todas as famílias têm acesso.
Os problemas enfrentados pelos professores são os mais variados, dentre os
quais ressaltamos: difíceis condições de trabalho, desvalorização da profissão,
falhas no preparo profissional, alunos indisciplinados, além das múltiplas exigências
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da sociedade e das políticas educacionais freqüentemente desvinculadas com a
realidade.
Os educadores enfrentam no seu dia-a-dia, salas superlotadas, em média
com 40 alunos, turmas heterogêneas, jovens que conseguem facilmente muita
informação, porém têm sérias dificuldades em processá-la; e, ainda, nossos
educandos não possuem o hábito da leitura e são muito resistentes a fazer tarefas e
trabalhos escolares.
A preocupação de alguns professores em ministrar todo o conteúdo, o pouco
tempo para preparar suas aulas e o reduzido número de aulas de História semanais,
proposto nos currículos, transforma o conhecimento histórico num amontoado de
informações desconexas, desinteressantes e inúteis, transmitidas aos alunos com
uma metodologia inadequada e sem atrativos.
O ensino de História, abordado de forma linear, cronológica e na perspectiva
da harmonia social, que lida com narrativas que enaltecem os heróis e as conquistas
das classes dominantes, e isso é algo que se separa do universo dos alunos e os
exclui do processo ensino-aprendizagem.
Essas situações dificultam a tarefa de fazer o jovem se interessar pelas aulas
de História. Então nos questionamos: O que propor-lhe para que haja uma
aprendizagem significativa que o motive a participar das aulas de História
prazererosamente e que o faça perceber-se como sujeito histórico, auxiliando-o na
sua formação de cidadão autônomo crítico e participativo?
Diante dessa problemática procuramos buscar subsídios e dados através de
entrevistas com alunos do ensino Fundamental e Médio, com seus pais e com
colegas professores, objetivando sobressair os principais entraves no processo
ensino-aprendizagem. Também pesquisamos metodologias e práticas educativas
diferenciadas que motivem e levem o estudante a tomar parte das aulas de História,
bem como entender a construção do conhecimento histórico e a relação desse com
a sua formação de cidadão.
A ESCOLA, O ENSINO DE HISTÓRIA E A SOCIEDADE
O nosso país necessita de uma educação de qualidade que coloque o
homem, suas ações e relações como tema principal, que nos torne nação e
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qualifique o nosso jovem para que ele tenha oportunidades de sucesso neste mundo
competitivo e exigente.
É necessário preparação para ocuparmos um espaço nesta sociedade
globalizada ou seremos sufocados por ela. Ela requer jovens com uma cultura que
vai além da técnica, e essa, pretendemos que adquiram através do conhecimento
histórico o qual apresenta um potencial transformador.
Não é recente a tentativa de modernizar o ensino introduzindo recursos
tecnológicos nas aulas. Porém, não adianta substituir a metodologia sem que a
própria concepção de História seja repensada. O professor precisa refletir, ler, ser
um pesquisador, conhecer novas linhas de pensamento, discuti-las e ter clareza
sobre o que, e como vai ensinar; da conseqüência do seu compromisso com o ato
de educar.
José Freitas Neto, assim se pronuncia sobre o ato de educar:
O ato de educar é um desafio constante! {...] O mundo em contínua transformação, as constantes alterações das diretrizes e orientações legais, o controle burocrático cada vez mais eficiente, e alunos pouco dispostos a aceitarem o universo escolar como algo útil e aplicável ao seu cotidiano provocam no educador a necessidade contínua de discussão e alteração para que a escola, em sua tarefa de educar, não se esvazie, e com ela sua própria profissão. (FREITAS NETO, 2005, p. 57)
O ensino é um processo dinâmico e necessita adaptar-se às diversas
realidades. Como professores podemos renová-lo, considerando: o universo do
aluno, estímulo à oralidade, a produção textual e a análise dos documentos; partir de
conteúdos estruturantes para que os educandos possam realizar articulações entre
a sua individualidade e a história coletiva; saber identificar com clareza o
esgotamento ou a necessidade de aprofundar um tópico; discutir com o aluno o que
se ensina, por que se ensina e onde se quer chegar com esse ensino.
O aluno precisa entender que, o conhecimento histórico é um meio para
compreender o mundo, as questões da atualidade, suas origens, as diferentes
explicações para um fato e que o conhecimento histórico não é uma verdade
acabada. É que é necessário questionar, levantar hipóteses, comparar, relacionar
para entender as diferentes abordagens, para a sua apropriação.
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O professor é o mediador, como tal, precisa construir com seus educandos o
espírito investigativo que leva à exploração da realidade e à descoberta do mundo
científico.
O ensino de História é um fator preponderante para a formação integral de um
cidadão. A História é referência ensinada, numa prática que apresente os
conteúdos, com responsabilidade social e com criticidade para a nossa formação.
O estudante só irá se reconhecer como sujeito histórico, quando relacionar os
esforços que nossos antepassados fizeram para chegarmos ao tipo de civilização
em que estamos. O historiador Eric Hobsbawm, escreve:
Ser membro da consciência humana é situar–se com relação ao seu passado, passado este que é uma dimensão permanente da consciência humana, um componente inevitável das instituições, valores e padrões da sociedade. HOBSBAWM, ( 1998, p. 22 ).
Em vista disso é mister a revalorização do Ensino de História e que os
professores se conscientizem de sua responsabilidade social perante os alunos e de
seu compromisso em ajudá-los a compreender, intervir e transformar o mundo em
que vivem.
A REVELAÇÃO DOS DADOS DA PESQUISA
Embasados pelos desafios de nossa prática didática iniciamos as entrevistas.
Responderam à nossa enquete 58 alunos do Ensino Fundamental e 233 estudantes
do Ensino Médio. Enviamos questionários aos pais desses alunos, oportunizando-
lhes responder em casa e por escrito. Tivemos um retorno de 197 formulários, pois
alguns pais se abstiveram de responder. Distribuímos em torno de 25 entrevistas a
professores da rede pública, e retornaram apenas 8, recebemos resposta
principalmente dos que trabalham em nosso colégio, e sugestões dos professores
participantes do GTR.
Ao levantarmos os dados das entrevistas percebemos as dificuldades do
aluno em situar-se no contexto histórico, de entender, interpretar e reconhecer a
importância do estudo da História para sua própria vida. Um número significativo de
estudantes alega ter dificuldades de aprendizagem, pois considera o conteúdo muito
difícil, com muitas palavras desconhecidas, pouco utilizadas na linguagem do
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cotidiano. Além disso os conteúdos são fragmentados, muitas vezes repetitivos,
tornando as aulas monótonas, enfatizando basicamente o livro didático.
Na maioria das escolas o livro didático é o único material que o aluno possui,
e port5anto precisa ser explorado; mas faz-se necessário certos cuidados pois,
esses podem apresentar vários equívocos e se não forem bem utilizados podem
transformar-se em instrumentos que representam principalmente as relações
econômicas entre dominantes e dominados. E esse debate apenas não abrange
todas as questões referentes ao ensino/aprendizagem e nem explica todos os
processos históricos. Assim procuramos novas fontes históricas, confrontando-as,
visando estabelecer a reflexão entre as contradições do processo histórico e da
prática de ensino.
Alguns alunos apontam como empecilho para a aprendizagem a falta de
interesse dos próprios colegas, barulho nos corredores da escola, grande número de
alunos em sala de aula, o reduzido número de aulas semanais de História e uma
minoria aponta a falta de domínio de conteúdo por alguns professores.
De todos os estudantes entrevistados cerca de 70% afirmam que a melhor
forma de aprender é com a explicação do professor, o que reforça a importância do
relacionamento professor/ aluno. Por mais que possamos ter a nossa disposição
recursos tecnológicos e precisemos utilizá-los para motivar as nossas aulas, é o
relacionamento humano, a interação do dia-a-dia, que nos possibilita trabalhar
valores, afetividade e conduzir nosso jovem a se reconhecer como sujeito histórico,
capaz de investigar, explorar o sentido do estudo da História e interagir no meio em
que vive. Os aparatos tecnológicos são imprescindíveis à realidade escolar, porém,
não substituem em hipótese alguma o trabalho do professor. Este é o mediador
entre a cultura da humanidade e a cultura de seus alunos. Nesta perspectiva
lembramos a frase de Rubem Alves:
“Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais”. ALVES, (1994, p. 03 ).
O professor de História necessita reconhecer a grande importância que
possui na sociedade atual. Mesmo com a globalização, com o neoliberalismo, com
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as idéias do fim da História, o professor é insubstituível na formação dos seus
alunos.
Considerando que ele faz a mediação com o patrimônio cultural do aluno, é
indispensável que ele tenha conteúdo, esteja preparado e motivado, esteja aberto a
conhecer novas bibliografias e novas linhas de pensamento e, principalmente, que
trabalhe os temas com uma linguagem acessível aos educandos sem cair nem
incorrer na banalização da linguagem.
Nas entrevistas os discentes ainda, demonstram interesse em aprofundar o
estudo da História do Brasil, da política, de questões atuais e de assuntos
pertinentes a sua inserção ao mundo do trabalho.
Com relação ao questionamento aos pais estes escreveram que seus filhos
se motivam mais com o estudo de temas relacionados à História do Brasil, do
Paraná e às Guerras Mundiais, especialmente a Segunda. Observaram que quando
o conteúdo é desenvolvido em forma de projetos, atividades lúdicas, aulas de
campo, a motivação é maior.
Como seus filhos, os pais sugerem o estudo da História do Brasil, da política
e de temas atuais. E para eficiência das aulas de História, eles apontam
metodologias diversificadas, como: trabalhos em grupos, pesquisas, visualização de
filmes, viagens e visitas de estudo, debates, apresentações pelos alunos e,
principalmente, a exposição oral do professor em aulas dinâmicas.
Os colegas professores consultados em nossa pesquisa elencam, como
entrave ao processo ensino-aprendizagem, o desinteresse e a falta de conhecimento
prévio dos alunos, a falta de condições físicas, de material didático e equipamentos
adequados, além da falta de oportunidades para o professor aperfeiçoar-se. Mesmo
assim esforçam-se e desenvolvem práticas educacionais com o intuito de motivar e
despertar gosto pelo estudo de História em seus alunos.
A PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO
A busca por novas práticas pedagógicas sempre esteve presente na
educação e percebe-se claramente nas entrevistas dos docentes, que estão
continuamente “garimpando” , inovando, construindo e trocando experiências com
seus colegas, mesmo dentro das limitações que o sistema lhes impõe. Eles tem
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consciência que é na aula de História que podem oferecer ao seu aluno a
apropriação do conhecimento histórico, disponibilizando-lhe seu saber orientando-o
na construção do seu próprio conhecimento.
De posse desses dados, repensamos o ensino de História em nossa escola,
procurando reorganizar nosso planejamento, dando prioridade ao estudo de História
do Brasil dentro do contexto de História Geral. Dispomo-nos a trabalhar os
conteúdos de forma dinâmica, com propostas de atividades práticas, visando a aulas
mais atraentes. Para tanto foram indispensáveis vários encontros entre nós,
professores e nessas oportunidades ocorriam relatos de experiências, sugestões
quanto a maneira de abordar certos temas, enfim, um replanejamento.
Nessa despadronização procuramos questionamentos advindos de algumas
propostas das diretrizes curriculares, que orientam para o Ensino Fundamental: o
enfoque às dimensões política, econômico-social e a cultural articulando os
conteúdos específicos, partindo da História do Brasil, suas relações e comparações
com a Historia Geral, possibilitando ao aluno o conhecimento das múltiplas ações
humanas no tempo e no espaço. No Ensino Médio enfocamos as relações de
trabalho, de poder e as culturais. As relações citadas contemplam os conteúdos
estruturantes, apontando para o estudo das relações humanas, seqüênciando os
conteúdos estruturantes abordados no Ensino Fundamental.
Com a colaboração de colegas montamos uma hemeroteca, separando em
envelopes textos de diversos autores, organizados por temas, em um arquivo. Esse
material permanece na escola à disposição de todos os professores sendo utilizado
durante as aulas, pois é acessível aos estudantes.
Visando a construção e apropriação do conhecimento histórico, desafiamos
os alunos a pensar, a refletir, a questionar e a discutir a História, levando-os a
compreender que a mesma é uma disciplina em constantes transformações e o que
consta no livro didático e a fala do professor não são verdades absolutas.
Considerando que todos os vestígios do passado são matérias-primas para o
professor, utilizamos, então, diferentes linguagens e recursos, como: músicas,
fotografias, gravuras, cartazetes, filmes, histórias em quadrinhos, textos, poesias,
jornais, TV pen-drive, objetos e outros documentos, objetivando romper com o papel
reprodutivo da História tradicional. Consequentemente, esperando que o aluno
pudesse perceber que, através do estudo da história, é possível discutir as raízes
dos nossos problemas e, assim, encontrar possíveis soluções para eles.
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Para aplicar novas metodologias, e buscar diferentes fontes, foi necessário
muito empenho e um planejamento criterioso, com objetivos claros e definidos para
envolver o aluno e não deixa-lo com a falsa idéia de “matação de aula”.
Constantemente tornava-se importante a reflexão, a discussão sobre a fonte
abordada e mesmo sobre a atividade desenvolvida, relacionando-a com o tema em
estudo.
Partindo do pressuposto que só aprendemos o que nos interessa, o que nos
dá prazer, buscamos diversas formas de motivar nossos alunos, ao abordar um
tema, partindo de perguntas instigadoras, como: O que você já ouviu falar sobre tal
fato? O que você viu no jornal, ou ouviu no noticiário, hoje? Utilizamos também
curiosidades sobre um assunto, recortes de documentário ou filme, texto ou poesia,
trechos de música, para despertar a curiosidade deles. Motivados para o tema,
aplicamos metodologias e linguagens diversas para a construção do conhecimento
histórico. Lembramos aqui as considerações de Rubem Alves:
Mas eu creio que só aprendemos aquelas coisas que nos dão prazer. Fala-se do fracasso absoluto da educação brasileira, os moços não aprendem coisa alguma. E creio mais: que é só do prazer que surge a disciplina. É justamente quando o prazer está ausente que a ameaça se torna necessária. ALVES, ( 1995, p. 156 )
Partindo da leitura de textos de diferentes autores, preferencialmente de
correntes historiográficas diferentes, procuramos analisar o mesmo fato histórico sob
diferentes óticas. Durante a leitura e interpretação do texto pelos alunos, em grupos,
o professor procura não interferir nas diferentes abordagens levantadas. Em seguida
os estudantes procuram sintetizar e contextualizar o fato formando conceitos, que
são registrados no quadro juntamente com as principais observações feitas,
oportunizando a todos a percepção dos diferentes pontos de vista dos autores.
Desafiamos então os jovens a apresentar o seu texto de forma dinâmica e atrativa,
aos demais colegas de classe. O professor orienta e dá sugestões, como: teatro,
paródias, painéis, jornal falado e outras de sua criatividade. É incrível a capacidade
dos educandos de criar, de inovar; quando motivados para um assunto. Eles
vivenciam a história, entrevistam familiares, buscam subsídios na internet, coletam
fotografias e gravuras, apresentam-se aos colegas como verdadeiros artistas. Das
várias formas de apresentação, destacamos a de alguns alunos que encenaram
uma viagem com uma máquina do tempo, passando pela Pré-história e pelo antigo
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Egito, dando um show de conhecimento e criatividade. Em outra série
representaram as missões jesuíticas através do teatro. O assunto pôde ser
concluído com uma produção de texto escrito argumentado através do referencial
teórico a que tiveram acesso e das apresentações dos colegas sobre o tema e a
problemática evidenciados.
O uso da imagem no ensino da História foi um desafio que nos propiciou
analisar criticamente as gravuras representadas nos livros didáticos, bem como
avaliar o conhecimento adquirido pelos educandos através da representação dos
fatos históricos e de imagens produzidas pelos mesmos.
Há cerca de um século tem sido introduzido o uso de gravuras, fotos, filmes,
mapas e ilustrações diversas como recurso pedagógico no ensino de História. Esse
uso foi se multiplicando como material didático importante na cultura histórica
escolar. Muitas vezes o livro didático é escolhido pelas ilustrações que apresenta.
Não podemos negar que as imagens são utilizadas para motivar, ilustrar e
concretizar noções abstratas na produção do conhecimento histórico. Porém, não
podemos escolher a imagem a ser trabalhada de forma ingênua, sem se perguntar;
quando, como e por quem foi produzida, para que e para quem se fez essa
produção. Selecionamos a imagem com criticidade e bom senso para então leva-la à
apreciação dos discentes.
Em nossa proposta de implementação utilizamos frequentemente as imagens
em nossa prática docente. Primeiramente apresentamos a ilustração para a
interpretação do aluno, sem a interferência do professor. O educando faz uma leitura
geral desta procurando relacioná-la com seu conhecimento e com outras imagens.
Conduzimos então a descrição da imagem analisada, a qual pode ser escrita ou
oral. Orientamos então o aluno a observar aspectos não abordados,
contextualizando com o tema a ser desenvolvido.
Aproveitamos também livros didáticos velhos, dos quais recortamos gravuras,
colando-as em uma seqüência lógica para que os educandos produzam textos sobre
elas, destacando aspectos econômicos, sociais, políticos e culturais do Brasil
Colônia.
Tais atividades são de grande curiosidade e proveito para os estudantes,
principalmente se as imagens são apresentadas através da TV-pendrive. Realizar
esta prática tem sido empolgante, mas não se compara com a realização de usar a
imagem como fixação de um conteúdo ou avaliação.
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Após estudo de um determinado tema desafiamos os jovens a demonstrar o
que aprenderam através de representação de imagens. Sugerimos cartazetes,
painéis, charges e desenhos, e eles produzem trabalhos maravilhosos. Utilizamos
essa estratégia em conteúdos, como: Feudalismo, Iluminismo, Revolução Russa,
República Velha, Segunda Guerra Mundial, entre outros. Trabalhamos com turmas
de 8ª série do Fundamental até a 3ª série do Ensino Médio, e nos surpreendemos
com a demonstração de domínio de conteúdo e de criatividade apresentada pelos
alunos. Como enuncia Circe Bitencourt :
Fazer os alunos refletirem sobre as imagens que lhes são postas diante dos olhos é uma das tarefas urgentes da escola e cabe ao professor criar as oportunidades, em todas as circunstâncias, sem esperar a socialização de suportes tecnológicos mais sofisticados para as diferentes escolas e condições de trabalho que enfrenta, considerando a manutenção das enormes diferenças sociais, culturais e econômicas pela política vigente. BITENCOURT, (2001, p. 89 ).
Os seminários também oportunizam a conhecer melhor nosso aluno e nos
leva a orientá-lo para a construção de sua cidadania. Distribuímos os conteúdos
para a classe organizada em grupos, orientando-os para que se prepararem para a
apresentação. Estes, para se exporem diante dos colegas, fazem uma intensa
preparação, necessitam de controle psicológico para vencer sua timidez,
confeccionam materiais de apoio como cartazes, mapas e slides, procuram protelar
o máximo possível a apresentação. Mas, no decorrer do ano letivo é visível o
desenvolvimento do educando à medida que vai se apresentando em diferentes
momentos: aos poucos vence a timidez e fala com desenvoltura aos seus colegas.
No último bimestre os alunos do Ensino Médio sentiram aptos a apresentar
seus trabalhos à colegas do Ensino Fundamental, especificamente os de 5ª e 6ª
séries. Essa experiência se deu com conteúdos de História do Brasil, com os ciclos
econômicos e características da sociedade colonial. Os jovens prepararam seus
temas em grupos, alguns organizaram maquetes, outros encenações teatrais e
também painéis. Com o material organizado, primeiramente expuseram em sua
classe para posteriormente, expor o conteúdo aos menores. Essa prática foi muito
apreciada tanto pelos apresentadores, quanto pela platéia.
Com o objetivo de trabalhar a interação objeto / pessoa partindo de diferentes
memórias, uma vez que procuramos envolver diferentes sujeitos e suas diversas
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práticas sociais, solicitamos aos alunos que trouxessem para a escola fotografias de
momentos distintos de sua vida. A escolha das fotos já é uma reconstrução do
passado e um resgate de sua historicidade. Com as fotografias em sala de aula o
aluno constrói sua linha de tempo e passa a produzir sua História, assunto que
domina muito bem e na qual está inserido como sujeito atuante, capaz de produzir
conhecimento histórico. O “autor” apresenta então a “sua História” para os colegas,
podendo ilustrá-la com as fotografias, descrevendo com empolgação as diferentes
fases de sua vida. Interessante também trocar as fotografias entre os educandos,
para fazê-los refletir sobre a dificuldade de escrever a história do outro, obstáculo
também encontrado pelos historiadores. Com essa prática há o resgate oral e visual
da memória histórica, complementado pela produção escrita, aproximando-se do
que Paulo Freire chama de educação libertadora.
As fontes orais são recursos interessantes, visto que propiciam o uso de
várias possibilidades metodológicas. Procuramos trabalhá-la, com entrevistas,
palestras e oficinas. Após trabalhar noções gerais sobre o tema, os estudantes
organizaram questões a serem abordadas e escolheram os entrevistados (pais,
pioneiros ou pessoas que vivenciaram certos fatos históricos) ou através de
palestras e mesas redondas. Essas práticas foram realizadas, principalmente no
estudo de temáticas recentes como a Ditadura Militar e a política brasileira pós
ditadura.
Com relação à Ditadura Militar, surgem dados muito interessantes, pois o
presidente Ernesto Geisel foi o único presidente brasileiro a visitar o nosso
município. Esse episódio ocorreu em 1976 e muitos pais e membros da comunidade
lembram-se do fato com riqueza de detalhes e descrevem, aos seus filhos os
preparativos, a organização, as chamadas da Rádio Difusora na época utilizando
uma música especial para anunciar detalhes do evento, e as orientações sobre
como a comunidade deveria se portar, bem como a recepção ao ilustre visitante. Na
ocasião em que os dados dessa atividade foram apresentados, houve um debate
acalorado, visto que de acordo com alguns entrevistados a ditadura foi um período
de desenvolvimento, de organização e que deveria voltar; outros, embasados por
suas pesquisas, pela participação em palestras e oficinas, (organizadas pela
UNIOESTE), argumentavam veementemente contra a ditadura.
Semelhante experiência, ocorreu com a abordagem sobre o primeiro governo
civil pós ditadura. Vários alunos tomaram conhecimento que seus pais ou avós
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tiveram suas cadernetas de poupança bloqueadas durante o governo Collor e que
alguns até hoje não conseguiram sacar esses valores, e que outras pessoas no
desespero do confisco, tomaram medidas extremas como o suicídio. Os estudantes
ficaram indignados com o fato e começaram a questionar e problematizar essa
questão e outras análogas.
Para estudar e analisar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, valemos-nos
da Mesa Redonda, dedicando duas horas aulas para essa prática metodológica. Os
educandos se prepararam pesquisando na Internet, em revistas, consultando seus
pais, professores, patrões e mesmo membros da comunidade. O assunto foi
amplamente discutido, pois havia os favoráveis e os desfavoráveis ao governo Lula.
O tempo que destinamos ao assunto foi insuficiente, tivemos que retomar o tema,
mas foi muito produtivo.
As atividades citadas permitiram ao educando revestir-se no papel de
historiador, bem como perceber diferentes versões de um mesmo fato histórico. No
bojo das discussões entraram assuntos como: a mudança da moeda e a elaboração
da atual constituição, no governo Sarney; questionamentos sobre plebiscito, na
abordagem do governo Itamar Franco; a política econômica de Fernando Henrique
Cardoso; a ascensão das esquerdas ao poder, os programas sociais e os
investimentos em biocombustíveis, no governo Lula.
Utilizamos também atividades lúdicas, tanto para construir o conhecimento,
como para avaliar o conhecimento de nossos educandos. Sahda Marta Ide afirma:
O jogo não pode ser visto, apenas como um divertimento ou brincadeira para gastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo, social e moral (....) As crianças ficam mais motivadas a usar a inteligência, pois querem jogar bem: sendo assim, esforçam-se para superar obstáculos, tanto cognitivos quanto emocionais. Estando mais motivadas durante o jogo, ficam também mais ativas mentalmente. IDE, ( 1993, P. 96 ).
Outra prática que desenvolvemos com sucesso foi o “Show de Questões” .
Para tal atividade foi construído um “sinalizador” ( uma caixa com duas lâmpadas de
cores diferentes e dois interruptores ). O professor realiza uma explanação oral
sobre o assunto a ser estudado e a partir dela os alunos, em grupo, elaboram o
maior número possível de questões com respostas, as quais necessitam ser
corrigidas pelo professor e então parte-se para o show. Os estudantes são divididos
em dois grupos, (podem ser separados por sexo, com a competição entre meninos e
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meninas ou por outro critério escolhido pelo professor e ou sugerido pelos alunos). O
professor lança a questão e os alunos correm ao sinalizador. Quem conseguir
acionar primeiro a sua lâmpada, responde a questão marcando ou não ponto para
sua equipe. Vence a equipe que fizer maior número de pontos. É uma prática muito
prazerosa aos alunos, pois a maior parte dela ocorre fora da sala de aula, envolve o
lúdico, a competição e ninguém quer ser derrotado.
Os filmes e documentários são também excelentes ferramentas para o ensino
de História. Apresenta-se o conteúdo aos estudantes, explicando ou lendo. Discute-
se um texto inerente ao assunto, analisa-se então o filme ou documentário para
comparar ou aprofundar o tema. Previamente o professor já elaborou questões
reflexivas para que os educandos, discutindo em grupos, desenvolvam suas
opiniões. As conclusões dos grupos são então apresentadas à classe para
discussão no grande grupo. Geralmente utilizamos mais documentários do que
filmes, pois a maioria dos filmes de história são bastante longos. Isto não quer dizer
que eles sejam descartados. Sempre que possível os utilizamos, principalmente
agora com a TV Pen-drive, que está bem localizada em sala de aula, possui uma
excelente imagem e é um recurso que auxilia para motivar a reflexão dos nossos
estudantes.
Para dinamizar as nossas aulas usamos também a música como fonte
histórica, visto esta estar presente na vida brasileira. Ela sempre permeou a cultura
das diversas etnias que compõe a sociedade brasileira e tem suas peculiaridades
próprias de acordo com as classes sociais e as regiões. Além disso, a música
marcou diferentes momentos da história brasileira; como por exemplo, a música
caipira, cujos versos mostram aspectos do coronelismo e dos dilemas do sertanejos,
na sociedade capitalista; as músicas ufanistas, que defendem os interesses dos
governos autoritários; as diferentes formas musicais de protesto e de ironia, às
ações dos governantes e das elites dominantes.
Utilizando a música em sala de aula é muito importante relacioná-la ao
contexto do assunto estudado, esclarecendo quando foi composta, quem é o seu
autor e quais os principais objetivos dela. Parte-se, então, para análise da letra,
procurando levar o aluno a perceber as possíveis relações da letra, que muitas
vezes aparenta ser uma história de amor, mas em análise mais profunda, demonstra
aspectos políticos e econômicos de períodos específicos de nossa história.
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Dispomos dessa metodologia ao abordarmos: a Era Vargas, com a música
de Ary Barroso, Aquarela do Brasil, de 1939; a Ditadura Militar com uma grande
variedade de músicas e de cantores como: Chico Buarque, Apesar de você, 1970;
Geraldo Vandré, Pra não dizer que não falei das Flores, 1968; Elis Regina, O
Bêbado e a Equilibrista, 1979; entre outras, de conteúdo muito rico para nossa
prática escolar.
Os estudantes fizeram uso das músicas para suas apresentações criando
paródias com músicas atuais e badaladas pelos jovens, desenvolvendo temas como
sociedade no Brasil colonial e cultura afro.
Podemos usar a música para muitos outros temas em nossas aulas de
História e em diferentes séries, tanto do Ensino Fundamental como do Ensino
Médio. Precisamos estar vigilantes para novos lançamentos musicais e abertos a
novas sugestões bibliográficas e sonoras, conforme Luciana Zago sugere:
É importante estar atento a novas músicas, que são gravadas ou mesmo regravadas, pesquisar em arquivos, livros científicos, didáticos e paradidáticos, que podem sugerir canções a serem trabalhadas. Utilizar novas linguagens em sala de aula como a música não significa que todos os problemas referentes ao ensino de história estarão resolvidos. ZAGO, ( 2003, p.166)
O uso da música em sala de aula requer alguma cautela e muita atenção do
professor para não valoriza-la excessivamente em detrimento do conhecimento
científico, a esse respeito nos alerta, Marcos Napolitano:
A incorporação deste tipo de documento/linguagem não deve ser tomada como panacéia para salvar o ensino de história e torna-lo mais moderno. Muito menos deve ser vista como a substituição dos conteúdos de aprendizado por atividades fechadas em si mesmas. Todo o cuidado com a incorporação das ‘novas linguagens’ é pouco, principalmente numa época de desvalorização do conteúdo socialmente acumulado pelo conhecimento científico. NAPOLITANO, ( 2001, p. 149 ).
A avaliação ocorreu durante todo o processo, através da observação direta do
envolvimento e do entusiasmo do aluno, bem como da verificação da aquisição do
conhecimento demonstrada em sua participação e desempenho nas atividades e
pelo nível de suas produções. Foi de forma qualitativa, na análise dos textos bem
como na formulação de conceitos inerentes aos temas; a quantificação se deu
através da interpretação dos trabalhos organizados durante todo o processo.
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Concomitantemente foi avaliado o trabalho do professor, assim como o
material didático produzido, reformulado e adequado sempre que acreditamos ser
necessário.
Ao aferirmos as avaliações, procuramos sair do tradicional, utilizando formas
criativas de avaliação como: bingos, histórias em quadrinhos, cruzadinhas, caça –
palavras, chamada oral usando uma bola, confecção de maquetes, sempre
observando a faixa etária, o nível dos educandos, e o conteúdo a ser avaliado.
CONCLUSÃO:
A pesquisa e a proposta realizadas no Colégio Antônio Maximiliano Ceretta
de Marechal Cândido Rondon, levantam a problemática do processo-ensino-
aprendizagem, no caso especificamente do ensino de História e a busca de novas
práticas metodológicas para tornar esse processo mais atraente.
Cientes que o ensino de História possui múltiplas possibilidades de
compreensão, percebemos a importância e a necessidade de romper com a história
tradicional, e propiciar a análise e a reflexão visando a compreensão do processo
histórico como um todo, para que o aluno tenha condições de entender os conflitos e
os interesses relacionados ao ensino de História.
Analisando os dados da pesquisa realizada com a comunidade escolar,
sentimos o grande desafio a que nos propusemos fazer: despertar o interesse dos
alunos, instigá-los a participar das aulas de História, situando-se como sujeitos de
sua própria história, propiciando a sua permanência na escola com sucesso. Mas
estávamos desafiados também a oferecer, tanto a alunos quanto a professores,
aulas prazerosas, nas quais percebessem sentido nos temas estudados e que
superassem as dificuldades metodológicas nas aulas de História.
Despertar o interesse dos alunos mesmo com conteúdos da História Antiga,
entre outros, foi um provocar constante para nós educadores. Não podíamos estudar
o passado pelo passado! Então procuramos pesquisar com seriedade, instigando os
alunos a relacionar o passado/presente, a dialogar com outras fontes e a perceber
como a sociedade atual está relacionada ao processo histórico e à própria ideologia
capitalista.
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O aluno não pode ficar à mercê de compreender a História sob recortes com sentido fechado entre si. Ele deve ser estimulado a compreender fenômenos de amplo efeito sobre diferentes recortes sincrônicos, diacrônicos, permanências e continuidades, a partir de movimentos de inter-relações, em que os conteúdos não sejam tomados de forma isolada (PARANÁ, 2006, p. 30).
Tínhamos convicção na viabilidade da proposta e que essa podia ser
implementada em qualquer escola, em diferentes séries do Ensino Fundamental ou
do Ensino Médio Procuramos envolver nossos colegas de área para que conosco
abraçassem a idéia e juntos, trocando experiências pedagógicas, organizamos
novas práticas visando um ensino de qualidade.
Tornou-se necessário o envolvimento de colegas de outras áreas, pois em
muitos momentos a interdisciplinaridade foi imprescindível. Fizemos parcerias com
colegas de Artes, na construção de maquetes, na organização dos teatros, na
representação de desenhos e cartazetes, bem como com professores de Língua
Portuguesa, Geografia, entre outros.
Procuramos construir o conhecimento histórico através de temas,
problematizando, provocando o raciocínio dos alunos com questões relevantes,
orientando-os a perceber a historicidade de conceitos como: democracia, cidadania,
poder, organização social, trabalho, lutas de classes, entre outros e a reconhecer os
preconceitos e sua perpetuação no ensino da História tradicional.
Procuramos ainda despertar o espírito crítico dos educandos, provocando-os
a interagir nas aulas, incentivando-os à leitura, porque pensamento crítico não se
sustenta sem ela. Para tanto utilizamos textos de autores diversos, de jornais,
revistas, documentos oficiais e através da leitura outras fontes históricas foram
sendo anexadas.
A exploração de mapas, imagens, fotografias, caricaturas, pinturas, objetos de
uso cotidiano, interpretação de filmes, de letras de músicas, de poemas, de
manifestos, de panfletos e propagandas, análise de relatos de viajantes ou de
pioneiros, o rádio, a televisão e as consultas virtuais foram excelentes recursos
didáticos que nos auxiliaram a transformar as aulas de História, numa aprendizagem
prazerosa e conseqüente.
A utilização desses recursos somente contribuirá na medida em que o professor estiver consciente do seu papel como professor/historiador/pesquisador que, acima de tudo, esteja atento às necessidades dos seus alunos e que efetivamente, o
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conhecimento histórico esteja sendo construído e apropriado. (ZAGO, 2003, p. 167)
O presente trabalho não pretende apresentar uma receita a ser seguida. Cada
professor precisa encontrar a sua prática de acordo com a sua realidade, o nível de
conhecimento de seus alunos, bem como a características peculiares de cada
turma.
Em muitos momentos certas práticas que deram excelentes resultados em
uma turma, mostraram total inviabilidade em outra, mesmo em série igual do mesmo
curso. Tornava-se necessário a busca de novas metodologias para atender as
peculiaridades desta turma.
Sabíamos que o uso de novas linguagens no ensino de história, não iria
resolver todos os problemas de ensino dessa disciplina, mas tivemos experiências
muito gratificantes, com os alunos aguardando nosso retorno às aulas após o
trabalho dos estagiários; a elevação do rendimento escolar de muitos alunos; a
alegria em ministrar aulas dinâmicas a alunos participativos e atuantes; o prazer de
pesquisar com os alunos em fontes diversas e a descoberta de novas versões sobre
fatos já conhecidos.
Temos consciência que esta proposta não está concluída, ela está aberta a
novas pesquisas, a sugestões de outras práticas pedagógicas, pois cada professor
posui uma riqueza imensa de práticas, de metotodologias inovadoras que atendem
os objetivos desta proposta. E a troca de experiências entre os educadores é
fundamental para a qualidade de ensino.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS :
ALVES, Rubem. A alegria de ensinar. 2. ed. São Paulo: Ars Poética, 1994. BITTENCOURT, Circe (org.). O saber histórico na sala de aula. 4. ed. São Paulo: Contexto, 2003. FREITAS, José Alves. A renovação do ensino de história. In: KARNAL, Leandro. História na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2004. HOBSBAWM, Eric. O sentido do passado: sobre história. São Paulo: Cia. das Letras, 1998. IDE, Sahda Marta. O jogo e o fracasso escolar. In: KISHIMOTO,Tizuko Morchida. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 8. ed. São Paulo. 2005. p. 89. NAPOLITANO, Marcos. A televisão como documento. In: BITTENCOURT, Circe. O saber histórico na sala de aula. 5. ed. São Paulo: Contexto. 2001. p. 149 PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica do Estado do Paraná: história. Curitiba, 2006. ZAGO, Luciana. A música no ensino de História. In: DIEHL, Astor Antonio. Fascínios da história. Passo Fundo: UPF. 2003. p. 158.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
ABREU, Martha; SOIHET, Rachel (orgs.). Ensino de história. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2003. ALVES, Rubem. Estórias de quem gosta de ensinar. São Paulo: Ars Poética, 1995. ANTUNES, Celso. Marinheiros e professores. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 1999. CHALITA, Gabriel. Pedagogia do amor. 2. ed. São Paulo: Gente, 2003. DIEHL, Astor Antonio; MACHADO, Ironita P. Apontamentos para uma didática de história. Passo Fundo: Clio, 2001. FERREIRA, Martins. Como usar a música na sala de aula. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2003. FONSECA, Selva Guimarrães. Ser professor no Brasil: história oral de vida. Campinas: Papirus, 1997.
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NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema em sala de aula. São Paulo: Contexto, 2003. PENTEADO, Heloisa. Metodologia do ensino de história e geografia. São Paulo: Cortez, 1992. SCHMIDT, Maria Auxiliadora; CAINELLI, Marlene. Ensinar história. São Paulo: Scipione, 2005. SILVA, Marcos A. da. História o prazer em ensino e pesquisa. São Paulo: Brasiliense, 1995.