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História

Primeira Guerra Mundial

Professor Thiago Scott

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História

A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL (1914-1918)

Maurice Crouzet classificou o início do século XX como o período do “capitalismo triunfante” (62% das exportações de produtos fabris e mais de 80% dos investimentos de capitais no exte-rior pertenciam à Europa) onde, ao lado do crescimento econômico, os antagonismos entre as grandes potências imperialistas aumentavam, acarretando a formação de um grande sistema de alianças, onde as nações tentavam organizar um bloco de sustentação de suas atuações.

Dos 23 Estados europeus, 20 eram monarquias e apenas a França, Portugal e Suíça eram repúblicas. O parlamentarismo limitava-se à França, Bélgica e Grã-Bretanha e os demais países apresentavam formas autoritárias de governo. Socialmente, a velha Europa Oriental a nobreza ainda predominava e nos Estados europeus ocidentais o rápido processo de industrialização colocava a burguesia e o proletariado em oposição. Fora da Europa, apenas o Japão e os Estados Unidos permaneciam fora da influência européia, bem como disputavam com essas áreas de influências.

O problema central do momento estava na corrida imperialista e nos limites da divisão econômi-ca do mundo. O crescimento alemão nos ramos da siderurgia, da química, dos transportes e nas manufaturas de instrumentos científicos acarretou um desequilíbrio econômico na Europa, o que fortaleceu as rivalidades com a Inglaterra, até então a potência econômica-financeira do mundo.

Outra rivalidade importante estava nas relações entre Alemanha e França. A incorporação de Alsácia e Lorena ao território alemão nunca foi aceita pela França, daí a grande preocupação da Alemanha em isolar diplomática e militarmente a França.

Nos Bálcãs a maior rivalidade estava entre o Império Russo e o Austro-Húngaro e a Itália entrou aberta-mente em conflito com a França em função da disputa de colônias no norte da África (Tunísia).

O somatório dessas rivalidades possibilitou, ainda em 1894, a aliança franco-russa, iniciando a formação da Tríplice Entente, com a futura adesão da Inglaterra (dois acordos, A Entente Cor-diale: franco-inglesa e anglo-russo). Em 1907, viria a resposta com a Tríplice Aliança, unido a Alemanha, a Itália e o Império Austro-Húngaro.

No ponto de vista ideológico, essas rivalidades acenderam os nacionalismos europeus, que vinham disfarças os interesses imperialistas o pan-germanismo, afirmando a superioridade da “raça alemã, o revanchismo da França em relação à Alemanha e o pan-eslavismo, que colocava a Rússia como “protetora” dos povos eslavos nos Bálcãs. O assassinato de Francisco Fernando, arquiduque her-deiro do trono austríaco em Sarajevo por um estudante da Bósnia-Herzegovina, em 26 de junho de 1914 seria a causa imediata do conflito. Na seqüência, vieram os acontecimentos: a Áustria, apoiada pela Alemanha, atacou a Sérvia, depois de Ter seu ultimato não atendido; a Rússia prepa-rou a defesa da Sérvia, recebendo um ultimato alemão para desmobilizar suas tropas; em agosto, a Alemanha declarou guerra à Rússia e à França; a Bélgica foi invadida pela Alemanha, que ignorou sua neutralidade, o que levou a Inglaterra declarar guerra a Alemanha e a Itália se omitiu, afirmando que não ajudaria a Alemanha e a Áustria pois esses países não foram atacados..

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As Etapas da Guerra

Inicialmente, Alemanha, Inglaterra, França, Bélgica, Rússia e Áustria se envolveram. Em agosto, o Japão juntou-se aos Aliados (Sérvia, Rússia, França, Bélgica e Império Britânico) declarando guerra à Alemanha, interessado nas possessões desta no Extremo Oriente e, em novembro, a Turquia aderiu às Potências Centrais. Na primeira fase (Guerra de Movimento – 1914), a ofensiva alemã no ocidente se deu pela invasão da França, detida pela Batalha de Marne. Por mar, a Alemanha foi bloqueada pelos Aliados, ao mesmo tempo em que a Alemanha iniciava sua campanha submarina. Na frente oriental, o ataque russo foi detido pelos alemães nos lagos Mazurinos e em Tannenberg. Na Segunda fase da guerra (Guerra de Trincheiras – 1915/17), os alemães reforçaram a guerra no oriente, causando grandes estragos no exército russo. A Itália entra no conflito ao lado dos Aliados em função das promessas inglesas de a Itália participar da partilha das colônias alemãs na África, receber vantagens territoriais na Ásia Menor e ganhar posição dominante no Adriático. A posição da Itália sempre foi dúbia. Mesmo sonhando em anexar territórios da Áustria, juntou-se a Tríplice Aliança em função de problemas diplomáticos com a França. No mesmo ano, a Bulgária aderiu às Potências centrais.

Em 1916, os combates entre alemães e franceses foram os mais importantes na frente ocidental, com destaque para a Batalha de Verdun, onde a ofensiva germânica foi paralisada. Na Europa Oriental, a Romênia entra na guerra ao lado dos aliados ao mesmo tempo em que os portugueses.

O ano de 1917 (O Ano Crítico) caracterizou-se pela entrada dos Estados Unidos (o país financiava o esforço de guerra da França e da Inglaterra e, no momento em que a Alemanha anunciou o bloqueio das Ilhas Britânicas e da França, o presidente Wilson levou para o Congresso a proposta de guerra contra a Alemanha, que foi aprovada em abril de 1917), pela retirada da Rússia e pela declaração diplomática de guerra dos países latino-americanos às potências centrais e pela adesão da Grécia e do Brasil.

A terceira fase (a vitória doa aliados), em 1918, teve início uma nova ofensiva das potências centrais contra a Entente, antes que os americanos chegassem à Europa. Todavia, na Batalha de Marrne, a Tríplice Aliança era freada. A Turquia, ameaçada pelas vitórias inglesas na Síria e no Iraque, depôs as armas

Os Efeitos da Guerra

No ponto de vista econômico, a guerra trouxe uma forte inflação aos países beligerantes, marcando o declínio europeu, o aumento das pressões operárias e um forte desequilíbrio social. As perdas humanas são estimadas em 13 milhões para a Europa, tendo os EUA 115 mil mortos. Outro aspecto social importante foi o aumento da participação feminina no mercado de trabalho e na política.

No campo político, a guerra colaborou para o fortalecimento do Estado, com a formação de instrumentos de intervenção estatal e para a destruição dos impérios centrais (alemão, austro-húngaro, russo e turco) e a adoção de regimes republicanos em quase todos os países.

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A Conferência de Paris e os Tratados de Paz

Em janeiro de 1918, o Congresso americano aprovou os quatorze pontos do presidente Wil-son, que foram fundamentados nos seguintes princípios: auto-determinação dos povos, livre navegação dos mares, supressão das barreiras econômicas, restauração da independência da Bélgica, restauração da Alsácia e Lorena à França, autonomia para as nacionalidades do Impé-rio Austro-Húngaro, reconstituição de um estado polonês, com livre acesso ao mar o estabele-cimento de uma paz sem anexação ou indenização e uma nova diplomacia, sem acordos secre-tos, que possibilitou a criação da Sociedade das Nações, também chamada de Liga das Nações, tribunal supranacional que deveria julgar os futuros problemas internacionais, evitando assim uma nova guerra.

Contudo, esses princípios não foram aplicados nos tratados surgidos na Conferência de Paris (1919-1921), onde 32 países participaram, excluindo-se a Rússia e os países perdedores, o que demonstra a parcialidade das decisões. Em junho de 1919, o tratado que regulava a paz com a Alemanha foi ratificado: O Tratado de Versalhes (440 artigos). A Alemanha foi responsabili-zada pela guerra, e por isso punida fortemente, especialmente por pressão dos franceses que temiam uma desforra alemã. Seis novos Estados nasceram da desintegração da Rússia e do Império Austro-Húngaro; Romênia, Iugoslávia e Grécia foram ampliados e França, Inglaterra e Itália receberam importantes territórios.

A Alemanha perdeu 1/8 de seu território e 12% de sua população; seu exército foi reduzido a 100 mil homens, foi proibida de manter marinha de guerra, artilharia pesada, tanques ou avi-ões; não poderia fabricar armas e formou-se uma zona desmilitarizada às margens do Reno. A indenização de guerra foi calculada, em 1921, em 400 bilhões de marcos, sendo seus beneficia-dos a França (52%), a Inglaterra (22%), a Itália (10%) e a Bélgica (8%). Além do mais, a Alemanha foi obrigada a devolver Alsácia e Lorena para a França, Eupen e Malmédy à Bélgica, Slesvig à Dinamarca e à Polônia cedeu Pomerânia e Posnânia, repartindo em dois o território alemão (corredor polonês).

Outros tratados de paz foram assinados: Tratado de Saint-Germais (1919) com a Áustria que reconhecia a independência da Hungria, da Polônia, da Tchecoslováquia e da Iugoslávia; o Tra-tado de Trianon (1920) com a Hungria; o Tratado de Newilly (1919) com a Bulgária.


SLIDES – A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL (1914-1918)

Antecedentes: o mundo antes de 1914

• A Belle Époque (1870 – 1914): auge do capitalismo burguês• Crise do Neocolonialismo: concorrência e conflitos• Os Nacionalismos: França (revanchismo), Alemanha (pangermanismo),

Rússia (paneslavismo) e Inglaterra (orgulho imperial)• Paz Armada: corrida armamentista• Rivalidades entre as nações• Formação das alianças• Assassinato do arquiduque austríaco Francisco Ferdinando



Fases da Guerra

• 1ª fase: Guerra de Movimento (1914)• A primeira fase ocorreu de agosto a novembro de 1914 e ficou

conhecida como a guerra de movimento, quando a Alemanha realizou ataques agressivos contra a França. Os alemães invadiram a Bélgica, derrotaram os franceses e caminharam rumo a Paris.

• A capital e o governo francês foram transferidos para a cidade de Bordeaux, e os franceses conseguiram conter os ataques dos alemães, que recuaram a ofensiva em setembro de 1914.


• 2ª fase: Guerra de Trincheiras (1914 – 1917)• Época em que ocorreram as maiores estratégias militares. • Entrada dos Estados Unidos.• Os principais motivos da entrada dos EUA no conflito foram a

promessa de apoio aos países europeus que compravam mercadorias das indústrias norte-americanas (a neutralidade ficou difícil) e os ataques dos submarinos alemães à marinha mercante dos EUA.

• Outro fato importante dessa fase foi a saída da Rússia, em 1917, da Guerra, em razão da Revolução Bolchevique. Em tal momento, a Tríplice Aliança havia ganhado dois aliados, a Bulgária e a Turquia; e a Tríplice Entente teve a adesão da Romênia, Portugal, Japão, Argentina e Brasil.



• 3ª fase: Vitória da Tríplice Entente• Novas armas foram utilizadas no conflito, além do uso de tanques e

aviões de caça para bombardeios e também a chegada de um grande contingente de soldados norte-americanos (aproximadamente 1,2 milhão de soldados).

• A entrada dos EUA reforçou a capacidade bélica da Entente, entretanto, a saída da Rússia possibilitou a invasão da Itália e da França pela Alemanha. A força bélica da Tríplice Entente conseguiu vitórias fundamentais sobre a Tríplice Aliança em territórios franceses.

• No final de 1918, a Alemanha não tinha mais possibilidade de vencer a guerra, e a população alemã forçou o imperador Guilherme II a abdicar do trono. Posteriormente foi instalada a república na Alemanha e decretada a sua derrota militar.


Tratados de Paz

• 14 pontos de Wilson (1918) – paz sem vencedores. EUA.

• Tratado de Versalhes (1919) – Alemanha é culpada pela guerra. Caráter revanchista. Liderança da França

• Tratado de Saint Germain (1919) – Desmembramento do Império Áustro-Húngaro (surgimento da Iugoslávia, Tchecoslováquia, Hungria e Áustria)

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