história 11º - mercantilismo; revolução científica e o iluminismo

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Matéria para o 2º Teste de História 1. Enunciar os princípios mercantilistas: O mercantilismo é o conjunto de medidas económicas que foram colocadas em prática, ao longo do período de transação feudalismo/capitalismo, caracterizadas pela rigorosa intervenção do Estado no plano económico. Os seus princípios são: Metalismo: acumulação de metais preciosos, entendidos como um meio de alcançar riqueza e prosperidade; Teoria da Balança Comercial favorável: as receitas tinham de ser maiores que as despesas, para isso o número de exportações tinham de ser maiores que os de importações; Incentivo à produção manufatureira: a manufatura era a forma básica de produção industrial. Era incentivada em larga escala por parte do Estado. Os altos preços dos produtos manufaturados no comércio internacional explicam a importância da atividade; Incentivo à construção naval: devido à grande importância do comércio marítimo e à importância do comércio colonial; Política demográfica favorável: uma população numerosa significa maior segurança do Estado e, principalmente, mais produção; Protecionismo alfandegários: trata-se de restringir ao máximo a entrada de produtos estrangeiros, objetivando a proteção do artigo nacional e dos mercados nacionais; Colonialismo: a exclusividade comercial sobre as colónias, onde eram obtidas as matérias-primas a baixo preço e onde havia mercados seguros de escoamento da produção manufatureira. 2. Distinguir mercantilismo inglês de mercantilismo francês: Mercantilismo Inglês: Em Inglaterra, as medidas mercantilistas visam proteger a economia britânica da expansão comercial holandesa. Assim, Inglaterra começou a reclamar o direito à exclusividade de navegação nas suas águas territoriais, através de atos de navegação. Estes proibiam a entrada nos portos ingleses de barcos estrangeiros portadores de mercadorias que não tivessem sido produzidas nos seus respetivos países de origem,

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Page 1: História 11º - Mercantilismo; Revolução Científica e o Iluminismo

Matéria para o 2º Teste de História

1. Enunciar os princípios mercantilistas:

O mercantilismo é o conjunto de medidas económicas que foram colocadas em prática, ao longo do período de transação feudalismo/capitalismo, caracterizadas pela rigorosa intervenção do Estado no plano económico.

Os seus princípios são:

Metalismo: acumulação de metais preciosos, entendidos como um meio de alcançar riqueza e prosperidade;

Teoria da Balança Comercial favorável: as receitas tinham de ser maiores que as despesas, para isso o número de exportações tinham de ser maiores que os de importações;

Incentivo à produção manufatureira: a manufatura era a forma básica de produção industrial. Era incentivada em larga escala por parte do Estado. Os altos preços dos produtos manufaturados no comércio internacional explicam a importância da atividade;

Incentivo à construção naval: devido à grande importância do comércio marítimo e à importância do comércio colonial;

Política demográfica favorável: uma população numerosa significa maior segurança do Estado e, principalmente, mais produção;

Protecionismo alfandegários: trata-se de restringir ao máximo a entrada de produtos estrangeiros, objetivando a proteção do artigo nacional e dos mercados nacionais;

Colonialismo: a exclusividade comercial sobre as colónias, onde eram obtidas as matérias-primas a baixo preço e onde havia mercados seguros de escoamento da produção manufatureira.

2. Distinguir mercantilismo inglês de mercantilismo francês:

Mercantilismo Inglês:

Em Inglaterra, as medidas mercantilistas visam proteger a economia britânica da expansão comercial holandesa. Assim, Inglaterra começou a reclamar o direito à exclusividade de navegação nas suas águas territoriais, através de atos de navegação. Estes proibiam a entrada nos portos ingleses de barcos estrangeiros portadores de mercadorias que não tivessem sido produzidas nos seus respetivos países de origem, favorecendo, assim, o crescimento da marinha mercante, o desenvolvimento do comércio e fomentando a expansão colonial, em que as colonias apenas efetuavam comércio com Inglaterra. Pode-se afirmar que o mercantilismo inglês tinha como prioridade a navegação e a exploração das colónias.

Mercantilismo Francês:

Ao contrário do mercantilismo inglês, o mercantilismo francês ou Colbertismo teve como objetivos o engrandecimento da economia francesa pelo incremento da produção manufatureira (em que era proibida a importação de produtos similares aos que se produziam em França), pelo fortalecimento do comércio externo, afastando definitivamente a poderosa concorrência holandesa.

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3. Evidenciar a importância das inovações agrícolas para o crescimento económico inglês:

As inovações na agricultura foram importantes, devido às suas extraordinárias consequências na melhoria da produtividade e da produção.

As principais inovações que estiveram na base da Revolução Agrícola foram:

O sistema quadrienal de rotação de culturas; O aumento das áreas cultivadas; A prática do emparcelamento de terras e da vedação (enclousers); Seleção de sementes; Mecanização; Aumento da criação de gado;

Esta revolução agrícola foi também essencial para o arranque do processo de industrialização, porque:

Libertava mão-de-obra dos campos, provocando a procura de emprego nas cidades, onde passava a haver abundância de mão-de-obra (êxodo rural);

Acumulava capitais, por parte dos grandes proprietários agrícolas: reinvestimento nos novos sectores da economia, como por exemplo na indústria nascente;

Fornecimento de matérias-primas, como lã, algodão e linho, necessárias para a indústria;

Necessidade crescente de instrumentos de ferro, para a melhoria do cultivo da terra, incentivando a indústria metalúrgica;

Concluindo, a revolução agrícola foi um dos fatores base da revolução industrial e do surto demográfico, ocorridos na Inglaterra.

4. Relacionar o arranque industrial com a revolução demográfica e a consolidação do comércio:

No decorrer do século XVIII verificou-se na Inglaterra um forte impulso demográfico, devido aos progressos da alimentação, da higiene e da medicina, que contribuíram para a diminuição das taxas de mortalidade, enquanto as transformações agrícolas e industriais favoreciam a natalidade.

O crescimento demográfico, o incremento urbano e o desenvolvimento das comunicações permitiram a constituição de um forte mercado interno. Este mercado interno estimulou o crescimento económico e industrial.

O mercado externo inglês mantinha-se em expansão numa interação dinâmica com o interno.

O grande comércio internacional e a expansão do mercado externo estiveram intimamente ligados ao arranque da industrialização:

Estimulando a aquisição de matérias-primas, que embarateciam os produtos da indústria britânica;

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Possibilitando a produção em massa e a especialização, características essenciais da industrialização;

Gerando uma acumulação de capitais, que seriam reinvestidos em novas fábricas, equipamentos, meios de transporte e comunicação;

Organizando e regulando o comércio e os mercados; Estimulando a concentração e a especialização económicas em determinados portos

e cidades.

5. Contextualizar a aplicação do mercantilismo em Portugal:

Portugal atravessava um período de crise económica (período de 1670 a 1692), visto que a sua economia se encontrava dependente dos produtos coloniais (como o açúcar e o tabaco) e à concorrência das potências estrangeiras, que dificultavam o escoamento.

As primeiras medidas mercantilistas foram implantadas em Portugal, pelos vedores da Fazenda: o Conde da Torre, e principalmente, o 3º Conde da Ericeira, D. Luís de Menezes.

6. Identificar as principais medidas mercantilistas postas em prática: Leis pragmáticas; Taxas alfandegárias; Criação de manufaturas; Contratação de artífices estrangeiros;

7. Explicar o retrocesso da política industrializadora portuguesa nos finais do século XVII:

As medidas de fomento ao desenvolvimento da produção manufatureira interna não tiveram continuidade, comprometendo irremediavelmente o seu sucesso.

A descoberta de Ouro e diamantes no Brasil e as guerras europeias entre grandes potências permitiram o escoamento de produtos portuguese, mas não significou o desenvolvimento das estruturas económicas portuguesas, porque as riquezas do Brasil escoaram-se e foram beneficiar o comércio inglês, através da celebração do Tratado de Methuen, em 1703, que abriu o mercado interno português às manufaturas inglesas, substituindo, assim, as nossas, desequilibrando a balança comercial portuguesa e acentuando o atraso ao desenvolvimento manufatureiro.

8. Salientar a dependência portuguesa face à Inglaterra:

O Tratado de Methuen foi considerado o responsável pelo atraso do desenvolvimento de manufaturas em Portugal e da dependência económica em relação à Inglaterra. De fato, o valor das importações portuguesas de produtos ingleses passou a ser muito superior ao valor das exportações de produtos portugueses para o mercado britânico, aumentando assim o défice da balança comercial portuguesa. Para cobrir o défice, Portugal utilizou o ouro do Brasil como forma de pagamento.

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9. Referir o papel do Marquês de Pombal no contexto económico do século XVIII:

Marquês de Pombal, adotou a política do despotismo esclarecido defendendo a autoridade ilimitada do rei e o controlo da economia, através do dirigismo e do protecionismo económicos.

A política do Marquês de Pombal orientou-se, assim, no sentido de “suster a crise económica e libertar o país da dependência em relação ao estrangeiro”. Para tal, numa primeira fase, o Marquês promoveu o fomento comercial, para que criou a Real Junta do Comércio, organismo central de todas as atividades económicas e, numa segunda fase, favoreceu o desenvolvimento industrial.

Adepto das doutrinas mercantilistas monopolistas, instituiu companhias privilegiadas, como a Companhia para o Comércio com o Oriente e a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, sendo a última criada, principalmente para proteger a qualidade do vinho do Porto.

As companhias monopolistas pombalinas constituíram um instrumento eficaz na emancipação da economia nacional e contribuíram para a revitalização dos sectores-chave da mesma.

Quanto ao fomento industrial, o Marquês fundou, remodelou e apoiou manufaturas. Algumas destas pertenciam ao Estado, tendo privilégios de exclusividade, financiamentos e isenção de direitos alfandegários.

A política social do Marquês de Pombal procurou suprimir resistências ao poder absoluto. Assim, chamando para a Corte os mais altos escalões da ordem nobiliárquica, o Marquês concedeu-lhes cargos e rendas, procurando liga-los de modo útil à governação.

A fundação do real colégio dos nobres visava dotar a nobreza de uma melhor preparação, mas simultaneamente, submete-la ao rei e à razão do Estado.

Tomou também medidas de disciplina relativamente ao clero, expulsando os jesuítas e transformando a Inquisição no Tribunal do Estado.

As reformas económicas do Marquês de Pombal favoreceram a ascensão da burguesia mercantil e financeira.

Estas medidas contribuíram para um fortalecimento da burguesia, em número, prestigio e numa maior mobilidade social.

10. Avaliar o impacto do método experimental no progresso da ciência:

Foi Francis Bacon quem expôs as etapas do método experimental, valorizando a realização de experiências apoiadas num “método seguro e fixo”. Este método veio possibilitar um conhecimento mais seguro da Natureza e abriu o caminho ao desenvolvimento de várias ciências. O “método da experiência” foi reforçado pelo “método da dúvida” defendido por René Descartes. A aplicação do método experimental de Bacon e da dúvida metódica de Descartes à ciência marca a rutura fundamental que chamamos “Revolução Cientifica”: é a

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tentativa de apartar a superstição da verdade comprovável de substituir a credulidade pela investigação.

11. Fundamentar a expressão “Revolução Científica”:

A revolução científica constituiu em banir da pesquisa sobre a Natureza toda a forma de superstição e de pensamento dogmático. Para a ciência deixava de haver verdades inquestionáveis, pois todas as descobertas podiam ser alvo de uma revisão. A revolução científica teve como base os seguintes pressupostos:

- O método experimental;- A matemática como linguagem universal;- A medicina como pratica;- O primado do racionalismo;

No entanto, esta revolução do conhecimento encontrou numerosas resistências nos países católicos.

12. Explicar a designação de “iluminismo” dada ao pensamento da segunda metade do século XVIII:

O século XVIII é o século das Luzes ou do Iluminismo. Este conceito evoca, antes de mais, a luz da Razão. O raciocínio humano seria o meio de atingir o progresso em todos os campos. Por contraposição, os autores identificavam, nesta época, a ignorância como trevas.

13. Clarificar os pontos-chave do pensamento iluminista:

A corrente filosófica iluminista acreditava na existência de um direito natural – um conjunto de direitos próprios da natureza humana, como a igualdade, a liberdade, o direito à propriedade e segurança, e justiça correta e isenta. O pensamento iluminista defendia estes direitos de forma universal, estando estes acima das leis de cada Estado. Os Estados deveriam usar o poder político como meio de assegurar os direitos naturais do Homem e de garantir a sua felicidade. O iluminismo pugnava ainda pelo individualismo.

14. Avaliar o caracter revolucionário do iluminismo:

Pode-se afirmar que em relação ao caracter revolucionário do iluminismo se destacam as ideias dos seguintes pensadores, pela sua perspetiva de encarar o homem e a sociedade:

Rosseau defende a soberania do povo, em que este, de livre vontade, transfere o seu poder para os governantes através de um Contrato Social;

Montesquieu defende a doutrina da separação dos poderes;

Voltaire advoga a tolerância religiosa e a liberdade de consciência;

Estas ideias foram aplicadas na prática das revoluções liberais sob a forma de Constituições Políticas.

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15. Relacionar o iluminismo com a desagregação do Antigo Regime e a construção da modernidade europeia:

As ideias iluministas contribuíram para acabar com o Antigo Regime, pois:

¤ A defesa do contrato social torna o súbdito passivo e obediente num cidadão interativo, deste modo, ao contrário do que acontecia no Antigo Regime, “um povo livre (…) tem chefes e não senhores” (Rosseau).

¤ A teoria da separação dos poderes acaba com o poder arbitrário exercido no Antigo Regime.

¤ A ideia de tolerância religiosa conduz à separação entre a Igreja e o Estado, presente nos regimes liberais.

¤ A teoria do direito natural leva a que os iluministas condenem todas as formas de desrespeito pelos direitos humanos (torturas, pena de morte, escravatura…), contribuindo para alterar a legislação sobre a justiça em vários países.

16. Integrar as medidas do Marquês de Pombal nos padrões do pensamento setecentista:

Na lógica do despotismo iluminado do século XVIII, o Marquês de Pombal, levou a cabo a reforma do reino em diversas áreas, em todas trabalhando para o reforço do poder régio e o controlo das classes privilegiadas.

- Instituições de centralização do poder: o Erário Régio, que centralizava a receção das receitas públicas e a sua redistribuição por todas as despesas; a Intendência Geral da Polícia, criada no âmbito da reforma judicial; a Real Mesa Censória, o organismo de Estado que tirava a função de censura à Igreja.

- Repressão exercida sobre o Clero e a Nobreza: o suplício dos Távora e a expulsão dos jesuítas de Portugal e das suas colónias.

- Ação urbanística: reconstrução da cidade de Lisboa após a terramoto de 1755, sendo esta orientada pelo racionalismo iluminista da época.

Reforma do ensino: os estrangeirados foram acolhidos pelo Marquês de Pombal. A reforma do ensino pautou-se das seguintes medidas: criação do Real Colégio dos Nobres; criação da Aula do Comércio para os filhos dos burgueses; fundação das Escolas Menores, entre elas as de ler, escrever e contar, que eram oficiais e gratuitas;Reforma da Universidade de Coimbra, a qual foi dotada de novos estatutos que introduziram as faculdades de Matemática e Filosofia, bem como do suporte de um laboratório de Física, de um jardim botânico e de um observatório astronómico;

Este novo ensino era alargado a um conjunto mais vasto da população e aberto às novas ideias da ciência experimental, de acordo com a Filosofia das Luzes; além disso, servia o propósito de preparar uma elite culta, de apoio à governação, colmatando a ausência dos jesuítas.