hidrostatica 2 hidraulica i
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4. – HIDROSTÁTICA (continuação)
4.6 – MEDIDORES DE PRESSÃO
A pressão em um fluido pode ser medida segundo duas escalas
distintas. Uma, considerando que a menor pressão possível é zero,
denominada de escala de pressão absoluta. A outra, considerando que
o valor da pressão atmosférica seja zero, denominada de pressão
relativa, pressão efetiva ou pressão manométrica.
4.6.1. Medidores de pressão absoluta
Como o próprio nome diz, são dispositivos mecânicos ou
eletrônicos destinados à medir a pressão absoluta de um fluido. Dentre
eles pode-se salientar três tipos, conforme descrição a seguir.
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a) Barômetro de Torricelli:
É um instrumento inventado por Torricelli, em 1643, para medir a
pressão atmosférica de uma localidade através de uma coluna de
mercúrio metálico, razão pela qual também é denominado de barômetro
de mercúrio. Ele é formado por um tubo de vidro com uma das
extremidades fechada e a outra conectada a um reservatório contendo
mercúrio metálico com uma superfície livre, conforme indicado na figura.
Evangelista Torricelli – físico e matemático italiano nascido em 1608 e
falecido em 1647.
Fig. xxx – Esquema de um barômetro de Torricelli
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Um tubo com uma das extremidades fechada é cheio de mercúrio
e em seguida é introduzido em uma cuba contendo o mesmo líquido. Ao
inverter o tubo de vidro, a pressão na parte superior do tubo irá diminuir
devida ao peso da coluna de mercúrio, até atingir a sua pressão de
vapor. No equilíbrio, a coluna se estabiliza sob a ação da pressão
atmosférica agindo na superfície livre do mercúrio e da pressão de vapor
agindo na superfície livre que se forma dentro do tubo de vidro e com a
coluna de mercúrio atingindo a altura h. A altura h indica a pressão
atmosférica local.
Como a pressão em uma superfície de nível de um mesmo fluido
não varia, pode-se escrever que p1 = p2.
Mas p1 = patm e p2 = pv + γm.h, sendo pv a pressão de vapor do mercúrio
e γm.o seu peso específico. Portanto a pressão atmosférica pode ser
calculada por:
patm = pv + γm h
Por outro lado, observa-se que a pressão de vapor do mercúrio é
muito pequena quando comparada com a segunda parcela da equação
anterior, podendo ser desprezada. A 20oC a pressão de vapor do
mercúrio é de 0,17Pa o que corresponde a 0,0013 mm Hg a 0ºC. Para
efeito de comparação, a pressão de vapor para a água a 20ºC é de
2.340 Pa o que corresponde a 17,6 mm Hg a 4 ºC ou 238,6 mm de água
a 4ºC.
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Se pv = 0 pode-se escrever, finalmente, uma expressão para o
cálculo da pressão atmosférica à partir da leitura da coluna de mercúrio
e de sua massa específica:
patm = γm h ou patm = ρm g h
Observações:
1. Unidades freqüentes: mm de Hg, hPa ou mbar.
2. Ao nível do mar e nas condições normais de temperatura e
pressão, estando o mercúrio a 0ºC, a coluna de mercúrio será
igual a 760 mm. Assim diz-se que a pressão atmosférica nessas
condições é de 760 mm de mercúrio. Nesse caso, a pressão
atmosférica é expressa por uma coluna de 760 mm de mercúrio.
Na verdade 760 é a relação entre a pressão atmosférica e o peso
específico do mercúrio, quando expressa em milímetros.
Ao se medir a pressão atmosférica com o barômetro de Torricelli
deve-se atentar para a correção da coluna lida dos efeitos da
capilaridade (se presentes), da dilatação do vidro e da escala de
medição da altura h e da variação da massa específica do mercúrio com
a temperatura.
1. correção da dilatação da escala � desprezível
2. correção da dilatação do vidro � desprezível
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Em aparelhos confiáveis as correções de capilaridade, da
dilatação do vidro e da escala de medida são desprezíveis, restando
apenas a correção devida à variação da massa específica do mercúrio
com a temperatura, já que, dificilmente, a coluna de mercúrio se
encontra a 0ºC.
Correção devida à temperatura do mercúrio
Na maioria das vezes que se mede a pressão atmosférica com o
barômetro de Torricelli, a coluna de mercúrio se encontra a uma
temperatura diferente de 0oC, temperatura na qual foi definida unidade
de pressão denominada de Torricelli (Tor) ou milímetro de mercúrio.
Assim, ao se obter a medida da altura h do mercúrio a uma temperatura
T, é preciso corrigir a altura para mercúrio a 0oC. Para tanto, basta
considerar o caso de se ter dois barômetros medindo a mesma pressão
atmosférica: um a 0oC e outro a ToC, As alturas das colunas de mercúrio
seriam ho e h, respectivamente. É óbvio que:
patm = γ.h = γo.ho
Logo:
ho = γ / γo.h ou ho = ρ / ρo.h
Assim, basta multiplicar a altura da coluna de mercúrio obtida a uma
dada temperatura pelo peso específico do mercúrio nessa mesma
temperatura e dividir pelo peso específico do mercúrio a 0oC.
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Exemplo:
Mediu-se a pressão atmosférica no Laboratório de Hidráulica da Escola
de Minas, 25oC, encontrando-se uma altura de coluna de mercúrio igual
a 670 mm. Qual a pressão atmosférica no local, expressa em pascal e
em milímetros de mercúrio?
Solução:
Consultando uma tabela de massas específicas do mercúrio com a
temperatura, encontramos que a 25oC tem-se 13.533,6 kg/m3 e a 0oC
tem-se 13.595,1 kg/m3.
Conforme visto anteriormente:
patm = 13.533,6 kg/m3 . 9,807 m/s2 . 0,670 m
patm = 88.925,1 Pa
A altura da coluna de mercúrio correspondente a 0oC será:
ho = 13.533,6 / 13.595,1 . 0,670 m
ho = 0,667 m ou ho = 667 mm
Observar que a diferença é de apenas 3 mm, cerca de 0,45% do
valor medido, porém, em muitos casos, torna-se imprescindível realizar
tal correção.
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b) Barômetro Aneróide ou de caixa de vácuo
Aparelho destinado a medir a pressão atmosférica à partir de um
pequeno reservatório deformável no qual foi previamente feito um vácuo
total.
O equipamento, ilustrado no esquema da figura anterior, possui
uma caixa metálica com paredes deformáveis onde se fez um vácuo
total e que fica sujeita à pressão atmosférica que causa deformação
nessa caixa. A caixa é ligada a um ponteiro indicador, através de um
mecanismo de amplificação das deformações, normalmente um
mecanismo de relojoaria com mola para compensar eventuais atritos
presentes, onde a leitura do valor da pressão atmosférica é feita, em
uma escala convenientemente acoplada. Em geral todo o mecanismo é
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abrigado em uma caixa metálica robusta, para permitir fácil manuseio do
equipamento, bem como a sua portabilidade.
É comum encontrar aparelhos com a escala de leitura graduada
em mmHg, polegadas de Hg, mbar ou hPa. Nesses equipamentos a
menor divisão da escala é 1 mmHg, 1 mbar ou 1 hPa, devendo a fração
da leitura ser avaliada por interpolação na escala.
A principal vantagem do equipamento é a sua portabilidade e
robusticidade, permitindo facilidade nas operações de campo. Entretanto
a precisão não é grande, além de necessitar aferições freqüentes,
quando muito utilizado.
c) Barômetro eletrônico
Um equipamento bastante difundido recentemente é o barômetro
eletrônico, também denominado de transdutor de pressão absoluta. Ele
é formado por um sensor de pressão que incorpora um dispositivo
semicondutor, uma caixa de vácuo, um amplificador de sinal e um
indicador. Sobre uma pequena cápsula onde de faz vácuo total é
montado um dispositivo semicondutor, formado por resistor, capacitor ou
indutor. Assim, o valor da resistência, capacitância ou indutância varia
conforme a pressão aplicada na outra extremidade da cápsula,
formando assim um dispositivo sensível à pressão atmosférica. Via de
regra, usa-se um strain gage ou um elemento piezo-resistivo.
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O transdutor precisa receber alimentação elétrica a fim de fornecer
um sinal que é amplificado, convertido em milivoltagem e submetido ao
indicador, que normalmente é um milivoltímetro, que mostra o valor da
pressão medida. A figura seguinte é um esquema do aparelho.
Quando se dispõe apenas do transdutor, principalmente em
trabalhos ligados a pesquisa, é comum a utilização de uma fonte de
alimentação e de um indicador que já contenha a amplificação do sinal
para um valor desejado. Nesse caso, submete-se o transdutor a
diversas pressões conhecidas através de um padrão e faz-se a leitura
da indicação em mV. Em seguida constrói-se um gráfico da pressão p
versus a leitura em mV. Na maioria dos transdutores encontrados no
mercado, dentro de uma faixa adequada, a variação é linear entre p e
mV, restando apenas determinar os valores da constante (off set) e do
coeficiente (ganho), através de uma regressão linear, conforme gráfico
da figura seguinte.
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Seja p = a + b.mV, com a e b conhecidos, a reta obtida,
denominada de curva de calibração. Nesse caso, as pressões aplicadas
podem ser conhecidas, medindo-se a mV e com a curva de calibração.
4.6.2 – Medidores de pressão relativa
São denominados de manômetros os dispositivos de medida da
pressão em relação à pressão atmosférica. São muitos os princípios
utilizados para medição da pressão relativa, pressa manométrica ou
pressão efetiva. Esses equipamentos, quando submetidos a uma
pressão igual à pressão atmosférica devem indicar zero.
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a) Manômetro de Bourdon
É um aparelho usado para medir pressões superiores à pressão
atmosférica, formado por um tubo curvo e achatado dentro do qual é
aplicada a pressão que se quer medir. A deformação devida a aplicação
da pressão é sentida por um mecanismo de amplificação de sinal e
transmitida a um ponteiro que se desloca sobre uma escala
convenientemente construída, na unidade que se quer medir a pressão.
Nesse caso o valor da pressão é lido diretamente no ponteiro, sobre a
escala de medição, conforme ilustra o esquema da figura seguinte. A
unidade de pressão da escala pode ser a mais variada possível. É
comum graduações em lbf/pol2 (psi), kgf/cm2, mmHg, kPa, mca, dentre
outras.
Fig. xx – Esquema de um manômetro de Bourdon, para a unidade de pressão U(p).
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A forma do tubo curvo pode ser um C, uma ferradura ou
espiralada. A seção do tubo achatado pode ser elíptica. O material pode
ser tomback (liga de aço e latão), latão, aço inoxidável ou plástico duro.
A pressão lida será p = pabs – patm, sendo admitida como a pressão
no centro da escala do aparelho. Aparelhos de grande sensibilidade, ao
medir a pressão de líquidos devem ter a sua indicação corrigida da
posição.
Correção de posição do manômetro.
Para se obter a pressão correta em um ponto A conforme ilustrado
na figura, adicionar ou subtrair a parcela devida à pressão relativa.
pA = pM + γ.h � para o caso do manômetro se encontrar acima do
ponto cuja pressão deseja-se medir.
pA = pM - γ.h � para o caso do manômetro se encontrar abaixo do
ponto cuja pressão deseja-se medir.
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O equipamento é encontrado em vários formatos, com diversos
tamanhos relacionados com a sua exatidão e para diversas faixas de
pressão a serem medidas. Cada tipo construtivo pode ter características
adequadas ao processo no qual a pressão precisa ser conhecida.
Classes de exatidão para manômetros:
CLASSE EXATIDÃO
A4 0,10 % da faixa
A3 0,25 % da faixa
A2 0,50 % da faixa
A1 1,00 % da faixa
A 1,00 % na faixa de 25 e 75% 2 % no restante da faixa
B 2,00 % na faixa de 25 e 75% 3 % no restante da faixa
C 3,00 % na faixa de 25 e 75% 4 % no restante da faixa
D 4,00 % na faixa de 25 e 75% 5 % no restante da faixa
Tipos de selagem:
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Manômetro de Bourdon com Glicerina
São manômetros de Bourdon construídos em caixa de latão
forjado com anel de encaixe externo, recheado com glicerina. Utilizado
para eliminar a vibração mecânica dos equipamentos ou mesmo para
eliminar a pulsação ocasional nas linhas em que se deseja medir a
pressão. O uso de manômetros secos nessas condições reduz a vida
útil das engrenagens, inutilizando, rapidamente, o equipamento. O
líquido de enchimento do manômetro melhora a precisão do instrumento
e facilita a leitura pela redução das oscilações.
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Manômetro de Bourdon com ponteiro de arraste
Utilizados na medição da pressão em processos que envolvem
rápida variação da pressão, impossibilitando a leitura máxima. Nesse
caso, quando a pressão se eleva, um ponteiro
é arrastado juntamente com o ponteiro da
indicação da pressão, permanecendo no ponto
máximo atingido pela pressão, mesmo quando
o ponteiro indicador da pressão retorna ao seu
valor normal. Assim obtém-se um registro da
pressão máxima ocorrida no processo.
Manômetro Padrão
Manômetro de Bourdon específico para teste, aferição ou
calibração de outros instrumentos medidores de pressão. Muito utilizado
em laboratório de calibração de manômetros
ou em situações em que se deseja melhor
exatidão da medição. O mostrador é
construído em arco de 270º com divisões e
subdivisões que permitem a determinação
exata da leitura, com auxílio de uma parte
espelhada para se evitar erros de paralaxe na
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leitura. Assim a imagem do ponteiro no espelho deve ficar sob o
ponteiro, na condição de leitura. Nesse caso consegue-se precisão de
até +- 02,25% do fundo de escala.
Manômetro de Bourdon com selo tipo diafrágma
Utilizado em processos industriais que manipulam fluidos
corrosivos, viscosos, tóxicos, radioativos ou
sujeitos a alta temperatura. O manômetro é
isolado para impedir o contato direto com o
fluido do processo, processo que é denominado
de selagem.
A selagem pode ser feita através de um
líquido ou através de um diafragma e um líquido.
No primeiro caso é necessária a utilização de
um pote de selagem que receberá o líquido
inerte que ficará em contato com o bourdon.
Geralmente utiliza-se a glicerina como líquido de
selagem. No segundo caso
Manômetro de Bourdon com contatos elétricos
Manômetro de Bourdon com contatos elétricos ou magnéticos
utilizado para ligar ou desligar circuitos elétricos na pressão
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programada. Podem ter contato elétrico duplo, substituindo os
pressostatos. Os contatos elétricos
são utilizados com alerta de
pressão máxima ou pressão
mínima, determinadas
previamente.
b) Vacuômetro
É um equipamento destinado a medir pressões inferiores à
pressão atmosférica, construído com um tubo encurvado, à semelhança
do tubo de Bourdon, com mecanismo amplificador, ponteiro e escala. A
diferença em relação ao manômetro de Bourdon é que esse
equipamento possui o mecanismo preparado para medir deformações
negativas. Em geral o Bourdon é montado ao contrário.
Indicação de p < patm e correção de posição
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c) Transdutor eletrônico de pressão relativa
O transdutor eletrônico de pressão relativa é um dispositivo que
transfere energia de um sistema hidráulico para um sistema elétrico
(indicador). O manômetro de Bourdon visto, é um transdutor mecânico,
pois faz uso de um elemento elástico para medir uma pressão.
Os transdutores eletrônicos podem ser passivos (que requer
alimentação de energia) ou ativos (que gera a sua própria energia de
saída). É formado por uma cápsula na qual existe uma membrana
flexível associada a um componente eletrônico capaz de captar as
variações de pressão e enviar um sinal elétrico para um dispositivo
amplificador/indicador. As pressões são aplicadas à cápsula, cuja
membrana flexível se deforma, com a deformação sentida pelo
componente eletrônico. Geralmente o elemento sensor varia a sua
resistência, capacitância ou indutância quando submetido a diferentes
pressões. Assim, gera-se um sinal eletrônico que é proporcional à
pressão indicada. A figura seguinte mostra um esquema do transdutor.
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O indicador pode ser de milivoltagem, voltagem, ou corrente. Ele
também pode ser substituído por um dispositivo de saída de sinal que
pode ser ligado a um computador de forma que os valores da pressão
são obtidos diretamente.
O sistema requer calibração de forma que pressões conhecidas
devem ser aplicadas à cápsula e os valores dos sinais de saídas lidos.
Se a pressão for p e a saída for mV, um gráfico será obtido, mostrando
uma variação linear entre p e mV, do tipo p = a + b.mV. Através de uma
regressão linear é possível obter os valores de a (offset) e de b (ganho),
conforme ilustração seguinte.
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d) Piezômetro
É um dispositivo hidráulico que indica a pressão através da própria
coluna de líquido, medida em uma escala associada a um tubo
transparente, conforme esquematizado na figura seguinte.
Da figura, a pressão no interior de um recipiente cheio com um
líquido de massa específica ρ, será dada pela lei de Stevin:
pA = patm + γ.h
Considerando-se pressão relativa, basta adotar patm = 0. Nesse caso a
pressão em A será:
pA = γ.h
Como h = pA / γ diz-se que h representa a pressão relativa em A.
Quando o líquido é a água a 4ºC, h expressa a pressão em metros
de coluna de água (mca). Assim se h = 1 m diz-se que a pressão é de 1
mca.
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Deve ser lembrado que h pode estar sendo influenciado pela
capilaridade. Assim, se o diâmetro do tubo transparente for menor que
10 mm faz-se necessária a correção devida a capilaridade, que pode ser
avaliada pela lei de Jurin-Borelli.
Questão do menisco e da posição de leitura.
e) Manômetro de tubo U
É um dispositivo formado por um tubo transparente em formato de
U onde se insere um líquido manométrico de peso específico conhecido.
Uma das extremidades do tubo é ligada à pressão que se quer
determinar e a outra extremidade fica aberta para a atmosfera. Os
meniscos têm a sua posição determinada por uma escala milimetrada e,
através das leituras na escala a pressão será determinada, conforme
ilustrado na figura seguinte.
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Da definição de peso específico: γ = ρ.g e γm = ρm.g
Como a pressão não varia ao longo de uma superfície horizontal
de um mesmo fluido:
p1 = p2
Utilizando a lei de Stevin para expressar a variação da pressão no
interior dos fluidos, pode-se escrever:
p1 = pA + γ.y
p2 = patm + γm.h
pA = patm + γm.h - γ.y
Em termos de pressão relativa (fazendo patm = 0, pA será uma
pressão relativa):
pA = γm.h - γ.y
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Quando se tratar de gás, tal que a variação de pressão possa ser
desprezada (γgás.y = 0), a pressão relativa no ponto A será calculada por:
pA = γm.h
f) Piezômetros pressurizados
É um equipamento formado por dois tubos transparentes (dois
piezômetros) com uma das extremidades conectadas às fontes de
pressão, tanto em A quanto em B, e as outras conectadas a um
reservatório que contenha ar sob pressão, par associados a uma escala.
A pressão no reservatório deve ser suficiente para colocar os meniscos
de separação dos líquidos dentro da escala para leitura das alturas h e
y, conforme ilustrado na figura seguinte.
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Da definição de peso específico: γA = ρA.g, γB = ρB.g e γar = ρar.g
Utilizando a lei de Stevin para expressar a variação da pressão no
interior dos fluidos e desprezando-se a variação da pressão relativa à
coluna de ar, pode-se escrever:
pA = par + γA.(∆y + y + h) e pB = par + γB.y
Assim, por diferença encontramos o valor da diferença de pressão
entre os pontos A e B:
pA - pB = ∆pAB = γA.(∆y + h) + (γA - γB) y
Observações:
1. Notar que o valor da pressão do ar, par, não interfere na diferença
de pressão.
2. No caso dos líquidos em A e em B serem iguais, isto é, γA = γB = γ,
a equação acima fica simplificada para dar: ∆pAB = γ.(∆y + h).
3. S os pontos A e em B estão sobre a mesma horizontal (caso
comum em hidráulica) e γA = γB = γ, a equação para a
determinação da diferença de pressão é reduzida a: ∆pAB = γ.h.
g) Manômetro Diferencial de Tubo U
É um tipo de manômetro capaz de medir a diferença de pressão
entre dois pontos, independentemente dos valores das pressões
existentes. É constituído por um tubo transparente, em forma de um “U”,
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tendo uma das extremidades conectada ao ponto A e a outra conectada
ao ponto B, parcialmente cheio de um líquido manométrico de forma a
criar dois meniscos de separação dos fluidos com o líquido
manométrico, conforme ilustrado esquematicamente na figura seguinte.
Associado ao tubo em “U” existe uma escala para determinação dos
desníveis dos meniscos formados. O fluido manométrico deve ser
imiscível com os dois outros fluidos e ter uma massa específica maior
que as dos fluidos A e B, para que haja uma estabilidade física do
dispositivo.
Quanto maior a massa específica do fluido manométrico maior
será a diferença de pressão que o equipamento pode medir.
Geralmente, para a água ou ar, utiliza-se o mercúrio metálico. Todavia
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outros fluidos podem ser utilizados, desde que seja conhecida a sua
massa específica. No caso de gases, pode ser usado o álcool, a água,
alguns óleos ou até mesmo alguns compostos de carbono como líquido
manométrico.
Da definição de peso específico: γA = ρA.g, γB = ρB.g e γm = ρm.g.
Nesse caso γA < γm e γB < γm, para que o líquido manométrico fique em
equilíbrio na parte mais baixa do tubo U.
Como a pressão não varia ao longo de uma superfície horizontal
de um mesmo fluido, para os pontos 1 e 2 indicados na figura, tem-se:
p1 = p2
Utilizando a lei de Stevin para expressar a variação da pressão no
interior dos fluidos, pode-se escrever:
p1 = pA + γA.(h + y + ∆y)
p2 = pB + γm.h + γB.y
Com a igualdade das pressões nos pontos 1 e 2, tem-se:
pA + γA.(h + y + ∆y) = pB + γm.h + γB.y
Assim, a diferença de pressão entre os pontos A e B será dada por:
pA - pB = ∆pAB = (γm - γA) h + (γB - γA) y - γA ∆y
Observações:
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1. Quando se mede a diferença de pressão entre pontos
localizados entre dois líquidos iguais, γA = γB = γ . Nesse caso a
diferença de pressão será dada por: ∆pAB = (γm - γ) h - γ ∆y.
2. Se os líquidos são iguais (γA = γB = γ ) e a diferença de nível
entre os pontos é nula (∆y = 0), tem-se: ∆pAB = (γm - γ) h. Esta
equação é muito utilizada par medir a diferença de pressão em
escoamentos de água.
3. No caso de medida da diferença de pressão em gases iguais
(γA = γB = γgas ≅ 0), a equação fica reduzida a: ∆pAB = γm h.
4. Se as pressões entre os pontos A e B são iguais (pA =pB) e se
os líquidos também forem iguais (γA = γB = γ), pode-se calcular o
desnível entre os pontos A e B, com o uso do manômetro
diferencial, pela equação: ∆y =(γm - γ) h / γ.
h) Manômetro Diferencial de tubo U invertido
É um dispositivo destinado a medir pequenas diferenças de
pressão em líquidos, formado por um tubo transparente dobrado em
forma de “U” invertido, tendo um dos lados ligado ao fluido do ponto A e
o outro ligado ao fluido do ponto B. O tubo é parcialmente cheio com um
líquido manométrico que ocupará a parte mais alta do “U” invertido, de
forma que sua massa específica seja menor que as massas específicas
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dos líquidos contidos em A e em B, conforme ilustrado na figura
esquemática seguinte.
Da definição de peso específico: γA = ρA.g, γB = ρB.g e γm = ρm.g.
Para esse manômetro diferencial,deve-se ter γA > γm e γB > γm, para que
possa haver equilíbrio do sistema conforme indicado.
Como a pressão não varia ao longo de uma superfície horizontal
de um mesmo fluido, para os pontos 1 e 2 indicados na figura, tem-se:
p1 = p2
Utilizando a lei de Stevin para expressar a variação da pressão no
interior dos fluidos, pode-se escrever:
pA = p1 + γA.(h + y) e pB = p2 + γB (y + ∆y) + γm.h
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Subtraindo pB de pA, membro a membro, tem-se:
pA - pB = ∆pAB = p1 + γA.(h + y) - p2 - γB.(y+ ∆y) - γm.h
Já que p1 = p2, o simples re-arranjo dos termos da equação acima dá:
∆pAB = (γA.- γm). h + (γA.- γB).y - γB. ∆y)
A equação acima mostra que quanto menor for a diferença entre
as massas específicas, maior será o h para um mesmo ∆pAB, mostrando
que o equipamento deve ser usado para medir pequenos valores da
diferença de pressão. Ela também mostra que para líquidos diferentes, a
posição do manômetro influencia na medida da diferença de pressão, já
que a medida y aparece na equação.
Observações:
1. Caso de dois líquidos iguais (γA = γB = γ): ∆pAB = (γ - γm) h - γ ∆y.
2. Se os líquidos são iguais (γA = γB = γ ) e a diferença de nível
entre os pontos é nula (∆y = 0), tem-se: ∆pAB = (γ - γm) h.
3. O equipamento não se presta para a medida da diferença de
pressão em gases.
4. Quando as pressões nos pontos A e B são iguais (pA =pB) e se
usa líquidos também forem iguais (γA = γB = γ), o equipamento
pode ser usado para determinar o desnível entre os pontos A e
B, pela equação: ∆y =(γ - γm) h / γ.
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i) Manômetro Diferencial de Reservatório
É um dispositivo destinado a medir diferenças de pressão entre
dois pontos da mesma forma que no manômetro diferencial de tubo “U”,
com a vantagem de se fazer uma única leitura da coluna do líquido
manométrico. Ele é formado por um tubo U transparente, ligado a um
reservatório que contém o fluido manométrico. Do lado do reservatório
se conecta a maior pressão (no caso do ponto A). Do lado do tubo
transparente se conecta à menor pressão (ponto B), conforme ilustração
esquemática na figura seguinte. A coluna de fluido manométrico pode
ser determinada com a ajuda de uma escala milimétrica cujo zero se
encontra na exata posição em que o líquido manométrico se encontra
em equilíbrio quando não houver diferença de pressão aplicada.
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Ao ser submetido a uma diferença de pressão, o nível do líquido
manométrico desce no interior do reservatório, de uma quantidade ∆h ao
passo que a coluna sobre no interior do tubo transparente. É preciso
adicionar o valor de ∆h ao valor de h lido na escala do equipamento,
para que a real coluna de líquido manométrico que estará equilibrando a
diferença de pressão aplicada seja determinada. Outra opção é construir
uma escala que fornece a real altura da coluna de líquido manométrico,
conforme indicado adiante neste texto.
A relação entre ∆h e h pode ser estabelecida lembrando que o volume
de fluido correspondente ao abaixamento do nível no reservatório é o
mesmo que adentrou ao tubo transparente. Assim, sendo A a área
transversal do reservatório e a a área da seção transversal do tubo
transparente, tem-se:
A ∆h = a h
Então,
∆h = a/A h.
Como a pressão não varia ao longo de uma superfície horizontal
de um mesmo fluido, para os pontos 1 e 2 indicados na figura, tem-se:
p1 = p2
Utilizando a lei de Stevin para expressar a variação da pressão no
interior dos fluidos, pode-se escrever:
p1 = pA + γA.(∆h + h + y + ∆y) e p2 = pB + γm.(∆h +h) + γB.y
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32
Assim, teremos:
pA – pB = γm.(∆h +h) - γA.(∆h + h) -γA.(y + ∆y) + γB.y
Logo,
∆pAB = (γm. - γA). (∆h +h) +(γB.-γA)y - γA.∆y
Substituindo ∆h teremos:
∆pAB = (γm. - γA). (a/A + 1)h +(γB.-γA)y - γA.∆y
Para evitar cálculos com a relação de área, os fabricantes do
manômetro criam uma escala corrigida para h, tal que h´= (a/A +1) h.
Nesse caso, o valor da altura corrigida é lida diretamente na escala e a
expressão para o cálculo da diferença de pressão fica análoga à que foi
deduzida para manômetro diferencial de tubo “U”, isto é:
∆pAB = (γm. - γA).h´ +(γB.-γA)y - γA.∆y
Observações:
1. A equação acima mostra que se os dois líquidos são diferentes, a
posição do equipamento (y) deve ser levada em consideração no
cálculo da diferença de pressão.
2. Caso de dois líquidos iguais (γA = γB = γ): ∆pAB = (γm - γ) h´ - γ ∆y.
3. Se os líquidos são iguais (γA = γB = γ ) e a diferença de nível entre
os pontos é nula (∆y = 0), tem-se: ∆pAB = (γm - γ) h´.
4. O equipamento não se presta para a medida da diferença de
pressão em gases.
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33
5. Quando as pressões nos pontos A e B são iguais (pA =pB) e se usa
líquidos também forem iguais (γA = γB = γ), o equipamento pode ser
usado para determinar o desnível entre os pontos A e B, pela
equação: ∆y =(γ - γm) h / γ.
j) Manômetro de tubo inclinado
É um tipo de manômetro diferencial utilizado para medição de
pequenas diferenças de pressão. É formado por um reservatório ligado
a um tubo transparente, parcialmente cheio com um líquido
manométrico de massa específica conhecida, conforme ilustrado na
figura seguinte. Aplica-se a pressão maior na tomada de pressão
conectada ao reservatório e a pressão menor na extremidade do tubo
transparente. O desnível da coluna de líquido manométrico necessária
para equilibrar a diferença de pressão é medida diretamente em uma
escala construída adequadamente. Com esse desnível determina-se a
diferença de pressão causadora do desnível na coluna do manômetro.
Quando a diferença de pressão for nula, o nível do menisco
do líquido manométrico deve coincidir com o zero da escala. Quando
aplicada uma diferença de pressão, o líquido abaixa, ligeiramente, de
uma altura ∆h dentro do reservatório. Ao mesmo tempo, o líquido sobe
de uma altura h dentro do tubo transparente. Sendo as áreas das
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34
seções transversais do reservatório e do tubo transparente constantes,
haverá uma relação entre ∆h e h, obtida à partir da consideração das
áreas e dos volumes.
Assim, sendo A a área da seção transversal do reservatório, a a
área da seção transversal do tubo transparente e L o comprimento do
tubo correspondente à altura h, tem-se:
A.∆h = a.L
O valor de h pode ser determinado por L e pelo ângulo θ formado
pelo eixo do tubo transparente e uma linha horizontal, de forma que:
h = L.senθ
O valor do ângulo θ é pequeno, de forma que L é bem maior que
h. Em muitos equipamentos o valor do ângulo θ varia entre 5º e 12º. Se
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35
a escolha de θ for tal que senθ = 0,100, vê-se que L = 10.h. Medindo-se
L, ao invés de h, tem-se uma melhor precisão, daí a justificativa para o
uso de tal equipamento.
Considerando dois pontos, 1 e 1, sobre a mesma superfície de
nível que coincida com o nível o líquido manométrico no interior do
reservatório, pode-se escrever que:
p1 = p2
Utilizando a lei de Stevin para expressar a variação da pressão no
interior dos fluidos, pode-se escrever:
p1 = pA + γA.(∆h + h + y + ∆y) e p2 = pB + γm.(∆h +h) + γB.y
Assim, teremos:
pA – pB = γm.(∆h +h) - γA.(∆h + h) -γA.(y + ∆y) + γB.y
Logo,
∆pAB = (γm. - γA). (∆h +h) +(γB.-γA)y - γA.∆y
Substituindo ∆h teremos:
∆pAB = (γm. - γA). (a/A + 1)h +(γB.-γA)y - γA.∆y
Mas, foi visto que h = L.senθ, de forma que:
∆pAB = (γm. - γA). (a/A + 1).L.senθ +(γB.-γA)y - γA.∆y
Duas possibilidades podem ocorrer. A primeira é construir uma
escala milimétrica para leitura de L, em seguida realizar os cálculos para
se obter a diferença de pressão. Outra possibilidade é construir uma
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36
escala especial onde será lançado o valor h´ = (a/A + 1) ).L.senθ. Nesse
caso, o valor da altura corrigida é lida diretamente na escala para ser
usada na expressão para o cálculo da diferença de pressão, análoga à
que foi deduzida para manômetro diferencial de tubo “U”, isto é:
∆pAB = (γm. - γA).h´ +(γB.-γA)y - γA.∆y
Observações:
1. A utilização do equipamento, quando se tratar de dois líquidos
diferentes, deve levar em conta a posição do equipamento (y),
conforme visto na equação anterior.
2. Caso o equipamento estiver sendo utilizado para dois líquidos
iguais (γA = γB = γ), a diferença de pressão será dada pela
equação: ∆pAB = (γm - γ) h´ - γ ∆y.
3. No caso de mesmo líquido, tanto em A quanto em B, (γA = γB =
γ ) e a diferença de nível entre os pontos for nula (∆y = 0), tem-
se a seguinte equação para avaliar a diferença de pressão:
∆pAB = (γm - γ) h´.
4. O equipamento é bastante utilizado para a medida da diferença
de pressão em gases, caso em que a equação utilizada será:
∆pAB = γm h´.
5. Quando se quer determinar o pequeno desnível entre os pontos
A e B, decorrente do fato das pressões nos pontos A e B serem
Hidráulica I – Departamento de Engenharia Civil – Escola de Minas
37
iguais (pA =pB), no os líquidos também forem iguais (γA = γB = γ),
o desnível entre os pontos A e B, será dado pela equação:
∆y =(γ - γm) h / γ.
O manômetro pode ser utilizado, ainda, para se obter pequenas
diferenças entre uma pressão e a pressão atmosférica. Para tal, basta
deixar a tomada de pressão do lado do tubo transparente aberta para a
atmosfera. A pressão medida, nesse caso, será a pressão relativa no
ponto A.
k) Manômetro de Betz
É um equipamento fabricado especialmente para determinação de
diferença de pressão em gases. É formado por um reservatório e um
tubo transparente, associados a um sistema ótico capaz de projetar o
menisco formado em uma escala ampliada, melhorando a precisão na
medida da altura h de uma coluna de um fluido manométrico, em geral
água, embora o álcool também possa ser utilizado. O preciso valor de h
é medido com ajuda do sistema ótico.
O manômetro de Betz possui duas tomadas de pressão. Uma para
a pressão maior e outra para a pressão menor. Sendo γm o peso
específico do líquido manométrico, a diferença de pressão entre dois
pontos A e B, onde está presente ar ou um certo gás, à partir da medida
da altura h no equipamento, será dada por:
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38
∆pAB = γm h.
Exemplo:
Suponhamos que o fluido manométrico que está sendo utilizado no
manômetro de Betz seja a água e que esta se encontre a 20ºC
(equilíbrio com o ar atmosférico no local da medição). Consultando uma
tabela, encontra-se a massa específica da água igual a 998,2 kg/m3.
Sendo a leitura do manômetro igual a 22,55 mm, num local onde a
aceleração da gravidade seja g = 9,78 m/s2, calcular a diferença de
pressão entre as tomadas de maior e de menor pressão:
Solução:
∆pAB = γm h = ρm.g.h.
∆pAB = 998,2 . 9,78 . 0,0225
∆pAB = 219,7 Pa
l) Manômetro de Prandtl
É um tipo de manômetro construído com um reservatório, onde se
coloca um líquido manométrico de peso específico conhecido. Este
reservatório é ligado a um tubo flexível que tem uma parte transparente,
inclinada e fixa, onde é feita uma marca de referência. O reservatório
está preso a um sistema que se movimenta na vertical, através de um
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parafuso micrométrico, associado a uma escala de leitura do movimento
vertical, conforme mostra a figura seguinte. É bastante utilizado para
medidas em gases ou mesmo quando se pretende determinar pequenas
variações de altura de água. Nesse último caso o líquido manométrico é
a própria água.
Quando a diferença de pressão for nula, entre o reservatório e o
tubo inclinado, o menisco formado pelo fluido manométrico deve estar
sobre a marca de referência no tubo transparente inclinado. Quando
uma diferença de pressão é aplicada, o menisco será deslocado para
cima ou para baixo no tubo flexível. Com o parafuso micrométrico
desloca-se o reservatório contendo o fluido até que o menisco volte à
posição inicial indicado pela referência no tubo inclinado. Nesse caso,
basta verificar a altura deslocada pelo reservatório, h, para se efetivar o
cálculo da diferença de pressão aplicada, através da equação:
∆pAB = γm h = ρm.g.h.
A fim de se evitar problemas com a tensão superficial, recomenda-
se que o movimento do menisco seja realizado sempre no mesmo
sentido, de quando o equipamento foi zerado. Assim, se para obter o
zero o reservatório foi movimentado no sentido ascendente, recomenda-
se que a posição de medição seja atingida movimentando-se o
reservatório no sentido ascendente.
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EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO - PRESSÃO
1. Em uma localidade a pressão atmosférica é expressa por uma coluna
de mercúrio (a 0ºC) de 760 mm. Calcular o valor dessa pressão em
kgf/m2 e em Pa, bem como a altura da coluna de água equivalente.
Considerar a massa específica do mercúrio igual a 13.595,1 kg/m3.
Solução
Resposta: patm = 101.328,6 Pa e patm = 10.332,28 kgf/m2.
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2. Quais os valores das pressões absoluta e relativa a 10 m de
profundidade na água do mar, de densidade 1,024, sabendo-se que
a leitura de um barômetro na superfície da água indica 758 mm de
mercúrio? Considerar a massa específica do mercúrio igual a
13.595,1 kg/m3.
Solução
Resposta: prel = 100.423,7 Pa e pabs = 201.485,7 Pa
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42
3. Desprezando o peso do recipiente da figura, determinar a força que
tende a levantar o topo circular AB, sabendo que a massa específica
do óleo vale 800 kg/m3.
Solução
Resposta: F = 4.492,0 N
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43
4. O tubo mostrado na figura encontra-se cheio de um óleo de
densidade 0,810. Os recipientes A e B contém o mesmo óleo, sendo
que o líquido em B não estabelece contato com a atmosfera exterior
(recipiente fechado). Sabendo-se que a pressão atmosférica local é
de 1,013*105 Pa, calcular a pressão absoluta nos pontos X e Y
indicados na figura. Considerar a massa específica da água igual a
1.000 kg/m3.
Solução
Resposta: pX = 85.412,7 Pa e pY = 93.356,3 N.
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44
5. O reservatório da figura é fechado e está parcialmente cheio de um
líquido de densidade 0,880. A pressão manométrica obtida pela
leitura do manômetro M tem valor igual a 3,20*104 Pa. Determinar a
pressão no fundo do reservatório e a altura de elevação da coluna
líquida no tubo vertical, h.
Solução
Resposta: pfundo = 44.082,2 Pa e h = 6,108 m.
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45
6. Os recipientes da figura têm a mesma área de fundo, A, e contêm o
mesmo líquido de densidade d, até às alturas indicadas. Calcular a
força resultante da pressão no fundo de cada recipiente. Considerar
d = 0,850 e A = 3,5 m2.
Solução
Resposta: F = 145.879,1 N para os casos a e b.
F = 291.758,3 N para os casos c, d e e.
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46
7. Calcular o valor da força F a ser aplicada no êmbolo menor da prensa
hidráulica mostrada na figura, necessária para equilibrar a carga F´
de 4.400 kgf no êmbolo maior. Os cilindros e a tubulação estão
cheios de um óleo cuja densidade é 0,780 e as seções transversais
dos êmbolos têm área de 40 cm2 e 4.000 cm2.
Solução
Resposta: F = 42,752 kgf ou F = 419,3 N.
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8. Considerar um fluido em um reservatório onde o seu peso específico
varia linearmente com a profundidade, h, segundo a equação γ = γo +
K.h, onde γo é o peso específico do fluido a uma profundidade h e γo é
o peso específico do fluido na superfície livre do mesmo, onde atua
uma pressão atmosférica, po. Partindo da equação diferencial da
Hidrostática, determinar uma expressão para a pressão no fluido a
uma profundidade h.
Solução
Foi dado que se h = ho = 0 � p = patm = po. e γ = γo.
Para uma dada profundidade h, tem-se que o peso específico é γ e a pressão é p,
função de h.
A equação fundamental da hidrostática diz que dp = -γ.dz, sendo o eixo Oz vertical e
voltado para cima. Adotando-se um eixo h vertical e voltado para baixo, certamente
dz = -dh, logo:
dp = γ.dh
Integrando a equação acima, desde po onde a profundidade é h = 0 até p, onde a
profundidade é h, tem-se:
∫∫ =hp
pdhdp
o 0γ � ( )∫ −=
h
opp dhKhp
o 0] γ �
h
oo
Khhpp
0
2
2
−=− γ
Assim, 2
2Khhpp oo −+= γ � h
Khpp oo
−+=2
γ
Observar que, nesse caso, a pressão varia com a profundidade segundo uma
parábola.
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48
9. Um reservatório herméticamente fechado está parcialmente cheio de
ar a uma pressão de 25 psi, indicada por um manômetro M, conforme
mostrado na figura seguinte. Do lado direito do reservatório existe
uma saída que se comunica com um cilindro de 10 cm de diâmetro,
fechado por um êmbolo onde está aplicada uma força F, indicada. Do
lado esquerdo do reservatório existe um manômetro de mercúrio, de
tubo em U. Adotar a massa específica da água como sendo 1.000
kg/m3.
Nesse caso pede-se:
a) Calcular a força F, vertical, para cima, a ser aplicada sobre o êmbolo
que pesa 100 N, para que o sistema fique em equilíbrio.
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49
b) Calcular o desnível, ∆h, no manômetro de mercúrio de tubo em U,
sabendo que a sua massa específica vale 13.545,2 kg/m3.
Solução
a) Cálculo de F:
Considerar os pontos 1, 2, 3, 4, 5 e 6 indicados na figura.
Segundo a lei de Stevin: p1 = p4 + γ.(0,5 + 1,0 +2,0).
Mas p4 = par = pM, assim p1 = pM + γ.(3,5).
pM = 25 psi = 25 lbf/pol2 = 25*0,4536 kgf/pol2
pM = 25*0,4536*9,80665 N/pol2 = 25*0,4536*9,80665/0,02542 N/m2
Ou pM = 25*6.894,87 Pa
Assim, pM = 172.371,8 Pa.
Então, substituindo na expressão de p1, tem-se:
p1 = 172.371,8 Pa + 1.000 kg/m3*9,807 m/s2*3,5 m = 172.371,8 Pa + 34.324,5 Pa
p1 = 206.696,33 Pa
Por definição de pressão: p1 = Fn.A. Assim, Fn = p1*A, onde Fn é a força devida à
pressão sobre a área horizontal do êmbolo que encerra a água no cilindro.
Fn = 206.696,33 Pa*π*d2/4 = 206.696,33 Pa*3,142*0,12/4
Fn =206.696,33 Pa*0,007854 m2. � Fn = 1.623,4 N
Supondo o êmbolo em equilíbrio, sujeito às forças F para cima, Fn para baixo e o
peso P para baixo, tem-se:
Fn + P – F = 0 � F = Fn + P = 1.623,4 N + 100 N
� F = 1.723,4 N.
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50
10. A figura apresenta dois manômetros diferenciais de mercúrio (ρm =
13.545 kg/m3) sendo utilizados para a medida da diferença de pressão
entre duas tubulações A e B,
que estão com um desnível z =
1,50m, conforme mostrado na
figura. As duas tubulações
conduzem água (ρ = 998,2
kg/m3) e o espaço acima dos
manômetros diferenciais
também está cheio de água.
Determinar a diferença de
pressão entre as tubulações A e
B (centro das seções
transversais), em Pa e em
metro de coluna de água.
Solução
Resposta: Dif. Pressão entre A e B = pA – pB = 151.707,4 Pa.
(pA – pB)/γa = 15,497 m.
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11. A água escoa através da tubulação horizontal mostrada na figura, a
uma dada vazão. Entre os pontos A e B indicados na figura, foi
instalado um manômetro diferencial de tubo em U invertido, contendo
um óleo de massa específica 827 kg/m3, que atuará como líquido
manométrico. Quando o desnível h mostrado na figura abaixo for igual
a 866 mm, determine a diferença de pressão entre os pontos A e B.
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12. O vacuômetro V, mostrado na figura, indica uma pressão do ar no
tanque igual a –580 mm de Hg. Sabendo que as superfícies da água
em ambos os reservatórios, R1 e R2, estão no mesmo nível (mesma
cota) e que o reservatório R2 está aberto para a atmosfera, pede-se:
a) o valor da pressão absoluta do ar no reservatório R1, em Pa,
sabendo que a pressão atmosférica local é de 670 mm Hg (massa
específica do mercúrio a 0ºC vale 13 595,1 kg/m3);
b) o desnível esperado no manômetro diferencial de mercúrio,
supondo, nesse caso, que a massa específica do mercúrio vale 13
540,2 kg/m3.
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13. A figura apresenta um manômetro diferencial sendo utilizado para a
medida da diferença de pressão entre as seções das tubulações
que conduzem os líquidos A e B. Determine esta diferença de
pressão entre os pontos A e B (centro das seções transversais, em
Pa, sabendo-se que: o peso específico do líquido A é γA =8 400
N/m3, o peso específico do líquido B é γB= 12 300 N/m3, o peso
específico do líquido manométrico (mercúrio) é γHg= 133 300
N/m3.
Resposta:
∆pAB = -94.660 Pa
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14. Determine as pressões relativas (em mca) e absolutas (em Pa) do ar
dentro do reservatório e do ponto M mostrado na figura abaixo.
Sabe-se que a pressão atmosférica local é de 735 mmHg.
Consultando uma tabela encontrou-se que a densidade relativa do
óleo usado é 0,85 e a do mercúrio 13,56. A massa específica do
mercúrio a 0oC é de 13595,1 kg/m3 e a da água a 4oC é de 1000
kg/m3.
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15. No Laboratório de Hidráulica você realizou um ensaio de calibração
de um manômetro eletrônico digital. Como padrão usou-se um
manômetro de Mercúrio de tubo em U com uma das extremidades
aberta para a atmosfera. Pode ser observado que uma das tomadas
de pressão do manômetro eletrônico também estava aberta para a
atmosfera. A outra tomada de pressão do manômetro eletrônico
estava conectada a uma câmara de pressão, juntamente com a
segunda tomada do manômetro de Mercúrio de tubo em U. Nessa
calibração foram usados apenas dois pontos sendo que o primeiro
deles corresponde a uma pressão padrão igual a 20 cm de mercúrio
e a uma indicação digital de 33,33 mV. Para o segundo ponto, a
pressão padrão estabelecida foi de 60 cm de mercúrio e a indicação
digital de 100,00 mV. Admitindo uma variação linear da pressão
sobre o manômetro com a indicação digital do transdutor e que a
massa específica do mercúrio é igual a 13 536,0 kg/m3, determinar:
a) a equação que converte a leitura digital indicada pela manômetro
eletrônico digital (em mV) em pressão relativa (use o Sistema
Internacional de Unidades);
b) o erro percentual devido a uma medida de confirmação em que o
equipamento em calibração indicava 59,98 mV para uma pressão
relativa correspondente a 36,0 cm de mercúrio
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16. Determinar a diferença de pressão entre as tubulações A e B
mostradas na figura, ambas cheias de água cuja massa específica
é de 998,2 kg/m3. Esta montagem é uma associação de dois
manômetros em série sendo que o óleo do reservatório, de massa
específica 820,0 kg/m3, é usado apenas para conectar os dois
manômetros. Todas as dimensões necessárias estão indicadas
esquematicamente na figura.
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Bibliografia
Texto preparado por
Prof. Gilberto Queiroz da Silva Departamento de Engenharia Civil Escola de Minas/UFOP
Agosto de 2011.