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2 - ABRIL/2004 - HORTIFRUTI BRASIL

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HORTIFRUTI BRASIL - ABRIL/2004 - 3

Daiana Braga (esq.), Rafaela C. da Silva, Cinthia A. Vicentini

onsiderando que as estradas são o elode ligação entre o produtor e o consu-midor final, a Hortifruti Brasil resol-

veu investigar a fundo a situação das rodovi-as utilizadas para o escoamento da produçãonacional até a capital paulista. Enquanto apéssima infra-estrutura pode comprometertodo o investimento na lavoura e no benefici-amento da hortaliça, boas estradas garantema manutenção da qualidade do produto para oconsumidor final, mas elevam os valores dosfretes. O resultado da pesquisa mostrou queas rodovias utilizadas no transporte dos hor-tifrutícolas que saem do Nordeste em direçãoa São Paulo são as que apresentam as maisprecárias infra-estruturas.

Além disso, diante do crescimento da pro-dução frutícola nordestina, a taxas expo-nenciais, a Hortifruti Brasil alerta que es-tradas como a BR-101 e a BR-116 podem nãocomportar o escoamento da produção do Nor-deste no médio prazo. Assim como o verifica-do no caso da soja, em que as rodovias nãosão suficientes para o transporte de toda aprodução, no futuro, as estradas que ligam ospólos produtores do Nordeste podem não sersuficientes para escoar o volume colhido, casonão exista uma adequação às necessidadesrodoviárias desses produtos.

O Prof. Caixeta Filho, em entrevista à Hor-tifruti Brasil (p.18), não acredita em um "a-pagão do transporte" para os hortifrutícolas,

Daiana, Rafaela eCinthia pesquisaram

a fundo a situaçãodas principais rotas

utilizadas pelosprodutores nacionais

de hortifrutícolas.

mas ressalta que os investimentos em produ-ção estão sendo muitos maiores do que os re-alizados na logística do setor. Se-gundo o professor, o sistema detransporte dos hortifrutícolas po-de ser diferente do praticado paraa maioria das commodities agríco-las. Isso porque sua produção émenos concentrada, o produto temmaior valor agregado e sua quali-dade final é um atributo importan-te durante a comercialização. Suasugestão, também defendida pelaHortifruti Brasil, é de que existamaior fidelidade comercial entreprodutores e transportadores, as-sim como a especialização da frota.

A recomendação geral é de que o setor dei-xe de se enganar, acreditando que economi-as no valor do frete proporcionam o retornode grandes lucros. Cargas em excesso, fugade rotas pedagiadas e caminhões fora das con-dições ideais de funcionamento geram per-das de volume e qualidade do produto, alémde dificultar o cumprimento dos calendáriosde distribuição exigido por grandes redes va-rejistas. Muitas ações em prol de uma melhorlogística podem ser realizadas. Algumas de-las seriam o desenvolvimento integrado dacadeia a frio e o estudo de novos tipos detransporte para o escoamento dos hortifrutí-colas, além do rodoviário.

EDITORIAL

Estradas podem comprometer

ÍNDICEÍNDICEÍNDICEÍNDICEÍNDICE

SEÇÕESSEÇÕESSEÇÕESSEÇÕESSEÇÕES

Manga Exportações em baixa 14Uva Mais uva no mercado 15Banana Aumenta a oferta de prata em Minas 16Citros É a vez das precoces 17

Capa 7Capa 7Capa 7Capa 7Capa 7OS CAMINHOS DOSOS CAMINHOS DOSOS CAMINHOS DOSOS CAMINHOS DOSOS CAMINHOS DOSHORTIFRUTÍCOLASHORTIFRUTÍCOLASHORTIFRUTÍCOLASHORTIFRUTÍCOLASHORTIFRUTÍCOLASQuais são as principais rotas deescomento da produçãohortifrutícola nacional? E aqualidade dessas estradas, comoanda??? A Hortifruti Brasil traz umaavaliação completa das estradasmais utilizadas pelo setor na pág 7.Confira!

Batata Safra das águas continua ruim 5Tomate De volta ao mercado! 6Cebola Importações prejudicam mercado interno 11Mamão Pouco mamão em abril! 12Melão Sim, nós temos melão! 13

NECESSIDADE DENECESSIDADE DENECESSIDADE DENECESSIDADE DENECESSIDADE DEESPECIALIZAÇÃOESPECIALIZAÇÃOESPECIALIZAÇÃOESPECIALIZAÇÃOESPECIALIZAÇÃOO Prof. Dr. José Vicente CaixetaFilho é um dos principais estudiosossobre logística agroindustrial. Nasua opinião, para que existammelhorias na qualidade e agilidadedo escomento dos hortifrutícolas, alogística desses produtos precisaevoluir e se especializar.

Fórum 18Fórum 18Fórum 18Fórum 18Fórum 18

escoamento dos hortifrutícolas

c

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4 - ABRIL/2004 - HORTIFRUTI BRASIL

PERSPECTIVAS 2004Nós, da Brasnica Frutas Tropicais, gostaríamos dar

parabéns à Hortifruti Brasil pela edição número 20 (dez/03). O resumo dos especialistas: Margarete Boteon, GeraldoSant'Ana de Camargo Barros, Heloísa Lee Burnquist e SílvaHelena G. de Miranda demonstram o domínio sobre cadamatéria, abordando temas reais, de maneira verdadeira eimparcial.Atenciosamente,Brasnica Frutas TropicaisSebastião Salim KhouriDiretor Comercial /[email protected]

Cartas

E X P E D I E N T E

A Hortifruti Brasil é uma publicação do CEPEA- Centro de Estudos Avançados em EconomiaAplicada - USP/ESALQ

Editor Científico:Geraldo Sant’ Ana de Camargo Barros

Editora Executiva:Margarete Boteon

Editora Econômica:Mírian Rumenos Piedade Bacchi

Editora Assistente:Carolina Dalla Costa

Diretor Financeiro:Sergio De Zen

Jornalista Responsável:Ana Paula da Silva - MTb: 27368

Revisão:Letícia Macchi

Equipe Técnica:Aline Vitti, Aline Barrozo Ferro, Carolina Dalla Costa,Cinthia A. Vicentini, Isis N. Sardella, João Paulo B.Deleo, Marina L. Matthiesen, Margarete Boteon,Mauro Osaki, Rafaela Cristina da Silva, Renata E.Gaiotto Sebastiani, Daiana Braga, Renata B.Lacombe e Thiago L. D. S. Barros.

Apoio:FEALQFundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz

Diagramação Eletrônica/Arte:Thiago Luiz Dias Siqueira Barros

Fotolitos:Nautilus Estúdio GráficoFone:(19)[email protected]

Impressão:MPC Artes GráficasFone:(19)[email protected]

Tiragem:6.500 exemplares

Contato:C.Postal 132 - 13400-970 Piracicaba, SPTel: 19 3429-8809Fax: 19 [email protected]://cepea.esalq.usp.br

A revista Hortifruti Brasil pertence ao Cepea - Centrode Estudos Avançados em Economia Aplicada - USP/Esalq. A reprodução de matérias publicadas pelarevista é permitida desde que citados os nomes dosautores, a fonte Hortifruti Brasil/Cepea e a devida datade publicação.

Escreva pra gente! - [email protected] - Hortifruti Brasil - CP 132 - CEP:13400-970 - Piracicaba/SP

Na seção Batata (pág 06), da edição nº 22, o tubérculo é erroneamente chamado de bulbo.

Na seção Cartas (pág 2), também da edição n º 22, fazemos duas correções à transcrição da carta assinada pelo Prof. Dr.Paulo César Tavares de Melo. Onde se lê: “A maioria dos híbridos estão descritas...”; o autor escreveu originalmente: “Amaioria dos híbridos está descrita...”. A palavra “infidáveis” está grafada de maneira incorreta; o certo seria “infindáveis”,também conforme o enviado pelo autor.

ARMAZENAMENTO DE TOMATESVocês têm informações sobre as condições de

armazenamento de tomates? Por quanto tempo e sob quaiscondições pode-se estocá-lo mantendo uma boa qualidade?Agradeço desde já.Eng. Antonio J.C. [email protected] várias dissertações e pesquisas sobre condições dearmazenamento de tomates a fim de expandir ao máximo otempo de prateleira do produto. Algumas consideram oarmazenamento sob controle atmosférico outras sob formade resfriamento. Através do site http://www.agr.unicamp.br/tomates você poderá ter acesso a diversas informações sobreessas técnicas.

Erramos:

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HORTIFRUTI BRASIL - ABRIL/2004 - 5

Safra das águascontinua ruim

Mesmo com a entressafra no Sul de Minas, a oferta deve se manter alta em abril

Por João Paulo Deleo e Daiana Braga

BBBBBAAAAATTTTTAAAAATTTTTAAAAA

E quem levantaesse mercado?

Em abril, a oferta da batata naregião do Sul de Minas Geraisdeve diminuir consideravel-mente, marcando a entressa-fra na região. Entretanto, o Tri-ângulo Mineiro/Alto do Para-naíba (MG) e Guarapuava (PR)devem continuar ofertandoum grande volume de batata,limitando a reação dos pre-ços. Em março, a intensifica-ção da safra dessas regiõesaliada a má qualidade da ba-tata - sucessivas chuvas e al-tas temperaturas prejudica-ram a formação e o desenvol-vimento do tubérculo - oca-sionaram a desvalorização doproduto. Assim, a batata mo-nalisa foi comercializada a R$28,33/sc de 50 kg, em média,no atacado de São Paulo, emabril, cerca de 5% abaixo dosvalores registrados em feve-reiro, quando o preço médiodo tubérculo foi de R$ 29,93/sc de 50 kg.

Muita batata e poucoconsumoO aumento da área plantadanas principais regiões pro-dutoras e a intensificação doplantio da ágata têm sido osprincipais vilões da batati-cultura nacional desde o se-gundo semestre de 2003.Neste ano, porém, a retraçãodo consumo, somada àque-les dois fatores, dificultouainda mais o escoamento daprodução nacional. Segundodados o Seade/Dieese, o ín-dice de desemprego na re-gião metropolitana de SãoPaulo, foi de 19,8% em feve-

reiro, o maior registrado des-de o início do levantamentoem 1985. Com a queda dopoder de compra do consu-midor, principalmente demédia e baixa renda, as ven-das do produto nos princi-pais atacados do país caíram,contribuindo para a reduçãodos preços do tubérculo.

Preços diferentes parabatatas diferentesComo de costume, os preçosda batata da safra das águasvêm variando de acordo coma qualidade do tubérculo. Deacordo com agentes do setor,uma batata de qualidade su-perior chega a ser comercia-lizada a valores até duas ve-zes maiores que o do produ-to de menor qualidade. Den-tre as três principais regiõesque vêm abastecendo o mer-cado nacional, o tubérculodo Sul de Minas e do Triân-gulo Mineiro/Alto do Pa-ranaíba (MG) tiveram aqualidade de-preciada pelasaltas tempera-turas e excessode chuvas emmarço. No Sulde Minas, a in-cidência de ne-matóide foi umdos principaisproblemas fi-tossani tár iose n f r e n t a d o spelos produto-res. Agentes dosetor afirmamque, em mar-ço, o tubércu-lo dessa praça

foi o que apresentou piorqualidade. No Triângulo Mi-neiro/Alto do Paranaíba(MG), as chuvas provocaramelevada incidência de re-queima - doença causadapelo fungo Phytophthorainfestans -, elevando o gastocom a aplicação de fungici-das. Entretanto, os produto-res conseguiram controlar adoença, evitando maior de-preciação do produto. Já emGuarapuava (PR), o principalfator que prejudicou a qua-lidade do tubérculo foi aseca do início do ano. Dessaforma, o tubérculo parana-ense não teve formação ade-quada e não atingiu o pa-drão exigido pelo mercado.Segundo produtores locais,a safra de batata no Paranápode ter sofrido quebra deaproximadamente 30%, emdecorrência do mau desen-volvimento do tubérculo.

36,63 23,58

41,93 24,76

48,99

54,56

26,81

27,71

33,71

33,40

41,51

41,43

53,77

60,76

Safra das águas2002/032001/02 2003/04

dezjan

fevmar

abr

mai

Preços da monalisacontinuam a 2003inferiores

Preços médios de venda da batata monalisa na Ceagesp - R$/sc 50 kg

Fonte: Cepea

29,93

28,33

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6 - ABRIL/2004 - HORTIFRUTI BRASIL

TTTTTOMAOMAOMAOMAOMATETETETETE

De voltaao mercado!Depois de três meses, Goianápolis volta a ofertar o tomate para o mercado nacional

Começa a safraem Goianápolis

Os produtores de Goianápo-lis (GO) devem aumentar acolheita de tomate neste mês.A safra local teve início nasegunda quinzena de marçoe a estimativa dos agentes éde que o volume produzidoem 2004 fique abaixo do veri-ficado no período anterior. Deacordo com cálculos do setoro número de pés plantados naregião, nesta safra, deve ficarao redor de 3 milhões, 50% amenos que o cultivado em2003. Os baixos preços rece-bidos pelos tomaticultoresgoianos, no último ano, desa-nimaram boa parte dos agen-tes. Além disso, o alto custode produção, estimado emaproximadamente R$ 2,00/pé,e a baixa produtividade local,de cerca de 200 cx de 23 kg/mil pés, desestimularam mui-tos produtores a investir na

cultura. Durante o primeirotrimestre de 2004, a regiãosequer ofertou o produto aomercado nacional. Em anosanteriores, Goianápolis erauma das únicas praças quemantinham oferta regular aolongo do ano. O distancia-mento dessa região do mer-cado, no início de 2004, este-ve relacionado ao alto riscode incidência de doenças eviroses, nesta época.

Caçador deixa omercadoA região de Caçador (SC) en-cerrou sua safra de tomate nofinal de março. Os produto-res catarinenses haviam ini-ciado a colheita em janeiro,com uma área plantada 25%superior à da safra anterior.Estima-se que 15 milhões depés tenham sido colhidos naregião até o final de março. Aprodutividade também foi

maior nesta sa-fra, ficando en-tre 500 cx de 23kg/mil pés, nasprimeiras la-vouras, e 250 cxde 23 kg/milpés, nas roçasmais tardias,que foram atin-gidas por chu-vas freqüentesem janeiro e fe-vereiro. Diantedo aumento daoferta local, osvalores recebi-dos pelos toma-ticultores da re-

gião, nesta safra, caiu. Nesteano, o preço médio pago aosprodutores catarinenses pelotomate salada AA longa vida,entre os meses de janeiro emarço foi de R$ 14,13/cx 23 kg,na roça. No mesmo período de2003, o produto foi comercia-lizado a R$ 16,27/cx 23 kg, emmédia, nas lavouras da região.

Preços altos em março?Contrariando as expectativasdos produtores, as cotaçõesdo tomate se mantiveram es-táveis em março, frente aomês anterior. Os agentes con-tavam com uma forte valori-zação do produto para o últi-mo mês, assim como a regis-trada em 2003. Entretanto,neste ano, grande parte daslavouras de verão manteve aoferta até meados de abril,fazendo com que o períodode entressafra não fosse tãobem demarcado quanto noano passado. Além disso, alentidão das vendas no últi-mo mês ocasionou muitassobras nos boxes dos princi-pais atacados do país, dificul-tando a valorização do pro-duto. Dessa forma, o preçomédio de venda do tomatesalada AA longa vida na Cea-gesp, em março, foi de R$20,64/cx de 23 kg, 51% abaixodos valores praticados nomesmo período de 2003. Emabril, a oferta do tomate devepermanecer regular, já que asroças de verão devem finali-zar a colheita e as lavouras deinverno tendem a iniciar asafra.

Por Renata B. Lacombe eRafaela Cristina da Silva

Preços médios de venda do tomate salada AA longa vida na Ceagesp - R$/cx 23Kg

Tomate 51% abaixo dos valores observados em 2003

Fonte: Cepea

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

35,00

40,00

45,00

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

42,00

20,64

20042003

S

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HORTIFRUTI BRASIL - ABRIL/2004 - 7

Foto

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Por Aline Barrozo Ferro

Importações prejudicammercado interno

A entrada da cebola argentina limitou os ganhos dos produtores sulistas

Argentina X SulApesar das importações brasi-leiras do bulbo argentino teremcomeçado mais tarde neste ano,a entrada da cebola daquelepaís prejudicou a venda do pro-duto nacional em março. Mes-mo com uma importação aindatímida, a cebola argentina com-petiu com o bulbo brasileiro elimitou os ganhos dos produto-res nacionais. Em março, a ce-bola sulista foi comercializadaa R$ 11,70/sc de 20 kg, em mé-dia, nas máquinas locais. Se, porum lado, esses valores estão12% acima dos registrados emfevereiro, por outro, permane-cem 32% abaixo daqueles veri-ficados no ano passado. A ten-dência, segundo os agentes, é deque os preços do mercado na-cional acompanhem os valoresdo bulbo importado, que apre-senta melhor qualidade e boaaceitação no mercado nacional.Na fronteira, os preços tambémforam menores neste ano. Emmarço, o produto foi importadoa valores cerca de 22% meno-res do que os registrados nomesmo período de 2003. Segun-do dados da Secex, as importa-ções brasileiras do bulbo argen-tino durante os meses de janei-ro e fevereiro de 2003 foram deaproximadamente 13 mil tone-ladas, enquanto que, neste ano,apenas 87 toneladas foram co-mercializadas no mesmo perío-do. Em abril, a previsão é de queas importações brasileiras dobulbo argentino aumentem.

Vale do São Franciscointensifica plantioCom a diminuição das chuvasem março, o plantio do bulbo

no Vale do São Francisco se in-tensificou. Apenas nas regiõesde Casa Nova (BA) e Sento Sé(BA), o transplante de mudascontinua atrasado em virtudedo transbordamento do lago doSobradinho. O reservatórioestá chegando a sua capacida-de máxima e os produtores po-derão fazer o transplante navazante apenas quando o nívelde água voltar aos padrões nor-mais. Assim, os produtoresacreditam que a oferta no Nor-deste deverá se iniciar somen-te em agosto. Em Irecê (BA), asemeadura se encerrou no últi-mo mês. A área plantada nesteano foi cerca de 20% superior àdo ano anterior e a colheitadeve se intensificar no final demaio. Em março, o volume ofer-tado no Vale do São Francisconão foi suficiente para abaste-cer o mercado local, alavan-cando os preços do produto.Além da escassez da cebola, asde janeiro e fevereiro deste anocontinuaram prejudicando aqualidade do bulbo durante o

CEBOLACEBOLACEBOLACEBOLACEBOLA

S Preços médios recebidos pelos produtores em Ituporanga (SC)pela cebola crioula - R$/kg

Preços da crioula 33% mais baixos em março

Fonte: Cepea

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

dez jan fev mar abr

0,61

0,46

2003/042002/03

último mês, valorizando o pro-duto superior. Dessa forma, osvalores recebidos pelos bene-ficiadores da região, pela ipa demelhor qualidade, atingirampicos de R$ 17,50/sc de 20kg,em meados março.

Volume estocadoem SC é alto

Em Santa Catarina, o volume decebola estocado nos armazénslocais até meados de março ain-da era grande, representandocerca de 30% a 40% do totalproduzido na região. Segundoagentes locais, a qualidade dobulbo é razoável e somente al-guns lotes, prejudicados porbacterioses, se encontram emfase de apodrecimento. Porém,vale lembrar que as perdas des-te ano foram menores que asda safra passada, quando o pre-juízo chegou a cerca de 60% dototal colhido. Nesta fase de co-mercialização - cerca de trêsmeses após a colheita -, as per-das nas beneficiadoras ficamentre 10% e 20%.

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8 - ABRIL/2004 - HORTIFRUTI BRASIL

MAMÃOMAMÃOMAMÃOMAMÃOMAMÃOPor Isis Nogueira Sardella

Pouco mamãoem abril!Excesso de frutos verdes nas lavouras deve limitar a colheita neste mês

Preços médios recebidos pelos produtores capixabas pelo mamão havaí (12-18) - R$/kgMenor oferta valoriza mamão em março

Fonte: Cepea

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

0,80

200420030,80

0,11

S

Clima deve orientarcolheitaDe acordo com a expectativados produtores de mamão, aoferta da fruta em abril devecontinuar baixa. No final demarço, a maior parte dos frutosdisponíveis nas lavouras estavaverde e miúdo, precisando de,pelo menos, 15 dias para atingiro ponto ideal de colheita. Dessemodo, espera-se que a produ-ção do fruto aumente apenasentre o final de abril e o iníciode maio. Entretanto, a matura-ção do fruto deve-se manteratrelada às condições climáti-cas nas lavouras e, caso as chu-vas continuem, o período deamadurecimento poderá se es-tender.

Colhendo o quefoi plantado

No mês de março, a oferta demamão nas roças do EspíritoSanto, do sul e oeste da Bahiafoi muito baixa. Além da redu-ção da área plantada, devido àdesvalorização do produto noúltimo ano, a queda na produ-ção esteve relacionada ao alto

índice de abortamento floralverificado entre os meses dedezembro de 2003 e janeiro de2004. A queda dessas florespode ter sido promovida pelasfortes chuvas registradas nestasregiões nesse período, pela fal-ta de nutrientes na planta ou atémesmo pela combinação des-ses dois fatores. Além disso, acontinuidade de fortes precipi-tações entre os meses de feve-reiro e março reduziu aindamais a oferta nestas regiões. Es-sas chuvas causaram o enchar-camento do solo e das plantas,criando condições favoráveis aodesenvolvimento de fungos edoenças. Diante de uma colhei-ta tão baixa, a fruta se valorizousensivelmente em março e che-gou a ser comercializada, naroça, a preços quase duas vezesmaiores que os registrados emfevereiro. No oeste da Bahia, porexemplo, o havaí tipo [12-18]chegou a ser vendido a R$ 1,40/kg em março.

São Pedro castiga mais asafra capixabaA região produtora de Linhares

(ES) foi a região mais pre-judicada pela chuva. Se-gundo dados do CPTEC/INPE, o volume de preci-pitações acumulado naregião, em março, foi de250 mm, cerca de 112%superior ao registrado nomesmo período de 2003.As chuvas e os ventos der-rubaram flores e frutos e,as enxurradas foram tãofortes que chegaram a ar-rastar plantas inteiras. En-tretanto, o maior prejuízoocasionado pelo mau

tempo foi o aumento da inci-dência de doenças. Em algunscasos, os danos foram tantosque os frutos tiveram que serdescartados. As enfermidadesobservadas com maior fre-qüência nas roças foram aphythophthora, a antracnose ea mancha chocolate. A incidên-cia dessas patologias prejudi-cou a exportação, já que pou-cos frutos conseguiam atenderàs exigências fitossanitárias domercado internacional.

Mercadointernacionalpede mais

Diante dos contratempos obser-vados nas lavouras nacionais,os exportadores brasileiros nãoconseguiram atender a toda ademanda norte-americana eeuropéia, em março. Os frutosnão atingiram o padrão fitossa-nitário exigido pelo mercado in-ternacional e, assim, não foramembarcados. Outros fatores queacabaram afetando as exporta-ções do mamão foram a grevedos fiscais do Ministério da Agri-cultura e o surgimento da "gri-pe do frango", na Ásia. Dianteda paralisação dos fiscais, mui-tas cargas não receberam acertificação necessária para en-trar nos Estados Unidos, demodo que os pedidos daquelepaís não puderam ser atendidosdurante alguns dias de março,diminuindo o volume exporta-do. No caso da "gripe do fran-go", na Ásia, a procura pela car-ne de boi e de frango brasileiraaumentou significativamente,elevando a concorrência peloespaço aéreo e, dificultando asexportações do mamão.

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HORTIFRUTI BRASIL - ABRIL/2004 - 9

B

OS CAMINHOS DOS HORTIFRUTÍCOLASOS CAMINHOS DOS HORTIFRUTÍCOLAS

uracos, falta de iluminação, pouca segurança, fretes ca-ros e pedágios. Estes são alguns dos obstáculos enfrenta-dos pelos hortifrutícolas no caminho até capital de São

Paulo.De olho no impacto desses fatores sobre o escoamento e o custofinal do produto, a Hortifruti Brasil traçou as princi-pais rotas utilizadas no transporte de nove hortifru-tícolas (banana, batata, cebola, citros, mamão,manga, melão, tomate e uva) até a capitalpaulista e avaliou a qualidade dessas estra-das. A pesquisa ouviu 116 agentes do setor eidentificou as melhores e piores rodovias dopaís para os hortifrutícolas.De modo geral, todos os agentes entrevista-dos reclamaram dos custos do frete. En-quanto que nas melhores estradas os al-tos pedágios elevam as despesas dosetor, nas piores, são os buracos e afalta de segurança que reduzem acompetitividade.Aproximadamente 43% dos entrevis-tados pela HortifrutiBrasil declararamque a condição dasestradas está deruim à péssima(notas entre 1e 3, no inter-valo de 1a 5). Os57% restantes acre-ditam que as vias estãoem boas condições (notasde 4 a 5). Essa divisão de opi-niões está relacionada ao trajeto consi-derado por cada entrevistado. Na maio-ria dos casos, o envio da produção do Nor-deste para São Paulo se mostrou maisprecário que o de regiões do Sudeste paraa capital. No segundo caso, a maior par-te do percurso é realizada em rodoviasadministradas por concessionárias pri-vadas, onde a qualidade das estradas emgeral é boa, mas os pedágios caros.

Nota 1 - Estrutura precária: a estrada não é totalmente asfaltada e possui trechos commuitos buracos, atrasando a viagem em até um dia em comparação ao trajeto em viasde boa qualidade.Nota 2 - Estrutura baixa: buracos, pouco acostamento, postos policiais insuficientespara garantir a segurança, nenhuma iluminação e sinalização limitada.Nota 3 - Estrutura média: apesar dos poucos buracos, a segurança é precária e ailuminação deixa a desejar. Mais da metade do trajeto possui pista dupla.Nota 4 - Estrutura média/elevada: nenhum buraco, porém com asfalto irregular emalguns trechos e pouca segurança. A maior parte do percurso é feita em pista dupla e asinalização é boa.Nota 5 - Estrutura elevada: ótima qualidade de asfalto e pista totalmente duplicada;boa segurança e excelente iluminação.

Nota 1 a 3:BR101

SP330

BR116

SP310

SP250

SP280

BR 116

MELHORES &PIORES ESTRADAS

Avaliação dasrodovias brasileiras para

o transporte dos hortícolascom destino a capital paulista

BR 101

Anhanguera

Nota 4 a 5:Castelo Branco

Bandeirantes

Washington luiz

Para chegar em São Paulo, os hortifrutícolas pagam um preço alto.Enfrentam buracos ou pedágios.

Por Rafaela Cristina da Silva, Cinthia Antoniali Vicentini eDaiana Braga

Classificação das Estradas:

Fon

te:

Ho

rtif

ruti

Bra

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Produtor Beneficiador Atacadista

Tomate 23,5%

Batata

Cebola

Manga 12,5 %

Melão 100%

Uva 27,3%

Mamão 92,3%

Banana 36,8%

Citros -

42%

46%

62,5%

-

-

7,7%

11,2%

87,5%

76,5%

32%

53%

25%

-

63,60%

52%

12,5%

47%

-

NA MAIORIA DOS CASOS, É O COMPRADORQUEM GARANTE A ENTREGA DO PRODUTO

-

-

A TERCEIRIZAÇÉ A GRANDE

Ageut

frota

Tomate

Banana 3

Batata 4

Mamão 3

CebolaMelãoUva 6

Citros 3

Manga 1

s melhores rodovias brasileiras, segundo osentrevistados, são a Washington Luiz (SãoJosé do Rio Preto/SP - Cordeirópolis/SP),

Bandeirantes (Cordeirópolis/SP - São Paulo/SP),Anhanguera (Uberlândia/MG - São Paulo/SP) e Cas-telo Branco (Espírito Santo do Turvo/SP - São Pau-lo/SP). Todas receberam nota superior a 4,5, numaescala de 1 a 5 (veja a classificação das notas noinício da matéria).O único inconveniente dessas estradas menciona-do por esses agentes é o alto valor dos pedágios, queencarecem o frete e elevam o custo agregado ao hor-tifrutícola. Por outro lado, o transporte pelas estra-das pedagiadas e em boas condições garante rapidezao escoamento da produção e, conseqüentemente, achegada de um produto maisfresco nas gôndolas dos su-permercados e feiras livres.Para dimensionar o encare-cimento do frete gerado pe-los pedágios, a HortifrutiBrasil comparou o custo dotransporte, em kg/km, domelão de Mossoró (RN) e dotomate de Itapeva (SP)ambos com destino

à capital paulista. No caso do melão, o custo do qui-lômetro rodado através da BR 101 - considerada umadas piores vias, na entrevista - é cinco vezes me-nor que o do tomate, pela Castelo Branco. Além docusto do pedágio, a diferença de valor entre as duasrotas deve-se também ao fato de que quanto maiora distância menor o custo por km rodado.Contudo, não se pode perder de vista que quantomaior à distância percorrida, principalmente emcondições precárias, maiores serão os gastos indi-retos como o desgaste do caminhão e a segurançado produto e do condutor. A distância de Mossoró (RN)a São Paulo é de 3 mil quilômetros, enquantoItapeva (SP) encontra-se a 250 quilôme-tros da capital.

AS MELHORES ESTRADAS

responsabilidade pe-lo envio dos horti-

frutícolas até o atacadovaria de acordo com o pro-duto e pode ficar a cargodo produtor, do beneficia-dor ou do atacadista. Namaioria dos casos, é o ata-cadista ou o beneficiadorque se encarrega da logís-tica do produto.Apenas nos casos do me-lão e do mamão, a maio-ria dos fretes fica sob res-ponsabilidade do produtor.Para essas frutas, respec-

tivamente, 100% e 92,3%dos entrevistados infor-maram que a saída do pro-duto da roça e sua chega-da na Ceagesp é adminis-trada pelo agricultor. Issoocorre porque não há be-neficiadores independen-tes para organizar a logís-tica desses produtos. Elessão colhidos e embaladosna própria fazenda; os pro-dutores os enviam para aCeagesp a granel e o cus-to do transporte é incorpo-rado ao valor de venda.

QUEM É O RESPONSÁVEL PELO TRANSPORTE?

Fonte: Hortifruti Brasil/Cepea

Fonte: Hortifruti Brasil/Cepea

Fonte: Ho

A

A

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ÇÃO DO TRANSPORTEE OPÇÃO DO SETOR

Agentes queterceirizamo transporte

entes quetilizama própria

41% 59%

31,6% 68,4%

45,5% 54,5%

38,5% 61,5%

23% 77%

- 100%

63,6% 36,4%

37,5% 62,5%

2,5% 87,5%

s rodovias que receberam as piores notasforam a BR-101 e a BR-116, ambas federaise as mais extensas do país. A BR-116 tem

4.489 quilômetros de extensão e a BR-101, 4.125quilômetros. Os entrevistados informaram que,nessas vias, as condições de tráfego para cami-nhões são muito ruins, principalmente entre a re-gião Nordeste e a capital paulista. Em vários tre-chos, as pistas estão esburacadas, não há sinali-zação, os acostamentos estão danificados e o riscode assaltos é grande.Os resultados dessa pesquisa apontam que no fu-

turo a BR - 101 e 116 podem não conportar ade-quadamente o excoamento da oferta da

fruticultura irrigada do nordeste em

direção à São PauloPara piorar ainda mais a infra-estrutura das es-tradas nordestinas, as fortes chuvas que atingi-ram a região no início do ano danificaram as pis-tas e comprometeram o tráfego. Segundo o Depar-tamento de Edificações Rodovias e Transportes(Dert), que administra algumas rodovias da região,muitas estão com pontes quebradas, trechos comatoleiros, buracos, bueiros danificados, queda debarreiras, rompimento de aterro, erosões e basese drenagens desmoronadas. Como até o final demarço os problemas não haviam sido totalmentesolucionados, os produtores passaram a utilizar ro-tas alternativas a fim de manter a regularidade daentrega do produto.

A má qualidade das rodoviastambém eleva os custos e asperdas do setor, principal-mente quando há atraso naentrega. Além de interferir noplanejamento de venda dosatacadistas na Ceagesp, o pro-longamento da viagem reduzo tempo de prateleira do pro-duto, forçando sua rápida co-mercialização.

AS PIORES ESTRADAS

FROTA TERCEIRIZADA É A PREFERÊNCIA DO SETOR

ara transportar os hortifrutícolas dasroças à Ceagesp, a maioria dos en-

trevistados afirmou utilizar frotas ter-ceirizadas. Apenas para a uva, o maiscomum é o uso de caminhões próprios dosatacadistas. Nesse caso, a oferta de vári-os pequenos produtores é reunida numaúnica carga, e os atacadistas passampelas propriedades recolhendo a fruta.

O principal motivo que leva os respon-sáveis pelo transporte a preferir a ter-ceirização são os altos custos envolvidosna conservação da frota (estrutura ade-quada, manutenção do caminhão, im-postos) e as despesas com mão-de-obra.Além disso, os agentes acreditam que a

quantidade de empresas de terceirizaçãoé suficiente para atender à demanda dosetor.

A maioria dos caminhões utilizadosnesse transporte possui três eixos e pou-cos têm câmaras frias. Dos nove produ-tos pesquisados (banana, batata, cebola,citros, mamão, manga, melão, tomate euva), apenas três - banana, uva e melão- são enviados para a capital paulista emcaminhões refrigerados. Ainda assim,não mais que 10% dessas cargas sãotransportadas desse modo. Para o melãoamarelo, o transporte frigorificado se res-tringe a épocas em que a fruta está frá-gil e mais susceptível a doenças

Fonte: Hortifruti Brasil/Cepea

ortifruti Brasil/Cepea

A

P

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12 - ABRIL/2004 - HORTIFRUTI BRASIL

frete é um dos importantes itens que com-põem o preço final do produto no atacado. Paraa maioria dos hortifrutícolas pesquisados, a

participação do frete sobre o preço negociado na Cea-gesp é de aproximadamente 13%. De modo geral, essaporcentagem varia, ao longo do ano, de acordo com ovalor final do produto. Como os custos com o freteoscilam menos que o valor dos hortifrutícolas, emperíodo de pico de safra, quando o preço do produtocai, a participação do frete tende a ser maior, e quan-do baixa oferta, menor.No caso do mamão, o frete coletado em março pelaHortifruti Brasil representou mais de 24% do valormédio do produto comercializado na Ceagesp. Issoporque o aumento do volume ofertado e a reduçãoda demanda vêm desvalorizando o fruto e aumen-tando a representatividade do frete sobre o preço no

atacado, nos últimos anos. Nessas situações de ele-vada oferta e difícil escoamento, torna-se caro parao consumidor arcar com essas despesas e, assim, aconta acaba sobrando para o produtor.Outra consideração importante é o ganho de escalapor quilômetro rodado no frete dos hortifrutícolas.Quanto maior a distância percorrida menor o custopor quilômetro rodado. Na média, segundo os dadoscoletados pela Hortifruti Brasil, o frete por quilô-metro pode custar três vezes mais quando a distân-cia for seis a sete vezes menor. No caso do tomate,o frete até São Paulo, numa distância de 100 km,sai por R$ 0,40/km a tonelada; para 1.000 km, ocusto desse transporte cai para R$ 0,15/km portonelada.O trajeto mais longo avaliado pela revistafoi de 3.300 km, que liga a região produtora de me-lão no Rio Grande do Norte a São Paulo. Avaliandopor produto, o tomate e o mamão apresentam os fre-tes mais caros por quilômetro rodado, enquanto acebola tem um dos mais em conta.Entretanto, o maior valor do frete, muitas vezes, nãoé garantia de melhores condições de transporte. Emmeio à competição das transportadoras, muitas em-

Participação (%) do frete no preço final doproduto na Ceagesp

Participação (%) do frete no preço final doproduto na Ceagesp

7%9%10%10%11%11%12%15%16%

24%

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presas terceirizadas acabam excedendo na quanti-dade de carga ou buscando rotas alternativas parafugir de pedágio, o que prejudica ainda mais a qua-lidade do produto transportado. Assim, os investi-mentos tecnológicos dos agricultores na produção ena pós-colheita se perdem no meio do caminho,antes de chegar ao consumidor final.

PREÇOS MÉDIOS DO FRETE DOS HORTIFRUTÍCOLAS ATÉSÃO PAULO (CAPITAL)

Banana Prata(cx de 20 kg)

Janaúba (MG) 2,70

Montes Claros (MG) 2,25

Banana Nanica(cx de 22 kg)

Miracatú (SP) 1,00

Araxá (MG) 5,00

Goiânia (GO) 4,75

Guarapuava (PR) 5,50

Perdizes (MG) 4,50

Poços de Caldas (MG) 2,00

Pouso Alegre (MG) 2,25

Santa Juliana (MG) 5,00

São Gotardo (MG) 5,00

Batata(sc de 50 kg)

Cebola(sc de 20 kg)

Triângulo Mineiro (MG) 5,00

Divinolândia (SP) 0,93

Irecê (BA) 2,50

Ituporanga (SC) 1,32

Monte Alto (SP) 0,90

Petrolândia (SC) 1,40

Piedade (SP) 0,40

São José do Norte (RS) 1,70

Citros(cx de 27 kg)

Itápolis (SP) 1,44

Limeira (SP) 0,77

São Carlos (sp) 1,11

Taquaritinga (SP) 1,50

Tatuí (SP) 1,10

Ubirajara (SP) 1,76

Barreiras (BA) 125,00

Mamão(ton)

Itabela (BA) 100,00

Linhares (ES) 100,00

Luis Eduardo Magalhães (BA) 112,50

Pinheiros (ES) 108,33

Teixeira de Freitas (BA) 100,00

Monte Alto (SP) 0,08Manga

(kg) Petrolina/Juazeiro (PE) 0,21

Juazeiro (BA) 0,16Melão(kg)

Mossoró (RN) 0,18

Tomate

(cx de 23 kg)

Apiaí (SP) 1,95

Caçador (SC) 2,50

Itapeva (SP) 1,48

Ribeirão Branco (SP) 1,50

Sumaré (SP) 0,90

Venda Nova do Imigrante (ES) 2,00

Uva Pilar do Sul (SP) 0,11

Hortifrutícola Origem Valor (R$) em março

(kg) São Miguel Arcanjo (SP) 0,13

Font

e: H

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HORTIFRUTI BRASIL - ABRIL/2004 - 13

MELÃOMELÃOMELÃOMELÃOMELÃO

Sim, nós temosmelão!

Por Cinthia Antoniali Vicentini

Vencendo as adversidades climáticas,os produtores do Vale do São Francisco iniciam a safra em abril

Começa a colheita noVale do São FranciscoEm abril, os produtores do Valedo São Francisco, principal-mente nas cidades de Petrolina(PE) e Juazeiro (BA), devem ini-ciar a colheita de melão ama-relo. Entretanto, o volume ofer-tado nessas regiões ainda serábaixo neste mês, visto que nemtodos os produtores iniciamsua safra nesta época. Nos pri-meiros meses de colheita, aqualidade do fruto não costu-ma ser satisfatória, melhoran-do à medida que as condiçõesclimáticas favoreçam a unifor-midade da maturação. Geral-mente, a safra dessa região co-meça em março, mas as chu-vas que atingiram a região noinício do desenvolvimento daplanta atrasaram as atividadesnas lavouras locais. Os produ-tores do Vale do São Franciscoiniciaram o plantio de melãoamarelo no final de dezembrode 2003, prevendo a finalizaçãoantecipada da safra de Mossoró(RN). Porém, as chuvas do mêsde janeiro deste ano destruírampraticamente todas as lavourasdo Vale do São Francisco, cau-sando prejuízos enormes aosagricultores. Alguns decidiramnão realizar novos plantios porfalta de recursos financeiros.Outros insistiram no cultivo domelão e reiniciaram o preparoda terra em meados de feverei-ro. Em março, houve falta demelão no mercado, valorizan-do a fruta e estimulando os pro-dutores a aumentar a área plan-tada, na expectativa de maioreslucros. Como o ciclo da cultu-ra tem duração de aproximada-mente dois meses, o melão

plantado em fevereiro deve sercolhido em abril, caso o climaseja favorável.

Mossoró encerra safracom saldo positivoMesmo com a baixa produtivi-dade registrada na última safra,produtores de melão da Chapa-da do Apodí (RN) e Baixo Jagua-ribe (CE) se mostraram satisfei-tos com os valores obtidos emmarço. As lavouras voltadas aomercado interno costumamproduzir aproximadamente2.000 caixas de 13 kg/ha emépocas normais. Contudo, no fi-nal da safra esse número caiupara 700 caixas de 13 kg/ha, emmédia, devido ao excesso dechuva no início do ano. No en-tanto, o preço recebido com-pensou a baixa produtividade.De acordo com agentes do se-tor, se for considerado um va-lor médio de R$ 12,00/cx de 13kg ao longo da safra (ago/fev), arentabilidade do produtor ficaa R$ 7,00/cx. Na última se-mana de março, os valorespagos ao produtor ficarama R$ 31,00/cx de 13 kg, emmédia, garantindo-lhe umretorno líquido quase 5 ve-zes maior. Devido a esseselevados preços e a dimi-nuição das chuvas em mar-ço, alguns produtores deMossoró (RN) decidiramcontinuar cultivando oproduto, contribuindo parao aumento na oferta emabril. Assim, o valor prati-cado tende a cair, pois qual-quer caminhão extra quechegue ao mercado serásuficiente para baixar ospreços. Além disso, a che-

gada do outono e a redução dastemperaturas no Sudeste po-dem inibir o consumo de frutas,dificultando as vendas de gran-des quantidades do produto.

Mas e os preços?Apesar dos produtores

de melão amarelo do Vale doSão Francisco preverem quedanos preços da fruta na nova sa-fra (abril/junho), o patamar devese manter acima dos observa-dos nesta mesma época de anosanteriores. A escassez de melãono mês passado gerou fatosincomuns na comercializaçãodo produto. Atacadistas da Cea-gesp, por exemplo, afirmaramque não se lembram de ter pas-sado por uma situação de tãobaixa oferta de melão no mer-cado. Com isso, os preços bate-ram recordes, chegando a valo-res próximos a R$ 50,00/cx de 13kg para o melão amarelo, tipo 5a 8, no atacado de São Paulo, emmarço.

Preços param de subir em abril

Fonte: Cepea

5,00

10,00

15,00

20,00

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

13,00

31,46

Preços médios recebidos pelos produtores de Mossoró (RN) pelo melão amarelo,tipo 6 - R$/cx de13kg

25,00

30,00

35,00

20042003

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14 - ABRIL/2004 - HORTIFRUTI BRASIL

MANGAMANGAMANGAMANGAMANGA

Exportaçõesem baixaQueda na produção e greve de fiscais prejudicam os embarques da fruta no primeiro trimestre

Por Renata E. Gaiotto Sebastiani

Menos manga emenos embarques

O atraso das induções floraisno eixo Petrolina (PE)/Juazeiro(BA) e em Livramento do Bru-mado (BA), em função das chu-vas atípicas em janeiro, devecontinuar limitando a oferta damanga nessas regiões, em abril.Agentes estimam que somente20% das lavouras do Nordesteestejam florescendo normal-mente. Diante da baixa ofertada fruta, os produtores/expor-tadores nordestinos estão reu-nindo a oferta de várias propri-edades para completar umcontêiner, mas a baixa qualida-de da fruta - que não atinge opadrão internacional - tem difi-cultado sua valorização. Deacordo com os dados da Secex,entre os meses de janeiro e fe-vereiro de 2004, o Brasil expor-tou 5.171 toneladas da fruta,cerca de 21% a menos que o en-viado ao mercado externo nomesmo período de 2003. Emmarço, a greve dos fiscais fede-rais do Ministério da Agricultu-ra, Pecuária e Abastecimento

também dificultou os embar-ques da fruta. Durante a segun-da quinzena do mês, os agen-tes diminuíram o número decargas liberadas e a fruta sópode ser embarcada diante deum mandado fornecido pelaJustiça Federal brasileira. Logona primeira semana de abril, osfiscais do Ministério da Agricul-tura aceitaram uma proposta dogoverno, que atende a maioriadas suas exigências e retoma-ram as atividades. Entretanto,caso o governo não cumpraessa proposta até dezembrodeste ano, os fiscais podem vol-tar a paralização.

Aumenta a briga!Neste mês, a competição damanga no mercado europeudeve se tornar mais acirrada.Apesar do término das expor-tações do Peru àqueles países,Israel e a Costa do Marfim de-vem começar a enviar a fruta àEuropa. A saída para obtençãode maiores lucros é o mercadointerno, que se encontra compreços mais atrativos. Na pri-

meira semana deabril, a tommy foicomercializadaa R$ 0,89/kg, emmédia, nas roçasnordestinas. Se-gundo os produ-tores daquela re-gião, a oferta damanga tanto nomercado internoquanto no exter-no deve ser ex-pressiva no finalde abril, épocaem que os pés dafruta devem estar

produzindo uma maior quan-tidade. Contudo, os produtoresacreditam que a partir de mea-dos de maio, pode voltar a fal-tar a fruta, devido ao baixo ín-dice de floração nos meses an-teriores.

Termina a safra de MonteAltoApesar dos preços da palmerproduzida na região de MonteAlto (SP) terem encerrado a sa-fra em alta - preço médio de R$0,94/kg na segunda quinzena demarço -, os valores médios re-cebidos pelos produtores nes-te ano foram de R$ 0,25/kg. Adesvalorização da fruta se deveao grande volume ofertado naregião nesta safra. Entretanto,os poucos produtores que ain-da dispunham de algum volu-me no final da produção obti-veram preços melhores. EmTaquaritinga (SP), por exemplo,a palmer chegou a ser vendidaa R$ 1,35/kg, na roça, em mar-ço, apresentando preços supe-riores que na mesma época nasafra anterior. A valorização dafruta no final da colheita esteveatrelada à excelente qualidadealcançada no período, sendoque algumas caixas chegarama ser exportadas para a UniãoEuropéia. No caso da keitt, osúltimos produtores devem en-cerrar a colheita da fruta na pri-meira semana de abril. Ao con-trário da palmer, essa varieda-de apresentou significativa va-lorização nesta safra, em rela-ção à anterior. Em abril, a maio-ria dos produtores paulistasdeve realizar a limpeza dospomares, preparando-os para apróxima safra.

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

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0,7

0,8

0,9

10,00,82

jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Preços médios recebidos pelos produtores do Vale do São Francisco pela tommy, na roça - R$/kgQualidade inferior da dificultou as negociações da tommy

Fonte: Cepea

20042003

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HORTIFRUTI BRASIL - ABRIL/2004 - 15

Mais uvano mercado

UVUVUVUVUVAAAAAPor Aline Vitti

Paraná e Nordeste voltam a colher e podem reduzir os preços em abril

Preços médios recebidos pelos produtores pela uva itália - R$/kg

Itália se mantém estável em marçoFonte: Cepea

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

1,45

1,15

20042003

Paraná volta aomercado

A partir de meados de abril, aoferta de uva no Paraná deveaumentar significativamente.Acredita-se que nesta safra -abril/julho - as negociações se-rão boas. A maior parte da pro-dução não teve problemascom o clima, apresentandoalta produtividade e boa qua-lidade. Além disso, os custoscom a produção, principal-mente os fitossanitários, forammenores neste ano, se compa-rados aos do mesmo períodode 2003. Com o menor volumede chuvas em janeiro e feve-reiro, a proliferação do fungomíldio e o apodrecimento dosfrutos foram menores. Apenasem alguns casos, a forte secanos dois primeiros meses doano trouxe prejuízos aos par-reirais que estavam em final defrutificação, acarretando numlote com bagas miúdas. Entre-tanto, de modo geral, os ca-chos estão carregados. Estima-se que cerca de 25% da produ-ção de Marialva (PR) será co-lhida em abril. Já em Rosáriodo Ivaí (PR), região produtorada uva niagara, a previsão decolheita é para maio.

Qualidade da frutapreocupa nordestinosEm abril, praticamente todosos produtores de Petrolina(PE) e de Juazeiro (BA) voltama colher a uva, visando, prin-cipalmente, ao mercado exter-no. Os primeiros embarquescomeçaram em 6 de abril e de-vem se estender até meadosde junho. A preocupação des-ses agentes é com a qualida-

de da fruta, que foi bastanteprejudicada pelas chuvas epelo clima quente e úmidoregistrado na região em mar-ço. Segundo informações lo-cais, os cachos estão com bai-xa qualidade e muitos apre-sentam desuniformidade epouca resistência. Além disso,a proliferação do fungo míldionas lavouras locais exigiu oaumento de aplicações de de-fensivos nestes primeiros me-ses do ano, ocasionandomanchas nas bagas. Pelo quetudo indica, o volume a ser ex-portado, nesta primeira jane-la - abril/junho -, será bemmenor que o previsto inicial-mente pelos agentes locais.Por esse motivo, a oferta deuva no mercado interno deve-rá ser maior, podendo desva-lorizar o produto no mercadobrasileiro.

Parreiras paulistasentram em descansoA partir de abril, as parreirasde São Miguel Arcanjo (SP) ePilar do Sul (SP) entram em pe-ríodo de descanso e a poda deformação deve ocorrer entreagosto e outubro. Apesar dospreços terempermaneci-do abaixo dodesejado pe-los produto-res ao longode toda a co-lheita, acre-dita-se queos valores re-cebidos fo-ram suficien-tes para co-brir os gastos

investidos na produção, umavez que ocorreram perdas sig-nificativas nas lavouras nesteano. Na safra anterior, produ-tores dessas regiões enfrenta-ram sérios problemas com oclima, que reduziu significa-tivamente a produção e ante-cipou o término da colheitapara março, impulsionando opreço da fruta naquele mês.Em 2004, a safra transcorreunormalmente, tanto em ter-mos de volume quanto dequalidade, mantendo os pre-ços estáveis. Apesar do perío-do chuvoso nos primeirosmeses do ano ter prejudicadoa qualidade da uva, a frutapode se recuperar, mantendoseu padrão e produtividade.Assim, a colheita e oferta semantiveram boas até o mês deabril - período considerado fi-nal de safra na região. Nesteano, em função das podas atra-sadas, acredita-se que cercade 30% do volume de uva serácolhido em abril. Com o iní-cio da safra paranaense pre-visto para o mesmo período,agentes acreditam que os pre-ços da uva devem ser pressio-nados pela maior oferta.

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16 - ABRIL/2004 - HORTIFRUTI BRASIL

BANANABANANABANANABANANABANANA

Aumenta a ofertade prata em Minas

Por Marina Matthiesen

Com o atraso da produção local, os bananicultores do norte de Minasdevem intensificar a colheita da prata somente neste mês

Agora vai!Contrariando a expec-

tativa dos agentes locais, a sa-fra de banana prata no norte deMinas Gerais deve aumentarapenas neste mês. Os produ-tores esperavam que as primei-ras frutas pudessem ser colhi-das logo no final de março,mas adversidades climáticasacabaram atrasando a safra lo-cal. Assim, o pico de colheitade prata na região está previs-to para meados de abril. Coma maior oferta neste mês agen-tes estimam que os preços lo-cais possam ser pressionados.Entretanto, consideram tam-bém que a produção de pratano Vale do Ribeira (SP) devecontinuar baixa em abril, ga-rantindo a venda da prata lo-cal e contribuindo com melho-res preços para a fruta. Emmarço, a média de preços daprata mineira no norte de Mi-nas foi de R$ 16,00/cx 20 kg,cerca de 14% acima das cota-ções verificadas no mesmo

período de 2003.

Falta banana no Vale doRibeiraAssim como no mês anterior,o volume de nanica e prataofertado no Vale do Ribeira(SP) deve ser baixo em abril.Para a prata, bananicultorespaulistas acreditam que a co-lheita deva se intensificar so-mente no segundo semestre.Mesmo com a previsão de me-nor oferta, a expectativa dosagentes não é de melhores pre-ços para este mês. Com a pre-visão de aumento da oferta deprata mineira - principal con-corrente da banana paulista -,o volume disponível no mer-cado deve se manter elevado,limitando as vendas da pratapaulista. Em março, a prata doVale do Ribeira foi comerciali-zada a R$ 14,42 /cx 20 kg, emmédia, na roça, valor 32% su-perior ao registrado no mesmoperíodo de 2003. Já para a na-nica, a expectativa dos bana-nicultores paulistas, em abril,é de que os preços se mante-nham nos mesmos patamaresde março, uma vez que a ofer-

ta dessa banana ainda é peque-na. Além disso, as perdas deprodução registradas entre osmunicípios de Sete Barras (SP)e Eldorado (SP) - importantesáreas de produção de nanica -,no início de março, podemprejudicar a colheita dessa va-riedade no segundo semestre.Segundo os bananicultorespaulistas, fortes ventos derru-baram cerca de 3 milhões depés nessas regiões, em feverei-ro. Em março, a nanica do Valedo Ribeira foi comercializadaa R$ 6,70/cx 22 kg, em média,nas lavouras da região, 16%abaixo do praticado no mes-mo período do ano anterior.

Nanica só em maioEm abril, a oferta de bananananica deve permanecer bai-xa no norte catarinense, já queo início da safra na região estáprevisto apenas para o final demaio. Assim, agentes acredi-tam que os preços da fruta de-vam ser impulsionados, nestemês, em virtude da menor ofer-ta. Em março, as vendas dessavariedade foram prejudicadaspela greve dos fiscais do Minis-tério da Agricultura do postolocalizado em DionísioCerqueiro (SC) - principal saí-da da banana brasileira para oMercosul. Os agentes federaisrealizaram "operações tartaru-ga" e chegaram a paralisar asatividades por alguns dias, pre-judicando a liberação dos car-regamentos de banana paraArgentina e Uruguai. Para abril,a previsão é de que as ativida-des nos postos de fiscalizaçãosejam regularizadas, garantin-do o escoamento da produção.

4,67

3,95

6,00

5,00

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jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Preços médios recebidos pelos produtores catarinenes pela nanica - R$/cx 22 kgBaixa oferta sustenta preços da nanica catarinense

Fonte: Cepea

20042003

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HORTIFRUTI BRASIL - ABRIL/2004 - 17

CITROSCITROSCITROSCITROSCITROS

É a vez dasprecoces

A colheita das primeiras frutas da safra 2004/05 deve se intensificar em abril

Por Carolina Dalla Costa eMargarete Boteon

Vai uma laranja aí?Em abril, a oferta de la-

ranja no mercado interno deveaumentar, à medida que boaparte dos produtores intensifi-ca a colheita das precoces nes-se período. Essas frutas come-çaram a ser colhidas ainda naprimeira quinzena de março,porém em volume muito bai-xo. As variedades colhidas noperíodo são a hamlin, westing,baia, poncã e cravo. Para ahamlin, os agentes prevêemuma boa colheita neste ano,visto que a florada e o "pega-mento" nesses pomares foramconsiderados bons. A maiorparte dessas laranjas - assimcomo a westing - é destinadaao processamento e algumasfrutas já estão sendo comer-cializadas no portão da indús-tria. É válido observar que,com exceção da poncã, todasas precoces iniciaram a safra2004/05 com preços inferioresàqueles registrados no mesmoperíodo do ano anterior. Osagentes do setor acreditam queessa desvalorização do produ-to esteja relacionada ao desa-quecimento da demanda e amaior oferta em 2004.

Março termina compoucos contratosAté o final de março, o volumede contratos de longo prazo re-novados pelas processadoraspaulistas ainda era baixo. Se-gundo os produtores, apesar daprocura dos industriais ter seintensificado no último mês,pouquíssimos contratos foramfirmados. No final de 2003, al-gumas unidades já haviam rea-lizado compras para os próxi-

mos três anos, ao redor de US$3,00/cx de 40,8 kg, posto na in-dústria. Neste ano, até março,alguns negócios foram fecha-dos a US$ 2,50 e US$ 2,75/cx de40,8 kg, posto na indústria. En-tretanto esses negócios diferemdo padrão da indústria, pois oprimeiro é referente a negóci-os com frutas precoces e o se-gundo é válido apenas parauma safra. Os valores dos con-tratos antigos, negociados des-de 2002 e ainda válidos em2004, oscilam entre US$ 2,80 e3,80/cx de 40,8 kg. De acordocom os processadores, a indefi-nição do volume a ser produzi-do na safra 2004/05 e a incerte-za dos efeitos da produção daFlórida no mercado externoainda dificultam o estabeleci-mento de novos contratos paraos próximos anos. Váriasderriças já foram realizadaspelas processadoras no estadoe um número consistente sobreo volume a ser colhido em SãoPaulo deve ser divulgado so-mente em maio. O consensodo setor é que a safra 2004/05 émaior que a anterior, porémainda não se sabe quanto.

De olho no tempoCom a redução das chuvas naregião Sudeste, em março, osprodutores paulistas voltam ase preocupar com a disponibi-lidade de água nos pomares.Segundo dados do CPTEC/INPE, o volume de chuvas acu-mulado nas principais regiõesprodutoras do estado de SãoPaulo, em março, ficou entre25 e 150 mm, enquanto em fe-vereiro, a quantidade acumu-lada em algumas regiões foi de

300 mm. Para abril, a expecta-tiva do CPTEC/INPE é de que ovolume médio de chuvas nocinturão citricola seja de apro-ximadamente 200 mm.

Tahiti é recorde emexportaçõesAs exportações do limão tahitiregistraram crescimento de100% nos últimos dois anos, ga-rantindo a hegemonia do pro-duto nacional na União Euro-péia - que absorve 95% do totalexportado pelo Brasil. O bomdesempenho das vendas exter-nas está relacionado à compe-titividade da fruta nacional fren-te a outras origens e à boa acei-tação do tahiti pelo consumi-dor europeu. Entretanto, o au-mento dos embarques tempressionado as cotações do li-mão brasileiro na Europa, prin-cipalmente durante o pico desafra do tahiti paulista - entrejaneiro e março. Nesse perío-do, a fruta brasileira foi cotadaa valores 30% inferiores àque-les verificados há um ano, se-gundo dados do Porto de Ro-terdã, na Holanda. Para abril, atendência é de valorização dafruta no mercado externo, umavez que o volume a ser colhidoem São Paulo deve ser menor,sem, contudo, interromper osembarques da fruta.

Preços médios recebidos pelos produtores pela fruta na árvore, em março

Fonte: Cepea

Os preços da poncã e da baia se referem à embalagem de 27kg e, os das demais à caixa de 40,8kg

PRECOCES ENTRAM NO MERCADO (R$/cx)

Variedade 03/2004 03/2003 Var%8,21 12,35 -33,5%8,20 13,14 -37,6%12,88 16,28 -20,9%12,13 8,42 44,1%

hamlinwestingbaiaponcãcravo 5,42 9,34 -42,0%

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HFBrasil: O que de fato é"logística dos hortifutí-colas"?Caixeta: A logística doshortifrutícolas é diferenteda de outras commoditiesagrícolas. Primeiro, por-que o fluxo de escoamen-to é bem distribuído aolongo do ano, diferente-mente daquilo que se ob-serva na movimentação dasoja, por exemplo. Segun-do, o produto é perecívele depende, assim, de umalogística teoricamentemais especializada (cami-nhões refrigerados, câma-

ras frias com atmosfera controlada, embalagens personali-zadas, etc.). Terceiro, porque a maioria das frutas e hortali-ças possui valores agregados relativamente mais altos quea maior parte dos produtos agrícolas, de tal forma que osimpactos das despesas de natureza logística (transporte earmazenamento, basicamente) não são tão significativos(13%, contra mais de 20% para o milho, por exemplo). Essamaior especificidade sinaliza para um comportamento di-ferenciado nas negociações do setor hortifrutícola, de modoa priorizar contratos formais de longo prazo. Ambos, pro-dutor e operador logístico, ganhariam com essa fidelidadecomercial. A vantagem para o operador logístico é que eletem garantia de trabalho ao longo do ano, enquanto que oprodutor/atacadista poderia reduzir o custo do frete e exi-gir maiores investimentos do operador logístico no siste-ma de transporte, incluindo a própria cadeia a frio. Isto jáocorre no mercado exportador de frutas e em alguns ni-chos do mercado interno.

HFBrasil: As melhores estradas avaliadas pelos leitores con-sultados pela Hortifruti Brasil são aquelas com maior valorde frete e, normalmente, são estradas paulistas sob con-cessão. Não há outra saída para a melhoria senão sua con-cessão?Caixeta: Há uma falsa avaliação sobre o impacto do pedá-gio sobre o frete. Excelentes infra-estruturas de estradasgarantem um melhor produto para o consumidor final euma maior segurança para quem transporta, tanto em ter-mos de menor desgaste do veículo como para o motorista.A fuga de rotas pedagiadas ou o excesso de peso no cami-nhão levam a um comprometimento da carga e do veículo,que não estão sendo contabilizadas no frete, e causam pre-juízos tanto para o sistema de transporte como para o setorhortifrutícola. O problema é que o setor acostumou-se comas "artimanhas" para vencer a concorrência do mercadode frete. Além disso, ainda estamos falando de um merca-do, principalmente o doméstico, que não prioriza a quali-dade e sim o preço do produto final. Em mercados maisexigentes, como o externo, isto não ocorre. Acredito que

Necessidade de especialização

no mercado interno isso deve mudar no médio prazo, fa-zendo com que a história do setor hortifrutícola se distinguada atual.

HFBrasil:Quais as alternativas de escoamento da produçãohortifutícola além das rodovias?Caixeta: Há várias possibilidades de escoamento da produ-ção por outros modais, além das rodovias. Entretanto, es-sas exigem investimentos e parcerias com empresas con-cessionárias/gestoras das hidrovias e ferrovias. Um sistemainteressante para produtos perecíveis é o chamado "tremexpresso", mais rápido que o transporte ferroviário tradi-cional. O setor poderia investir no transporte ferroviário,mais específico para os hortifrutícolas, e as ferrovias abate-riam tais investimentos do valor do frete a ser cobrado. Umcaso de sucesso neste sentido foi a parceria das ferroviascom a indústria de fertilizantes. Outro exemplo seria ex-plorar mais a hidrovia do São Francisco para escoar a pro-dução do Vale.

HFBrasil:O mercado vem falando muito no "apagão dotransporte", isto é, falta de infra-estrutura para escoar todaa produção agrícola. Isso pode ocorrer?Caixeta: A questão do "apagão" talvez seja um exagerosemântico, mas não deixa de ser uma preocupação a res-peito da deficiência da logística no setor agroindustrial,principalmente quando se avalia a atual produção de grãos.O crescimento da produtividade e da área plantada de grãos(soja, principalmente) foi muito maior que a expansão dalogística necessária (armazenamento, frota e estradas) parao escoamento de tais safras (na casa de 130 milhões detoneladas).

HFBrasil: Entre os leitores consultados pela Hortifruti Bra-sil, a maioria relata que não há problema na obtenção defrete para escoar seu produto. O fenômeno do "apagão" éisolado para determinados produtos/rotas ou pode viraruma tendência?Caixeta: O problema da logística dos hortifrutícolas aindanão está tão evidente, isto porque o volume desses produ-tos é ainda bem menor que o observado para granéis sóli-dos agrícolas. Além disso, seu período de colheita é menosconcentrado que o observado para a produção da maiorparte das commodities agrícolas nacionais. Entretanto, po-demos nos precaver para que não seja repetida a defasa-gem de investimentos em logística que vem afetando for-temente outros setores agrícolas. A fruticultura tambémregistra taxas de crescimento de produção e produtivida-de muito maiores que os investimentos de infra-estruturapara o escoamento dessa produção.

Prof. Dr. José Vicente Caixeta Filho (ESALQ/USP) * FÓRUM

*Professor Associado do Departamento de Economia,Administração e Sociologia da Escola Superior de Agricultura"Luiz de Queiroz" da Universidade de São Paulo. Suaspesquisas e trabalhos sobre Logística Agroindustrial podemser encontradas no site ESALQ-LOG (http://log.esalq.usp.br).

Há 15 anos, o Prof. Caixetaleciona e desenvolvepesquisas sobre a logísticaagroindustrial na Esalq. Ementrevista à Hortifruti Brasil,o professor avaliou o sistemade escoamento da produçãonacional dos hortifrutícolas.Segundo ele, para que oescoamento da produçãomelhore, os agentes devemvalorizar a qualidade dotransporte e não apenas ovalor do frete.

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