heterosídeos cardiotônicos
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Farmacognosia
•Glicosídeos Cardiativos
• Professora : Eurislene Moreira A. Damasceno
Introdução Esteróide altamente específico, com atividade sobre o músculo cardíaco.
Ocorre como glicosídeo esteroidal.
Denominações: glicosídeos cardiativos ou cardíacos.
glicosídeo digitálico: derivados do gênero Digitalis (digital ou dedaleira).
Possuem grande homogeneidade estrutural e farmacológica.
Séculos antes da era Cristã: extratos como tônicos cardíacos, eméticos, diuréticos.
Tratamento de insuficiência cardíaca congestiva (baixo índice terapêutico).
Digoxina: entre os fármacos + vendidos na terapia cardiovascular no mundo.
Ásia e África: base de venenos de fechas para guerra e caça.
Podem ser distinguidos em primários e secundários.
Os primários estão presentes em plantas frescas e apresentam uma molécula de glicose terminal.
Pode ser facilmente eliminada por hidrólise ou secagem, formando os secundários.
Heterosídeos: + potentes que as geninas.
Geninas: retém a atividade cardíaca.
Porção osídica: solubilidade (absorção e distribuição).
Distribuição: restrito à Angiospermas.
Todos os órgãos dessas plantas podem conter heterosídeos cardioativos.
Estrutura química:
As oses estão ligadas à genina pelo grupamento -OH do C-3 e são na maioria das vezes, a glicose, ramnose ou digitoxose.
OH
OH
CH3
CH3
H
O O
OH
123
45
6
89
107
1112
1314 15
17
Resíduo de açúcar
Anel lactônico
Núcleo esteroidal
O
porção açucarada
(glicona)
porção aglicona
(genina)
anel lactona
O que são glicosídeos cardioativos?
• compostos caracterizados pela ação altamente específica,
homogênea e potente que exercem sobre o músculo
cardíaco medicamentos de escolha na insuficiência
cardíaca.
• glicosídeos esteroidais C23 e C24 genina derivada do
núcleo fundamental tetracíclico
ciclopentano-per-hidrofenantreno.
Estrutura química:
2 tipos de genina, conforme ligante em C 17, ( b a é inativo):
• cardenólido (C23): anel lactona com 5 membros ( , a b insaturado)
• bufadienólido (C24): anel lactona com 6 membros (duplamente
insaturado)
A B
C D
12
34
56
7
89
10
1112
13
14 15
1617
18
19
2322
21
20
O
O
D13
14 15
1617
18
20
21
22 2324 o
o
cardenólido bufadienólido
DEDALEIRA - folhas de Digitalis purpurea L., SCROPHULARIACEAE
Principais drogas - cardenólidos:
Cardenólidos
CILA - bulbos de Urginea maritima (L.) Baker (Drimia maritima), LILIACEAE
Principais drogas - bufadienólidos:
D13
14 15
1617
18
20
21
22 2324 o
o
Bufadienólidos
Propriedades Físico-Químicas Solúveis em água e ligeiramente solúvel em etanol e clorofórmio.
Cristalizáveis: cristais brancos.
Polaridade: depende da presença de OH suplementares. digitoxina: 1 OH livre: + solúvel em clorofórmio.
digoxina: 2 OH livres: - solúvel em clorofórmio.
Cuidados: molécula frágil – anel lactona se abre em meio alcalino.
Obtenção Existência de baixo conteúdo de heterosídeos cardiotônicos.
Extração de heterosídeos primários: planta fresca ou congelada.
Técnica mais comum:
Extração a quente com misturas hidroalcoólicas (digitoxina)
Precipitação de macromoléculas interferentes com acetato de chumbo.
Partição com solventes de média polaridade – clorofórmio.
Na solução clorofórmica faz a caracterização.
Técnicas colorimétricas direcionadas a cada componente da molécula: núcleo esteroidal, anel lactônico, cadeia osídica.
Obtenção da genina livre: hidrólise da solução extrativa hidroalcoólica com ácido sulfúrico.
Extração Planta + etanol 50%
Δ
Solução extrativa (heterosídeos)
Acetato de chumbo
Precipitação de macromoléculas
Filtração
Fase líquida
Fase aquosa Fase clorofórmicaHeterosídeos purificados
Reações de Identificação Caracterização dos açúcares: Reação do xantidrol: seca o resíduo clorofórmico, dissolve em ácido
acético – adiciona reagente de xantidrol – coloração vermelha /castanho.
Keller-Killiani: adição de ácido sulfúrico concentrado a solução de heterosídeos em ácido acético contendo sais férricos – anel vermelho/castanho.
Caracterização das geninas: Reação de Kedde: ácido 3,5-dinitrobenzóico = coloração
vermelho/violácea. Ensaio de Baljet: ácido pícrico – coloração laranja. Raymond-Marthoud: m-dinitrobenzeno em meio alcalino – laranja ou
violeta.
Emprego Farmacêutico Tratamento da ICC em associações com diuréticos. Profilaxia e tratamento de arritmias como:
fibrilação taquicardia choque cardiogênico
Ações farmacológicas e uso:
Indicados no tratamento da insuficiência cardíaca crônica (congestiva), ICC:
• doença de progressão lenta, caracterizada pela incapacidade dos
ventrículos em bombear quantidades adequadas de sangue para manter as necessidades periféricas do organismo.
• é acompanhada de sintomas de cansaço aos esforços, retenção hídrica e redução da expectativa de vida.
• na tentativa de aumentar o débito cardíaco surgem mecanismos compensatórios, como o aumento da freqüência cardíaca, da pressão diastólica final e da massa ventricular.
• principal causa de hospitalização do idoso e de mortalidade cardiovascular.
Mecanismo de ação:
inibição da enzima Na+K+ ATPase
estímulo da troca Na+/Ca++
aumento da força de contração do músculo cardíaco
K+
Na+
Na+
Ca++
célula
interstício
Mecanismo de ação (contin.):
aumento no influxo de Ca++ intracelular
estímulo da ligação entre actina e miosina
aumento da força de contração do músculo cardíaco
miosina
actinatroponina C
tropomiosina
Ca++
Ca++
Efeitos:
• aumento da força de contração miocárdica (efeito inotrópico positivo);
• aumento do débito cardíaco (esvaziamento mais completo do coração);
• diminuição do tamanho do coração;
• diminuição da pressão venosa;
• diminuição do volume sangüíneo;
• diminuição da freqüência cardíaca;
• aumento da diurese (efeito indireto) alívio do edema.
Mecanismo de Ação
ICC: reduz a contractibilidade, aumenta consumo de O2, aumenta freqüência de contração, vasoconstrição, diminui débito renal, retenção hidrossódica, edema.
Cardioativo: aumenta debito cardíaco, melhora o retorno venoso, aumenta débito renal e diurese, diminui consumo de O2, diminui freqüência cardíaca.
Contração: aumenta a força e a velocidade, esvaziamento ventricular, aumenta tempo entre as contrações, aumenta rendimento cardíaco, aumenta circulação, aumenta secreção renal, diminui edemas.
Farmacocinética Absorção: depende da polaridade (grau de hidroxilação nas geninas).
> nº de OH: mais rápido inicia a ação e a eliminação pelo organismo.
A digitoxina: possue elevada lipossolubilidade, eliminação lenta, duração até 7 dias. Uso - manutenção do efeito.
Oubaina: pouca lipossolubilidade, eliminação rápida, duração do efeito – 12 h. Uso: emergência
Receptores: específicos na membrana da célula miocárdica.
Reservatório: músculo esquelético (não o tecido adiposo). A dose depende da massa corporal magra.
Efeitos Adversos e Toxicidade Efeitos adversos: fadiga, cefaléia, sonolência, franqueza,
depressão, pesadelos, vertigem, alucinações(raros), alteração nas percepções de cores.
Toxicidade: principalmente devido ao baixo índice terapêutico.
Concentração tóxica = 2 vezes maior que a terapêutica.
Intoxicação moderada: vômito, náuseas, anorexia, bradicardia.
Intoxicação aguda: diarréia, visão borrada, taquicardia, suor frio, diminuição do pulso, convulsões, síncope, morte.
Fatores predisponentes à intoxicação: idade, infarto, insuficiência renal, hipotireoidismo, cirurgia cardíaca recente.
Interações medicamentosas diversas - ex: beta-bloqueadores (<batimento cardíaco), diuréticos (<[ ] de K).
Cuidados: não ingerir excessivamente produtos com Ca: leite, derivados, pois potencializam os efeitos cardíacos ( > [ ] de Ca).
Drogas Vegetais ClássicasDedaleira ou Digitalis Nome cientifico: Digitalis purpúrea L. Sinonímia vulgar: dedaleira, erva-dedo, seiva de
nossa senhora, luvas de nossa senhora. Família:Scrophulariceae. Partes utilizadas: folhas rapidamente dessecadas. Gênero digitalis: inclui cerca de 20 espécies. Dessecação da folha tem que ser rápida, em baixas temperaturas
para evitar destruição dos heterosídeos. Contém numerosos compostos: flavonóides, antraquinonas,
saponosídeos e os de maior interesse heterosídeos cardiotônicos.
Dedaleira ou Digitalis Composição química: Digitalis purpúrea: Folhas secas: 0,3% de heterosídeos cardiotônicos.
Empregada na preparação de formas galênicas (pó e tintura).
Nome cientifico: Digitalis lanata L. Sinonímia vulgar: Digital de flor amarela. Família:Scrophulariceae. Partes utilizadas: folhas rapidamente dessecadas. Folhas secas: 1 a 1,4% de heterosídeos cardiotônicos. Digitoxigenina, gitoxigenina, gitaloxigenina.
Empregada na preparação de formas galênicas (pó e tintura)
Junto com a Digitalis purpurea é empregada para extração de heterosídeos cardiotônicos.
Estrofanto Nome cientifico: Strophantus gratus.
Sinonímia vulgar: inea, onaya, kombé.
Família: Apocynaceae.
Partes utilizadas: sementes.
Usadas pelos africanos para o preparo de flechas envenenadas. Composição química: 3 a 7% de glicosídeos cardiotônicos. Estrofantina gratus, oubaína.
Oubaína: Indicada quando se deseja uma ação rápida e breve sendo um medicamento de emergência.
Pode ser empregado na insuficiência cardíaca aguda
Chapéu-de-Napoleão
Nome cientifico: Thevetia peruviana
Sinonímia vulgar: louro-amarelo, noz-da-sorte.
Família: Apocynaceae.
Partes utilizadas: sementes.
Glicosídeos cardiotônicos: Tevetosídeos e gentiobiosil.
Usados como plantas ornamentais.
Era usado como veneno para flechas e ainda é empregado como veneno para peixes, inseticida e bactericida.
Espirradeira
Nome cientifico: Nerium oleander L.
Sinonímia vulgar: inea, onaya, kombé.
Família: Apocynaceae.
Partes utilizadas: folhas.
Glicosídeos cardiotônicos: 1,5% de cardenolídeos (oleandrina).
Usados como plantas ornamentais.