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AVALIAÇÃO GEOQUÍMICA CORRELACIONADA AOS EVENTOS ANÓXICOS DA FORMAÇÃO TETUAN DA BACIA DO VALE SUPERIOR DE MAGDALENA, COLÔMBIA Heloisa Helena Bringuenti Pedro DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA CIVIL. Aprovada por: ________________________________________________ Prof. Luiz Landau, D.Sc. ________________________________________________ Prof. Ramsés Capilla, D.Sc. ________________________________________________ Dr. Eugënio Vaz dos Santos Neto, Ph.D. ________________________________________________ Profª. Debora de Almeida Azevedo, D.Sc. RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL OUTUBRO DE 2007

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AVALIAÇÃO GEOQUÍMICA CORRELACIONADA AOS EVENTOS ANÓXICOS DA

FORMAÇÃO TETUAN DA BACIA DO VALE SUPERIOR DE MAGDALENA, COLÔMBIA

Heloisa Helena Bringuenti Pedro

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS

PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS

PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA CIVIL.

Aprovada por:

________________________________________________

Prof. Luiz Landau, D.Sc.

________________________________________________

Prof. Ramsés Capilla, D.Sc.

________________________________________________

Dr. Eugënio Vaz dos Santos Neto, Ph.D.

________________________________________________

Profª. Debora de Almeida Azevedo, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

OUTUBRO DE 2007

ii

PEDRO, HELOISA HELENA BRINGUENTI

Avaliação Geoquímica Correlacionada aos

Eventos Anóxicos da Formação Tetuan da

Bacia do Vale Superior de Magdalena,

Colômbia. [Rio de Janeiro] 2007

XIV, 111 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ, M.Sc.,

Engenharia Civil, 2007)

Dissertação - Universidade Federal do Rio de

Janeiro, COPPE

1. Variações isotópicas.

2. Eventos anóxicos globais.

3. Rochas da seção “Quebrada Bambuca”.

I. COPPE/UFRJ II. Título ( série )

iii

AGRADECIMENTOS

• Aos meus pais e ao meu irmão, pelo carinho e torcida depositada ao longo

desta jornada.

• Ao meu marido, Leonardo, pelo grande incentivo e compreensão nos

momentos decisivos de conclusão deste trabalho.

• Ao meu orientador, Dr. Ramsés Capilla, pela paciência, confiança e

dedicação em passar seus conhecimentos tornando este um bom trabalho

científico.

• Ao prof. Luiz Landau, coordenador do curso de Sistemas Petrolíferos, pelo

suporte acadêmico e pela possibilidade de realização deste Mestrado.

• Ao Dr, Luiz Antônio Freitas Trindade, gerente do Centro de Excelência em

Geoquímica (CEGEQ), pela infra-estrutura e oportunidade de conviver com

excelentes profissionais em geoquímica.

• Á todos os funcionários do LAMCE e CEGEQ.

• Ao Programa de Formação de Recursos Humanos da Agência Nacional de

Petróleo (PRH-02).

• Aos Drs. Eugênio Vaz Santos Neto e Félix Gonçalves pela concessão das

amostras, sugestões e críticas ao trabalho.

• Aos colegas de Mestrado, especialmente a Rafael Gama pelo auxílio e

apoio ao longo da tese.

• Aos companheiros de CENPES, Ana Cristina, Helen, Zulema, Patricia e

Giovanni pelas sugestões e revisões de capítulos.

iv

Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

AVALIAÇÃO GEOQUÍMICA CORRELACIONADA AOS EVENTOS ANÓXICOS DA

FORMAÇÃO TETUAN DA BACIA DO VALE SUPERIOR DE MAGDALENA, COLÔMBIA

Heloisa Helena Bringuenti Pedro

Outubro/2007

Orientadores: Ramsés Capilla

Luiz Landau

Programa: Engenharia Civil.

Este trabalho foi desenvolvido a partir da caracterização geoquímica de

folhelhos geradores pertencentes à Formação Tetuan (Grupo Villeta) de idade Albiana,

situada na bacia do Vale Superior de Magdalena, Colômbia. As rochas pertencentes ao

Grupo Villeta neste país e suas unidades estratigráficas equivalentes na Venezuela,

Equador e Peru, são consideradas as principais geradoras de petróleo que ocorrem na

porção noroeste da América do Sul. O principal objetivo dessa pesquisa foi a avaliação

geoquímica das rochas geradoras da Formação Tetuan, utilizando-se de dados obtidos a

partir de análises isotópicas e de biomarcadores, correspondentes ao intervalo de tempo

em que se depositaram os sedimentos da seção dita "Quebrada Bambuca". Tais

resultados foram abordados de forma a fazer uma correlação com os eventos anóxicos

regionais e locais utilizando-se seções de mesma idade, a fim de corroborar tal idéia.

Outros dados geoquímicos como COT, pirólise/Rock-Eval e dados de Petrografia

Orgânica, serviram de apóio e de integração para as interpretações finais desta pesquisa.

A correlação global dos intervalos enriquecidos em carbono orgânico e com a “assinatura”

isotópica de carbono específica são consideradas como características muito importantes

dos chamados eventos anóxicos oceânicos globais.

v

Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.).

GEOCHEMISTRY EVALUATION CORRELATED TO ANOXIC EVENTS OF TETUAN

FORMATION, UPPER MAGDALENA VALLEY BASIN, COLOMBIA

Heloisa Helena Bringuenti Pedro

October/2007

Advisors: Ramsés Capilla

Luiz Landau

Department: Civil Engineering.

This research was developed with the geochemical characterization of

source-shales belonging to Albian Tetuan Formation (Villeta Group), located in the Upper

Magdalena Valley, Colombia. The rocks that belong to the Villeta Group in this country and

their stratigraphic equivalents units in Venezuela, Ecuador and Peru, are considered the

main hydrocarbon sources in the northwest portion of the South America. The main

objective here was the geochemical evaluation of source-rocks of the Tetuan Formation,

using isotopic and biomarker data corresponding to the time interval that the sediments

were deposited in the “Quebrada Bambuca” section. Such results were used so it could be

correlated with regional and local anoxic events, using sections of same age, in order to

corroborate such idea. Other geochemical data such as total organic carbon (COT), Rock-

Eval pyrolysis and Organic Petrography, served to support and integrate the final

interpretation of this research. The global correlation of the intervals enriched in organic

carbon is considered as an important characteristic of the so called global oceanic anoxic

events.

vi

ÍNDICE PÁGINA DE ASSINATURAS ..........................................................................................................i

FICHA CATALOGRÁFICA ............................................................................................................ii

AGRADECIMENTOS ....................................................................................................................iii

RESUMO .........................................................................................................................................iv

ABSTRACT ......................................................................................................................................v

ÍNDICE .............................................................................................................................................vi

ÍNDICE DE FIGURAS ...................................................................................................................ix

ÍNDICE DE TABELAS ................................................................................................................xiv

ANEXOS ........................................................................................................................................viii

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO .............................................................................................1

1.1 Histórico e Motivação ......................... ...................................................................1

1.2 Objetivo ..................................... .............................................................................4

CAPÍTULO 2: CONTEXTO GEOLÓGICO .................... ......................................................4

2.1 Geologia da Porção Norte da Placa Sul-Americana ..........................................5

2.1.1 Contexto Tectônico

....................................................................................5

2.1.2 EvoluçãoTectônica da Cordilheira Oriental e Norte dos Andes .............7

2.2 Geologia da Região do Vale de Magdalena ...... ..................................................8

2.3 Geologia Local ............................... ........................................................................9

CAPÍTULO 3: EVENTOS ANÓXICOS OCEÂNICOS NO CRETÁCEO ...........................12

3.1 Características isotópicas da matéria orgânica durante os eventos anóxicos

............................................................................................................................................15

CAPÍTULO 4: MATERIAIS E MÉTODOS ................... ......................................................17

4.1 Localização da área de estudo e amostragem .... ..............................................17

vii

4.2 Procedimentos analíticos ...................... ..............................................................18

4.2.1 Cromatografia Líquida de Média Pressão (CLMP ) ................................20

4.2.2 Cromatografia Gasosa (CG) ................... .................................................21

4.2.3 Cromatografia Gasosa Acoplada à Espectometria de Massas (CG-EM)

................................................................................................................................23

4.2.4 Aduto de Uréia .............................. ............................................................25

4.2.5 Isótopos estáveis de carbono ( δ13C) .........................................26

4.2.6 Análise Isotópica de Compostos Específicos (A ICE) ...........................28

CAPÍTULO 5: INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS DAS ANÁLIS ES GEOQUÍMICAS

............................................................................................................................................31

5.1 Teor de carbono orgânico e carbonato totais ... ................................................31

5.2 Composição e classificação do querogênio ...... ................................................35

5.3 Análises isotópicas ........................... ...................................................................42

5.4 Biomarcadores ................................. ....................................................................50

5.4.1 Origem ...................................... .................................................................50

5.4.2 Maturação ................................... ...............................................................55

5.5 Elementos traços como indicadores de condições paleoredox em rocha total

............................................................................................................................................56

CAPÍTULO 6: CONCLUSÕES E SUGESTÕES ............... ...............................................61

6.1 Conclusões .................................... .......................................................................61

6.2 Sugestões para trabalhos futuros .............. ........................................................63

CAPÍTULO 7: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......... ..............................................64

viii

ANEXOS

1. Tabela com resultados das análises dos parâmetro s geoquímicos das

amostras da seção “Quebrada Bambuca”, Vale Superior de Magdalena. ................77

2. Resultado das razões isotópicas de carbono do ól eo total, da fração de

aromáticos e de compostos individuais de carbono e hidrogênio. ............................79

3. Resultado das razões e índices moleculares (biom arcadores) das amostras

da coluna estratigráfica da seção “Quebrada Bambuca ”, calculados com base nas

áreas dos picos identificados nos cromatogramas gas osos e de massas. .............83

4. Sumário geoquímico das amostras da coluna estrat igráfica da seção

“Quebrada de Bambuca” ............................. ...................................................................88

5. Resultado das análises de ICP-MS em amostras de rocha total da coluna

estratigráfica do Rio Bambuca, Bacia do Vale Superi or de Magdalena, Colômbia

obtidas por GONÇALVES (2005) ...................... ............................................................110

ix

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1.1: Mapa de localização da bacia do Vale Superior de Magdalena, Colômbia

(modificado de MARTINEZ, 2003). .....................................................................................3

Figura 2.1: Esquema tectônico regional da região norte da América do Sul, (modificado de

CORTÉS, 2006). .................................................................................................................5

Figura 2.2: Esquema da geodinâmica do Norte dos Andes (modificado de CORTÉS,

2006). ..................................................................................................................................6

Figura 2.3: Mapa geológico geral do Vale Superior de Magdalena mostrando a localização

das subbacias de Neiva e Girardot, separadas pelos altos do embasamento de Natagaima

e Pata (modificadode RAMON, 2006). ...............................................................................9

Figura 2.4: Localização e estratigrafia da seção “Quebrada Bambuca” (modificado de

VARGAS, 2002). ...............................................................................................................10

Figura 2.5: Coluna estratigráfica simplificada da bacia do VSM (modificado de

GONÇALVES, 2005). .......................................................................................................11

Figura 2.6: Coluna estratigráfica da seção do Rio Bambuca, Vale Superior de Magdalena

(modificado de GONÇALVES, 2005). ...............................................................................12

Figura 3.1: Quadro do resumo estratigráfico do intervalo Albiano/Santoniano na Colômbia

(especialmente na região do Vale do Magdalena e Cordilheira Oriental) de acordo com o

trabalho de Villamil (1998), principais limites de sequências, eventos paleoceanográficos e

marcos litológicos. .............................................................................................................13

Figura 3.2: Diagrama de fluxo dos prováveis efeitos ambientais físicos e químicos da

formação do platô oceânico (modificado de KERR, 2005). ..............................................14

x

Figura 3.3: Reconstrução da placa tectônica durante os limites Aptiano/Albiano e

Cenomaniano/Turoniano mostrando a localização de grandes províncias ígneas

(modificado de KERR, 2005). ...........................................................................................15

Figura 4.1: Mapa a esquerda mostra a localização da Bacia do Vale Superior de

Magdalena (área verde) e arcabouço geológico regional (modificado de Schamel in

GONÇALVES, 2005) e o mapa a direita mostra a localização da seção aflorante estudada

no Rio Bambuca (modificado de Vargas in GONÇALVES, 2005). ..................................17

Figura 4.2: Fluxograma das análises realizadas no ICP (Instituto Colombiano de Petróleo).

............................................................................................................................................19

Figura 4.3: Fluxograma das análises realizadas no Centro de Excelência em Geoquímica

CENPES/PETROBRAS. ...................................................................................................19

Figura 4.4: Cromatógrafo Líquido de Média pressão fabricado pela Margot (Laboratório de

cromatografia líquida CENPES/PETROBRAS). ................................................................21

Figura 4.5: Cromatógrafo a gás Hewllet-Packard, modelo HP 6890 A (Laboratório de

cromatografia gasosa CENPES/PETROBRAS). ..............................................................22

Figura 4.6: Desenho esquemático para um sistema de cromatografia a gás (adaptado do

site www.chemkeys.com). .................................................................................................23

Figura 4.7: Cromatógrafo a gás HP 6890 Series acoplado a um espectrômetro de massas

Agilent 5973 (Laboratório de biomarcadores CENPES/PETROBRAS). ...........................24

Figura 4.8: Espectrômetro de massas modelo 252 Thermo Finnigan para análise da

composição isotópica do carbono extratos orgânico ou óleos (Laboratório de análises

isotópicas, CENPES/PETROBRAS). .................................................................................27

Figura 4.9: Representação esquemática do sistema CG-C-EMRI (adaptado de

FERREIRA, 2006). ............................................................................................................29

xi

Figura 4.10: Representação esquemática do sistema CG-CT-EMRI. ..............................30

Figura 5.1: Teores de COT (%) versus profundidade (m) das amostras da seção do Rio

Bambuca. ..........................................................................................................................32

Figura 5.2: Teores de carbono orgânico vs. composição isotópica de extratos obtidos das

amostras da seção “Quebrada Bambuca”, Vale Superior de Magdalena. Escala logarítma

no eixo das abcissas. ........................................................................................................33

Figura 5.3: Histograma da distribuição dos valores de COT da Formação Tetuan da seção

“Quebrada Bambuca”. ......................................................................................................34

Figura 5.4: Teor de carbonato total versus porcentagem de carbono orgânico total (%

COT) das amostras da seção “Quebrada Bambuca”. .......................................................34

Figura 5.5: Pirograma de uma amostra utilizada como padrão analítico para Pirólise Rock-

Eval. ...................................................................................................................................36

Figura 5.6: Diagrama tipo Van Krevelen das amostras das Formações Caballos e Tetuan

analisadas na seção “Quebrada Bambuca”, Vale Superior de Magdalena, Colômbia.

............................................................................................................................................38

Figura 5.7: Variação dos parâmetros S1, S2 e S3 em função da profundidade em

amostras da seção “Quebrada Bambuca”, Vale Superior de Magdalena, Colômbia.

............................................................................................................................................38

Figura 5.8: Variações dos parâmetros de temperatura máxima da pirólise (Tmax) e índice

de produção em função da profundidade nas amostras da seção “Quebrada Bambuca”,

Vale Superior de Magdalena. ...........................................................................................41

Figura 5.9: Gráfico do teor de carbono orgânico total (COT) versus potencial gerador (S2)

para as amostras da Formação Tetuan, seção “Quebrada Bambuca”, Vale Superior de

Magdalena. .......................................................................................................................41

xii

Figura 5.10: Variações das razões isotópicas de carbono dos extratos orgânicos da seção

“Quebrada Bambuca”, Vale Superior de Magdalena. .......................................................44

Figura 5.11: Histograma das razões isotópicas de carbono dos extratos orgãnicos da

Formação Tetuan, seção “Quebrada Bambuca”, Vale Superior de Magdalena. ...............45

Figura 5.12: Razões pristano/fitano versus relação de isótopos de carbono das amostras

da seção “Quebrada Bambuca”, Vale Superior de Magdalena. ....................................46

Figura 5.13: Razões hopano/esterano versus relação de isótopos de carbono das

amostras da seção “Quebrada Bambuca”, Vale Superior de Magdalena. .......................46

Figura 5.14: 20S/(20R+20S) C29 esteranos versus relação de isótopos de carbono das

amostras da seção “Quebrada Bambuca”, Vale Superior de Magdalena. .......................47

Figura 5.15: Razões αββ/( αββ + ααα) C29 Esteranos versus relação de isótopos de

carbono das amostras da seção “Quebrada Bambuca”, Vale Superior de Magdalena. ...47

Figura 5.16: Composição isotópica de carbono das n-parafinas individuais na faixa de

nC14 a nC35 das amostras da Formação Tetuan, seção “Quebrada Bambuca”, Vale

Superior de Magdalena. ....................................................................................................48

Figura 5.17: Composição isotópica de hidrogênio das n-parafinas individuais na faixa de

nC14 a nC35 das amostras da Formação Tetuan, seção “Quebrada Bambuca”, Vale

Superior de Magdalena. ....................................................................................................49

Figura 5.18: Composição isotópica de hidrogênio das n-parafinas individuais na faixa de

nC14 a nC26 das amostras da Formação Tetuan, seção “Quebrada Bambuca”, Vale

Superior de Magdalena. ....................................................................................................49

Figura 5.19: Variação das razões Pri/Fit versus Profundidade (m) dos extratos orgânicos

da Formação Tetuan da seção “Quebrada Bambuca”, Vale Superior de Magdalena. .....51

xiii

Figura 5.20: Cromatogramas gasosos (CG) das frações de hidrocarbonetos saturados de

extratos orgânicos representativos das seguintes Formações: a) Tetuan e b) Caballos.

............................................................................................................................................52

Figura 5.21: Cromatogramas de massas m/z 191 e m/z 217 das frações de

hidrocarbonetos saturados de extratos orgânicos representativos das seguintes

Formações: a) Tetuan e b) Caballos. Compostos dos picos identificados:1= C21 terpano

tricíclico, 2= C23 terpano tricíclico, 3=C24 terpano tetracíclico, 4= C25 terpano tricíclico, 5=

C26 terpano tricíclico, 6= C27 18α(H)-22,29,30- trisnorneohopano, 7= C2717α(H)-22,29,30

trisnorhopano, 8= C2917α(H), 21 β(H)-norhopano, 9= C30 17α(H), 21β(H)-hopano, 10= C21

diasterano, 11= C22 diasterano, 12= 13β(H), 17α(H), 20(S)-colestano, 13= 24-etil-13β(H),

17α(H), 20(S)-colestano, 14=24-metil-5α(H),14α(H), 17α(H), 20(R)-colestano ,15= 24-etil-

5α(H), 14β(H), 17β(H), 20(R)-colestano. ..........................................................................53

Figura 5.22: Diagrama do tipo ternário dos esteranos C27-C28-C29 das amostras da seção

“Quebrada Bambuca”, Vale Superior de Magdalena. .......................................................54

Figura 5.23: Gráfico das razões Pri/nC17 e Fit/nC18 das amostras da Formação Tetuan,

seção “Quebrada Bambuca”, Vale Superior de Magdalena. ............................................55

Figura 5.24: Gráfico das razões TS/(TS+TM) e αββ/( αββ + ααα) C29 Esteranos da

amostras da seção “Quebrada Bambuca”, Vale Superior de Magdalena. .......................56

Figura 5.25: Gráfico de teor de enxofre total (S) versus profundidade (m) das amostras da

Formação Tetuan da seção “Quebrada Bambuca”, Vale Superior de Magdalena. ..........58

Figura 5.26: Gráfico de teor de carbono orgânico total (COT) versus enxofre total (S) das

amostras da Formação Tetuan da seção “Quebrada Bambuca”, Vale Superior de

Magdalena. .......................................................................................................................58

Figura 5.27: Gráfico de teor de carbono orgânico total (COT) versus concentração (*1000

ppm) dos elementos traços (Ni, Cu, Mo, U e V) das amostras da Formação Tetuan da

seção “Quebrada Bambuca”, Vale Superior de Magdalena. ............................................60

xiv

ÍNDICE DE TABELAS Tabela 5.7: Resultados das análises dos parâmetros geoquímicos (Pirólise) S1, S2 e S3

ao longo da seção “Quebrada Bambuca”.........................................................................39

Tabela 5.8: Resultados das análises dos parâmetros geoquímicos COT, Tmax e IP ao

longo da seção “Quebrada Bambuca”................................................................................40

Tabela 5.10: Resultados das razões isotópicas de carbono do óleo total (‰) ao longo da

seção “Quebrada Bambuca”...............................................................................................44

1

1. Introdução

1.1. Histórico

Este trabalho foi desenvolvido a partir da caracterização geoquímica das rochas

geradoras pertencentes à Formação Tetuan (Grupo Villeta) de idade Albiana, situada na

bacia do Vale Superior de Magdalena (VSM), Colômbia. Busca-se nesta pesquisa,

através de avaliações geoquímicas, a correlação dos principais intervalos geradores desta

formação com os prováveis eventos anóxicos regionais e locais da bacia do Vale Superior

de Magdalena. Esta bacia compreende uma área alongada e estreita de direção norte-sul,

localizada entre as cordilheiras Central e Oriental da região central da Colômbia (Fig:1.1).

É composta pela sub-província de Girardot, ao norte, e da sub-província de Neiva, ao sul,

separadas pelo alto de Natagaima (CÓRDOBA, 1998). O Grupo Villeta na Colômbia e

suas unidades estratigráficas equivalentes na Venezuela, Equador e Peru constituem as

principais rochas geradoras de petróleo na região noroeste da América do Sul (JAIMES,

2006).

No contexto da América Andina, os principais depósitos são de ambientes

marinhos Albo-Santonianos, que se encontram distribuídos ao longo de faixas que

englobam boa parte da porção noroeste do continente, em bacias sedimentares como a

de Maracaibo na Venezuela, as do Vale de Magdalena (Colômbia), a do Oriente no

Equador, e a de Ucayali no Peru (MACELLARI, 1988; VILLAMIL & PINDELL, 1998;

ERLICH et al., 1999; GONÇALVES, 2005). No caso do VSM, os depósitos com maior

potencial gerador de petróleo são de idade Albo-Coniaciana, e comumente englobados

sob a denominação de Grupo Villeta. As seções aflorantes deste grupo apresentam

espessos pacotes de rochas enriquecidas em matéria orgânica, pouco intemperizadas e

com baixo grau de evolução térmica (GONÇALVES, 2005).

Desde a década de 60 a aplicação e o uso dos dados obtidos a partir de isótopos

de carbono em rochas geradoras têm sido amplamente utilizados e contribuído com o

aprimoramento no conhecimento dos sistemas petrolíferos. Isótopos estáveis de carbono,

por exemplo, têm sido usados para diferenciar fontes de matéria orgânica (SCAKETT e

THOMPSON, 1963; HEDGES e PARKER, 1976; STUERMER et al., 1978; RASHID e

2

REINSON, 1979), tipos de óleos (WILLIAMS, 1974; KOONS et al., 1974; MAGOON e

CLAYPOOL, 1981), e correlacionar óleos com rochas geradoras (STAHL, 1978; ROSS,

1980; HIRNER et al., 1981). Ou seja, é uma ferramenta que oferece um grande potencial

de informação para conhecimento do paleoambiente deposicional das rochas geradoras.

As rochas da seção “Quebrada Bambuca”, Colômbia, são enriquecidas em matéria

orgânica de boa qualidade, e correspondem as geradoras tradicionais de petróleo das

bacias sedimentares colombianas. Estes sedimentos foram depositados durante o

Cretáceo em condições marinhas, e evoluindo em uma plataforma relativamente estável.

A correlação global de idades destes intervalos enriquecidos em carbono orgânico é

considerada como uma característica muito importante e que podem ser relacionadas aos

chamados eventos anóxicos oceânicos globais.

Embora tenham sido muito estudados, os fatores que controlaram ou influenciaram

os eventos de anoxia global ainda são pouco conhecidos, especialmente os de influência

local ou regional. Por isso, a reconstrução da história biogeoquímica do ambiente

deposicional das rochas a serem estudadas juntamente com um estudo das variações

isotópicas de carbono visa um melhor entendimento da evolução paleoambiental e a

possibilidade de correlacionar com eventos globais. Paralelo a isso, estudos de

biomarcadores e parâmetros físico-químicos das rochas geradoras desta região, foram

estudados com o intuito de se estabelecer o maior número possível de informações

geoquímicas, que possibilitasse o entendimento e a correlação dos acontecimentos

deposicionais daquelas rochas.

As rochas deste Grupo vêm sendo estudadas por mais de um século (HUBACH,

1957). Em 1918, foi descoberto o primeiro campo de petróleo na Colômbia no Vale Médio

de Magdalena, desde então, houve uma atividade exploratória quase contínua nas bacias

de Magdalena (SCHAMEL, 1991) resultando na descoberta de mais de 2,6 bilhões de

barris de óleo. De 1935 a 1974, diversas companhias de petróleo estrangeiras, como a

Shell, Texaco e a Intercol, exploraram a região do VSM. Depois disso, uma nova política

exploratória foi implantada, onde a ECOPETROL, representando o estado colombiano,

regulava e participava de todas as atividades de exploração da região. No fim da primeira

metade do século XX, com o advento da 2ª Guerra Mundial, houve uma grande demanda

pelo fornecimento de petróleo, o que impulsionou ainda mais essa atividade na Colômbia.

3

Entre 1962 e 1982, vários campos de petróleo foram descobertos ao norte da sub-

bacia de Neiva, na Formação Monserrate de idade Cretácea (SARMIENTO e RANGEL,

2004). No final da década de 70, a exploração foi concentrada em regiões como o Vale

Médio de Magdalena, sudoeste da bacia de Maracaibo, Llanos Orientais e offshore Caribe

(AMATO, 1978). Em 2003 se consolidou a reestruturação do setor hidrocarbonífero

colombiano com a criação da “Agencia Nacional de Hidrocarburos” como resposta a

situação crítica qua atravessava a Colômbia devido a diminuição das reservas de

petróleo. O Grupo Villeta contém as duas principais geradoras (Formações Tetuan e La

Luna) da maioria do óleo comercial encontrado no Vale Superior de Magdalena

(CÓRDOBA, 1998; KAIRUZ e CÓRDOBA, 2000; SARMIENTO e RANGEL, 2004;

GONÇALVES, 2005). Os principais estudos sobre a geologia do petróleo da bacia do

VSM podem ser encontrados em Buitrago (1994), Fabre (1995), Navarro e Cordoba

(2002), Sarmiento e Rangel (2004) e Gonçalves (2005), onde estes autores fazem uma

abrangente revisão geológica dos sistemas petrolíferos.

Figura 1.1: Mapa de localização da bacia do Vale Superior de Magdalena, Colômbia. (modificado de MARTINEZ, 2003).

4

1.2. Objetivo

Este trabalho tem como objetivo principal a avaliação geoquímica das rochas

geradoras da Formação Tetuan (Cretáceo Inferior) correspondentes ao intervalo de tempo

em que se depositaram os sedimentos da dita seção "Quebrada Bambuca", aflorantes na

região do Vale Superior de Madalena, utilizando-se de dados geoquímicos mais

especificamente, isótopos de carbono e hidrogênio e biomarcadores. Além disso, fazer

uma correlação aos eventos anóxicos regionais e locais com seções de mesma idade. É

objetivo ainda a integração destes dados com aqueles obtidos por GONÇALVES (2005)

através de análises de COT, Pirólise Rock-Eval, análise elementar (CHNOS) do

querogênio e elementos traços em rochas geradoras.

2. Contexto Geológico

Localizada no extremo norte-ocidental da América do Sul, a Colômbia encontra-se

em um ponto de grande diversidade de eventos tectônicos, onde convergem três placas

tectônicas: ao sul e a leste a Placa Sul-Americana, a Placa de Nazca, a oeste e a Placa

do Caribe, a norte (Fig:2.1). A interação destas placas durante o Cenozóico ocasionou a

formação de grandes cadeias montanhosas e permitiu que os Andes sul-americanos se

bifurcassem em três cordilheiras: a Ocidental, de caráter predominantemente vulcânico; a

Central, de caráter ígneo-metamórfico e a Oriental, predominantemente sedimentar,

apesar de apresentar importantes batólitos (MORA, 2000; CHAPARRO, 2002).

5

Figura 2.1: Esquema tectônico regional da região norte da América do Sul (modificado de CORTÉS, 2006).

2.1. Geologia da Porção Norte da Placa Sul-American a

2.1.1 Contexto Tectônico

O norte dos Andes na Colômbia é resultado de uma complexa interação entre o

lado noroeste da placa continental Sul-Americana e as placas oceânicas do Caribe e de

Nazca (Fig:2.1) (CORTÉS, 2006). Atualmente, esta configuração de placa define uma

tripla junção que acomoda a permanente deformação no bloco Panamá-Choco e norte

dos Andes (EGO et al., 1996; CORTÉS, 2004).

O sistema atual andino na Colômbia é resultado de um contínuo processo de

subducção, obducção, e acreção de terrenos oceânicos nas margens ocidental e noroeste

da Colômbia desde o Paleozóico (BARRERO, 1979; BOURGOIS et al., 1982; ETAYO-

SERNA et al., 1982; ALVAREZ, 1983; DUQUE-CARO, 1984, 1990; McCOURT et al.,

1984; RESPREPO-PACE, 1995). Como resultado, o norte dos Andes é composto de três

cinturões montanhosos: as cordilheiras Ocidental, Central e Oriental. Considerando a

6

origem dessas unidades morfológicas, o norte dos Andes é composto de domínios

oceânicos e continentais. Terrenos oceânicos na Colômbia incluem o intervalo Baudo,

Cordilheira Ocidental e o flanco ocidental da Cordilheira Central (Fig:2.1) (CORTÉS,

2006). A zona de falha Romeral-Cauca separa este complexo oceânico do embasamento

continental deformado sob o flanco oriental das Cordilheiras Central e Oriental (Fig.2.2)

(CORTÉS, 2006). A Cordilheira Oriental da Colômbia é um sistema de montanha de dupla

vergência circundada pelas principais falhas inversas que localmente são envolvidas por

rochas de embasamento cristalinas e metamórficas, de Idade Pré-Cambriana ao Neo-

Paleozóica, bem como nas seqüências sedimentares e vulcânicas do Paleozóico Superior

ao Cenozóico (CORTÉS, 2006).

Figura 2.2: Esquema da geodinâmica do Norte dos Andes (modificado de CORTÉS,

2006).

7

2.1.2 Evolução Tectônica Geral da Cordilheira Orien tal e Norte dos Andes

A evolução tectônica do Mesozóico até o presente do norte dos Andes,

particularmente da Cordilheira Oriental, pode ser resumida como: subducção contínua da

placa Farallon abaixo da borda noroeste da placa Sul-Americana durante o Neo-

Paleozóico até o Eo-Cretáceo. Esta evolução foi acompanhada por grandes intrusões

graníticas na recente Cordilheira Central, no Vale de Magdalena e na Cordilheira Oriental

(RESPREPO-PACE, 1995). O primeiro período de acresção ocorreu no Neo-Aptiano

quando o terreno Amaime foi acrescionado, induzindo a deformação na área da

Cordilheira Central (ALVAREZ, 1983).

Entre o Maastrichtiano e o Eo-Paleoceno, um novo pulso tectônico foi relacionado

à acresção de terrenos oceânicos da Cordilheira Ocidental ao longo do sistema de falha

Romeral (BARRERO, 1979). Como conseqüência houve um soerguimento da Cordilheira

Central (GOMEZ et al., 2003) e também a geração de estruturas em flor positivas no Vale

de Magdalena devido à reativação de estruturas de embasamento num ambiente

transpressivo (MONTES, 2001; CORTÉS, 2004). Do Neo-Eoceno até o presente, uma

mudança no conjunto tectônico da região sul do Caribe também ocorreu, sendo

relacionada a uma troca relativa à divergência e convergência entre as Américas, na qual

induziu a um regime compressivo na Cordilheira Oriental (CORTÉS et al., 2005). Este

novo regime tectônico permitiu a inversão de antigas falhas de embasamento em ambos

os flancos da Cordilheira Oriental durante a fase tectônica andina, produzindo a maioria

dos atuais relevos do norte dos Andes (COLLETTA et al., 1990; COOPER et al., 1995). A

colisão do arco Panamá no oeste da Colômbia durante o Neo-Mioceno tem sido

correlacionada com a principal fase tectônica andina (DUQUE-CARO, 1990; TABOADA et

al., 2000). Todos estes efeitos tectônicos distribuídos ao longo da evolução geológica da

região favoreceram o condicionamento deposicional e posteriormente o sistema

petrolífero das bacias contidas na região.

8

2.2. Geologia da Região do Vale Magdalena

O Vale de Magdalena desenvolveu-se entre as Cordilheiras Central e Oriental e

está subdividida em três bacias: Vale Inferior (VIM), Vale Médio (VMM) e Vale Superior

(VSM). O Vale Superior de Magdalena (VSM), localizado na porção centro-oeste da

Colômbia, tem uma extensão de 26.200 km2 e está subdividido em duas sub-bacias: a de

Neiva, ao sul, e a de Girardot, ao norte, separadas pelo alto de Natagaima, contendo

seqüências sedimentares Meso-Cenozóica sobrepostas ao embasamento do Pré-

Cretáceo (Fig:2.3). Vários eventos de deformação ocorridos principalmente no Jurássico e

desde o final do Cretáceo até o Recente afetaram esta seqüência sedimentar. O VSM é

limitado a leste e a oeste pelas cordilheiras Oriental e Central, respectivamente.

Dois sistemas de falhas de empurrão e dobras estão presentes no VSM: o sistema

da Cordilheira Central com transporte tectônico ativo em direção a leste durante o

Eoceno-Oligoceno, e o sistema da Cordilheira Oriental com transporte tectônico ativo em

direção a oeste durante o Mioceno (BUTTLER & SCHAMEL, 1988). Durante este período,

os blocos soerguidos pelos empurrões em ambas as cordilheiras (central e oriental),

serviram de área fonte para os sedimentos que se depositaram na bacia que se formou

entre as mesmas.

9

Empurrão

Falha Wrench

Anticlinal

Rios

Sinclinal

Cidade

Terciário & Quaternário (Arenitos continentais, lamitos, & vulcânicas) Cretáceo (Lamitos marinhos, arenitos & margas)

Jurássico & Triássico (Vulcanoclásticos)

Pré-Cambriano & Paleozóico (Metamórfica)

Legenda

Cordilheira Oriental

Maciço Garzon

Neiva

Sub-bacia de Neiva

Sub-bacia de Girardot

Alto de Natagaima

Alto Pata

Rio Magdalena

Falha Chusma

Falha San Jacinto

Falha Garzon

WCC: Cordilheira Ocidental

CCC: Cordilheira Central

ECC: Cordilheira Oriental

UMV: Vale Superior de Magdalena

SMM: Maciço Santa Marta

VA: Andes Venezuelano

GS: Escudo Guayana

LLB: Bacia de Llanos

Figura 2.3: Mapa geológico geral do Vale Superior de Magdalena mostrando a localização das subbacias de Neiva e Girardot, separados pelos altos do embasamento de Natagaima e Pata (modificado de RAMON, 2006).

2.3. Geologia Local

A seção de estudo recebe uma denominação local de seção “Quebrada

Bambuca”, onde afloram depósitos sedimentares ao longo das margens do Rio Bambuca

e atravessam o flanco ocidental do sinclinal da Media Luna, uma dobra cilíndrica aberta

com eixo principal de direção NE-SW. As falhas associadas ao sinclinal são do tipo

10

inverso de baixo ângulo, com deslocamentos de até 5 km. As camadas aflorantes ao

longo da seção levantada apresentam mergulho acentuado (70-80º) na direção SE

(Fig:2.4) (GONÇALVES, 2005).

Figura 2.4: Localização e estratigrafia da seção “Quebrada Bambuca” (modificado de VARGAS, 2002).

Estratigraficamente esta região é representada pelo grupo Villeta, que está

subdividido em três formações (Fig:2.5): Tetuan, Bambuca e La Luna, sendo que as

amostras estudadas no presente trabalho foram coletadas na Formação Caballos e a

maior parte na Formação Tetuan que apresenta cerca de 28% de sua área de ocorrência

onde foram levantados os perfis, encoberta por deslizamentos de terra e/ou vegetação,

impedindo sua descrição e análise. Já a Formação Caballos, aflora praticamente de forma

contínua (GONÇALVES, 2005).

11

Cronoestratigrafia LitoestratigrafiaC

RE

CE

O

Su

per

ior

Infe

rio

rConiac.

Turon.

Cenom.

Albiano

Aptiano

GrupoVilleta

Fm.La Luna

Fm.Bambuca

Fm.Tetuan

Fm. Caballos

Figura 2.5: Coluna estratigráfica simplificada da bacia do VSM (modificado de GONÇALVES, 2005).

A Formação Tetuan, de idade predominantemente albiana, é composta

principalmente por calcários, margas, e folhelhos de coloração escura. A Formação

Bambuca, de idade Cenomaniana, compreende folhelhos, margas, calcários e,

minoritariamente, arenitos (Fig:2.6) (Ecopetrol-ICP, 1994; GONÇALVES, 2005). Já na

Formação La Luna, de idade Turoniana/Coniaciana, as rochas carbonáticas predominam

amplamente, seguidas pelos folhelhos e margas (GONÇALVES, 2005). A Formação

Caballos, de idade Aptiana/eo-Albiana, compreende principalmente arenitos, folhelhos e,

secundariamente, calcários e margas (Fig:2.6), depositados em ambientes marinhos

costeiros (lagunas e estuários; Ecopetrol-ICP, 1994).

12

Figura 2.6: Coluna estratigráfica da seção do Rio Bambuca, Vale Superior de Magdalena (modificado de GONÇALVES, 2005).

3. Eventos Anóxicos Oceânicos no Cretáceo

Em termos mundiais o período Cretáceo é caracterizado por uma rara distribuição

de “folhelhos negros” em ambientes marinhos rasos e profundos nos registros

sedimentares. Os eventos anóxicos oceânicos (OAE’s – “Oceanic Anoxic Events”)

consistem em episódios globais de deposição e preservação do carbono orgânico

(ARTHUR et al., 1990) representados por variações nas condições oceânicas (ex.

redução do nível de oxigenação, aumento do nível do mar, etc.) associadas às mudanças

ambientais em curtos períodos de tempo e que estão relacionadas às variações do ciclo

global de carbono. Tem-se registro destes eventos durante os limites Aptiano-Albiano,

Cenomaniano-Turoniano e Coniaciano-Santoniano (menor importância) (Fig:3.1).

13

Figura 3.1: Quadro do resumo estratigráfico do intervalo Albiano/Santoniano na Colômbia (especialmente na região do Vale do Magdalena e Cordilheira Oriental) de acordo com o trabalho de Villamil (1998), principais limites de seqüências, eventos paleoceanográficos e marcos litológicos.

Schlanger e Jenkyns (1976) originalmente propuseram que o primeiro evento

anóxico foi subdivido nos seguintes subeventos: no Aptiano (OAE1a), no limite

Aptiano/Albiano (OAE1b), no Albiano/Cenomaniano (OAE1c) e o segundo no limite

Cenomaniano/Turoniano (OAE2). Um terceiro evento (OAE3) ocorreu no limite

Coniaciano/Santoniano (OAE3). Este trabalho irá detalhar melhor o primeiro evento

anóxico oceânico ocorrido na região.

Diversos modelos sugerem origens episódicas para estes eventos, incluindo

ambientes paleogeográficos restritos e em relação aos oceanos, circulação estagnada,

aumento do escoamento superficial continental com estratificação salina, condições locais

de ressurgência, alta produtividade de fitoplânctons, atividade vulcânica intensa e

14

difundida em águas profundas e o desenvolvimento de uma camada intermediária d’água

com um mínimo de oxigenação (KOUTSOUKOS et al., 1991).

Outras teorias sobre a anoxia oceânica global (e a conseqüente formação de

rochas geradoras) estão associadas ao desenvolvimento de platôs oceânicos formados

por erupções de lavas (<3 Ma). As formações dos platôs oceânicos de idade Cretácea

ocorreram particularmente nos limites Cenomaniano/Turoniano (93,5 Ma) e durante o

Aptiano (124-112 Ma). De acordo com Condie (2001), os eventos de formação de

folhelhos negros podem ser correlacionados com a formação de plumas mantélicas

derivadas de grandes províncias ígneas e paleoclimas quentes. A formação destas

províncias ígneas em continentes e oceanos, é acompanhada pelo soerguimento

litosférico e formação de “domos” (LARSON, 1991; NADIN et al., 1997). Esta elevação

sob a crosta oceânica combinada com o deslocamento de água devido à erupção de lava

sobre o assoalho oceânico, resulta em um significativo aumento do nível do mar (Fig: 3.2)

(KERR, 2005).

Figura 3.2: Diagrama de fluxo dos prováveis efeitos ambientais físicos e químicos durante a formação do platô oceânico (modificado de KERR, 2005).

15

O platô oceânico do Caribe-Colômbia foi formado próximo à passagem marítima

do proto-Caribe entre a América do Norte e a do Sul (Fig: 3.3). Neste momento, a

principal fonte de água profunda, fria e oxigenada para o “Atlântico juvenil” era o Pacífico,

e essas águas passavam pelo proto-Caribe. A formação dos principais edifícios

vulcânicos associados à pequena profundidade marinha perto desta passagem oceânica

teve um fluxo restrito de água oxigenada profunda do Pacífico para o oceano Atlântico e

aumentando assim a extensão de anoxia oceânica do Atlântico (KERR, 2005).

Figura 3.3: Reconstrução das placas tectônicas durante os limites Aptiano/Albiano e Cenomaniano/Turoniano mostrando a localização de grandes províncias ígneas (modificado de KERR, 2005).

3.1. Características isotópicas da matéria orgânica durante os eventos

anóxicos

De uma maneira geral os eventos oceânicos anóxicos acarretam um

enriquecimento de 13C em materiais orgânicos e carbonatos (SANTOS NETO, 1999).

Estas “excursões” positivas são geralmente interpretadas como sendo resultado do

aumento da queda de carbono orgânico isotopicamente leve no registro sedimentar,

16

deixando o reservatório de carbono residualmente enriquecido em carbono

isotopicamente mais pesado (JONES & JENKYNS, 2001). Entretanto, a relação exata

entre “excursões” positivas de isótopos de carbono e eventos marinhos de soterramento

de carbono é complexa devido aos altos valores de δ13C que comumente persistem

depois do final do OAE (JENKYNS e CLAYTON, 1997; MENEGATTI, 1998; JENKYNS,

1999).

Variações positivas de δ13C em ambientes marinhos têm sido correlacionadas a

ciclos transgressivos ou eventos anóxicos, enquanto que variações negativas indicariam

ciclos regressivos (ARTUR e SCHLANGER, 1979; JENKINS, 1980; FISCHER e ARTUR,

1977; SCHOLLE e ARTUR 1980).

Vários mecanismos têm sido propostos para explicar as excursões negativas em

δ13C que incluem: dissociação de hidratos de gás liberando metano em sedimentos nas

margens continentais (JAHREN et al., 2001; BEERLING et al., 2002), intrusão de grandes

províncias ígneas que elevam a pCO2 atmosférica e aumentam o fluxo de nutrientes no

oceano, adicionalmente, tem-se o aumento das taxas de reciclagem de 12C e águas

intermediárias ricas em nutrientes conectadas as mudanças na produtividade oceânica

(MENEGATTI et al., 1998; LARSON e ERBA, 1999; ERBA e TREMOLADA, 2004;

WEISSERT e ERBA, 2004).

De acordo com DUMITRESCU (2006), as flutuações temporais nos dados

isotópicos ao longo do OAE1a descrevem diferenças na produção e preservação da

matéria orgânica que provavelmente refletem variações nas condições oceânicas

associadas às mudanças ambientais locais e globais.

Com relação ao deutério, a correlação causa-efeito das variações de δD em

compostos orgânicos e os episódios de OAE não estão ainda definidos. A depleção D/H

seria muito mais provavelmente relacionada às variações de clima.

17

4. Materiais e métodos

4.1. Localização da área de estudo e amostragem

A seção do Rio Bambuca está localizada no limite noroeste da sub-bacia de Neiva,

próxima ao Alto de Natagaima, no Vale Superior do Rio Magdalena na porção centro-sul

da Colômbia (Fig: 4.1). O intervalo compreende à Formação Caballos, todo Grupo Villeta

(formações Tetuan, Bambuca e La Luna) e o Grupo Olini, abrangendo 720 metros de

espessura estratigráfica (Fig; 4.1). A área estudada apresenta uma porção significativa,

porém com boa parte encoberta por deslizamentos de terra e/ou vegetação

(particularmente ao longo da Formação Bambuca), dificultando sua descrição e análise. O

intervalo de interesse principal deste estudo compreende à Formação Tetuan de idade

Albiana.

Figura 4.1: Mapa a esquerda mostra a localização da Bacia do Vale Superior de Magdalena (área verde) e arcabouço geológico regional (modificado de Schamel in GONÇALVES, 2005) e o mapa a direita mostra a localização da seção aflorante estudada no Rio Bambuca (modificado de Vargas in GONÇALVES, 2005).

18

Em um estudo previamente desenvolvido por Vargas et al. (2002) duzentos e

setenta e seis (276) amostras de rocha de granulação fina foram coletadas. As partes

expostas da seção foram descritas a uma escala de 1:100 quanto as suas características

litológicas, sedimentológicas e estruturais (VARGAS et al., 2002). Um perfil de raios gama

foi obtido utilizando-se um detector portátil (Cintilômetro GRS-500, EDA Instruments) com

medidas tomadas com um espaçamento de 1 a 2 metros. As amostras representativas

das principais litofácies foram submetidas a análises petrográficas para uma

caracterização mais detalhada (VARGAS et al., 2002). Posteriormente, duzentas e trinta e

sete (237) amostras selecionadas foram lavadas com água corrente e pulverizadas.

Dentre as 237 amostras estudadas por Vargas et al. (2002) foram escolhidas para

essa pesquisa 21 amostras, sendo três amostras pertences à Formação Caballos de

idade Aptiana/eo-Albiana e as restantes abrangendo a Formação Tetuan de idade

Albiana, que apresentam correlação com o Evento Anóxico Oceânico 1 (OAE 1) (Fig: 3.1).

4.2. Procedimentos Analíticos

Para a aquisição dos dados foram seguidos alguns procedimentos analíticos, onde

foram utilizados extratos orgânicos de rochas geradoras da Formação Tetuan (Albiano),

do Grupo Villeta e da Formação Caballos (Aptiano). Estes extratos foram analisados por

técnicas analíticas de cromatografia líquida e gasosa, cromatografia gasosa acoplada à

espectrometria de massas, isótopos estáveis de carbono total e isótopos estáveis de

compostos individuais de carbono e hidrogênio.

Parte das análises geoquímicas pertinentes a este estudo foram realizadas nos

laboratórios do Instituto Colombiano do Petróleo (IPC) (Fig; 4.2). Inicialmente, as

amostras foram limpas eliminando-se as impurezas. Posteriormente foram lavadas com

água corrente e secas em estufas a 40ºC. Os extratos orgânicos recuperados foram

analisados de acordo com o fluxograma dos laboratórios do Centro de Excelência em

Geoquímica do CENPES/PETROBRAS, apresentada na Figura 4.3.

19

Figura 4.2: Fluxograma das análises realizadas no ICP (Instituto Colombiano do Petróleo).

Figura 4.3: Fluxograma das análises realizadas no Centro de Excelência em Geoquímica CENPES/PETROBRAS.

20

As metodologias das análises de determinação dos Teores de Carbono Orgânico

Total (COT), Carbonato, Enxofre em rocha total, Pirólise Rock-Eval, Petrografia Orgânica,

Extração pelo Método Soxhlet e Análise Elementar (CHNOS) do Querogênio estão

descritas em GONÇALVES (2005).

4.2.1. Cromatografia Líquida de Média Pressão (CLMP )

Este processo tem a finalidade de separar os componentes dos óleos e extratos

de rocha (betume) em três frações. São elas: hidrocarbonetos saturados (normais,

ramificadas e cíclicas), hidrocarbonetos aromáticos e compostos polares (resinas +

asfaltenos). A determinação da quantidade das três frações, pode auxiliar na

interpretação e principalmente na avaliação do estágio de evolução térmica e do grau de

biodegradação, além de uma visão geral da qualidade do óleo em questão.

A separação é feita através da passagem da amostra (compostos orgânicos),

diluída em um solvente que representa a fase móvel, por uma coluna de sílica

(inorgânica), que é a fase estacionária. As diferentes frações serão separadas pela

interação dos compostos com a fase estacionária (sílica) e com uma fase móvel

constituída por solventes de diferentes polaridades.

.

Esta separação analítica é feita em um equipamento de cromatografia líquida de

média pressão (Margot “MPLC”) (Fig: 4.4). Este equipamento apresenta um amostrador

que comporta 15 amostras, com injeção automática. O procedimento analítico inicia-se

com 75 mg de amostra sendo diluída com n-hexano (aproximadamente 1 mL) e

acrescidas de 50 µL do padrão D4-colestano (4 mg/50 mL). Depois de injetadas, as

amostras são bombeadas para as pré-colunas, que estão preenchidas com sílica (70%

sílica fina e 30% sílica mais grossa) e previamente umedecidas com n-hexano pelo

aparelho. Os compostos polares (resinas + asfaltenos) ficam retidos nessa pré-coluna,

passando apenas os hidrocarbonetos, que são encaminhados a uma coluna principal. Na

coluna principal, as parafinas passam sem interação com a sílica. Os aromáticos ficam

retidos no início da coluna de sílica, e são retirados com a inversão automática de fluxo na

entrada da coluna, aumentando a vazão de solvente. Existem dois frascos coletores

específicos, um para os hidrocarbonetos saturados e outro para os aromáticos. As duas

frações são concentradas em aparelho Turbovap 500. Os aromáticos são registrados

21

como um pico pelo sinal gerado no detector ultravioleta (UV), que faz o registro por sinal

eletrônico, e as parafinas são registradas como um pico pelo sinal gerado no detector IR

(índice de refração).

Figura 4.4: Cromatógrafo Líquido de Média pressão fabricado pela Margot (Laboratório de cromatografia líquida CENPES/PETROBRAS).

Os compostos NSO que ficam retidos nas pré-colunas são pressurizados com

etanol, extraídos, concentrados e armazenados em frascos separados, para cálculo de

composição. As frações separadas são encaminhadas para análises de biomarcadores,

isótopos ou cromatografia gasosa.

4.2.2. Cromatografia Gasosa (CG)

A cromatografia gasosa permite uma separação e identificação mais refinada dos

compostos orgânicos do que a cromatografia líquida de média pressão aqui aplicada. É

um método físico de separação dos componentes de uma mistura através de uma fase

gasosa móvel sobre um sorvente estacionário.

As frações de saturados dos extratos orgânicos foram analisadas por

cromatografia gasosa. Para isso, foi injetado no cromatógrafo a gás Hewlett-Packard,

modelo HP 6890A (Fig: 4.5), 0,5 µL da amostra de saturados, diluída em n-hexano. O

22

injetor é do tipo “split-splitless”, onde todo o material é injetado diretamente dentro da

coluna. As moléculas são vaporizadas e arrastadas pelo gás carreador hidrogênio,

passando por um tubo capilar J&W DB1 de 30m de comprimento e 0,25mm de diâmetro

interno, contendo uma fina película de fase estacionária.

Figura 4.5: Cromatógrafo a gás Hewlett-Packard, modelo HP 6890 A (Laboratório de cromatografia gasosa CENPES/PETROBRAS).

O tempo de saída dos compostos depende da afinidade que estes têm com a fase

estacionária. As mais voláteis (leves) tendem a sair primeiro. Por isso, trabalha-se com

uma rampa de aquecimento com a seguinte programação de temperatura: 400 a 1000C a

200C/min e de 100ºC a 320ºC a 2,5ºC/min, permitindo que os mais pesados saiam

gradativamente com o aumento da temperatura. Ao sair da coluna, as moléculas são

detectadas por um detector de ionização de chama (DIC), mantido a 3400C, registrando

picos para as moléculas ou grupos de moléculas. Para cada amostra nestas condições, o

tempo de análise é de 110 minutos. A Figura 4.6 ilustra um cromatograma hipotético, bem

como seus principais constituintes para uma análise de cromatografia gasosa.

23

Figura 4.6: Desenho esquemático para um sistema de cromatografia a gás (adaptado do site www.chemkeys.com).

4.2.3. Cromatografia Gasosa Acoplada à Espectrometr ia de Massas (CG-EM)

A identificação de compostos específicos de interesse (biomarcadores) em óleos e

extratos é realizada através da técnica de cromatografia gasosa acoplada à

espectrometria de massas (CG-EM).

O método consiste em separar os hidrocarbonetos em uma coluna capilar no

cromatógrafo e carrear os grupos para uma câmara de íons, onde as moléculas são

ionizadas pelo processo de ionização por impacto de elétrons, formando íons carregados

positivamente. Cada composto separado possui uma distribuição específica de

fragmentos de massa, ou seja, um espectro de massas característico. A seguir estes íons

entram no analisador de massas (quadrupolo), onde são separados de acordo com a sua

razão massa/carga (m/z) e finalmente detectados através de um multiplicador de elétrons.

Os espectros de massas são utilizados para a identificação dos compostos

orgânicos pois possuem fragmentações típicas, rompendo-se em ligações químicas mais

fracas o que permite a monitoração seletiva dos compostos, obtendo-se perfis de

distribuição para o íon de uma determinada razão massa/carga (m/z), os chamados

fragmentogramas ou cromatogramas de massas. Íons monitorados foram: m/z 191, 217,

218 e 259.

24

Rotineiramente em geoquímica orgânica de óleos e extratos de rochas, as

amostras analisadas são frações de hidrocarbonetos saturados obtidos através da

cromatografia líquida. A amostra deve ser diluída com aproximadamente 100µL de n-

hexano. É feita a injeção automática de 1µL de amostra pelo injetor HP 7683 Series,

mantido a 3000C. Esta é carreada por um gás inerte (hélio) até o cromatógrafo HP 6890

Series (Fig: 4.7), que permanece no modo “splitless”. A amostra passa por uma coluna

capilar J&W, de sílica fundida, tipo DB5, com 60m de comprimento, 0,25mm de diâmetro

interno, contendo uma fina película (0,25µm) de fase estacionária. A rampa de

temperatura é de 550 a 3200C, sendo que de 550 a 1500C, faz um gradiente de 200C/min e

de 1500 a 3100C, de 1,50C/min. Os compostos mais leves eluem primeiramente e, com o

aumento gradativo da temperatura, os compostos de maior massa molecular eluem a

seguir.

Figura 4.7: Cromatógrafo a gás HP 6890 Series acoplado a um espectrômetro de massas Agilent 5973 (Laboratório de biomarcadores CENPES/PETROBRAS).

No cromatógrafo, os diferentes compostos são separados, e cada um deles é

transferido para uma interface, a 3100C, localizada entre o cromatógrafo e o

25

espectrômetro de massas. No espectrômetro Agilent 5973, a amostra passa

primeiramente por uma fonte de íons, onde recebe um impacto de elétrons com energia

de 70eV, ocorrendo a formação dos íons moleculares. Depois, os íons são direcionados

a um analisador quadrupolo, onde pode ser analisado um íon específico ou um conjunto

de íons. Por último, o íon atinge o detector elétron multiplicador, que transforma os íons,

ou fragmentos, em corrente elétrica, que ao ser enviada para a estação de trabalho emite

o registro como cromatograma de massas. A análise dura cerca de 140 minutos. O

monitoramento seletivo de íons ocorre a uma velocidade se varredura de 0,5 scans/s.

4.2.4. Aduto de Uréia

Este processo analítico tem como objetivo a separação e o isolamento das

parafinas normais (n-parafinas) para posterior análise de isótopos de carbono das

parafinas individuais. A metodologia adotada neste procedimento está descrita na

seqüência do texto.

As amostras de hidrocarbonetos saturados separados por cromatografia líquida de

média pressão são diluídas com cerca de 3 mL de diclorometano. Após a diluição, são

adicionadas 30 gotas de solução saturada de uréia em metanol, onde observa-se a

imediata formação de um precipitado de coloração branca. A mistura é então colocada em

banho-maria (45ºC –50ºC) por 5 minutos. Depois, as amostras são colocadas num freezer

durante 24 hs. Após isto elas são retiradas e colocadas em condições para que atinjam a

temperatura ambiente, para somente então evaporar o solvente com fluxo de nitrogênio.

Após a secagem, adiciona-se 7 mL de n-hexano. Filtra-se o sobrenadante e o filtrado

separado constitui a primeira fração de parafinas cíclicas e ramificadas. Transfere-se todo

o precipitado para o papel de filtro e lava-se com cerca de 30 mL de n-hexano,

recolhendo-se o filtrado em uma proveta. O precipitado é tranferido para um frasco, onde

adiciona-se de 1 a 2 mL de água ultra-pura (Milli-q). Agita-se e observa-se a dissolução

completa do precipitado.

Os compostos orgânicos (n-parafinas) da solução aquosa são extraídos com cerca

de 2 mL de n-hexano (esta etapa é realizada três vezes) e a fase orgânica é filtrada

através de uma pipeta Pasteur selada com algodão e preenchida com sulfato de sódio

26

anidro para retenção da água. O filtrado é transferido para um frasco utilizando-se uma

seringa de vidro acoplada com filtro Millipore (PTFE 1 µm). O solvente é evaporado sob

fluxo de nitrogênio, restando à fração constituída de n-parafinas. As frações de parafinas

cíclicas mais ramificadas e a de n-parafinas são pesadas e encaminhadas para análises

de isótopos.

4.2.5. Isótopos estáveis de carbono ( δ13C)

A soma do número de prótons com o número de nêutrons fornece a massa

atômica (A). Os isótopos são átomos do mesmo elemento químico, isto é, com o mesmo

número de prótons, mas com diferentes números de nêutrons.

O átomo de carbono apresenta três isótopos, sendo eles o 12C, 13C e 14C, os quais

possuem o mesmo número de prótons (Z = 6), massa atômica (A) 12, 13 e 14 e número

de nêutrons 6, 7 e 8, respectivamente. Os isótopos 12C e 13C são estáveis e o isótopo 14C

é instável, sofrendo decaimento radioativo. A razão 13C/12C é utilizada para representar o

fracionamento isotópico em processos bioquímicos.

As composições isotópicas de carbono são expressas em notação delta em partes por

mil, como δ13C, usando padrão internacional PDB (Pee Dee Belemnite - carbonato

padrão: Formação Pee Dee, Cretáceo Superior, Carolina do Sul). Esta notação é definida

pela relação:

310×

−=Rp

RpRaδ (equação 1)

onde Ra e Rp referem-se à razão isotópica 13C/12C da amostra e do padrão,

respectivamente. Os resultados obtidos representam os desvios em relação ao padrão

secundário (NBS 19 oil), ajustado ao padrão internacional PDB.

A razão isotópica do betume presente nas rochas ou no óleo pode ser utilizada na

caracterização de paleoambientes deposicionais. Esta reflete a composição isotópica

original do CO2 utilizado na fotossíntese, depende do tipo de organismo fotossintetizador,

da produtividade e preservação da matéria orgânica, e dos processos sin- e pós-

27

deposicionais. A fotossíntese concentra preferencialmente 12C na matéria orgânica, pois é

o isótopo mais leve, de modo que sua razão 13C/12C é menor do que a do CO2 empregado

em suas reações (SOARES, 2005).

Para a determinação isotópica de carbono (δ13C) de um extrato orgânico ou óleo,

deve ser feita uma combustão em um analisador elementar (Fig; 4.8). Os procedimentos

analíticos para a determinação isotópica de carbono 13 estão descrita nos parágrafos

seguintes.

Pesam-se cerca de 500 µg de amostra, em cápsulas de estanho. Em seguida, as

cápsulas são fechadas com o auxílio de uma espátula e acondicionadas em um

amostrador automático, onde são purgadas em fluxo contínuo de hélio.

Figura 4.8: Espectrômetro de massas modelo MAT 252 Thermo Finnigan para análise da composição isotópica do carbono em extratos orgânicos ou óleos (Laboratório de análises isotópicas, CENPES/PETROBRAS).

A amostra é transferida para dentro de um tubo vertical de quartzo, com óxidos de

cromo, cobalto e prata, onde ocorre a oxidação da mesma. A uma temperatura de 900ºC,

ocorre à oxidação da amostra (a chamada combustão flash), onde o hélio é enriquecido

28

temporariamente com oxigênio puro. São formados então CO2, água e compostos

nitrogenados.

Os compostos nitrogenados devem ser eliminados, mais especificamente o N2O,

que tem massa A = 44 e pode interferir no pico do CO2 (que também apresenta massa A

= 44). Então, a amostra passa por um forno de redução a 680 ºC, contendo cobre e óxido

de cobre, para eliminar os compostos nitrogenados. Posteriormente, a água formada na

oxidação fica retida em um trap de anidrônio (perclorato de magnésio).

O CO2 e o N2 são separados em uma coluna cromatográfica e transferidos para

uma interface (denominada conflo). Nesta unidade, o CO2 é diluído com hélio e transferido

ao espectrômetro de massas MAT 252 da Thermo Finnigan (Fig: 4.8). No espectrômetro,

as moléculas de CO2 entram em uma fonte de íons, onde são bombardeadas com um

feixe perpendicular de elétrons a 70eV, formando CO2+. O íon CO2

+ pode apresentar

massas A = 44, 45 ou 46, dependendo da combinação dos isótopos (13C/12C e 18O/16O).

Cada íon formado é encaminhado a um coletor pré-determinado, através de campos

magnéticos específicos. O resultado é então ampliado e comparado com o resultado do

gás de referência, para o cálculo de δ.

4.2.6. Análise Isotópica de Compostos Específicos ( AICE)

As análises de isótopos de compostos individuais têm grande importância no

entendimento dos processos de deposicionais, de paleoamiente e na correlação rocha

geradora/óleo, assim como nas correlações óleo/óleo.

• Carbono

O procedimento de análise da composição isotópica de compostos individuais 13C

e 12C é realizado a partir da diluição de 1mg da amostra de n-alcanos para 100 µl de n-

hexano (95%). Após essa diluição, uma alíquota é transferida para um cromatógrafo a gás

modelo HP 6890, onde é injetada sem divisão de fluxo (modo splitless) em uma coluna

cromatográfica modelo DB-1 (0,25 mm d.i., 0,25 µm filme, 30 m de comprimento). A

coluna separa os compostos um a um do nC12 até nC36, e cada composto passa para um

29

forno de oxidação (CG-C-EMRI), que opera à temperatura de 950 ºC, formando CO2 e

H2O. Cada componente percorre um “trap” (membrana “Nafion”TM) que remove a água, e

através de tubos capilares transferem o CO2 para a fonte de íons do espectrômetro de

massas para razão isotópica (EMRI), onde formam os íons CO2+. De acordo com a razão

massa/carga, eles são desviados por um campo magnético para coletores tipo Faraday

Cup, onde o sistema amplifica o sinal de cada isótopo na forma de íons (44, 45),

determinando assim a razão 45/44 e que posteriormente é comparada a uma referência

(CO2 padrão), calibrado contra o padrão internacional, gerando assim o resultado da

razão isotópica 13C/12C de cada composto individual (Fig: 4.9).

Figura 4.9: Representação esquemática do sistema CG-C-EMRI (adaptado de FERREIRA, 2006).

• Hidrogênio

Assim como o carbono, o átomo de hidrogênio também apresenta três isótopos, sendo

eles o 1H (próton), 2H (deutério) e 3H (trítio), os quais possuem o mesmo número de

prótons (Z=1), massa atômica (A) 1, 2 e 3 e número de nêutrons 0,1,2, respectivamente.

Apenas o isótopo 3H é instável.

De todos os elementos na natureza, o hidrogênio é aquele cujos isótopos estáveis

apresentam a maior diferença entre as respectivas massas, por isso têm a maior variação

dos valores de sua razão isotópica (D/H).

30

As composições isotópicas de hidrogênio são expressas em notação delta em partes

por mil, como δD, usando padrão internacional SMOW (Standard Mean Ocean Water).

Esta notação delta está definida pela relação:

( ) ( )( )

310/

//×

−=

SMOW

SMOWamostraamostra HD

HDHDDδ (equação 2)

O procedimento de análise da composição isotópica de compostos individuais D/H

é realizado a partir da diluição de 1mg da amostra de n-alcanos para 100 µl de n-hexano

(95%). Após essa diluição, uma alíquota é transferida para um cromatógrafo a gás modelo

HP 6890, onde é injetada sem divisão de fluxo (modo splitless) em uma coluna

cromatográfica modelo DB-1 (0,25 mm d.i., 0,25 µm filme, 30 m de comprimento). A

coluna separa os compostos um a um do nC12 até nC36, e cada composto passa para um

reator de conversão térmica (“pirólise”) (CG-CT-EMRI), operando com um tubo de

alumina não porosa (Al2O3, 0,5 mm d.i., 1,55 mm d.e., 0,3 m de comprimento) à

temperatura de 1450 ºC. Cada composto é convertido em H2 e CO. As moléculas de H2

são transferidas para a fonte de íons do espectrômetro de massas para razão isotópica

(EMRI) onde formam os íons H2+. De acordo com a razão massa/carga, eles são

desviados por um campo magnético para coletores tipo Faraday Cup, onde o sinal é

amplificado e medido, determinando assim a razão 3/2 que posteriormente é comparada a

uma referência (H2 padrão), calibrado contra o padrão internacional, gerando assim o

resultado da razão isotópica D/H de cada composto individual (Fig: 4.10).

Figura 4.10: Representação esquemática do sistema CG-CT-EMRI.

31

5. Interpretação dos Resultados das Análises Geoquímicas

5.1 Teor de Carbono Orgânico e Carbonato Totais

O teor de carbono orgânico total (COT) é um indicador da quantidade de material

orgânico presente em um sedimento ou rocha sedimentar. Esta quantidade, por sua vez,

é o produto final da interação entre três fatores principais: (1) abundância de biomassa

disponível para acumulação, (2) grau de degradação da matéria orgânica durante a

deposição, e (3) taxa de sedimentação (TISSOT & WELTE, 1984).

A análise do teor de carbono orgânico tem como objetivo quantificar o percentual

de carbono orgânico presente em amostras de rochas incluindo tanto o querogênio

quanto o betume. Esses valores representam o conteúdo de matéria orgânica preservada

e incorporada aos sedimentos. O valor mínimo de COT normalmente aceito para

considerar uma rocha com potencial gerador de hidrocarbonetos é de 3% (MELLO, 1988).

O percentual de COT diminui com o aumento do grau de evolução térmica da rocha.

As amostras analisadas neste trabalho apresentaram teores de carbono orgânico

variando entre 1,42% a 18,75% (Fig: 5.1). A Formação Tetuan foi a que apresentou o

maior valor médio de COT, 7,24%. A Formação Caballos por sua vez, mostrou valor

médio de 4,9%. Cabe ressaltar que os dados de COT da Formação Caballos foram

obtidos a partir de uma quantidade limitada de amostras.

32

Figura 5.1: Teores de COT(%) versus profundidade (m) das amostras da seção do Rio Bambuca.

Na Figura 5.1 observa-se três intervalos demarcados com altos teores de COT

(12,08%, 18,75% e 13,98%) que sugerem expressivas mudanças nas condições

paleoambientais sendo favoráveis à acumulação e preservação da matéria orgânica

durante a deposição dos sedimentos, sendo portanto correlacionados eventos anóxicos

OAE1a, OAE1b e OAE1c, respectivamente. O intervalo demarcado correspondente a

Formação Caballos (OAE1a) devido ao número reduzido de amostras não será estudado

nesta pesquisa.

A diferença nos teores de matéria orgânica também pode ser acompanhada pelas

mudanças na composição de isótopos de carbono da matéria orgânica, onde os

sedimentos ricos em MO são geralmente depletados em 13C comparados com sedimentos

com baixos teores de carbono orgânico. Analisando-se a Figura 5.2 (COT x δ13C), verifica-

se que as amostras da Formação Tetuan apresentam-se isotopicamente mais depletadas

(enriquecidas em 12C, valor médio de -27,74‰), comparadas as da Formação Caballos e

com maiores teores de carbono orgânico total. Aparentemente os comportamentos de

δ13C x COT são opostos nos dois casos, sugerindo processos diferentes controlando o

33

enriquecimento em COT e variações de 13C/12C. Com base nestes dados e os de

biomarcadores, pode-se se argumentar que os sedimentos da Formação Tetuan se

depositaram sob condições marinhas e os da Formação Caballos sob condições

transicionais (continentais/marinhas).

Figura 5.2: Teores de carbono orgânico vs. composição isotópica de extratos obtidos das amostras da seção “Quebrada Bambuca”, Vale Superior de Magdalena. Escala logarítmica no eixo das abscissas.

34

De acordo com a Figura 5.3, observa-se que 27,78% das amostras da Formação Tetuan

têm entre 2 e 4% de COT.

0

1

2

3

4

5

6

2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

% COT

Fre

quên

cia

Formação Tetuan

Figura 5.3: Histograma da distribuição dos valores de COT da Formação Tetuan da seção “Quebrada Bambuca”.

Estas amostras (seção “Quebrada Bambuca”) apresentam certa pobreza em

termos de percentagem de carbonatos (<40%), porém, são ricas nos teores de carbono

orgânico (Fig: 5.4). Elas estão associadas às porções mais siliciclásticas (folhelhos),

exceto por uma amostra que apresenta nível de carbonato elevado caracterizando a

presença de folhelho calcífero nesta seção.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

0 5 10 15 20

%COT

Car

bona

to T

otal

(%

)

Figura 5.4: Teor de carbonato total versus porcentagem de teor de carbono orgânico total (% COT) das amostras da seção “Quebrada Bambuca”.

35

5.2 Composição e Classificação do Querogênio

Para identificar camadas geradoras de petróleo, faz-se necessário o conhecimento

dos teores de matéria orgânica insolúvel (querogênio), solúvel (betume), qualidade de

matéria orgânica e estágio de maturação, análises feitas pelas técnicas de Petrografia

Orgânica e pirólise Rock-Eval.

Os dois últimos parâmetros estão fortemente ligados entre si, e é recomendável

serem avaliados simultaneamente. A pirólise é uma técnica recomendável e rápida para

esta determinação simultânea, além disso, fornece informações sobre o potencial gerador

das amostras em questão.

Os resultados das análises de Pirólise Rock-Eval são fornecidos sob a forma de

gráficos e valores. Nas leituras feitas nos gráficos o pico correspondente a S1 indica os

hidrocarbonetos já gerados presentes nos sedimentos e estão prontos para migrar.

Portanto, a área deste pico corresponde a quantidade de hidrocarbonetos livres contidos

na rocha, e seu valor é expresso em mgHC/g rocha. Durante o processo, são volatilizados

a temperaturas inferiores a 3000C. O pico S2 indica os hidrocarbonetos produzidos pelo

craqueamento térmico do querogênio, a temperaturas entre 3000 e 5500C, simulando a

maturação natural. Este pico fornece o potencial de petróleo residual da rocha, em

mgHC/g rocha, sendo portanto interpretado como o potencial gerador da rocha. A

temperatura da máxima conversão de matéria orgânica em hidrocarbonetos é indicada

pelo pico (Tmax), que indica o grau de evolução térmica da matéria orgânica. A área do

pico, S3, indica quanto de CO2 foi liberado no processo de craqueamento térmico do

querogênio, que é o indicador do tipo e condições gerais de preservação da matéria

orgânica, sendo expresso em mgCO2/g rocha (Figura 5.5).

36

Figura 5.5: Pirograma de uma amostra utilizada como padrão analítico para Pirólise Rock-Eval.

Outros parâmetros importantes na interpretação são o índice de produção (IP), o

índice de hidrogênio (IH) e o índice de oxigênio (IO). O primeiro, é a razão entre os

hidrocarbonetos gerados pela rocha e o total de hidrocarbonetos produzidos durante a

análise (ou seja, S1/(S1+S2)). Quando o valor dado por esta razão é elevado, a principal

interpretação é indicativa de hidrocarbonetos migrados. O IH, é a razão entre os

hidrocarbonetos gerados pela conversão da matéria orgânica e o carbono orgânico total,

ou seja, S2/COT (em mg HC/g COT). O IO, é a razão entre a quantidade de CO2 e o

carbono orgânico total, ou seja, S3/COT (em mg CO2/g COT). Estes dois últimos

parâmetros podem caracterizar os tipos de matéria orgânica classificados basicamente

em tipo I, tipo II e tipo III, presentes nas rochas e representados no diagrama do tipo Van

Krevelen modificado (ESPITALIÉ et al., 1985).

A matéria orgânica do tipo I é derivada de lipídeos de algas ou enriquecida em

lipídios por atividade bacteriana e é considerada de origem lacustre. É caracterizada, em

sua maior parte por cadeias alifáticas e poucos núcleos aromáticos. Possuem alto valor

de IH (>600-700 mgHC/gCOT) e baixo valor de IO (<100 mgCO2/gCOT) quando imaturas,

que conferem a este tipo de matéria orgânica um bom potencial de geração de

hidrocarbonetos líquidos.

37

A matéria orgânica do tipo II é de origem marinha depositada em ambientes

redutores com teores médios a altos de enxofre, caracterizada por uma maior quantidade

relativa de anéis aromáticos e naftênicos comparativamente ao do tipo I. O IH (400-700

mgHC/gCOT) e o potencial de geração de hidrocarbonetos são menores que os do tipo I.

No tipo III, que é a matéria derivada de vegetais superiores, tem como característica uma

maior abundância relativa de grupos funcionais poliaromáticos e oxigenados, com poucas

cadeias alifáticas. Isso é devido ao baixo IH (<300 mgHC/gCOT) e elevado IO (>100-200

mgCO2/gCOT), tornando este tipo mais propício a geração de gás. Os parâmetros

fornecidos pela pirólise de Rock-Eval, são influenciados pelo processo de maturação,

sendo válidos somente para rochas imaturas. O diagrama do tipo Van Krevelen

demonstra com mais clareza a caracterização dos tipos de matéria orgânica (TISSOT &

WELTE, 1984).

A proporção original de H e O na matéria orgânica, no entanto, pode ser

modificada completamente, como no caso de ambientes óxicos, onde os processos de

alteração levam de modo geral a um enriquecimento do conteúdo de oxigênio e a um

empobrecimento relativo em hidrogênio. Em ambientes redutores, por outro lado, a

composição original tende a ser preservada (DEMAISON & MOORE, 1980).

As amostras pertencentes à Formação Caballos apresentam valores de índices de

hidrogênio de 250 a 304 mgHC/gCOT e índices de oxigênio relativamente baixos de 1 a

15 mgCO2/gCOT (anexo 1). Na Formação Tetuan, apresentam valores superiores de

índices de hidrogênio que variam de 291 a 548 mgHC/gCOT e índices de oxigênio de 5 a

23 mgCO2/gCOT (anexo 1). A quantidade de hidrocarbonetos livres, representada pelo

pico S1, varia de 0,62 a 4,45 mgHC/gRocha para as amostras da Formação Caballos e

varia de 0,7 a 5,04 mgHC/gRocha na Formação Tetuan. Analisando-se o diagrama do tipo

Van Krevelen, verifica-se que a matéria orgânica da seção investigada é do Tipo II (Fig:

5.6). Entretanto, há alguma contribuição de matéria orgânica do Tipo I.

38

Figura 5.6: Diagrama tipo Van Krevelen de amostras das Formações Caballos e Tetuan analisadas na seção “Quebrada Bambuca”, Vale Superior de Magdalena, Colômbia.

Os resultados obtidos dos parâmetros S1, S2 e S3 da seção estudada encontram-

se na Tabela 5.7, onde graficamente também estão representados na Fig:5.7. É notória a

correlação entre seus máximos nos dois pontos do gráfico, onde se observa também os

maiores teores de carbono orgânico total.

39

Tabela 5.7: Resultados das análises dos parâmetros geoquímicos S1, S2 e S3 ao longo seção “Quebrada Bambuca”.

Formações Amostra Posição (m) S1 S2 S3

BV-80 138 1.74 45 0.7BV-76 134.5 2.31 60 0.58BV-71 130 3.51 76.66 1.57BV-68 128 3.66 56.54 0.98BV-65 125.7 0.92 5.84 0.3BV-64 124.5 3.84 39.44 0.68BV-56 97 0.86 19.12 0.3BV-47 90.2 1.23 23.75 0.36BV-44 88.3 1.1 22.53 0.38BV-43 88 1.97 39.02 0.53

BV-40A 83 2.81 59.2 1.09BV-40 82.7 5.04 96 2.43BV-36 79.5 0.8 6.92 0.21BV-31 77 0.72 7.81 0.61BV-29 75.7 0.7 7.62 0.47BV-22 54.5 0.93 12.73 0.53BV-19 50.5 1.22 13.64 0.37BV-14 28.5 1.15 19.51 0.6BV-11 23.8 4.45 36.72 1.76BV-7 16 0.62 11.69 0.04BV-4 13.8 1.04 11.02 0.28

TE

TU

AN

CA

BA

LLO

S

Figura 5.7: Variação dos parâmetros S1, S2 e S3 em função da profundidade em amostras da seção “Quebrada Bambuca”, Vale Superior de Magdalena, Colômbia.

40

O Índice de Produção (IP) reflete a evolução do processo de transformação do

querogênio em petróleo. Das amostras analisadas os maiores valores obtidos (Anexo 1 e

Fig. 5.8) foram em torno de 80 e 120m na Formação Tetuan. Os valores de Tmax ( Tabela

5.8, Anexo 1 e Fig. 8) tanto para a Formação Caballos quanto para a Formação Tetuan,

apresentarm poucas variações. Esta última com um valor médio de 433 ºC, característico

de uma zona imatura (valores de Tmax<435ºC e IP<0,10).

.

Tabela 5.8: Resultados das análises dos parâmetros geoquímicos COT, Tmax e IP

ao longo da seção “Quebrada Bambuca”.

Formações Amostra Posição (m) COT Tmax IPBV-80 138 9.15 436 0.04BV-76 134.5 12.62 435 0.04BV-71 130 13.98 436 0.04BV-68 128 11.64 433 0.06BV-65 125.7 1.42 431 0.14BV-64 124.5 7.55 435 0.09BV-56 97 4.06 435 0.04BV-47 90.2 4.74 433 0.05BV-44 88.3 4.57 433 0.05BV-43 88 7.85 433 0.05

BV-40A 83 11.87 434 0.05BV-40 82.7 18.75 432 0.05BV-36 79.5 1.82 432 0.1BV-31 77 2.68 428 0.08BV-29 75.7 2.53 429 0.08BV-22 54.5 3.72 431 0.07BV-19 50.5 2.72 432 0.08BV-14 28.5 3.74 436 0.06BV-11 23.8 12.08 438 0.11BV-7 16 4.67 438 0.05BV-4 13.8 4.3 439 0.09

TE

TU

AN

CA

BA

LLO

S

41

Figura 5.8: Variação dos parâmetros de temperatura máxima da pirólise (Tmax) e índice de produção em função da profundidade nas amostras da seção “Quebrada Bambuca”, Vale Superior de Magdalena. O gráfico de COT versus S2 (Fig: 5.9), revela que os dados não se apresentam

muito dispersos (R2=0,9908), sugerindo que a composição do querogênio é relativamente

uniforme, além disso, corrobora a interpretação da matéria orgânica ser do Tipo II na

Formação Tetuan.

Formação Tetuan

y = 5,3102x - 3,0346

R2 = 0,9908

0

20

40

60

80

100

120

0 4 8 12 16 20

COT (%)

S2

(mgH

C/g

Roc

ha)

Tipo I

Tipo II

Tipo III

Figura 5.9: Gráfico do teor de carbono orgânico total (COT) versus potencial gerador (S2) para as amostras da Formação Tetuan, seção “Quebrada Bambuca”, Vale Superior de Magdalena.

42

5.3 Análises isotópicas

A razão isotópica de carbono (δ13C) em extratos orgânicos de rochas pode

fornecer informações sobre as condições paleoambientais, idade e evolução térmica. A

fixação do carbono na biosfera tem início com a fotossíntese, na qual o carbono fixado na

matéria orgânica mostra-se depletado no isótopo 13C, se comparado ao carbono do CO2

utilizado como fonte (GONÇALVES, 1997). A fotossíntese que está associada ao grau de

fracionamento isotópico (depleção em 13C) é diretamente proporcional à concentração de

CO2 no meio (FREEMAN, 1991), onde a matéria orgânica formada sob condições de

baixa concentração de CO2 mostra-se menos depletada em 13C do que aquela gerada sob

condições de alta concentração de CO2. As algas marinhas ou de ambientes salinos

podem utilizar o bicarbonato (HCO3-) como fonte de carbono para a fotossíntese, que é

mais enriquecido em 13C (9‰ a 25ºC) que o dióxido de carbono da atmosfera ou

dissolvido em água (MOOK et al., 1974). Por esta razão, a matéria orgânica originada em

ambientes marinhos ou salinos pode apresentar valores de δ13C menos negativos do que

a proveniente de ambientes continentais da mesma idade (MARTÍNEZ PRIETO, 1999). A

biomassa bacteriana, especialmente a formada por bactérias metanotróficas, é

extremamente depletada em 13C porque reflete o fracionamento isotópico associado à

assimilação do carbono e ao uso de uma fonte de carbono isotopicamente muito leve,

como é o metano (ZYAKUN et al., 1981).

Algumas explicações para os desvios “positivos” nos valores de δ13C, têm sido

sugeridas, tais como: a crescente demanda de carbono por produtores primários que

diminui a concentração de CO2 (LAWS et al., 1995) nas águas superficiais e

conseqüentemente, diminui o fracionamento isotópico, resultando em uma biomassa

enriquecida em 13C. Além disso, salinidade e temperatura elevadas induzem a diminuição

da concentração de CO2 dissolvido. Conforme anteriormente citado (Capítulo 3),

variações “positivas” de δ13C em ambientes marinhos têm sido correlacionadas a ciclos

transgressivos ou eventos anóxicos (OAE).

As composições isotópicas de fontes de hidrogênio de materiais orgânicos

sedimentares são controladas pelas razões D/H de fontes de hidrogênio usadas durante a

43

produção de matéria orgânica e fracionamentos isotópicos associados com metabolismo,

biosíntese e possíveis trocas isotópicas durante processos diagenéticos (SANTOS NETO,

1996).

A água é a principal fonte de hidrogênio utilizada por produtores primários

(SCHIEGL e VOGEL, 1970). Consequentemente, δD dos saturados deve depender da

composição da água do paleoambiente e dos efeitos dos isótopos relacionados à subida

do nível de água, a biosíntese, e as variações climáticas (SANTOS NETO, 1996).

No caso das amostras analisadas da seção “Quebrada de Bambuca”, os valores

de δ13C dos extratos orgânicos da Formação Tetuan variaram de -28,37‰ a -27,06‰ (Fig:

5.10 e Tabela 5.10), com valor médio de -27,74‰. Observa-se que 66.67% das amostras

da Formação Tetuan têm valores de δ13C entre -28‰ e -27‰ (Fig: 5.11). A curva de δ13C

(Fig. 5.10) apresenta dois grandes eventos positivos assinalados que correspondem aos

intervalos com elevados teores de COT (Fig: 5.1). Esses episódios estão associados aos

eventos anóxicos OAE1b e OAE1c.

Nesses episódios, uma quantidade anormalmente elevada de matéria orgânica

(depletada em 13C) é soterrada e, assim, aumenta o δ13C do carbono no ciclo exógeno

global.

44

Tabela 5.10: Resultados das razões isotópicas de carbono do óleo total (‰) ao longo da seção “Quebrada Bambuca”.

Formações Amostra Posição (m) Isótopo de C do óelo total (‰)

BV-80 138 -27.41

BV-76 134.5 -27.06

BV-71 130 -27.47

BV-68 128 -27.61

BV-65 125.7 -28.22BV-64 124.5 -28.05

BV-56 97 -28.14

BV-47 90.2 -27.17

BV-44 88.3 -27.95

BV-43 88 -27.51

BV-40A 83 -27.93

BV-40 82.7 -28.02

BV-36 79.5 -28.34

BV-31 77 -27.45

BV-29 75.7 -28.37

BV-22 54.5 -27.67BV-19 50.5 -27.25

BV-14 28.5 -27.78

BV-11 23.8 -25.66

BV-7 16 -24.08

BV-4 13.8 -24.01

TE

TU

AN

CA

BA

LLO

S

020

406080

100120

140160

-29 -28 -27 -26 -25 -24 -23

δ13C(‰)

Pro

fund

idad

e (m

)

Formação Caballos Formação Tetuan

Figura 5.10: Variação das razões isotópicas de carbono dos extratos orgânicos da seção “Quebrada Bambuca”, Vale Superior de Magdalena.

45

Formação Tetuan

0

24

68

1012

14

-27-28-29

δ13C (‰)

Fre

quên

cia

Figura 5.11: Histograma das razões isotópicas de carbono dos extratos orgânicos da Formação Tetuan, seção “Quebrada Bambuca”, Vale Superior de Magdalena.

Os resultados das razões isotópicas de carbono da seção “Quebrada Bambuca”

correlacionados aos parâmetros de biomarcadores permitiram uma análise sobre a

influência da maturação térmica (Figs: 5.14 e 5.15) e as contribuições de diferentes fontes

de matéria orgânica (Figs: 5.12 e 5.13).

Em relação as amostras da Formação Tetuan, observa-se que os valores mais

depletados de δ13C estão associados aos valores da razão pristano/fitano em torno de 1 a

1,57 (Figura 5.12), e os da razão hopano/esterano em torno de 1,55 a 3,09, indicam

origem marinha para os depósitos desta formação. Já as da Formação Caballos

apresentam características de ambientes terrestres transicionais.

46

Figura 5.12: Razões pristano/fitano versus relação de isótopos de carbono das amostras da seção “Quebrada Bambuca”, Vale Superior de Magdalena.

Figura 5.13: Razões hopano/esterano versus relação de isótopos de carbono das amostras da seção “Quebrada Bambuca”, Vale Superior de Magdalena.

As figuras 5.14 e 5.15, indicam que as composições isotópicas das amostras de

extratos da Formação Tetuan não foram afetadas pela maturação térmica, como

evidenciado pelas as razões 20S/(20R+20S) C29 esteranos e αββ/( αββ + ααα) C29

esteranos. Não houve nenhum aumento significativo nas razões de 13C/12C, portanto não

foram influenciadas por mudanças significativas de fácies ou pela maturação térmica.

47

Figura 5.14: 20S/(20R+20S) C29 esteranos versus relação de isótopos de carbono das amostras da seção “Quebrada Bambuca”, Vale Superior de Magdalena.

-29

-28

-27

-26

-25

-24

-23

0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50

αββ/(αββ+ααα)C29 Esteranos

δ13

C(‰

)

Formação Caballos Formação Tetuan

Figura 5.15: Razões αββ/( αββ + ααα) C29 Esteranos versus relação de isótopos de carbono das amostras da seção “Quebrada Bambuca”, Vale Superior de Magdalena.

Os perfis de isótopos de carbono das n-parafinas são semelhantes, exceto por

uma amostra (77 m) (Fig: 5.16 e Anexo 2). A composição isotópica de carbono está

concentrada em -29,65 ± 2 ‰. A pequena faixa de variação do δ13C pode ser indicativa de

que os produtores primários e as respectivas fontes de carbono não mudaram

significativamente durante o tempo de formação e deposição da matéria orgânica (

SANTOS NETO et. al., 1998).

48

Figura 5.16: Composição isotópica de carbono das n-parafinas individuais na faixa de nC14 a nC35 das amostras da Formação Tetuan, seção “Quebrada Bambuca”, Vale Superior de Magdalena.

As composições isotópicas de hidrogênio das n-parafinas foram comparáveis na

faixa nC14-nC26 (Fig: 5.17 e 5.18). A média dos valores de δD ficou em torno de

aproximadamente -160‰, e estão dentro da faixa cerca de -176‰ < δD < ≈ -136‰ em

relação à Formação Tetuan. Os valores de δD são relativamente depletados em deutério

e apresentam uma pequena amplitude, sugerindo uma origem marinha e que a água no

paleoambiente permaneceu relativamente inalterada ao longo do tempo de formação e de

deposição da matéria orgânica (SANTOS NETO e HAYES, 1999). Esses resultados

corroboram que os sedimentos da seção “Quebrada Bambuca” evoluíram sobre uma

plataforma relativamente estável, e com clima pouco variável (JOÃO, 2004).

49

Figura 5.17: Composição isotópica de hidrogênio das n-parafinas individuais na faixa de nC14 a nC35 das amostras da Formação Tetuan, seção “Quebrada Bambuca”, Vale Superior de Magdalena.

Figura 5.18: Composição isotópica de hidrogênio das n-parafinas individuais na faixa de nC14 a nC26 das amostras da Formação Tetuan, seção “Quebrada Bambuca”, Vale Superior de Magdalena.

50

5.4 Biomarcadores

Marcadores biológicos ou biomarcadores (EGLINTON et al., 1964; EGLINTON e

CALVIN, 1967) são “fósseis moleculares”, ou seja, compostos originados de organismos

que viveram em um determinado ambiente e seus restos foram depositados junto aos

sedimentos de uma rocha potencialmente geradora. Biomarcadores são estruturas

orgânicas complexas encontradas nos sedimentos, rochas e petróleo (PETERS, 2005),

onde seus precursores biológicos estão presentes em organismos como algas, bactérias,

plantas, dentre outros. Os biomarcadores são úteis porque eles podem fornecer

informação a respeito da matéria orgânica presente na rocha geradora, sobre as

condições ambientais durante a deposição e soterramento, além da maturação térmica

experimentada pela rocha ou óleo, assim como a intensidade de biodegradação, e sobre

alguns aspectos da mineralogia e idade da rocha geradora (PETERS e MOLDOWAN,

1993).

A identificação e a caracterização dos biomarcadores foram realizadas por meio

de análises de cromatografia gasosa (CG) e de cromatografia gasosa acoplada a

espectrometria de massas (CG-EM). Na geoquímica do petróleo, os compostos mais

estudados são as séries dos esteranos e dos hopanos, os quais são representados pelos

cromatogramas de massas dos íons m/z (massa sobre carga) 217 e 191, respectivamente

(PETERS e MOLDOWAN, op.cit).

5.4.1 Origem

Alguns parâmetros geoquímicos são muito utilizados como ferramentas de

correlação, condições paleoambiental e origem deposicional no estudo de uma

determinada rocha fonte. Dentre eles destacam-se as razões Pristano/Fitano, Ts/(Ts+ Tm)

e Hopano/Esterano, dentre outras.

A relação pristano/fitano em betumes e óleos, obtida através do perfil da

cromatografia gasosa, tem sido utilizada para avaliar as condições óxico-redutoras do

ambiente deposicional (DIDYK et al., 1978). As relações pristano/fitano menores do que

1.0 indicam condições anóxicas em ambientes marinhos carbonáticos e/ou hipersalinos.

51

Altas razões de pristano/fitano (>3.0) indicam aporte de matéria orgânica de origem

continental sob condições óxicas. Em amostras com baixo grau de evolução térmica, este

parãmetro não é recomendado para distinguir paleoambientes (VOLKMAN e MAXWELL,

1986). Na Formação Tetuan, os valores desta relação variaram de 1,0 a 1,59 e na

Caballos de 1,49 a 3,19 (anexo 3). Com base nos dados da Figura 5.19, verifica-se que

nos intervalos assinalados houve uma variação significativa nas condições do ambiente

deposicional sugerindo intervalos de anoxia que possivelmente estão relacionados com

os eventos anóxicos OAE1b e OAE1c.

Formação Tetuan

0

30

60

90

120

150

180

0,80 1,00 1,20 1,40 1,60 1,80 2,00

Pri/Fit

Pro

fund

idad

e (m

)

Figura 5.19: Variação das razões Pri/Fit versus Profundidade (m) dos extratos orgânicos da Formação Tetuan da seção “Quebrada Bambuca”, Vale Superior de Magdalena.

A distribuição das parafinas normais nos fornecem importantes informações

quanto a origem continental ou marinha de extratos de rochas ou óleos. No caso dos n-

alcanos dos extratos da Formação Tetuan (Fig: 5.20a) é dominada por compostos do nC14

ao nC17 sugerindo predominantemente como principal fonte de matéria orgânica, algas e

bactérias. No cromatograma gasoso se observa o predomínio de n-alcanos de baixa

massa molecular indicando que a matéria orgânica é de origem marinha. Em relação à

Formação Caballos, verifica-se à abundânica de n-alcanos de massa molecular mais alta

e do predomínio de compostos ímpares sobre os pares (Fig: 5.20b), sendo dominada por

compostos do nC28 ao nC34 que são frequentemente associados com origem terrestre

(input de compostos derivados de plantas superiores). Além disso, há um predomínio do

pristano sob o fitano e valores muito baixos em torno de 0,11 das razões TS/(TS+TM) nas

amostras da seção analisada. Cabe lembrar que o predomínio das parafinas de peso

52

molecular ímpar também pode sugerir aporte continental, principalmente as mais

pesadas. Porém a baixa maturação também pode se caracterizar, em termos de

cromatograma gasoso, pelo predomínio da parafinas normais ímpares.

Figura 5.20: Cromatogramas gasosos (CG) das frações de hidrocarbonetos saturados de extratos orgânicos representativos das formações: a) Tetuan e b) Caballos.

A razão hopanos/esteranos reflete a proporção entre o aporte de algas e vegetais

superiores (representadas pelos esteranos) e a contribuição de biomassa bacteriana

(PETERS e MOLDOWAN, 1993). Porém, esta razão, assim como outras também pode

ser afetada pela maturação térmica, entretanto não é o caso da seção estudada (imatura).

Os valores mais baixos (menores que 4) indicam deposição de matéria orgânica marinha

com maior contribuição de organismos planctônicos e/ou algas, já valores mais elevados

(maiores que 7) indicam deposição de matéria orgânica terrestre e/ou microbialmente

retrabalhada. Quando alta, esta razão indica input de matéria orgânica terrestre e/ou

microbialmente retrabalhada (PETERS e MOLDOWAN, 1993). Com base nos resultados

obtidos desta razão (Fig.5.21 e anexo 3) da seção analisada, observa-se que a Formação

Caballos apresenta valores mais elevados que a Formação Tetuan, cujos valores situam-

se ao redor de 2,4.

53

Figura 5.21: Cromatogramas de massas m/z 191 e m/z 217 das frações de hidrocarbonetos saturados de extratos orgânicos representativos das seguintes Formações: a) Tetuan e b) Caballos. Compostos dos picos identificados:1= C21 terpano tricíclico, 2= C23 terpano tricíclico, 3=C24 terpano tetracíclico, 4= C25 terpano tricíclico, 5= C26 terpano tricíclico, 6= C27 18α(H)-22,29,30- trisnorneohopano, 7= C2717α(H)-22,29,30 trisnorhopano, 8= C2917α(H), 21 β(H)-norhopano, 9= C30 17α(H), 21β(H)-hopano, 10= C21 diasterano, 11= C22 diasterano, 12= 13β(H), 17α(H), 20(S)-colestano, 13= 24-etil-13β(H), 17α(H), 20(S)-colestano, 14=24-metil-5α(H),14α(H), 17α(H), 20(R)-colestano ,15= 24-etil-5α(H), 14β(H), 17β(H), 20(R)-colestano.

HUANG & MEINSCHEIN (1979) propuseram que as distribuições relativas dos

esteranos C27, C28 e C29 estariam relacionadas à ambientes específicos e sugeriram que

os esteranos poderiam fornecer informações importantes dos paleoambientes. A principal

aplicação para o diagrama ternário dos esteranos C27-C28-C29 é a distinção entre os

diversos grupos de petróleos de diferentes rochas geradoras ou diferenciar fácies

orgânicas da mesma rocha geradora (PETERS e MOLDOWAN, 1993). As proporções

relativas destes esteranos dependem do tipo de matéria orgânica presente nos

sedimentos. A predominância dos C29 esteranos indicaria contribuição terrestre enquanto

a predominância dos C27 esteranos indicaria maior contribuição de fitoplâncton marinho.

Os C28 esteranos, quando em maior proporção, poderiam indicar maior contribuição de

algas lacustres. A partir deste diagrama (Fig. 5.22), observa-se que as amostras da

54

Formação Tetuan apresentam maior contribuição de matéria orgãnica de origem marinha

e a Formação Caballos de origem terrestre.

Figura 5.22: Diagrama do tipo ternário dos esteranos C27-C28-C29 das amostras da seção “Quebrada Bambuca”, Vale Superior de Magdalena.

O tipo de matéria orgânica também pode ser identificado através das razões

Pri/nC17 e Fit/nC18, bem como condições redox de deposição. Observa-se na Fig: 5.23 a

mistura da matéria orgânica do Tipo I e II depositada sob condições mais redutoras, o que

corrobora os dados apresentados na Fig: 5.5.

55

Figura 5.23: Gráfico das razões Pri/nC17 e Fit/nC18 das amostras da Formação Tetuan, seção “Quebrada Bambuca”, Vale Superior de Magdalena.

5.4.2 Maturação

A maturação ou evolução térmica é um dos principais efeitos físico-quimicos, pelo

qual a matéria orgânica e os óleos passam durante o estágio de deposição e evolução

tectono-sedimentar de uma bacia.

Consiste no avanço das transformações sofridas pelo querogênio e o petróleo sob

condições crescentes de soterramento e temperatura resultando na formação de

hidrocarbonetos mais leves, e pode ser monitorado por uma série de indicadores

geoquímicos, conhecidos como parâmetros de maturação térmica (TISSOT & WELTE,

1984).

Dentre os parâmetros que são utilizados para avaliação de maturação térmica,

cita-se o pristano e o fitano e suas razões indicadoras de maturação. Através das razões

pristano/n-C17 e fitano/n-C18, pode-se verificar que quando maiores que 1, o material

analisado mostra-se imaturo. Por outro lado, para razões menores que 1, o material tende

a ser de maior evolução térmica. Com base nos resultados mencionados anteriormente,

tanto a Formação Tetuan quanto a Caballos mostram-se imaturas o que corrobora com os

resultados obtidos de Tmax (Figura 5.8) e com as correlações entre os dados isotópicos

56

que normalmente são pouco variáveis com a evolução térmica e de biomarcadores

(Figuras 5.14 e 5.15).

Outros parãmetros geoquímicos também podem ser utilizados como indicadores

de maturação como, por exemplo, a proporção dos compostos C27 18α(H) Trisnorhopano

(Ts) e C27 17α(H)Trisnorhopano (Tm). A Formação Caballos apresenta os mais baixos

valores das razões TS/(TS+TM). De acordo com os dados apresentados na Figura 5.24, a

Formação Tetuan apresenta-se mais evoluída térmicamente do que a Formação

Caballos. Além disso, pode-se observar que a Formação Tetuan e a Caballos apresentam

origens distintas.

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

0,25 0,30 0,35 0,40 0,45 0,50 0,55 0,60

αββ/(αββ+ααα)C29 Esteranos

TS/(T

S+T

M)

Formação Tetuan Formação Caballos

Evolução Térmica

Figura 5.24: Gráfico das razões TS/(TS+TM) e αββ/( αββ + ααα)C29 Esteranos da amostras da seção “Quebrada Bambuca”, Vale Superior de Magdalena.

5.5 Elementos traços como indicadores de condições paleoredox em rocha

total

Muitos elementos traços mostram variações no estado de oxidação e solubilidade

como uma função do status redox do ambiente deposional. Tendem a serem mais

solúveis sob condições oxidantes e menos solúveis em condições redutoras que

57

resultando em enriquecimentos autigênicos em fácies sedimentares depletadas em

oxigênio. Os estudos dos mecanismos de enriquecimentos/depleções destes elementos

auxiliam na reconstrução das condições paleodeposicionais, especialmente de

paleoprodutividade e paleoredox (TRIBOVILLARD et al., 2006). Os resultados das

análises geoquímicas inorgânicas apresentadas neste trabalho foram obtidos de

GONÇALVES (2005), onde serão abordados apenas os resultados das amostras contidas

neste estudo e sob a ótica de alguns elementos inorgânicos como, S, Ni, Cu, Mo, U e V.

Na Formação Tetuan foram obtidos valores de enxofre total entre 0,57 e 2,55%,

sendo que dois intervalos apresentam-se significavamente mais altos (Figura 5.25) que o

restante da formação. Esses intervalos são interpretados como correlacionáveis aos

eventos de maior influência marinha e com maior anoxia equivalentes aos intervalos

OAE1b e OAE1c.

O comportamento deste elemento em relação aos teores de carbono orgânico total

(COT) não apresentou variação significativa ao longo da Formação Tetuan (Figura 5.26).

Observa-se, no gráfico, uma certa linearidade no eixo das abcissas em torno do valor de

2% de enxofre. Segundo GONÇALVES (2005), na seção analisada depositada sob

condições marinhas, a disponibilidade de sulfato não pode ser invocada para explicar a

falta de covariância entre os teores de enxofre e carbono orgânico. Por outro lado, o

caráter distal da sedimentação e o predomínio de sedimentos carbonáticos justificam a

carência de ferro reativo no ambiente deposicional dos extratos da seção do Rio

Bambuca.

58

0

20

40

60

80

100

120

140

160

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3

S (%)

Pro

fund

idad

e (m

)

Formação Tetuan

Figura 5.25: Gráfico de teor de enxofre total (S) versus profundidade (m) das amostras da Formação Tetuan da seção “Quebrada Bambuca”, Vale Superior de Magdalena.

Formação Tetuan

0

1

2

3

4

5

6

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

COT (%)

S (

%)

Figura 5.26: Gráfico de teor de carbono orgânico total (COT) versus enxofre total (S) das amostras da Formação Tetuan da seção “Quebrada Bambuca”, Vale Superior de Magdalena.

59

Ao contrário do enxofre os outros elementos traços apresentaram mudanças ao

longo da Formação Tetuan. Na Figura 5.27 observa-se podemos observar três intervalos

distintos que podem serem correlacionados aos limites de condições óxicas-subóxidas,

anóxicas e euxínicas. Segundo TRIBOVILLARD et al., 2006, as abundâncias entre U, V,

Mo, Ni e Cu versus COT delimitam essas fronteiras. Em condições anóxicas não há a

presença de H2S livre na coluna d’água e a concentração de oxigênio é extremamente

baixa (<0.2 mg O2/L H2O), já em condições euxínicas temos a presença de H2S e a

concentração de oxigênio é zero (TYSON e PEARSON, 1991). No primeiro intervalo desta

figura com valores de COT até 2,72%, os elementos analisados mostram-se dispersos em

relação a este indicador sugerindo uma condição óxica-subóxida. Acima deste valor até

11,64% de COT verifica-se um enriquecimento de vanádio (V) e consequentemente uma

boa correlação, o que sugere característica de condições anóxicas. Sob condições

euxínicas, nota-se uma certa dispersão nos teores deste elemento. As concentrações de

U, Mo, Ni e Cu são praticamente invariáveis.

Em condições óxicas-disóxicas (teor de COT geralmente (<2%), os elementos

traços são despositados principalmente em associação com a fração detrital do sedimento

resultando na ausência de variação com COT. Sob condições anóxicas, porém não

sulfídicas, Ni e Cu são depositados em grande escala na forma de complexos

organometálicos com limitada difusão de U e V nos sedimentos e precipitados como fases

autigênicas na sequência redox. Sob condições euxínicas, na qual H2S livre está presente

e os os elementos traços são geralmente reduzidos aos seus estados de valência mais

baixos, sulfetos metálicos e oxihidróxidos podem precipitar na coluna d’água ou na

interface água-sedimento (TRIBOVILLARD et al., 2006). Essas condições resultam em

fortes enriquecimentos de U e V e fracas correlações com COT devido a U e V residirem

principalmente nas fases autigênicas minerais ao invés de fases orgânicas (e.g., ALGEO

e MAYNARD, 2004).

60

Figura 5.27: Gráfico de teor de carbono orgânico total (COT) versus concentração (*1000 ppm) dos elementos traços (Ni, Cu, Mo, U e V) das amostras da Formação Tetuan ao longo da seção “Quebrada Bambuca”, Vale Superior de Magdalena.

61

6. Conclusões e Sugestões 6.1 Conclusões

Os resultados das análises geoquímicas realizadas ao longo da seção “Quebrada

Bambuca” no Vale Superior de Magdalena permitiram apresentar as seguintes

conclusões:

• Os teores de carbono orgânico total (COT) das amostras coletadas ao longo da

seção “Quebrada Bambuca” variaram entre 1,42% a 18,75%, sendo que na

Formação Tetuan observou-se dois intervalos demarcados com maiores teores de

COT (18,75% e 13,98%) que sugerem expressivas melhorias nas condições

paleoambientais favoráveis à acumulação e preservação da matéria orgânica.

• Os parâmetros geoquímicos S1, S2 e S3 da pirólise de Rock-Eval ao longo da

Formação Tetuan apresentam dois máximos em regiões que correspondem as

mesmas em que se obtêm os maiores teores de carbono orgânico total.

• Valores de índices de hidrogênio da Formação Caballos entre 250 a 304

mgHC/gCOT e da Formação Tetuan entre 291 a 548 mgHC/gCOT, associados

aos seus respectivos índices de oxigênio de 1 a 15 mgCO2/gCOT e 5 a 23

mgCO2/gCOT, mostram o predomínio de querogênio do Tipo II, com uma

contribuição da matéria orgânica do Tipo I.

• Os Índices de Produção (IP) apresentaram dois máximos em torno de 80 e 120m

ao longo da seção estudada. Os valores de Tmax tiveram poucas variações e as

amostras da Formação Tetuan apresentam um valor médio de 433 ºC,

característico de uma zona imatura (Tmax < 440ºC).

• Os valores de δ13C ao longo da seção “Quebrada Bambuca” obtidos para as

amostras da Formação Tetuan apresentam-se isotopicamente mais depletadas

(valor médio de -27,74‰) que os da Formação Caballos. Esses resultados

62

vinculados aos altos valores percentuais de carbono orgânico total e a idade da

formação sugerem a possibilidade do registro de eventos anóxicos na Formação

Tetuan (OAE1b e OAE1c).

• Os valores mais depletados de δ13C das amostras da Formação Tetuan,

associados aos valores da razão pristano/fitano em torno de 1 a 1,57, e os da

razão hopano/esterano a baixo de 5, e os dados geológicos da literatura sugerem

origem marinha para os depósitos desta formação. Já os resultados destes

mesmos parâmetros para a Formação Caballos apresentam características de

ambientes transicionais.

• Os resultados das razões isotópicas de carbono das amostras de extratos da

Formação Tetuan não sofreram nenhuma influência significativa relacionada as

razões indicativas de maturação térmica 20S/(20R+20S) C29 esteranos e αββ/(

αββ + ααα) C29 esteranos, mantendo assim o aspecto de baixa evolução térmica.

• Os perfis de isótopos de carbono das n-parafinas apresentam comportamentos

similares e apresentam-se concentrados em torno de -29,65 ± 2 ‰. Essa pequena

variação nos valores de δ13C indica que os produtores primários e as respectivas

fontes de carbono não sofreram mudanças significativas durante o tempo de

deposição.

• Os valores das composições isotópicas de hidrogênio das n-parafinas

relativamente depletados em deutério (média em torno δD ≈ -160‰), o perfil

“plano” horizontal de δD dos n-alcanos, e a amplitude isotópica relativamente

pequena, sugerem uma origem marinha e que a água no paleoambiente

permaneceu praticamente constante em termos de D/H ao longo do tempo.

• Os parâmetros de biomarcadores utilizados neste estudo como indicadores do

paleoambiente deposicional sugerem que a matéria orgânica depositada é de

origem marinha na Formação Tetuan e transicional na Formação Caballos. Em

relação aos parâmetros indicadores de maturação térmica, foi observado que tanto

a Formação Tetuan quanto a Caballos são imaturas.

63

• Os valores de enxofre total ao longo da Formação Tetuan apresentaram dois

intervalos significativos com teores mais elevados, reforçando a correlação com os

eventos anóxicos OAE1b e OAE1c. Os elementos traços (U, V, Mo, Ni e Cu)

associados aos teores de carbono orgânico total (COT) delimitaram as fronteiras

das condições deposicionais óxicas-subóxidas, anóxicas e euxínicas ao longo

desta formação.

• Os valores de Vanádio se destacaram em relação aos demais elementos traços,

indicando uma maior concentração com o aumento da porcentagem de carbono

orgânico total sob condições anóxicas.

6.2 Sugestões para trabalhos futuros

� Realizar análises isotópicas em amostras de carbonatos e análises de isótopos de

hidrogênio de saturados em extratos orgânicos da seção “Quebrada Bambuca” em

conjunto com dados de biomarcadores para uma melhor correlação com eventos

anóxicos globais na seção “Quebrada Bambuca”.

� Estudo de análises isotópicas com outros elementos químicos como estrôncio,

enxofre e nitrogênio para uma compreensão mais detalhada da evolução

paleoambiental e biogeoquímica.

� Utilização de outros parâmetros das análises de biomarcadores como

comparativos das condições paleoambientais e do tipo de matéria orgânica.

64

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76

ANEXOS

77

ANEXO 1: Tabela com resultados das análises dos parâmetros geoquímicos das

amostras da seção “Quebrada Bambuca”, Vale Superior de Magdalena :

S: Teor de enxofre total (% peso)

CARB: Teor de carbonato total (% peso)

COT: Teor de carbono orgânico total (% peso)

S1: Hidrocarbonetos livres (mgHC/gRocha)

S2: Potencial gerador de hidrocarbonetos (mgHC/gRocha)

S3: CO2 gerado (mgCO2/gRocha)

Tmax: Temperatura máxima (ºC)

IH: Índice de Hidrogênio (mgHC/gCOT)

IO: Índice de Oxigênio (mgCO2/gCOT)

IP: índice de Produção (S1/(S1+S2))

78

Formações Amostra Posição (m) S CARB COT S1 S2 S3 Tmax IH IO IP

BV-80 138 1.76 22.16 9.15 1.74 45 0.7 436 492 8 0.04

BV-76 134.5 2.48 21.87 12.62 2.31 60 0.58 435 475 5 0.04

BV-71 130 1.63 18.02 13.98 3.51 76.66 1.57 436 548 11 0.04

BV-68 128 10.62 11.64 3.66 56.54 0.98 433 486 8 0.06

BV-65 125.7 0.57 83.91 1.42 0.92 5.84 0.3 431 411 21 0.14

BV-64 124.5 1.83 30.24 7.55 3.84 39.44 0.68 435 522 9 0.09

BV-56 97 2.18 6.24 4.06 0.86 19.12 0.3 435 471 7 0.04

BV-47 90.2 1.98 7.68 4.74 1.23 23.75 0.36 433 501 13 0.05

BV-44 88.3 2.59 30.26 4.57 1.1 22.53 0.38 433 493 12 0.05

BV-43 88 1.83 26.97 7.85 1.97 39.02 0.53 433 497 11 0.05

BV-40A 83 2.55 39.47 11.87 2.81 59.2 1.09 434 499 9 0.05

BV-40 82.7 2.6 30.39 18.75 5.04 96 2.43 432 512 13 0.05

BV-36 79.5 2.39 6.73 1.82 0.8 6.92 0.21 432 380 12 0.1

BV-31 77 0.11 3.65 2.68 0.72 7.81 0.61 428 291 23 0.08

BV-29 75.7 0.26 0.32 2.53 0.7 7.62 0.47 429 301 19 0.08

BV-22 54.5 0.63 8.96 3.72 0.93 12.73 0.53 431 342 14 0.07

BV-19 50.5 1.81 2.72 1.22 13.64 0.37 432 501 14 0.08BV-14 28.5 1.88 4.22 3.74 1.15 19.51 0.6 436 522 16 0.06

BV-11 23.8 2.38 5.99 12.08 4.45 36.72 1.76 438 304 15 0.11

BV-7 16 2.67 6.17 4.67 0.62 11.69 0.04 438 250 1 0.05BV-4 13.8 0.47 5.7 4.3 1.04 11.02 0.28 439 256 7 0.09C

AB

ALL

OS

TE

TU

AN

79

ANEXO 2: Resultados das razões isotópicas de carbono do óleo total, da fração de

aromáticos e de compostos individuais de carbono e hidrogênio.

80

Formações Amostra Posição (m) δ13C total (‰) δ

13C aromáticos (‰)

BV-80 138 -27.41 -27.76

BV-76 134.5 -27.06 -27.79

BV-71 130 -27.47

BV-68 128 -27.61

BV-65 125.7 -28.22 -28.36BV-64 124.5 -28.05

BV-56 97 -28.14 -28.17

BV-47 90.2 -27.17 -27.37

BV-44 88.3 -27.95 -27.75

BV-43 88 -27.51 -27.64

BV-40A 83 -27.93 -27.89

BV-40 82.7 -28.02 -28.02

BV-36 79.5 -28.34 -28.09

BV-31 77 -27.45 -27.38

BV-29 75.7 -28.37 -27.98

BV-22 54.5 -27.67 -27.56BV-19 50.5 -27.25 -27.08BV-14 28.5 -27.78

BV-11 23.8 -25.66

BV-7 16 -24.08 -23.73BV-4 13.8 -24.01

TE

TU

AN

CA

BA

LLO

S

81

82

83

ANEXO 3: Resultados das razões e índices moleculares (biomarcadores) das amostras

da coluna estratigráfica da seção “Quebrada de Bambuca”, calculados com base nas

áreas dos picos identificados nos cromatogramas gasosos e de massas.

Legenda:

• Parâmetros de Cromatografia Líquida

% Aromáticos : Porcentagem de aromáticos

% Saturados : Porcentagem de saturados

% NSO: Porcentagem de resinas e asfaltenos

• Parâmetros de Cromatografia Gasosa

Pri/nC 17: Pristano/nC17

Fit/nC 18: Fitano/nC18

CPI-1: Índice preferencial de carbono 1

17/(17+C27): alcano nC17/(nC17+nC27)

• Parâmetros Bulk

delC13 óleo total : Razão isotópica de carbono (óleo total)

delC13 saturados : Razão isotópica de carbono (saturados)

delC13 aromáticos : Razão isotópica de carbono (aromáticos)

% Res + Asf : Teor de hidrocarbonetos polares (resinas + asfaltenos) (%)

• Razões de Terpanos e Esteranos

HOP/STER: Hopanos/Esteranos.

TRIC/HOP: Tricíclicos/Hopanos.

TRIC/STER: Tricíclicos/Esteranos.

DIA/C27αα: Diasterano/C27 esterano.

DIAH/H30: Diasterano/C30 17α(H), 21β(H)-hopano.

19/23TRI: C19 terpano tricíclico/C23 terpano tricíclico; no cromatograma de massa m/z 191.

Metil Ester./Ester. : Metil Esteranos/Esteranos.

Ts/(Ts+Tm) : C27 18α(H)-22,29,30- trisnorneohopano / [C27 18α(H)-22,29,30-

trisnorneohopano + C27 17α(H)-22,29,30 trisnorhopano]; no cromatograma de massa m/z

191.

84

Norneo/H29 : Norneohopano/ C2917α(H), 21 β(H)-norhopano.

H28/H29: 17α(H), 18α(H), 21β(H)-28,30-bisnorhopano/ C2917α(H), 21 β(H)-norhopano.

H29/H30: C2917α(H), 21 β(H)-norhopano /C30 17α(H), 21β(H)-hopano.

OL/(OL+H30) : Oleanano/(Oleanano +C30 17α(H), 21β(H)-hopano).

GAM/H30:Gamacerano/ C30 17α(H), 21β(H)-hopano.

H35/H34: C35 homohopano (22R+S)/C34 homohopano (22R+22S).

TET/26Tri : Terpano tetracíclico/C26 terpano tetracíclico; no cromatograma de massa m/z

191.

21/23 Tri : C21 terpano tricíclico/C23 terpano tricíclico; no cromatograma de massa m/z 191.

26/25Tri : C26 terpano tricíclico/C25 terpano tricíclico; no cromatograma de massa m/z 191.

20S/(20S+20R)St: 5α(H), 14α(H), 17α(H) 24-etil-colestano 20S / [20S + 20R]; no

cromatograma de massa m/z 217.

αββ/(αββ+ααα): 5α(H), 14β(H), 17β(H) (20S+20R) 24-etil-colestano / [5α(H), 14β(H),

17β(H) (20S+20R) 24-etil-colestano + 5α(H), 14α(H), 17α(H) (20S+20R) 24-etil-colestano];

no cromatograma de massa m/z 217.

%27 αββR&S (m/z 218): 5α(H), 14β(H), 17β(H) (20S+20R) colestano / [5α(H), 14β(H),

17β(H) (20S+20R) colestano + 5α(H), 14β(H), 17β(H) (20S+20R) 24-metilcolestano +

5α(H), 14β(H), 17β(H) (20S+20R) 24-etil-colestano]; no cromatograma de massa m/z 218.

%28 αββR&S (m/z 218): 5α(H), 14β(H), 17β(H) (20S+20R) 24-metil-colestano/ [5α(H),

14β(H), 17β(H) (20S+20R) colestano + 5α(H), 14β(H), 17β(H) (20S+20R) 24-metil-

colestano + 5α(H), 14β(H), 17β(H) (20S+20R) 24-etil-colestano]; no cromatograma de

massa m/z 218.

%29 αββR&S (m/z 218): 5α(H), 14β(H), 17β(H) (20S+20R) 24-etil-colestano / [5α(H),

14β(H), 17β(H) (20S+20R) colestano + 5α(H), 14β(H), 17β(H) (20S+20R) 24-metil-

colestano + 5α(H), 14β(H), 17β(H) (20S+20R) 24-etil-colestano]; no cromatograma

de massa m/z 218.

DIA/REG Colestanos : Diasteranos/Esteranos Regulares.

NOR25H/H30 (m/z 191): 25-norhopano/ C30 17α(H), 21β(H)-hopano; no cromatograma de

massa m/z 191.

25NOR/Hopano ( m/z 177): 25-norhopano/hopano; no cromatograma de massa m/z 177.

TPP (m/z 259): Razão dos poliprenóides tetracíclicos; no cromatograma de massa m/z

259.

TET24/H30: C24 terpano tetracíclico/ C30 17α(H), 21β(H)-hopano.

H29/C29Ts: C2917α(H), 21 β(H)-norhopano /C29 18 α(H)-22,29,30-trisnorhopano.

85

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ANEXO 4: Sumário geoquímico das amostras da coluna estratigráfica da seção

“Quebrada de Bambuca”.

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ANEXO 5: Resultados das análises de ICP-MS em amostras de rocha total da coluna

estratigráfica do Rio Bambuca, Bacia do Vale Superior do Magdalena, Colômbia obtidas

por GONÇALVES (2005).

São apresentadas concentrações em partes por milhão (ppm) de 5 elementos: Níquel

(Ni), Cobre (Cu), Molibdênio (Mo), Urânio (U) e Vanádio (V).

111

Amostra Profundidade (m) Ni (ppm) Cu (ppm) Mo (ppm) U (p pm) V (ppm) S (ppm)

BV-4 13.8 14000 13800 0.6 4300 36000 0.47

BV-7 16 14800 13500 1900 4200 73000 2.67

BV-11 23.8 77000 25500 6900 2300 192000 2.38

BV-14 28.5 51400 20100 20000 4900 247000 1.88

BV-19 50.5 49600 18100 18800 2600 226000 1.81

BV-22 54.5 66400 22200 34500 3800 275000 0.63

BV-36 79.5 45900 14300 20400 5300 170000 2.39

BV-40 82.7 179000 44000 127000 37500 1111000 2.6

BV-40A 83 152000 29100 94000 15700 2.55

BV-43 88 104000 22900 91000 17900 861000 1.83

BV-47 90.2 85000 18700 67000 10200 508000 1.98

BV-56 97 48400 14100 18300 4500 107000 2.18

BV-64 124.5 94000 17700 50700 25000 290000 1.83

BV-65 125.7 19800 4200 7800 2380 48000 0.57

BV-68 128 126000 46000 117000 33000 1698000

BV-71 130 108000 22800 80000 9770 647000 1.63

BV-76 134.5 197000 41000 170000 20300 1494000 2.48BV-80 138 141000 29500 108000 17500 1049000 1.76