hannah arendt e sua concepção de história

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Aluno: Luis Henrique Souza dos Santos DRE: 113082410 Disciplina: Filosofia II Professor: Tito Para o presente trabalho utilizarei o Capítulo 2, O Conceito de História – Antigo e Moderno, contido no livro Entre o Passado e o Futuro, e não em sua totalidade, uma vez que avançarei somente até o momento que foi discutido em sala de aula. Hannah Arendt, como explicitado em aula, foi uma filósofa alemã que consolidou sua atividade profissional e acadêmica nos Estados Unidos por volta dos anos 1950 e em diante. Seus estudos estão fortemente ligados à área da Fenomenologia, o estudo dos fenômenos da consciência. Como diversos filósofos do século XX, Hannah Arendt inicia sua discussão sobre a História, no que eles consideram o berço da civilização ocidental, na Grécia. E é interessantíssimo pensarmos como Arendt nos leva na associação entre História e Natureza para os gregos. Ela assimila os conceitos de imortalidade da Natureza e mortalidade dos homens nos pais da História, – ou pais da narrativa histórica – , como Heródoto, Tucídides e mais tarde Cícero. Tal conceito de imortalidade versus mortalidade, desperta estranheza para o homem moderno, prossegue Arendt,

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Trabalho sobre Hannah Arendt

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Page 1: Hannah Arendt e sua concepção de História

Aluno: Luis Henrique Souza dos Santos

DRE: 113082410

Disciplina: Filosofia II

Professor: Tito

Para o presente trabalho utilizarei o Capítulo 2, O Conceito de História – Antigo e

Moderno, contido no livro Entre o Passado e o Futuro, e não em sua totalidade, uma vez

que avançarei somente até o momento que foi discutido em sala de aula.

Hannah Arendt, como explicitado em aula, foi uma filósofa alemã que consolidou

sua atividade profissional e acadêmica nos Estados Unidos por volta dos anos 1950 e em

diante. Seus estudos estão fortemente ligados à área da Fenomenologia, o estudo dos

fenômenos da consciência.

Como diversos filósofos do século XX, Hannah Arendt inicia sua discussão sobre

a História, no que eles consideram o berço da civilização ocidental, na Grécia. E é

interessantíssimo pensarmos como Arendt nos leva na associação entre História e

Natureza para os gregos. Ela assimila os conceitos de imortalidade da Natureza e

mortalidade dos homens nos pais da História, – ou pais da narrativa histórica – , como

Heródoto, Tucídides e mais tarde Cícero.

Tal conceito de imortalidade versus mortalidade, desperta estranheza para o

homem moderno, prossegue Arendt, uma vez que a nossa noção de História não está mais

ligada à Natureza como para os gregos. Isto, tem relação direta a como concebemos a

nossa existência e como os antigos a concebiam. Assim, a História que Hannah Arendt

destaca com data de nascimento nestas narrativas das grandes ações humanas, não diz

respeito à História como consciência dos homens no tempo, ou melhor dizendo, à

individualidade e à consciência dos seres em seu pequeno espaço de experiência; não, a

História que Hannah Arendt se refere é a História escrita para fazer perdurar o fútil, o

risível perante a imortalidade da Natureza: as plantas sempre estarão ali, tal como as

pedras e as nuvens, ao contrário dos homens que nascem e morrem como indivíduos.

Podemos destacar diversas contestações à ideia de individuo na Antiguidade

grega que Hannah Arendt nos exorta, mas não podemos de forma alguma contestar a

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inteligência da autora ao nos ligar à ideia de mortalidade e imortalidade que não diz mais

respeito a nossa preocupação, no mundo pós-Modernidade.

Dentre outras coisas, podemos destacar também a importância que Arendt

concede à Poesia, assimilando assim Poesia e História: outra diferenciação do ponto de

vista temporal entre a Antiguidade e a Modernidade, onde a Poesia deixa de ocupar o

lugar comum do contar os feitos dos homens e passa ser o uso do prazer de se rimar

versos, no geral de forma romântica.

De outra feita, retomando a consciência histórica diretamente ligada à

sensibilidade do conceito de natureza, Hannah Arendt nos diz que “nosso moderno

conceito de História é não menos ligado ao moderno conceito de natureza” 1; e prossegue

discursando sobre o moderno historiador, que interage com este moderno conceito de

História. Um dos princípios da modernidade, dentro das ciências no geral, é a

imparcialidade. Ora, este sempre foi o foco do trabalho histórico, como bem assinala a

autora ao tratar de como a Guerra do Peloponeso é descrita por Tucídides. Este deixa

claro que seu objetivo é exaltar os feitos de tanto gregos como bárbaros.

Assim, onde está novidade na busca do historiador moderno pela imparcialidade?

Onde está a inovação? Este, elucida Arendt, é também uma questão moderna: a

dicotomia entre ciência natural e ciência humana é infrutífera para o desenvolvimento da

Ciência em si; também a ciência natural está sujeita a sensibilidade histórica, uma vez

que a concepção do mundo se transforma enquadrada no tempo.

De forma completa a autora alemã nos apresenta as raízes da nossa moderna

concepção de História e como esta mesma concepção, no decorrer dos séculos, tem sido

de certa maneira contrariada, como muito bem apontada a dicotomia entre as ciências

naturais e humanas. Podemos então perceber no tom critico de Hannah Arendt à forma de

pensar o mundo na modernidade e como a consciência histórica influência nos diversos

matizes do nosso presente: o tempo compreendido entre o passado e o futuro.

1 ARENDT, Hannah. Entre o Passado e o Futuro. p.78