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1 INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM GENÉTICA, CONSERVAÇÃO E BIOLOGIA EVOLUTIVA – PPG GCBEv Mapeamento Cromossômico e Expressão Gênica do Elemento Retrotransponível Rex1 em Colossoma macropomum (Serrasalmidae, Characiformes) submetidos ao metal pesado Cobre (Cu ++ ) Hallana Cristina Menezes da Silva Manaus, Amazonas Julho de 2016

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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM GENÉTICA, CONSERVAÇÃO E BIOLOGIA EVOLUTIVA – PPG GCBEv

Mapeamento Cromossômico e Expressão Gênica do Elemento Retrotransponível Rex1 em Colossoma macropomum (Serrasalmidae, Characiformes) submetidos ao metal

pesado Cobre (Cu++)

Hallana Cristina Menezes da Silva

Manaus, Amazonas

Julho de 2016

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Hallana Cristina Menezes da Silva

Mapeamento Cromossômico e Expressão Gênica do Elemento Retrotransponível Rex1 em Colossoma macropomum (Serrasalmidae, Characiformes) submetidos ao metal

pesado Cobre (Cu++)

Orientadora: Dra Daniele Aparecida Matoso

Coorientadora: Dra Leila Braga Ribeiro

Manaus, Amazonas

Julho de 2016

Dissertação apresentada ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Genética, Conservação e Biologia Evolutiva.

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FICHA CATALOGRÁFICA

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A todos que contribuíram de alguma forma para a conclusão desse trabalho. À minha família, responsável por toda a minha educação. Ao meu irmão, Aluízio Filho, que eu sempre te sirva de inspiração para as coisas boas.

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“Minha energia é o desafio, minha motivação é o impossível, e é por isso que eu preciso ser, à força e a esmo, inabalável. ”

Augusto Branco

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pela vida.

Minha família, eu não poderia deixar de agradecer, Cristiana (minha mãe),

Aluízio (meu pai), Iara (minha irmã) e principalmente ao meu irmão, Aluízio Filho. Meu

maior desejo sempre foi fazer com que vocês sentissem orgulho de mim. Espero ter feito

isso. Eu amo vocês, muito, e sou grata por tudo que sempre me deram e me dão. Minha

segunda família, que cuidou de mim por tantos anos e até hoje cuida, Tia Rose, Tio

Almir, Amisa, Almira e Amile e Almir Filho, obrigada por tudo. À minha família que

está em Eirunepé, obrigada por toda a força e pelos momentos de diversão nas férias,

obrigada por tudo.

Minha orientadora, Dra Daniele Aparecida Matoso, por tudo que me foi

ensinado, pela confiança que me foi dada e por sempre me tratar como uma “filha

científica”. Sempre será uma honra dizer que trabalhei com a senhora por 4 anos. Minha

coorientadora, Dra Leila Braga Ribeiro, pelas grandes lições de citogenética, muito

obrigada pela paciência e por dedicar um pouco do seu tempo a essa leiga em

citogenética. Eu não poderia ter ou pedir duas “mães científicas” melhores que vocês,

muito obrigada por tudo.

Ao professor Adolfo Mota, meus mais sinceros agradecimentos por ter entrado

nessa com a gente, por ter me ajudado sempre e por tudo que me ensinou. Ao professor

Edson Júnior do Carmo, que foi essencial na etapa de clonagem, meu muitíssimo

obrigada.

Começando a agradecer por partes agora, desde a hora de montar o experimento

que só foi possível por conta da enorme ajuda de Daniel e José, técnicos do INPA, meu

muito obrigada; na hora da coleta, que sem a ajuda da Lorena Leles, do Rafael Travassos

e da Giovanna Maklouf eu estaria completamente perdida, foram vocês que seguraram

a barra comigo sacrificando os 60 peixes, muito obrigada de coração gente.

Aos amigos do LEA, David Bronze, Ennos Oliveira, Francislaide Costa,

Leonardo Kumagai, Lorena Oliveira, Poliana Perrut, Thamiles Gonçalves, Tiara Cabral,

Victória Xabregas; aos amigos que não são do LEA, Gleisson, Ferraz, André Santos,

queria agradecer pela paciência e também por me ensinarem que um trabalho em equipe

é um trabalho onde se tem principalmente respeito um pelos outros, onde nos ajudamos

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sem pedir nada em troca (às vezes eu cobrava uns 50 reais, mas é porque a situação

estava difícil hehehe). Obrigada por 2 anos de muita companhia.

À Coordenadora do LEA, Dra Doriane Picanço Rodrigues, por abrir as portas do

LEA e me receber de uma maneira muito carinhosa e por tudo que me foi ensinado. À

Dra Eliana Feldberg, a quem eu carinhosamente apelidei de minha “avó científica” por

todo o apoio, todo o incentivo, todas as palavras de força, todos os galões de nitrogênio

enchidos (hehehe). Muito obrigada. À Dra Vera Val, por sempre disponibilizar espaço

no LEEM para que nós possamos usar e por todo o suporte.

Aos meus amigos, Thaís, Thallyson, Jennifer, Igor, Alessandra, Cláudia, Maria

Eliza, Janilson, Rafaela, Felipe Tinoco, Rejina, Vanessa, Emanuela, Wesley, Danielle

Silva, por toda a força que vocês me deram durante esses anos de amizade, não só no

mestrado, mas durante toda a vida. Muito obrigada pela paciência da ausência e pela

força. Amo vocês. Ao Max Moraes, que foi indispensável na criação do FLIMA, que

me ouviu e embarcou na ideia de fazer um programa sobre o que não entendia, baby

obrigada por tudo.

Aos meus colegas da turma de mestrado 2014 do INPA, Bruna, Dinho, Gabriel,

Pedro, Rejane, Roberta, Sabrina, Yumi. Passamos por essa forca juntos galera.

Enfim, a todos que direta ou indiretamente ajudaram na realização e conclusão

desse trabalho, meu muito obrigada!

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RESUMO

Os elementos transponíveis são conhecidos pela capacidade de se mover e se

integrar no genoma do organismo hospedeiro. Eles possuem duas classificações: a

classe I é a classe dos retrotransposons que possuem como intermediário da transposição

o RNA, a partir do qual é sintetizado o cDNA e este é inserido no genoma. Os

retrotransposons são classificados de duas maneiras, os que possuem repetições

terminais longas, chamados de retrotransposons LTRs, e os que não possuem essa

repetição, sendo chamados de retrotransposons não – LTRs. Os retrotransposons não –

LTRs ainda podem ser classificados como LINEs (elementos longos interespaçados) e

SINEs (elementos curtos interespaçados); a classe II é composta por transposons de

DNA, que possuem como intermediário o próprio DNA migrando diretamente ou sendo

copiado e inserido no genoma. O Elemento Retrotransponível Rex1 é um

retrotransposon não LTR da família Rex e é encontrado em vários tipos de organismos.

Vários estudos apontam que os retrotransposons da família Rex possuem a capacidade

de resposta ao estresse ambiental. Nesse estudo foram feitos o mapeamento

cromossômico e a quantificação absoluta de Rex1 em Colossoma macropomum

submetidos a estresse ambiental por contaminação da água com cobre. Os resultados

encontrados corroboram a hipótese de que esse retrotransposon possua uma resposta a

esse tipo de estresse no tecido muscular do Tambaqui. No mapeamento cromossômico

encontramos, através da hibridização in situ por fluorescência, maior número de

marcações em animais que foram submetidos ao estresse e as imagens foram

quantificadas no software FLIMA, confirmando esse dado através do maior coeficiente

de fluorescência. Na quantificação absoluta das amostras de músculo de Tambaqui a

partir da PCR Real – Time, também encontramos maiores números de cópias de Rex1

nas amostras que foram submetidas ao estresse ambiental por cobre.

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ABSTRACT

The transposable elements are known for their ability to move and integrate into

the genome of the host organism randomly. They have two classifications: Class I is the

retrotransposons' class that have as an intermediary transposition RNA, which from it is

synthesized cDNA and this is inserted into the genome. The retrotransposons are

classified in two ways, those with long terminal repeats, called retrotransposons LTRs

and those who do not have this repetition is called retrotransposons not - LTRs. The

retrotransposons not - LTRs can still be classified as LINEs (long interspersed elements)

and SINES (short interspersed elements); Class II is composed of DNA transposons,

which have their own DNA as an intermediary migrating or being directly copied and

inserted into the genome. The Rex1 is retrotransposon not-LTR of Rex family and is

found in several types of organisms. Several studies indicate that the Rex family

retrotransposons have the capacity to respond to environmental stress. In this study we

were made chromosome mapping and the absolute quantification Rex1 in Colossoma

macropomum that have undergone environmental stress by water contamination with

copper. The results corroborate the hypothesis that this retrotransposon has a response

to that kind of stress in the muscle tissue of the Tambaqui. Found in chromosome

mapping by fluorescence in situ hybridization, highest number of tags in animals which

were subjected to stress and images were quantified in the FLIMA software, confirming

that data through the highest fluorescence ratio. In Tambaqui absolute quantitation of

muscle samples from the PCR Real - Time also found larger numbers of copies of Rex1

the samples were subjected to environmental stress copper.

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SUMÁRIO

1. Introdução .......................................................................................................... 14 1.1 Informações gerais sobre o tambaqui: Aspectos econômicos e Moleculares ........ 14

1.2 Os elementos transponíveis e sua possível resposta a alterações ambientais ........ 16

1.3 Os elementos retrotransponíveis da família Rex .................................................. 21

1.4 O uso do sulfato de Cobre na piscicultura e seu impacto ambiental .................... 22

1.5 Hipóteses ............................................................................................................ 23

2. Objetivo Geral ................................................................................................... 23 2.1 Objetivos específicos .......................................................................................... 24

3. Material e Métodos ............................................................................................. 24 3.1 Material e desenho experimental ......................................................................... 24

3.2 Métodos ............................................................................................................. 26

3.2.1 Obtenção de cromossomos mitóticos ................................................... 26

3.2.2 Detecção da Heterocromatina Constitutiva (Técnica de Banda C) ........ 27

3.2.3 Extração de DNA ................................................................................ 27

3.2.4 Isolamento das Sequências Repetitivas por PCR (Polymerase Chain Reaction) ...................................................................................................... 28 3.2.5 Hibridização in situ por Fluorescência (Técnica de FISH) .................... 29

3.2.6 Elaboração do software para a quantificação da fluorescência da FISH 30

3.2.7 Reação de Polimerização em Cadeia das amostras de DNA Genômico para a Quantificação Absoluta das amostras via PCR Real – Time ............... 31

3.2.8 Clonagem dos fragmentos de Rex 1 e Reação de Sequenciamento das Amostras Amplificadas ............................................................................................ 31

3.2.9 Confecção de Primers Específicos para a Reação de PCR Real - Time . 32

3.2.10 Reação de PCR Real – Time (qPCR) para a Quantificação das amostras ...................................................................................................................... 33

4. Resultados e Discussão ....................................................................................... 35

4.1 Capítulo 1 – Artigo 1: Quantificação diferencial e mapeamento cromossômico do elemento retrotransponível Rex1 em Colossoma macropomum (Serrasalmidae, Characiformes) expostos a estresse ambiental por cobre (Cu++) ................................ 36

4.1.1 Introdução ............................................................................................ 36

4.1.2 Material e Métodos ............................................................................... 38 4.1.2.1 Desenho experimental ........................................................... 38

4.1.2.2 Extração de DNA e Reação em cadeia da Polimerase (PCR) . 38

4.1.2.3 Clonagem .............................................................................. 39

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4.1.2.4 Sequenciamento das amostras clonadas para a quantificação por PCR Real - Time ............................................................................... 39

4.1.2.5 Confecção dos primers específicos para a reação de PCR Real - Time ................................................................................................. 39

4.1.2.6 Reação de PCR Real – Time para a quantificação absoluta das amostras ............................................................................................ 39

4.1.2.7 Análises estatísticas ............................................................... 40

4.1.2.8 Bandeamento C ..................................................................... 40

4.1.2.9 Hibridização in situ por fluorescência (FISH) ........................ 40

4.1.3 Resultados ........................................................................................... 40

4.1.4 Discussão ............................................................................................. 47

4.2 Capítulo 2 – Artigo 2: Fluorescence Image Analyzer – FLIMA: Software para análise quantitativa de Hibridização in situ (FISH) ................................................... 51

4.2.1 Introdução ............................................................................................ 51

4.2.2 Material e Métodos ............................................................................... 52

4.2.3 Resultados e Discussão ......................................................................... 53

5. Conclusões Gerais ............................................................................................... 57

6. Referências .......................................................................................................... 58

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Lista de Figuras

Introdução

Figura 1: Colossoma macropomum – Tambaqui ....................................................... 14

Figura 2: Cariótipo de C. macropomum, coloração convencional Giemsa (Irchio et al.,

2003) .......................................................................................................................... 16

Figura 3: Esquema de retrotransposons ..................................................................... 18

Material e Métodos

Figura 3: a e b) Tanques de polietileno montados; c e d) Espécimes de tambaqui sendo

aclimatados nos tanques de polietileno ...................................................................... 25

Artigo 1

Figura 1: Quantificação das amostras que tiveram 48 horas de exposição ao metal .. 41

Figura 2: Quantificação das amostras que tiveram 72 horas de exposição ao metal .. 42

Figura 3: Gráfico para as amostras expostas à 48 horas ao sulfato de cobre (Cu)

apresentando sobreposição de valores das médias entre o grupo experimental e o grupo

controle ...................................................................................................................... 43

Figura 4: Gráfico apresentado as amostras sob exposição de 72 hoas ao sulfato de cobre

(Cu) ............................................................................................................................ 44

Figura 5: Distribuição da heterocromtina pelo bandeamento C e mapeamento

cromossômico pela FISH do elemento transponível Rex 1 em C. macropomum expostos

à 48 horas de sulfato de cobre 30% da CL50 ............................................................ 46

Artigo 2

Figura 1: Interface inicial do software FLIMA ......................................................... 55

Figura 2: Interface de análise dos resultados do software FLIMA ........................... 56

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Lista de Tabelas

Material e Métodos

Tabela 1: Combinações de primers feitas na PCR Real – Time ................................ 33

Artigo 1

Tabela 1: Valores de números de cópias apresentados na quantificação absoluta via PCR

Real – Time a partir da fórmula de avogrado ............................................................. 45

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1. INTRODUÇÃO 1.1 Informações Gerais sobre o Tambaqui: Aspectos econômicos e moleculares

O Colossoma macropomum, mais conhecido como Tambaqui, é um dos mais

populares peixes da região amazônica. Segundo dados da Embrapa, em 2011 o tambaqui

representou 67% da produção nacional de pescado e em 2014 o Ministério da Pesca e

Aquicultura estimou que a produção tenha aumentado para 87% (Ministério de Pesca e

Aquicultura, 2011; SEBRAE, 2014). Chegando a pelo menos um metro de comprimento

total e 30 kg, o Tambaqui é o segundo maior peixe da bacia Amazônica e foi descrito

por Cuvier em 1818 (Goulding & Carvalho, 1982) (Figura 1).

Figura 1: Colossoma macropmum – Tambaqui (Soares et al., 2008).

O habitat comum do tambaqui compreende lagos e rios de águas pretas, claras e

brancas (Araújo – Lima & Goulding, 1998; Soares et al., 2008). Sua dieta é dividida em

duas fases. Os peixes juvenis se alimentam de zooplâncton, sementes e frutas e, quando

adultos, sua dieta alimentar é composta principalmente por frutos (Goulding & Carvalho

1982; Saint - Paul, 1986). Este peixe também é conhecido por suportar ambientes onde

há hipóxia (suportam viver em habitats que possuem pouco oxigênio) possuindo um

sistema de respiração de emergência, onde ocorre o aumento do lábio inferior (Saint –

Paul, 1986; Soares et al., 2008).

Características como uma carne com baixo teor de gordura, rusticidade, altas

taxas de fecundidade, crescimento rápido, resistência a mudanças abruptas de pH e

baixas concentrações de oxigênio dissolvido, e a capacidade de aceitar alimentos de

várias fontes, favorecem a criação do tambaqui em sistemas de criação intensiva (Junk

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1985; Araújo-Lima & Goulding 1998; Mendonça et al. 2009; Dairiki & Silva 2011).

Essa espécie é a segunda mais cultivada no Brasil e contribui com mais de 20% da

produção pesqueira de aquicultura continental (Ministério de Pesca e Aquicultura 2011),

sendo observada uma tendência nacional no aumento no número de produtores de

tambaqui. De acordo com dados estatísticos de produção de tambaqui no país, pode-se

observar um contínuo crescimento nos últimos anos, com um crescimento de 123% na

produção entre os anos de 2003 e 2009, com médica anual de 14% (Dairiki & Silva

2011).

Vários estudos já foram realizados com o tambaqui no que diz respeito a análises

da variabilidade populacional, propriedades fisiológicas e do seu transcriptoma. Prado

– Lima & Val (2016) realizaram o primeiro estudo do transcriptoma de tambaqui

expostos a três mudanças climáticas distintas onde os autores identificaram vários genes

que podem ser empregados como marcadores genéticos para rastrear mudanças

climáticas, identificaram processos biológicos e vias intracelulares relacionadas a

alterações na expressão gênica e identificaram elementos repetitivos que podem ser

utilizados para o desenvolvimento de futuros marcadores genéticos. Porém, atualmente

existem poucos estudos focando a análise da expressão gênica bem como o mapeamento

de elementos repetitivos móveis no genoma dessa espécie. Sobre as características

citogenéticas, Almeida – Toledo et al. (1987) fizeram a descrição cariotípica de machos

de Tambaqui e Nirchio et al. (2003) também apresentaram a sua caracterização

citogenética. Em ambos os estudos o cariótipo foi composto pelo número diploide 2n =

54, onde 14 pares são metacêntricos e 13 pares de cromossomos são submetacêntricos

(Figura 2) (Nirchio et al., 2003).

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Figura 2 – Cariótipo de Colossoma macropomum, coloração convencional Giemsa (Nirchio et al., 2003).

1.2 Os elementos transponíveis e sua possível resposta a alterações ambientais

Os Elementos Transponíveis (TEs) possuem a capacidade de se mover e se

integrar ao genoma do organismo hospedeiro. Acredita – se que por essa habilidade,

eles possuam um mecanismo de resposta a variações ambientais, sendo um dos

responsáveis pela adaptação ambiental dos organismos por meio de mecanismos como

fenômenos de mosaicismo, grande plasticidade fenotípica e geração de variabilidade

genética intraespecífica (Whitelaw & Martin, 2001), além de efeitos sobre o controle e

regulação da expressão gênica no genoma (Mita & Boeke, 2016). Eles podem ser

classificados como retrotransposons(Classe I) (Kazazian, 2007) e transposons de DNA

(Classe II), que diferem nas suas características estruturais e moleculares, e também no

modo de transposição (Burt & Triver, 2006).

Os transposons de DNA são encontrados, principalmente, em bactérias, mas

também podem ser encontrados em insetos, vermes e humanos (Finnegan, 1985; Craig

et al., 2002). Esta classe, chamada Classe II, possui como intermediário o próprio DNA

e pode se mover no genoma de duas maneiras: sendo cortado de um sítio no genoma e

inserido em outro ou pelo mecanismo de “cópia e cola” onde através da enzima

transposase, esse fragmento de transposons é copiado e colado em outro sítio do

genoma. Essa reação ocorre por meio da hidrólise das ligações fosfodiéster entre os

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transposons e o DNA dupla fita, para liberar os resíduos de 3’OH para que o transposons

seja inserido no novo sítio (Finnegan, 1985; Craig et al., 2002).

Os retrotransposons (classe I) são transposons que possuem como intermediário

o RNA. Estes fazem uma transcrição reversa e seu cDNA é incorporado ao genoma.

Podem ser de dois tipos: os retrotransposons LTRs, que possuem uma repetição terminal

longa (LTR – Long Terminal Repeat) em ambas as extremidades; e, os retrotransposon

não – LTRs, que não possuem repetições terminais longas, ao invés disso possuem uma

sequência poliadenilada em sua terminação 3’. A forma de replicação desses

retrotransposon se assemelha à dos retrovírus, pois ambos precisam conter a maquinaria

necessária para a síntese do cDNA a partir do RNA e inserí – lo no genoma (Xiong &

Eickbush, 1988; Voytas et al., 2002). Os retrotransposons não LTRs ainda podem ser

classificados em dois tipos: elementos longos intercalados, mais conhecidos como

LINEs (Long Interspersed elements) e os elementos curtos intercalados, mais

conhecidos como SINEs (Short Interspersed Elements). Os elementos LINEs possuem

um comprimento de 4 – 6 kb e geralmente possuem duas ORFs (Open Reading Frame),

uma que codifica a proteína responsável pela ligação do retrotransposon no genoma e

outra que codifica a transcriptase reversa para a síntese de cDNA. O conhecimento

acerca do método de transposição dos elementos SINEs ainda é escasso, mas acredita-

se que eles utilizam da maquinaria dos elementos LINEs para fazer a sua transposição

(Kazazian, 2007). A figura 3 apresenta a estrutura dos tipos de retrotransposons já

estudados.

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Figura 3: Esquema de retrotransposons. Os retrotransposons (Classe I de Transposons) são subclassificados em duas categorias: Retrotransposons LTR (Long Terminal

Repeats), que são semelhantes a retrovírus exógenos e divididos em várias subfamílias; e os retrotransposons não – LTR, que incluem LINEs (ou seja, L1Hs),

SINEs (ou seja, Alus) e, em humanos, elementos SVAs (elementos SINE – VNTR – Alu, subdividos em classes A – F). Os domínios transcricionalmente ativos dos

diferentes retroelementos são indicados com cilindros quadriculados. Os triângulos indicam duplicações no local alvo (TSD). Alu – like na figura, significa a orientação

invertida destes domínios em elementos SVA. Abreviaturas: UTR, região não traduzida; ORF, de leitura aberta; PT, domínio endonuclease; RT, domínio

transcriptase reversa; Na, domínio rico em A; pA, poli – A; A B, domínios essenciais para a transcrição de SINE; VNTR, número variável de repetições alvo; Pro, protease; Gag, gene de antígeno grupo – específico (proteína de revestimento); Pol, polimerase (transcriptase reversa); Env, gene de envelope; IN, integrasse (Mita & Boeke, 2016).

Antigamente, acreditava-se que os TEs eram “DNA lixo”, ou seja, não possuíam

e nem apresentavam características que somassem ao genoma do indivíduo. Então, em

1940, Bárbara McClintock através de seu estudo com padrão de coloração do milho

observou que haviam sequências de DNA capazes de andar pelo genoma da planta e,

observou ainda que essas sequências podiam alterar o funcionamento de alguns genes.

A essas sequências ela deu o nome de “elementos controladores”. Porém alguns

pesquisadores não acreditavam que esses elementos possuíssem a capacidade de se

mover tanto a ponto de causar mutações no organismo (Biémont, 2010). Em 1970, um

estudo sobre o cruzamento de linhagens específicas de Drosophila melanogaster

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mostrou que essas linhagens cruzadas possuíam diversas mudanças genéticas, incluindo

esterilidade, aumento das mutações e das taxas de recombinação. Alguns anos depois,

Picard et al. (1978), Kidwell et al. (1979), Rubin et al. (1982) e Engel (1988)

confirmaram que esses eventos estavam acontecendo associados a elementos

transponíveis específicos.

O interesse nos TEs aumentou quando vários genomas foram sequenciados e

observou-se haver uma grande quantidade dessas sequências móveis no genoma de

diversos organismos. Assim, estimou-se que os TEs compõem grande parte do genoma

total de diferentes organismos. Em Drosophila chegua a aproximadamente 12%, em

seres humanos 45% e em algumas espécies de plantas eles cheguam a 90% de

composição no genoma (Flavell, 1986; Sanmiguel et al., 1996; Kindwell & Minar,

1997; Bennetzen, 2000). Em alguns estudos estimou-se que as proporções de mutações

induzidas pelos TEs sejam extremamente baixas comparadas a sua quantidade no

genoma e acredita-se que, em alguns casos, sua abundância no genoma não esteja ligada

a sua atividade (Kindwell & Lish, 2002).

A compreensão acerca dos TEs melhorou a partir do aumento de dados

genômicos e do conhecimento dos sistemas de regulação epigenéticos dos TEs. No

momento, acredita – se que esses elementos sejam ativados por estresse biótico e

abiótico (García Guerreiro, 2012). A duplicação e a mobilização dos elementos

transponíveis não são tidos como mecanismos aleatórios e em plantas, percebeu – se

que eles possuem transposição espontânea. Esses mecanismos podem ser controlados

por sinais celulares, por fatores externos como ataque de parasitas, e outros tipos de

estresse, ou ainda, baseados na auto – regulação, onde o próprio elemento restringe a

sua movimentação de acordo com a abundância no genoma (Charlesworth & Langley,

1986; Deininger et al., 2003; Almeida & Carareto, 2005; Burt & Trivers, 2006).

García Guerrero (2012), em seu trabalho de revisão, apresenta uma síntese dos

trabalhos já realizados com Drosophila associando estresse ambiental e os TEs, e qual

desses estresses foram suficientes para ativá-los. Strand e McDonald (1995), Junakovic

et al. (1986), Ratner et al. (1992), Vasilyeva et al. (1999), Bubenshchikova et al. (2002)

fizeram experimentos de choques térmicos em Drosophila e notaram a ativação de TEs

como copia, copia – like e 412. Eeken & Sobles (1986) e Zabanov (1995), realizaram

experimentos utilizando radiação e encontraram ativação de TEs como o elemento P e

412. Blount et al. (1985) e Vasilyeva et al. (2003), trabalhando com estresses químicos

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como a utilização de EMS, MMS e etanol e encontraram ativação nos TEs elemento P

e 412. Potter et al. (1979), Junakovic et al. (1988), Di Franco et al. (1992) e Maisochaute

et al. (2007), realizaram experimentos com cultura de células e encontraram ativação

dos TEs copi – like e 1731. E Nabirochkin et al. (1998), realizou experimentos com

injeções virais e encontrou a ativação do TE mdg2. Nos trabalhos citados, vários outros

TEs foram testados, porém, cada TE respondia de maneira diversa conforme o tipo de

estresse indutor aplicado, sugerindo que cada TE possui um mecanismo intrínseco de

regulação/ ativação genômica e, por isso, pode apresentar diferentes respostas

dependendo do agente estressor e do ambiente de estresse ao qual o organismo é

submetido.

Na década de 1970, quando os estudos com TEs haviam começado e tinha-se

um interesse em conhecer esses elementos, utilizava-se a técnica de Southern Blot para

estimar o seu número de cópias no genoma. Quanto a sua localização cromossômica, a

hibridização in situ foi utilizada para mapear esses elementos nos genomas dos

organismos. A hibridização in situ foi a técnica mais utilizada para a localização dos

TEs, porque a partir dela pode-se estimar a detecção do polimorfismo de sua inserção

dentre e entre as populações e ainda a quantidade de cópias comparadas entre os

cromossomos (Biémont, 2010). Atualmente ainda se usa a hibridização in situ por

fluorescência para estimar a quantidade de TEs distribuídos nos cromossomos dos

organismos, porém a técnica de Southern Blot foi substituída pela possibilidade de se

fazer a PCR Real – Time na forma de quantificação absoluta para estimar, mais

precisamente, o número de cópias de TEs no genoma dos organismos.

Em peixes, os TEs parecem estar diretamente relacionados à evolução genômica

e todos os retrotransposons já descritos até o momento foram encontrados no genoma

desses animais (Okada et al., 1997; Poulter et al., 1999; Volff et al., 1999; Aparicio et

al., 2002). Além disso, uma abordagem aplicada para os estudos de TEs em espécies de

peixes comerciais pode ser relacionada ao uso dessas sequências móveis como

transportadores de genes, gerando assim novos produtos biotecnológicos (Phillips &

Reed, 1996; Largaespada, 2003; Tafalla et al., 2005).

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1.3 Os elementos retrotransponíveis da família Rex

Em peixes, TEs do tipo não – LTR da família Rex são os que possuem a melhor

caracterização até o momento, mostrando – se ativos na evolução desse grupo e

amplamente distribuídos no seu genoma (Volff et al., 1999; Volff et al., 2000; Volff et

al., 2001). Os elementos retrotransponíveis da família Rex possuem esse nome porque

foram primeiros relatados em peixes do gênero Xiphophorus (Retrotransposable

Elements of Xiphophorus – Rex). O primeiro retrotransposon a ser descrito foi o Rex3

em um trabalho realizado por Volff et al. (1999), onde eles utilizaram a clonagem para

o sequenciamento do fragmento de retrotransposon que ainda não era conhecido e a

técnica de Southern Blot para a estimativa de número de cópias de Rex3 no genoma.

Não foram encontradas regiões LTR flanqueando esse retrotransposon, sendo concluído

assim que este pertence à família de retrotransposons não – LTRs. Foi descrito também

que o Rex3 codifica uma transcriptase reversa com nove domínios conservados

encontradas em retrotransposons não – LTRs (Volff et al., 1999).

O segundo retrotransposon da família Rex identificado foi o Rex1, também em

um estudo feito por Volff et al. (2000). Esse estudo também caracterizou o Rex1 como

sendo um retrotransposon não – LTR que possui uma sequência que codifica um produto

semelhante a transcriptase reversa. A metodologia usada neste trabalho foi semelhante

à usada para a descrição do Rex3, fazendo uso da clonagem para posterior

sequenciamento do retrotransposon. Neste sequenciamento foram identificadas 3

sequências variantes de Rex1. Neste trabalho também se sustentou a hipótese de que os

retrotransposons possuem a capacidade de transferência horizontal, uma vez que o autor

cita que o Rex1 também foi encontrado em espécies da família Anguilla e isso poderia

ser um exemplo raro dessa transferência em organismos vivos (Volff et al., 2000).

O último Rex descrito também por Volff et al. (2001) foi o Rex6. Utilizando a

mesma metodologia, o Rex6 também foi descrito como um retrotransposon não – LTR

que codifica uma transcriptase reversa. Porém, nesse retrotransposon foi identificado

uma sequência que corresponde a uma enzima de restrição semelhante à endonuclease,

sendo este o único retrotransposon codificando essa enzima que é utilizada para clivar

o seu local de retrotransposição no genoma (Volff et al., 2001).

Todos os três retrotransposons da família Rex descritos por Volff et al. (1999,

2000 e 2001) foram identificados como tendo papéis importantes na dinâmica evolutiva

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dos peixes estudados e de vertebrados. Alguns trabalhos mais recentes sustentam a

hipótese de que os retrotransposons da família Rex também possuem mecanismos de

resposta a estresses ambientais, iguais aos outros retrotransposons mais conhecidos.

Ribeiro (2013), estudou a distribuição de Rex1, Rex3 e Rex6 em Colossoma

macropomum quando estes foram aclimatados em diferentes temperaturas,

evidenciando um maior número de marcações nos cromossomos dos indivíduos

mantidos a 22ºC, considerada estressante para o tambaqui. O primeiro trabalho com

análise da expressão diferencial de Rex6 foi realizado por Barbosa et al. (2014). Nesse

estudo os autores obtiveram como resultado que tecidos como brânquias, fígado e

músculo de Colossoma macropomum tem um maior nível de expressão em água clara,

quando comparados com a água preta, talvez pelo fato dos tipos de águas apresentarem

diferenças físico – químicas. Outro estudo feito por Silva et al. (2016) utilizando

Hoplosternum litoralle em dois diferentes tipos de água, mostrou que animais que

habitam em águas poluídas apresentam, através da hibridização in situ por fluorescência,

mais marcações de Rex 3 em relação aos animais que habitam o tipo de água não

poluída.

1.4 O uso do sulfato de cobre na piscicultura

Um dos principais problemas ambientais nos dias de hoje é o aumento mundial

da contaminação de sistemas de água doce por compostos químicos industriais e

resíduos domésticos (Schuwarzenbach et al., 2006) e dentre várias fontes de poluição,

ações como descarga de águas não tratadas, resíduos de efluentes industriais e resíduos

de aquicultura são as principais fontes de poluição das águas interiores (Sampaio et al.,

2013). Sabe – se que nos viveiros de produção existe uma alta densidade de matéria

orgânica devido ao grande número de espécimes que lá são cultivados e como

consequência disso, fica difícil manter a qualidade da água nesses viveiros (Kubtiza,

1998). O sulfato de cobre (CuSO4) foi uma maneira que os aquicultores encontraram

para contornar os problemas no processo produtivo causado pela matéria orgânica nos

tanques, porém essa substância causa efeitos tóxicos quando usada (Beaumont et al.,

2000; Novelli – Filho et al., 2000). O sulfato de cobre é aplicado em reservatórios, lagos,

e em viveiros em busca do controle da floração de algas e do crescimento de organismos

aquáticos indesejados nos viveiros (Thornton, 1997; Rast, 1997) e é também utilizado

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como agente terapêutico no controle de doenças bacterianas branquiais e outros

parasitas (Reardon, 1990; Harrel, 1990).

O íon cobre é um metal pesado traço essencial para os organismos, sendo

requerido em pequenas quantidades pois servem como importantes co-fatores de

funções catalíticas. Porém, quando utilizado em altas concentrações pode ser nocivo ao

organismo, sendo capaz de causar sérios impactos nos sistemas fisiológicos, estruturais

e nos sistemas metabólicos (Nriagu, 1990) sendo assim caracterizado como uma forma

de estresse aos organismos de água doce.

Com base no que foi citado, a utilização de TEs em análises de expressão gênica

e em estudos envolvendo o mapeamento cromossômico pode proporcionar uma melhor

compreensão sobre a organização genômica do tambaqui. Além disso, o entendimento

de como os TEs se comportam frente a estresses ambientais é importante para subsidiar

estudos de genética aplicada.

1.6 Hipóteses

H0: Ao expor espécimes de Colossoma macropomum ao agente estressor cobre,

o retrotransposon Rex1 não apresentará replicação e transcrição alteradas no genoma

dessa espécie, sem significativa expressão. Além disso apresentar – se – à pouco

disperso em ambas as condições (controle e experimental).

H1: Ao expor espécimes de Colossoma macropomum ao agente estressor cobre,

o retrotransposon Rex1 apresentará maior replicação e transcrição no genoma dessa

espécie, com expressão diferencial nas condições experimental e controle. Além disso

apresentar – se – à amplamente disperso em diferentes regiões cromossômicas.

2. OBJETIVO GERAL

Estudar a estratégia de resposta adaptativa do genoma da espécie Colossoma

macropomum quando exposto ao agente estressor cobre, através de análises

citogenéticas e de quantificação absoluta do elemento repetitivo Rex1.

2.1 Objetivos Específicos

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Analisar os níveis de quantificação absoluta do elemento retrotransponível Rex1

no genoma de C. macropomum submetidos a estresse por exposição aguda ao

metal pesado cobre e em espécimes do grupo controle;

Mapear em cromossomos metafásicos de C. macropomum o elemento

retrotransponível Rex1 em espécimes expostos ao metal pesado cobre e grupo

controle por meio de hibridização in situ por fluorescência;

Comparar a localização cromossômica do Rex 1 com os tipos de cromatina em

espécimes expostos ao sulfato de cobre e em indivíduos do grupo controle;

Correlacionar os resultados encontrados no mapeamento cromossômico e

quantificação absoluta, a fim de detectar variações entre as duas condições

experimentais.

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3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Material e desenho experimental

Sessenta juvenis de tambaqui (Colossoma macropomum), oriundos de

piscicultura, foram aclimatados durante quinze dias em tanques de polietileno na

estrutura montada no Bloco M – Universidade Federal do Amazonas (Figura 3). Seis

tanques de polietileno foram montados, e em cada tanque foram dispostos 10 animais

experimentais. O sistema de aclimatação foi mantido com circulação de água aberta,

circulação de oxigênio aberta e a temperatura da água nos tanques foi mantida entre

27ºC (+/- 2ºC). Os animais foram alimentados todos os dias com ração comercial

(aproximadamente 36% de proteínas) durante o período de aclimatação uma vez ao dia,

sendo retirado o que não foi ingerido para evitar formação de matéria orgânica nos

tanques.

Figura 4: a e b) Montagem do experimento; c e d) Aclimatação dos espécimes juvenis de tambaqui.

Após as duas semanas de aclimatação, a água foi retirada e o volume foi

completado para 240 litros. Os três primeiros tanques, escolhidos como tanques

experimentais receberam 30% da CL50 calculada de cobre descrita para o tambaqui

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(CL50-96h = 0,380 mg/L; 30% CL50-96h = 0,114 mg/L) (Figueiredo et al., 2014), e seu

sistema de água foi fechado. Os três tanques restantes foram os dos animais utilizados

como animais controle, com 10 espécimes em cada tanque e seu sistema de água foi

fechado.

Na primeira parte do experimento, os animais foram mantidos em água

contaminada com cobre por um período de 48 horas. Destes animais, quinze espécimes

de cada tratamento (experimental e controle) foram anestesiados com água gelada e

sacrificados. Na segunda parte do experimento, os demais espécimes foram mantidos

em água contaminada com cobre mais um dia, totalizando 72 horas de exposição.

Quinze espécimes foram anestesiados com água gelada e sacrificados, bem como os

quinze restantes do grupo controle. Os tecidos retirados foram: rins, para as análises

citogenéticas e músculo, para as análises de quantificação absoluta.

3.2 Métodos

3.2.1 Obtenção de cromossomos mitóticos

A metodologia utilizada consistiu na utilização do protocolo de GOLD et al.,

1990, com algumas adaptações. Nessa metodologia, o rim foi retirado, colocado em uma

cuba de vidro contendo 10mL de meio de cultura RPMI 1640 a temperatura ambiente e

o material foi dissociado com o auxílio de seringas descartáveis sem agulha. Foi

adicionado ao material dissociado cerca de quatro gotas de colchicina 0,0125% e

deixado em temperatura ambiente por cerca de 25 minutos. Com o auxílio de uma pipeta

Pasteur, o material foi ressuspendido, passado para um tubo Falcon de 10mL e

centrifugado durante 10 minutos a 900 RPM. O sobrenadante foi removido com uma

pipeta Pasteur e foi acrescentado ao tubo solução hipotônica de KCl a 0,075M de modo

a completar o volume no tubo Falcon (10 – 12mL). O material foi ressuspendido e

incubado durante 25 minutos em estufa a 36 – 37ºC. Passado esse tempo, o material foi

ressuspendido novamente com bastante cuidado, a suspensão obtida foi transferida para

um novo tubo, de modo que os pedaços de tecido ainda não desfeitos foram descartados,

acrescentou-se algumas gotas de fixador (álcool metílico 3: ácido acético 1) recém

preparado, o material foi ressuspendido novamente e centrifugado a 900 RPM durante

10 minutos, depois o sobrenadante foi descartado com uma pipeta Pasteur. Foi

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adicionado, vagarosamente, de 6 a 8mL de fixador recém preparado, deixando escorrer

através das paredes do tubo Falcon, o material foi ressuspendido cuidadosamente com

o auxílio da pipeta Pasteur e centrifugado novamente a 900 RPM durante 10 minutos.

Esse passo foi repetido mais uma vez para a melhor limpeza da suspensão. Após a última

centrifugação e eliminação do sobrenadante foi adicionado cerca de 1,5mL de fixador e

o material foi ressuspendido novamente. A suspensão foi passada para um microtubo de

1,5mL e guardado em freezer.

Para a preparação das lâminas, as mesmas foram lavadas, secas ao ar e

posteriormente imersas em água destilada a 50ºC. Após 5 minutos, as lâminas foram

retiradas da água de forma a manter uma película de água sobre a sua superfície, na qual

foi gotejada a suspensão celular em diferentes regiões. As lâminas secaram ao ar e foram

posteriormente coradas em Giemsa 5% por 10 minutos para observação em microscópio

óptico.

3.2.2 Detecção da Heterocromatina Constitutiva (Técnica de Banda C)

Após a análise prévia das preparações celulares, as lâminas foram submetidas à

técnica de bandeamento C, utilizada para a caracterização da heterocromatina

constitutiva segundo o protocolo de Sumner em 1972, com algumas modificações. As

lâminas contendo as preparações cromossômicas foram tratadas durante 2 minutos com

HCl 0,2N em temperatura ambiente, lavadas em água destilada e secas ao ar. Logo após,

as lâminas foram incubadas em hidróxido de Bário (BaOH) 5%, recém preparada e

filtrada, durante 2 minutos e 20 segundos em uma temperatura de 42ºC. A ação do BaOH

foi interrompida imergindo a lâmina em solução de HCl 0,2N a 42ºC durante 20

segundos e lavou-se logo depois em água destilada, deixando-as secar ao ar. Depois de

secas, as lâminas foram incubadas durante 20 minutos em solução 2xSSC (Cloreto de

Sódio 0,3M e Citrato Trisódico 0,03M, pH 6,8) em banho Maria a 60ºC, lavadas e secas

ao ar. Logo após, elas foram coradas com Iodeto de Propídeo (20µL de antifade + 1µL

de iodeto de propídeo), cobertas com lamínula e analisadas em microscópio de

fluorescência Olumpus BX51.

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3.2.3 Extração de DNA

A extração de DNA foi realizada das amostras de músculo coletadas seguindo o

protocolo básico de Sambrook (1979) que consiste na utilização de fenol, com umas

poucas modificações. Anterior ao processo de extração foi feito um tampão de lise que

consiste em 8mL de Tris-HCl 1M pH 8,0, 1mL de NaCl 1M, 10mL de SDS 10%, 2mL

de EDTA 0,5M e o volume foi completado para 100mL com água ultrapura.

Aproximadamente 20 mg de tecido muscular foi cortado, picado e colocado em

um tubo de 1,5mL, adicionando ao tecido 500µL de tampão de lise, 30µL de proteinase

K (10mg/mL) e o tubo foi incubado em banho seco durante 1 hora a 60ºC, até que todo

o tecido fosse digerido. Logo após o tecido ter sido digerido, foi adicionado ao tubo

20µL de RNAse (10mg/mL) e voltou ao banho seco durante 1 hora a 37ºC. Passada 1

hora, foi adicionado ao tubo 600µL da solução de fenol – clorofórmio (1:1), o tubo foi

agitado gentilmente por inversão, centrifugado a 14000 RPM durante 20 minutos e o

sobrenadante foi transferido cuidadosamente para um novo tubo. Ao novo tubo foi

adicionado 600µL de clorofórmio, misturou-se gentilmente por inversão, e foi

centrifugado durante 15 minutos a 14000 RPM. O sobrenadante foi transferido

cuidadosamente para um novo tubo, a ele foi adicionado 600µL de isopropanol gelado

100%, misturou-se gentilmente por inversão e o tubo foi deixado em um freezer – 20ºC

para precipitar overnight. Após, o tubo foi centrifugado por 20 minutos a 14000 RPM.

O sobrenadante foi descartado cuidadosamente para que o pellet não caísse, e este foi

lavado com 1mL de etanol 70%, centrifugado por 10 minutos a 14000 RPM e o

sobrenadante descartado novamente. O tubo contendo o pellet de DNA foi levado a

estufa com temperatura de 55ºC para secar. Depois foi ressuspendido em 50µL de água

ultrapura e armazenado em freezer – 20ºC.

3.2.4 Isolamento das Sequencias Repetitivas por PCR (Polymerase Chain

Reaction)

As sequencias repetitivas de Rex 1 de Colossoma macropomum foram

amplificadas com os primers descritos na tabela abaixo:

Rex 1 (Volff et al., 2000)

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RTX1 F1: 5’ TTC TCC AGT GCC TTC AAC ACC 3’

RTX1 R3: 5’ TCC CTC AGC AGA AAG AGT CTG CT 3’

Utilizando o DNA total previamente extraído, a amplificação destes elementos

foi realizada a partir da técnica de PCR (Polymerase Chain Reaction – Saiki et al.,

1988). Foi utilizada na reação 100ng de DNA total em uma solução contendo 2µL de

tampão 1x contendo 1,5mM de Cloreto de Magnésio (MgCl), 0,2µL de dNTP em uma

concentração de 10mM, 0,08µL de Taq DNA Polimerase em uma concentração de

5U/µL, 1µL de ambos os primers (forward e reverse) em uma concentração de 5pmol.

Em um termocilador Veriti 96 Well Thermal Cycler (Applied Biosystems), as amostras

foram submetidas às temperaturas de 94ºC durante 2 minutos, 35 ciclos de 94ºC durante

1 minuto, 54ºC durante 1 minuto e 72ºC durante 2 minutos, e extensão final de 72ºC

durante 5 minutos.

A confirmação da eficiência da reação foi realizada através do gel de agarose

1,5%, em tampão TBE 1x, corado com brometo de etídio e visualizado em

transiluminador de luz UltraVioleta. Uma vez confirmada a eficiência da reação, os

produtos de PCR foram quantificados em Nanovue e utilizados tanto para obtenção de

sondas utilizadas na Hibridização in situ por Fluorescência.

3.2.5 Hibridização in situ por Fluorescência (Técnica de FISH)

Para a hibridização in situ por fluorescência seguiu – se o protocolo descrito por

Pinkel et al. (1986), com modificações. A marcação da sonda seguiu o método de Nick

translation, onde as sondas foram marcadas com digoxigenina (Kit DIG – Nick™

Translation Mix – Roche) seguindo as orientações do fabricante.

As lâminas foram lavadas duas vezes em solução 2xSSC durante 5 minutos cada

lavagem e depois desidratadas em série alcoólica 70%, 85% e 100% (soluções mantidas

no freezer) durante 5 minutos cada. Após a desidratação, as lâminas foram mergulhadas

em formamida 70% em 2xSSC durante 5 minutos a 70ºC, desidratadas novamente em

série alcoólica de 70%, 85% e 100% (soluções mantidas no freezer) durante 5 minutos

cada e secas ao ar.

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Em um microtubo de 1,5mL foi adicionado 20µL de formamida 100% (50% do

volume final), 8µL de sulfato de dextrano 50%, 4µL da sonda marcada, 4µL de 20xSSC

(concentração final de 2xSSC), obtendo um volume final de 40µL (para cada lâmina).

Esta solução foi utilizada para hibridização, e foi desnaturada a 99ºC durante 10 minutos

e estocada imediatamente em gelo.

A etapa de hibridização foi feita colocando-se 40µL da solução de hibridização

sobre uma lamínula e invertendo a lâmina sobre ela. As lâminas foram mantidas com o

material voltado para baixo em uma câmara úmida a 37ºC durante 16 horas,

aproximadamente. Ao saírem da câmara úmida, as lâminas foram lavadas duas vezes

em formamida 15%, 0,2xSSC pH 7,0 a 42ºC durante 10 minutos cada lavagem, três

vezes em 0,1xSSC a 60ºC durante 5 minutos cada lavagem e três vezes em solução

Tween 0,5% em temperatura ambiente durante 5 minutos.

Seguindo essa etapa, foi feita a detecção do sinal que constituiu em incubar as

lâminas em tampão NFDM (Nonfat dry milk) (5%NFDM / 4xSSC) durante 15 minutos

e lavá-las duas vezes com Tween 5% em temperatura ambiente durante 5 minutos cada

lavagem. Em cada lâmina foi adicionado 20µL de anti digoxigenina-rodamina (1:200).

A lâmina foi invertida sobre a lamínula e incubada durante 60 minutos em câmara úmida

a 37ºC. Após esse tempo, a lâmina foi lavada três vezes com Tween 5% em temperatura

ambiente durante 5 minutos cada lavagem. Após isso, as lâminas foram desidratadas em

série alcoólica 70, 85 e 100% durante 5 minutos cada e secas ao ar.

Ao final do processo, cada lâmina foi montada com 20µL de antifade + 1µL de

DAPI e coberta com lamínula. Os cromossomos metafásicos foram analisados e

fotografados em um microscópio de fluorescência Olympicus BX51 e as imagens foram

capturadas através do software Image – PRO MC 6.0.

3.2.6 Elaboração do software para a quantificação da fluorescência da FISH

As imagens capturadas foram compostas e editadas no programa Adobe

Photoshop CS6, para posterior quantificação de sinais de Rex 1. Tendo em vista a

necessidade de se quantificar, numericamente, a fluorescência observada nas imagens

de FISH e para uma análise comparativa mais precisa, e a falta de um software que

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realize esse tipo de análise, elaborou-se um algoritmo capaz de quantificar a intensidade

de sinal da imagem.

O algoritmo fez a análise de pixels na imagem gerada pelo microscópio de

fluorescência, separando as cores e apresentando um coeficiente equivalente a cor da

sonda que foi hibridizada, tons de vermelho para a sonda de digoxigenina, tons de verde

para a sonda de biotina, e tons de branco para as duas sondas que são utilizadas juntas

na Double FISH. Este coeficiente gerado foi chamado de coeficiente de fluorescência e

foi medido através do programa FLIMA (Fluorescence Image Analyzer), software para

a análise quantitativa da hibridização in situ (FISH) desenvolvido como parte desse

trabalho e melhor detalhado na seção resultados e discussão.

3.2.7 Reação de Polimerização em Cadeia das amostras de DNA Genômico para

a Quantificação Absoluta das Amostras via PCR Real – Time

As regiões de Rex 1 foram amplificadas utilizando-se os primers descritos na

tabela abaixo:

Rex 1 (Volff et al., 2000)

RTX1 F1: 5’ TTC TCC AGT GCC TTC AAC ACC 3’

RTX1 R3: 5’ TCC CTC AGC AGA AAG AGT CTG CT 3’

Foram utilizados os DNA’s genômicos previamente extraídos e a amplificação

destes elementos foi realizada a partir da técnica de PCR (Polymerase Chain Reaction

– Saiki et al., 1988). Foi utilizada na reação aproximadamente 20ng de DNA genômico

em uma solução contendo 2µL de tampão 1x contendo 1,5mM de Cloreto de Magnésio

(MgCl), 0,2µL de dNTP em uma concentração de 10mM, 0,08µL de Taq DNA

Polimerase em uma concentração de 5U/µL, 1µL de ambos os primers (forward e

reverse) em uma concentração de 5pmol. Em termocilador Veriti 96 Well Thermal

Cycler (Applied Biosystems), as amostras foram submetidas às temperaturas de 94ºC

durante 2 minutos, 35 ciclos de 94ºC durante 1 minuto, 54ºC durante 1 minuto e 72ºC

durante 2 minutos, e extensão final de 72ºC durante 5 minutos.

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A confirmação da eficiência da reação foi realizada através do gel de agarose

1,5%, em tampão TBE 1x, corado com brometo de etídio e visualizado em

transiluminador de luz UltraVioleta. Os produtos foram quantificados em QUBit

(Invitrogen).

3.2.8 Clonagem dos fragmentos de Rex 1 e Reação de Sequenciamento das

Amostras Amplificadas

Para a clonagem foi utilizado o plasmídeo pGEM – T Easy (Promega), onde os

produtos de PCR de Rex1 foram inseridos. As células competentes para a inserção do

plasmídeo clonado fora de linhagem DH5α de Escherichia coli e foram transformadas

por quimiocompetência. Esses plasmídeos foram alinhados com a enzima de restrição

NCOI.

A reação de sequenciamento foi realizada seguindo o protocolo do kit ABI

PRISM® Big Dye Terminator Cycle Sequecing Ready Reaction, fornecido pela Applied

Biosystems. Para tal reação, em uma placa de sequenciamento com 96 poços foi

adicionado 2µL de tampão de sequenciamento 5x, 1µL de primer 5 pmol, 0,5µL de Big

Dye V3.1, 2µL de produto de PCR e o volume foi ajustado com água ultrapura para

10µL de volume final. A reação de sequenciamento ocorreu nas seguintes condições:

80ºC durante 5 minutos, 30 ciclos de 96ºC durante 10 segundos, 48ºC durante 5

segundos e 60ºC durante 4 minutos.

Ao final da reação de sequenciamento, foi feita a precipitação da placa a fim de

prepará-la para ir para o sequenciador. Na placa foram adicionados 2,5µL de EDTA 125

mM, 27,5µL de Etanol 100%, a placa foi deixada em temperatura ambiente por 15

minutos e em seguida foi centrifugada a 4458 RPM, 4ºC por 30 minutos. A placa foi

centrifugada novamente, porém invertida, durante 1 minuto, 4ºC a 1180 RPM. Foi

adicionado a placa 30µL de Etanol 70%, esta foi centrifugada a 4049 RPM, 4ºC, durante

15 minutos, depois foi centrifugada novamente invertida durante 1 minuto, 4ºC a 1180

RPM e foi levada a estufa durante 15 minutos numa temperatura de 40ºC. Adicionou-

se 10µL de formamida HiDi e foi levada ao sequenciador automático de 4 capilares ABI

Sequece Analizer 3130, da Applied Biosystems.

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33

As sequências obtidas foram analisadas quanto aos parâmetros de qualidade dos

eletroferogramas e os dados brutos nos programas Finchtv versão 1.4 (Geospiza, Inc.) e

SeqScanner 2 (Applied Biosystems). Foram editados e alinhados nos programas MEGA

6 e BioEdit Versão 7.2.5. Para a detecção de homologia nucleotídica e confirmação da

sequência amplificada foi feito um BLASTn, na plataforma BLAST do NCBI.

3.2.9 Confecção de Primers Específicos para a Reação de PCR – Real Time

Após confirmadas que as sequências geradas eram de Rex 1, utilizou-se a

plataforma Primer Quest Tool, da empresa IDT DNA, para a confecção dos primers

específicos onde usou-se a opção “qPCR Intercalating Dyes (Primers only)”. Os

parâmetros utilizados para o desenho dos primers foram: tamanho do primer de 17 a 22

pares de bases, quantidade de GC aceitável de 48%, temperatura de melting dos primers

entre 59ºC a 62ºC, concentração de Na+ de 50mM, concentração de Mg++ de 1,5mM e

concentração de dNTP de 0,2mM.

A fim de avaliar a qualidade dos primers quanto às estruturas de Hairpin, Self-

Dimer e Hetero-Dimer, utilizou-se a plataforma Oligo Analizer Tool, também da

empresa IDT DNA, onde avaliou-se a TM de Hairpin e Delta G aceitáveis para Self-

Dimer e Hetero-Dimer sendo maior que -5.

Depois de escolhidos os melhores primers seguindo os parâmetros descritos,

estes ainda passaram na plataforma Primer Blast, do NCBI, para a confirmação da

eficiência dos primers nas sequências amplificadas.

3.2.10 Reação de PCR Real – Time (qPCR) para as quantificações das amostras

As reações de Real – Time PCR (qPCR) foram realizadas no aparelho StepOne™

System (Applied Biosystems) e utilizando o reagente SYBR® Green PCR Master Mix.

Inicialmente, foi feito um teste para a otimização das concentrações dos primers a serem

utilizados. As concentrações testadas são descritas na tabela abaixo:

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Tabela 1: Combinações de primers feitas na PCR Real – Time.

Foram calculados os volumes das concentrações dos primers e à reação foi

adicionado 5µL de SYBR Green e 5ng de DNA. As reações foram realizadas em

triplicata para a detecção de possíveis erros, controles negativos foram adicionados às

análises para a detecção de possíveis contaminações e controles positivos (genes de

referência) foram adicionados para o controle da eficiência dos reagentes. Para a

detecção da diferença nos níveis de Rex 1 para a quantificação absoluta das amostras foi

feita uma curva padrão das amostras com quantidade de DNA conhecidas e adicionadas

às análises de cada placa gerada.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos com a análise quantitativa de Rex 1 e o mapeamento

cromossômico, são apresentados no Artigo 1 dessa dissertação. No artigo 2 será

apresentado o software FLIMA (Fluorescence Image Analisys), desenvolvido

especificamente para a quantificação dos sinais fluorescentes obtidos pela FISH.

Capítulo 1: Artigo 1 – Quantificação diferencial e mapeamento cromossômico

do elemento retrotransponível Rex1 em Colossoma macropomum (Serrasalmidae:

Characiformes) expostos a estresse ambiental por cobre (Cu++).

Capítulo 2: Artigo 2 – Fluorescence Image Analyzer – FLIMA: Software para

análise quantitativa da hibridização in situ (FISH).

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4.1 Capítulo 1 - Artigo 1: Quantificação diferencial e mapeamento cromossômico

do elemento retrotransponível Rex1 em Colossoma macropomum (Serrasalmidae,

Characiformes) expostos a estresse ambiental por cobre (Cu++) (revista a ser

definida)

Hallana Cristina Menezes da Silva1, Leila Braga Ribeiro2, Adolfo José da Mota3, Eliana

Feldberg2, Daniele Aparecida Matoso1.

1 Universidade Federal do Amazonas, Laboratório de Evolução Aplicada;

2 Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Laboratório de Genética Animal;

3Universidade Federal do Amazonas – Laboratório de Biodegradação.

4.1.1 Introdução

Os elementos transponíveis (TEs) possuem a capacidade de se mover e se

integrar ao genoma do organismo hospedeiro e acredita – se que, por possuírem essa

habilidade, dependendo dos diferentes tipos de estressores e dos cenários ambientais aos

quais os organismos hospedeiros são submetidos esses TEs desencadeiem diferentes

respostas adaptativas nos genomas. Por essa razão, acredita-se que os TEs sejam os

moduladores da regulação do genoma, sendo responsáveis por sua capacidade

adaptativa através da variabilidade genética que eles podem gerar (Kazazian, 2007). Os

retrotransposons representam a classe I de TEs que possuem como intermediário o

RNA, que através da transcriptase reversa se insere no genoma via cDNA (Volff, et al,

2003; Kazazian, 2007). Os retrotransposons podem ter duas classificações: os

retrotransposons LTRs (Long Terminal Repeat), que possuem repetições terminais

longas flanqueando o retrotransposon; e os retrotransposons não – LTRs, que podem ser

classificados como elementos LINEs (Long Interspersed Elements) e SINEs (Short

Interspersed Elements) (Xiong & Eickbush, 1998; Voytas et al., 2002).

O Rex 1 é um retrotransposon da família Rex e foi descrito por Volff et al. (2000),

isolado primeiramente em Xiphophurus maculatus. Os retrotransposons da família Rex

são classificados como retrotransposons não – LTR e acredita – se que eles possuam a

capacidade de transferência horizontal entre e dentro das espécies (Volff et al., 2000).

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O Rex 1, assim como os demais elementos da família Rex, já foi caracterizado em

diversas espécies de peixes, mostrando uma distribuição ampla no genoma desses

animais e apresentando um papel importante na dinâmica evolutiva desse grupo (Volff

et al, 1999; Volff et al, 2000; Volff et al, 2001). Acredita – se que, assim como outros

retroelementos, o mecanismo de transposição desses elementos dentro do genoma do

hospedeiro não seja aleatório, podendo ser mediado por sinais celulares ou situações de

estresse como fatores externos e ataque de parasitas (Charlesworth & Langley, 1986;

Deininger et al, 2003; Almeida & Carareto, 2005; Burt & Trivers, 2006).

Os retrotransposons vem sendo cada vez mais estudados como fonte de

variabilidade genética frente a estresse ambiental. Atualmente, estudos realizados em

peixes amazônicos sustentam a hipótese de que os retrotransposons da família Rex

possuem um mecanismo de resposta a condições de estresse, seja por características

fisico – químicas dos diferentes tipos de água, ou por poluição dos ambientes aquáticos

(Barbosa et al, 2014; Silva et al, 2016).

Um dos fatores que pode ser considerado estressante para peixes mantidos em

cativeiro é a utilização de sulfato de cobre (CuSO4) por piscicultores. Essa substância é

utilizada no controle da proliferação de matérias orgânicas nos tanques e de parasitas

(Beaumont et al, 2000; Novelli – Filho et al, 2000), mas pode ser nociva ao organismo,

sendo capaz de causar alterações fisiológicas nos indivíduos (Nriagu, 1990).

Considerando que o sulfato de cobre é um agente estressor comumente utilizado

na criação intensiva do tambaqui (Colossoma macropomum) e a possibilidade de

elementos transponíveis da família Rex serem ativados mediante estresse ambiental, o

nosso estudo buscou, através da análise de mapeamento cromossômico por hibridização

in situ por fluorescência e da quantificação absoluta através da PCR Real – Time,

analisar o comportamento do retrotransposon Rex 1 em exemplares de tambaqui

submetidos ao contato com sulfato de cobre.

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4.1.2 Material e Métodos

4.1.2.1 Desenho experimental

Sessenta juvenis de tambaqui (Colossoma macropomum), oriundos de

piscicultura, foram distribuídos em 6 tanques de polietileno de 240 litros, com 10

animais em cada tanque. Durante duas semanas os animais foram aclimatados e

alimentados uma vez ao dia com ração comercial (36% de proteína). Após esse período

os três primeiros tanques, escolhidos como tanques experimentais receberam 30% da

CL50 calculada de cobre descrita para o tambaqui (CL50-96h = 0,380 mg/L; 30% CL50-

96h = 0,114 mg/L) (Figueiredo et al., 2014) e seu sistema de água foi fechado. Os três

tanques restantes foram os dos animais utilizados como animais controle e também

tiveram o sistema de água foi fechado.

Após 48h, 5 animais de cada tanque foram anestesiados com água gelada e

sacrificados. Esse processo se repetiu após o período de 72h. De todos os animais

retirou-se rins, para as análises citogenéticas e músculo, para as análises de

quantificação absoluta.

4.1.2.2 Extração de DNA e Reação em cadeia da Polimerase (PCR)

Estas etapas foram utilizadas tanto para a quantificação absoluta por PCR Real

– Time, quanto para as análises de Hibridização in situ por Fluorescência.

A extração de DNA das amostras de músculos coletadas dos espécimes de

Colossoma macropomum foram feitas seguindo o protocolo de Sambrook et al., 1989

utilizando fenol – clorofórmio. Seguinte a extração de DNA, foi realizada uma

amplificação por PCR onde os primers utilizados foram descritos por Volff et al., 2000,

RTX1 F1 (5’ TTC TCC AGT GCC TTC AAC ACC 3’) e RTX1 R3 (5’ TCC CTC AGC

AGA AAG AGT CTG CT 3’). Ajustada para um volume final de 20µL, a reação foi

feita utilizando tampão de reação 1X, Dntp 2,5Mm, primers a 5pmol, 1U de Taq DNA

Polimerase, 1,5mM de MgCl2 e uma concentração de DNA de 20ng. A ciclagem da

reação foi de: 94ºC durante 2 minutos, 94ºC durante 1 minuto, 54ºC durante 1 minuto,

72ºC durante 2 minutos (35 ciclos) e 72ºC durante 5 minutos. A eficiência da reação foi

confirmada em gel de agarose 1,5%. O produto utilizado para a obtenção das sondas foi

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quantificado em Nanovue e o produto utilizado para a síntese de primers específicos,

para a PCR Real – Time, foi clonado e sequenciado.

4.1.2.3 Clonagem

Para a clonagem foi utilizado o plasmídeo pGEM – T Easy (Promega), onde os

produtos de PCR de Rex 1 foram inseridos. As células competentes para a inserção do

plasmídeo clonado fora de linhagem DH5α de Escherichia coli e foram transformadas

por quimiocompetência. Esses plasmídeos foram alinhados com a enzima de restrição

NCOI.

4.1.2.4 Sequenciamento das amostras clonadas para a quantificação por PCR Real –

Time (qPCR)

A reação de sequenciamento foi realizada seguindo o protocolo do kit ABI

PRISM® Big Dye Terminator Cycle Sequencing Ready Reaction seguindo as

orientações do fabricante e a placa foi precipitada utilizando o protocolo de precipitação

com NG. Ao final da precipitação foram adicionados 10µL de formamida Hi – Di. A

análise das sequencias foram feitas nos programas FinchTV versão 1.4 (Geospiza, Inc.),

SeqScanner 2 (Applied Biosystems) e MEGA 6. Para a verificação da homologia

nucleotídica e confirmação das sequencias como sendo de Rex1, foi feito um BLASTn,

na plataforma BLAST do NCBI.

4.1.2.5 Confecção de primers específicos para a reação de PCR Real – Time (qPCR)

A confecção dos primers foi realizada no site da empresa IDT DNA, na

plataforma Primer Quest Tool, onde os parâmetros utilizados foram: tamanho do primer

de 17 a 22 bases, quantidade de GC aceitável de 48%, temperatura de melting entre 59ºC

e 62ºC, concentração de Na+ de 50mM, concentração de Mg++ de 3 mM e concentração

de dNTP de 0,2mM. Os primers desenhados foram avaliados quanto às estruturas de

Hairpin, Self – Dimer e Hetero – Dimer.

4.1.2.6 Reação de PCR Real – Time (qPCR) para a quantificação absoluta das amostras

As reações de qPCR foram realizadas no aparelho StepOne™ (Applied

Biosystems). As reações foram feitas utilizando SYBR Green Master Mix 0,5µL,

0,2pmol de primers e aproximadamente 5ng de DNA genômico. As amostras foram

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feitas em triplicata, o controle negativo foi adicionado à análise e o gene normalizador

28S descrito para Astronottus ocellatus foi utilizado como controle positivo. Os

resultados foram analisados foram através do cálculo de moléculas.

4.1.2.7 Análises estatísticas

Para as análises estatísticas da quantificação absoluta por PCR Real – Time,

foram utilizados os testes de Kolmogorov – Smirnov para a verificação de distribuição

normal das amostras, e o teste T de Student, para verificar o nível de significância dos

dois tratamentos utilizados no experimento. Ambos os testes foram feitos através do

Software R (The R Project for Statistical Computing – The R Foundation).

4.1.2.8 Bandeamento C

A técnica de banda C foi realizada utilizando o protocolo de Sumner, 1972, com

algumas modificações. As lâminas foram tratadas em HCl 0,2N durante 2 minutos,

lavadas em água destilada e secas ao ar. Seguindo o protocolo, foram tratadas com

Hidróxido de Bário (BaOH) a 42ºC durante 2 minutos e 20 segundos, depois lavadas

em HCl 0,2N a 42ºC durante 20 segundos, depois lavadas com 2X SSC a 60ºC durante

20 minutos e coradas posteriormente com Iodeto de Propídeo.

4.1.2.9 Hibridização in situ por fluorescência (FISH)

A localização cromossômica das sequências Rex 1 foi feita segundo protocolo

de Pinkel et al (1986), como modificações. Foram utilizadas sondas homólogas

marcadas via Nick translation com digoxigenina (Kit DIG-Nick Translation Mix –

ROCHE), segundo orientações do fabricante. Para a quantificação da intensidade de

sinais da FISH aplicou –se software FLIMA com taxa de distinção de cores de 220 para

três cores analisadas: vermelho, azul e preto.

4.1.3 Resultados

Foram coletadas e extraídas amostras de DNA de 60 espécimes de tambaqui, das

quais 20 apresentaram melhor amplificação da sequência de Rex 1 por PCR. Das 20

amostras utilizadas, 8 eram amostras experimentais expostas por 48 horas ao cobre

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(T01, T02, T04, T07, T08, T10, T12 e T14), 3 eram amostras controles de 48 horas

(T19, T20 e T21), 4 eram amostras experimentais de 72 horas expostas ao cobre (T32,

T37, T38, T40, T49, T50) e 5 eram amostras controles de 72 horas (T53, T55 e T56). O

valor de R2 (Coeficiente de Determinação de Regressão) da curva padrão para o

experimento foi de 0,98 e sua eficiência foi de 87% de acordo com a reação de PCR

Real – Time.

Numa análise panorâmica geral do número de cópias de elementos Rex 1 nos

grupos controle e experimental observou – se que no tempo de 72 horas houve maior

número de cópias do elemento quando comparados ao tempo de 48 horas (Figuras 1 e

2). O aumento do número de cópias foi sutil no grupo de 48h (número máximo de cópias

Rex1 no experimental de 70,000,000) e visivelmente superior no grupo de 72h (número

máximo de cópias Rex1 no experimental 400,000,000)

Figura 1: Quantificação das amostras que tiveram 48h de exposição ao metal (T01, T02, T04, T07, T08, T10, T12 e T14, amostras experimentais; T19, T20 e T21,

amostras controle). O eixo y do gráfico corresponde a escala do número de cópias de Rex 1.

0

10000000

20000000

30000000

40000000

50000000

60000000

70000000

80000000

T01 T02 T04 T07 T08 T10 T12 T14 T19 T20 T21

48 horas de Exposição

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Figura 2: Quantificação das amostras que tiveram 72 horas de exposição ao metal (T32, T37, T38, T40, T49 e T50, amostras experimentais; T53, T55 e T56, amostra controle). O eixo y do gráfico corresponde a escala do número de cópias de Rex 1.

Para testar o nível de significância das quantificações diferenciais, uma análise

estatística comparativa das médias foi desenvolvida para averiguar se as diferenças

observadas entre os grupos controle e experimental 48h e 72h eram significativas ou

não.

Assim, no gráfico da figura 3, que compreende as amostras dos grupos controle

e experimental expostas à 48 horas ao sulfato de cobre, pode – se visualizar que houve

sobreposição de valores das médias de ambos os tratamentos, indicando que 50% das

amostras do grupo controle possuem número de cópias de Rex 1 semelhantes ao grupo

experimental e o teste T de Student mostrou que não houve diferença significativa entre

as amostras.

0

50000000

100000000

150000000

200000000

250000000

300000000

350000000

400000000

450000000

T32 T37 T38 T40 T49 T50 T53 T55 T56

72 horas de Exposição

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Figura 3: Gráfico para as amostras expostas à 48h ao sulfato de cobre (Cu) apresentando sobreposição de valores das médias entre o grupo experimental e o grupo

controle. Os números de cópias são apresentados em escala logarítmica.

Por outro lado, ao observamos o gráfico da figura 4 que apresenta as amostras

analisadas para 72 horas de exposição dos animais ao sulfato de cobre, visualizamos que

os dados se comportam dentro de uma abordagem de distribuição normal de acordo com

o teste Kolmogorov – Smirnov que foi aplicado para esta verificação, apresentando

valor de 0,6347 ou 63,47%. O teste T de Student mostrou que houve diferença

significativa entre os dois tratamentos, no nível de significância de 10% (o valor de

probabilidade calculado foi de 6,5%).

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Figura 4: Gráfico das amostras sob exposição de 72h ao sulfato de cobre (Cu). As diferenças observadas entre as médias dos grupos controle e experimental são

estatisticamente significativas. O grupo experimental de 72 horas apresenta um número expressivamente maior de cópias do elemento Rex 1 nas amostras. Os

números de cópias são apresentados em escala logarítmica. Tabela 1: Valores de número de cópias apresentados a partir da fórmula de avogrado

para as amostras de DNA de tambaqui analisadas.

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Em relação a abordagem citogenética, tendo em vista que os animais foram

utilizados tanto para as análises citogenéticas quanto para as análises de quantificação

absoluta, não foi possível realizar a indução de mitoses para a obtenção das preparações

cromossômicas. Sendo assim, o índice mitótico observado nos indivíduos foi baixo. As

análises citogenéticas foram realizadas apenas nos indivíduos da condição controle e

experimental de 48 horas. Os animais da condição experimental 72 horas não

apresentaram resultados satisfatórios.

Os indivíduos analisados apresentaram número diploide igual a 54

cromossomos, entretanto, sutis diferenças foram observadas na distribuição da

heterocromatina. Para ambas as condições analisadas (controle e experimental de 48

horas) foram observados blocos heterocromáticos predominantemente nas porções

centroméricas (Figura 2a e 2b), porém, nos exemplares expostos ao sulfato de cobre

observou – se um pequeno aumento na quantidade de heterocromatina. Nesses animais,

além dos blocos heterocromáticos centroméricos, foram detectados também blocos de

heterocromatina dos braços curtos e em quase a totalidade de alguns cromossomos.

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Figura 5: Distribuição da heterocromtina pelo bandeamento C e mapeamento

cromossômico pela FISH do elemento transponível Rex 1 em C. macropomum expostos à 48 horas de sulfato de cobre 30% da CL50. a) pouca heterocromatina

visualizada na metáfase de um espécime do grupo controle; b) muitos blocos heterocromáticos visualizados na metáfase do espécime do grupo experimental,

incluindo cromossomos quase totalmente heterocromatinizados (cabeça da seta); c) FISH da amostra controle evidenciando poucas marcações visíveis do elemento retrotransponível Rex 1; d) FISH da amostra experimental evidenciando grande

número de marcações de Rex 1.

Com relação à localização cromossômica dos retrotransposons Rex 1 pode – se

afirmar que os mesmos apresentam um padrão de distribuição predominantemente

disperso nas duas condições (controle e experimental de 48 horas). No entando, na

condição experimental as marcações foram mais visíveis e em maior número, marcando

quase toda a extensão de alguns cromossomos (Figura 2d). Essas sequências Rex 1

parecem estar presentes tanto em porções eucromáticas quanto em porções

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heterocromáticas dos cromossomos (Figura 2c e 2d). Embora o elemento Rex 1 tenha se

mostrado disperso em todos os animais analisados, foi visto em pouca quantidade nos

animais da condição controle, enquanto nos animais submetidos a 48 horas de sulfato

de cobre obervou-se um aumento no número de sítios de Rex 1 e na intensidade das

marcações, que distribuíram – se

Em relação ao coeficiente de fluorescência gerado pelo FLIMA observou-se na

figura 2c, um coeficiente de 0, 01190476 (1,19%), e para a figura 2d um coeficiente de

0,0178571 (1,78). Esses valores sugerem um aumento no número de sítios marcados de

Rex 1 entre as condições analisadas.

4.1.4 Discussão

Há algum tempo atrás, o estresse era definido como um processo que reduz

drasticamente o fitness de uma população através de uma mutação. Atualmente,

sabemos que ele pode diminuir o fitness da população, mas pode também apenas gerar

repostas moleculares que interfiram no genótipo e/ou fenótipo dos indivíduos de uma

população (Koehn & Bayne, 1989; Hoffmann & Passons, 1991; Bijlsma & Loeschcke,

1997; Bazin, 2000).

Os elementos transponíveis (TEs) são os maiores componentes do genoma dos

organismos, chegando a corresponder até 50% deste e em alguns organismos, tais como

o milho, as regiões codificantes são apenas pequenas ilhas flutuando em um mar de

retrotransposons (Mita & Boeke, 2016). Vários estudos foram realizados em busca do

entendimento da interação entre os TEs e o genoma do hospedeiro, e nesses estudos

ficou conhecido que os TEs dependem da maquinaria do organismo para a sua

funcionalidade. Esses TEs também foram caracterizados como possuindo a capacidade

de transferência horizontal e sendo capazes também de, durante a sua transposição, levar

alguns genes ou parte deles consigo tendo impacto sobre a sua expressão. Então, propôs-

se que existe uma co-evolução entre TEs e genomas hospedeiros (Capy et al., 2000).

Além disso, os TEs são componentes comuns em diversos mecanismos epigenéticos e,

de acordo com Slotkin & Martienssen (2007), os TEs estão relacionados com esse tipo

de mecanismo de regulação.

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Devido a essa natureza aleatória de funcionamento (ativação/inativação), sem

uma relação causal direta, muitos elementos apresentam flutuações quanto às respostas

aos ambientes estressantes e aos efeitos em nível individual e genômico. Essa variação

pode se referir ao tipo de resposta do organismo, ao tipo de estresse, ou ao tipo de

regulação ao qual o TE está submetido. Nesse contexto, os TEs do tipo retrotransposons

são os que apresentam a maior faixa de variações possíveis (Capy et al., 2000). De fato,

no curso de milhões de anos, os TEs alcançaram um equilíbrio dinâmico entre os efeitos

negativos em nível individual e os efeitos positivos em nível genômico (Kazazian – Jr,

2007).

Na presente abordagem observou – se que o elemento retrotransponível Rex 1

de C. macropomum apresentou – se ativo no decorrer do experimento. Isso pôde ser

constatado pela observação de um aumento no número de cópias de Rex 1 nos animais

que sofreram exposição ao sulfato de cobre em 48 e 72 horas em relação à condição

controle. Apesar do o teste T de Studet não apresentar, para as amostras expostas a 48

horas de sulfato de cobre, uma diferença significativa, foi possível observar pela FISH

e pelo coeficiente de fluorescência um aumento sutil no número de cópias nos

indivíduos expostos ao sulfato de cobre. Complementar a isso, temos o aumento na

quantidade de blocos heterocromáticos nos indivíduos mantidos por 48h em contato

com sulfato de cobre em relação aos animais da condição controle. Essa dispersão de

heterocromatina pode ser considerada uma resposta epigenética ao contato com sulfato

de cobre, uma vez que mecanismos epigenéticos como modificação de histona,

metilação do DNA e heterocromatinização podem surgir como respostas rápidas a

mudanças ambientais. Vale ressaltar que o surgimento de blocos heterocromáticos

também pode estar relacionado com o aumento na quantidade de sítios de Rex 1. Embora

sejam abundantes no genoma, elementos transponíveis permanecem silenciados a maior

parte do tempo, e mecanismos como heterocromatinização são conhecidos por reprimir

a atividade dessas sequências móveis (Okamoto & Hirohiko, 2001; Mansour 2007).

Vários estudos relacionam a atividade de TEs com a adaptação ambiental,

deixando clara a sua relação com a mudança fenotípica adaptativa. Alguns trabalhos

foram fundamentais para estabelecer qual relação havia entre os TEs e essa adaptação.

Em seu trabalho de revisão sobre TEs, Casacuberta & González (2013) citam alguns

exemplos de trabalhos responsáveis pelo entendimento dessa relação. Stoebel et al.,

(2009), estudou a relação entre os TEs e a adaptação a alta osmolaridade utilizando

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Escherichia coli, Sun et al., (2009), estudou a relação entre os TEs e a tolerância a

solventes orgânicos utilizando Candida tropicalis, Candida albicans, Sacharomyces

cerevisiae e Schizosaccharomyces pombe, Chou et al., (2009) estudou a relação entre

os TEs e às condições limitadas de metal em Methylobacterium extorquens, e Gaffé et

al., (2011) estudou a relação entre TEs e as condições limitadas de nutrientes em

Escherichia coli. Todos esses estudos concluíram haver uma relação direta entre as

condições de estresse e a ativação dos TEs.

Quando se fala de estudos sobre elementos transponíveis, principalmente

retrotransposons, e estresse ambiental em peixes, possuímos uma certa carência quanto

a dados desse tipo. Dois trabalhos na Amazônia foram os pioneiros sobre esse estudo

em peixes amazônicos. Ribeiro, (2013) realizou o mapeamento cromossômico de Rex

1, Rex 3 e Rex 6 em espécimes de Colossoma macropomum, o tambaqui da Amazônia,

aclimatados em três diferentes temperaturas (28ºC, 30ºC e 32ºC) e como resultado

obteve que, na menor temperatura os animais possuíam mais marcações em comparação

com as outras amostras estudadas. Esse resultado corroborou a hipótese de que esses

retrotransposons teriam uma resposta ao estresse ambiental por mudança de

temperatura. Silva et al., (2016) realizaram um estudo com espécimes de Hoplosternum

litoralle, o tamoatá da Amazônia, onde, através do mapeamento cromossômico

analisaram as marcações de Rex 3 em espécimes coletados em ambientes com água

poluída e ambientes com água não poluída e observaram que os níveis de marcação de

Rex 3 nos ambientes de água poluída eram maiores que nos de água não poluída. Esses

dois estudos em peixes amazônicos corroboram a ideia de estudos anteriores de que os

TEs possuem resposta a alterações ambientais.

Os resultados encontrados neste trabalho pela utilização de duas metodologias

distintas (PCR Real – Time através da quantificação absoluta e FISH), nos permite

afirmar que o retrotransposon Rex 1 também pode ter um aumento em sua transposição

mediante o estresse ambiental pela contaminação com sulfato de cobre em ambientes

aquáticos. As reais consequências desse transporte e inserção de genes nos genomas

desses espécimes ainda é uma questão aberta que deverá ser tratada em futuras

abordagens que visem a compreensão do funcionamento dos mecanismos genéticos e

epigenéticos adaptativos requeridos pelo organismo para enfrentar diferentes desafios

ambientais. É, entretanto, inegável o papel dos TEs em importantes eventos de controle

da expressão gênica e do genoma como um todo, favorecendo processos como a

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especiação, a variabilidade genética, a plasticidade fenotípica e a maleabilidade

genômica nas espécies. Além disso, o presente estudo também proporcionou maior

conhecimento sobre a organização genômica do tambaqui, e mostra – se importante para

subsidiar estudos de genética aplicada.

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4.2 Capítulo 2 - Artigo 2: Fluorescence Image Analyzer – FLIMA: Software para

análise quantitativa da Hibridização in situ (FISH)

Hallana Cristina Menezes da Silva1, Daniele Aparecida Matoso1, Leila Braga Ribeiro2,

Maximiliano Moraes de Cervinho Martins Júnior3.

1 Universidade Federal do Amazonas, Laboratório de Evolução Aplicada;

2 Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Laboratório de Genética Animal;

3 Empresa Fermen.to, Programador.

4.2.1 Introdução

O termo citogenética nasceu da junção dos estudos de citologia e genética,

quando foi proposta a teoria da herança cromossômica baseada nas leis mendelianas e

em trabalhos citológicos. Logo, quando se faz um estudo com base em um cromossomo

isolado ou em conjunto, condensado ou distendido, com relação à morfologia,

organização, função e replicação, esse estudo é denominado estudo citogenético

(Guerra, 1988). A citogenética pode ser dividida em dois ramos: citogenética clássica,

que envolve técnicas de coloração convencional, impregnação por nitrato de prata e

bandeamento C; e, citogenética molecular, também denominada citogenômica, que

abrange a técnica de Hibridização in situ por fluorescência e suas derivações.

A principal técnica utilizada na citogenômica foi descrita em 1986 e chama-se

Hibridização in situ por Fluorescência (FISH) (Pinkel et al., 1986). Esta técnica é

baseada na marcação de sondas com fluorocromos, a partir da ligação

antígeno/anticorpo, essas sondas são hibridizadas no DNA cromossomal marcando a

região que se procura no cromossomo e depois visualizada em microscópio de

fluorescência. Atualmente, as análises das imagens de FISH geradas no microscópio de

fluorescência são feitas apenas de forma empírica e subjetiva, não tendo, até o momento,

um método quantitativo como forma de análise. Com o desenvolvimento da técnica de

FISH, o número de sequências de DNA estudadas vem sendo cada vez maior, e envolve

sequências de DNA repetitivo, de cópia única, de sequências com organização em

clusters ou localização dispersa ao longo dos cromossomos.

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Pela falta de um método que permita uma análise quantitativa dos sinais

fluorescentes gerados pela técnica de FISH, sequências que se apresentam dispersas no

genoma dos organismos (como por exemplo, microssatélites e elementos transponíveis)

podem ter sua localização subestimada. Esse tipo de análise é ainda dificultada em

trabalhos onde se faz necessária uma análise comparativa dos dados obtidos, portanto,

o desenvolvimento de uma forma quantitativa e objetiva de análise da distribuição

cromossômica dessas sequências é importante, e que permita ainda a comparação entre

as imagens de FISH. Para tanto, criamos um software capaz de quantificar as

fluorescências geradas pelo microscópio de fluorescência em imagens. Esse software é

capaz de quantificar sondas de digoxigenina, que apresentam uma cor vermelha, sondas

de biotina, que apresentam a cor verde, e sondas de DOUBLE FISH que são as duas

sondas (digoxigenina e biotina) utilizadas juntas, onde é apresentada a cor branca. O

FLIMA (Fluorescence Image Analysis), quantifica a intensidade das sondas,

apresentando o valor encontrado em forma de coeficiente chamado Coeficiente de

Fluorescência.

4.2.2 Material e Métodos

Linguagem utilizada: PHP.

Biblioteca utilizada: GD Graphics Library.

Informações analisadas pelo programa:

a) Imagem: a imagem gerada pelo microscópio de fluorescência quando as lâminas são

analisadas. Estas imagens precisam estar devidamente editadas e sem background

(apresentando apenas os cromossomos que serão quantificados).

b) Quantidade de cores desejadas para quantificação: se refere à quantidade de sondas

utilizadas para a hibridização e as cores que elas apresentam na imagem.

c) Taxa de tolerância: se refere ao nível de semelhança aceito entre as cores.

Forma de análise: O sistema fragmenta a imagem e esta é analisada pixel por

pixel, reconhecendo a cor do pixel e armazenando o valor encontrado. Ao final da

análise, todas as informações são agrupadas de acordo com a semelhança entre as cores,

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a quantidade de pixels relacionadas a cada cor é convertida proporcionalmente para o

coeficiente de fluorescência.

4.2.3 Resultados e Discussão

O FLIMA – Fluorescence Image Analyzer é um software desenvolvido para

quantificação das imagens de Hibridização in situ por Fluorescência geradas pelo

microscópio de fluorescência. Em estudos onde se faz necessário uma análise

comparativa das imagens, por exemplo, trabalhos onde se comparam números de

marcações cromossômicas de um determinado elemento repetitivo no DNA de um

organismo encontrado em diferentes ambientes, este software pode fornecer uma

quantificação numérica de qual organismo possui mais marcações. O FLIMA foi criado

com o propósito de termos um coeficiente de fluorescência, onde este coeficiente possa

ser aplicado na comparação das imagens. Imagens que apresentam maior coeficiente

são aquelas que possuem mais marcações. Este software pode ser usado para qualquer

tipo de imagem gerada por um microscópio de fluorescência.

A figura 1 apresenta a interface criada para o FLIMA, apresentando também suas

respectivas funções. A figura 2 trata da forma como o FLIMA analisa as imagens

depositadas e como podemos interpretar o coeficiente fornecido.

Para a análise das imagens, estas precisam estar editadas e sem background, ou

seja, as imagens precisam estar sem escalas ou qualquer outro tipo de figura que não

sejam parte dos cromossomos para análise (1). Uma vez selecionada a imagem, precisa-

se informar ao software quantas cores são esperadas na imagem a ser analisada,

geralmente para as imagens de FISH selecionamos apenas 3 cores (mas, podem ser

selecionadas quantas cores a imagem possuir): o plano de fundo da imagem que é preto,

os cromossomos corados com DAPI que apresentam a coloração azul e as marcações

feitas nos cromossomos que são as cores apresentadas dependendo da sonda que for

utilizada (2). Depois de serem selecionadas as cores, a taxa de tolerância deve ser

escolhida de acordo com o nível de semelhança aceito entre as cores. A taxa de

tolerância é utilizada para medir o grau de semelhança entre as cores na imagem, se esta

estiver muito baixa o software considera cores aproximadas como distintas, se estiver

muito alta, este considera as cores primárias como iguais. Como na imagem apresentada

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pelo microscópio de fluorescência os tons de vermelho podem variar entre rosa claro,

escuro e vermelho, a taxa recomendada para a análise é de 220 (3). Escolhidos os

primeiros comandos para a imagem, pode-se escolher a opção “analisar” (4). Uma vez

que o software analisa a imagem, este apresenta o coeficiente de fluorescência para cada

cor (5).

O software será disponibilizado para comercialização uma vez feitos todos os

processos de proteção de propriedade intelectual, mas, sua negociação poderá ser

realizada mediante contato com os desenvolvedores.

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Figura 1: Interface inicial do software FLIMA.

4

3

2

1

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Figura 2: Interface de resultado das análises do software FLIMA. O valor 99,95 apresenta o valor de CF (Coeficiente de Fluorescência) para a cor preta. O valor 0,029 apresenta o valor de CF para a cor azul. O valor 0,017 apresenta o valor de CF para a cor vermelha. Para a

interpretação dos resultados pode – se dizer que há 1,7% de tons de vermelho na imagem. Os valores a serem comparados entre as imagens podem dar – se pelo valor de CF ou em escala de porcentagem.

5

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5. CONCLUSÕES GERAIS

Os resultados obtidos nesse trabalho mostram que:

Os espécimes expostos às concentrações equivalentes à 30% da CL50 de sulfato

de cobre para tambaqui no período de 72 horas apresentaram aumento

significativo no número de cópias do elemento retrotransponível Rex 1 quando

comparados aos espécimes do grupo controle;

Em relação ao mapeamento cromossômico, a análise visual da FISH, bem como

o coeficiente de fluorescência, mostrou maior intensidade de sinal em metáfases

de indivíduos que foram expostos ao agente estressor sulfato de cobre no

período de 48h de exposição;

O software desenvolvido para a analisar quantitativamente sinais da FISH foi

eficiente em detectar diferenças entre as metáfases do grupo controle e do grupo

experimental;

Os resultados gerados por esse trabalho servirão de subsídios para

desenvolvimento de estratégias que visem a compreensão do funcionamento do

genoma, bem como servirão de base para estudos de genética aplicada.

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