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HAC – Literatura(aula 11)
TERCEIRA GERAÇÃO MODERNISTA
Panorama histórico-social do período (1945-1964)
Modernismo - 3º tempo
Fase de Introspecção
1945 - 1964
Final da 2ª Guerra Mundial (1939-1945)
frente de batalha alemã
Contexto Histórico
Início da Guerra Fria (1945-1991)
Contexto Histórico
Redemocratização do Brasil (1945)
Contexto Histórico
Ditadura Militar
(1964 - 1985)
Contexto Histórico
CaracterísticasFundamentais
Experimentações artísticas
(ficção experimental)
Realismo fantástico (contos fantásticos)
Academicismo
Passadismo e retorno ao passado
Oposição à liberdade formal
Características Fundamentais
Valorização da métrica e da rima
Influência do Parnasianismo e Simbolismo
Inovações linguísticas e metalinguagem
Regionalismo universal
Temática social e humana
João Cabral de Melo Neto+ exercícios
João Cabral de Melo Neto
1920-1999
— O meu nome é Severino,
não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria;
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.
Mais isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.
Como então dizer quem falo
ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severino
da Maria do Zacarias,
lá da serra da Costela,
limites da Paraíba.
Mas isso ainda diz pouco:
se ao menos mais cinco havia
com nome de Severino
filhos de tantas Marias
mulheres de outros tantos,
já finados, Zacarias,
vivendo na mesma serra
magra e ossuda em que eu vivia.
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas
e iguais também porque o sangue,
que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte Severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte Severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).
Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,
a de querer arrancar
alguns roçado da cinza.
Mas, para que me conheçam
melhor Vossas Senhorias
e melhor possam seguir
a história de minha vida,
passo a ser o Severino
que em vossa presença emigra.
Características Fundamentais
Engenheiro das Palavras
Formalismo / Academicismo
Nordeste (Pernambuco)
Seca / Miséria
Esforço poético
Objetivo, conciso
Retomada de conceitos parnasianos
Características Fundamentais
Valorização da Métrica
Rimas Toantes
Poemas Metalinguísticos
Ausência de Sentimentalismos
Poesia seca, concisa
palavra: pedra (contundência, força)
Tecendo a manhã
1
Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
2
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.
Obras principais
Psicologia da Composição(1947)
Morte e Vida Severina(1956)
Museu de tudo
(1975)
Morte e vida Severina
(1956)
Morte e vida Severina
Auto de natal pernambucano
Poema para ser encenado
Forma popular: versos curtos (redondilhas)
Temática: seca
Presença constante da morte
Êxodo Rural
título: inversão (morte/vida)
nome próprio→ adjetivo (Severina)
Mistura de gêneros (lírico, narrativo, dramático)
Morte e vida Severina
Trajetória do retirante: busca da vida
Encontros com a morte
Desespero x esperança
Final: nascimento de uma criança
Morte e vida Severina
(...) -Severino retirante,
deixe agora que lhe diga: eu não
sei bem a resposta
da pergunta que fazia,
se não vale mais saltar
fora da ponte e da vida;
nem conheço essa resposta,
se quer mesmo que lhe diga;
é difícil defender,
só com palavras, a vida,
ainda mais quando ela é
esta que vê, severina;
mas se responder não pude
à pergunta que fazia,
ela, a vida, a respondeu
com sua presença viva.
E não há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como há pouco
em nova vida explodida;
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida;
mesmo quando é uma explosão
como a de há pouco, franzina;
mesmo quando é a explosão
de uma vida severina.
Clarice Lispector+ exercícios
1920-1977
Clarice
Lispector
“Escrever é tantas vezes lembrar-se do quenunca existiu. Como conseguirei saber do quenem ao menos sei? assim: como se lembrasse.Como um esforço de “memória”, como se eununca tivesse nascido. Nunca nasci, nunca vivi:mas eu me lembro e a lembrança é em carneviva.”
“Escrever é procurar entender, é procurarreproduzir o irreproduzível, é sentir até oúltimo fim o sentimento que permaneceriaapenas sufocador.”
Clarice Lispector
Características Fundamentais
Intimismo
Monólogo Interior
Epifania
Momento de
autoconhecimento
Momento máximo de
revelação do eu, de
contato do ser
consigo mesmo.
Epifania
Intimismo
Monólogo Interior
Epifania
Fluxo de pensamento
Universo Feminino
Solidão
Busca da Identidade
Conflitos existenciais
Características Fundamentais
Tempo psicológico
“A máquina do papai batia tac-tac... tac-tac-tac...O relógio acordou em tin-dlen sem poeira. Osilêncio arrastou-se zzzzzzz. O guarda-roupa diziao quê? roupa-roupa-roupa. Não, não. Entre orelógio, a máquina e o silêncio havia uma orelha àescuta, grande, cor-de-rosa e morta. Os três sonsestavam ligados pela luz do dia e pelo ranger dasfolhinhas da árvore que se esfregavam umas nasoutras radiantes.”
[Perto do coração selvagem]
Características Fundamentais
fluxo de consciência / monólogo interior
“Eu te digo: estou tentando captar a quartadimensão do instante-já que de tão fugidio nãoé mais porque agora tornou-se um novoinstante-já que também não é mais. Cada coisatem um instante em que ela é. Quero apossar-me do e da coisa. Esses instantes que decorremno ar que respiro: em fogos de artifício elesespocam mudos no espaço. Quero possuir osátomos do tempo.”
[Água viva]
Características Fundamentais
Momento de ruptura
“O bonde se arrastava, em seguida estacava.Até Humaitá tinha tempo de descansar. Foi entãoque olhou para o homem parado no ponto.
A diferença entre ele e os outros é que eleestava realmente parado. De pé, suas mãos semantinham avançadas. Era um cego.
O que havia mais que fizesse Ana se aprumarem desconfiança? Alguma coisa intranquila estavasucedendo. Então ela viu: o cego mascava chicles...Um homem cego mascava chicles.”
[“Amor”]
Características Fundamentais
Obrasprincipais
Laços de Família(1960)
A Paixão Segundo G.H. (1964)
A Hora da Estrela (1977)
Laços de Família (1960)
Livro com 18 contos
A publicação do livro coincide com o divorcio de Clarice
Contos de grande densidade emocional
Conflitos das personagens com o mundo e seus desdobramentos
Nesta aula –Retomada dos tópicos principais
e expansão de repertório
https://www.youtube.com/watch?v=MBxAMJvSip0
https://www.youtube.com/watch?v=ohHP1l2EVnU
RODA VIVA
com
CLARICE
LISPECTOR
https://www.youtube.com/watch?v=clKnAG2Ygyw