habitações populares - primeira parte - everardo backhauser

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  • 8/17/2019 Habitações Populares - Primeira Parte - Everardo Backhauser

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    «saÉ*- itk** ^~ < ^£À -, # ^ ^ - t —

    -e y -* ^ ^ L e ^ £ o

    / — f^-íst^ -L -O —r —

    .■ V ' ' o \. > _ D t “"í y _ n - - ^ Z ;

    V ist X 3 -x '

    * * * H A B IT A Ç Õ E S

    P O P U L A R E S * * *

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    * R E L . A T O R I O* j . j . «s*

    fcíO D*, $&**

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    X 3 S T D X O E

    Pag*.P r e f a c io . . . • . • • * . % . . * • • . • VII

    Officio ao Bxmo. Sr, Dr. J. J. Seabre, M. 1). Ministro doInterior. Hfc

    PRIMEIRA PARTE — ESTUDO TECHXIUO-SAN1TARJO

    Preâmbulo*.......................... .........................................................Dcpendenciae comm uns. . . • . . .............................. ..... *

    Illuminaçãu natural. 7Ruas, parque* e ja rd in s.......................... • • • • . .Arboriaação ec a l ç a m e a i u . • . • .............................. ....... * 1$

    Agrupamento daa ca«a«. 13A reas in te rn as . . . . « * ................................... HA casa ^

    A casa operaria ty p o * 15Sala de reunião . . . ♦ • • _ ; . . . . . . .Cu/.iuha.Qoartoa — Ventilação . • • . . . * • » •. • i sPé direito •Escada . • ............................... . . . . . . . . .Varanda.......................... «Latrina. ................................................. * **Quintal.Jardim .................................Porôee •. » • # . . • * *

    A construção.A humidadeMateriaes # •Paredes. ............................................ „ ..................................... 32Portas e jenelJa*.......................... •Cobertura

    Installações compl ementa res . . • • • • • * • • •Jlium inação artificial . » • • • • * • • • • • 1Agua. # ♦ • . » * i • • * • * • * * ' *Esgoto ............................................ * ................................

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    O lado eeoBomico. . •Situação das «Villaa»Typoa das casas, •

    A pintura. | • •DormíWrios populares .C onclusões . » • • • »

    5 _ i n t e r v e n ç ã o d o s p o d e r e s p ú b l i c o sSEGUNDA PARTE-

    I n t r o d n c ç ã a .

    Votos dosCongreaBO!Paizes da Europa. •

    Allemanha. | •Áustria, • • *Bélgica. » • «Dinamarca. * •França. , • *Inglaterra • •I t a l i a • • « • N o ru e g a e S u e c ia

    Suiasa • .• •

    Paizes da America ,Estados Unidos •Uruguay . • *Argentina • * •

    | de habitações baratas

    Brazil.Leis do Impeno . • * • • • • • • *Companhia do Saneamento • , • • -* •Contracto do Dr. Agostinho dos Rei*. . .As «iVUas» das fabricas........................ * •Leis Furquim Werneck e Xavier da SilveiraDisposições geraes da actnal legislação federal e mun

    cipal , • • *A crise da habitação depois da transformação do Rio

    de Janeiro * • * • • * * * * *Lei municipal para a constmcção de casas operariasA Commissã® do Ministério do Interior : o projecto

    de lei, ♦ ,Em Niterói • «

    No Recife | * <

    Em Bello HorizonteEm S. Paulo ÉCooperativas | . p mínteprenção directadp Governo.

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    SERYINDO DE PREFACIO

    Desejava que a primeira pagina deste meu modesto trabalho fosse honrada com algumas palavras de A.lciud.o Guanabara, o grande jornalista que tem sido entre nós, sem que ninguém ouse negal-o, o apostolo da habitação hyg-ie-

    nica para os pobres.Desejava e pedi-lhe. Elle, porém, escreveu esse pre

    facio com palavras tão lie«ngeiras e tão immerecida- mente elogiosas para mim, que me tiraram a liberdade de aqui reproduzir o que afinal P a n g l o s s publicou n ’ 0 P a i z de 25 de maio de 1906.

    Everardo (Backheuser.

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    Mm. e Exm. Sr. Br. J, J. Seabra, muito digno Ministro da Justiça e Negocios In teriores.

    Honrado em a data de 16 de junho do corrente anno coma nomeação lavrada por V. Ex. para fazer parte da com-missão que deveria emittir parecer sobre o importante eurgente problema das habitações populares, coube-me, pordesignação do provecto presidente Desembargador Ataulfo Nápoles de Paiva, estudar a questão pelo seu aspecto technico-sanitario.

    Procurei cumprir essa incumbência e ora apresento otrabalho junto, de cujas folhas e senões peço desde já a V. Ex.excusas.

    Agradeço penhoradissimo a V. Ex. a nobre tarefa queme confiou e sinto não ter tido forças para desempenhal-acondignamente.

    Rio de Janeiro, 25 de outubro de 1905.

    Do V. Ex. admirador obrigado,

    Everardo (Backheuser.

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    < Dans lcs habitations économiques pourou vriera, 1'aclion des causes d’insa lab ritó es td*autant plus redoutable qu*elle s*exerce supdos personn es fatiguées p a r un long trav ail etqui, pa r conséquent, se trou ve nt dans les plusmauvaises conditions pour y rcsister. >

    M u l l e r e t C â c h e u x .

    « Os pod eres púb licos devem estab elec er p rescrifções regu lam entar es suficientes em

    tud o o que se refe re á s&lubridade das casasoperarias. »

    (Conclusão do Congresso de Hygiene de 1903,)

    « E’ o maximo problema actual: demorar a

    sua solução é com m etter um crim e de deshu*manidade. »

    OLAVO B1LAC*

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    PRIMEIRA. PARTE

    E s t u d o Te c l m i c o S a n i t a r i o

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    Preâmbulo

    Cidade nova e an tiga, nascida quando já era m velhas ascidades da m etropole, creada pela imprev idencia e como queao acaso, sem que presidisse á sua formação um plano preconcebido de um futuro qualquer, desenvolvida p ela lei domenor esforço que ia plantando casas, asym etricam ente dis tri- buidas pelos toi'tuosos caminhos dos valles, elevando-se aos poucos ainda sem orientação pelos ílancos suaves dos morros,o Rio de Janeiro estava fadado de origem a sofEror uma remodelação que désse ao seu conjuncto um m elhor aspecto.

    Ás ru as estre itas e sinuosas, onde casas acaçapadas esem esthetica se foram levantando em desobediencia a comesi-nhos deveres de alinhamento, p erdu rarão por m uito, em prestando á cidade a sua feição grotosca. Governos imprevidentesno passado, conservadores no presente, deixavam m ed rar, v ive re perpe tuar-se esta cidade sem que um rasgo de energia aremodelasse. '

    A isto, a este remodelamento m aterial, é que se está, só >hoje, dando solução. E’ aqui o rasgo soberbo e impetuoso,de uma artéria larga o sumptuosa pontilhada de palacetes defrontões artísticos, de torreões o cupolas de curvas inesperad as, de odifleios de estylos bizarros e var iados; é alli um jard im aberto , am plo, elegante , com gramados extensos e bemcontornados, rebrilh an te de flores escolhidas ; mais além , cos-teando as ondulações forçadas da praia, uma avonida elegante,suavo, cheirando a bom ostar, as ru as macadam izadas c ajardi- ,nadas tamb ém .

    Faltava, porém, cuidar do lado quiçá o mais importante

    do saneamento, qual o da habitação hy gienica—oh ! princ ipalmente hygienica — para as classes pobres.As mil demolições pa ra alargam entos de umas tan tas ruas,

    para abertu ra de algumas, para derrocar velhas choças ru i-nosas, mas quo ainda davam agazalho a famílias, para fecharoutras quo por insalubres, radicalmente insalubres, não podiam

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    fser saneadas, tudo isto v-oiu dar á moléstia endêmica du Rio, ;,.i h ab itaç ão -u m earactor agudo, angustiante, formidável. 1

    A população que se deslocava mo tinha ondo morar.alojavam aqui para amanhã de novo, com armas e bagagens,se remover para um outro ponto. Foi se afastando do centroquando os meios de fortuna o p erm itt iam ; foi se agglomerandono centro, tornando mais perigosa a sua estadia, quando osrecursos ordinários eram parcos.

    | Urgia uma solução.A primeira que surge, que se aventa, que se desfralda é a

    da construeção livre, isto é. construir sem regra, para povoar, para encher de casas os logares ermos ou nascentes, sa lpican-eando-os ao acaso com a imprevidencia do passado.

    r K' o caso de Copacabana. Copacabana é por certo o maisrecente bairro da cidade. Plantada entre a cadéa de montanhas e o oceano aberto, ligando-se ao centro por dous tunneis,Copacabana tinha deaute de si um .futuro brilhan te si facil-mentese povoasse. E como o obice oram &s cxigoncias s&ni— tarias da engenharia municipal, que en travava esse rapido

    progredir, exigindo quo toda a construeção obedecesse a umconjuncto salu tar de preceitos bygienicos editados pela pratica e pela theoria, c laro foi que se procurou fu rta r o proprietár io do Copacabana a eSsas exigências. 0 resultado foi o p ovoamento, é verdade, mas o povoamento desordenado em que

    já as ruas são tortas, em que j á ha até c o r t i ç o s .Felizmente o Sr. Dr. Pereira Passos obteve do Conselho

    > lei prohibindo esse incrível abuso.Ksto foi o modo por que se fez o Rio, ciya reforma tan to no ;

    está custando.Este é o modo por quo se vão fazendo as cidades por esse Brazil em fóra. Seja-rae perm ittido, ftigindo em boraum pouco, não totalmente, ao assumpío que nos occupa no

    presente momento procurar lembrar ao Poder Publico a conveniência de acau telar o futuro interesse de muitas cidadesque por improvidencia e só imprevidencia não olham pa rá essas

    r" questões. Não se prec isa ir longo. Emfrente a nós, na cidadede Nitheroy, ai ha nove mozes, graças ao benemorito Dr.Paulo Alves, ha uma regulamentação de obras, prescrevendoregras o m ildes geraes a que devem obedecer as novas con-

    strueçõos e o; concertos das antigas. E con t-a esta sa lu ta rmedida se insurgiram os p.-oprieíarios ! Isto se dá em um acidado, cap ital de um Estado, a v inte minutos d'aqui, dainfluencia ouvidoreana, cidade quo já pensa em avenidas á

    ^beira-m ar e outros embeliezamontos de monta. Que dize rdas ou tras muitas que se afas tam cada vez mais do Rio e portanto, da influencia in te llectuai que a motropole exerce ? '

    A lei unica da edificação dessas cidades, grandes ta lv ez

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    amanhã, centros naturaes de trocas commereiaes, empo- porios industriaos, ó a lei do menor esforço, essa mesma sobcujos infelizes auspícios se formou a cidade carioca, que hoje osgovernos e nós tambem, em campo de acção mais restricto, masnão menos importante, vamos procurando so^rguer. Assim pois, re tira r o cu te llo dos regulamentos ou leis de obras de sobreas cabeças dos proprie tários e constructores é fosop-lhes talvezum beneficio duvidoso, é causar por certo um pre juízo grandeaos moradores e ao progresso futuro das cidades.

    Longe, pois, de aconselhar que se affastem das casas operár ias umas tan tas prescripções san itarias que a tochnica tem

    ju lgado proveitosas, eu aconselho que se to rnem ellas sevoras, pois, pre ferível ê tor-so um pequeno numero do casas sa lubres aum grande num ero do antros inhabitaveis.' E digo até que, â guiza

    de conselho, devem essas informações ser m inistradas a todasas municipalidades do Brazil, sejam ellas as cidades já povoadas,na tr ilh a do progresso, sejam ellas os nascentes logarejos dossertões do interior.

    Assim pois, de um modo geral, nas habitações ope raria s—e principalmente nestas—dovo-se procurar cumprir o mais possivol os conselhos da p ratica hyg ienica.

    Eu exemplifico : Um a disposição salvadora do ac tua l regulamento de obras da nossa P refe itura determ ina que o solo

    de toda a construcção seja revestido por um a cama da impe rm eável. Esta medida encarece naturalm ente o orça m entoslogico pareceria que, como protecção, se devesse diminuir essa p .irc jlla para , dim inuído o custo tota l, podor ser mais razoavelo alugu el futu ro. Mas procure-se v er a razão de ser dessamedida.

    0 lençol d’agu a sub terrâneo se ap resenta no Rio deJaneiro m uito proximo da superfleie. 0 estudo minucioso aque se entregou a commissão presidida pelo sem pre lembrado

    Dr. Manoel Victorino, em 1896, veiu confirm ar, pe las var iassondagens feitas, a existência desse lençol d’agua, que nãoé, pois, uma «lenda scientifica».

    A commissão op inava pe la necessidade do um a extensadrenagem superficial do Dietricto Federal. E

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    j .«canoaHygienioosejadesprezada aoque “ma medula de te isso encarece ase elevar uma casa para g g |jg .obra ? Penso que não ex0mplo ainda maiselaro.

    ^ JaT PeS o te““ no em dados casos d de ordem talA conflg«uvaçao do terrc ^ ^ mais facil e maisqao a divisão interna da yez qlie se posa fazer commoda—donde mais ra flsfjfce um a« » aposento«w não velhas edif l-a l c o v a , d e - s s ; i s tetn cas a t • _ r f o s , , H f i Baitdin com

    - ,,na ..Mídog esses horrorosos quario* qm.cac

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    Depeitdenclas Communs

    A' segunda pai*te do problema se prendo a questão ainda

    mais geral, universal quasi, da edificação de uma cidade. Não procuro encarar esse assumpto de uma maneira tão geral queescape quasi ao nosso thema de estudo. A «villa operaria» 6 enão 6 uma cidadesinha. Si pelo agrupam ento e reunião dascasas ella se pódo considerar uma pequena cidade, por outrolado falta-lhe esse característico primordial—de se desenvolvercm um ponto até então deshabitado.

    A « villa opera ria » fica encravada entro terrenos habitados, de modo que a sua expansão não 6 tão folgada, nem tio

    facil como nas demais agglomerações ; ella tem de obedecer áconfiguração topographioa e geologica do terreno onde pornecessidades outras, que não as da mera hygieno, se vaelevantar. Ha, porém, umas tantas regras a que sempre poderáe deverá obedecer.

    E’ claro que, limitando as casas, facilitando-lhes as eom-municações ontre sie pa ra o exterior, have rá ruas . Essas ruasdevem se regula r completamente pelas prescripções marcadas pela technica.

    A la rgura da ru a o a elevação do edifício são dous termosde uma mesma equação. Um é fUncção do outro; este var iaráconformo os valores que so forem attribuindo áquelle.

    Si se tornar constante a larg ura da rua , fixada em umnumero de metros tal que perm itta o facil transito de peões ecarros, a fachada do edifício será mais ou menos alta.

    A razão de ser dessa prescripção

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    osthetico dô obriga r á rigidez da rec ta o alinham ento das ruas.Em uma ru a recta não se tem a v ista das fachadas, tem-se aimpressão angustiosa de duas linhas que se não encontram pormais que se approximem em uma perspectiva enganadora.A curva , a curva suave, larga, levemente côncava, perraittoum a vista de conjunoto, deixando ver melhor as tachadas eimpedindo, si a ru a ó or ijnta da na direcção dos ventos dominantes , as « correntezas » incommodas, o quo se não dará si ovento se for reflectindo nas fachadas levemente encurvadas.

    A idóa não é nova : Puetzer, o respeitável professor belga, já a adoptou em um a « villa» no Darmstadt.

    E tem-se assim ensejo de acabar com as detestáveis topo-graphias das cidades feitas em fórma de xadrez, como quemandadas prep ara r de encommenda nos fornos da engenhariaoíficiai e que emprestam ao todo um aspecto de uniformidade

    e de aborrecimento. Houve mesmo quem lembrasse de disporas casas no feitio que o* francezos chamam em « quinconce »,isto d, do modo quo as casas do lado par ficassem em frente aos

    ja rdins das casas im pares e as casas imp.ires em frente aos ja rdins das casas pares.

    Ainda pa ra que brar a monotonia das villas operá rias,cujo typo de insipidez na cidade do Rio do Jan eiro é rep resentado pelo p arallelismo das fachadas, nas cham adasavenidas,em que as po rtas e janellas se perfilam com a ímperturbabili-dade dos soldados em form atu ra, ó necessário cu ida r da arbo-rização das ruas em as nossas futuras villas oporarias, e cuidartam bem dos parques e jardin s nas suas imm ediaçôes.

    I? incalculável o valor hygienico © m oral dos jardins. Ennão me atemorizo, como o Dr. Dupuy{Remie d'Hygiène, 1905),das pequenas gotfcas de orvalho que se formem nas plantas,dos lagos artiflciaes dos jardins, por m ero receio da la rv a domosquito. O oxygoneo purificador que as folhas produzem, orefrig erio quo ao nosso cálido clim a tra z a leve hum idadeespalhada paios repuchos, bom valera con tra os problemáticos

    perigos do mosquito. Isso pelo lado hygienico. Peio lado m ora lha a n ota r o valo r de t sr a familia proximo á casa osso gratu itodivertim ento d e um passeio á tardo, convidativo p ar a o pao,que só assim não irá buscar na tav ern a ou longo do la r asal eg ria s necq8sariáis «o seu esp irito. _

    Nas villas operarias d eve existir um espaço destinado a ja rd im ou a p ar iue, opde os proprios moradores possam constituir l im a philarmonica.

    Em um a das viilas da Companhia Saneamento — a Villa

    Senador Soares — ha um largo parque, infelizmente em com -^ ple to estado do abandono.O parqno commum$ não prescinde abso lutam ente dos

    jardins domésticos, proprios a cada casa, c que p or pequenos

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    que sqjam prestam relevantes serviços, jil il educação dasereanças, já aos proprios pacs.

    Tratando-se ainda das ruas. é de ver que essas, emboradispostas 110 terreno particular, passam dosdo logo a obe

    decer aos preceito; urbanos geraes da viação, isto passama te r serven tia eommum, carecendo de uma limpeza constan te e devendo ser convenientemente calçadas e arborizadas.

    l’m onus, pois. a exigir do eonstructor da «villa operaria»a iroco dos favores que se houver de aecordar, será esse exacta-mente.

    A limpeza constante, quotidiana o permanente eieapa,eomo questão de policia sanitaria que d, ao assum pto do meuthema de estudo.

    Sobre a arborização e calçamento devo, porém, dizer algumas palavras.

    Fixando, como é de praxe, a largu ra minima da ru a emseis metros, largura determinada pelas necessidades da viação,tendo 1, m20 para cada passeio (trottoir) o 3,m60 para a calçada

    propriam ente, 6 claro que não poderá haver duas fllas do arvores, mas uma unica, central. Quando, porém, por causa

    da illuminação dos prédios so tivo r de aug m entar a largura , éirracional que se finquem duas fllas de arvores, impedindo essamesm a illuminação de que se quer fazer beneficiar as casas;assim, cumpro que ao se pro jectar os arruameQtos internosda villa (como de resto oo se projoctar a arborização de qualquer cidade) não se proceda com incoherencia.

    Eu penso que a distancia da fachada ao tronco da arvorodeverá se r fixada em tres metros.

    Um onus não menor é o do calçamento. Querer um calçamento modelo no interior de uma cidade operaria seria elevar de muito o custo geral da obra, donde do aluguel futuro, sem uma justificativa razoavel.

    Estou que nem mesmo o calçamento a parallelçpipedos de pedra (granito) dever-se-hia taxativam ente oxigir.

    Não vejo por que não seria aconselhável o calçamento amacadam. E” corto que en tre nós o calçamento a Mac-Adamainda não recebeu um a saneção pratica, sendo o seu uso cir-cum scripto . Deve-se isso ao modo pelo qual se procede naexecução desse genero de revestimento do solo.

    Em geral os nossos calçamentos do systema Mac-Adam sof-ft*em desses dons males ingenitos: excessiva poêira espalhadaem nuvens sn(Tocantes nos dias qnentes e um a lama molle,escorregadia e aborrecida nas épocas do chuva. Eno emtantoindo isso seria facilmente obviado si so tentasse aqui o quoa pratica européa tem indicado o quo já foi exporimentadocom exito em S. Paulo; a alcatroagom das ruas.

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    Não ó aqui o logar do tra ta r do in teressante assumpto que é perfeitam ente desenvolvido nos Nouvelles Annales de Constru- clion, de Oppermann (1004) Annales des Ponts et Chaussées (1905) e Revista de Ingegneria Sanitaria (1905).

    O processo é dos jnais simples: varre-se m uito bem, comvassou ra de piassava dura, a calçada macadamizada de modoa que as pequena3 pontas de ped ra formem um a superfície irro-gular, cheia trd e naienreoas e saliências; a«sim preparada,lança-se sobro olla, por meio de regadores, o alca trão ou piseque será espalhado mais ou menos na proporção de um kilo por m etro quadrado. E’ um calçam ento barato e conveniente, pois perm itte a lavagem e a facil varredura. K’ aconselhávelna grande3 estradas do rodagem e será pratico, pelo seu pequeno custo, usa i—o nas ruas das « villas operarias ».

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    Agrupamento das casas

    Passando do coqjuncto ao detalho, devo estudar agora o

    modo de agrupamonto das casas.De uma m aneira categórica se pôde dizer que a unica ha bitação de todo aconselhavei é a habitação isolada, completamente isolada. Só essa recebe uma illuminação completa; sóessa é perfeitamente ventilada, correndo o ar em todos os sentidos, só ella póde ter uma absoluta independencia.

    infelizmente, porém, esse é na maioria dos casos o casotheorico, mesmo para a habitação dos ricos, ou pela exiguidadedo terreno ou pela sua irregular configuração; que dizor então

    das casas pobre* em que todo terreno deve ser aproveitado omais possivel, em que a construcção deve se baratear, sendoum dos melhores meios as paredes feitas em cominura—demeação chamadas?! E’ por esta circumstancia, imposta pela

    pratica, que se voem os constructorcs forçados ao uso dos gru pamentos de diversos modos, sejam elles das casas geminadas ;seja o typo moulhosiano do* grupos de quatro casas ladeadas por jardins; seja a disposição em filas, naturalm ente a mais barata , embora menos esthetica, chcgando-se afinal ao usodas grandes habitações collectivas, formadas de um só predio,dividido em varios commodos, formando pela sua reunião perfeitas residências separadas.

    K’ evidente que essas agglomeraçõe* pouco aconselháveis pela hygiene e pela moral, tendem a ser toleradas pela deficiência de terreno ou pelo seu custo elevado, procurando-sosupprir, pela superposição dos andares, a falta de espaço horizontal.

    Conforme, pois, o caso, te rá de ser usado esse ou aquellotypo; si a construcção se fizer nos suburbios, fóra do circulo deagglomeração urbana, póde se usar o typo isolado — ocoltage; si, porém, houver necessidade do olevar-se a edificação emcentros mais populosos, as casas tenderão a se grupar em duas,cm quatro, em fila; e si a densidade censitaria augmentar, dar-se-ha o empilhamento das casas superpondo-se em camadas ho-rizontaes, em vez de se disporem em planos verticaes diversos.

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    -V' prop orção quo i s to se fer « laudo, m aio r se devo i r to i -u a u d o o r igo r das au to r idad es sa n i t a r i a s (modioos ou engenhe i ros ) p a ra a d i spos ição dos comm odos, sou modo do a re jam en to e i li um inação , pe r ig tw do incênd io , e t c .

    A c a s a is o la d a I n a t u r a l m e n t e h y g i e n ic a , s a l v o s i q u e m ac o n s t r u i r £ q u i z e r f u r t a r p r o p o s i ta l m e n t e a o s co ns ellio sd o b o ms en so ; a s j a a e l t a s v o l ta d a s p a r a o s q u a t r o v e n to s , a v e r d u r aq u e » c ir c u i n d a , o q u i n t a l a m p l o p a r a acriação o p a r a a lavag e m , t udo faz não t em er a inobse rvânc ia das r eg ras hyg ion ioas.

    iü o p r im e i ro g r u p a m e n t o se d á , e n co s ta n d o u m a á o u t r a«luas casa s,ê preciso dosdologo f iscal isar-se o projocto, po rqu es i k i i não se tizo r, fo rm ar-se -ha p a ra logo um a a lcov a . Essaf lsea l isacão i rá de grão em grá o pi*ocisaudo se to rn a r m aisa rg u t a á m e d id a q u o o a g r u p a m e n t o so f or to r n a n d o m a i o r.d em odo a q ue no caso d a «caserna* se ja o m a i s possivel r igo ro so .

    ET ab i a oecasião de o lh a r com espec ia l idade p a ra a sa r e a s i n t e r n a s . E u m e v o u r e f e r i r a q u i a o c as o c a r io c a , e m q u ono táve l é a def ic iênc ia n a r egu lam en tação .

    Ao passo qu e se ou ida com espec ia l a í t enção do a l a rg am en todas rua s e da inso lação das fachad as p r inc ipa es dos p réd ios , s at em deseurado a té ho je da il ium inação o inso lação das a re as int e r n a s q u e s ão v e r d a d e i r a s o h a m in é s s o m b r ia s , a b e r t a s e n a g e r a ionde nas épocas das chuva s pe ne t ra a a g u a o onde , logo depo i s ,não pódcn i p en e t ra r os r a ios so la r o 3, do modo q ue as p a re d esi n te r io r e s fic am p e r m a n e n t e m e n t e e m e s tá d o d e h u m i d a d e .

    Ex ige - se de ta lhadam ente a superf lc io q ue devem te r e s sasar e as , su perf icie quo é de 6™e, 8“ * e 10” * p a ra a s ca sa st a r re a s , d e d e u s e d e m a is d e d o u s a n d a r e i , s e m s a r e mind icadas a s d imensões l inea res , de m odo que se podem fo rm a rverdade i ros co r redores, abso lu tam ente inú te i s , não se rv ind oaos fins de il ium inação , s i a su a m a io r d im ensão fo r, p o rexemplo, o r i en tada no sen tido l e s t eoes te .

    O r a, is to q u o n a s c as as co m m u n s ô u m g r a v o e r r o , t o r n a r-se -ha um grav e c r im e nas hab i tações co l lec t ivas ' case rna s ) , ondeto do s o s c om m o do s d e u m a c a s a p o d e m d a r p a r a a s á r e a s i nt e r n a s .

    Essas á reas, po is , devem se r f e it a s de m odo ta l qu e a su am e n o r d im e n s ão s eja a t e r ç a p a r t e d a m a is a l t a p a r e d e q u e

    p a ra e lla d é r .Assim send«), nem u ni receio pôde ha v o r da fa l ta d e i l lu m i-

    n a çã o ,p o rq u e a á r e a t e r á a m e sm a la rg u r a p r e s c r i p t a p a r a a r u a .Adeant ? ou te re i , re ferindo-m e ao caso das g ran d es c id ad ese e spec ia lm en te do Rio de Jane i ro , de e s tu d a r a loca li zaçãodas habi tações ope ra r i a s e nesse m om ento devo t e r ense jo dem u occupar das g randes casas co l l ec t iva s .

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    A casa

    Considerando agora a prim eira pa rto do problema, devome refe rir á casa propriam ente, ao modo de arranjam ento dos

    commodos internos e aos preceitos quo o consenso ge ra l doshygienistas tem indicado como os mais perfeitos.A casa typo para o pro letário fò ra, desde Augusto Com te,

    indicada. 0 grande polisador já escrevia no tomo IV da suaoxtraordinariaPolitica Positiva:

    « II faut com pléter ce tte dotermination en indiquant, m aissoulem ent envers le cas princ ipal, la composition correapon-danto du domicile domostique. En confondant les mots faviilte e t maison dans le motménaye, le langage indique une appre-

    ciation univorselledela communauté d’habitation commerésul-ta t e t condition d’une suilisante intim ité. C’est sur tou t ainsiqu’on peut ne ttem en t circonseriro 1’association dlóm entairo cnêc ar tan t le* biens trop laibles pour compor te r une inême rési-dence.

    D’apròs les indicatious précédentos, chacuu des tro is êlé -íuen ts (•) de la 1'amille pro léta ire exige une pa rtio distin-cte do 1’appartement commun outve la salle de réunion

    e t do réception, ord inaire m en t indépendanto de celle oii lesalim en ts sont prepa rés et consommés. M algré la profondeur dessym patliies e t 1’indentitó d’éducation, la diversité des âges etdes situations empêcherait une sufflisante harmonie, si le coupleac tif et le couple passif ne pouvaient, ã le ur gré, se sép arer e tse ressem bler, ainsi qu’éc arte r les enfants. La pa rtio réservéeà ceux-ci do it toujo urs e tre subdivisée, afiu d’isoler chaquosoxe, m ais sans distinction de nom bre.

    Knfin, tou te fam ille a besoin d’un o ra loir e, oü chacuu puissedign em en t dóvellopcr lo culte p Tsonnel, et qu i se rt de san*

    (•) Nota de Miguel de Leinos — Os tre s elem en tos sã o : osavós m ate rn os, os paes e os filhos, repre senta,nd o o passado,o pre sen te e o fatu ro.

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    — 1« —

    o td f t iro p uu r i a oo ramuiu - oõ lôb ra t iuu du cu l t e domo» rquc p o s i t . iv tom o, pa g- ao-*.) , ■

    R,ta cí**a assim p e r fe i ta , « so m c o n te r n a d a d e in u t i »wHio ainda accreseonta B po d e ro so soeiu logo , in fe l iz m e n te nãopode ainda s e r accoita no e s t a d o da s o c ie d a d e a e t u a l . B c om oaqui venlio e s p e c i a lm e n t ec o m o ftm d e d a r a o p r o b l e m a o cotingento pratico, d e e x ec u çã o i m m o d i a ta . e u m e te n h o d e f u r t a r ,embora não o desejasse, d e i n d i c a r o p l a n o d e d i v is ã o i n t e r n as a b i a m e n t e id e ad o p o r A u g u s to ( o m t e -

    Uma outra contingência, qua ndo não fossem os háb i to s eoe costumes da dpoca, f ã r-m e-h ia a ff as fcar d es se t yp o : e e s t aera 1 questão do custo, d o p r e ç o , to n d o -s e e m v i s t a a c t u a l -

    mente barateal-a, p a r a m in o r a r e u ão p a r a r e s o lv e r (q u a n d oso chegará S solução do p ro b le m a so c ia l ?) a c r is e q u e a t r avessa 8 população pobre.

    As tres q u e stõ e s b as ic a s do p r o b l e m a d e h a b i t a ç ã o o p e r a r i aBão, sem d u v i d a , n o p r e s e n t e m o m e n t o , a s d e : b a r a t e z a ,salubrrdade e p ro x im id a d e d o t r a b a lh o .

    guses tres d ad o s, a p r e s e n t a n d o - s e e m e o n j u n c t o , d ã o áquestão um c a r a c t e r d o e n o r m e d if fie u ld a d e , p o i s. e n c a r a n d o - s equalquer delles i n d e p e n d e n te d os o u t ro s , s im p l if ic a -s e e n o r m emente o problema, ao pas so quo a so lução é d i ff lc il e á s ve zes

    impossível, ao se t e r d e e n c a r a r os t r e s ao m e sm o t e m p o ,i- Assim, a solução r a c i o n a l , lo g ic a e j u s t a d e A u g u s to C o m tenão pôde s e r t o ta l m e n t e i n d i c a d a . B a s ta v e r o q u e d i z e m o sespecialistas s ob re c a s a s o p e r a r i a s , e s p e c ia l is ta s q u e e n c a r a m ,B verdade, a p e n as a p a r to m a t e r ia l s e m s e in c o m m o d a r e mc o m o l a d o m o r a l .

    Muller e D u m e sn il a c h a m , p o r e x e m p l o ,q u e o l a r s e d e v ecompôr de dous ou t r e s q ua r to s com w a to r—closefc o co z in ha .

    Cacheux a c o n se lh a q u o n o a n d a r t e r r e o h a j a a s a l a o acozinha o no p r im e i r o a n d a r d o u s ou t r e s q u a r to s , l a t r i n a e d e -pendencias J J a n o t , n o C o n g r es so d e 1900, d a v a c o m o t y p omais completo: c o zin h a , s a i a d e j a n t a r , t r e s q u a r t o s , s o tã o ,deposito de l e n h a , c a v a ( e s p e c i e d e p o r a o ) e l a t r i n a .

    No e m ta n t o , h a c as a s q u e n ã o t e e m s in ã o s a l a - d o r m i to r i o ecozinha e o u t ra s q u e r e d u z em os m o r a d o re s a u m u n ie o o o m -ruodo. F o lh ea nd o q u a l q u e r d o s m a n u a e s c o m m u n s d o a s s u r a p t o ,r e p le t o s d o d e s e nh o s d a s v a r i a s v il la s c o n s t ru í d a s , v ê - s e a v a r i ed a d e p r o d i g i o s a d e t y p o s , t o d o s o l le s c o n s t i tu í d o s d o a c c ò r d oc o m a s o x i g e n c ia s d o l o c a l e d a ê p o c a .

    D a n do , p o r ê m , a ca s a -ty p o . in d i c a d a p o r A u g u s to C o m te , a

    qu© s em i n c o n v e n ie n te s e pô d e a c c r e s c e n t a r u m a d e p e n d e n c i apara l a t r i n a e o u t ra p a r a q u i n t a l, e u t e n h o in d ic a d o o l im i tepara o q u a l s e d e v e i n c e s s a n te m e n t e t e n d e r . D e vo m e s m o a c "c r e s c e a t a r q u eo uo sso i il u s t r e p a t r i c i o e e m e r i t o e n g e n h e i roS r. D r. S a t u r n in o R o d r ig u e s d o B r ito , já p r o j e c to u p a r a o N o v o

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    — 17 —

    Arrabalde da Victoria, capital do Espirito Santo, uma casa nosmoldes da preconizada por Augusto Comte. No interior de umterreaomedindo 14 metros de frente por 42 metros de fundoestá construída a casa com as soguintes 11 acoommodações(Fig. 4, Plancha 1):

    1— Quarto dos avós.2 — Quarto do casal.3 — Quarto das filhas.4 — Quarto dos filhos.5 — Sala de visitas.6 — Sala de jantar.7 — Oratorio.A — Passagem,B — Cozinha e despensa.

    C — Vestibulo.D — Banheiro e la trina.Especializando ainda mais a questão e passando do caso

    europeu ao nosso, ou melhor do caso dos climas frios ao dosquentes, vê-se ao primeiro exame que o typo de distribuiçãointerna ha de variar, não so podendo indicar aqui tudo que a pratica estrangeira tenha indicado para lã.

    Nos paizes fidos, por exemplo, fazem em gerai da cozinhaa sala de reun ião; ella seria então grande e espaçosa, utilizando-se um só fogão para o aquecimento da familia. Aqui, paiz quente, ao contrario devem-se procurar os logares frescos,e seria então o caso da construeção da va rand a ou pequehotelheiro ao lado da sala de reunião, formando como que umappendice, de modo que a mãe pudesse facilmente fiscalizar os

    brinquedos dos filhos pequenos o gosar ao mesmo tempo de umatemperatura amena.

    Em resumo, as partos componentes de uma casa podem ser

    subdivididas em dous grandes grupos : locaes de permanênciadiurna (sala o cozinha) e locaes de permanência noc turna(quartos).

    Nos primeiros, desde quo haja uma conveniente collocaçãodas aberturas, a ventilação se dará com facilidade, sendo, nodizer de Arnould, «as janellas o prime iro meio de ventilação», pois, havendo duas janellas abertas, se estabelece desde logo umacorrente de ar ; nos segundos é preciso cogitar do um meio para provocar a sahida do a r viciado, e isto eu procurarei m ostra rdentro em breve, estudando essa importante parte da casa, quosão os quartos.

    A sala de reunião é a pa rte mais im portante da casa. E’nella que se encontra diariamente a familia reunida nas horasdas refeições e á noite nas pales tra s; nos dias de chuva ascrianças nella permanecem sob a vigilancia materna, motivo

    3182 2

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    p e lo q u a l d e v e a o o z iu h a f ic a r p r ó x im a d o e s a s a l a , P 01^ -c a s as p o b re s g e m g e r a l , a m ã o q u e ae o c cu p a d os m s o i o s

    c o z in h a e d a l a v a g e m .D e v e, p o r c a n se l u o n c i a , s e r a s a l a b e m a r e j a d a , jo s c ac o n f o rt a v o lS C a e h o ux in d i c a 1 d i m e n s ã o d e 16“ * o u s q j a m410X4™. »

    | cozinha, n ã o t e m n o s o lirn a * q u e n te s o p a p o 1 p r e p o n d er a n t e q u e te mnos c l im a s d a z o n a t e m p e r a d a . D e sd e q u o a s a ad s r e u n i ã o 1 d e j a n t a r s e j a e s p a ç o s a , a c o z in h a p ó d o s e r p e q u e n a ; q u a u J o , p jp é m , a s n e c e -s id a d e s d o p r e ç o t e n h a mf e ito r e d u z i r o n u m e r o d o c o m m o d o s a d o u s p o r e x e m p l o , «3c o n v e n ie n te d i r u m p o u c o m a is d e e s p aç o á c o z i n h a , t a n t om a is q u a n t o , p o r h a b i to , a s n o s sa s c l as se s p o b r e s n a o s e s e n t e mm a l co m e n d o n a c o z in h a , o q u eé f a c to d e f a c il o b s e r v a ç a o .Do q u a t r o a d e z m e t ro s q u a d r a d o s p é d e v a r i a r a s u p e r f íc i ed e u m a c o z in h a , f az en d o -s 3 u so , no ca so m i n im o , d o s p o p u l a r e se e e o n om ic o s i b g a r e i r o s . .V c o z i n h a c o n v é m f ic a r p r ó x i m a d as a l a d e re u n i ã o .

    P a r a f a c i l it a r a v o n t i l a ç ã o p ó d e -s e c o l lo e a r u m a j a n e l l ao u m a z z a n i n o n a p a r to s u p e r io r o u m e s m o d i s p e n s a r o t e c t o ,v o l t a u d o - s e a*> n s o d at e l h a - v ã , q u o , e m lo c a l o n d e s e n ã o d u r m a ,n ã o a p r e s e i ta iu e o n v e n io n t e .

    A s p a re d e s d a s c o z in h a s d e v e m s e r p r o v i d a s d o u m a s u p e r f íc ie i m p e r m e á v e l a t é a u m a c e r t a a l t u r a , c e r c a d o l m, 5 0 .K ssa m e d i d a t e m p o r A m , j á o v ifc ar a in f i l t ra ç ã o d a a g u a p a r aa s p a r e d e s, p r o d u z in d o o s in c o n v e n i e n te s d a h u m i d a d e , q u ea d e a n t e a p o n t a r e i, j á p r o p o r c io n a r o a s se io p e r m a n e n t e d e s s ec o m p a rt im e n to o n d e a l i m p e z a d e v e s e r g r a n d e p o r s e r olo c al d o p r e p a r o d os a l im e n t o s . P a r a a t t e n d e r a e s se s e g u n d oi t em c o n v i ri a q u e o s l a d r i l h o s u s a d o s f o ss em c l a r o s . N ã o r a r o ,to n h o v i sto a l i e g a r o i n c o n v e n i e n t e d e s s e s l a d r i l h o s : « o b r a n c os o ja m u ito » (! ) . Q u e m a l le g a is to n ã o v ô q u e s e s u j a m a m b o sig u a l m e n t e , o s b r a n c o s e o s e s c u r o s , c o m a d i f f e re n ç a q u e o se sc u ro s g u a r d a m e s sa s u j e i r a se m m o s t r a r , s e m p e r m i t t i r p o is , a c o r r e c ç ã o , e o s c l a r o s m o s t r a m - a ’a f l a g r a n t e m e n t e e f ac i li ta m o d e s e já v e l a s se io . N a s u p e r f i c i e d a p a r e d e s i m p l e sm e n te c i m e n ta d a , a l é m d a c ô r c i n z e n t a , h a a c o n s i d e r a ra i n d a a r u g o s id a d e d o c im e n t o p o r m a is l is o q u e o f a ç a a c o l h é rd o p e d r e ir o , r u g o s id a d e q u 3 a c a r r e t a a q u a s i i m p o s s ib i l i d a d ed a l a v a g e m d os d e t r ic t o i e g o r d u r a s a h i d e p o s i t a d o s .

    N ã o 6 d e a d m i r a r q u e o s n o sso s « m e s t r e s d e o b r a s » f a ç a mis to q u a n d o e n g e n h e i ro s h a q u e c e n s t r o e m a s p a r e d e s d ou m m ic to r lo d e c im e n tor u s t i c a d o (!).

    Quar tos — P a ss a n d o d o s l o c a c s d e h a b i tu a l p e r m a n ê n c i ad i u r n a a o s d e n a t u r a l p e r m a n ê n c i a n o c t u r n a , t o r e i d e , a om e s m o t e m p o , e s t u d a r a s q u e s tõ e s d o sq u a r t o s e v e n t i l a ç ã o .

    f d e f a c to , a o s e e s t u d a r o q u a r t o , i s to é , o d o r m i to r i o , o

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    local da habitação nocturna, que se deve tra ta r da ventilação,o quo quer dizer, da renovação do ar.

    Não se pôde dar á cubarão do quarto uma im portânciaexcepcional, quando se sabe que o ar se vicia com rapidez e queambientes relativam ente vastos em poucas horas ficam inqui-nados uma vez que se os supponha completa e hermeticamentefechados. Sah iria m uito fóra do simples estudo, que aqui p retendo fazer, cu idar da composição do a r ; todos os hygionistastomara, porém, para iudice indicativo da pureza do ar a quantidade de gaz carbonico (CO2), habitual e erroneamente cham adoacido carbonico, um a vez que é impossível dosar de um a mane ira perfeita as im purezas organicas oriundas dos seres vivos,impurezas quo são, por certo, um dos principaes elementos da

    polluição dos ambientes. Devo tambem le m brar como causado impureza do ar, a temperatura e humidade, a que tão altovalor é attribuido depois dos interessantes e valiosos trabalhosde

    Além da quantidade desse gaz norm al no ar , cerca de 0.4 por 1000, os organismos vivos, por causa da respiração, pro-duzem-n’o constantemente até um ponto em que se torna irres pirável a atm osphera . Donato Spataro(Tratada de Architectura Sanilaria) estabelece a seguinte reg ra:

    « Si o ar deve m anter-se respirave l e não prejudicial, aquantidade de gaz carbonico contida em um metro cubiconão deve ultr apassar 0,7 por 1000 para os doentes e 1 por 1000 para os sãos; para os locaes de perm anência te m poraria ,m as deagglomeração, por economia póde-se tomar como limite 1,5 por 1000.»

    De accôrdó com olla o com a form ula racional

    1 1 tplUl = C-f- ——E-----V — vp

    dondo , _ H «) (V — vp) pi-----------

    om quem é a quantidade em litro s de CO* cjn tid a om l m3 de a r no

    fim do tempot ;c 6 a quan tidade em litros de CO8 contida orig inariam ente

    em lm3 de a r ; p 6 o n um ero de pessoas;

    16 o num ero de litros do CO* produzidos em um a h o ra ;V e o são o volume do local e o volum e de cada pe sso a;chega-se a ach ar, attribuindo-se valores ospeciaes ás variave is,que o volume de ar , por ho ra, necessário a cada pessoa, ôde 33ra3.

    Aliás, o professor belga Putzeis, attribu indo outros valo resexperim entaes, ach a quo deve se r esse Volume de 75m3; o hy-*

    — iü —

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    - Ü -

    gienista francoz Arnould ftxa-o em 50“3 e Laveran em 40a3,quantidade tambera indicada por Pedrini.

    Não se pôde pensar em dar aos ambientes uma oubação talque, independente da renovação, se possa permanecer no localo numero de horas (6 a 8) habituaes de reclusão nocturna .

    O pequeno calculo feito por Putze is ô decisivo. CoLlocadauma p;?ssoa em um local fechado hermeticamente, mesmo queeste aposento tivesse a dimensão notável de 200 metros cúbicos, em 2 horas e 39 minutos o a r e staria viciado.

    A cubação, pois, dos quartos ó uma pequena reserva necessária a da r ensqjo á renovação do a r sem o inconveniente dascorrentezas. Fixal-a ó o que se tem visto do mais arb itrario .

    Em França o volume do quarto, por pessoa, ô de 14m3e em Anvers, por exemplo, de 40m3; em Londres chega-se mesmoa 8®\5 para os adultos e 4m\ 2 pa ra as crianças, havendoapparelhos de ventilação. No Rio está fixado em 32m3, no mini mo, por aposento.

    Tudo está, pois, em provocar a ventilação, ou melhor, emnão pôr óbices a que elia se feça natura lmen te.

    Firmado o principio de que «o mesmo ar não pôde ser respirado duas vezes» e de que < não convem m istu rar o a r purocom o ar viciado» (Arnould), sabido como é que, por effeito doaquecimento, o a r viciado, rarefazendo-se, tende a sub ir e a seescapar pelas partes elevadas do aposento, estão de sobejo indicadas as providencias a tom ar.

    E’ impossível ten tar a installação de apparelhos especiaesde ventilação para as casas particu lares (Denton); si se considerai* ainda mais o caso especial de que me occupo—o dascasas baratas—essa medida torna-se então impra ticável. E1da

    ventilação natura l, e só dessa, que se pôde pensar ao se construir uma casa opera ria; e nem de mais que essa se precisaria. Não se pôde contar com a ventilação pela perm eabilidade

    das paredes,theoria que esteve em moda com Petten kofer e que, pelo calculo de Recknagel, dá um muito pequeno contingente áaeração (4m3 por hora e metro quadrado, quando a differençade temperatura fòrde 25°). São as fendas naturaes das portas e

    janellas os canaes naturaes para a ventilação espontanea;abaixo da zona neutra pa ra a entrada do a r e acim a para asahida. A experiencia pa ra determinação da zona n eu tra estáao alcance de toda a gente: basta fhzer passar um a vela, estando o quarto fechado, em frente á gr eta de u m a p o r ta ; na parte baixa a charama orienta-se para dentro, na parte a ltaorienta-se para fóra, isto é, como que é chamada para a fenda,havendo entre essas duas zonas um espaço em que a chammatoma a sua posição habitual—esta é a zona ne utra .

    Si em logar das simples fendas se fizer o uso obrigatoriodas venezianas, tão bem acceitas em o nosso clima; si, em logar

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    dás vidraças nas bandeiras das portas e janellas, se preferir atela de arame, mais barata do que o vidro e com vantagem deestar em voga com a vogad a doutrina sobre a febre amarella;si o uso das gregas nos tectos e das telha s ventiladoras nascoberturas, continuar a ser de emprego indispensável; si nocaso de mais do dous pavimento.*, se dispuzerom os tijolos perfurados á al tu ra dos tectos ; si as janellas e portas baixaremo mais possivel ao assoalho e se elevarem outro tan to atéao tecto, sem comtudo se tornarem incommodas ou anti-osthe-ticas; si todas estas disposições pouco dispendiosas forem tomadas nos quartos das casas operarias, desnecessário se torn aráo emprego dos apparelhos aconselhados no estrangeiro pa rafac ilitar a ventilação na tura l, como sejam os dispositivos Renard, Wolfort, Castaing, etc. Dispor sobre o quarto um aclarabóia suspensa do0m,60 em toda o sou com primento é um

    exaggero que não proponho, embora a technica san itaria dealgum as autoridades da Directoria de Saude Publica tenhageneralizado esse processo par a gáudio das moléstias do appa-rolho respiratório.

    A area total dos orifícios de entrada , a

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    ewsoer, elovanJo o preço: Jiminuil-o tambom não convum por ir quebrar a liuha gtoal de. harmonia das oonslrucçõos por não ser is» eompeaaado por vantagens eeottamioaa reae

    Reina, 110 tocante a OSSQ a-sumpto, emquasi todos os

    paizes, o mais arbitrário dos rogimens. Hasta eita r a Ita liaMilão—í",nO.

    Napolee—4“ ,7 5.Turim—3“,0ú.Palermo—4”‘,30.Florença—í1,1,50.Bolonha—;3“*G0.Roma—nunca menos «le 3*,00.

    No Rio: o primeiro pa vi monto devo tor 4,n,00 ; o secundo3»,80 e os demais, 3m,60; si a fachada, porém, é maior do 8m,0essas dimeusões serão do 4IU,50, 4“V20 e 4m,00.

    Apesar dessas medidas, permitfcem-se os porcoshabitaveis j§ | | a» 50 apenas. O engenheiro R. do Brito dá tambom(Sa- n& m énte de Campos, pag. 163), esta al tu ra para os seus porõeshabitaveis.

    Além da ventilação, um bom e hygienico quar to do dormir deve se recommendar pela iiluminação. Deve, pois, seo quanto possível orientado, de modo a ga rantir a en trad a dosraios solares no seu interior, pelo menos um a ho ra . Conhecidcomo é a acção benefica da luz e do calor solar para a oxydação da matéria organica e, como dizem os entendidos, para extincçâo dos miorobios pathogenicos,é de todo o modo utila penetração da luz nesses recintos sem que, coratudo, seja a

    duração muito longa, o que se to rnaria um inconveniente nonosso clima. Assim sendo, não é desejável que deem os quar to para as microscópicas áreas que a nossa legislação perm itte pois só com muito boa vontade póde o verdadeiro engenheirosanitario pensar em aproveitar essas áreas como meio de illuminação.

    E’ preciso tambem que o poder publico cuide daquilloque os francezes chamam a «luz directa», istoé a distanciaentre a abertu ra de illuminação e a parede que lhe fica op- posta. De facto, qual o valor da relação de 1/5 da á rea a illu -minar uma vez que seja o com modo um corredor oblongo?

    Não convirá, penso, que a distancia da luz directa seja superior á altura do aposento.

    Tres dependencias de permanência ou transito continuodos moradores chamam ainda a attenção do constructor:o corredor, a escada e a varanda. E om seguida dtias o u tra stambem importantes :a latrina e o quintal.

    Corredor — Não raro a disposição de terreno obriga a con-strucção dos corredores propriamente e dos vestibulos de accesso

    OP _

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    para vários com modos independentes, vestíbuloa quo consti.tuom o que nós chamamossaleta. Esses corredores ou essassalotas devem serilluminados e arejados convenientemente.

    A escada, logo Que se tra te dn um prédio em dous pavi-

    mentos, é par te essencial. Não ra ro se descuida na illumi-nação dessa dependencia, que toma, mesmo nas casas nobres(Gabinete Portuguez de Leitura, por exemplo) um aspectolugubre e horripilante, çjcuro e hum ido.

    As escadas amplas das condrucções antigas da cidadeeram bem feitas, como ainda hoje se póde verificar, visitandoas actuaes ca

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    além 9 H ladrilhado1 ■ M mbem as paredes, domodo£ H M I B B B ■ pwoudwial o uso detapamentos de madeira, mesmo pinta-los ou onveruizados

    O «mo receptor I daquelles que se prestem a rmctorio,

    quando § tampa de rebordo estiver suspensa e a latrina quandabaixada ; a sua lavagem pelo jacto da agua será a maiscorapleta.arrastando to.ios os detrictos solidos adherontes ás paredes. Esse jacto provirá do uma caixa de descarga de 1litros, eollocada superiormente ávsaler-closel e será provocadoou automatico : provocado nos casos de servir a latrin a parauma a) morada; automatico, quando íor commum a um grupodo moradores.

    I canalizações fallarei adoante.O quintal nas casas operarias é, principalmente não ha

    vendo jardim, uma das partes mais importantes ; é nello quese fez a lavagem da roupa de casa o tambem da de fora, poisinfelizmente não está generalizado entre nós o uso das lavanderias publicas,o que 15ra para desejar já estivesse ; é nelleque brincam os iilhos, porque do contrario irão para a ru a ; éneíie que ha o galiinheiro.

    A lei municipal do Rio de Janeiro determina que os quin-taes das «avenidas» tenh am uma área nunca inferior a 15m-E’ pouco.

    Considerando, porém, a di(Acuidade e o custo do te rrenonos centros populosos, ô prudente não obrigar a uma áre amaior, porque poderia dar era resultado o augmento do aluguel, aquillo que exactamente se procura hoje diminuir, re-commendando-se, todavia, que esse quintal seja augmen-tado toda a vez qu,> se torne possivel. Tendo em vista o usohabitual do quintal — ponto do lavagem—deve ser elle cimentado em declive e dotado de ralo para escoamento promptodas aguas de sabão.

    0 jardim — Além do parque commum que as necessidadesde sociabilidade exigem, cada casa deve, desdo quo o terreno não

    sqja caro, ser provida de um jardim na frente sem que istoencareça o aluguel. Devemos nos acostumar e acostumara população a julgar o proletário como um homèm civi-hzadoe não como um ser bruto inaccessivel ás vantagens80Clft68,

    Si, pois, se puder, sem augmento considerável de preço,()h “ Ca;íl ’im P W o jardim de 10™* que soja, devc-se

    t L d Í T E

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    — £5 —

    A despensa, que para os operários do escoí d parte essencialna habitação, estará próxima da cozinha. Si houver dous pavimentos, o vão da escada —dotado então do aberturas paraa ventilação — poderá ser utilizado para esse mister. O

    deposito de lenha o carvão poderá ser feito no porão.Dous annexos de uma casa são ainda os porões e os terraços. Considerando o caso especial de que me occupo, qualquer delles6 relativamente secundário.

    Não se póde pensar em fazer nas casas operarias os ricose dispendiosos terraços lateraes ; em tratando dos materiaesda cobertura, terei ensejo de me referir aos telhados chatos,transformados em terraços.

    Na Europa está generalisado o uso das cavas, construidasabaixo do sólo, mal arejadas, ma! illuminadas e que agenerosidade dos patrõe? transforma em locaes de permanênciados creados, installando ahi as cozinhas.

    Felizmente ainda não imitamos esse uso estrangeiro ; acrer em informações que me são dadas, a Republica Argentina perfilhou-o.

    Quanto aos porões, elles são visitaveis ou não, conforme tenham altura maior ou menor de um metro, sendo que são considerados habitaveis desde que o seu pé direito seja de dousmetros.

    Em qualquer dos casos devem ser providos demessaninos, em todas as direcções e principalmente nas direcções oppostas. para que se produzam as correntes de ar. A falta de arejamento dos porões augmontada da falta de revestimento dosolo, é a causa do apodrecimento das madeiras. A não se te rum porão bem ventilado ou a tel-o excessivamente baixo, preferível será collooarem-se directamente os barrotes sobre umlastro de areia ou de moinha de carvão.

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    Installações Complementares

    Não fallando dos adornos e enfeites, de tres ordens sãoas installações complementares a se fazer cm um a habitaçãohumana: distribuição de lus, abastecimento de agua e afastamento das immundicies.

    A distribuição da lus natural se fará pelas portas e janel-las, pelas clarahoias, pelas áreas, pela ru a . A todas essas partes j á tive occasião de me referir nos paragraphos anteriores, e escusado seria repetir as mesmas idéas.

    Quanto á illuminação artificial empregada nocturna-mento, em se tratando de casas operarias o no Rio de Janeiro

    — duas condições que restringem o estudo — o problema ficanaturalmente simplificado pela condição imposta, condiçãoque é prim ord ial: a de barateza. De modo que os conselhosque edita a hygiene contra a pra tica dos candieiros de azeitee kerozene são completamente nullos, por não so poder obrigaro emprego do gaz—caro e explorado por uma companhia particular, que não se su jeitará ao regimen de isenções aberto pa ra as

    casas proletárias. O statu quo estabelecido e consagrado é oque terá de permanecer até que, com a grando insta Ilação dausina electrica em projecto, so possa asp irar a um a distri buição barata de luz electrica ás pequenas casas dos pequenos cidadãos.

    Além da illuminação nocturna domiciliar, ha a considerara illuminação das ruas e jardins que acaso tenha a « villa *e quo será onus do contractante.

    As ruas de transito geral, assim como as praças ajardinadas, devem ser abundantemente illuminadas e, assim fallando, eu me refiro ao modo geral pelo qual se faz quasisem pre a illuminação das cidades. Os inconvenientes dessesystem a são notoríos, mas não é caso de modifleal-o, enoare-cendo-o, ao-se construir uma cidade operaria.

    Agua — As etmalizáções da agua e esgoto constituem um avelha tiomparação, tomando-so'um similecom os systemas ar teria l e venflso dos organismos animaes. E’ preciso tra zer aos te .

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    - 3» -

    M . « . < « • . » a g u e » o TO, « m o l h o . .o rç o™ »., t »« aima e a&star o sangue impuro, que sao os dqjectos.

    ' a vil ia operaria, encravada no meio de um « ? * £ * £loso tem, em se tratando de aümentaçao da agua. d e# e su

    je itar â rede geral de abastecimento. Esse a ^ te c im edeve fornecer o numero de litros necessários aos usos domesticos de cada indivíduo; nem sempre isso succede e ^ s aquantidade passa a depender da captação feita, que, sufflcienteás vezes para uma dada população, passa em pouco a serincapaz de prestar os serviços desejados. .

    A variedade ê extraordinaria, de cidade a cidade; GrenoHB-c o m 61.000 habitantes, por exemplo, fornece 1.000 litros porhabitante e por dia ; e Aix-Ia-Chapelle, com 125.000, forneceapenas 48 litros, tambem por habitante e por dia. Vê-se, pois, que a variedade é enorme.

    O Rio de Janeiro, apezar das varias captações feitas nosarredores, continúa a ter um abastecimento insufficiente ; esseregimon, parece, perdurará, pois, orientado por profissionalde nome, trata agora o Governo de ir buscar as aguas doXerem e Mantiqueira, eomo ha tempos foi-se, em seis dias,apanhar as da Serra do Commercio. Eu penso que serao mais

    algumas inúteis despezas feitas sem resolver e ggoblema.O Governo deveria estudar com cuidado o grandioso pro jecto do illustre engenheiro Aarão Reis, que, executado comdecisão, poria o Rio, fosse qual fosse o seu progresso inevitável,a coberto de surprezas fatu ras. O Dr! Aarão Reis propunha-sea trazer as aguas do Parabyba.

    Mo, porém, foge ao assumpto de nosso estudos Dadas asactuaes condições do Rio de Janeiro, que se devo fazer em

    relação ás habitações populares ?A carência da agua trouxe como consequeneia a impo

    sição do hydrometro. O hydrometro, o medidor da agua, élogico, como iogicos são todos os apparelhos destinados %aquila tar do menor ou maior desperdício de um genero qualquerde consumo. Em se tratando, porém, de agua e de aguadistribuída a pobres, a questão muda socialmente de as

    pecto. Desde que se fixe a medida, metro ou pé cubico, e queeste seja a unidade a cobrar, ô positivo, ô claro que os moradores pobres irão poupando, primeiro os desperdícios inúteis,depois os usos menos necessários, em seguida os mais o atéos indispensáveis. Assim, a agua que «deve essere éisenciai-mante elemento populare», no dizer do eminente Spatato, passaa ser genero de luxo. ^ .

    Essa poupança, ineomprehensivel convenha-ss, nód»tsàf fonte de incalculáveis males. Eu penso qturpartrOTSíãr osinconvenientes das extravagancias da «peéna de agn*» e os parallelamente resultantes do uso o&rfgattfcío» «Byfjametros»

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    nas chamadas habitações collectivas, seria conveniente um re-gimon mixto, em que a agua até 200 litros, por exemplo (médiafixada pelo engenheiro allemão Salbach para as necessidadesdiariqg), fosse fornecida pelo mesmo preço quo as fracções dessaquantidade, ao passo que todo o excesso fosse cobrado por meio

    do taxas especiaes. Esse seria um meio de accordar as necessidades da hygiene privada com os interesses coramerciaes daInspectoria de Obras Publicas, convindo nunca esquecer o conselho de Putzeis, que «o estado de salubridade dc um a casaestá em razão directa com a quantidade de agua gasta».'. Considerando agora as installações domiciliares, ainda de

    uma maneira geral se poderia dizer que as caixas d’agua nãosão aconselháveis ; isto será regra toda a vez que a cidade

    for permanentemente, de dia e de noite, abastecida por aguade boa qualidade, limpa e em pressão. Esse não é o caso doRio. Por conseguinte, aqui 6 preciso a caixa d’agua e por issoa lei municipal obrigadamente exige essas installações emtodas os casas, tendo a caixa um volume de pelo menos 1.000litros. As aguas sujas, sem flltração prévia, sem serem decantadas, que são fornecidas á população, obrigam a esses cuidadose não raro a agua da caixa tem de serv ir por muitos dias a

    todos03 usqa 'domésticos. O perigo da propagação do virusamarillicô faz com que as vigilantes autoridades sanitarias devez em vez esgotem as caixas, ficando então privado tota lmente o hab itante do que em linguagem de jornal se chamaa « preciosa lympha».

    Quanto ás canalizações, devem ellas obedecer aos mesmos preceitos e cuidados de todas as canalizações, isto é, não b o devem desnecessariamente im bu tir nas paredes, devem ser

    afastadas dos encanamentos fecaes, etc. Em torno das torneiras, nas cozinhas, nas pias, devem as paredes se tornarimpermeáveis, para evitar toda a infiltração de humidade doexter ior para o intorior. Essas installações e impermeabilizações tão caras; convirá ovital-as evitando-se as to rneiras. listasdevem ser taes, que não deem logar aos damnosos « coups de

    bélier » ; para isto as quo abrem a luz de escapamento grada-tivãmente são preferiveis ás que o fazem de chofre.

    As caixas de agua ou as canalizações de agua não devemser ligadas direc tamente aos encanamentos de esgoto : essa prescripção é rigorosa. Houve tempo (narrava em aula oDr. Joã® Felippe), em quo os canos dosladrões das caixas deagua iam te r ao collo alto dos syphões das latr inas. Eu pensoque as autoridades sanitarias, a quem cabo esse cuidado nasfiscalizações domiciliares, tenham já posto cobro a esse inqua-íificaveTajHiso.

    Esgoto—Quanto ás installações de esgoto, ellas devem ser feitas com atoais rigoroso cuidado. O caso especial do Rio re ti ra

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    rdas presoripções regulamentais municipaes todas as determinações classicas, quando se trata do assumpto.De liicto, o nossoserviço de esgoto r> explorado por uma companhia particularThe Rio de Janeiro City Improvements Company, que tem0 mono

    pólio, não só das canalizações geraos, sinão tambem das instal-1ações domiciliares. Toda a sua fiscalização, trate-se das casasdos mais abastados, trate-se do casebre dos mais pobres, escapaá acção das leis municipaos ou federaes, para ser unioamenteexercida por um seu engenheiro-tlscai. Os illustrados engenhai- -ros Rodrigues de Brito e Sampaio Corrêa, seus últimos fiscaes,*-deram ã questão das instailações domesticas todos os cuidadosdos seus estudos. Os assentamentos das latrinas, mictorios, etc ., *são hoje sensivelmente melhores do que em tempos re la tiv a- i

    ^mente proximos.Como tive ensejo do dizer em paginas acima, o gabinete de

    asseio deve tanto quanto possível ficar afastado do ambientehabitado. Toda a casa operaria terá, o seu quinta l ou o seu

    jardim , ou ambos conjunctamente ; em um ou outro se poderá,collocar o «quartinho». Quando um grupamento de casas seformar, haverá toda a conveniência de approximar essas de-

    pendencias, formando um unico grupo de duas a duas, quatroa quatro, etc.; isto, com o poupar despezas, bastando um a sócanalização commum ao grupo, tr a rá o beneficio de localizarem um só ponto o ponto de malefícios.

    Não é só da la trina e do mictorio que me devo oceupar ;as pias e os ralos, que merecem tambem especial cuidado,instailações estas que podem não ser feitas pelaCity. Entreos receptáculos de aguas servidas, sejam estas de cozinha,sejam de lavagem de roupas, sejam de banho, e a cana

    lização geral deve existir sempre um syphão hydraulico.Dentre os disconnectores é, sem duvida, o fechamento hydraulico, apezar dos seus inconvenientes, o que mais serviços presta. Esses cuidados de in terromper a canalisação por meiode um syphão hydraulico ventilado pela corôa, são necessáriosa qualquer das suas partes, mesmo para os ralos externos, etc .

    As canalizações, por outro lado, devem ser estanques aosgazes. As provas classicas de agua em pressão e do cheiro pormeio do sulfuretofde carbono ou essencia de ho rtelã não deveriam nunca ser esquecidas, e com o relembral-as presto aos pequenos proprietários oauxilio de sempre exigirem daCity Impro- vements essa prova garantidora da perfeição do encanam ento.

    Em geral o disconnector ó esquecido, pelo mestre de obrasignorante, nas pias da sala de ja n ta r. Não 6 impossível qjue osconstructores de casas populares queiram dar ao pobre,essa barata commodidade de um lavatorio fixo na sala , de ja n ta r ;cumpre, porém, que sejam tomados os devidos cuidados paraque nessa coilocação não se venha transform ar a pia em cha

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    miné de tiragem para as atmosphoras dos esgoto», tanto maig para receiar quanto vêm esses gazes o esse ar inquinado pol-lu ir a casa quando fechada á noite e sem um facil escapa-mento. E’ tambem da pratica dos constructores que desprezamsoberanamente aslheorias dos technicos ligar essa pia ao colloalto dos syphões das latrinas...

    Essas conhecidas regras de hygio-technia, sem nada ou*qjjasi nada de original, eu as repito apenas para que não asêsqaeça o organizador de um a cidade operaria, no seu plano,

    ™ ou » constructor das pequenas moradas dos pobres ou aquelle

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    Lado Sconomlco

    A par do lado hygienico quo tenho procurado analysare que de resto deve sobrepujar os demais, ha, ao se construiruma casa operaria, a considerar a questão principal — do preço. E’ preciso que o custo da construcção seja pequeno paraque o aluguel tambem o seja. ■

    Como conseguir isto, si o m aterial é caro, si a mão de obrad ca ra?! Está-so agora como que em um circulo vicioso: o

    preço da mão de obra ô pesado e até certo ponto tambem o dosmateriaos, porque as condições geraes de carestia—o aluguel da

    casa entrando no numero dessas condições—são por seu ladotambem pesadas. Si se alliviar o operário de uns tantos gastosforçados, elle poderá produzir melhor a troco de menor remuneração.

    E’ preciso que, tangenciando esse circulo, se saia dolle emum a solução qualquer, e para isto, pensou a commissãonomeada pelo Sr. Ministro da Justiça que o regimen a encetar seria o dos favores indirectos. Desses favores o primeiro que irá favorecer o custo da construcção será a isençãode impostos de importação para os materiaesa empregar. Comisto se te rá iniciado uma nova era na edificação das casas operarias.

    Duas condições geraes favorecem a diminuição do preço: a prim eira é a que ensina que a construcção de grande numerode casas é relativam ente mais barata do que o de uma casaisolada, dado que todas ellas sejam iguaes; a segunda é a quediz quo, grupadas as casas, diminuído, pois, o numero de paredes, % preço to tal será menor.

    Pela prim eira confirma-se a grande regra da economia política, vindo a luc rar em primeiro logar o emprezario e emseguida, como consequencia, o locatario pobre.

    Poder-se-hia acabar com os intermediários, uma vez que oespirito da população e especialmente dos proletários se affei-çoasse ao regimen das mutualidades e cooperativas, pois essasassociações formadas pelos laços de fraternal interesse dosaggromiados iriam tentar as grandes edificações.

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    A segunda regra lova ao grupamento (las casas ; logo que«co m eça 8 lazer esse grupamento começam a so tornar precárias as condiçõesB hygiene, si desde logo não comparecer oengenheiro sanitario 1 fiscalizar a construcção* como

    occasião de roterir B primeira parte desto traba lho; esse gru pamento a comtudo indispensável.Considere-sede facto 8 caso que nos oecupa: o caso

    carioca.r Situação lias toillns» — -Não raro tenho ouvido dizer que

    1 solução unica seria 1 construção nos suburbios. Imagine-se por um instante que assim seja : só os suburbios com portam. pelo preço baixo dos terreaos, pela verdura encantadora, pelo ar constantemente renovado, pela abun-dancia das mattas, por todas essas condições, a construcçãode casas operarias. Tem, pois, o seu lar, o sen «home»ahi instailado o operário, cujo serviçoè no centro da cidade, nos arsenaos, nas varias oiücinas, aos trabalhos de rua,etc. e cujas horas habituaes de labuta são marcadas por uminicio ás 6 horas da manhã e uma terminação ás 4 datarde, isto é, a s 10 horas em que se eslãlfa em um trabalho pesadamente matorial a energia vital do trabalhador. A’s 4 1/2

    da manhã precisará estar o operário na estação do seu em barque para que, gasta a hora da viagem, chegue á Central ás5 1/2, tendo elle antes disto empregado o tempo preciso paraos seus indispensáveis preparativos da manhã e a ida da casaã estação, perdendo em tudo, no minimo, cerca de 40 minutose sendo, pois, forçado a se acordar ás 3h,50, afim de poderiniciar o serviço ás 6.

    O mesmo na volta, A tarde: deixa o serviço ás 4 o chega

    em casa pouco mais ou menos ás 0; de modo que conseguiu esticar de facto o seu dia de trabalho de 10 a 14 horas. £ ’ edificante! De que lhe valera a verdura o o a r puro, si o seu cansaçoo predispõe ás doenças, si a sua debilidade o põe em um estadodereceptibilidade mórbida especial?

    1* aqui o ensqjo de pedir ao poder publico, já quo elle estáquerendo se oecupar com essas questões de operários, que, aolado da diminuição cada vez mais urgente do numero de horas

    de trabalho, pense em dotar o Rio de Janeiro de um mais rapidoe mais barato systema de locomoção. Para qualquer dos arra baldes que se olhe, desde Copacabana a Vilia iz&bel, desde3. Christovão a Cascadura, sempre e sempre so apresenta,seja qnai for o systema de tracção adoptado, electrica, a vaporou animada, a dnpla difflculdade—do preço elevado e do tempode transporte. De modo que dar como solução do problemada habitação popular a colloeação das novas edificações nossuburbios, é desconhecer por completo as condições do operariado nacional.

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    Aliás, a construcção nos suburbios não6 tão barata. Si porum lado é pouco o custo do terrono, por outro é elevado o preçodos materiaes.

    O povoamento dos suburbios está estacionário a bem dizer,

    o fôra para desejar que se fizesse aqui o que em S. Paulo fez aS. Paulo Railway, com manifesto successo. Essa companhia particular—note-se particular o estrangeira—não hesitou emtransportar gratui tamente os materiaes destinados ás edificações nas circumvisinhanças das suas linhas, de maneiraque, em pouco tempo, os pontos em que a Ingleza havia esta belecido estações estavam bem povoados.

    Quanto á Estrada de Ferro póde, pois, o proprio Govorno

    da r o exemplo progressista. Além desse transporte gratu itode materiaes, é preciso quo para os pobres se estabeleça umaconducção mais bara ta, de favor quasi, já augmentando onumero dos chamados trens operários, já diminuindo o tempoda viagem e o seu custo.

    Quanto ás companhias particulares, servem ellas já tãomal, tão caro e tão morosamente aos passageiros abastados,que seria uma utopia esperar dellas qualquer movimento querevertesse em beneficio dos pobres.

    De qualquer modo, porém, não se póde pensar em abandonar a par te mais central, para nella tambem odiflcar as habitações populares. E ha pelo centro mesmo, pelos districtos deSanta Anna, Gamboa, S. Christovão, Espirito Santo, SantoAntonio, tantos logares apropriados, A zona escolhida pelo dignoSr. Prefeito, no Estacio, ó das melhores. Algumas outras ha quese prestariam tambem excellentemente. Toda a parte do aterrado do prolongamento do canal do Mangue, entre a ponte dosMarinheiros e o novo cáes, limitado longitudinalmente pelaru a da Praia Formosa de um lado o pelo bairro de S. Christovão do outro, está talhada pa ra nella se construir umacidade opera ria. De facto, o cáes tr a rá em movimentouma grande quantidade de operários, já pa ra a descarga donavios, já p ara os serviços de armazéns, já ainda pa ra o serviço de transporte, de modo que toda ossa população laboriosase desejará alojar nas visinhanças do [seu ponto de trab alho.

    Os morros da Favella o do Pinto, desde que nelles sejafeita uma subida suave e facil, serão pontos procurados

    pela classe pobre, o que desde hoje j á o são, apezar das suas horrendas choças e das suas diíllculdades de vida.

    Além disso, em quasi todas as ruas, substituindo os aotuaescortiços o as ac tuaes casas de commodos, dever-se-hão cons truirnovas e hygienicas vivendas, pois é conhecida em todas as partes do mundo onde se tenham dado demolições em massa (Raf-falowich) a aversão que sentam os moradores pobres emm ud ar de quarteirão.

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    f' Derrubada uma estaiagem (veriflea-se o lhcto quotidianamente entre nós), os seus moradores distribuem-se pelas casasdas redondezas por eEfeito do habito, das necessidades de tra balho ou pelas facilidades do credito.

    De longa data são os bairros da Saude, Gamboa e Cidade Nova, os procurados pelas classes pobres, que ahi vivem cadavoz mais condensada mente.

    O poder publico ou os constructores de casas operários não podem esquecer esse phenomeno natu ra l.

    Typos de cases —E’ positiva, pois, a necessidade das grandes edificações, do typo da Villa Ruy Barbosa, próximas do centro da cidado. Variando, porém com o local, mais afastado oumais proximo do centro, serão diversas as edificações e paraisto exactamente é que se fizeram as variedades de typos.

    A escassez de tempo para organizar eu uns tantos projectos com detalhes de orçamento e do desenho, a referencia quoa esses mesmos typos é feita no estudado e valioso relatorio doillustro medico Dr. Folippe Meyer, a quantidade pasmosa doexemplares mundialmente já construídos encontrados em quasitodos os tratados sobro «habitações economicas>, especialmenteno album de Muller et Cacheux e no pequeno e valiosissimovolume de Magrini, todas essas razões dispensam-mc a apresentação de typos de construeção, que seriam nullo contingente aotrazido pelas autoridades citadas. Em todo caso, reproduzosem pretenção vários typos de prédios, om um ou mais pavi-mentos, isolados ou em grupos de dous ou mais. Esses projectossão, ou a reproducção de boas construcções estrangeiras, ouoriginaes meus e dos meus illustros collegas Drs. EgydioMartins e Paulo Sehroeder (Vide Planchas).

    Sem duvida, como já tiv e occasião de fazer notar, a casaisolada c a melhor.Vêm em seguida os typos geminados de casas juxtapostas

    duas a duas. Neste caso convem notar que a separação das casas devo

    ser tal que permitta a necessaria insolação, presidindo a determinação dessa medida linear a mesma regra firmada acima pai*a as áreas internas. Neste typo, em geral, uma casa ó

    sujeita a um forte aquecimento e a outra permanece em continua sombra e humidade.O typo de casas quadruplas, o clássico typo de Mulbouse,

    soíFro da critica a censura de não ser bom ventilada. O seuconstruetor defende-so dizendo quo ha duas fachadas externas,d’ondo uma possivei ventilação. Não mo parece razoavel esseargumento, pois um dos cantos da casa não seria do facto are

    jado. Melhor do que o typo mulhbuseanoú o de casas quadru

    plas, organizado pelo provecto engenheiro Egydio Martins eofiferecido á oommisaão ; oste typo deverá ser incluído ho

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    «Album»; pois a disposição interna dos commodos é tal, que nocentro do grupo ha uma grande área que facilita a renovaçãodo ar.

    As casas em fila, que o nosso uso resovleu chamar do«avenidas», não 6 dos peiores, uma vez que haja nos fundosum espaçoso quintal sem telheiros ou puxados, do modo que doquintal pa ra a ru a ou vice-versa se estabeleça sempre umacorrente de ar .

    Este typo é adoptado, entre outras, nas construcçõos doShafstesbury (Inglaterra), com excellente resultado,

    Para as casernas não se póde de maneira alguma prescrever um typo, pois a configuração plãnimotrica do torrenb fazde cada caso um caso ospecial.

    Para esse typo, que sô deverá ser adoptado em casosextremos, procurar-se-ha o mais possivel fazer de cada andaruma serie de habitações completamente separadas, com todasas suas dependencias separadas, de modo a evitar o perigo douma vida em commum.

    Um «encarregado » superintenderá a limpeza geral.Convém não deixar de citar o exemplo das «villas» da Com

    panhia de Saneamento, especialmente a Villa Ruy Barbosa, quo

    apresenta uma disposição em «caserna» bem regular.Deve tambem fazer par te do « Album » o typo indicado pelo Dr. Rodrigues de Brito. E’ o mesmo typo Corradini, comuma modificação introduzida para melhor, dando o que oDr. R. de Brito chamoutypo denteado. O relatorio do Sr.Dr. chefe de policia apresentado á commissão refere-se a elle,dando um a cópia da plancha do livroSaneamento de Campos.

    Eu penso que o typo do Dr. Brito póde ainda soffrer umamodificação, que peço respeitosamente venia para apresentar.Os telhados das casas podem ser de cimento armado, de modoquo os moradores dos primeiros andares se servirão dos telhadosdos predio3 torreos adjacentes e os dos segundbs andares dostelhados dos primeiros andares. Essa modificação diminuiria oterreno necessário para quintal dos habitantes dos andares superiores sem prejudicar em nada as condições de habitabilidade.

    Ao exame ligeiro dos typos de habitação popular demodo a fazel-os economicamente, accrescentarei apenas algumas considerações sobre o uso e abuso dos adornos nessascasas.

    E’ preciso antes do mais quo sejam supprimidos os desnecessários. Eu não digo quo se faça da casa operaria um feiocaixão liso, uniforme, mortifleante; penso, ao contrario, quose lhes deve da r um certo eücanto, um pouco do esthetica-

    Um dos melhores meios é movimentar a fachadafnão%ftizendo em um plano unico, a exemplo dos graciosòS typoS*da usina K rupp; isto, que pouco augmenta 0 preço, mfiit»

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    elfeito produz á vista. Si em logar de uma se construíremvárias casas, formaudo-so assim arttè ouvriàre, ossos destaques tornam-se mais fáceis. Os exemplos provam-n’o.

    A pintura — Como adorno desnecessário póde-se considerar

    a dispendiosa pintura e as dispendiosas forrações a papel,ambas prqjudiciaes sob o ponto de vista hygienioo.Oa pintura a oleo para as paredes diz-se que traz a

    vantagem da fácil lavagem, da impermeabilização das paredes, etc. Todas essas vantagens são duvidosas: não ha, em

    primeiro logar, essa imprescindível necessidade de tornarcônpletamente Impermeável ao ar uma parede (hygienistasha aconselham a permeabilização), e, em segundo logarraramente se entregam os moradores á lavagem das paredes,sendo-se iá feliz que fãçam a limpeza do soalho e dosmoveis,*,.

    Por outro lado, o alvaiade de ehumbo usado (só agorae raramente substituído pelo alvaiade de zinco) 6 de óffeitosreconhecidamente maléficos.

    Quanto ás forrações a papei, só o luxo inconsciente dorico o poderia preconizar. Ainda não li nem ouvi uma sóopinião favoravol ao emprego desse material no revestimentodas paredes, ao passo que são constantes as reoriminações, já porque a gorama apodrece, já porque ó de impossível asseio, já porque á sua superficie proliferam as colonias de microbios.

    Todos esses motivos (e outros ha), accrescidos ao decusto, fazem completamente banir esses materiaes, para en-thronizar a cal, o leite de cal, como pintura unica para oscasas populares.

    Essa economia pratica tende a se generalizar felizmente. No emtanto, algumas pequenas casinhas de quatro commodossão empapeladas e pintadas, o que eleva sobremodo o aluguel.

    Dormitorios populares— Para finalizar, obrigadamente devoiàzer uma referencia, pequena embora, aosdormitorios populares, pois desgraçadamente ha quem não possa despendersinão com a sua dormida.

    Os «garnis», como chamam os francezes, tendem a se generalizar. Na Inglaterra especialmente são innumeras essas

    especies dehospedarias hygienicas, que viriam (si fossem adopta-das aqui), substituir as horrendas existentes hoje nos bairros pobres da cidade.

    Pouco teria a fazer o poder publico: de um lado, vigiar,fiscalizp, punir oeírangressores dos preceitos sa^tarios e deoutro, premiar os quo apresentassem os seus hoteis sempre

    '* ^znpos e asseiados. No rclatorio do Dr. chefe de polícia en-' **ftra

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    D O R M I TO R I O S P O P U L A R E S PA R A S O LT E I R O S

    PLANTA DOS PAVIMEMTOS SUPERIORES( A loja é occupada por um restauram popular)

    Legenda:q — quarto.a — deposito de roupas que durante a noite sofTrerão desinfecção.

    b — quarto do porteiro..c — deposito.e — escada para o andar superior,f — » » » » inferior.

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    sou preço (o osso caso

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    Conclusões

    O presente trabalho procurou elucidar cada um dos pontos necessários ao constructor do casas operarias.

    Deixo, portanto, de Fazer conclusões de resum o, pois sãoellas tiradas do i*elatorio do illustrado Dr. Felippo Meyer.Apenas enfoixo os meus raciocínios nas oito conclusões seguintes:

    I

    A construcção das casas proletárias deve obedecer ãs

    mesmas sinão mais rigorosas prescripções que a technica sani-taria indique, tenha indicado ou venha a indicar para as habitações humanas.

    II

    Não se póde taxativamente fixar um typo unioo de casas :elles variam conforme a localização, próxima ou distante doscentros populosos. Na peripheria se devera usar os typos isolados ou geminados; nos centros, onde ó indispensável haverhabitações populares, não se póde condem nar em absoluto ostypos em caserna ou em fila.

    III

    Os m ateriaes de construcção devem ser de boa qualidade, sendo desejável quo se tento o emprego do cimentoarmado.

    IV

    A agua para as casas populares não deve ser medida ahyd rom etro; deve ser distribuída de modo a ga rantir pa racada hab itante e p or d ia 200 litro3, só se cobrando o queexceder dessa quantidade por meio do hydrom etro.

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    V

    As villas operarias devem ser dotadas do parques, jardins,ruas arborizadas, assim como do pharmacia, medico, oscolas

    e locaes de diversão.VI

    E’ urgente facilitar-se o transporto para os suburbios,augmentando o numero do trens operários e diminuindo o

    preço da passagem e o tempo da viagem.

    vn

    As edificações populares devem ser, quanto possivel, esthe-ticas, uma vez que isto não augmente o custo do aluguel,

    VHI

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    E’ necessaria a construcção de dormitorios populares hygie-nicos para celibatários ou celibatarias e viajantes.

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    SEGUNDA PARTE

    Interve nç ão dos p o d ere s . públ icos nos diversos•paizes

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    Introducçlo

    E’ facto hoje consagrado em todos os paizes a necessidadeda intervenção do Estado no tocante&edificação de casas populares; si directa, si indireetamente,

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    as tentativas das associações o dos indivíduos, concorrendodovarios modos, especialmente:

    E w m inquoritití sobro o estado das habitações populares ;B com % aiten uiçã > (Ucal, seja permanente, seya tem po

    rária. tan to sobro os i uoascos gora>> como sobra as taxaslocaes, estas attenuações doveudo sor bastanta sensíveis paraserem efflcazes;

    c) com subvenções, sqj8 ao grupo que propaga as reform as,sqja ãs sociedades que a roalu am , subveuçõos que podem serem dinheiro ou em espec ie;

    d) com a suppreasão de obstáculos que entrávara os melhoram en tos como, por exemplo, R obtenção de capitaes a juro pequeno, dando ftioilidales do credito ou de garantia junto aosestabelecimentos públicos ou de utilidade publica, que possuamcapitaes proprios e como emprego destes pa trimôn ios;

    #) com fãoilidades indirecta-, de modo a assegurar o movi

    mento, por exemplo, com o desenvolvimento dos meios eco-aomicos de circulação urbana rápidos, que permittam ás íá-inilias mais humiki s hab itar na periphoria da cidade, sem perda sensivel de tempo para chegar ao logar do traba lh o ;

    f ) | a in ia com um a collab u-ação ás era prezas de melhoramentos, seja por meio de empréstimos reembolsáveis, seja coma subscripção de acções da sociedade, providenciando, porém, para que este modo seja limitado e submettido a condiçõesespeciaes.»

    No Congresso de Dusseldorf, de 1902, fbram, no emtanto ,

    approvadas as seguintes conclusões do relator geral Dr. Lie- b rech t:

    1.* O interesse geral dos individuos grupados pelo Estadoem um a communidade exige que as classes pouco favorecidasdispm ham ellas tambem de habitações correspondendo aos princípios da hygiene e da moral.

    2.* Esta exigencia não poderá se r satisfei ta sómente pelosrecursos destas classes pobres.

    3.* O numero de casas construídas pelos particu lares estálonge de satisfizer ás necessidades de casas deste genero.

    4.* Da mesma maneira, os municípios directamonte interessados nesta questão ou não se pres tam ou são mesmo impotentes para favorecer a construeção das pequenas casas, seja encarregando-se da sua edificação, seja dando credito para faci-títal-a.

    5.* S ó | Estado está ainda em condições de em prestar átotalidade dos individuos e em todo j os logares subm ettidos ásua autoridade, o apoio necessário e de conciliar os interessesespeciaes do iudiviauo com os da generalidade.

    ti.* E\ pois, ao Estado que cumpre favorecer, por medidas positivas, a construeção de pequenas habitações:

    | crean