clima e ambiente construído avaliação do conforto térmico em habitações populares no...

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE IPORÁ DEPARTAMENTO: GEOGRAFIA PRISCILLA DAIANE SOARES MARTINS CLIMA E AMBIENTE CONSTRUÍDO: AVALIAÇÃO DO CONFORTO TÉRMICO EM HABITAÇÕES POPULARES NO MUNICÍPIO DE AMORINÓPOLIS - GO IPORÁ GOIÁS 2009

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  • UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIS

    UNIDADE UNIVERSITRIA DE IPOR

    DEPARTAMENTO: GEOGRAFIA

    PRISCILLA DAIANE SOARES MARTINS

    CLIMA E AMBIENTE CONSTRUDO: AVALIAO DO

    CONFORTO TRMICO EM HABITAES POPULARES NO

    MUNICPIO DE AMORINPOLIS - GO

    IPOR GOIS

    2009

  • PRISCILLA DAIANE SOARES MARTINS

    CLIMA E AMBIENTE CONSTRUDO: AVALIAO DO

    CONFORTO TRMICO EM HABITAES POPULARES NO

    MUNICPIO DE AMORINPOLIS - GO

    Relatrio de Qualificao apresentado como

    exigncia para obteno do grau de licenciada no

    Curso de Geografia da Universidade Estadual de

    Gois Unidade Universitria de Ipor sob a

    orientao do Prof. Ms. Valdir Specian.

    2009

    IPOR GOIS

    2008

  • UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIS

    UNIDADE UNIVERSITRIA DE IPOR

    COORDENAO ADJUNTA DE TRABALHO DE CONCLUSO DO

    CURSO DE GEOGRAFIA

    CLIMA E AMBIENTE CONSTRUDO: AVALIAO DO

    CONFORTO TRMICO EM HABITAES POPULARES NO

    MUNICPIO DE AMORINPOLIS GO

    por

    Priscilla Daiane Soares Martins

    Relatrio de qualificao submetido Banca Examinadora designada pela Coordenao

    Adjunta de Trabalho de Concluso do Curso de Geografia da Universidade Estadual de Gois,

    UnU- Ipor como parte dos requisitos necessrios obteno do grau de Licenciada em

    Geografia, sob orientao do Prof. Ms. Valdir Specian.

    Ipor, ______de____________de________.

    Banca examinadora:

    ________________________________________________

    Prof. Ms. Valdir Specian UEG-Ipor

    (Presidente da Banca)

    _________________________________________________

    Lic. Elis Dener de Lima UEG-Ipor

    (Membro)

    _________________________________________________

    (Membro)

  • Nem o tempo, amigo,

    Nem a fora bruta

    Pode um sonho apagar.

    Beto Guedes e Ronaldo Bastos

  • RESUMO

    Este estudo tem como objetivo analisar por meio de dois episdios representativos do fato

    climtico (de inverno e vero) o comportamento trmico no interior de duas casas populares

    ocupadas, situadas na rea urbana do municpio de Amorinpolis-GO, a avaliao de conforto

    trmico ocorrer em residncias de mesmo padro construtivo, onde comparar-se- as

    diferenas trmicas e higromtricas entre as duas casas. O entorno das casas na rea de

    estudo, Conjunto Habitacional Maria do Carmo de Jesus apresentam caractersticas de

    ocupao do solo e densidade de arborizaes distintas. Sero realizadas mensuraes da

    temperatura e umidade do ar em dois ambientes internos das casas unifamiliares habitadas e

    ao ar livre, de forma contnua em dois perodos distintos, em junho e julho (estao de

    inverno) e em setembro e outubro (estao de vero). Aps a coleta contnua da variao das

    temperaturas e umidades interna e externa, por meio de termo-higrmetro digitais, ser

    possvel escolher os episdios representativos de cada ciclo de coleta, onde a partir de ento

    sero acessadas as Imagens do satlite GOES, fornecidas pelo CPTEC/INPE para diagnosticar

    as caractersticas da atmosfera para o perodo (atuao de massa de ar) e tambm atravs de

    cartas sinticas a superfcie, acessadas atravs do site do servio de meteorologia da Marinha

    do Brasil. Os limites da zona de conforto propostos por GIVONE (1992) sero utilizados

    como referencial na anlise do comportamento trmico das casas ocupadas. Os resultados

    esperados com essa pesquisa comprovar, assim como muitos estudo j tem mostrado,

    anomalias termo-higromtricas, que gera o desconforto trmico ocasionado pela falta de reas

    verdes, e pela falta de adequao da construo ao desempenho trmico, visto que se trata do

    ponto de vista econmico, de moradias de baixo custo de construo.

    Palavras Chaves: Anomalias termo-higromtricas, comportamento trmico em ambiente

    construdo, episdio climtico.

  • LISTA DE QUADROS, FIGURAS E FOTOS

    Quadro 1 Sntese demogrfica do municpio de Amorinpolis.............................................12

    Quadro 2 Diretrizes que visam o condicionamento trmico natural......................................24

    Quadro 3 Quadro de reas......................................................................................................25

    Figura 1. Planta do Conjunto Habitacional Maria do Carmo de Jesus do municpio de

    Amorinpolis-GO......................................................................................................26

    Figura 2. Modelo de Planta das casas do Conjunto Habitacional Maria do Carmo de Jesus...27

    Foto 1. Casa com mais vegetao. MARTINS, 2009...............................................................28

    Foto 2. Casa com menos vegetao. MARTINS, 2009............................................................28

  • SUMRIO

    INTRODUO.......................................................................................................................07

    OBJETIVOS............................................................................................................................08

    Geral.........................................................................................................................................08

    Especficos................................................................................................................................08

    REFERNCIAL TERICO..................................................................................................10

    1. HISTRICO DO MUNICPIO DE AMORINPOLIS.................................................10

    1.1. Caracterizao do Municpio de Amorinpolis.............................................................11

    1.2. Aspectos Fsicos de Amorinpolis...................................................................................12

    2. CONFORTO TRMICO...................................................................................................14

    2.1. ndices de Conforto Trmico..........................................................................................15

    2.2. Parmetros de Conforto Trmico...................................................................................17

    2.3. Conforto Trmico: Clima e Ambiente Construdo.......................................................20

    2.4. Avaliaes de Aspectos Construtivos.............................................................................23

    3. CARACTERIZAO DO CONJUNTO HABITACIONAL MARIA DO CARMO

    DE JESUS..........................................................................................................................25

    3.1. Unidades Habitacionais...................................................................................................26

    4. MATERIAIS E MTODOS..............................................................................................29

    4.1. Equipamentos e Materiais Utilizados na Pesquisa........................................................29

    4.2. Metodologia de Trabalho................................................................................................29

    CONSIDERAES PRELIMINARES................................................................................31

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS..................................................................................32

  • INTRODUO

    O homem desde os tempos mais remotos tem se preocupado com o clima, pois sendo

    um componente do meio ambiente, tem influenciado o mesmo em suas atividades, e este

    conseqentemente atravs de suas vrias aes deliberadas tem influenciado o clima e o

    tempo tambm. Desta maneira pode-se destacar que para o bem estar do homem, alm das

    condies de habitao, depende ainda das condies climticas.

    A qualidade de vida de uma pessoa est relacionada h uma srie de elementos do

    seu cotidiano, entre esses, encontra-se o conforto proporcionado pelas suas condies de

    moradia. A casa, espao que abriga uma pessoa por um grande perodo de sua vida, apresenta

    itens que podem torn-la mais ou menos confortvel. Nesse contexto um dos itens que podem

    ser avaliados o conforto trmico. A avaliao das condies trmicas de uma residncia ,

    via de regra, trabalhada nas reas de arquitetura, geografia e engenharia mecnica, pois um

    projeto bem elaborado pode proporcionar, alm de conforto, economia de energia, atravs da

    diminuio do uso de aparelhos de ar condicionado e similares. Mas avaliao de conforto

    trmico antes de tudo uma ao de sade pblica, quem mora bem, deve apresentar

    melhores condies de vida.

    Quando tratamos de habitaes populares, promovidas por projetos do estado, vrias

    indagaes e interpretaes surgem, principalmente, crticas a qualidade, em todos os

    aspectos do projeto. Para Krger e Lamberts (2000) os projetos de construo de moradias

    populares envolvem variveis, como: escolha do local para construo, a construo e

    avaliao ps-ocupao. Muitas vezes, os conjuntos habitacionais servem como forma de

    valorizao imobiliria de determinadas reas, quando os mesmos so afastados das reas

    centrais provocando a especulao imobiliria, em outros casos, as habitaes so construdas

    como de baixo nvel de qualidade do material, provocando uma srie de incmodos aos

    futuros moradores.

    De acordo com Silva (2001) em relao ao conforto Humano, pode-se dizer que este

    compreende as condies bsicas necessrias para o conforto geral do indivduo: acstica,

    visual, de iluminao e trmica. Essa ltima adquire especial ateno por estar estreitamente

    relacionado ao comportamento trmico de edificaes, objeto dessa investigao.

    Deve-se ressaltar tambm, assim como Silva (2001), que os estudos sobre avaliao

    de desempenho trmico de habitaes ocupadas apresentam algumas peculiaridades e

    limitaes devido s dificuldades de monitoramento e acompanhamento, onde no estudo e

  • anlise pode-se relacionar, entre outras, o difcil pr-conhecimento das diversas atividades

    realizadas nas casas por seus ocupantes, durante 24 horas e por longos perodos; a

    inconvenincia da disposio dos aparelhos (termo-higrmetros digitais) instalados nos

    cmodos das casas, pois interfere diretamente no cotidiano dos indivduos; a disposio dos

    moradores em cooperar com o desenvolvimento da pesquisa; os diferentes hbitos individuais

    e particulares que podem comprometer e alterar resultados da pesquisa, uma vez que cada

    cmodo confere uma funo utilidade ou uma funo ocupacional, dentro do organismo total

    das edificaes, sendo que as atividades exercidas dentro de casa contribuem para variaes,

    por exemplo, dos valores da temperatura do ar interna.

    Assim o objetivo fundamental da pesquisa analisar as condies de conforto

    trmico em duas casas, habitadas, no permetro urbano do municpio de Amorinpolis-GO,

    mais especificamente no conjunto habitacional Maria do Carmo de Jesus, situado na Vila

    Unio. A fim de buscar o entendimento do problema em questo ser usada para avaliao de

    conforto a aferio dos nveis de temperatura e umidade relativa do ar no interior das casas

    em estudo, em pelo menos dois pontos em cada casa. Os dados coletados sero comparados

    com os nveis de conforto propostos por Givone (1992), bem como correlacionados aos

    valores de temperatura e umidade do ar externo.

    O perodo de anlise formado pela coleta de dados em dois momentos distintos,

    stress de frio e stress de calor, para isso ser usado proposta de anlise dinmica do clima,

    avaliando as condies climticas a partir de episdios representativos, conforme proposto

    por Monteiro (1969, 1971 e 1973). Os fatores relacionados ao projeto de construo e a forma

    de uso das residncias, alm da arborizao sero analisados na pesquisa.

    OBJETIVOS

    Geral

    Avaliar os valores de temperatura e umidade relativa do ar interna e o nvel de

    conforto trmico de duas casa ocupadas no Municpio de Amorinpolis-GO.

    Especfico(s)

    - Avaliar o desempenho trmico para as casas, habitaes unifamiliares (habitadas), em

    estudo;

  • - Verificar a interferncia do sombreamento nas caractersticas da temperatura e umidade

    interna das casas em estudo;

    - Analisar o uso de aparelhos digitais, termos-higrmetro (baixa preciso/baixo custo) para

    avaliar as variveis de conforto trmico em ambiente construdo;

    - Aplicar a frmula para previso de temperaturas internas do ar de GIVONE (1999);

    - Oferecer parmetros para interpretao de confortabilidade para que sejam usados em

    futuros projetos de construo civil na cidade de Amorinpolis-GO.

  • REFERNCIAL TERICO

    No primeiro captulo ser abordada a histria do municpio de Amorinpolis, sua

    caracterizao e seus aspectos fsicos, para se ter um breve conhecimento do municpio em

    questo, entendendo como se deu seu processo de formao, e quais as caractersticas fsicas

    predominantes.

    Em outro item ser abordado os conceitos referentes ao conforto trmico, com a

    finalidade de que haja um entendimento da questo que ser levantada neste trabalho,

    posteriormente so apresentados os ndices de conforto, onde so preconizados os ndices de

    Givone (1992), visto que como mostrado por alguns autores, estes so os mais adequados se

    tratando de climas quentes e de cidades inseridas em pases em desenvolvimento, so

    apresentados ainda os parmetros que influenciam no conforto, onde logo depois isso pode ser

    conferido na apresentao de alguns autores que estudam o conforto trmico em ambiente

    construdo, mostrando a interferncia de alguns desses parmetros no conforto.

    Procurou-se fazer neste trabalho tambm a avaliao dos aspectos construtivos,

    apontando algumas recomendaes no que diz respeito a um melhor condicionamento trmico

    natural. Ser apresentada ainda a caracterizao do conjunto habitacional Maria do Carmo de

    Jesus, juntamente com as unidades habitacionais, para uma melhor delimitao da rea em

    estudo.

    Por fim so apresentados os materiais e mtodos utilizados na pesquisa para entender

    como ocorrer pesquisa aqui proposta neste trabalho, e ainda as consideraes preliminares.

    1. HITRICO DO MUNICPIO DE AMORINPOLIS

    De acordo com alguns autores o municpio de Amorinpolis se deu a princpio com

    um povoado em 1913, que comeou com uma corrente migratria, vinda de vrias localidades

    do pas, decorrente, sobretudo do intenso processo de minerao ocorrido nessa regio, que

    deu incio ao ento, movimento de colonizao regional, cujo principal objetivo, se

    fundamentava no interesse financeiro, uma condio de assegurar lucros, por meio dos

    garimpos e tambm com terras baratas, frteis e agricultveis. (GOMIS, 1998; MARTINS,

    2002)

    Israel de Amorim em meados de setembro do ano de 1926, tomando conhecimento

    da existncia dos garimpos dos rios Claros e Caiap, chegou regio do distrito de Rio Claro

    (Comrcio Velho), que hoje corresponde a Ipor, e neste lugar influenciou decisivamente para

    o rpido desenvolvimento econmico e social de Ipor e na sua emancipao poltica, isso

  • graas adoo de uma poltica agrria que deu prioridade ao assentamento dos agricultores

    em pequenas propriedades, durantes as dcadas de 40 e 50 na regio de Ipor. (GOMIS, 1998)

    De acordo com Martins (2002), em 1946 foi construdo em Amorinpolis o primeiro

    prdio escolar, com recursos do Estado e de fazendeiros locais, o construtor, e tambm

    primeiro professor da escola foi o Sr. Eurico Silva (ndio), que batizou o estabelecimento de

    ensino como Escola Isolada Santa Marta, nome que hoje dado ao renomado ribeiro do

    municpio, conhecido pela populao. Desse modo com um crescente desenvolvimento, o

    povoado em 19 de novembro de 1953 passou a distrito pela Lei Municipal n 55 com o nome

    de Campo Limpo, topnimo este derivado da beleza de suas plancies.

    Israel de Amorim no s contribuiu para o desenvolvimento socioeconmico de

    Ipor, como tambm para Campo Limpo ao se tornar Deputado Estadual, pois segundo

    Martins (2002), assumiu o compromisso de lutar por Campo Limpo. Encaminhou o projeto de

    lei (de sua autoria), criando o municpio de Amorinpolis, nome escolhido pela sociedade

    local, provindo do sobrenome do ilustre deputado para homenage-lo, em reconhecimento de

    sua luta pela causa do distrito de Campo Limpo. Desse modo criou-se o municpio de

    Amorinpolis, por fora da Lei n 2093 de 14/11/1958, sendo os autores do Projeto o

    Deputado Israel de Amorim e Agenor Diamantino.

    1.1. Caracterizao do Municpio de Amorinpolis

    O municpio de Amorinpolis localiza-se na regio centro-oeste do pas,

    especificamente na parte sudoeste do Estado de Gois, nas coordenadas de 163708 de

    latitude Sul e 510538 de longitude Oeste, possui uma rea de 408,524km, e tem como

    municpios limtrofes Ipor e Ivolndia, sua populao estimada em 3.527 habitantes, e sua

    principal base econmica se encontra na agropecuria. A atividade industrial da cidade est na

    fabricao de botinas pela microempresa Botinas Campo Limpo (nome dado em

    homenagem ao primeiro nome do municpio) e a empresa de Laticnios Vida. A cidade

    composta ainda, alm do municpio, por dois distritos, Goiapor (popularmente chamado de

    Cruzeiro) e Estrela dAlva.1

    O municpio de Amorinpolis cortado por dois ribeires: o ribeiro Santa Marta e o

    ribeiro Jacuba. A cidade subdividida nos seguintes bairros: Vila Industrial, Vila Unio,

    1 Dados do municpio de Amorinpolis do ano de 2007, disponvel no E-mail: [email protected]. Acesso

    em: 29 de maio de 2009, s 16h25mini.

    mailto:[email protected]

  • Vila Maria do Carmo de Jesus, Vila Macabeus (mais popularmente conhecida por Cohab),

    Vila Cana e o Centro. Deve-se ressaltar que Amorinpolis tem sofrido nos ltimos anos um

    decrscimo populacional, bem como observado no Quadro 1 onde no ano de 1970 sua

    populao total era de 6.607 habitantes, esse nmero cai para 4.145 habitantes no ano de

    2000, e chega em 2007 com uma populao total de 3.527 habitantes, isso ocorre, sobretudo

    devido base econmica local que absorve pouca mo de obra, e pelo fato da cidade no

    oferecer estudos de nvel superior (faculdade), e nem ao menos cursos tcnicos para a

    populao, que atribudo tambm ao sonho de muitos jovens de viver em cidade grande,

    levam as pessoas, desse modo, a se deslocarem, e na maioria das vezes mudarem de cidade,

    como uma forma de procurar melhores condies de vida.

    Quadro 1 - Sntese demogrfica do municpio de Amorinpolis

    Ano 1970 1980 1991 2000 2007

    Populao Total 6.607 5.351 4.428 4.145 3.527

    Masculina 3.315 2.763 2.257 2.134 1.799

    Feminina 3.292 2.588 2.171 2.011 1.713

    Urbana 2.215 2.649 2.337 2.439 2.307

    Rural 4.392 2.702 2.091 1.706 1.220

    Taxa de urbanizao 33,5% 49,5% 52,8% 58,8% 65,4%

    Fonte: Fundao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE) - Censos Demogrficos, 1970, 1980,

    1991, 2000 e estimativas de 2007. Disponvel em: http://www.seplan.go.gov.br/sepin/perfilWeb/DefMostraNew

    .asp-73k. Acesso em 29 de maio s 16h20mini.

    1.2. Aspectos Fsicos de Amorinpolis

    Conforme observado por Junqueira-Brod, et al. (2002), a cidade de Amorinpolis

    est contida nas condies de clima Tropical Semi-mido, cujas caractersticas climticas so

    tpicas do ambiente de cerrado, situa-se ainda no Cretceo Superior, em ambiente de Bacia

    Sedimentar do Paran, com aflorao de diversos corpos alcalinos de formao gnea,

    contendo uma grande variedade de tipos petrogrficos, com produtos vulcnicos,

    subvulcnicos e intrusivos, suas ocorrncias minerais de calcrio, calcita, cromo e diamante.

    Em relao ao clima da regio Centro-Oeste do Brasil, Vianello & Alves (1991),

    apontam que existem aspectos bastante contrastantes entre as estaes do vero e do inverno,

  • onde o vero essencialmente quente e chuvoso, enquanto o inverno menos quente e seco.

    As caractersticas climticas sofrem influncias de sistemas oriundos do norte e do sul do

    continente. A estao do inverno, caracteristicamente seca, possui temperaturas mais amenas

    em virtude da freqente invaso das massas de ar frias originrias das reas extratropicais. As

    linhas de instabilidade ocorrem tanto no vero, associadas convergncia de baixos nveis,

    quanto no inverno, antecipando-se s penetraes frontais.

    Em relao ao relevo destaca-se o trabalho de Alves (2008), o autor apresenta um

    estudo para o municpio de Ipor, sendo que as mesmas condies prevalecem no municpio

    de Amorinpolis, onde o mesmo est fora das reas mais elevadas do chapado goiano, que

    recebem maior influncia dos sistemas tropicais e polares, e o relevo ao invs de apresentar os

    tpicos planos que se estendem por longas reas dos chapades, mais ondulado, com serras

    bastante dissecadas.

  • 2. CONFORTO TRMICO

    O conforto trmico pode ser entendido como o estado de equilbrio entre o clima e o

    ambiente, que proporciona condies pessoais de bem-estar, isto , o ambiente que envolve

    uma pessoa reflete a ela, condio de satisfao, sensao agradvel, uma vez que tal

    ambiente possui condies necessrias para essa determinada condio trmica, no entanto

    deve-se ressaltar que isso no ocorre em todos os lugares, pelo contrrio, a cada dia que passa

    est mais difcil de encontrar condies ambientais que propiciem o conforto trmico, pois a

    natureza do espao tem sofrido ultimamente profundas transformaes, sobretudo no que diz

    respeito s formas de uso e ocupao do solo, que conseqentemente tem gerado variaes na

    temperatura e umidade do ar dos ambientes tanto internos como externos.

    De acordo com Cavalcante (2007), as condies ambientais capazes de proporcionar

    sensao de conforto trmico nas pessoas so diferentes de acordo com o tipo climtico de

    cada regio. Havendo tais diferenas climticas a forma urbana deve ser organizada de

    maneira que minimize os efeitos causados pelo clima e favorea a sensao de conforto

    trmico nos espaos urbanos.

    Bartholomei (2003) ressalta que o conforto trmico no ambiente construdo tem sido

    muito estudado devido necessidade de se estabelecer condies adequadas do conforto tanto

    para os ambientes de trabalho como para os de descanso ou lazer. O homem tem observado

    que locais confortveis no um luxo desnecessrio, mas sim uma necessidade para a

    manuteno da sade fsica e mental.

    Lima & Pitton (2006) tambm mostram que a discusso da qualidade ambiental e de

    vida constitui-se como objeto de grande importncia, haja vista a relevncia do termo para o

    sculo XXI, que traz forte crescimento demogrfico e uma sociedade de consumo exagerado,

    onde a degradao do meio ambiente ganha destaque como uma das mais graves

    conseqncias do atual sistema econmico mundial.

    H ainda outros estudos que fazem referncia s variaes climticas sobre a tica do

    ambiente construdo. Bem como o de Specian e Vecchia (2006); Specian (2007) e Minaki e

    Amorim (2006), que mostram o comportamento dos nveis de temperatura e umidade do ar no

    interior de residncias correlacionando com o clima externo, passando de um nvel

    microclimtico para o entendimento local e regional.

    Segundo Lima & Pitton (2006), o conceito de conforto trmico admite vrias

    definies, e muitas delas esto ligadas aos aspectos climticos, biolgicos e psicolgicos, no

  • entanto a grande maioria das definies est baseada no conceito entre o corpo humano e o

    ambiente em torno dele.

    De acordo com alguns autores o condicionamento trmico um aspecto pouco

    considerado em nossas edificaes e um dos itens de grande importncia na habitabilidade

    das mesmas, onde se ressalta que a ocupao e o uso do solo inadequado so os principais

    fatores responsveis pela criao de microclimas desconfortveis. Assim avaliar o

    desempenho trmico de uma edificao, consiste em verificar se o ambiente interno atende a

    um conjunto de requisitos pr-fixados pelas normas tcnicas de conforto ambiental, em

    funo das exigncias do usurio, em que por um lado as etapas correspondem seleo dos

    dados climticos envolvidos e, por outro, definio das condies que caracterizam o

    conforto trmico dos ocupantes, e desse modo quanto melhor forem s condies de conforto

    trmico nos ambientes de uma edificao, melhor o desempenho de quem as ocupa.

    (NOGUEIRA & NOGUEIRA, 2003)

    Para Vasconcellos (1988), conforto significa uma condio mental e fsica que

    expressa satisfao com o ambiente trmico, estando os mecanismos termo-regulador do

    homem no seu mnimo. Desse modo conforto trmico percebido como uma sensao

    agradvel em sua presena, isto , reflete satisfao com o ambiente que envolve uma pessoa,

    nem quente nem frio, e ocorre ao contrrio em sua ausncia, o que ocasiona o desconforto.

    Assim o estudo do conforto trmico tem como objetivo a determinao das

    condies ambientais que propiciam o conforto, o qual pode estar dentro dos limites de

    conforto previsto para a sensao que expressa satisfao com o ambiente circundante, ou

    ultrapassar o ndice das condies de comodidade trmica.

    2.1. ndices de Conforto Trmico

    De acordo com Lima & Pitton (2006), para avaliar a incidncia do clima sobre a

    sade e o bem estar das pessoas, necessrio o uso de ndices bioclimticos ou ndices de

    conforto trmico, e os mesmos so desenvolvidos fixando um tipo de atividade e vestimenta

    utilizada pelo indivduo, e relacionando as variveis do ambiente com as condies

    ambientais que proporcionam respostas iguais por parte dos indivduos.

    A escolha de um ndice de conforto deve estar relacionada com as condies

    ambientais com a atividade desenvolvida pelo indivduo, pela maior ou menor importncia de

    um ou de outro aspecto do conforto. Apesar da existncia de vrios ndices de conforto,

    conforme citado por Silva (2001), como por exemplo: Olgyay (1963), Mahoney et al. (1971),

  • Fanger (1972), Koenigsberger et al. (1977) e Rivero (1985), optou-se por utilizar neste

    trabalho, a proposta de limites do diagrama Bioclimtico de Givone (1992) como referncia

    para anlise do comportamento trmico das casas ocupadas em Amorinpolis - GO. Segundo

    Silva (2001) os respectivos limites, proposto por Givone (1992), so a temperatura do ar entre

    18C, limite mnimo, e 29c, mximo; e a umidade relativa do ar, entre 20%, limite inferior, e

    80%, superior.

    A escolha de utilizar os limites de ndice de conforto proposto por B. Givone, em vez

    de usar o de qualquer outro ndice, bem como exposto por Silva (2001), se deu pelo seguinte

    motivo: porque esses limites foram concebidos para pases em desenvolvimento (pases

    pobres do Sul), tendo sido ampliados os limites mximos de conforto da carta original, pois

    estudos realizados por GIVONE demonstram que as propostas de limites de conforto

    (anteriormente citadas, excluindo-se a sua) assumem uma zona de conforto universal, tendo

    os mesmos limites em todos os tipos de clima, desconsiderando, muitas vezes, as variaes

    possveis entre habitantes de regies com climas diferentes. Esse mtodo adotado por Givone

    (1989) demonstra que possvel determinar as providncias necessrias ao estabelecimento

    de adequado desempenho das habitaes.

    Silva (2001) em sua dissertao de mestrado sobre Estudos Climticos e Ambiente

    Construdo no Municpio de Descalvado SP analisou o comportamento trmico no interior

    de duas casas populares ocupadas, por meio de dois episdios representativos do fato

    climtico (de inverno e de primavera), e os limites da zona de conforto proposto por Givone

    (1992) foram utilizados como referencial em sua anlise do comportamento trmico das casas

    ocupadas, em que embora por se tratar de moradias de baixo custo de construo, as casas

    apresentaram adequado desempenho trmico, onde os resultados demonstraram que as duas

    residncias apresentaram comportamento trmico semelhante durante as possveis situaes

    de estresse de calor e frio.

    Pode-se destacar ainda o trabalho de Lemos & Barbosa (1999), que abordando o

    seguinte tema: Desempenho Trmico Em Habitao Popular: Adequao de Mtodos de

    Avaliao consiste na aplicao de trs metodologias a cinco edificaes trreas residenciais

    unifamiliares de sistemas construtivos variados existentes em Londrina PR, onde a

    avaliao por desempenho trmico atravs de limites de conforto trmico ajustados para uma

    populao local em que os referidos limites baseia-se na zona de conforto trmico de Givone

    (1992) para pases de clima quente e em desenvolvimento, que recomenda para as

    temperaturas interiores a variao de 18 a 29C, sendo o parmetro adotado como critrio de

    avaliao, o total de horas por ano em que as temperaturas internas obtidas na simulao

  • apresentam-se fora dos limites da zona de conforto de Givone, permitiu mostrar que a unidade

    de blocos cermicos apresentou menor nmero de horas de desconforto e que quanto maior a

    taxa de ventilao, menos so as horas de desconforto e, conseqentemente, melhor ser o

    desempenho trmico da edificao.

    Leo, et al. (2006) avaliam duas residncias populares desabitadas cujos projetos e

    orientao so diferentes na zona urbana de Cuiab-MT, sob trs formas distintas (anlise

    trmica por prescrio, por freqncia e por desempenho) onde observou-se que a anlise por

    desempenho trmico fornece informaes mais completas do desempenho das edificaes por

    utilizar as normais climticas da regio cruzando informaes das mdias das temperaturas

    mnimas, mdias e mximas com umidade relativa do ar, observou-se ainda atravs das

    medies diurnas realizadas durante os 20 dias mais representativos das quatro estaes do

    ano 2004/2005, considerando a Carta Bioclimtica de Givone (1992) adaptada para pases em

    desenvolvimento, que os ndices mostram que a qualidade tcnica das unidades habitacionais

    foi prejudicada em prol do baixo custo de execuo, utilizao de materiais de construo de

    baixa qualidade e com padres construtivos mnimos que foram insuficientes para atingir o

    nvel de conforto trmico desejado.

    2.2. Parmetros de Conforto Trmico

    Para Vasconcellos (1988), a avaliao do conforto humano geralmente baseada nos

    mecanismos de troca de calor entre o corpo humano e seu ambiente. Este processo de troca de

    calor depende de quatro fatores bsicos: temperatura do ar, umidade do ar, objetos de estudo

    deste projeto, velocidade do vento e temperatura radiante mdia (radiao) os quais afetam

    diretamente o balano trmico do corpo.

    De acordo com a publicao da pgina do Instituto de Astronomia, Geofsica e

    Cincias Atmosfricas da Universidade de So Paulo2, o Conforto Trmico Humano e sua

    resposta fisiolgica, ao estresse trmico, dependem da produo de calor metablico, do nvel

    de fatores ambientais (velocidade do vento, temperatura do ar, umidade relativa e temperatura

    mdia radiante) e do tipo de vestimenta que o indivduo estiver usando e o efeito conjugado

    dos mesmos que definir o grau de conforto ou desconforto trmico sentido pelas pessoas.

    2

    Obteve-se acesso a publicao da pgina do Instituto de Astronomia, Geofsica e Cincias Atmosfricas da

    Universidade de So Paulo, disponvel em: http://www.master.iag.usp.br/conforto/oqueeh.php-3k.

  • Desta forma os parmetros mais importantes do conforto trmico, bem como o exposto pelo

    Instituto da USP, subdividem-se em duas classes:

    - Parmetros Individuais:

    Metabolismo que se refere ao processo dos organismos vivos por onde substncias so

    transformadas nos tecidos com uma mudana no gasto energtico. A quantia total de calor

    metablico produzido depende do ambiente externo e tambm da dieta, tamanho corporal,

    idade e nvel de atividade destes. A produo de calor metablico pode ser dividida em duas

    componentes: (a) taxa de metabolismo basal, a qual depende do tamanho, cobertura

    superficial e idade (aumenta com o tamanho e diminui com a idade) e (b) que o calor

    produzido pela atividade muscular.

    Segundo Frota & Schiffer (1999), metabolismo o processo de produo de energia

    interna a partir de elementos combustveis orgnicos, e atravs deste metabolismo o

    organismo adquire energia, onde cerca de 20% dessa energia transformada em

    potencialidade de trabalho, desse modo a mquina humana tem um rendimento muito

    baixo, pois a parcela restante cerca de 80% se transforma em calor, que deve ser dissipado

    para que o organismo seja mantido em equilbrio.

    Vesturio que se relaciona a uma resistncia trmica interposta entre o corpo e o meio

    ambiente, permeabilidade ao vapor dgua. A quantidade de calor trocada depende da

    diferena entre a temperatura superficial e o meio, esta diminui medida que aumenta a

    resistncia trmica, assim, quanto mais espessa, menos condutivas e menos permeveis forem

    s roupas, maior dificuldade ter o organismo para trocar com o meio ambiente.

    Conforme a publicao do Instituto de Astronomia, Geofsica e Cincias

    Atmosfricas da USP a unidade normal de vestimenta usada o Clo (clothing), terno tpico

    (de manga comprida) que em termos tcnicos a unidade C W/m, sendo que 1 Clo equivale

    a 0,15C W/m. O Clo pode ser aplicado em regies de temperaturas mais frias, como para os

    norte-americanos, no entanto no em nossa regio, pois sob condies de clima tropical

    mido, este tipo de vestimenta no apropriado por no levar em considerao o valor de

    insolao. J que a vestimenta reduz a perda de calor, a mesma pode ser classificada de

    acordo com o seu valor de insolao.

    - Parmetros Ambientais:

    Temperatura do ar esta afeta a perda de calor pelo corpo humano e a temperatura do ar

    expirado, desse modo perda de calor pelo aquecimento e umidificao do ar expirado

    influenciada pela temperatura do ar.

  • Deve-se ressaltar tambm a colocao de FROTA & SCHIFFER (1999), que

    mostram que a variao da temperatura do ar provoca ainda o deslocamento de massas de ar.

    Segundo Vianello & Alves (1991), a variao diria da temperatura do ar est

    diretamente relacionada com a chegada de energia solar e o conseqente aquecimento do solo,

    ressaltam ainda que em geral, as reas continentais e desrticas apresentam amplitude e

    extremos trmicos mais pronunciados, contrastando com as regies martimas e vegetadas,

    onde as temperaturas oscilam menos, e durante noite tambm, os processos radiantes

    provocam um contnuo resfriamento do solo, chegando inverso dos fluxos, ou seja, a

    atmosfera mais aquecida passa a transferir calor para o solo.

    Umidade do ar outro fator meteorolgico que influncia o conforto trmico, interferindo

    em trs mecanismos de perda de gua do corpo humano: difuso de vapor dgua atravs da

    pele (transpirao imperceptvel), evaporao do suor da pele e a umidificao do ar

    respirado. Assim por exemplo, medida que a temperatura do meio se eleva e a perda de

    calor por conduo e conveco prejudicada, h um aumento na eliminao de calor por

    evaporao, fazendo com que a transpirao se torne perceptvel. Se o ar estiver saturado essa

    evaporao no possvel, caso em que a pessoa ganha calor enquanto a temperatura do

    ambiente mantm-se superior a da pele. Caso contrrio, sob um ar seco, a perda de calor pelo

    corpo ocorre mesmo em altas temperaturas, e em todos os casos, entretanto, a perda de gua

    ocorre na forma gasosa, tendo como resultado final a perda de calor pelo corpo humano.

    De acordo com Frota & Schiffer (1999), umidade atmosfrica conseqncia da

    evaporao das guas e da transpirao das plantas, e como definio de umidade absoluta

    tem-se que o peso do vapor de gua contido em uma unidade de volume de ar (g/m), e a

    umidade relativa a relao da umidade absoluta com a capacidade mxima do ar de reter

    vapor dgua, quela temperatura, isto equivale dizer que a umidade relativa uma

    porcentagem da umidade absoluta de saturao.

    Velocidade do vento determina a troca de calor por conveco entre o corpo e o meio

    ambiente, bem como a temperatura do ar. Quanto mais intensa for ventilao, maior ser a

    quantidade de calor trocada entre o corpo humano e o ar, conseqentemente menor ser a

    sensao de calor.

    No entanto preciso destacar assim como Frota & Schiffer (1999), que a nvel local,

    as correntes de ar sofrem a influncia da topografia, das diferenas de temperatura causadas

    por diversos revestimentos do solo e da vegetao.

    Temperatura mdia radiante corresponde temperatura mdia das superfcies opacas

    visveis que participam no balano radiativo com a superfcie exterior do vesturio.

  • 2.3. Conforto Trmico: Clima e Ambiente Construdo

    De acordo com alguns autores a edificao deve estar necessariamente adequada ao

    local onde esto inseridas, em harmonia com as condies exteriores, exigncias humanas de

    conforto, pois h uma estreita ligao entre o clima exterior e o clima interior. Em climas

    tropicais, como o analisado neste estudo, a avaliao trmica de moradias populares deveria

    estar relacionada principalmente otimizao das condies de conforto trmico no ambiente

    construdo, no entanto, nem sempre o que ocorre, pois se tratando de programas

    habitacionais para a populao de baixa renda, so em geral um mesmo sistema construtivo

    implementados em todo o Brasil, ou seja, um modelo habitacional empregado igualmente

    em cidades com caractersticas muito distintas, sem levar em considerao regio climtica

    onde as casas devem ser construdas e o projeto mais apropriado da edificao para cada

    regio (SILVA, 2001; KRGER & LAMBERTS, 2000)

    O dficit de moradias no Brasil um problema que ainda est longe de ser resolvido.

    Alm disso, os empreendimentos institucionais que promovem a habitao para as classes de

    baixa renda so em geral de baixa qualidade construtiva e no atendem s necessidades de

    seus usurios, especialmente quanto s condies de conforto trmico (PEREIRA; KREMER

    & KUCHENBECKER, 2001). A falta de adequao das unidades de habitao ao clima local

    leva a um desconforto trmico, especialmente no vero, pondo em risco a sade do indivduo.

    Rivero (1985) ressalta que est provada a conseqncia prejudicial aos meios

    desconfortveis que produzem fadiga fsica e nervosa, aumentando os acidentes no trabalho,

    alm de expor o organismo humano a diversas doenas. o caso, por exemplo, de indivduos

    expostos a condies de baixo teor de umidade e que, no percebendo que esto transpirando

    porque o suor evaporado rapidamente, no tomam lquido em quantidade suficiente e se

    desidratam.

    Segundo Frota; Schiffer (1999), e Vasconcellos (1988), o corpo humano um

    sistema homeotrmico, para seu funcionamento preciso manter uma temperatura interna

    constante, em torno de 37C, e como est constantemente produzindo calor, o excedente

    precisa ser dissipado no ambiente. No entanto as alteraes provocadas pela ao antrpica

    nas caractersticas do ambiente tem ocasionado variaes no clima/tempo, o que em

    contrapartida acaba por afetar a vida do ser humano, interferindo diretamente no conforto

    trmico do individuo, em sua sade e vida profissional.

    Os primeiros estudos acerca da influncia das condies termo-higromtricas sobre o

    rendimento no trabalho foram desenvolvidos pela Comisso Americana da Ventilao em

  • 1916, conforme exposto por Frota & Schiffer (1999), essa comisso efetuou estudos e

    pesquisas com o objetivo de determinar a influncia das condies termo-higromtricas no

    rendimento do trabalho, visando, principalmente, ao trabalho fsico do operrio, aos interesses

    de produo surgidos com a Revoluo Industrial e s situaes especiais de guerra, quando

    as tropas so deslocadas para regies de diferentes tipos de clima. Esses estudos vieram

    confirmar os resultados encontrados anteriormente por Herrington3:

    para o trabalho fsico, o aumento da temperatura ambiente de 20C para 24C diminui o

    rendimento em 15%;

    a 30C de temperatura ambiente, com umidade relativa 80%, o rendimento cai 28%.

    Segundo FROTA & SCHIFFER (1999), observaes acerca do rendimento do

    trabalho em minas, na Inglaterra, mostraram tambm o seguinte: o mineiro rende 41% menos

    quando a Temperatura Efetiva 27C, com relao ao rendimento Temperatura Efetiva de

    19C.

    Assim como pode ser visto em relao s exigncias humanas, que as condies de

    conforto trmico so funo da atividade desenvolvida pelo indivduo, da sua vestimenta e

    das variveis do ambiente que proporcionam as trocas de calor entre o corpo e o ambiente e

    que consequentemente influencia o mesmo em suas diversas funes realizadas.

    Cavalcante (2007) em sua dissertao de mestrado avalia a qualidade trmica de

    praas na cidade de Macei-AL e a sua relao com a utilizao destes espaos e a sensao

    trmica dos usurios, onde a partir da construo de mapas comportamentais, aplicao de

    questionrios com os usurios no interior da praa e a realizao de medies das variveis

    climticas, constata que as pessoas em rea sombreada estavam sentindo conforto trmico,

    apesar da classificao levemente quente, por outro lado, os usurios expostos radiao

    estavam sentindo mais calor que aquele registrado no ambiente.

    Cavalcante (2007) ressalta ainda, que a variao pode ser atribuda atividade

    praticada no momento da entrevista, pois os usurios que afirmaram no estarem sentindo

    calor nem frio se encontravam parados e sentados, e aqueles que estavam sentindo muito calor

    estavam em movimento (andando).

    Assim sendo, verificou-se que nem sempre a classificao quanto sensao de

    conforto trmico dos usurios corresponde aos valores obtidos pelos ndices calculados. Foi

    constatada tambm a grande influncia da atividade exercida na sensao de conforto trmico

    3 Herrington citado por Frota & Schiffer (1999) em seu livro Manual de Conforto Trmico como exemplo de

    estudos que comprovam os mesmos resultados por eles encontrados.

  • das pessoas (CAVALCANTE, 2007). Desse modo ficou comprovado que a qualidade trmica

    dos espaos nas praas um importante fator para a sua utilizao, principalmente quando se

    trata de uma rea destinada ao lazer e descanso, pois os espaos pblicos podem contribuir

    para a melhoria da qualidade climtica urbana.

    Castilho & Amorim (2006) avaliando o comportamento da temperatura, umidade

    relativa do ar e direo do vento na rea urbano-rural de Birigui-SP, evidenciaram anomalias

    trmicas e higromtricas, que so conseqncia das diferenas existentes no uso e ocupao

    do solo, onde na rea urbana demonstrou uma elevada temperatura e uma diminuio de

    umidade relativa do ar, isso devido s propriedades trmicas dos materiais, pavimentao,

    impermeabilizao, circulao de veculos e pessoas, e poucas reas verdes.

    E j no campo Castilho & Amorim (2006) evidenciaram um comportamento

    diferenciado, principalmente em relao s taxas de umidade relativa do ar que so superiores

    a da cidade, pois o campo dispe de um tipo de cobertura, vegetao rasteira e arbrea

    esparsa, que lhe possibilita um resfriamento mais rpido atravs de evapotranspirao, que

    libera calor atravs da perda de gua, e no, em forma de radiao. Desse modo pode-se

    chegar definio de que a vegetao contribui para ter uma ambincia agradvel,

    amenizando fatores climticos como o caso da temperatura e umidade do ar, objeto de estudo

    desse trabalho.

    Deve-se ressaltar tambm os estudos de Kowaltowski, et al (1999) sobre o Conforto

    Ambiental em edificaes Escolares na regio de Campinas, onde as observaes e avaliaes

    efetuadas neste estudo mostraram aspectos negativos em relao ao conforto e ao bom

    funcionamento das escolas, pois os prdios escolares apresentaram falhas no aspecto de

    conforto, muitas vezes relacionadas s modificaes de uso, problemas derivados do projeto e

    obra original, o que acabou por chegar a concluso de que o conforto ambiental das

    edificaes escolares afeta o ambiente escolar e a qualidade do ensino. Isso ocorre, sobretudo

    no perodo de vero, onde se observa uma insolao direta nas salas por um longo perodo de

    tempo e consequentemente um aquecimento excessivo, e para amenizar esta situao as

    escolas introduzem cortinas ou painis de lona internamente que diminuem tanto a ventilao

    como a iluminao natural, prejudicando o conforto trmico e visual.

    constatada tambm nesse estudo de Kowaltowski (1999) a inadequao acstica

    nas salas de aula, em que h pouca interferncia de rudos externos escola, mas a

    superlotao e a falta de tratamento acstico adequado geram nveis sonoros desconfortveis.

    O comportamento dos alunos nas atividades desenvolvidas nas salas e eventualmente rudo de

    equipamentos como ventiladores influenciam na inteligibilidade da fala nestes locais e

  • contribuem para um cansao fsico e mental dos usurios. Os autores alm de detectar os

    problemas relacionados ao conforto propem as brises, como soluo simples e de baixo

    custo para a insolao, uma possibilidade de introduzir melhoria no ambiente construdo.

    Bernardi & Kowltowski (2001) coloca ainda em relao ao conforto nas escolas, em

    seu artigo Avaliao da Influncia Comportamental do Usurio para a Melhoria do Conforto

    Ambiental em Espaos Escolares: Estudo de Caso em Campina SP, que se devem criar

    condies experimentais que identifiquem os lderes potenciais dentro de uma populao,

    para ampliar a conscincia dos usurios sobre o controle que ele exerce nas suas condies de

    conforto ambiental, pois alm dos elementos arquitetnicos existem os componentes humanos

    que podem diminuir ou aumentar a participao dos usurios no ajuste das condies

    ambientais.

    Num estudo preliminar de desconforto ambiental em salas de aula Romero, et al

    (2001) encontram dados indicativos de que as necessidades termo-ambientais de salas de aula,

    no se encontram satisfeitas. Nem a funo intrnseca da arquitetura como resposta s

    necessidades humanas de abrigo, tem sido respondida adequadamente. Neste sentido, o

    desconforto verificado nos espaos construdos pode ser atribudo, em grande parte, s

    definies dos projetos arquitetnicos. Pode-se, portanto concluir que a ocorrncia de

    equvocos dos projetos das salas de aula acontece em funo de respostas da arquitetura no

    adequadas para proporcionar ambientes agradveis. O estudo indica tambm que, em grande

    parte, isto se deve ao equacionamento equivocado das condies de ventilao e da radiao

    solar direta, na medida, tanto das cargas trmicas, quanto da iluminao natural.

    2.4. Avaliaes de Aspectos Construtivos

    Segundo Pereira; Kremer & Kkuchenbecker (2001), as aberturas merecem estudo

    cuidadoso por serem os elementos que mais promovem as trocas de calor com o meio externo

    e que possibilitam o controle da captao dos ventos e da insolao no interior dos ambientes.

    Sua eficcia em termos de conforto trmico depende do seu dimensionamento, localizao,

    orientao e sombreamento.

    Chvatal, Labaki e Kowltowski (1999) fizeram um levantamento de quais seriam as

    estratgias adequadas para atender s exigncias do condicionamento trmico natural, e

    elaborou algumas diretrizes (Conforme Quadro 2) que visa fornecer alguns subsdios para a

    fase de concepo do projeto arquitetnico, no que diz respeito a edificaes habitacionais ou

  • similares, nas quais as pessoas desenvolvem atividades sedentrias (limitao dos mtodos

    utilizados).

    Quadro 2 Diretrizes que visam o condicionamento trmico natural

    Aspecto Recomendao

    Aberturas

    orientadas de modo que seja possvel ventilao cruzada (aproveitamento do vento: sudeste).

    protegidas contra o vento sudeste no inverno. Maior cuidado com as infiltraes em janelas e portas

    submetidas a esse vento em reas pouco adensadas.

    regulveis, para que seja possvel o controle do fluxo de ar, de modo a atender as exigncias de ventilao

    variveis ao longo do ano. No devem ser previstas aberturas permanentes de ventilao.

    posicionadas de forma que o vento incida diretamente sobre os ocupantes no vero (janelas na altura dos

    usurios).

    com dispositivos exteriores para controlar a radiao solar no perodo de setembro a abril, principalmente nos horrios mais quentes do dia, referentes ao perodo da

    tarde (anlise atravs da carta solar).

    protegidas contra chuva.

    Orientao / insolao

    a orientao dos edifcios deve favorecer o aproveitamento do vento predominante (sudeste).

    controle da radiao solar atravs da colorao apropriada das superfcies.

    tratamento do solo circundante para controlar as temperaturas superficiais. Uma boa alternativa o uso da

    vegetao que tambm diminui a necessidade de

    drenagem da gua da chuva.

    Espaamento entre as edificaes grande separao entre as edificaes para entrada do vento sudeste no vero mido.

    Fechamentos inrcia trmica de mdia a alta, devido s grandes amplitudes de temperatura, principalmente no inverno.

    Superfcies envidraadas com dispositivos exteriores para controlar a radiao solar no perodo de setembro a abril, principalmente nos

    horrios mais quentes do dia, referentes ao perodo da tarde (anlise atravs da carta solar).

    Fonte: Quadro de CHVATAL, LABAKI e KOWALTOWSKI apresentada no artigo: Caracterizao de Climas

    Compostos e Proposio de Diretrizes Para o Projeto Bioclimtico: O Caso de Campinas, no ENCAC, Fortaleza,

    1999, p.5.

    Para Silva (2001) o bem estar do Homem est diretamente relacionado, entre outras

    variveis, ao projeto apropriado da edificao, aos materiais construtivos empregados e

    localizao geogrfica.

  • 3. CARACTERIZAO DO CONJUNTO HABITACIONAL MARIA DO CARMO DE

    JESUS

    Inserido no permetro urbano do municpio, o conjunto habitacional Maria do Carmo

    de Jesus foi realizado a partir de um Convnio de Parceria entre a AGEHAB (Agncia Goiana

    de Habitao) e a Prefeitura Municipal de Amorinpolis, foi uma cooperao tcnica e

    administrativa para a implantao do Programa Morada Nova (modalidade da construo),

    onde a Prefeitura cedeu os lotes e a AGEHAB se responsabilizou tecnicamente apenas pelos

    projetos das unidades, no se responsabilizando, entretanto, pela execuo das obras e

    servios, sendo estes de inteira responsabilidade do beneficirio e foi executada atravs de

    alta gesto.

    Com o trmino do conjunto no dia 18 de Agosto do ano de 2003, o Loteamento

    Maria do Carmo de Jesus fica composto de 41 casas, com 69 lotes, distribudos em cinco

    quadras e uma Praa Municipal, com rea total de trinta e quatro mil e noventa e cinco metros

    quadrados (34.095,00 m), desmembrados de rea maior, conforme a Planta de Urbanizao

    na Fig.1, com sees transversais das ruas e quadro de reas, os quais foram projetados pelo

    Arquiteto Gesley Macedo Xavier, sendo distribudos conforme o Quadro 3 de reas,

    apresentado a seguir.

    Quadro 3 Quadro de reas

    QUANTIDADE DESCRIO REAS (m) PORCENTAGEM

    69 LOTES RESIDNCIAIS 18.221,46 53,44%

    01 PRAA 943,37 2,77%

    - SISTEMA VIRIO 14.930,17 43,79%

    - REA TOTAL 34.095,00 100%

    Fonte: Prefeitura Municipal de Amorinpolis, 2009.

    Com uma rea de 18.221,46 metros quadrados, o Loteamento Maria do Carmo de

    Jesus assim discriminado:

    a) Quadra n 01, lotes de ns 01 12;

    b) Quadra n 02, lotes de n/s 01 18;

  • c) Quadra n 03, lotes de ns 01 09;

    d) Quadra n 04, lotes de ns 01 12;

    e) Quadra n 05, lotes de ns 01 18.

    Denominado de Loteamento Maria do Carmo de Jesus, o Conjunto Habitacional est

    localizado na Fazenda Jacuba, na Zona Urbana de Amorinpolis-GO, e na Bacia Hidrogrfica

    do Rio Araguaia. Esto servidos com gua potvel da Saneago e energia eltrica, no entanto,

    no esto servidos de equipamentos comunitrios necessrios, no entorno do loteamento para

    atender o aumento futuro da demanda com a construo das unidades habitacionais, pois h

    apenas uma Creche nas proximidades do conjunto, no havendo, portanto, posto de sade

    prximo, nem escola de 1 Grau.

    Figura 1. Planta do Conjunto Habitacional Maria do Carmo de Jesus do municpio de

    Amorinpolis-GO.

    Fonte: Prefeitura Municipal de Amorinpolis, 2009.

    3.1. Unidades Habitacionais

    As Unidades Habitacionais, unifamiliares, so compostas por sala e cozinha, dois

    quartos, e banheiro (Conforme a Fig. 2), sendo a rea construda de 39.86m. A construo

  • com materiais convencionais, em tijolo cermico, esquadrias metlicas, estrutura em madeira,

    telhas cermicas, reboco paulista e barra lisa no banheiro (h = 1.50m), piso cimentado liso,

    pintura PVA, instalaes eltrica e hidro-sanitria completa.

    Figura 2. Modelo de Planta das casas do Conjunto Habitacional Maria do Carmo de Jesus

    Fonte: Prefeitura Municipal de Amorinpolis, 2009.

    As casas em estudo possuem ainda caractersticas distintas no que diz respeito ao uso

    do solo, onde conforme a foto 1 e 2, pode-se observar que uma contm na parte externa uma

    grande quantidade de vegetao, sendo at gramado o cho da frente da casa, no entanto a

    outra praticamente no possui vegetao, principalmente na frente da casa.

  • Foto 1. Casa com mais vegetao. MARTINS,

    2009

    Foto 2. Casa com menos vegetao. MARTINS,

    2009.

  • 4. MATERIAIS E MTODOS

    4.1. Equipamentos e Materiais Utilizados na Pesquisa:

    - termo-higrmetro digitais (instrutherm);

    - estao meteorolgica automtica (PCD/SIMEGO instalada na UEG/UnU Ipor);

    - software microsoft excell;

    - imagens de satlite (Satlite GOES) CPTEC/INPE;

    - Cartas Sinticas superfcie Meteomarinha (Marinha do Brasil);

    - computador;

    - mapa da rea urbana de Amorinpolis-GO;

    - planta do conjunto habitacional Maria do Carmo de Jesus;

    - planta das casas em estudo.

    Alm dos materiais e equipamentos propostos para coleta, tabulao e anlise dos

    dados preciso considerar, tambm, as casas onde sero instalados os aparelhos termo-

    higrmetro, pois o padro de uso das residncias, como hbito de abertura de janelas deve

    interferir nos resultados finais do padro de conforto da mesma.

    E ainda sero utilizados dois perodos para a coleta de temperatura e umidade do ar,

    sendo um stress de calor e um stress de frio, onde sero consideradas as temperaturas e

    umidade do ar internas dos ambientes, comparadas aos registros externos. Pode-se considerar

    tambm o desenvolvimento de questionrios para uma possvel entrevista com os moradores

    das residncias em estudo com o intuito de avaliar a satisfao dos usurios, sua sensibilidade

    trmica em relao aos dois perodos que sero analisados, stress de calor e stress de frio.

    4.2 Metodologias de Trabalho

    A metodologia consiste na utilizao de pesquisa bibliogrfica e documental que

    demarca o referencial terico, e tambm pesquisa campo. A pesquisa envolve a avaliao do

    conforto trmico de duas casas unifamiliares, habitadas, e para tanto sero realizados os

    seguintes procedimentos metodolgicos:

  • a. Aquisio de dados de temperatura e umidade relativa do ar dos ambientes internos e

    externos. Sero escolhidos dois ambientes, cmodos, das casas para a instalao/fixao dos

    termo-higrmetros digitais, alm do registro dos valores registrados ao ar livre, externo.

    b. As leituras, aquisio de dados, vo ocorrer em dois perodos distintos, o primeiro nos

    meses de junho e julho e o segundo nos meses de setembro e outubro de 2009.

    c. De posse dos conjuntos de dados coletados sero escolhidos dois episdios representativos,

    conforme preconizado por Monteiro (1969, 1971 e 1973). Os episdios climticos sero

    escolhidos conforme as condies da dinmica climtica para o perodo de coleta. Para a

    escolha dos episdios representativos, dentro de cada etapa de coleta, sero acessadas as

    Imagens do satlite GOES, fornecidas pelo CPTEC/INPE onde possvel diagnosticar as

    caractersticas da atmosfera para o perodo (atuao de massas de ar) e tambm, atravs das

    cartas sinticas a superfcie, acessadas atravs do site do servio de meteorologia da Marinha

    do Brasil.

    d. Aps os dados serem escolhidos, atravs de episdios climticos, sero aplicadas as

    frmulas de previso de temperatura, conforme proposto por Givone (1999) e adaptada por

    Specian (2003).

    e. Entrevistas formais com os moradores, buscando identificar conflitos reveladores de

    fenmenos existenciais no satisfeitos por elementos arquitetnicos ausentes ou inadequados

    e tambm pela falta de reas verdes, que impedem a obteno de um ambiente urbano

    agradvel.

    A metodologia consistir ainda, na organizao e tabulao dos dados de temperatura

    e umidade relativa do ar coletados, transformando-os em grficos, atravs da ajuda do

    software excell, para fins de anlise dos perodos de coletas de dados. Os registros de

    temperatura e umidade do ar que sero feitos em duas habitaes populares no municpio de

    Amorinpolis, ocorrero de forma contnua em dois perodos distintos, em uma estao de

    inverno (junho e julho) e uma estao de vero (setembro e outubro), os quais possibilitaro

    escolher os episdios representativos dentro de cada ciclo de coleta.

  • CONSIDERAES PRELIMINARES

    A presente pesquisa compreendida por duas etapas, a primeira esta sendo realizada

    neste ms de Junho e tambm no ms de Julho do decorrente ano, episdio representativo de

    inverno, onde esta sendo coletada por meio de aparelhos termo-higrmetro digitais, valores de

    temperatura e umidade do ar, num perodo de dez dias consecutivos, em dois cmodos das

    casas (sala e quarto), sendo feita a coleta em seis horrios diferentes: 07:00hs e 09:00hs da

    manh, 12:00hs e 15:00hs da tarde, e s 18:00hs e 21:00hs da noite, horrios distribudos

    conforme a disponibilidade dos moradores das residncias em estudos. E o mesmo ocorre na

    segunda etapa da pesquisa, no entanto, ocorrer em Setembro e Outubro, episdio de vero.

    J possvel observar em dados parciais da pesquisa, coletados no dia 23 de Junho,

    que as temperaturas teve uma certa variao, sobretudo nos horrios de 09:00hs s 15:00hs,

    onde h uma maior insolao, que conseqentemente provoca um aquecimento excessivo,

    principalmente em locais com menos vegetao, pois a insolao direta, bem como

    analisado na pesquisa, onde a casa que possui menos vegetao, teve nesses horrios valores

    de temperatura do quarto maiores, que as temperaturas do quarto da outra residncia que

    possui mais vegetao, porm nestes mesmos horrios no cmodo da sala foi o inverso, a casa

    que tem mais vegetao apresentou temperaturas mais elevadas que a da sala da outra

    residncia de menos vegetao.

    Isso ocorre devido ao fato de ambas s casas estarem em posies diferentes. O que

    leva a insolao em diferentes partes do dia, estar em diversas posies. A umidade tambm

    teve oscilaes, em que foi perceptvel que nos dois horrios da manh (07:00hs e 09:00hs) e

    nos dois horrios da noite (18:00hs e 21:00hs) a residncia que possui mais vegetao teve

    neste horrios maiores umidades, e a casa de menos vegetao teve menores valores de

    umidade, tanto nas salas como nos quartos, onde a diferena chegou at 7% .

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