habeas corpus em procedimentos administrativos
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8/7/2019 Habeas Corpus Em Procedimentos Administrativos
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HABEAS CORPUS EM PUNIES DISCIPLINARES
No novidade para ningum que existem em todas as profisses o
assdio moral, por patres que pensar ser onipotentes, desgraando avida dos funcionrios.Mas para os que sofrem dessemal em sua profisso
vou deixar alguns esclarecimentos.
Em primeiro lugar, somos funcionrios do estado, ou da Unio, no dos
chefes. Eles podem nos mandar fazer algo, mas fazemos s se estiver
dentro do que nos propomos fazer ao prestarmos o concurso , fora disso,
se o ato for ilegal podemos nos recusar a faz-lo ou se for ordem meio
duvidosa, podemos pedir para que a ordem seja dada por escrito, e
assinada.
Devemos trabalhar com inteligncia, procurando no ficar na mo de
ningum, fazendo o servio melhor possvel, mas se mesmo assim
quiserem te perseguir, bom que saiba os seus direitos.
Os processos administrativos sempre podero aparecer, esse no o
problema. Problema acredito perder neles. Se ao responder um,
visto que no est sendo dado a mnima para sua s razes de defesa,
procure algum erro na regularidade formal do ato (competncia,
cerceamento de ampla defesa e contraditrio, cumprimento de
formalidades legais). Qualquer irregularidade nessa rea podem anular o
procedimento administrativo. Alguns fatores especificamente causam
anulao dele:
*bis in idem- punio duas vezes pela mesma transgresso ou infrao,
ainda que seja a primeira verbal. S e no for respeitada
administrativamente, deve ser pedida apreciao do Judicirio, que nem
tarda, nem falha;
*Nemo tenetur se detegere- por exemplo, o tem 1 do anexo 1 do
decreto federal 4.346 de 26 de agosto de 2002, Regulamento Disciplinar
do Exrcito foi considerado inconstitucional porque o inciso LXIII, artigo
5 da Constituio Federal, se analisado exegeticamente, constitui o
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direito do preso de permanecer em silncio, mas o mbito de abrangncia
desta norma bem maior que esse, tendo em vista que a maior parte dos
doutrinadores a considera como a mxima que diz que ningum ser
obrigado a produzir prova contra si mesmo (pelo uso do principio da
interpretao efetiva); ento esse no um direito s quem estiver preso,mas antes toda pessoa que estiver sendo acusada. O direito ao silncio
apenas a manifestao da garantia muito maior, que a do direito da no
auto-acusao sem prejuzos jurdicos, ou seja, ningum que se recusar a
produzir prova contra si pode ser prejudicado juridicamente, como diz o
pargrafo nico do art. 186 do cdigo de processo penal: O silncio, que
no importar em confisso, no poder ser interpretado em prejuzo da
defesa. Este direito conhecido como o princpio nemotenetur sedetegere.
Esta norma est prevista no Tratado Internacional denominado Pacto de
So Jos da Costa Rica, tambm conhecido como Conveno Americana
de Direitos Humanos, da qual o Brasil signatrio, em seu art. 8, inciso 2,
alnea 'g':
"Art. 8 - Garantias judiciais:
2. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma sua
inocncia, enquanto no for legalmente comprovada sua culpa. Durante o
processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, s seguintes
garantias mnimas:
g) direito de no ser obrigada a depor contra si mesma, nem a confessar -
se culpada".
No Brasil esta alnea 'g' interpretada extensivamente, de forma a chegar -
se concluso de que "ningum obrigado a produzir prova contra si
mesmo". O direito constitucional de permanecer calado (art. 5, LXIII, CF)
foi criado tendo-se como base esta norma. Atravs da Suprema Corte esse
princpio traduz-se dessa forma: "O Estado - que no tem o direito detratar suspeitos, indiciados ou rus como se culpados fossem (RTJ
176/805-806) - tambm no pode constrang-los a produzir provas contra
si prprios (RTJ 141/512)."
*dueprocessoflaw- princpio do devido processo legal. Atravs dele,
ningum pode ser punido sem o devido processo legal e sem ser por
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autoridade competente para tal. Punies sumrias e por qualquer chefe
no encontrar guarida em nosso ordenamento jurdico. Ilustrando isso,
existe uma histria (ou estria, no sei se verdade e tambm no sei em
que pas) de que houve pessoas falando palavr es no canal de rdio da
Polcia. Ento o comandante da rea determinou que o policial que tinhafalado aquilo se identificasse, se no todos os policiais de servio seriam
punidos. Como ningum o fez, o comandante via rdio determinou que
todos ficassem duas horas mais de servio por aquele palavro. Depois
de meia hora, traficantes do morro mais perigoso da regio ficaram com
pena dos policiais e disseram que foram eles que xingaram no rdio e que
qualquer um tinha acesso ao canal de rdio da Polcia. Se fosse aqui no
Brasil, os comandados poderiam se recusar a cumprir tal punio, porque
punies podem ser dadas apenas depois do devido procedimento
administrativo, respeitada a ampla defesa e o contraditrio, aplicando a
punio o comandante da compania. Ou mais inteligente ainda, poderiam
pedir que tal ordem fosse passada por escrito, e cu mprir a punio, e
depois processar o comandante.
*Princpio da Reserva Legal- Por este princpio, nenhum fato pode ser
considerado crime se no existir uma lei que o enquadre como crime ou
transgresso e, nenhuma pena pode ser aplicada, se no houver san o
pr-existente e correspondente ao fato. O estado s pode agir dentro dalegalidade, e qualquer coisa que no for observada dent ro de um
procedimento administrativo, menos os prazos (se no caracterizarem
prejuzoao indiciado), podem exigir a extino do referido processo. Esse
princpio ainda diz que o Judicirio pode ser acionado em qualquer
momento, mesmo que no tenham sido esgotados todos os canais
administrativos, para serem avaliados critrios de legalidade e no de
mrito (o importante extinguir o processo se estiver eivado de
ilegalidade). O meio de se pedir apreciao do Judicirio sem custos e sem
muitas complicaes o habeas corpus. Vejamos algumas definies
legais sobre ele:
Art. 5, inciso LV da CF/88: Aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral so assegurados o contraditrio
e ampla defesa, com os meios e
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recursos a ela inerentes;
Art. 5, inciso LXVIII da CF/88: Conceder-se- "habeas-corpus" sempre
que algum sofrer ou se achar ameaado de sofr er violncia ou coao em
sua liberdade de
locomoo, por ilegalidade ou abuso de poder;
A concesso de habeas corpus impetrado contra punio disciplinar
militar, desde que voltada to-somente para os pressupostos de sua
legalidade (grifo meu), excluindo a apreciao das questes referentes ao
mrito, no configura violao ao art. 142, 2, da CF. (STF - RE 338.840-
1/RS - 2 Turma - Rel. Min. Ellen Gracie, j. 19.08.2003, V.u.)"
EMENTA: Concede-se ordem de habeas corpus para o fim de obstar
aplicao de punio administrativa, consubstanciada em processo
administrativo disciplinar que inobservou as formalidades legais
pertinentes,
cerceando o direito de defesa do paciente. (STJ RHC 6529 5 Turma
Rel Min. Cid FlquerScartezzini j. 23.06.97, DJU 1.09.97, p 40854).
EMENTA: HABEAS CORPUS. MILITAR. SANO DISCIPLINAR (PRISO).
PACIENTE REFORMADO. COAO ATUAL E IMINENTE INEXISTENTE.
AUSNCIA DE INTERESSE DE AGIR. WRIT NO CONHECIDO.
1. A punio disciplinar por transgresso militar tem a natureza jurdica de
ato
administrativo, e o seu exame, por meio de Habeas Corpus, embora
possvel, fica restrito regularidade formal do ato (competncia,
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cerceamento de defesa, cumprimento de formalidades legais) (grifo
meu).
2. A ao de Habeas Corpus s pode ser instaurada quando se constatar
coao ilegal atual e iminente liberdade de ir e vir, o que no ocorre no
caso concreto, pois, segundo ressai do acrdo proferido pela autoridade
ora
apontada como coatora, o paciente foi reformado.
3. Destarte, no sendo atual ou iminente; ao contrrio, sequer se
divisando a
possibilidade de cumprimento da referida punio, falece interesse na
presente impetrao.
4. Writno conhecido, em consonncia com o parecer ministerial.
(HC 80.852/RS, Rel. Ministro NAPOLEO NUNES MAIA FILHO, QUINTA
TURMA, julgado em 27/03/2008, DJe 28/04/2008).
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. RECURSO DE HABEAS CORPUS.
PRISO DISCIPLINAR MILITAR. CONTROLE JUDICIAL
1. Tem entendido a jurisprudncia, interpretando o 2 do art. 142 da CF
("No caber habeas corpus em relao a punies disciplinares
militares"),
que o controle judicial da punio disciplinar militar na via do habeas
corpus restringe-se sua legalidade (competncia, forma, devido
processo legal etc), no se estendendo ao segmento de m rito,
radicado na convenincia e na oportunidade da punio (grifo meu).
2. "Ningum ser preso seno em flagrante delito ou por ordem escrita e
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fundamentada de autoridade judiciria competente" (CF - art. 5, LXI),
exceto
nos casos de transgresso militar
3. Improvimento do recurso. . (TRF1 RCHC 2002.34.00.035931-5 3
Turma Rel. Des. Federal Olindo Menezes, j. 11/03/2003).
"EMENTA - ADMINISTRATIVO. MILITAR. ACESSO AO JUDICIIO. ATO
PUNITIVO-DISCIPLINAR. NULIDADE.
1. O disposto no regulamento castrense (Lei-6880/80, art-51), que prev
que o militar s pode recorrer ao judicirio aps esgotados todos os
recursos administrativos e, ainda assim, desde que previamente
cientificado seu superior, no encontra mais respaldo frente
Constituio de 1988 (grifo meu).
2. A punio imposta afronta o art-5, inc-35, da Carta de 1988, motivo
pelo
qual bem lanada a sentena que a declarou nula.
(TRF4 - 5 Turma - REO 9004143173/RS - Rel. Juza Marga Inge Barth
Tessler, j. 24/08/1995, v.u.)"
EMENTA: RECURSO - HABEAS CORPUS- DISPENSA DA CAPACIDADE
POSTULATRIA. Versando o processo sobre a ao constitucional de
habeas corpus, tem-se a possibilidade de acompanhamento pelo leigo,
que pode interpor recurso, sem a exigncia de a pea mostrar-se
subscrita por profissional da advocacia (grifo meu). Precedentes: Habeas
Corpus n 73.455-3/DF, Segunda Turma, relator ministro Francisco Rezek,
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Dirio da Justia de 7 de maro de 1997, e Recurso Ordinrio em Habeas
Corpus n 60.421-8/ES, Segunda Turma, relator ministro Moreira Alves,
Revista Trimestral de Jurisprudncia 108/117-20. O enfoque linear,
alcanando o recurso interposto contra deciso de turma recursal de
juizado
especial proferida por fora de habeas corpus.
(STF HC 84716/MG Primeira Turma Rel. Ministro Marco Aurlio, j.
19.10.04, DJ de 26.11.2004, p. 025).
Art. 125 da CF/88: Os Estados organizaro sua Justia, observados os
princpios
estabelecidos nesta Constituio.
4 Compete Justia Militar estadual processar e julgar os militares dos
Estados, nos crimes militares definidos em lei e as aes judiciais contra
atos
disciplinares militares, ressalvada a competncia do jri quando a vtima
for
civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da
patente dos oficiais e da graduao das praas.
5 Compete aos juzes de direito do juzo militar processar e julgar,
singularmente , os crimes militares cometidos contra civis e as aes
judiciais contra atos disciplinares militares (grifos meus), cabendo ao
Conselho de Justia, sob a presidncia de juiz de direito, processar e julgar
os demais crimes militares.
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Atravs desses dispositivos legais pode-se evitar abusos de autoridade e
constrangimentos ilegais. O habeas corpustem seu modelo na internet e
s substituir os dados pelos da sua situao. Ele deve ser acompanhado de
todas as cpias do procedimento administrativo.
At uma prxima oportunidade.