guiões pedagógicos "move-te pela mudança" - unidade letiva 12 - anexo 3
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DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA - ALGUNS TEXTOS
O Trabalho Infantil
O trabalho infantil, nas suas formas intoleráveis, constitui um tipo de violência menos evidente do que
outros, mas nem por isso menos terrível 639. Uma violência que, para além de todas as implicações
políticas, económicas e jurídicas, é sempre essencialmente um problema moral. Eis a advertência de
Leão XIII: «As crianças, sobretudo – e isto deve ser estreitamente observado – não devem entrar na
oficina senão depois que a idade tenha suficientemente desenvolvido nelas as forças físicas, intelectuais
e morais; de contrário, como uma planta ainda tenra, ver-se-ão murchar com um trabalho demasiado
precoce, e prejudicar-se-á a sua educação»640. A chaga do trabalho infantil, a mais de cem anos
de distância, não foi ainda debelada. Mesmo com a consciência de que, ao menos por ora, em certos
países o contributo dado pelo trabalho das crianças ao orçamento familiar e às economias nacionais
é irrenunciável e que, em todo caso, algumas formas de trabalho realizadas a tempo parcial podem ser
frutuosas para as próprias crianças, a doutrina social denuncia o aumento da «exploração do trabalho
de menores em condições de verdadeira escravatura»641. Tal exploração constitui uma grave violação
da dignidade humana de que qualquer indivíduo, «independentemente da pequenez ou da aparente
insignificância em termos utilitários»642, é portador.
UNIDADE LETIVA 12 | ANEXO 3
O papel do Estado e da sociedade civil na promoção do direito ao trabalho
Os problemas do emprego apelam às responsabilidades do Estado, ao qual compete o dever de
promover políticas laborais ativas tais que favoreçam a criação de oportunidades de trabalho no
território nacional, incentivando para esse fim o mundo produtivo. O dever do Estado não consiste
tanto em assegurar diretamente o direito ao trabalho de todos os cidadãos, regulando toda a vida
económica e mortificando a livre iniciativa de cada indivíduo, quanto em «secundar a actividade das
empresas, criando as condições que garantam ocasiões de trabalho, estimulando-a onde for insuficiente
e apoiando-a nos momentos de crise».
JOÃO PAULO II, carta encícl. Centesimus Annus, n.º 48, AAS 83, 1991, p. 853.
Trabalho e Globalização
Mostra-se cada vez mais necessária uma cuidadosa ponderação da nova situação do trabalho no atual
contexto da globalização, numa perspetiva que valorize a propensão natural dos homens para entabular
relações. A tal propósito, deve-se afirmar que a universalidade é uma dimensão do homem, não das coisas.
A técnica poderá ser a causa instrumental da globalização, mas é a universalidade da família humana a
sua causa última. Portanto, também o trabalho tem uma dimensão universal própria, na medida em que se
funda no relacionamento humano. As técnicas, especialmente as eletrónicas, têm permitido alargar este
aspeto relacional do trabalho a todo o planeta, imprimindo à globalização um ritmo particularmente
acelerado. O fundamento último deste dinamismo é o homem que trabalha, é sempre o elemento subjetivo
e não o objetivo. Também o trabalho globalizado tem origem, portanto, no fundamento antropológico da
intrínseca dimensão relacional do trabalho. Os aspetos negativos da globalização do trabalho não devem
prejudicar as possibilidades que se abriram para todos de dar expressão a um humanismo do trabalho ao
nível planetário, a uma solidariedade do mundo do trabalho neste nível, a fim de que, trabalhando em
semelhante contexto, dilatado e interconexo, o homem compreenda cada vez mais a sua vocação unitária
e solidária.
In http://www.portal.ecclesia.pt/cdsi/capitulo.asp?capituloid=6
Encíclica Caridade na Verdade, nº 32
A dignidade da pessoa e as exigências da justiça requerem, sobretudo hoje, que as opções económicas
não façam aumentar, de forma excessiva e moralmente inaceitável, as diferenças de riqueza 83 e que
se continue a perseguir como prioritário o objectivo do acesso ao trabalho para todos, ou da sua
manutenção. Bem vistas as coisas, isto é exigido também pela « razão económica ». O aumento sistemático
das desigualdades entre grupos sociais no interior de um mesmo país e entre as populações dos diversos
países, ou seja, o aumento maciço da pobreza em sentido relativo, tende não só a minar a coesão social
— e, por este caminho, põe em risco a democracia —, mas tem também um impacto negativo no plano
económico com a progressiva corrosão do « capital social », isto é, daquele conjunto de relações de
confiança, de credibilidade, de respeito das regras, indispensáveis em qualquer convivência civil.