guilherme tese

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Apresentação: arte e clínica um trajeto possível O problema do cuidado em saúde mental é um tema muito debatido e que dispõe de uma diversidade quase infindável de abordagens e práticas. Tendo isto em vista, partimos de questionamentos levantados a partir de uma experiência no serviço de atendimento em saúde mental na elaboração uma proposta ética e política para enfrentar a questão do manejo clínico da loucura tendo como ponto de articulação e mediação a arte entre estes dois polos, o do saber clínico e o da loucura. Acompanhando trajetórias clínicas de pessoas com os mais variados diagnósticos apontamos um profícuo procedimento de cuidado que se delineia na interface com processos de composição artística, reconfigurando modos de existência. Tal reconfiguração não depende, contudo, da fabricação de produtos artísticos e tampouco trata-se de uma estilização da existência. A ressignificação da experiência da loucura se dá a partir do engendramento de possíveis para a existência, do lançamento do ser aos devires no qual o processo de subjetivação aponta para uma ultrapassagem e superação das condições materiais de suas enfermidades. Assim sendo, o compromisso ético da clínica se distingue de um sistema normativo de regras ou coercitivo de verdades tomados em si e por si mesmos. A ética relacional de nossa proposta clínica consiste na afirmação da vida como valor último pois a existência não deve ser

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Apresentao: arte e clnica um trajeto possvelComment by Leonardo Almeida: Uma impresso: Sem o marco da questo, o texto fica condenado ao presente infinito. necessrio, historizar, contextualizar, exemplicar e conceituar.... isso que est faltando para amarrar uma questo ao movimento do pensamento...

O problema do cuidado em sade mental um tema muito debatido e que dispe de uma diversidade quase infindvel de abordagens e prticas. Tendo isto em vista, partimos de questionamentos levantados a partir de uma experincia no servio de atendimento em sade mental na elaborao uma proposta tica e poltica para enfrentar a questo do manejo clnico da loucura tendo como ponto de articulao e mediao a arte entre estes dois polos, o do saber clnico e o da loucura. Comment by Leonardo Almeida: Comear pela questo, no pelo caso.Comment by Leonardo Almeida: Melhorar. Impreciso.Comment by Leonardo Almeida: Impreciso.Comment by Leonardo Almeida: Muito longa, comprometendo compreenso.Acompanhando trajetrias clnicas de pessoas com os mais variados diagnsticos apontamos um profcuo procedimento de cuidado que se delineia na interface com processos de composio artstica, reconfigurando modos de existncia. Tal reconfigurao no depende, contudo, da fabricao de produtos artsticos e tampouco trata-se de uma estilizao da existncia. A ressignificao da experincia da loucura se d a partir do engendramento de possveis para a existncia, do lanamento do ser aos devires no qual o processo de subjetivao aponta para uma ultrapassagem e superao das condies materiais de suas enfermidades. Comment by Leonardo Almeida: Vc deve explicar que clinica esta que ser criticada para dar brecha para a compreenso de um novo olhar sobre a loucura. Para a vermos se isso possvel Falta o interlocutor. Vc deve conversar com o leitor, apresentar as questes, os argumentos, as teorias... Saiba que uma tese avana quando se pressupe que o leitor desconhece a teoria usada e o fio argumentativo... Escrever uma tese como se fosse uma dana... Existem protocolos, passos a serem compreendidos antes de se poder rodopiar...Pense que o interlocutor uma equipe de sade mental... Eles reconhecem isso que vc apresenta?Comment by Leonardo Almeida: Impreciso.Comment by Leonardo Almeida: Qual a especificidade deste procedimento? Comment by Leonardo Almeida: Definir... O conceito no pode aparecer sem o cuidado de nomeao das razes do pensamento... O autor, o texto....Comment by Leonardo Almeida: Sem definio da questo e a lapidao conceitual, isso apenas verborragia...Comment by Leonardo Almeida: Seja claro...Assim sendo, o compromisso tico da clnica se distingue de um sistema normativo de regras ou coercitivo de verdades tomados em si e por si mesmos. A tica relacional de nossa proposta clnica consiste na afirmao da vida como valor ltimo pois a existncia no deve ser julgada por valores exteriores vivncia (NIETZSCHE, 2000). Neste sentido, o valor diz respeito s relaes que advm de seu campo de aplicao, isto , a valorao relacionada aos usos que o processo toma na vida do sujeito. Comment by Leonardo Almeida: Definir tica... tica de Badiou, fundamental para a compreenso da tica na contemporaneidade...Comment by Leonardo Almeida: Sem a questo, este argumento no tem potncia alguma...Comment by Leonardo Almeida: Esta frase no se casa com a anterior...Destarte, articulamos os preceitos nietzschianos da exuberncia e expanso da vida aos estudos de Canguilhem (2002) sobre as normas para desenvolver a ideia de que a experincia normativa do vivo compreende a valorao como prtica imanente ao processo vital, que no deixa de ser, por seu turno, um processo de criao. Trata-se de selecionar o que fortalece as potncias de criao do vivo, respeitando o movimento vital de expanso pois ainda de acordo com Nietzsche (2006), a vida quer mais que ela pode e a conservao no mais que secundria ao vivo. Comment by Leonardo Almeida: Longa demais... Cad a questo...O movimento vital incide, por sua vez, numa absoro insensata, que extrapola a necessidade e a conservao, e que, por vezes, chega a ameaar o vivo de decomposio. Este movimento corresponde ao carter intrnseco vontade de potncia que no pode deixar de querer mais, o que se reflete na tendncia elementar ao vivo de querer dar livre curso s foras.Comment by Leonardo Almeida: Frase de efeito... Isso no quer dizer nada...Comment by Leonardo Almeida: Est perdendo a questo de novo...Ponto que nos leva tomada poltica que esta clnica implica. O vis expansivo da vida repercute na criao de um novo corpo para, na e a partir da experincia de criao, que passa pelo descentramento e deslocamento radicais. A radicalidade poltica da clnica se encontra na experincia de colocar-se espreita das foras que atravessam a existncia de cada sujeito. Colocando o corpo escuta e deriva das foras que atravessam sua existncia, o vivo desata aquilo que o aloca no espao ontolgico cristalizado de uma identidade. Neste mbito, entendemos tal deslocamento e a orientao clnica para ele como uma tomada poltico de partido.Comment by Leonardo Almeida: Vc no definiu nada. necessrio historizar o tratamento da loucura... Que poltica essa? Ler o desentendimento de Rancire...Comment by Leonardo Almeida: ?????????????????????????????????????????????????????????????? Partido??????????????????????Poltico???????????????????????????? Falta definir!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!Se no so palavras vazias!!!!!!!!!!!!!!!!!!Soltas que no atingem leitor algum!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!Por uma questo de delimitao, apresentamos nossa tese em trs captulos em que os eixos da loucura, da arte e clnica so trabalhados em sua especificidade e em indelvel articulao mtua.Primeiramente, partimos da loucura como aquilo que provoca inquietao, curiosidade e temor medida que aponta para a alteridade de ns mesmos e de nossa cultura fazendo fulgurar na experincia cotidiana o estranho e o desconhecido (FOUCAULT, 1979). Consequentemente, a experincia da loucura s pode ser definida a partir das objetivaes de que alvo. Isto , a loucura existe enquanto forma diferenciada nos distintos estratos culturais em que ela objetivada numa intrincada rede de saber, poder e subjetividade (FOUCUALT, 1961/1999a). Em sequncia, recorremos s reflexes de Gilles Deleuze (2005, 2014) sobre a obra foucaultiana para discorrer sobre o trabalho que as foras do fora operam na subjetividade e o contraponto desta relao localizado no trabalho do poder sobre estas foras. Comment by Leonardo Almeida: Explicar a questo em conjuno com a teoria...A sua questo foi melhor explicada naquele texto que falei para vc fazer sobre ela...No entanto, se a loucura s existe para e perante um coletivo subjetivo que a define e a trata como tal, ela coloca aos profissionais do campo psicologia e da clnica a trabalho. Sendo o cuidado em sade um fato no apenas de natureza tcnico-cientfica, as intervenes adquirem a tomada de uma posio tico-poltica na indissociabilidade entrelogos, ethos e prxis. Comment by Leonardo Almeida: Pq no ethos, poiesis e polis?????????? Estas trs questes so muito mais potentes para pensar a loucura... Mas sem defini-las nem estas nem as que escolheu ganham a potncia argumentativa necessria....Posto isto, trabalhamos sobre algumas teses de Histria da loucura, texto no qual Michel Foucault (1979) coloca o problema-chave do ordenamento e da diferenciao de uma essncia da loucura como mal, erro e doena, uma vez que ela localizada a partir de uma sintomatologia e sob a referncia ao movimento orgnico, fundado em si mesmo. No cerne do organismo, a diferena retornada a si, a unidade total operacionalizada desde as noes de obra, verdade, sujeito. Tais noes levam a cabo uma experincia de interioridade reflexiva do pensamento que remetem a produo subjetiva conscincia psicolgica e a um domnio constitutivo transcendental, traando um contorno circular cerrado de retorno a uma origem onde se instalaria sua verdade (FOUCAULT, 2000).A instaurao de um interior que retm o fora, enclausurando-o conduz experincia patolgica da loucura. Ali, o sujeito fica aprisionado num fora interiorizado, sem partilha, sem superfcie de contato que torna quase impraticvel o trnsito com a experincia comum que condiciona inclusive o trabalho clnico. Entretanto, a diferena radical do regime do fora constitutiva de novas produes subjetivas e o que se percebe que por vezes, as prticas e a dinmica do saber clnico recusam a relao de exterioridade do fora. Relao que condiz ao movimento vital expansivo prprio vida e aponta para um posicionamento tico de desmontagem e ultrapassagem no apenas da figura conceitual do doente mental como do personagem psicossocial real encarnado no sujeito. tica que cabe clnica reiterar, despeito das capturas e recapturas da prtica e do ethos clnico na rede das malhas saber-poder.Comment by Leonardo Almeida: Sugiro no usar o conceito de fora... Explicar com suas palavras o problema. Na tese, o problema deve ser claro e conceitos como este se no recebem o tratamento de depurao necessria e paulatino, eles atrapalham a reflexo mais do que ajudam... O texto deve sair da obscuridade e hermetismo para atingir o leitor...Comment by Leonardo Almeida: Que tica? Que Clnica? neste sentido que Foucault (1979) no deixa de sugerir que o doente mental no a forma final ou mais verdadeira do objeto loucura que atravessa os tempos, apenas o avatar que a figura do louco toma perante a sociedade capitalista. Comment by Leonardo Almeida: Hermtico e apologtica....Ser louco uma merda!!!Seguimos o trajeto do estudo sobre a loucura associando o entendimento foucualtiano aos desenvolvimentos de Deleuze e Guattari (2011) sobre a loucura enquanto processo. Visando libertar a loucura das antpodas das relaes saber-poder que se estabelecem em nossa cultura, O Anti-dipo leva o trabalho de Histria da loucura mais adiante ao deslocar a experincia da loucura da figura contempornea do louco do asilo psiquitrico para o entendimento da esquizofrenia enquanto processo. Partindo de uma articulao entre desejo e realidade que no passa pela falta e pela lei, que no se restringe castrao e unidade sistematizada na fixao das estruturas de determinao subjetiva, Deleuze e Guattari (2011) concebem a loucura como processo ligado ao jogo dos fluxos, das multiplicidades, dos agenciamentos nmades para conceitua-la a partir da categoria chave de produo.A clnica que postulamos visa desfazer a separao radical, a oposio entre logos e pathos atualizada na organizao prtica entre terapeuta e paciente que habita os manuais dos saberes psi (DELEUZE, 1972/2006)[footnoteRef:1]. Isto implica em no remeter aquilo que o paciente diz ou vive ordem do sentido ou do sintoma rebatendo-o imediatatez das estruturas que ordenam a prtica clnica precisamente como aquilo que Nietzsche (2000) chama de valores superiores. Neste sentido, o livro Deleuze e Guattari (2011) trabalha com escritores e poetas num ponto indiscernvel entre doentes e mdicos da civilizao. Comment by Leonardo Almeida: Explicar isso!!!Comment by Leonardo Almeida: Que manuais? Explicar que clnica essa?Comment by Leonardo Almeida: Sem questo amarrada, bl bl bl... [1: Tal separao trabalhada nO Anti-dipo analisando, ttulo exemplo, o comentrio de Freud (1911/2010) sobre a obra do presidente Schreber. A explicao do pai da psicanlise furta-se a todo contedo racial, poltico, histrico e cultural do delrio instalando-o luz referncia paterna que, contudo, no comparece no texto.]

Entre logos e pathos, isto , entre o saber clnico e a loucura como modo ptico intensivo, como regime passional no termos de Deleuze (2015), passvel da abertura diferena constituinte e queda no indiferenciado se encontra uma dobradia que identificamos com a criao artstica. Valemo-nos da arte ento, no como fabricao de produtos artsticos ou mtodo de estilizao da vida ou da existncia, mas enquanto paradigma de engendramento de tecnologias subjetivas para habitar a suspenso e suportar a provisoriedade prprias ao prprio processo de constituio subjetiva. Pois as foras insubordinadas do fora - que turbilhonam transformaes sem limite na profundidade de um corpo aberto ao alheamento e ao no-sentido (DELEUZE, 2000) - so imprescindivelmente parte constituinte do processo de criao de novas formas de ser e estar na vida.Comment by Leonardo Almeida: Longo e abstrato demais. Falta a clareza do tratamento conceitual.Neste mbito, o logos e o manejo clnico implica que a experincia de furo, de atravessamento do muro, de rompimento com as superfcies cristalizadas que convergem para a figura psicossocial do louco deve ser feita com cuidado e pacincia para no recarem no desabamento, na runa do existncia objetiva e subjetiva da pessoa do paciente. Muito embora o processo no deva estar subordinado ao sujeito, como categoria psicolgica transcendentalmente constitutiva. Antes, o processo vital de produo subjetiva da clnica deve se orientar pela abertura prpria do vivo (NIETZSCHE, 2006) ao encontro com as foras do mundo, deve se orientar pelo aspecto inventivo e deslocador desta experimentao.Comment by Leonardo Almeida: O que isso???Comment by Leonardo Almeida: Falta de conceitualizao grave... Esta uma das passagens msticas que Hlio assinalou...Comment by Leonardo Almeida: O texto est sem a cadncia...Distinguimos, ento, a partir de Hlderlin (2005) e Deleuze (2002) trs momentos do processo de subjetivao da experincia da loucura. Um antes, caracterizado pela circularidade e pelo fechamento sobre si no qual o sujeito fica reduzido a sua deficincia, sua existncia doente. Uma cesura ocasionada pelo regime esquizofrnico e ptico do processo da loucura, momento de deslocamento da existncia mediante a efetuao do acontecimento na qual o sujeito sofre atravessamentos de toda sorte de devires. E um depois, caracterizado por uma contra-efetuao do acontecimento, por uma retomada da superfcie do territrio subjetivo e do sentido.Comment by Leonardo Almeida: O texto falta cadncia... necessrio apresentar a questo, as teorias... Vc deve voltar ao bsico... Apresentar um pensamento, fazer citao literal, comentar o texto, rearticulando com a questo, avanar e dialogar com outro autor, cit-lo literalmente, comentar o texto, rearticular com a questo dialogando com o outro autor trabalhado, avanar a questo e ...Comment by Leonardo Almeida: Pq isso importante?Mediante estes trs tempos da subjetivao, uma questo pontual se interpe. Como suportar o encontro com o regime radicalmente desterritorializante da cesura e ao assdio das foras insubordinadas do fora ao qual no se pode antecipar? Se no h mtodo para lidar com o intempestivo, podemos plantear a partir das experimentaes artsticas uma tecnologia de suporte para tal encontro. Cabe ao sujeito, no calor e na singularidade do momento, criar tecnologia para estar altura do que lhe acontece espreita deste regime de deriva. Pois na deriva no h sentido ltimo, seu movimento corresponde a uma dupla ao de originar e de desviar. Comment by Leonardo Almeida: ?????????????????????????????????????????????????????????????A tecnologia subjetiva da espreita consiste em desinvestir as superfcies cristalizadas que objetivam a subjetividade num eu, que ontologizam determinado territrio existencial sob a lgica do mesmo e da identidade fundamental. A perspectiva de um fundamento essencial ao ser acaba sujeitando o contingente intrnseco conservao da existncia e de certo leque de relao do ser com o mundo. A espreita no pode, portanto, ser operacionalizada como mecanismo cerrado de conservao ou ordenamento, pois o vivo no redutvel ao organismo. Ela , antes, um mecanismo que produz outros mecanismos na relao com o fora, trata-se de um maquinismo como sistematizao do regime no-orgnico de intensidades que atravessa o corpo segundo nos aponta Deleuze (1972/2006).Comment by Leonardo Almeida: Historicizar, contextualizar, explicar conceitos... Isso falta em vrios momentos do texto...Comment by Leonardo Almeida: ?????????????????????????????????????????????????????????????O regime intensivo de foras que as inscreve na profundidade do corpo depreende uma radical estranheza com o orgnico e o funcional que o organiza vivo na forma do subjetivas. Ao entrar em relao com tal deslocamento, o orgnico se desterritorializa abrindo-se para a dimenso de runa inerente prpria abertura. Sobre este processo paira o risco de prevalncia do desabamento, parte que, entretanto, o constitui. Com a espreita, visamos um construir uma plataforma de suporte e continncia (no totalizadora, que no reduz a plurivocidade dos atravessamentos dos devires no ser) para que o sujeito alcance aquilo que Lygia Clark (1998) define como um estado de arte sem arte. Comment by Leonardo Almeida: Citar...Comment by Leonardo Almeida: Definir e contextualizar...Logo, outra questo se impe, o que significa este estado de arte sem arte? Primeiramente, trata-se de um estado de arte medida em que implica dar profundidade ao feixe de foras que nos atravessa. Mais que isso, trata-se de levar a vida como arte medida em que implica encarnar o espectro impessoal das singularidades que nos arrebatam no apenas nas sensaes do experimentao esttica de uma obra de arte, mas igualmente na experincia normativa da vida. O estado de arte condiz relao de vitalidade com as singularidades desterritorializadas que atravessam nosso corpo e nossa existncia. Comment by Leonardo Almeida: Perdeu o fio da meada....O estado de arte se articula ao processo de subjetivao, de criao objetiva e subjetiva de existncias, relacionando as foras inorgnicas que atravessam o vivo s orgnicas constituem o sujeito. Trata-se, nos termos de Guattari (1992), da criao de territrios existenciais, que arregimentam feixes de uma infinidade de ordenamentos com os quais um sujeito entra em relao, sejam eles institucionais, estticos, polticos, matemticos, miditicos, etc.Comment by Leonardo Almeida: Sem definir os elementos: misticismo...Comment by Leonardo Almeida: O que isso? O leitor desconhece... Pq est usando isso para pensar a loucura? Amarrar com a questo...Lygia Clark (1978/2014) trata o experienciar deste nvel espectral no-apreensvel das singularidades como um plasmar-se. Ele um ato de descostura e costura da subjetividade pelo trabalho subterrneo das foras e fluxos. Na descostura so perdidos elementos e caracteres que caracterizam o sujeito num territrio identitrio, o regime subjetivo que opera canalizaes circulares de retorno e subsuno da diferena sobre si. A costura remete ao acoplamento de estranhezas ao ser, ao atrelamento de novas e outras singularidades que grudam e atravessam o sujeito na dinmica informe e insubordinada do plasmar-se.O plasmar-se executa um trabalho silencioso, cujo rudo contnuo exige um mnimo de aportamento, um ancoramento existencial que seja capaz de dar consistncia ao mergulho na profundidade acachapante do corpo. Ora, cabe ao prprio corpo criar tecnologias subjetivas para suportar a descostura e a costura inerentes desterritorializao do contato com as foras do fora, para da, se reterritorializar. Entendemos, contudo, que h sujeitos que no alcanam ou tm dificuldades incontornveis para alcanar uma tal tecnologia de vida, a estes, a clnica aparece como um auxlio na retomada da superfcie. Neste mbito, compreendemos os processos artsticos como estratgia possvel que ajuda a fazer esta passagem. Do desabamento (breakdown) traspassagem (breakthrough), a arte surge como mediao possvel entre o regime informe de desterritorializao do sujeito e os processos de estancamento e contorno da clnica.Comment by Leonardo Almeida: De quem?Com seu inerente potencial de deslocamento e realocao de sentidos, a arte seja em seu vis de experimentao ou de inveno pondera o procedimento clnico de retomada do sentido. Ela cauciona a reterritorializao e a ressurgncia da superfcie, que agora emerge sob a luz de novos sentidos, com os quais a experincia objetiva da loucura se constitui como experincia subjetiva de sade e criao. No menos efetiva e nada alegrica, esta transformao passa por pequenos gestos e mutaes contnuas na prtica clnica.Comment by Leonardo Almeida: A questo se perdeu...Pois a experincia com o plasmar-se pede uma conquista[footnoteRef:2], um apoderar-se do prprio processo desterritorializante de subjetivao que podem ser operacionalizados com a experimentao artstica. Se as costuras e descosturas so operadas na profundidade do corpo a surge como instrumento para a necessrio reconquista do corpo. Reconquista que se d na volta experincia da superfcie atravs de um ponto de ancoragem. [2: Muito provavelmente, no seguimos as pistas que nos deixam o breve comentrio de Suely Rolnik (1999) sobre os movimentos de descostura e costura do plasmar-se de Lygia Clarck. Ali a autora d a entender que a costura seria j um outro momento, o de contra-efetuao do acontecimento, o da reconquista do territrio da superfcie. Ns entendemos que a costura intruso de singularidades que se inscrevem na carne e no corpo do sujeito. Se esta diferena no marca uma oposio ou um contraste definitivo entre nossas posies, ela marca a singularidade de nossa leitura na especificao de um outro uso particular das ideias da artista. ]

Formulemos o trajeto: primeiro, o corpo sujeitado a cristalizaes assolado por atravessamentos impessoais desterritorializantes, foras inorgnicas de indiferenciao que contm germens de criao e de alto potencial destrutivo. Perante este impacto, o corpo deve criar tecnologias subjetivas (no h tecnologias objetivas, mtodos universais ou formulas prontas neste nvel) para o encontro intempestivo com as foras do fora colocando-se espreita, oferecendo, junto sua capacidade ptica de afetar, o deslumbramento de seu pensamento e a porosidade de sua carne, conservando, entretanto, mesmo que dissimulada e subterraneamente, a resistncia de um mnimo de eu no sentido que extramos de Schrer (2005). Comment by Leonardo Almeida: Falta definies... O mnimo eu, cuja realidade deve suportar a desterritorializao como parte do processo, encontra suas bases no no pensamento, na reflexo condicionante, ou numa interioridade chave para a identidade substancial do ser, mas no elemento ptico mais basal do seu ser, no pathos corpreo. Neste ponto que a arte, como experimentao ou como criao, nos oferece um ponto de ancoragem, algo que resista ao impacto com as foras de indiferenciao do fora.Comment by Leonardo Almeida: Para que usar este conceito? Comment by Leonardo Almeida: Falta encadeamento da questo e cadncia argumentativa...A experimentao artstica se mostra um poderoso instrumento para se forjar este elemento nfimo capaz, entretanto, de operar com o regime inorgnico intensivo certa relao de dobra e modulao de suas foras. O mnimo de eu aquilo a que dispe o territrio existencial subjetivo s foras de atravessamento do fora e que lhe d suporte no impacto com elas, ele confere um ponto de retorno possvel no contato com o regime desvairado das singularidades, com o qual no h garantias. Nos termos de Deleuze e Guattari (1997), esta pequena rao de subjetividade que abre as portas do caminho de volta s superfcies, agora recolocadas, deslizadas no movimento de ressignificao da experincia da loucura de acordo com um ethos clnico apontado para movimento normativo vital.Comment by Leonardo Almeida: ?????????????????????????????????????? Comida de passarinho????????????????????????????????????? Issso no faz sentido no texto....O mnimo eu como a moldura entre a qual vo sendo colocadas superfcies de sentidos que a recontextualizam completamente no mbito da sua apresentao ao mundo. Pois a cada mergulho dilacerante na profundidade, o mnimo eu (parcela do eu que sofre e se faz capaz de provar a desterritorializao plasmtica) experimenta reconfiguraes sucessivas. Como a moldura que muda constantemente ao sustentar um quadro em permanente e sucessiva fulgurao e o que salvaguarda sua persistncia um regime transitrio prprio arte.Neste sentido, as marcas de cada reconfigurao tm efeitos no regime de modulao que caracteriza o mnimo eu, que se mostra poroso a estas modulaes. Em nossa leitura, o mnimo de eu caracteriza ento um regime de modulao (re)modelado pelas foras de atravessamento do fora, regime que no chega a constituir uma interioridade ontologizada. Muito embora o processo de subjetivao seja coabitado por riscos muito presentes: ele guarda no somente os perigos de permanecer numa indiferenciao sem superfcie, onde os fluxos desterritorializantes arrastam a carne e o corpo do sujeito ao sabor cruel das foras do fora, como os de uma reterritorializao normativa alheia aos valores vitais, aos riscos da recaptura dos fluxos na reconfigurao da subjetividade como fora enclausurado. Nestes casos, a loucura como regime patolgico, como doena retomada pelo sujeito. Cabe ao encontro clnico a agregao, a coordenao e a injuno de um direcionamento para que a experincia com os plasmar-se, para que a experimentao das foras desterritorializadas que constituem as singularidades que nos atravessam se oriente no sentido vital de afirmao da vida. Tarefa na qual encontramos na arte um aliado vivel e poderoso a arte como aquilo que conserva atravs de dimenses impessoais (DELEUZE & GUATTARI, 2008). Comment by Leonardo Almeida: ??????????????????????????????????????????????????????Desta maneira, aliamos a arte ao trabalho da clnica de orientar os processos de subjetivao na direo da normatizao vital, do movimento expansivo da vida. Pois o regime ptico da experincia da loucura no corresponde mesmo quando recai na mais catatnica das existncias ou no mais violento delrio sem perspectiva alguma de partilha a uma alterao quantitativa do estado normal. Mesmo em casos extremados, a experincia da loucura no deixa de abrir uma nova dimenso de vida, no deixa de ser um outro modo de existncia e comportamento orgnico qualitativamente diferente do normal, ainda que este modo no seja orientado por valores normativos vitais, isto , mesmo que seja repelido pela prpria vida.Trabalhando com esta dimenso qualitativa da experincia da loucura, o clnico atua como um co-guia de cegos, no sabe nem decide de antemo o caminho a ser seguido. Neste nterim a prtica clnica se orienta por uma tica e uma poltica que visa levar o sujeito de contido a continente, a apoderar-se vitalmente, na medida do inextrincvel, dos acontecimentos e de sua existncia tendo como ponto de ancoragem possvel os processos artsticos.Comment by Leonardo Almeida: ????????????????????????????????????????????????????Comment by Leonardo Almeida: Metfora fraca....