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- entrevista GUIDOTEDESCO r'~N""', ~ -- r 11 ATÉ A TECNOLOGIA TEM MODISMOS. QUANDO NÓS COMEÇAMOS EM 1988, PRIMEIROQUE AS IMPORTAÇÕESERAM FECHADAS E, SEGUNDO, AS EMPRESASNÃO TINHAM MUITAopçÃO COM O QUE MEDIR OS SEUS LíQUIDOS. 11 44 InTech I www.isadistrito4.org Guido Tedesco DIRETOR DA METROVAL Ele não parece italiano, mas o é de nascença. Brasileiro? Sim, e muito! Tanto é que criou e hoje comanda uma das maiores empresas nacionais na área de medição de vazão, a Metroval. Chegar até aqui não foi fácil. Chegou ao Brasilcom 14 anos, junto com a família que acabou voltando para a Itália. Eleficou. Sílvia Bruin Pereira ([email protected]) INTECHAMÉRICADOSUL - o senhor é mesmo italiano, porque não se nota um sotaque tão acentuado assim? Como aconte- ceu a sua vinda ao Brasil? GUIDOTEDESCO - Eu de fato nasci no sul da Itália e vim para cá com a minha família (pai, mãe, dois irmãos e duas irmãs) em 1951. Eu tinha 14 anos de idade. Quanto ao so- taque, uns dizem que não tenho e outros que sim. Mas, seria estranho se eu tivesse, porque estou no Brasil há mais de 50 anos e acho que já está na hora de falar corre- tamente, não é? Além disso, além da convivência, estudei aqui; então, falar corretamente o português é mais do que uma obrigação. Viemos para cá na época do pós-guerra. Na Europa em geral, e na Itália em particular, havia muita pobreza. O meu pai tinha uma marcenaria na Itália e um de seus irmãos estava no Brasil há muitos anos e também tinha uma marcenaria. Meu pai achou que vindo para cá teria um futuro melhor, principalmente para os filhos. Vie- mos e meu pai foi trabalhar com o irmão dele, mas depois de pouco mais de dois anos, por uma série de motivos não se deu bem. Assim, achou melhor voltar para a Itália. Eu acabei ficando e morando com esse meu tio em São Pau- lo. Minha idéia era voltar para a Itália alguns anos depois; só estava esperando terminar o ginásio. Mas, o tempo foi passando e eu fui ficando. Meu tio faleceu e hoje, da mi-

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- entrevista GUIDOTEDESCO

r'~N""',~--

r

11 ATÉ A TECNOLOGIA TEM

MODISMOS. QUANDO

NÓS COMEÇAMOS EM

1988, PRIMEIROQUE AS

IMPORTAÇÕESERAM

FECHADAS E, SEGUNDO, ASEMPRESASNÃO TINHAM

MUITAopçÃO COM O QUE

MEDIR OS SEUS LíQUIDOS. 11

44 InTech Iwww.isadistrito4.org

Guido TedescoDIRETOR DA METROVAL

Elenão parece italiano, mas o é de nascença.Brasileiro? Sim, e muito! Tanto é que criou e hojecomanda uma das maiores empresas nacionais naárea de medição de vazão, a Metroval. Chegar atéaqui não foi fácil. Chegou ao Brasilcom 14 anos,junto com a família que acabou voltando para aItália. Eleficou.

Sílvia Bruin Pereira

([email protected])

INTECHAMÉRICADOSUL-o senhor é mesmo italiano, porquenão se nota um sotaque tão acentuado assim? Como aconte-ceu a sua vinda ao Brasil?

GUIDOTEDESCO- Eu de fato nasci no sul da Itália e vim

para cá com a minha família (pai, mãe, dois irmãos e duasirmãs) em 1951. Eu tinha 14 anos de idade. Quanto ao so-

taque, uns dizem que não tenho e outros que sim. Mas,seria estranho se eu tivesse, porque estou no Brasil há

mais de 50 anos e acho que já está na hora de falar corre-

tamente, não é? Além disso, além da convivência, estudei

aqui; então, falar corretamente o português é mais do que

uma obrigação. Viemos para cá na época do pós-guerra.Na Europa em geral, e na Itália em particular, havia muita

pobreza. O meu pai tinha uma marcenaria na Itália e umde seus irmãos estava no Brasil há muitos anos e também

tinha uma marcenaria. Meu pai achou que vindo para cá

teria um futuro melhor, principalmente para os filhos. Vie-

mos e meu pai foi trabalhar com o irmão dele, mas depois

de pouco mais de dois anos, por uma série de motivos não

se deu bem. Assim, achou melhor voltar para a Itália. Euacabei ficando e morando com esse meu tio em São Pau-

lo. Minha idéia era voltar para a Itália alguns anos depois;

só estava esperando terminar o ginásio. Mas, o tempo foi

passando e eu fui ficando. Meu tio faleceu e hoje, da mi-

nha família mesmo, não tenho ninguém aqui. Meus

pais faleceram há pouco tempo na Itália e meus ir-mãos estão todos lá.

INTECHAMÉRICADO SUL- E como foi a experiência deficar sozinho aqui no Brasil, longe da família, o que, his-toricamente, não é comum em famílias italianas?

GUIDOTEDESCO- Sabe que eu me defino o antiitalia-no. Porque todo italiano é muito falador, gosta de can-

tar, de poesia, de música, de boa comida, e eu sou ao

contrário. Eu acabei ficando aqui sozinho, digamos

que, por um lado, por necessidade. Aparentemente o

jovem da minha época amadurecia muito mais rápido

do que os jovens de hoje. E eu, com 25 anos, já tinha

a consciência do que eu queria. Era como aquela pas-

sagem de Julio César que, para incutir o espírito de

combate aos soldados, ordenava a travessia da pon-

te sobre o rio e depois mandava destruir a ponte. Ouseja, ou luta ou não tem volta. Da mesma forma, eu

sabia que ou vencia ou vencia; não tinha outra ma-neira. Vontade eu tinha. Mas, ou você atende o cora-

ção ou você atende a razão. E eu optei por ficar aqui.E olha que, ainda hoje, se eu tivesse que escolher en-

tre trabalhar aqui ou voltar para casa freqüentemen-te, eu preferiria ficar aqui.

INTECH AMÉRICA DO SUL - Como o senhor conseguiu

custear seus estudos, especialmente o curso superior?

GUIDOTEDESCO- Toda a minha formação básica foiem escola do Estado, que era excelente. Estudei no

Colégio Professor Macedo Soares, que era um dos

melhores na época. Depois fiz faculdade e me formei

na Federal do Rio de Janeiro. Aqui tem uma históriainteressante, porque acontecem certas coisas que a

gente não sabe por que acontecem. Pode ser desti-

no, sei lá! Naquela época era a fase de ouro das side-

rurgias. E eu achava que o futuro era na metalurgia.

E, de fato, era sim, porque foi na época que o Jânio

Quadros constituiu uma filial da Escola de Engenha-ria da Universidade Federal do Rio de Janeiro em Vol-

ta Redonda na Companhia Siderurgia Nacional, a

CSN. E só poderia ingressar no curso quem tivesse o

primeiro e segundo anos completos. Mais ainda: sóeram aceitos dois alunos de cada Estado como bolsis-

tas. Eu já tinha ingressado como bolsista no curso de

Mecânica do Mackenzie que, naquela época, era uma

escola para gente de dinheiro. Só que aquilo que pa-

recia u~a coisa boa, virou um pesadelo para mim no

Mackenzie, porque o curso era em período integral.

GUIDOTEDESCOentrevista _Eu não pagava a escola, mas tinha que pagar a pen-

são. Então, eu freqüentava a escola de dia e trabalha-va a noite, ministrando aula de desenho geométri-co Escola Técnica Protec. A minha vida era uma lou-

cura. Saía do Mackenzie, pegava um ônibus e ia dar

aula lá no Ipiranga. Apareceu essa chance e eu não

perdi. Consegui entrar no curso da CSN e fazer o ter-ceiro, quarto e quinto anos em Volta Redonda, onde

eu tinha moradia, ganhava salário mínimo, não paga-va escola e tinha uma bicicleta. Era uma moleza! E

nas férias a escola pagava passagem de ida e volta

de avião para os alunos que eram de outros Estados.Loucura do Jânio!

INTECH AMÉRICA DO SUL - Bem, concluído o curso "na

moleza", foi fácil conseguir o primeiro emprego?

GUIDOTEDESCO- Eu me formeicomo Engenheiro In-dustrial Metalúrgico. A parte teórica era na esco-

la e a parte prática que era lá dentro da CSN. E eu jápercebi que aquilo não era para mim como profissão.

Aquilo era um inferno; aliás, a siderúrgica era e ain-

da é um inferno: muito calor, muito pó. Eu só me for-

mei em metalurgia porque surgiu uma vaga numa es-

cola que me pagava para estudar; senão, eu já tinhadesistido. Embora houvesse o compromisso de tra-

balhar lá, eu consegui sair e fui trabalhar na Equipa-mentos Villares, em São Bernardo do Campo que, na

época, fabricava escavadeiras, pontes rolantes e mo-

tores marítimos. Trabalhei lá pouco tempo. Ai apare-

ceu uma oportunidade, indicada por um amigo meu,

em uma fábrica de hidrômetros que se chamava

Tecnobras, e que estava precisando de um engenhei-

ro. A empresa tinha fábrica em Americana e escritó-rio em São Paulo. O dono dessa fábrica era o médico

Antônio Roberto Alves Braga, que era casado com a fa-

mosa Dulce Sales Cunha Braga, a primeira senadorado Brasil. Ele havia herdado a fábrica do pai e não sa-

bia o que fazer para gerenciá-Ia. Ele estava precisando

de um engenheiro de produção industrial que, naque-la época, era raro, porque havia apenas três escolas de

engenharia em São Paulo (Mackenzie, Poli e Fei). Nãoé folclore não, mas as empresas iam procurar os alunos

nas escolas e disputavam cada um deles.

INTECH AMÉRICA DO SUL - Parece que essa passagem

pela Tecnobras foi decisiva na sua vida e contribuiu para

uma mudança radical de rumos, não?

GUIDO TEDESCO- Eu fui contratado para trabalhar no

escritório de São Paulo. Mas aí o gerente da fábrica

Número 103 45

_ entrevista GUIDOTEDESCO

de Americana pediu demissão e me chamaram para

ocupar o cargo por algum tempo até contratarem ou-

tro gerente. E eu, como era ainda solteiro, fui e aca-

bei ficando 24 anos. Entrei como engenheiro de pro-

dução e, depois de uns oito anos, tornei-me sócio. Euentrei com uns 25 anos e saí de lá com 50, quando a

Tecnobras foi vendida para o grupo Schulumberger,

que atuava na área petrolífera, mas que começou ainvestir no setor de água. E, por esta razão, comprou

a Tecnobras que atuava em medição de água. Nessa

época eu tinha perto de 20% das ações da empresa.

INTECHAMÉRICADO SUL- Mas a sua idéia de produ-zir medidores de deslocamento positivo de engrenagensovais aconteceu antes da venda da Tecnobras, não?

GUIDO TEDESCO- Sim.O setor de saneamento tinha,

como tem até hoje, uma deficiência: ele é cíclico, poisos investimentos sobem e descem durante um período

de quatro anos: sobem no período pós-eleição e caem

por volta de outubro, época das novas eleições. Ou

seja, o investimento em saneamento é atrelado às elei-

ções municipais e estaduais. Por esta razão, eu que-ria colocar um produto dentro da empresa que não de-

pendesse das oscilações do setor de saneamento, mas

que não fugisse muito da área de atuação da Tecno-

bras. Eu já tinha um modelo de uma companhia ale-

mã, que fabricava uma linha de água e uma linha de

outros líquidos que não a água, a Bopp & Reuther. E euintroduzi essa linha dois anos antes de vender a Tec-

nobras. Então, começamos a produzir medidores dedeslocamento positivo de engrenagens ovais que hoje

em instrumentação são conhecidos como PDMeters

(Positive Djsplacement Meters). Era uma linha defi-

citária, e quando a Schulumberger comprou a Tecno-

bras, a Bopp & Reuther disse que não renovaria a li-

cença porque, afinal, a Schulumberger era concorren-te. Como houve uma disputa acionária, porque eu não

concordava com a venda da empresa, eu fui obrigado a

ficar com a linha da Bopp & Reuther como parte do pa-

gamento das minhas cotas.

INTECH AMÉRICA DO SUL - O senhor ficou sem a

Tecnobras e com a linha da Bopp & Reuther na mão. Masfoi aí que surgiu a Metroval, não é?

GUIDO TEDESCO- Sim, eu mudei da água para o vi-

nho. Mas eu tive que pegar e tocar isso para frente.

Recebi uma parte da venda da Tecnobras em dinhei-

ro e a outra em bens. E para continuar, eu precisava

46 InTech Iwww.isadistrit04.org

de capital de giro porque tinha que construir, comprar

máquinas, etc. E se a coisa não corresse como eu es-

perava, perderia tudo o que eu havia acumulado em25 anos de trabalho, Mas, a indústria também com-

porta riscos. Todo empreendimento é um risco, masé um risco calculado. Principalmente naquela épo-

ca que bastava ter uma idéia na cabeça, por dinheiro,

montar uma fábrica e vender, porque o mercado era

100% importado. E o nome Metroval veio daí: a fusão

da palavra Metrologia com a palavra Oval, que era oformato do elemento essencial dos medidores que fa-

bricava: a engrenagem oval.

INTECHAMÉRICADOSUL- Depoisdessaverdadeiratur-bulênciana sua vida profissional,comofoi o início dasoperaçõesda Metrovalpropriamentedito?

GUIDO TEDESCO- Pois é, com 50 anos eu comecei a

vida de novo. Muita gente se aposenta com essa ida-

de, mas eu recomecei. Mas a verdade é que eu sem-

pre tive vontade de ter uma indústria e eu já havia

comprado esta área onde esta a Metroval hoje, mas

que na época não tinha nada, achando que um dia

pudesse me servir. Novamente aconteceu um fato

que não tem explicação. O tal do destino! Quando onegócio da Tecnobras fechou, eu tinha esse terreno

pronto. Me deram seis meses para sair com a "mu-

dança", o tempo que tive para construir um pavilhão.Trouxe 14 funcionários comigo, os que trabalhavam

na linha Bopp, alguma máquinas que produziam a li-

nha Bopp e parte do estoque. Para você ter uma idéia,a Metroval era um corredor.

INTECHAMÉRICA DO SUL- O Paolo Fiorletta, seu Diretor

aqui hoje na Metroval, é dessa época da Tecnobras?

GUIDO TEDESCO - O Paolo teve a mesma trajetória

que eu tive na Tecnobras, ou seja, trabalhou lá por 25

anos. Mas na época ele era ainda estudante de enge-nharia. Eu morava na mesma rua que ele, e seu pai,

que era meu amigo, me pediu para conseguir um es-

tágio para ele na Tecnobras. Ele veio como estagiário

de engenharia, época em que ele era cabeludo ainda

(risos). Hoje ele é meu sócio na Metroval.

INTECHAMÉRICA DO SUL- Como era o mercado quandoa Metroval iniciousuasatividades?

GUIDO TEDESCO- Até a tecnologia tem modismos.

Quando nós começamos em 1988, primeiro que as

importações eram fechadas e, segundo, as empre-

sas não tinham muita opção com o que medir osseus líquidos. O que dominava eram o PDMeters,

além do que, naquela época, as empresas que do-minavam a área química, farmacêutica, e de tin-tas e vernizes, eram as indústrias alemãs. E o ale-

mão, por natureza, dá preferência ao que for de ori-

gem alemã. E como nós éramos vinculados à Bopp

& Reuther, tínhamos muita penetração nas indús-trias alemãs. E isto facilitou muito os nossos pri-

meiros anos de vida. E pelo fato de que era um bom

produto, de que não existia importação, de que ti-nha pouca escolha, nós vendíamos por um preçoelevado; o nosso lucro era grande. De fato, fomos fa-

vorecidos por esses fatores conjunturais. Uns cin-

co anos depois entrou na moda o medidor mássicoCoriolis que, naquela época, era dominado pelaamericana Micromotion. E aí também aconteceu

um outro fator de sorte. Eu fui para uma feira em

Duseldorf, na qual aconteceu o lançamento de ummedidor mássico alemão. Eu também estava na Ale-

manha pare renovar a licença com a Bopp & Reuther.Fiquei em dúvida se renovava o contrato ou gasta-

va o dinheiro com uma nova tecnologia, que era otal de medidor mássico. Aí dei de cara com o estan-de de Rheonik e lá estava o medidor mássico. Falan-

do com o diretor, nos identificamos muito, porque as

duas empresas eram do mesmo porte. Ele gostaria

de trazer uma fábrica para o Brasil, mas o conven-

ci a fazer uma parceria com a Metroval. Resultado:

o dinheiro da renovação da licença com a Bopp &Reuther foi para a parceria com a Rheonik, que per-

siste até hoje. Outra coincidência é que quando co-mecei a trabalhar na Tecnobras ouvi dizer que a tec-

nologia da empresa era medíocre. E, por isso, na-

quela época também fui buscar tecnologia da Ale-manha, com uma empresa chamada H. Meineke. A

curiosidade é que o meu sobrenome Tedesco em ita-

liano significa "alemão". E sempre só tive contato e

fiz bons negócios com alemães.

INTECH AMÉRICA DO SUL - Nesses 20 anos de

Metroval. quais foram as fases que o senhor consideramais marcantes?

GUIDOTEDESCO-Bem, um dos fatos significativosfoiquando começamos a fabricar os medidores mássi-cos, porque a Metroval foi a primeira empresa a fabri-car esse medidor no Brasil e na América Latina. Mas,

o fato.mais marcante mesmo foi quando ganhamos os

contratos de adequação da medição das plataformas

GUIDO TEDESCO entrevista _"

"

da Bacia de Campos da Petrobras. Isto aconteceu en-

tre 2002 e 2006, quando a Metroval trabalhou para

adequar e manter todos os pontos de medição fiscale de apropriação de óleoe gás dentro dos parâmetrosrequeridos pela portaria, em 14plataformas de petró-leo da Bacia de Campos. Eu destaco que, para aten-

der esses contratos, a Metroval abriu uma filial em

Macaé, no Rio de Janeiro, com mais de 100 funcio-

nários. E, mais recentemente, conquistamos novos

contratos de manutenção dos pontos de medição pormais três anos, para sete dessasplataformas.

INTECH AMÉRICA DO SUL - Para encerrar: o senhor é ita-

liano ou é brasileiro?

GUIDOTEDESCO- Eu diria que sou mais brasileiro.Sou italiano de nascença e o meu sangue vem daí.

Às vezes os brasileiros falam que aqui é o melhor

país do mundo, e falam por fanatismo, e não teriamnem como falar diferente. Agora se eu falar, é diferen-

te. Meu único filho, Eric, que trabalha comigo - fezengenharia mecânica na Unicamp e não por imposi-

ção minha - foi seqüestrado há quatro anos e ficou

37 dias em cativeiro. Naquela época eu pensei emvender tudo e sair do Brasil. Estava muito aborrecido

com a questão da segurança. Aí eu pensei: "Me mu-

dar para os Estados Unidos? Itália? Canadá?". Uma

coisa é você ficar fora por 15 dias, um ou dois me-

ses, mas o resto da vida? Quando você semuda, você

muda todos os seus amigos, tem que começar tudode novo. E eu não poderia levar todo mundo comigo.

E conclui: "Com todas essasdeficiências, eu vou ficar

é aquimesmo!"..

Número103 47

AltU5 aposta na integração eanuncia produto inovadorpara2009

Uma empresa que não oferece apenas produtos, mas que

disponibiliza no mercado um amplo leque de serviços de in-

tegração. "A integração hoje é o nosso maior negócio e ten-

de a crescer mais do que a linha de produtos", confirma Luiz

Gerbase, presidente da Altus SA E para continuar crescen-

do, a empresa demanda técnicos, engenheiros, administra-

dores e, especialmente, gestores qualificados, estes últimos

os recursos mais importantes em projetos de integração. É

um desafio, mas que tem sido transposto pela boa relação

que a Altus mantém com instituições de ensino e pesquisa

na região. "Na verdade, nós nos antecipamos à formação do

profissional,buscando-o logo que sai da escolatécnicae in-

gressa na universidade", comenta

o diretor financeiro Fabiano Favaro,

acrescentando que a empresa pos-

sui um programa de retenção de ta-

lentos, cujo foco é trabalhar de for-

ma diferenciada as pessoas que são

diferentes.

"O ponto principal é que a gente

acredita no conhecimento, não no

jeitinho. O conhecimento tem um

longo alcance e é a base sólida. Eé

nisso que a Altus acredita, ou seja,

que a base do conhecimento leva à

geração de valor", observa Gerbase.

www.altus.com.br

Gerbase: "a gente acredita noconhecimento, não no jeitinho".

Favaro: "nós nos antecipamos àformação do profissional".

58 InTech Iwww.isadistrit04.org

~I

Felizzola: "acabamos de fazer oprimeiro plug fest e tudo funcionou".

Com a competênciade ter criado,ao longo de sua história,

controladores programáveis com custos e características di-

ferenciadas, a Altus conseguiu concretizar uma base inte-

ressante de mercado, a despeito da concorrência de gran-

des fabricantes mundiais. Eo diretor de engenharia da Altus,

Nelson Felizzolajustifica: "Mas o que conta não é só o produ-

to, mas especialmente a integração e o serviço. Acertamos no

produto, pois o controlador programável é o núcleo de qual-

quer automação. Etendo o controlador, conseguimos prestar

o serviço de automação, que é hoje o mais importante e, as-

sim, fidelizar o cliente".

Com base nessa composição harmônica de gestão, tecno-

logia e, especialmente, principios, a Altus anuncia para o

ano que vem o lançamento de mais um produto inovador e

diferenciado.

Ao lado de uma empresa indiana e outra tcheca, que pos-

suem semelhanças com a companhia brasileira em idade,

porte e foco tecnológico, a Altus está desenvolvendo um con-

trolador de classe mundial, unindo as melhores competências

de cada uma três. "A união das três empresas, com os seus

melhores técnicos trabalhando em equipe, leva a um efeito

interessante, não só de recursos: cria-se um time que não é

qualquer empresa que tem", destaca Gerbase.

A novidade acaba de completar um ano de projeto. Trata-

se de um controlador, que conta com um sistema de comu-

nicação entre os módulos em Ethernet (cada módulo é um

nó Ethernet), com uma alta velocidade comunicação e um

Power PCde CPU.

Considerando que a Altus tem bagagem com automação de

infra-estrutura, a empresa indiana com máquinas e a tche-

ca com processos, o produto atenderá a esses três mercados.

"Acabamos de fazer o primeiro plug fest, o festival de inter-

conexão, em abril na República Tcheca, onde cada empresa

levou o seu pedaço e tudo funcionou", anima-se Felizzola.

O novo controlador deverá ser lançado no início de 2009.

"Estaremos com um 'canhão' nas mãos, muito poderoso,

que nos habilitará a participar de integrações de qualquer

tipo com a mesma ferramenta. Como a produção acontece-

rá nos três países, teremos vários ganhos de escala e, assim,

teremos um custo melhor, um produto melhor e uma arma

que, ao longo do tempo, nos habilitará a outros mercados",

conclui Gerbase.

~ ., : e ;:

www.smar.com.br

A Smarapresentaao mercadoa sétimaversãodo seusistemade automação de controle distribuído - o SYSTEM302. Se-

gundo a empresa,como lançamentotem infra-estruturaba-seadaem Ethernet, é possívela utilização de protocolos decomunicaçãopadronizadose não-proprietários,como o HSE- High SpeedEthernet.A conectividadecom a Internet/lntra-net possibilitao gerenciamentocompleto de unidadesa partirde uma salade controle central, não importando seestãoem

redelocal,espalhadasem uma regiãoou ao redordo mundo.Adicionalmente,o sistemacom suaplataforma abrangenteetotalmente digital, suporta, além de tecnologias convencio-nais, diversosbarramentos e protocolos mundialmente re-conhecidoscomo: Foundation Fieldbus,HART,AS-Interface

(AS-i),DeviceNet, Modbus,ProfibusDPe ProfibusPA.

Deacordocom o diretor de marketingda Smar,CésarCassio-lato, esta é a oportunidade de liderançaque as novastecno-logiasoferecem,pois atravésdelasimplementam-secontrolesavançadose aumenta-seo conhecimentooperacionalsobreo processoe a planta como um todo. "Alguns usuários,prin-

60 InTech Iwww.isadistrit04.org

...'"'--....-.... ....

cipalmente das indústriasquímícase petroquímicas,contamcom controleavançadoe simulaçãoparaotimizarseusproces-sos,ou seja,controle de matriz dinãmíca(DMC),que envolvecercadecemvariáveisde processoe um grandenúmerodeva-riáveismanipuladas.As mesmasestaçõesde controleavança-

do que sãousadasnossistemasde controleconvencionaispo-dem serconectadasdiretamenteao novosistemapor meio deTCP/lPEthernete opc. Conectividadecom sistemasde para-

da de emergência(ESD)e controle crítico,sistemasde paradade emergência(ESD)independentes podemserconectadosaosistema,de modo que o operadorpossater acessoà suafun-cionalidade,e vice-versa.Recursoscomo OPCA&E(Alarmee

Eventos)complementama integraçãodos servidoresde alar-mes com estampade tempo de ambosos sistemasem umaúnicabasede dados.Oproduto, desenvolvidocoma utilizaçãodasmelhorestecnologiasdo mercado,permiteintegraçãofácile simplescom sistemasde automaçãoexistentespromovendo

um caminhotranqüiloà migraçãoaossistemasdigitaisaliadoàeconomiade investimentos",explicou.

Nationallnstruments apresenta nova versãode plataforma de prototipagem

,

www.nLcom/brasil

A Nationallnstruments lançou em maio o NI ELVIS11,a mais nova versão da plataforma de projeto e prototipagem para ensino prático ba-

seado em projeto. Baseado no software de projeto gráfico de sistemas LabVIEW, o produto oferece aos educadores 12 novos instrumentos

de conexão USB e completa integração com o software Multisim 10.1 para simulação SPICE, com o intuito de simplificar o ensino de proje-

to de circuitos. Além disso, os educadores podem usa-Io com uma combinação de placas de terceiros e recursos como apresentações, exer-

cicios e demonstrações para o ensino de projeto de controle, telecomunicações e conceitos de microcontroladores.

O novo produto inclui compatibilidade com a versão anterior, funcionalidades amigáveis para uso em laboratórios, como conectividade

USB e um formato compacto para simplificar a preparação e manutenção do laboratório. Também traz 12 dos mais comuns instrumentos

utilizados em laboratórios de ciências e engenharia, incluindo um osciloscópio, um gerador de função, uma fonte de alimentação variável e

um multimetro digital isolado, tudo em uma plataforma fácil de usar e de baixo custo. O produto se baseia em LabVIEW, os educadores fa-

cilmente podem personalizar os 12 instrumentos para criar os próprios instrumentos utilizando o código fonte fornecido para cada instru-

mento. Também apresenta integração completa com o novo software Multisim 10.1, que oferece simulação SPICEe captura de esquemas.

Com o Multisim 10.1 e o NI ELVIS11, educadorese estudantes podem de maneira única alternar entre dados simulados e adquiridos, sobre-

por dados simulados e medidos no mesmo instrumento e usar uma única plataforma para simulação ou teste capaz de oferecer uma pers-

pectiva holística do processo de projeto de circuitos, desde o projeto e o protótipo até a depuração. O Multisim também inclui outras carac-

teristicas pedagogicamente relevantes,tais como questionários sobre determinados circuitos e recurso 3D para o NI ELVIS11, no qual estu-

dantes podem construir seus circuitos em uma réplica virtual do sistema, aumentando a eficiência no laboratório.

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