guia para especificação de transformadores de corrente...

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1 Guia para Especificação de Transformadores de Corrente, segundo ABNT e Norma Complementar. André Luiz de Castro Filho Thiago Takashi Kawamukai Rios Orientador: Prof. Dr. Airton Violin Instituto de Sistemas Elétricos e Energia (ISEE) Resumo Considerando a análise de inúmeras especificações de Transformadores de Corrente [1], notou-se que parte delas são incompletas e/ou incoerentes. Surgem então dificuldades para os fabricantes desses equipamentos no momento de construção dos mesmos. Partindo deste princípio, com o objetivo de guiar o cliente no fornecimento das informações para uma especificação correta, criou-se uma plataforma eletrônica, utilizando o programa LabView [2] como ferramenta de apoio, que facilitará e orientará o usuário na direção correta. Tendo como resultado final, uma especificação técnica completa e padronizada, possível de ser exportada em PDF. Todo esse processo ajuda a evitar possíveis erros na construção dos transformadores de corrente, mantendo uma troca eficiente e confiável de informações entre fabricante e cliente. O artigo apresenta as principais telas do programa, tecendo informações a respeito de seu funcionamento. Palavras-Chave: Especificação de Equipamentos, Transformadores para Instrumentos, Transformadores de Corrente, ABNT, LabView. I INTRODUÇÃO Com a desregulamentação do setor elétrico nos últimos vinte anos, o ambiente se tornou mais heterogêneo, com a entrada de novas empresas e grupos empresariais em cena, que não eram tradicionais neste setor. Com isso, houve um aumento no número de empresas terceirizadas, que na maioria das vezes não dispunham de profissionais qualificados e experientes, e em quantidade suficiente para atender as demandas exigidas por novos projetos no setor elétrico. Assim, os fabricantes recebem especificações de alto nível técnico, normalmente de empresas concessionárias tradicionais e de empresas de projetos consolidadas no setor, mas também especificações deficientes de informação, que dificultam o andamento de um bom projeto e/ou até mesmo falha na aplicação das normas técnicas. Esses fatos podem gerar como resultados, subestações com equipamentos subdimensionados ou sobredimensionados, que no fim afeta todo o custo de construção/manutenção da mesma. Maneiras de se otimizar este processo são implementadas pelas próprias empresas, a fim de se ter o melhor resultado possível. Porém, em meio a tanta inovação e tecnologia, viu-se aqui uma oportunidade de criar uma ferramenta que tornasse a comunicação mais prática, eficiente e confiável. Junto a esses fatos, outro fator importante a se considerar é o investimento para a construção de novas Usinas e Subestações ao redor do país, que acarreta em uma enorme quantidade de novos equipamentos a serem produzidos. Com a ajuda da plataforma LabView desenvolvida pela National Instruments, que disponibiliza versão gratuita para desenvolvimento acadêmico, definiu-se como objetivo principal deste trabalho, criar uma ferramenta de trabalho, que otimizasse todo o processo, que vai desde a especificação e solicitação de transformadores de corrente até o seu fornecimento, garantindo a confiabilidade da informação para fabricação correta do equipamento. II REFERENCIAL TEÓRICO Existem trabalhos desenvolvidos tanto com intuito didático quanto para pesquisas de como se especificar equipamentos de alta tensão para TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO OUTUBRO/2015 UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ ENGENHARIA ELÉTRICA

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Guia para Especificação de Transformadores de Corrente, segundo ABNT

e Norma Complementar.

André Luiz de Castro Filho Thiago Takashi Kawamukai Rios

Orientador: Prof. Dr. Airton Violin Instituto de Sistemas Elétricos e Energia (ISEE)

Resumo – Considerando a análise de

inúmeras especificações de Transformadores de

Corrente [1], notou-se que parte delas são

incompletas e/ou incoerentes. Surgem então

dificuldades para os fabricantes desses

equipamentos no momento de construção dos

mesmos. Partindo deste princípio, com o

objetivo de guiar o cliente no fornecimento das

informações para uma especificação correta,

criou-se uma plataforma eletrônica, utilizando o

programa LabView [2] como ferramenta de

apoio, que facilitará e orientará o usuário na

direção correta. Tendo como resultado final,

uma especificação técnica completa e

padronizada, possível de ser exportada em PDF.

Todo esse processo ajuda a evitar possíveis erros

na construção dos transformadores de corrente,

mantendo uma troca eficiente e confiável de

informações entre fabricante e cliente.

O artigo apresenta as principais telas do

programa, tecendo informações a respeito de seu

funcionamento.

Palavras-Chave: Especificação de

Equipamentos, Transformadores para

Instrumentos, Transformadores de Corrente,

ABNT, LabView.

I – INTRODUÇÃO

Com a desregulamentação do setor elétrico

nos últimos vinte anos, o ambiente se tornou mais

heterogêneo, com a entrada de novas empresas e

grupos empresariais em cena, que não eram

tradicionais neste setor. Com isso, houve um

aumento no número de empresas terceirizadas, que

na maioria das vezes não dispunham de

profissionais qualificados e experientes, e em

quantidade suficiente para atender as demandas

exigidas por novos projetos no setor elétrico.

Assim, os fabricantes recebem especificações de

alto nível técnico, normalmente de empresas

concessionárias tradicionais e de empresas de

projetos consolidadas no setor, mas também

especificações deficientes de informação, que

dificultam o andamento de um bom projeto e/ou até

mesmo falha na aplicação das normas técnicas.

Esses fatos podem gerar como resultados,

subestações com equipamentos subdimensionados

ou sobredimensionados, que no fim afeta todo o

custo de construção/manutenção da mesma.

Maneiras de se otimizar este processo são

implementadas pelas próprias empresas, a fim de se

ter o melhor resultado possível. Porém, em meio a

tanta inovação e tecnologia, viu-se aqui uma

oportunidade de criar uma ferramenta que tornasse

a comunicação mais prática, eficiente e confiável.

Junto a esses fatos, outro fator importante a se

considerar é o investimento para a construção de

novas Usinas e Subestações ao redor do país, que

acarreta em uma enorme quantidade de novos

equipamentos a serem produzidos.

Com a ajuda da plataforma LabView

desenvolvida pela National Instruments, que

disponibiliza versão gratuita para desenvolvimento

acadêmico, definiu-se como objetivo principal

deste trabalho, criar uma ferramenta de trabalho,

que otimizasse todo o processo, que vai desde a

especificação e solicitação de transformadores de

corrente até o seu fornecimento, garantindo a

confiabilidade da informação para fabricação

correta do equipamento.

II – REFERENCIAL TEÓRICO

Existem trabalhos desenvolvidos tanto com

intuito didático quanto para pesquisas de como se

especificar equipamentos de alta tensão para

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

OUTUBRO/2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

ENGENHARIA ELÉTRICA

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subestações, caracterizando-os elétrica e

mecanicamente. Além desses trabalhos

desenvolvidos neste tema, existem as Normas

Regulamentadoras, como por exemplo, a NBR e

IEC, que definem como devem ser dimensionados

os transformadores de corrente. Para este trabalho,

será considerado como fundamentação teórica as

seguintes referências:

NBR 6856:2015 - Transformador de

Corrente - Especificação e ensaios [3]

IEC 61869-2:2012 - Instrument

Transformers – Part 2: Additional

requirements for transformers [4]

Outras normas internacionais não foram

utilizadas, pois foi considerado desnecessário já que

existe grande influência da IEC presente na NBR, e

como este trabalho também tem a intenção de

difundir a Norma Brasileira, foi considerado

apropriado optar por escolha, afim de não se

distanciar da filosofia utilizada.

II.1. Transformadores de Corrente

Os transformadores de corrente (Figura 1),

juntamente com os transformadores de potencial,

compõem a categoria de equipamento dos

transformadores para instrumentos.

Figura 1 - Transformadores de Corrente

A função primária dos transformadores para

instrumentos é definida na norma ABNT NBR

6856:2015 como sendo o "transformador que

alimenta instrumentos de medição, dispositivos de

controle ou dispositivos de proteção". É um

transformador que se destina a reproduzir em seu

circuito secundário, em uma proporção definida e

conhecida, uma tensão ou corrente proporcional ao

valor primário. Nos transformadores de corrente, o

enrolamento primário é ligado em série com o

circuito de alta tensão.

II.1.1. Classificação

Os transformadores de corrente são

classificados de acordo com a finalidade do sinal do

secundário, a saber:

Transformadores de corrente para serviço

de medição;

Transformadores de corrente para serviços

de proteção.

II.1.2. Tipos Construtivos

Existem diversas formas construtivas dos

núcleos dos transformadores de corrente, a saber:

Tipo enrolado: O Enrolamento primário

envolve mecanicamente o núcleo do

transformador.

Tipo barra: O Enrolamento primário é

constituído por uma barra, montada

permanentemente através do núcleo do

transformador.

Tipo janela: Sem enrolamento primário

próprio, o núcleo possui uma abertura para

a passagem do condutor do circuito

primário.

Tipo bucha: Transformador de corrente

,semelhante ao tipo janela, mas projetado

para ser instalado sobre a bucha de um

equipamento elétrico.

Tipo com núcleo dividido:

Transformador de corrente semelhante ao

tipo janela, mas com núcleo basculante, a

fim de se facilitar o enlaçamento do

condutor primário.

Tipo com vários enrolamentos

primários: Possui vários enrolamentos

primários separados e isolados entre si.

Tipo com vários núcleos: Possui vários

enrolamentos secundários separados e

isolados entre si, montados cada um sobre

um núcleo diferente, porém com um

enrolamento primário em comum.

Para o desenvolvimento do programa,

tomou-se como objeto de especificação do guia os

transformadores de corrente, para classe de tensão a

partir de 69 kV, secundário na base e sempre com

isoladores. Para definição do primário, existirá a

opção de religador e/ou tapes. Para a especificação

do secundário, tem-se a opção de incluir ou não os

tapes, e também existe a possibilidade de escolher a

quantidade de secundários que o TC irá possuir.

II.1.3. Correntes e Relações Nominais

A corrente primária nominal do

transformador de corrente é aquela que permite ao

equipamento operar na sua melhor condição, em

regime permanente. Esta especificação deve

considerar a corrente máxima que poderá fluir no

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primário do transformador de corrente, e a corrente

de curto-circuito do sistema, que será utilizada para

definir o fator limite de exatidão (antigo fator de

sobre corrente).

A corrente secundária nominal é

padronizada em 1 ou 5A.

As relações nominais são dadas pela relação

entre a corrente primária nominal e a corrente

secundária nominal, de acordo com a norma ABNT

NBR 6856:2015.

II.1.4. Classe de Exatidão – Novas Cargas

As tabelas abaixo apresentam as novas

cargas definidas para o secundário, segundo a

última revisão da norma NBR em 2015.

Tabela 1 - Características das cargas com Fator de Potência 0,9 para corrente nominal secundária de 5A.

Tabela 2 - Características das cargas com Fator de Potência 0,5 para corrente nominal secundária de 5A.

Tabela 3 - Características das cargas com Fator de Potência 1 para corrente nominal secundária de 1A.

Tabela 4 - Características das cargas com Fator de Potência 0,9 para corrente nominal secundária de 1A.

II.1.5. Saturação por transitórios

A Norma IEC 61869-2:2012 prevê

transformadores que podem ser construídos para

gerar baixo fluxo remanescente durante transitórios.

Estes baixos valores são conseguidos por meio de

pequenos gaps que acabam por limitar o fluxo

remanescente mesmo para grandes correntes

assimétricas primárias.

As classes previstas para estes

transformadores de corrente, na norma IEC são:

TPX, TPY e TPZ.

.

TPX – O limite de exatidão é definido

pelo erro instantâneo de pico durante um

ciclo transitório especificado. Nenhuma

limitação para o fluxo remanescente;

TPY – O limite de exatidão é definido

pelo erro instantâneo de pico durante um

ciclo transitório especificado. O fluxo

remanescente não excede 10% do fluxo de

saturação;

TPZ – O limite de exatidão é definido

pelo erro da componente AC instantânea

de pico durante uma energização simples,

com máximo deslocamento DC para uma

constante de tempo secundária

especificada. O fluxo remanescente deve

ser desprezível.

Os transformadores de corrente TPY e TPZ

podem ser especificados para sistemas que utilizam

religamentos, em que o magnetismo remanescente

pode causar operações indevidas.

No caso do trabalho desenvolvido, foi

considerada apenas a classe TPY por atender as

necessidades do mercado brasileiro e ser a única

solicitada para a aplicação definida.

II.2. Coleta de dados

Serão utilizadas especificações técnicas

disponibilizadas pelas empresas CHESF [5], CEEE

[6], CELG [7], ELETRONORTE [8] e CPFL [9].

Essas especificações ajudarão na compreensão dos

dados necessários para fabricação dos

equipamentos em questão.

Potência

Aparente

(VA)

Resistência

(Ω)

Reatância

Indutiva

(Ω)

Impedância

(Ω)

2,5 0,09 0,044 0,1

5,0 0,18 0,087 0,2

12,5 0,45 0,218 0,5

22,5 0,81 0,392 0,9

45,0 1,62 0,785 1,8

90,0 3,24 1,569 3,6

Potência

Aparente

(VA)

Resistência

(Ω)

Reatância

Indutiva

(Ω)

Impedância

(Ω)

25 0,5 0,866 1,0

50 1,0 1,732 2,0

100 2,0 3,464 4,0

Potência

Aparente

(VA)

Resistência

(Ω)

Reatância

Indutiva

(Ω)

Impedância

(Ω)

1,0 1,0 0,00 1,0

2,0 2,5 0,00 2,5

4,0 4,0 0,00 4,0

5,0 5,0 0,00 5,0

Potência

Aparente

(VA)

Resistência

(Ω)

Reatância

Indutiva

(Ω)

Impedância

(Ω)

8,0 7,2 3,487 8,0

10,0 9,0 4,359 10,0

20,0 18,0 8,720 20,0

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III – METODOLOGIA

Para se atingir as metas definidas nos

objetivos deste projeto utilizou-se a seguinte

metodologia descrita em detalhes abaixo:

Levantamento Bibliográfico: conhecer

em detalhes as normas que abordam

assuntos referentes a transformadores de

corrente em sistemas elétricos de potência;

Entendimento das definições,

terminologias e fenômenos de

transformadores de corrente: com o

objetivo de estudar o equipamento, suas

particularidades e características.

Estudo de especificações e pareceres

técnicos sobre transformadores de

corrente: através de material

disponibilizado pelas principais empresas

doa ramo da transmissão e distribuição de

energia elétrica, será estudado como é

solicitado o equipamento aos fabricantes;

Estudo e programação do software

LabVIEW: Serão estudadas maneiras de

se realizar a lógica de funcionamento do

programa.

IV – RESULTADOS E DISCUSSÃO

Considerando os procedimentos descritos na

metodologia foram desenvolvidos vários estudos

sobre o fato de atualmente não existir um software,

que de forma simples e completa, especifique um

equipamento tendo como base a norma NBR

5856:2015 e caso seja necessário, adotar normas

complementares que se aplicam no cenário

nacional.

Para isso, então foi iniciado um estudo [10]

[11] [12] para padronizar e facilitar as informações

necessárias e suficientes para que o fabricante possa

desenvolver e fabricar o equipamento de acordo

com a real solicitação do cliente. O guia tem por

objetivo diminuir os erros no momento de

especificar o Transformador de Corrente [13] por

parte do usuário, otimizando o processo de

fabricação como um todo. O que se espera é uma

redução de tempo e uma melhor interação entre

usuários e fabricantes.

Para que o desenvolvimento do programa

fosse possível, foi traçado 3 grandes atividades:

1. Verificar os problemas;

2. Solução para o problema;

3. Desenvolvimento do programa.

Estas tarefas serão descritas em detalhes

abaixo.

IV.1. Verificar Problemas

Nesta primeira atividade, buscaram-se saber

quais eram os problemas mais críticos encontrados

entre as empresas fabricantes de transformadores de

corrente e os seus clientes, no caso as companhias

de energia elétrica. Analisando o processo

completo, desde o momento da negociação do

equipamento, até o mesmo ser entregue, foi

possível concluir que a troca de informações entre

cliente e fabricante é totalmente sem padrão, ou

seja, nenhuma delas busca definir um número

correto e suficiente, de informações básicas e

fundamentais para a construção do equipamento.

Isso torna o processo aberto a possíveis erros,

permitindo que um equipamento seja fabricado sem

atender as expectativas do cliente que o solicita.

Tendo como resultado projetos mais caros, devido à

aditivos contratuais gerados por retrabalho afim de

adequar o equipamento.

IV.2. Solução para o problema

De frente ao problema analisado e

questionado anteriormente, surgiu então a idéia de

se criar um programa que seria um guia de apoio,

que de uma forma simples e bastante intuitiva,

fizesse o cliente (ex: integradoras do setor elétrico)

enviar exatamente as informações necessárias e

fundamentais para o desenvolvimento e construção

do transformador de corrente, e atendesse de forma

eficaz as suas necessidades. Esse guia tem por

finalidade reduzir gastos desnecessários por ambas

às partes do processo.

Para isso, utilizou-se como ferramenta de

apoio para nosso desenvolvimento, o programa

LabView juntamente com a Norma ABNT NBR

6856 de Outubro de 2014, vigente a partir de 5 de

Março de 2015.

IV.3. Desenvolvimento do programa

O programa em questão veio com a idéia de

facilitar a troca de informações entre as duas partes

do processo de fabricação de um transformador de

corrente. Para isso, decidiu-se criar uma plataforma

que orientasse, de forma a dar ao cliente apenas as

opções de resposta, suficientes e necessárias, para a

construção do TC. Eliminando assim dois

problemas de uma só vez, o tempo do processo de

fabricação e retrabalhos futuros. Para isso, nossa

principal referência técnica foi a norma ABNT

NBR 6856, que forneceu informações sobre as

condições necessárias e importantes que deveriam

ser solicitadas aos clientes.

O programa possui sete abas de questões:

Informações Gerais;

Características Elétricas;

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Núcleo de Medição;

Núcleo de Proteção;

Características Dielétricas;

Características Construtivas;

Inspeção e Ensaios solicitados.

No final do artigo encontra-se anexo a

representação das telas, identificando as sete abas e

também uma especificação técnica modelo, que

mostra o resultado da utilização do programa.

IV.3.1. Informações Gerais

A primeira aba do programa é destinada à

coleta de informações, direcionada ao departamento

Comercial, como por exemplo, Cliente, Localidade,

Quantidade de Equipamentos, Transporte, Altitude,

Normas Complementares, entre outras informações

gerais. O diferencial nesta aba é que através desses

dados coletados seja possível definir brevemente

algumas situações futuras.

No caso do transporte, poder saber se o

cliente gostaria ou não de ter o transformador

descarregado diretamente no local de instalação,

que facilita a logística dentro da empresa fabricante.

O importante desta informação é definir qual

das partes que será responsável pela descarga do

equipamento.

Para questão da altitude, a norma prevê que

seja informada a altitude do local de instalação do

transformador de corrente. Pois para altitudes

superiores a 1000 metros, deverá ser fabricado em

condições especiais.

E por fim, as normas complementares que

norteiam a construção do equipamento, não

deixando de lado, algum requisito exigido pelo

cliente, como características especiais de

construção e informações referentes ao meio

ambiente.

Pode-se observar esta aba, na Figura 2 em

anexo.

IV.3.2. Características Elétricas

Nesta aba, o cliente terá que fornecer as

informações com relação às características elétricas

exigidas pela nova subestação, como dados

solicitados pelo sistema elétrico e características a

serem suportadas pelo o equipamento.

Para esta aba foi criada uma lógica em que

direciona o cliente a partir da primeira escolha, que

é a Classe de Tensão do sistema elétrico. Em

função disso, o programa limita algumas opções de

escolha das próximas informações a serem

solicitadas a fim do cliente não cometer um

equívoco e consequentemente evitar um erro de

fabricação. Ou seja, ao escolher a Classe de Tensão,

os valores de Tensões de Manobra e Impulso

Atmosférico terão os valores pré-estabelecidos em

função de um máximo permitido pela Tensão

escolhida inicialmente.

Os dados de entrada nessa fase são:

Tensão Nominal;

Frequência;

Tensão Máxima do Equipamento;

Aterramento do Neutro do Sistema;

Corrente Primária Nominal;

Corrente Suportável Nominal de Curta

Duração em 1 Segundo;

Valor de Crista Nominal de Corrente de

Curta Duração.

Esta segunda aba pode ser observada na

Figura 3, em anexo.

IV.3.3. Núcleo de Medição

Nesta etapa é onde se define o Núcleo de

Medição do Transformador de Corrente. Isso é

possível através da definição de sua corrente

secundária, que permite a definição das cargas

corretas para o equipamento em questão.

Para alguns itens a serem preenchidos nesta

aba, surgem determinados avisos com observações

mediante a sua escolha, com destaque para as novas

classes adicionadas com a revisão da Norma, sendo

0,3S e 0,6S as chamadas classes especiais.

Existe também um controle realizado pela

programação desenvolvida, que limita o número de

núcleos em função da sua Classe de Tensão, uma

vez que isso influencia no tamanho da caixa de

blindagem, onde são dispostos os núcleos do

equipamento. E consequentemente delimita o

espaço interno disponível.

Ao concluir o preenchimento desta aba

estarão definidas todas as informações necessárias

para o fabricante desenvolver o núcleo de medição

do Transformador de Corrente em questão.

Para essa etapa foram considerados os

seguintes dados de entrada:

Número de Secundários;

Corrente Secundária Nominal;

Relação Nominal de Transformação de

Corrente;

Classe de Exatidão;

Carga;

Fator de segurança;

Fator Térmico.

Na Figura 4 em anexo, uma foto da terceira

aba no programa.

IV.3.4. Núcleo de Proteção

Semelhante à aba anterior, essa etapa tem

por finalidade, definir as características necessárias

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para que o transformador de corrente seja

construído para atuar no sistema de proteção da

subestação especificada.

A partir da escolha da classe que será

utilizada, os espaços de entrada relacionados serão

habilitados, de forma que o usuário do programa

entre somente com os valores necessários. Assim é

possível que o usuário possa escolher entre as

classes 5P, 10P, 5PR, 10PR, PX e PXR, de forma

coerente, de acordo com a norma brasileira. Nessa

fase do programa, existe a opção de escolher a

classe TPY, utilizando como norma complementar

a IEC 61869-2 para especificação de dados de

regime transitório em curto circuito assimétrico,

habilitando assim, as entradas necessárias (kss,

X/R, trf, t',t"al, t'al, carga e cos φ).

No final, serão definidas todas as

informações necessárias para que o fabricante

atenda a aplicação que o cliente solicita.

Foram considerados os seguintes dados de

entrada:

Número de Secundários;

Corrente Secundária Nominal;

Relação Nominal de Transformação de

Corrente;

Máxima Corrente Primária Nominal;

Classe Exatidão;

Carga;

Fator limite de exatidão.

Dependendo da classe selecionada serão

habilitados os dados necessários para compor a

informação desejada pelo fabricante e assim atender

a necessidade do cliente.

Pode-se observar esta quarta aba, na Figura 5

em anexo.

IV.3.5. Características Dielétricas

Nesta aba são solicitadas ao cliente, as

informações referentes aos Níveis de Isolamento

Primário e Secundário e as Características do

Isolador do equipamento. É nesta etapa que são

fornecido os valores, citados anteriormente, de

Tensões de Manobra e Impulso Atmosférico, os

quais dependem da Classe de Tensão fornecida na

segunda aba. Isso funciona através da lógica criada

para limitar as opções de resposta do cliente,

evitando o erro na construção.

A Figura 6 em anexo, retrata a quinta aba do

programa.

IV.3.6. Características Construtivas

Nesta etapa serão ofertados ao cliente todos

os acessórios que o fabricante poderá fornecer para

a construção do Transformador de Corrente, como

por exemplo, material do Terminal Primário,

material do Conector Secundário, Tipo de Furação,

Pintura, entre outras opções construtivas. Nessa aba

tem-se a intenção de configurar detalhes

importantes que muitas vezes são causas de

retrabalho na linha de produção, num eventual

ajuste de contrato, devido alguma informação

omitida.

Abaixo, em anexo na Figura 7, está uma foto

da sexta aba do programa.

IV.3.7. Inspeção e Ensaios solicitados

A última etapa antes de gerar o relatório em

PDF para a construção do equipamento, o cliente

informa quais os ensaios a serem apresentados na

oferta. Nesta etapa não estão os Ensaios de Rotina,

que o fornecimento obrigatório. Existe a opção de

selecionar os Ensaios de Tipo e Especiais se caso

for necessário, e a opção de incluir ou não, as

despesas de um inspetor do cliente para estar

acompanhando os ensaios. Além disso, a

quantidade de peças que serão inspecionadas. A

informações consideradas nessa fase, são utilizadas

pelo departamento de propostas do fabricante, para

considerar custos extras que devem ser incluídos e

considerados no momento da oferta.

Na figura 8 em anexo, pode-se ver a foto da

última aba do programa.

IV.3.8. Relatório de Especificação em PDF

Após preencher todas as etapas anteriores,

surgirá uma mensagem questionando se deseja

gerar o seu relatório em PDF. Caso ainda não tenha

interesse, uma mensagem de configuração

Incompleta ficará como alerta na tela.

Quando realmente decidir finalizar e gerar o

relatório, um botão “Gravar PDF” poderá ser

acionado, iniciando o processo de emissão do

arquivo em PDF. Este arquivo garante ao cliente

que seu Transformador de Corrente será fabricado

conforme as características que foram solicitadas.

Levando em conta os padrões de qualidade do

fabricante, assim como os padrões visados pela

norma. Uma Especificação modelo está em anexo,

para exibir o resultado final deste processo, após

completar o preenchimento de todas as abas do

programa.

V– CONCLUSÕES

As simulações realizadas com o programa

desenvolvido mostraram resultados satisfatórios, ou

seja, com a utilização desta plataforma a

especificação de Transformadores de Corrente se

tornou mais rápida e livre de erros, uma vez que o

usuário preenche as informações solicitadas

satisfazendo os requisitos da Norma. Tendo como

resposta, uma folha de especificação adequada ao

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7

fabricante e em sintonia com as expectativas do

cliente.

.O resultado final é muito mais positivo se

for analisado o ponto de vista de outras áreas que

serão impactadas pela utilização dessa ferramenta,

já que se pode citar benefícios nos setores de

contratos, planejamento, compras e claro, o

departamento de engenharia, que trará um ganho

de produtividade para ambas as divisões, com

redução de gastos tanto na fabricação, quanto com

possíveis manutenções futuras e um equipamento

especificado de maneira a melhor atender as

solicitações do sistema elétrico.

VI – REFERÊNCIAS

[1] Frontin, S.O. – “Equipamentos de Alta

Tensão, Prospecção e Hierarquização de

Inovações Tecnológicas”, Brasília, 2013.

[2] http://brasil.ni.com/ Acessado em 20/10/2015.

[3] ABNT – Associação Brasileira de Normas

Técnicas, “ABNT NBR 6856:2015

Transformador de corrente – Especificação e

Ensaios”, Rio de Janeiro, 2015.

[4] IEC – International Electrotechnical

Commission, “IEC 61869-2:2012 Instrument

transformers – Part 2: Additional requirements

for current transformers”.

[5] CHESF – Especificações Técnicas -

Transformadores de Corrente (500 kV, 230

kV, 138 kV e 69 kV) ET/DSE-685, Maio de

2011.

[6] CEEE Distribuição – Especificação Técnica

de Transformador de Corrente com tensão

igual ou superior a 69kV, Rio Grande do Sul,

14 de Dezembro de 2012.

[7] CELG Distribuição SA – Setor de

Normatização Técnica NTC-39

Transformador de Corrente, Gôiania, Março

de 2015.

[8] ELETRONORTE – Sistema Norte/Nordeste –

Especificação Básica do Transformador de

Corrente de 550kV, 13 de Julho de 2000.

[9] CPFL – Companhia Paulista de Força e Luz –

ET2049 Transformador de Corrente para

Subestações versão 1.0, 10 de Dezembro de

2001.

[10] ABB AB. Instrument Transformers Application Guide, Ludvika, Sweden

[11] ALSTOM GRID. Módulo I - Teoria de Transformadores de Corrente, Itajubá, 2010.

[12] ALSTOM GRID. Módulo III - Cálculo de

Transformadores de Corrente, Itajubá, 2010.

[13] D’AJUZ, A.; CARVALHO, F. M. S.

Representação de Transformadores de

Corrente no Electromagnetic Transients

Program, Congresso CIER, Lima, Peru, 1983.

VII – BIOGRAFIA

André Luiz de Castro Filho Nasceu em Careaçu (MG), em 1989. Ingressou na

UNIFEI Itajubá (MG) em 2010 no curso de

Engenharia Elétrica. Participou da equipe de

Fórmula SAE da UNIFEI, carro motor a

combustão, durante 2 anos, tendo ingressado na

equipe em 2011. Em 2013 realizou parcialmente

uma iniciação cientifica sobre "Estudo Comparativo

entre Medições de Potência e Aplicações em

Sistemas Smart Grid" pelo Centro de Excelência

em Redes Elétricas Inteligentes – CERIn. Em 2014

participou do programa de estágio de férias da

Usina Hidrelétrica Itaipu Binacional. Atualmente é

estagiário na empresa GE Grid Solutions.

Thiago Takashi Kawamukai Rios Nasceu em São José dos Campos (SP), em 1989.

Ingressou na UNIFEI, no curso de Engenharia

Elétrico, no ano de 2010. Participou das Equipes de

Fórmula SAE da UNIFEI, na subequipe de

Telemetria do carro com motor à combustão no ano

de 2011, e como Capitão Geral da Equipe do carro

com motor elétrico durante os anos de 2012 e 2013,

totalizando um período de dois anos e meio.

Atualmente é estagiário na empresa Embraer SA,

na área de Engenharia de Manufatura do programa

KC-390.

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ANEXOS

Figura 2 - Informações Gerais

Figura 3 - Características Elétricas

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Figura 4 - Núcleo de Medição

Figura 5 - Núcleo de Proteção

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Figura 6 - Características Dielétricas

Figura 7 - Características Construtivas

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Figura 8 - Inspeção e Ensaios Solicitados

Figura 9 - Folha 1 da Especificação gerada

Figura 10 - Folha 2 da Especificação gerada

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Figura 11 - Folha 3 da Especificação gerada