guia para a formação de grupos de estudos bíblicos em casa...orando por curas e exercendo dons...

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1 Guia Completo Para a Formação de Grupos de Estudos Bíblicos em Casa Associação Cristã de Estudos Bíblicos & Associados

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Page 1: Guia Para a Formação de Grupos de Estudos Bíblicos em Casa...orando por curas e exercendo dons proféticos (1 Cor. 14:1). A maioria dos grupos reservam algum período para as refeições

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Guia Completo Para a Formação de

Grupos de Estudos Bíblicos

em Casa

Associação Cristã de Estudos Bíblicos

& Associados

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A p re s e nt a çã o

A Associação Cristã de Estudos Bíblicos e Associados tem o prazer de compartilhar com você o Guia

Completo Para a Formação de Grupos de Estudos Bíblicos em Casa. Com este guia você terá ricas

informações para iniciar, formar, manter e ampliar Grupos de Estudos Bíblicos em Casa. O material

que você tem em mãos foi preparado com a finalidade de lhe ajudar a entender a proposta e o modo de

funcionamento de um Grupo de Estudos Bíblicos em casa. Portanto, leia com bastante atenção e use-o

sempre que precisar.

Este guia é a compilação de oito artigos. Os sete artigos foram traduzidos, editados e adaptados por nós. O

oitavo artigo (do site Mentes Bereanas) foi apenas editado e adaptado, pois o mesmo já se encontrava

traduzido na internet. A nossa ideia foi juntar todos esses artigos em um único PDF de maneira homogênea.

As principais edições nos artigos, entre outras, foram as trocas dos nomes como: Igreja nas Casa, Igreja

nos Lares, Igreja Celular, Igreja em Células, Igreja Simples, Igreja Residencial, Igreja Domiciliar, Eclésia ou

outros termos similares por apenas um único: Grupos de Estudos Bíblicos em Casa.

Temos certeza que estas informações serão de grande ajuda. Este guia não é de uso exclusivo da

Associação Cristã de Estudos Bíblicos, mas sim para todos os cristãos, que queiram se reunir como parte do

Corpo de Cristo em casa. Colocamos na parte final, sugestões para reuniões e congressos dos grupos.

Esperamos realmente que você consiga se identificar, acima de tudo, com a proposta desta obra, que é

voltar à simplicidade do viver da Igreja de Cristo em casa. Este PDF foi elaborado para ajudar a lançar o

desafio para a volta ao Cristianismo Primitivo. Nossa oração é que Deus aqueça seu coração e lhe capacite a

servi-lo com alegria e maneira abundante – em um Grupo de Estudos Bíblicos em Casa.

Seus Irmãos,

Associação Cristã de Estudos Bíblicos

A venda deste PDF é proibida.

O compartilhamento é livre.

É permitida a reprodução total ou parcial, desde que cite as fontes.

Este livro faz parte de um trabalho voluntário

para ajudar as pessoas a entender a Bíblia.

Editoras:

Christian Discipling Ministries International – www.cdmi.org

Mentes Bereanas – https://www.mentesbereanas.info/

Associação Cristã de Estudos Bíblicos e Associados – https://associacaocristadeestudosbiblicos.wordpress.com/

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Í nd i c e

C a p í t u l o P á g i n a

Parte I – Como Começar ................................................................................................................................4

Parte II - Formação, Confrontação, Normatização, Atuação .....................................................................7

Parte III – Tornando-se Orgânicos ..............................................................................................................10

Parte IV - Liderança .....................................................................................................................................12

Parte V - Doutrina .........................................................................................................................................14

Parte VI - Padrões e Práticas .......................................................................................................................17

Parte VII - O Caminho Adiante....................................................................................................................21

Parte VIII - Créditos dos Artigos Anteriores .............................................................................................23

Parte IX - Pontos Importantes .....................................................................................................................25

Parte X - A Associação Cristã de Estudos Bíblicos e Associados ..............................................................26

Parte XI - Sugestões para Reuniões e Congressos ......................................................................................28

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Ca s a – I gr e ja – C om un hã o

P ar te I – C om o C om e ça r

Muitas pessoas hoje estão buscando uma associação cristã mais significativa. Alguns pertencem a uma

igreja tradicional, mas não estão atendendo às suas necessidades espirituais. Outros estão procurando um

local que respeite suas crenças, mas não conseguem encontrar uma próxima de sua casa. Também há

indivíduos que são sobreviventes de sistemas religiosos abusivos e relutam em se juntar a qualquer

organização religiosa. Onde essas pessoas podem se voltar para uma associação cristã? A resposta para

muitos tem sido um Grupo de Estudos Bíblicos em Casa. Mas o que é um Grupo de Estudos Bíblicos em

Casa? Será que isso é bíblico?

A palavra Igreja no Novo Testamento é uma tradução da palavra grega ekklesia, que significa

congregação. Refere-se ao povo de Deus reunido em um local e não a um prédio ou a uma organização

religiosa. Um Grupo de Estudos Bíblicos em Casa é um grupo de pessoas, talvez uma dúzia ou mais, que se

reúnem para praticar Cristianismo simples e informal na casa de alguém. Eles adoram juntos – orando,

cantando hinos, estudando a Bíblia, compartilhando refeições e experiências. Enquanto se conhecem melhor,

podem compartilhar seus problemas e desafios mais íntimos. À medida que o grupo se desenvolve e cresce,

ele pode ter que se dividir em dois ou mais Grupos de Estudos Bíblicos em Casa, mas geralmente se reunirá

periodicamente como um grupo maior, que chamamos de congresso.

As igrejas nas casas eram o padrão no primeiro século (Rom. 16:3-5; Col. 4:15; Fil.1:2). A igreja

tradicional de hoje, dirigida por um pastor e controlada e dirigida por membros do conselho administrativo,

com seu culto de domingo de manhã com pessoas sentadas em bancos enfileirados, pareceria estranha e

pouco atraente aos primeiros discípulos de Jesus. Eles praticavam sua fé em um ambiente mais íntimo,

informal e dinâmico. Os cristãos do primeiro século viveram e adoraram como Comunidade Cristã. Eles não

foram à igreja, eles eram a igreja.

O Grupo de Estudos Bíblicos em Casa deve ser diferenciado dos grupos celulares. Grupos celulares são a

resposta da igreja tradicional para a necessidade de associação mais íntima e significativa. A igreja principal

organiza vários grupos (células) que se encontram durante a semana nas casas. Daí todos eles se reúnem,

geralmente aos domingos, no edifício maior da igreja, para o seu culto denominacional tradicional.

A autoridade ainda está nas mãos do pastor principal, que geralmente designa os líderes de cada uma das

células. A agenda é com frequência estabelecida de modo centralizado e divulgada pelos líderes das células.

Embora haja um contato mais íntimo e informal entre os membros, o que é benéfico, normalmente há pouco

espaço para a exploração da Bíblia de acordo com a consciência individual ou para o desenvolvimento de

dons individuais do Espírito Santo.

Por outro lado, um Grupo de Estudos Bíblicos em Casa, a liderança não é tão claramente observável. O

grupo é autônomo — ele não se reporta a qualquer autoridade governante, exceto Cristo, que é o cabeça da

congregação (Efé. 5:23). Todos os membros participam, exercendo seus dons particulares dados por Deus

para a edificação de seus irmãos e irmãs (1 Cor. 12:7). O objetivo é fazer com que as reuniões sejam

lideradas por Cristo por meio do Espírito de Deus, e não controladas por agendas humanas detalhadas.

(Mat. 18:20, Gal. 5:19-25).

Como o corpo tem muitas partes, cada uma com um propósito designado por Deus, o Grupo de Estudos

Bíblicos em Casa tem vários membros, cada um com dons dados por Deus para a edificação do Corpo de

Cristo (1 Cor. 12:14-28; Efé. 4:7-13). À medida que o Espírito Santo se desenvolve e alimenta cada

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membro, o grupo reconhecerá seus dons. Alguns serão organizadores naturais, outros serão instrutores

talentosos, evangelistas excelentes, hospitaleiros excepcionais e assim por diante. Os anciãos são

reconhecidos pelos membros, porque satisfazem os requisitos bíblicos de caráter, conhecimento e

capacidade de ensinar (Tito 1:7-9).

Como é uma reunião de um Grupo de Estudos Bíblicos em Casa? Dependerá do histórico dos membros e

de como o grupo evoluiu. Na maioria dos grupos, as reuniões se parecem muito com um estudo bíblico

formal. Depois da oração pedindo pela direção de Deus, é feita a leitura de alguns capítulos da Bíblia e em

seguida o grupo discute os pontos importantes da leitura. Um dirigente, que deve ser um cargo rotativo no

grupo, ajuda a coordenar a reunião. Cantar hinos, oração em grupo e testemunhos estão relacionados ao

Cristianismo Bíblico e devem ser incluídos na associação do grupo. Outros grupos podem ter um formato

mais livre, cantando vários hinos e orações em grupo. A consideração e o estudo serão dinâmicos –

dependendo da direção do Espírito e das necessidades do momento. Alguns grupos são muito carismáticos,

orando por curas e exercendo dons proféticos (1 Cor. 14:1). A maioria dos grupos reservam algum período

para as refeições comuns e associação cristã (Atos 2:46,47).

Geralmente giramos em torno de um Grupo de Estudos Bíblicos em Casa que esteja mais de acordo com

nossa experiência pessoal, mas não devemos julgar aqueles que são diferentes (Luc. 6:37). Na verdade,

visitar outros grupos pode ser educativo e edificante. Poderemos descobrir em primeira mão que o Corpo de

Cristo é diversificado. Aprenderemos a ser mais tolerantes para com aqueles cujas origens são diferentes da

nossa.

Começar um Grupo de Estudos Bíblicos em Casa pode ser tão simples quanto convidar alguns amigos

para uma refeição. Como a maioria das coisas cristãs, é sábio começar com a oração, pedindo orientação a

Deus. Tente encontrar algumas pessoas com necessidades semelhantes e organize uma reunião. Você

poderia simplesmente dizer: “Estou convidando algumas pessoas para estudo bíblico e uma refeição em

minha casa com a minha família. Você está interessado? Adoraríamos ter você conosco.”

Será melhor no início, manter as coisas simples – talvez orando e discutindo juntos alguns capítulos da

Bíblia, seguido de uma refeição ou um lanche simples. A chave nos estágios iniciais é conhecer uns aos

outros e manter Jesus no centro, e não os sistemas doutrinários. Garanta que todos tenham a oportunidade de

se expressar. Evite duplicar a estrutura da igreja tradicional em sua casa – onde uma pessoa faz toda a

conversa e as outras apenas se sentam e ouvem. As congregações do primeiro século eram interativas e

dinâmicas, e esse deve ser o nosso modelo (1 Cor. 14:26-40).

Se a primeira reunião for boa, você poderá sugerir reuniões regulares e talvez alternar entre duas ou mais

casas. Incentive os membros a convidarem outras pessoas que possam estar interessadas. Planeje um pouco,

mas não planeje demais! Caso contrário, você poderá restringir o Espírito Santo. Deus pode querer mover o

grupo em uma direção distante do programa que você fez, o que por experiência, geralmente é o caso.

Tente ser sensível à liderança e direção de Cristo em todos os momentos. Quanto mais as pessoas tentam

exercer controle, menos Jesus é capaz de liderar o grupo.

À medida que o grupo cresce e amadurece, passa por várias fases. No início, as pessoas estarão no seu

melhor comportamento. No entanto, à medida que os dons são trabalhados e todos se conhecem melhor,

haverá conflitos. A paciência, o amor e o tato são muito importantes neste momento. As pessoas terão ideias

diferentes sobre o que é, e o que o grupo deveria estar fazendo. Em momentos como esses, devemos lembrar

que o amor uns pelos outros que é identifica os verdadeiros discípulos de Jesus (João 13:35). “O amor

cobrirá uma multidão de pecados” (1 Ped. 4:8) e é o valor cristão final (1 Cor. 13:13). Se pacientemente

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perseverarmos no amor e nos comunicarmos clara e honestamente de coração (Mat. 5:37), passaremos por

essas dificuldades e o grupo aprenderá e crescerá.

A questão da doutrina surgirá. Diferentes pessoas terão diferentes interpretações de textos bíblicos e isso

pode levar a conflitos. Um bom princípio está na unidade no essencial, liberdade no não essencial, e amor

em todas as coisas. O essencial deve ser definido de acordo com o que a Bíblia explicitamente diz ser

essencial para a salvação, e não o que achamos ser essencial. Não essenciais são áreas de investigação e

opinião que não são críticas para a salvação, embora importantes em um grau ou outro. Um exemplo de

essencial é o ensino de que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus. Um exemplo de não essencial é a questão se os

cristãos devem ou não observar o sábado. O primeiro não é negociável. O último, é uma questão de

consciência pessoal e não vale a pena discutir (Rom. 14:5).

Em resumo, para aqueles que estão buscando uma associação cristã mais significativa, um Grupo de

Estudos Bíblicos em Casa é uma boa opção. Tem seus desafios, mas as recompensas superam os custos.

Fazer parte de um grupo atuante, conduzido pelo Espírito, equivale a estar perto do coração de Jesus. Se

você não conseguir encontrar um perto de você, simplesmente peça a um amigo ou dois para ir à sua casa

para um estudo bíblico e uma refeição. Jesus promete estar lá (Mat. 18:20). Ore por direção.Orem uns pelos

outros e pelos necessitados. Cantem hinos. Seja paciente, empático e amoroso à medida que o grupo cresce e

amadurece (Fil. 2:3). Seja unificado no essencial bíblico, mas permita a liberdade no não essencial (Rom.

14). Experimente a alegria de adorar a Deus com seus amigos em um ambiente informal e intimista – em sua

casa.

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P ar te I I – F or m aç ã o, C onf r ont a ç ã o , N or m a t i za ç ã o e A t ua çã o

Na Parte I, observamos que a igreja nas casas era o ponto de encontro padrão para associação cristã no

primeiro século. Notamos que essas reuniões eram dinâmicas e interativas: todos os membros participavam,

os dons eram exercidos e Cristo estava no centro. Alimentado pelo Espírito Santo, o Corpo de Cristo, o

grupo se desenvolveu e cresceu organicamente. Sugerimos que o grupo seja um excelente local para

associação cristã, especialmente para aqueles que preferem não se unir a uma igreja tradicional.

Vimos que começar um grupo é tão fácil quanto convidar alguém para uma refeição. No entanto, mantê-lo

pode ser um desafio. Neste artigo, veremos como manter um Grupo de Estudos Bíblicos em Casa à

medida que ele cresce e se desenvolve.

Embora os Grupos de Estudos Bíblicos em Casa sejam tão gratificantes em sentido espiritual quanto um

culto na igreja tradicional, ele não deixa de ter seus desafios. Isso não deveria ser uma surpresa,

considerando-se que estão envolvidas pessoas! Um exame da primeira carta aos cristãos em Corinto

demonstra que a vida congregacional inevitavelmente envolve conflitos. Infelizmente muitos Grupos de

Estudos Bíblicos em Casa fracassam porque seus membros não estão conscientes dos benefícios das

habilidades básicas de solução de conflitos, praticadas com amor cristão. O conhecimento das Fases de

Crescimento do grupo e os problemas que surgem em cada etapa podem ser muito úteis no tratamento das

questões interpessoais. Uma ferramenta útil para entender a dinâmica de grupo é o Modelo Tuckman.

Em 1965, Bruce Tuckman propôs uma visão de desenvolvimento em grupo, que foi desenvolvido e dividido

inicialmente em 4 estágios: Formação – Confrontação – Normatização – atuação (em inglês: Forming-

Storming-Norming-Performing) 1. Acontece que é notavelmente aplicável a Grupos de Estudos Bíblicos em

Casa. Compreender esse modelo e conhecer de antemão alguns dos pontos críticos ajudará o grupo a lidar

com eles de maneira eficaz.

Um novo Grupo de Estudos Bíblicos em Casa é criado quando um grupo de pessoas se comprometem a se

reunir regularmente para a comunhão cristã na casa de alguém. Esta é a Fase de Formação, as pessoas estão

no seu melhor comportamento. Há emoção no ar, já que algo novo começou. Todo mundo está tentando

entender onde eles se encaixam e quais são os objetivos do grupo. Geralmente não surgem discordâncias. A

gentileza e a educação são visíveis, mas o comprometimento ainda é mínimo. As coisas parecem estar indo

bem, mas o grupo está interagindo apenas superficialmente.

Na Fase de Confrontação, os conflitos começam a surgir. Surgirão perguntas como: Quem está

liderando? Quem vai dirigir a reunião? Qual é o programa da reunião? Aonde será a próxima reunião?

Quem vai ensinar? Qual será o tema? Em que direção estamos indo? E qual será a matéria do estudo

bíblico? As lutas internas podem ocorrer e se formar alianças. Mas, que ninguém se assuste, esta fase é

desconfortável. Isso é natural, mas é um sinal necessário para o crescimento. A chave é uma comunicação

clara e honesta e aberta uns com os outros (Mat. 5:37). Isso é necessário para que o Grupo de Estudos

Bíblicos em Casa continue a crescer. Um erro comum nesta fase é evitar a discussão ou ignorar os

problemas. Isso só irá garantir que retornarão mais tarde com maior gravidade (Mat. 5:23-24). Problemas e

questões precisam ser discutidos abertamente, se o grupo há de crescer além da Fase da Confrontação.

Devemos ver os conflitos como algo positivo – uma oportunidade para compreensão e crescimento.

O Grupo de Estudos Bíblicos em Casa sobrevivendo à Fase da Confrontação, estará em boa forma e

entrará na Fase de Normatização. Nesta fase os dons já são compreendidos e o grupo encontra nova

energia. A confiança está aumentando. Regras e objetivos são aceitos. Há boa participação de todos os

membros. Os membros sabem o que esperar uns dos outros e cada membro têm consciência de onde pode

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contribuir melhor. No ideal, os cargos serão reconhecidos conforme a designação pelo Espírito Santo. Os

anciãos, por exemplo, serão aqueles que desenvolveram, sob a direção de Deus, as qualificações bíblicas

(Tito 1:5-9, 1 Tim. 3:1-7). E os cargos geralmente não são estáticos. Uma pessoa pode estar qualificada para

ensinar sobre determinado assunto; outra pessoa sobre outro assunto. O cargo de facilitar a discussão

normalmente será rotativo. Um membro que fez bom progresso espiritual pode agora ser reconhecido pelo

grupo como capaz de desempenhar um cargo para o qual não estava qualificado antes. Por outro lado,

alguém que regrediu espiritualmente agora será visto como não qualificado para um cargo que anteriormente

preenchia. O ponto importante é que estes vários cargos bíblicos são suscitados pelo Espírito de Deus e

reconhecidos pelo grupo. Eles não são cargos formais, como os ocupados por um clero duma igreja típica. A

distribuição dos cargos que Jesus deseja em seu grupo traz uma bem-vinda estabilidade e força para o grupo.

Às vezes, no entanto, pode ocorrer um “excesso de normas”, onde as regras são muito rígidas e o conflito

é desaprovado. Isso vai limitar a criatividade e tirar a alegria das reuniões. Se uma pessoa tende a controlar

as reuniões, será melhor para o grupo que o cargo de dirigente seja rotativo. Se alguns membros parecerem

relutantes em falar, incentive-os.

Outro perigo na Fase de Normatização é o “Pensamento em Grupo”. Isso acontece quando os membros

estão focados na harmonia acima de tudo. Todos querem reuniões alegres e felizes e veem o conflito como

algo ruim. O ponto negativo é que os problemas são ignorados. Ninguém quer ser visto de forma negativa.

Na Fase de Normatização, ainda é preciso conversar sobre questões e abordar conflitos para que o grupo

permaneça saudável.

O Grupo de Estudos Bíblicos em Casa continuando a progredir no espírito de amor cristão, por fim ele

acabará atingindo uma boa madureza. Esta é a Fase de Atuação, o Grupo de Estudos Bíblicos em Casa

atingiu um alto nível de confiança e intimidade. Os membros realmente desfrutam da companhia um do

outro na presença do Senhor e são dependentes uns dos outros. Existe um alto grau de criatividade e energia.

Os dons de cada membro são reconhecidos e exercidos para a edificação do Corpo de Cristo.

Principalmente, o amor é prevalece. Deus é glorificado no meio do seu povo.

Os membros respeitarão as contribuições e dádivas de cada um dos outros, e reconhecerão e valorizarão o

cargo de cada um na edificação do grupo. Haverá um alto nível de comprometimento e cuidado. A liberdade

cristã e o amor baseado em princípios serão abundantes. Os membros serão livres para estabelecer relações

com pessoas de fora do grupo, sem que o grupo se sinta ameaçado. Problemas e questões serão claramente

identificados e discutidos. O Corpo de Cristo será um reflexo verdadeiro da vida de Jesus em um mundo

ímpio, e um lugar de refúgio para aqueles que buscam a Deus. O grupo procurará cada vez mais por

oportunidades de representar Jesus na região. O grupo chegou à harmonia espiritual.

No entanto, a jornada não termina aqui. Assim como um carro requer manutenção periódica, o grupo deve

manter-se saudável e em funcionamento. Mudança de membros, metas ou circunstâncias podem fazer com

que o grupo volte a fases anteriores. Por exemplo, um novo casal pode começar a participar e o grupo

precisará passar algum tempo para conhecê-los e vice-versa. Podemos regressar à Fase de Formação por um

tempo. No entanto, o grupo já passou por várias fases de crescimento e, portanto, pode demonstrar

paciência, sabendo que o caminho a seguir é certo. Não devemos nos sentir desencorajados quando o grupo

parece regredir, mas reconhecer essa dinâmica como normal. A experiência nos ensina que por meio do

pastoreio gentil e paciente, o Grupo de Estudos Bíblicos em Casa chegará novamente a um bom nível de

relacionamento maduro e harmonia.

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À medida que o Grupo de Estudos Bíblicos em Casa atravessa essas Fases de Crescimento, haverá

momentos em que surgirá conflitos entre os membros. Questões de liderança são comuns. Alguns membros

podem ter origens diferentes de outros e sentem-se fortemente sobre certas doutrinas ou práticas. Alguns

gostam de hinos modernos, outros gostam dos hinos tradicionais, e alguns não gostam de cantar. Algumas

pessoas gostam de rir e experimentar a alegria do Senhor; outros acham que o Cristianismo é um assunto

sério. Como o grupo pode lidar com tais conflitos de maneira construtiva?

A Bíblia oferece muitas sugestões. Jesus disse que os cristãos serão conhecidos pelo amor que eles têm

uns pelos outros (João 13:35). A palavra grega é ágape que significa um amor de princípio, um amor que

coloca o melhor de Deus para a outra pessoa como nosso objetivo principal. Isso pode significar tolerar a

visão pessoal de alguém, mesmo que não concordemos com ela. Na Parte I, sugerimos que um princípio

orientador deveria ser: unidade no essencial, liberdade no não essencial, e amor em todas as coisas. Permitir

a liberdade no não essencial requer paciência, tato e um coração empático que quer realmente entender a

outra pessoa. Todos nós precisamos trabalhar continuamente o amor, que é um dos Frutos do Espírito Santo

de Deus (Gal. 5:22-23).

A área de comunicação é primordial. Na sociedade hoje, algumas pessoas não dizem o que querem dizer

ou o significado do que dizem. Muitos políticos e líderes empresariais costumam mentir e manipular o

público. Os cristãos não devem ser assim. Devemos deixar que “o nosso sim signifique sim e que o nosso

não signifique não” (Mat. 5:37). Devemos manter a verdade próximo de nossos corações (João 8:32). Na

prática, isso significa que devemos ser claros e francos em nossas comunicações com nossos irmãos. Nós

não precisamos fazer um juramento para tornarmos pessoas em que os outros possam acreditar. De fato,

Jesus nos adverte que tal comunicação que passe disso é “do maligno”. Não há lugar para comportamento

político e manipulador entre o povo de Deus. Nós devemos falar a verdade de coração.

Para trabalhar construtivamente através do conflito, os cristãos precisam perdoar, ser gentis, compassivos

(Efé. 4:32), aceitar (Rom. 15:7), suportar (Efé. 4:2), exortar (Heb. 3:13); encorajar, consolar (1 Tes. 4:18) e

orar (Tia. 5:16) uns aos outros. Devemos considerar os outros como superiores a nós e estar dispostos a

assumir um papel menor, se isso significar que os outros serão beneficiados (Fil. 2:3). Precisamos manter

nosso Senhor Jesus em mente. Ele não estava acima de seus discípulos ao lavar os pés deles ou pendurado

na cruz em agonia por eles. Nós devemos seguir o seu exemplo.

Em resumo, um Grupo de Estudos Bíblicos em Casa típico passará por quatro fases de crescimento.

Conforme se desenvolve, surgirão conflitos entre os membros. Isto é normal. Em vez de evita-los, devemos

ver os conflitos como uma oportunidade para uma maior compreensão – um desafio a ser superado. Ao

comunicar claramente com o amor, empatia e honestidade, o grupo passará por esses pontos críticos e

aprenderá com eles. Crescerá e dará frutos, para a glória do Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, Jeová.

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P ar te I I I – T or na nd o - s e Or g â nic os

Na Parte II, vimos que um Grupo de Estudos Bíblicos em Casa típico passará por quatro Fases de

Crescimento: Formação, Confrontação, Normatização e Atuação. Observamos que conflitos surgirão e

que, em vez de ignora-los, devemos considerar os conflitos como uma oportunidade de crescimento.

Aplicando liberalmente o amor, o grupo continuará a desenvolver e fornecer um refúgio para aqueles que

precisam de associação cristã, mas não conseguem encontra-la próximo de sua casa. Neste artigo, vamos

olhar para os dons e o crescimento.

O termo “Igreja Orgânica” se tornou popular ultimamente, onde a preocupação não é tanto a teologia, mas

a aliança e o relacionamento com o Criador. Para um hebreu, o foco estava em viver sem analisar a

divindade de Deus. O pensamento filosófico grego deu ao Cristianismo pós-apostólico a obsessão pela

teologia sistemática e declarações doutrinárias. Os hebreus se perguntavam: “Quem é Deus e como posso ter

um relacionamento com Ele?” Os gregos se perguntavam: “O que é Deus e como devo compreendê-lo?” Os

apóstolos de Jesus não eram obcecados pela natureza de Jesus. Em vez disso, eles ensinaram ter fé Nele, por

ter um relacionamento com Ele. Essa é a chave. Jesus Cristo está vivo. Ele cuida de Suas ovelhas e está

interessado em nosso bem-estar e crescimento espiritual. Ele é a videira e nós somos os ramos.

Uma das principais atividades das congregações do primeiro século foi o exercício dos dons do Espírito

Santo. Paulo, em Romanos, diz:

“Pois assim como temos muitos membros em um só corpo e todos os membros não têm a mesma função,

nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo e individualmente membros um do outro. Uma vez que

temos dons que diferem de acordo com a graça que nos foi dada, cada um de nós deve exercê-los de

acordo: se profecia, de acordo com a proporção de sua fé; se serviço, em seu serviço; ou aquele que ensina

em seu ensinamento; ou aquele que exorta em sua exortação; aquele que dá com liberalidade; aquele que

lidera com diligência; aquele que mostra misericórdia com alegria. ”(Rom. 12:4-8)

A lista de dons não é cansativa. Em 1 Coríntios menciona outros. No entanto, a questão é que “cada um

recebe a manifestação do Espírito Santo para o bem comum” (1 Cor. 12:7). Em Efésios, Paulo menciona

dons dados a homens que então, desempenham vários papéis de liderança (Efé. 4:7-11), com o propósito de

“… edificar o Corpo de Cristo” (v12). Portanto, cada membro tem uma contribuição para fazer ao Corpo de

Cristo, o grupo.

Dado este conselho apostólico, parece arrogância que cada membro pergunte em oração a Deus quais são

os seus dons e como exercê-los. É igualmente importante que os outros membros trabalhem para discernir os

dons de seus irmãos e irmãs e encorajá-los a exercitar esses dons. Nem todos têm os mesmos dons. Como

Paulo disse: “Se todo o corpo fosse um olho, onde estaria o ouvido?” (1 Cor. 12:17). Cada um recebe dons

para ministrar aos outros. Quer se trate de profecia [falando a Palavras de Deus], serviço, ensino, exortação,

doação, liderança, misericórdia ou outros dons, eles devem ser usados para a edificação do grupo em Jesus.

A participação de todos nas reuniões deve ser enfatizada o suficiente. Paulo diz aos Coríntios:

“Quando você se reúne, cada um tem um salmo, tem um ensinamento, tem uma revelação, tem uma

língua, tem uma interpretação. Que todas as coisas sejam feitas para edificação. ”- 1 Cor. 14:26

Em outra parte, Paulo nos pede para: “ Falar um com o outro com salmos, hinos e cânticos espirituais”

(Efé. 5:19-20),“ … admoestar um ao outro com toda a sabedoria … ”(Col. 3:16), e“… não dar se reunindo

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… [Mas] … encorajam uns aos outros … ” (Heb. 10:25). As reuniões do primeiro século eram um

intercâmbio dinâmico e um pouco desestruturada de boas coisas espirituais.

Os dons eram exercidos conforme a orientação do Espírito Santo, todos para a edificação uns dos outros

em Cristo e todos em amor uns pelos outros e por Deus.

Embora vagamente estruturadas, as reuniões não eram caóticas. Com relação ao exercício do dom de

línguas, por exemplo, Paulo admoestou os Coríntios a exercitar seus dons, um de cada vez. Se alguém

falasse em línguas e não houvesse intérprete, era melhor permanecer em silêncio (1 Cor. 14:27). O objetivo

era sempre construir um ao outro e ser razoável e racional.

Dois outros fatores são absolutamente essenciais para o crescimento: a Palavra e o Espírito. Eles são

como a água e o sol que as plantas exigem para a vida. A Palavra precisa ser ensinada, mas mais do que

apenas aprendida intelectualmente, precisa ser incorporada em nosso próprio ser. Jesus comparou a Palavra

ao pão que dá vida (Mat. 4:4). Precisamos nos alimentar deste pão; leva-lo para nossos corações e mentes; e

meditar sobre ele (Sal. 1:1-3). Devemos continuar em sua Palavra (João 8:31) e ser purificados pela água da

Palavra (Efé. 5:26). Se guardarmos a Palavra que Jesus ensinou, ele promete vir a nós com o Pai e viver

conosco (João 14:23).

Nós precisamos do Espírito Santo para entender a Palavra e crescer em Cristo. É o Espírito do Pai que

prepara e motiva nossas mentes e corações. Podemos orar pedindo pelo Espírito Santo (Atos 4:31; 8:15;

Luc. 11:13). O Espírito Santo nos ensinará (João 14:26; 1 João 2:27). O Espírito Santo produzirá em nós

frutos semelhantes a Cristo (Gál. 5:22-23); sendo o amor o maior fruto (1 Cor. 13:13). Ser guiado pelo

Espírito Santo é a confirmação de que estamos na Família de Deus (Rom. 8:14).

Mas a operação do Espírito Santo não é apenas sobre indivíduos. Deus também derrama seu Espírito sobre

a Sua família, em grupo. No Pentecostes, a congregação estava orando juntos fielmente quando ocorreu um

derramamento milagroso e surpreendente (Atos 2:1-4). Novamente em Atos 4:31, lemos que depois de orar,

os discípulos receberam outra manifestação do Espírito Santo. Da mesma forma, os Grupo de Estudos

Bíblicos em Casa hoje devem orar e buscar o Espírito Santo de Deus para inspirar e liderar seu serviço a Ele.

Os Grupos de Estudos Bíblicos em Casa devem ser um lugar onde Deus possa interagir livremente

conosco e uns com os outros; onde todos contribuem de acordo com seus dons. A Palavra de Deus deve ser

altamente respeitada e o Espírito Santo deve estar presente. O amor que busca o melhor de Deus uns pelos

outros, o amor ágape, deve se abundante. Se todos esses ingredientes estiverem lá, o grupo crescerá e

prosperará. Jesus, a videira, e nós, os ramos, daremos muitos frutos.

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P ar te I V – L i d er a nç a

Esses artigos foram escritos para ajudar a abordar a necessidade de associação cristã para aqueles que não

conseguem encontrar próximo de sua casa. As partes I, II e III discutiram aspectos de iniciar e manter os

Grupos de Estudos Bíblicos em Casa. Este artigo irá analisar a liderança.

Todos os cristãos têm dons e todos devem ministrar uns aos outros; edificando uns aos outros no Corpo de

Cristo. Há “… nem judeu nem grego … escravo nem livre … todos são um em Cristo Jesus”(Gál. 3:28). No

entanto, a Bíblia também fala de liderança na congregação (em grego ekklesia). Os anciãos (em grego

presbyteros) e os superintendentes (em grego episkopos) são mencionados em vários textos (1 Tim. 3:1;

5:17; Tito 1:5; Tia. 5:14). Em outros, os servos (em grego diakonos) também são mencionados (1 Tim. 3:8-

10; Fil. 1:1). Qual é a natureza dessa liderança? Como isto funciona na pratica?

Para os cristãos, a liderança em última análise, está com Cristo, que é o Cabeça da congregação (Efé. 5:23;

Col. 1:18). Ele deve estar dirigindo nossas reuniões, e os cristãos devem orar explicitamente por essa

direção. Mas até mesmo Jesus tem uma cabeça sobre Ele, seu Deus e Pai Jeová (João 20:17; Apo. 3:12; João

12:49). Embora Jesus tenha recebido “toda autoridade no céu e na terra” (Mat. 28:18), Ele exerce essa

autoridade com respeito e submissão a seu Deus e Pai. Da mesma forma, a liderança no Grupo de Estudos

Bíblicos em Casa deve ser exercida em submissão a Jesus. Ele é Servo e Líder: o tipo que não está acima de

lavar os pés dos seus discípulos (João 13:3-5,12-17). Examinaremos a seguir o uso bíblico desses termos –

ancião, superintendente e servo – e veremos se podemos aprender algo sobre esses cargos.

A palavra para ancião (presbyteros em grego) significa literalmente homem mais velho. Em sentido

bíblico ele é uma pessoa espiritualmente madura que pode ajudar outros que são menos maduros. Os judeus

tinham uma tradição de anciãos associados à sinagoga e ao templo (Mat. 15:2; 26:3; Atos 4:23). Em Atos,

vemos a congregação cristã tomando emprestado este termo. Por exemplo, quando a questão da circuncisão

e da Lei estava sendo discutida, Paulo e Barnabé foram “… a Jerusalém aos apóstolos e anciãos a respeito

desta questão”. (Atos 15:2) Paulo diz a Tito: “… designar anciãos em cada cidade como eu te enviei.” (Tito

1:5). Pedro considerava-se ancião e apóstolo (1 Ped. 5:1). Os anciãos que lideravam efetivamente deveriam

receber “dupla honra … especialmente aqueles que trabalham arduamente para pregar e ensinar” (1 Tim.

5:17).

O superintendente (episkopos em grego) foi traduzido como bispo em traduções como a versão King

James. Provavelmente, esta é uma tentativa de ler uma hierarquia clerical na Bíblia. No entanto, algumas

traduções modernas, traduziu de forma correta o termo grego como superintendente.

Notamos que um superintendente é colocado nesse cargo pelo Espírito Santo (Atos 20:28). Ele deve estar

acima de qualquer reprovação (1 Tim. 3:2). Ele é o mordomo de Deus (Tito 1:7) e é o guardião das almas da

congregação (1 Ped. 2:25). Em outras palavras, um superintendente tem essencialmente as mesmas funções

que um ancião – na verdade, os termos são usados alternadamente. O Léxico Grego-Inglês de Thayer, em

inglês, observa que o termo grego para episkopos denota a função do cargo, emprestado da tradição grega,

e o termo grego para presbyteros denota a dignidade, emprestado da tradição judaica.

A palavra para servo (diáconos em grego), segundo o Léxico de Thayer, em inglês, significa literalmente

alguém que executa os comandos de outros – um ministro. Os servos realizam tarefas como cuidar dos

pobres, dos viúvos, dos órfãos e dos negligenciados, além de promover o bem-estar da congregação. Uma

boa comparação de servos versus anciãos e superintendentes, encontramos no capítulo 6 de Atos. Os

apóstolos haviam convocado a congregação sobre a questão das viúvas serem negligenciadas. Em vez de

cuidar do assunto, os doze pediram que sete homens fossem escolhidos, “… cheios do Espírito Santo e da

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sabedoria, a quem podemos encarregar desta tarefa” (Atos 6:3). Os apóstolos, em vez disso, “devotam-se à

oração e ao ministério da palavra. A declaração encontrou aprovação em toda a congregação” (Atos 6:4-

5). Parece razoável então, que esse mesmo padrão se aplique hoje: os anciãos e superintendentes são os

principais responsáveis pelas necessidades espirituais e os servos pelas necessidades materiais do grupo.

No entanto, parece que essas funções não estão estritamente definidas. Por exemplo, Paulo toma a

liderança na coleta de dinheiro para os santos em Jerusalém (1 Cor. 16:1-3). Estêvão, que foi identificado

como um dos sete que ajudariam as viúvas necessitadas (Atos 6:3) é a mesma pessoa que corajosamente

prega aos judeus sobre as Boas Novas de Jesus Cristo (Atos 6:9-10). Além disso, o cargo de servo não é

limitado apenas aos homens. Paulo identifica Febe como uma “serva da congregação que está em

Cencréia” (Rom.16:1).

Agora que estabelecemos que esses papéis de ancião, superintendente e servo são bíblicos, a questão é

como esses cargos devem ser determinados nos Grupos de Estudos Bíblicos em Casa?

Primeiro, observamos que os requisitos estão bem definidos. Os superintendentes devem estar “… acima

de qualquer reprovação, marido de uma só esposa, moderado, prudente, respeitável, hospitaleiro, capaz de

ensinar, não viciado em vinho ou combativo, mas gentil, pacífico, livre do amor ao dinheiro. Ele deve ser

alguém que administre bem sua própria casa, mantendo seus filhos sob controle com toda a dignidade ” (1

Tim. 3:2-5). Paulo continua escrevendo que ele “não deve ser um novo convertido à fé e que ele deve ter

uma boa reputação entre os que estão fora da congregação” (vs. 6-7). Em Tito 1:6-9 acrescenta que “eles

também devem ser capazes de ensinar e defender a sã doutrina.” Os servos devem ser “homens de

dignidade, não de língua dupla, nem dependentes de muito vinho nem de afeição sórdida, mas mantendo o

mistério da fé com consciência limpa” (1 Tim. 3:8-9).

A segunda coisa que notamos é o próprio processo de designação. Paulo e Barnabé designaram anciãos

nas congregações que visitaram (Atos 14:23). Paulo pede a Tito que designasse anciãos em “… toda cidade

como eu te enviei” (Tito 1:5). Há um precedente: os anciãos maduros designam os novos anciãos.

A palavra grega usada para designar em Atos 14:23 é cheirotoneo, literalmente esticando a mão. É

improvável que isso signifique votar, pois Paulo e Barnabé estendem as mãos, não a congregação. Em Tito

1:5, a palavra usada é kathistemi , que significa colocar, designar, declarar ou mostrar. Tomados em

conjunto, uma explicação razoável é que Paulo, Barnabé e Tito estavam “apontando” aqueles que

cumpriram os requisitos dessas funções. O Espírito Santo desenvolveu esses atributos em certas pessoas e

Paulo, Barnabé e Tito estavam apontando isso para a congregação.

O processo deve ser similar em nos Grupos de Estudos Bíblicos em Casa nos dias de hoje. Aqueles que

estão dispostos, e que atendem aos requisitos bíblicos, devem ser reconhecidos como pela congregação. Os

anciãos atuais podem “aponta-los” para o grupo. Os anciãos, superintendentes e servos são as pessoas das

quais o grupo dependerá para apoio e ajuda espiritual e material. Por sua vez, estes líderes e servos devem

estar preparados para dar de si mesmos inteiramente a serviço de seus irmãos e irmãs, com o objetivo de

edificar o Corpo de Cristo em amor, sob a liderança de Jesus Cristo, nosso Senhor.

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P ar te V – D out r i na

Os Grupos de Estudos Bíblicos em Casa são frequentemente compostos de pessoas de diferentes crenças e

questões de doutrina surgirão sem dúvida. Esta variedade fornece uma oportunidade para o aprendizado

avançado e isso deve ser encorajado, mas também apresenta desafios. Alguns podem se sentir muito

convictos sobre ensinamentos que outros veem como opcionais, ou até mesmo antibíblicos. Como podemos

permanecer unidos em Cristo e evitar debates destrutivos?

Uma estratégia é ignorar o problema. Como uma família disfuncional, ninguém fala sobre “papai e sua

bebida”. Nós fingimos que tudo está normal enquanto andamos em cascas de ovo. Há pouco amor

espontâneo ou criatividade. Não vai demorar muito para essa família [ou Grupo de Estudos Bíblicos em

Casa] se desfaça. Obviamente, esta não é uma boa solução.

Outra opção, comum nas denominações, é desenvolver uma lista de crenças essenciais, fazer com que as

pessoas a assinem e depois controlar os desvios dela. O problema, no entanto, é quais crenças devem entrar

na lista? Podemos ter boas doutrinas em nossas crenças que prezamos, mas são elas todas essenciais para a

salvação de acordo com a Bíblia? Se não, então quais são?

Olhando para o problema de outra maneira, poderíamos perguntar: o Cristianismo é primariamente sobre

aceitar uma lista de crenças “corretas”? Historicamente, a influência do pensamento grego que levou ao

campo da teologia sistemática e à obsessão de “obter doutrina certa”. Para os israelitas, a verdadeira

adoração era mais sobre relacionamento e aliança. Eles adoraram o único Deus, Jeová. Eles estavam em

relação com ele e o serviram. Seu objetivo era agradá-lo, vivendo de acordo com seus mandamentos. Os

primeiros cristãos sabiam disso, mas agora Jesus, a Revelação de Jeová, era aquele que eles seguiam e

imitavam. É por isso que o Cristianismo no inicio era conhecido como “O Caminho” (Atos 9:2). Era um

modo de vida, um modo de estar em Cristo, e através Dele, estar em relação com Jeová, o Deus Criador.

Portanto, o relacionamento com Deus através de Cristo é muito importante para o cristão. Isso significa

que podemos dispensar a doutrina? Devem os Grupos de Estudos Bíblicos em Casa serem nada mais que um

confuso mercado local de ideias, não importa quão absurdas estas sejam? De modo nenhum! A Bíblia está

repleta de verdadeiros ensinamentos que devemos aceitar. Ordena-se que adoremos em Espírito e Verdade

(João 4:24). Ao mesmo tempo, somos encorajados a tolerar diferentes pontos de vista (Veja Rom. 14). Paulo

adverte sobre aqueles que tentam suprimir a verdade ou que não obedecem à verdade (Rom. 1:18, 2:8).

Talvez o ponto de partida seja perguntar: O que a Bíblia diz ser essencial para acreditar?

“Porque ninguém pode lançar outro fundamento senão aquele que já está posto, que é Jesus Cristo”. (1

Cor. 3:11)

“Arrependam-se e sejam batizados, cada um de vocês, em nome de Jesus Cristo, para o perdão dos seus

pecados. E você receberá o dom do Espírito Santo. ”(Atos 2:36-39)

“Filipe … declarou-lhe as Boas Novas sobre Jesus … e ele o batizou.”(Atos 8:34-39)

“A ele [Jesus] todos os profetas testificam que todo aquele que nele crê recebe o perdão dos pecados pelo

seu nome.”(Atos 10:34-43)

“Senhores, o que devo fazer para ser salvo?” Eles disseram: “Creia no Senhor Jesus e você será salvo,

você e sua família.”(Atos 16:30, 31)

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“Pois se você declarar publicamente que ‘a palavra em sua própria boca’, que Jesus é o Senhor e exercer

fé em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, você será salvo.”(Rom. 10:9)

Talvez possa se perguntar: “Mas o que exatamente é essa verdade?” Muitos cristãos entendem “a

verdade” como um sistema doutrinal. Porém, note-se que Jesus afirmou ser o caminho, a verdade e a vida

(João 14:6). Estar “na verdade” não significa aderir a algum sistema teológico, mas refere-se a estar unido a

Cristo como discípulo. Ele é quem se revela a nós pelo Espírito e pela Palavra de Deus, e através dele

passamos a conhecer o Pai e seus propósitos (João 14:7-11). O centro do Cristianismo é Jesus, não um

sistema teológico, supostamente baseado na Bíblia. (João 5:39).

A Bíblia mostra que os convertidos ao Cristianismo ouviram e acreditaram nas Boas Novas, se

arrependeram, aceitaram a Jesus como Senhor e foram batizados. Eles então se juntavam a Comunidade

Cristã. É claro que, com o passar do tempo, eles aprenderiam muito mais coisas boas sobre os propósitos e

caminhos de Deus, mas eles não se tornaram mais “salvos” do que já eram. A situação deve ser a mesma em

nos Grupos de Estudos Bíblicos em Casa. Mantendo a doutrina essencial para o que é especificado na Bíblia

como essencial, e permitindo a liberdade em ensinamentos importantes, mas não essenciais, aumentamos

muito a possibilidade de unidade.

E quanto ao Reino de Deus? Ele era o principal ensino de Jesus. Seus discípulos continuaram a pregar

depois de Sua morte e ressurreição e nós devemos fazer o mesmo (Atos 8:12, 19:8, 28:31). Mas o que é o

Reino de Deus? Em poucas palavras, é o prometido governo restaurador de Deus através do seu Messias.

Que traz bênçãos aos cristãos agora (Rom. 14:17; Col. 1:12-13) e, mais tarde, quando Jesus voltar, irá trazer

bênçãos e curas inimagináveis ao mundo inteiro (Apo. 21:1-5).

Há muitos outros bons ensinamentos em nossas crenças que apreciamos muito, mas o equilíbrio deve estar

em ordem. Se algumas dessas crenças são baseadas principalmente no cumprimento futuro da profecia, não

seria prudente deixa-las como provisórias? Isaac Newton, um grande cientista e estudioso da Bíblia, disse

que: “a profecia não era para os homens preverem o futuro, mas para os homens olharem para o passado

[após o cumprimento] e saberem que Deus está no controle da história.” Um discernimento sábio, de fato!

Geralmente há três preocupações que os cristãos têm em relação à doutrina. A primeira é a unidade, a

segunda é a ortodoxia e a terceira é a mensagem. Muitos acreditam que um sistema doutrinário comum é

necessário para reduzir as divergências. Existe a preocupação de que se as precauções não forem postas em

prática, o Grupo de Estudos Bíblicos em Casa vai se afastar da “ortodoxia” em direção à “heresia”.

Relacionado com estas duas preocupações há a questão da mensagem: Como pode um grupo evangelizar, se

ela não tem um Evangelho comum? Estas são preocupações válidas e trataremos de cada um delas.

Primeiro, deve-se entender que a verdadeira unidade ocorre quando os cristãos se amam profundamente e

estão centrados em Cristo, e não só pelo fato de terem assinado uma declaração doutrinária comum (1 Cor.

8:1-3, Fil. 2:1-3, Efe. 4:15). Jesus nos manda amar uns aos outros (João 13:34-35, Rom. 13:8), mas,

infelizmente, muitos cristãos gastam mais tempo e energia justificando sua posição doutrinária ou tentando

converter os outros aos seus conceitos do que obedecê-lo neste assunto. A maioria dos problemas

relacionados com a unidade desapareceria se os cristãos praticassem mais amor dentro de suas associações,

mantivessem o foco em Jesus, e gastassem menos tempo em debates teológicos (2 Tim 2:14).

Mas, e quanto à “ortodoxia”? Não devem os cristãos se esforçar em prol duma crença “ortodoxa”?

“Ortodoxia” e “heresia” são conceitos relativos e são muito mal entendidos pela maioria dos cristãos. A

ideia de que o Cristianismo histórico tinha uma posição doutrinária comum, homogênea, é um mito. Os

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eruditos entendem agora que o Cristianismo dos primeiros séculos tinha uma crença rica e variada.

“Ortodoxo” veio a se referir aos que tinham mais poder, e “hereges” aos que resistiram a eles. 2 John

Wycliffe, William Tyndale e John Huss foram considerados hereges em seus dias (os dois últimos foram

queimados na fogueira pela igreja “ortodoxa”), mas agora são considerados santos. Devemos rejeitar os

termos “ortodoxo” e “herege”, por serem relativos, inúteis e enganadores.

Há ocasiões em que a associação cristã não pode ser mantida? A Bíblia fala de tais situações, mas estas

geralmente são reservadas para casos de imoralidade persistente e sem arrependimento (1 Cor. 5:1-3).

O apóstolo João adverte contra aqueles que “… negam que Jesus Cristo veio em carne” (1 João 4:2-3) –

provavelmente uma advertência contra o Gnosticismo [movimento religioso desenvolvido nos primeiros

séculos, referente a qualquer conhecimento místico que se referem à condição espiritual do ser humano] –

então precisamos estar cientes de que enganos semelhantes estão sendo ensinado por outros hoje, como no

Movimento da Nova Era. Paulo fala sobre aqueles que se afastaram, ensinando que a ressurreição já havia

ocorrido (2 Tim. 2:17-19), mas sua referência a “brigar sobre palavras” (v14) e “maldade” (v19) sugere

que havia outros fatores além da doutrina. Escrevendo aos Coríntios, Paulo reconhece que alguns na

congregação não acreditam na ressurreição (1 Cor. 15:12), mas ele não os condena – ele pacientemente

raciocina com eles. E em Romanos 14, Paulo recomenda tolerância onde as crenças não essenciais diferem.

Para a doutrina nos Grupos de Estudos Bíblicos em Casa, então, a principal deve ser, unidade no essencial

[bíblico], liberdade no não essencial, e amor em todas as coisas. John Locke, em The Reasonableness of

Christianity, fornece um excelente resumo:

“Mas considerando a fragilidade do homem, capaz de correr em corrupção e miséria, ele [Deus] prometeu

um libertador, a quem em seu devido tempo ele enviou, e então declarou a toda a humanidade, que quem

cresse que Ele fosse o Prometido Salvador e Tomá-lo [agora ressuscitado dentre os mortos e constituído

Senhor e Juiz de todos os homens] para ser Seu Rei e Governante, deveria ser salvo. Esta é uma proposta

clara e inteligível, e o Deus todo misericordioso parece aqui ter consultado os pobres deste mundo e a

maior parte da humanidade.”

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P ar te VI – P a dr õe s e P rá t i c as

Em artigos anteriores, observamos a necessidade do Grupo de Estudos Bíblicos em Casa, da dinâmica de

grupo, da natureza “orgânica” do Cristianismo em casa, questões de liderança e questões doutrinárias. Neste

artigo, veremos os padrões e práticas.

É claro que Jesus e seus apóstolos nos legaram um conjunto de ensinos no Novo Testamento. Precisamos

estudá-los e considerá-los de maneira reverente, usando uma boa tradução da Bíblia, pedindo a Deus que

ilumine nossas mentes e corações. Devemos ter cuidado para não impor nossas ideias sobre a Bíblia, e sim

permitir que a Bíblia nos fale em seu contexto original. (1 Cor. 4:6) Considerar o propósito do escritor e o

provável entendimento do leitor é muito mais produtivo do que escolher textos isolados que parecem apoiar

nossas ideias pessoais. Esta última prática muitas vezes leva a um mal-entendido ou até mesmo a uma

subversão da Bíblia.

Outro princípio útil é dividir os ensinamentos em essenciais e não essenciais. A doutrina essencial é aquela

que é crucial para a salvação, conforme definido pela Bíblia. Por exemplo, o ensinamento de que Jesus é o

Cristo, o Filho de Deus, é essencial e não negociável. (Mat. 16:16, Atos 8:37). Já a crença de que os cristãos

estão debaixo da Lei de Moisés não é essencial. (Rom. 6:14, Gal. 5:18).

Outro bom princípio é o das “duas ou três testemunhas”. (Mat. 18:16). Se dois ou três textos, considerados

no contexto, concordam entre si, e não há textos que os contradizem claramente, temos base para supor que

o ensino é sólido. Se forem encontradas contradições, porém, pode ser necessário suspender a crença ou até

mesmo, rejeitar o ensino.

Por fim, é importante verificar como os escritores do Novo Testamento interpretaram o Antigo

Testamento. Precisamos seguir o mesmo padrão. Por exemplo, muitos textos que eram originalmente

aplicados a Israel foram reinterpretados para se aplicar aos cristãos (veja Êxo. 19:6 e 1 Pedro 2:9). O Antigo

Testamento aponta para Cristo e o Novo Testamento mostra que ele chegou. Em Jesus, todos os propósitos

de Deus foram concretizados e isso precisa ser mantido em mente, especialmente quando se lê o Antigo

Testamento.

Ao contrário da maioria das reuniões das igrejas modernas, a participação de todos no primeiro século era

importante. Paulo escreve:

“Quando você se reúne, cada um tem um salmo, tem um ensinamento, tem uma revelação, tem uma

língua, tem uma interpretação. Que todas as coisas sejam feitas para edificação” (1 Cor. 14:26).

“… Falem uns aos outros em salmos e hinos…” (Efé. 5:19-20; compare com Col. 3:16; Heb.10:25).

Nós temos uma imagem de uma reunião dinâmica, onde os membros estão interagindo e exercitando seus

vários dons para a edificação uns dos outros (Rom. 12:6-8). Em vez de caos, no entanto, vemos ordem e

respeito (1 Cor. 14:40). O ponto chave aqui é que se esperava que todos os membros do Grupo de Estudos

Bíblicos em Casa contribuíssem de acordo com seus dons individuais.

O ensino cristão fundamental está ligado ao Evangelho. O que dizemos a outros que estão interessados em

Jesus? Devemos apresentar uma mensagem consistente. Se examinarmos os casos de conversão no Novo

Testamento, juntaremos algumas informações importantes sobre o ensino fundamental e o Evangelho.

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Todos os profetas dão testemunho dele [Jesus], de que todo aquele que nele crê recebe o perdão dos

pecados mediante o seu nome". (Atos 10:43)

“Senhores, que devo fazer para ser salvo?” Eles responderam: “Creia no Senhor Jesus, e serão salvos,

você e os de sua casa”. (Atos 16:30,31)

Se você confessar com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou

dentre os mortos, será salvo. Pois com o coração se crê para justiça, e com a boca se confessa para

salvação. (Romanos 10:9, 10; veja também Atos 2:36-39, 8:34-39)

Apesar das alegações de alguns líderes religiosos, as Boas Novas que salvam são simples e centradas em

Jesus. Elas não têm nada que ver com complicados sistemas teológicos ou especulações proféticas. O que

era suficiente para a salvação no primeiro século ainda é suficiente para a salvação hoje. A mensagem

cristã não mudou. Sugerir o contrário é subverter a Bíblia com o nosso esquema de salvação particular. Ao

enfocarmos a salvação por meio de Jesus Cristo, como a Bíblia faz, estaremos unificados na mensagem

cristã essencial.

Naturalmente, há muita matéria na Bíblia além da salvação básica. Há detalhes sobre o Reino de Deus, que

Jesus falou amplamente. Há informações sobre a condição dos mortos e a ressurreição. Há orientações

práticas sobre a vida cristã diária e associação. Há muita profecia bíblica que requer estudo diligente. A

Bíblia nos encoraja a “pedir por entendimento” e “procurar a sabedoria como se procura a prata e buscá-la

como quem busca um tesouro escondido” (Pro. 2:3,4). Os cristãos devem ter o objetivo de progredir em sua

compreensão espiritual por meio do estudo sério da Bíblia com oração. Adquirir um conhecimento mais

profundo de Deus e Seus propósitos equipa um cristão a ser um instrutor melhor, alguém que “tira do seu

tesouro coisas novas e coisas velhas” (Mat. 13:52).

Porém, a cautela é sempre necessária. Embora os cristãos devam buscar um entendimento mais profundo

da Bíblia, não devemos insistir que outros adotem nossa opinião particular como uma crença essencial – por

mais convencidos que estejamos de que essa opinião é a verdade. Ninguém pode pôr outro fundamento além

do que já está posto: Jesus Cristo (1 Cor. 3:11). Devemos ter em mente o principal: unidade no essencial,

liberdade no não essencial, e amor em todas as coisas. Os ensinamentos essenciais estão centrados em

Jesus, nosso Senhor e Salvador: o que ele fez e continua a fazer por nós, para a glória de Deus, o Pai.

A oração era muito importante para os cristãos do primeiro século e era uma prática comum (Atos 12:12).

É o elo de comunicação indispensável com Deus. Depois da ascensão de Jesus, os discípulos “… se uniram

constantemente em oração…” (Atos 1:14; compare Atos 2:42). Em uma reunião, os discípulos estavam

orando juntos quando a casa tremeu e eles estavam cheios do Espírito Santo (Atos 4:23-31). Quando

decisões importantes estavam sendo tomadas, ou quando os cristãos eram enviados para o ministério, Deus

era consultado em oração para abençoa-los (Atos 1:24; 6:6; 13:3; 14:23).

A oração era considerada tão importante que os apóstolos e anciãos decidiram se dedicar a ela, juntamente

com o ministério da Palavra (Atos 6:1-4). Em um caso, Pedro e João oraram para que alguns samaritanos

recebessem o Espírito Santo e sua oração foi respondida (Atos 8:14-16). Durante a perseguição, os cristãos

oram fervorosamente uns pelos outros (Atos 12:5; Rom. 15:31; 2 Tes. 3:2). Eles frequentemente

testemunhavam que Deus respondia suas orações, às vezes de maneira milagrosa e marcante (Fil.1:19; Atos

16:25-26; Tia. 5:13-16). Dados os muitos exemplos do primeiro século, a oração deve ser uma prática

central e predominante nos Grupos de Estudos Bíblicos em Casa.

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Muitas vezes ligado à oração, está o louvor. Jesus conclui sua última refeição da Páscoa com um hino

(Mat. 26:30). Paulo e Silas cantaram louvores a Deus enquanto estavam na prisão (Atos 16:25). Paulo disse:

“… cantarei com o meu espírito, mas também cantarei com a minha mente” (1 Cor. 14:15). Ele diz aos

Efésios para “… falar uns aos outros com salmos, hinos e cânticos espirituais. Cante em seu coração ao

Senhor … ” (Efé. 5:19; veja também Col. 3:16). Além disso, Tiago escreve: “Alguém está feliz? Que ele

cante canções de louvor ”(Tia. 5:13b).

Sem dúvida, louvar a Deus com hinos era um elemento central da vida da congregação no primeiro século

– e assim deve ser hoje. Se alguém tiver o dom da musicalidade, pode usá-lo no Grupo de Estudos Bíblicos

em Casa para edificação de todos. Deus está satisfeito com nossos esforços para louvá-lo – mesmo que

nossas vozes estejam ligeiramente fora do tom! É primariamente com os nossos corações que Deus se

preocupa.

Ensinar e aprender a Palavra de Deus também é muito importante. Era crucial para os cristãos

desenvolverem sua compreensão dos caminhos e propósitos de Deus até o ponto em que estavam maduros e

pudessem ensinar a outros (2 Tim. 2:2). Em uma ocasião, Paulo ensinou uma congregação em Trôade até a

meia-noite (Atos 20:7). A palavra grega usada aqui é dialegomai, que significa discutir, debater, exortar,

pregar ou raciocinar. Não foi apenas um discurso de despedida, mas provavelmente um diálogo envolvendo

os membros da congregação.

Para os Colossenses, Paulo escreve: “Depois que esta carta foi lida para vocês, façam que ela também

seja lida na igreja de Laodicéia e que vocês, por sua vez, leiam a carta de Laodicéia” (Col. 4:16; compare 1

Tes. 5:27). Nós temos uma imagem de alguém lendo a carta e sem dúvida, os membros discutindo isso para

garantir que eles entenderam a importância do que Paulo estava dizendo. Da mesma forma hoje, devemos ler

e discutir a Bíblia com o objetivo de crescer em Cristo e conhecer melhor os propósitos de Deus. Aqueles

com o dom de ensinar devem conduzir esses estudos interativos (Rom. 12:7; 1 Cor. 12:28.)

Manifestações milagrosas do Espírito Santo eram comuns nas congregações do primeiro século, incluindo

dons de profecia, de curas, de discernimento e de falar em línguas (1 Cor. 12:7-10). Paulo diz aos

Tessalonicenses para não resistirem ao exercício dos dons (1 Tes. 5:19). Aos Coríntios, ele diz: “desejai

sinceramente dons espirituais…” (1 Cor. 14:1).

No entanto, hoje há debates sobre se esses dons ainda existem ou não. Em 1 Coríntios 13, ensina que os

dons passarão, mas quando? O contexto sugere, muito provavelmente, quando Jesus voltar para restaurar

todas as coisas (“… quando vier o que é perfeito … então veremos face a face” - vs. 10-12). Então é

importante ter tolerância. Não devemos julgar nossos irmãos por causa de suas visões dos dons espirituais.

No entanto, ao mesmo tempo, nós precisamos usar o discernimento (1 Cor. 2:14). Os dons espirituais

autênticos exercidos nas reuniões não contradizem os claros ensinamentos bíblicos, serão edificantes para os

irmãos e sempre motivados pelo amor cristão.

Refeições compartilhadas eram comuns na congregação do primeiro século e são populares hoje. As

refeições devem ser um momento maravilhoso para associação cristã. A refeição mais importante de todas,

foi a refeição instituída por Jesus: A Ceia do Senhor - a partilha do pão e do vinho, simbolizando o Seu

corpo partido e o Seu sangue derramado (Luc. 22:14-20; 1 Cor. 11:17-34). Muitos irmãos celebram

anualmente, outros com mais frequência. A Bíblia não indica claramente a frequência, mas é uma ocasião

importante e respeitosa. Deve ser celebrada com o alto respeito que temos por nosso Senhor Jesus e ao que

Ele fez por nós.

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As reuniões das congregações do primeiro século, embora principalmente para os cristãos, também eram

uma oportunidade para evangelizar os que não eram cristãos. Paulo sugere que, nesses casos, os cristãos

devem se concentrar na profecia – isto é, falar a Palavra de Deus na esperança de atrair o visitante a Cristo

(1 Cor. 14:22-25). O Grupo de Estudos Bíblicos em Casa deve fazer o mesmo.

Duas das principais características identificadoras da vida da congregação no primeiro século foram o

amor e o cuidado (João 13:14-15, 35). Há uma longa lista de escritos sobre eles (Rom. 12:10; 1 Ped. 4:9;

Efé. 4:32; Heb. 13:16; Gál 5:13; etc.) Se falharmos em pratica-los em nossa associação cristã, o restante das

nossas atividades no Grupo de Estudos Bíblicos em Casa será em vão (1 Cor. 13). Parte do cuidado é

compartilhar recursos com os necessitados. Os cristãos devem ser generosos quando se trata de dar, e dar de

maneira voluntária e generosa, não por compulsão (Mar. 12:41-44; 2 Cor. 9:6-8; Atos 4:32-35).

Não devemos apenas dar para as necessidades dos membros locais, mas também para os irmãos de fora do

grupo que precisam de ajuda (Atos 11:27-30).

Vimos então que as congregações do primeiro século eram um centro de atividade espiritual: hinos,

orações, refeições, exercício de dons, cuidado, doação e evangelização – tudo feito em amor e na adoração

do único Deus verdadeiro, Jeová. Ao nos modelarmos nesse padrão e com a ajuda de Deus, os Grupos de

Estudos Bíblicos em Casa serão um refúgio espiritual para aqueles que querem seguir a Jesus e precisam de

bons amigos cristãos que realmente se importem com eles.

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P ar te VI I – O l ha nd o à F r e nt e

O Ca m i nh o A d i a nt e

Então, você agora faz parte de um Grupo de Estudos Bíblicos em Casa em funcionamento. Você, sua

família, parentes e amigos desfrutam da rotina de reuniões regulares. Você passou com sucesso em vários

pontos de crises – como aquela grande discussão sobre doutrina, ou a questão sobre qual casa deveria ser a

anfitriã das reuniões, ou a tensão quando uma nova família com ideias radicais se juntou ao grupo.

Graças a Deus e amor ao próximo, o grupo sobreviveu para alcançar um estado de paz e prosperidade

espiritual. O que vem a seguir?

Um problema que pode confrontar os Grupos de Estudos Bíblicos em Casa bem-sucedidos, e é um bom

problema para se ter, é o crescimento. Um bom grupo tende a atrair pessoas, mas como as reuniões são

realizadas na casa de alguém, existem limites físicos. Quando um Grupo de Estudos Bíblicos em Casa atinge

entre 15 e 20 membros, e ainda está crescendo, pode ser prático considerar a divisão, ou seja, alguns

membros deixarão o grupo atual para começar um novo Grupo de Estudos Bíblicos em Casa em outra casa.

Isso pode ser um evento traumático. Amizades foram formadas, e alguém pode não querer sair do grupo

atual. Mas a experiência mostra que os Grupos de Estudos Bíblicos em Casa prosperam quando o grupo é

mantido com menos de 15 ou 20 pessoas. Quando grandes grupos se dividem, mais pessoas podem ter a

oportunidade de vir a Cristo e crescer na fé. Isso ocorre porque os grupos começam a ter uma maior

presença geográfica e os membros têm a oportunidade de aprender novos dons. Os voluntários que se

mudam para formar um novo grupo, podem ver isto como uma oportunidade de missão. No entanto, antes de

decidir se dividir, deve haver oração, discussão e consenso entre os membros.

Normalmente, as conexões entre os Grupos de Estudos Bíblicos em Casa se formarão, e isso deve ser

encorajado. No primeiro século, as redes de congregações eram normais. Por exemplo, Paulo pede aos

Colossenses que leiam a carta de Laodicéia e vice-versa (Col. 4:16). Pedro dirige sua primeira carta a: “…

os que residem como estrangeiros, espalhados por Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia …” (1 Ped.

1:1). Havia consciência entre as congregações de estarem em uma rede – que eles estavam relacionadas

umas com as outras e todas faziam partes da Congregação Universal de Jesus Cristo. Havia poder nos

números. Por exemplo, Paulo pôde fazer uma coleta entre as congregações dos gentios para os santos de

Jerusalém que estavam passando por dificuldades, em parte devida a uma fome na região (1 Cor. 16:1-4).

No primeiro século, os apóstolos mantiveram essas redes vivas – visitando as congregações regularmente e

enviando cartas. Embora hoje não tenhamos apóstolos no sentido dos “doze escolhidos por Jesus”, algumas

redes desenvolveram um conceito de “circuito”, em que irmãos e irmãs maduros se oferecem para visitar

outros Grupos de Estudos Bíblicos em Casa para ajudar onde poderem, trocar ideias e experiências ou

apenas manter contato dentro da rede. Isto provou ser uma boa maneira de ajudar uns aos outros a manter os

grupos espiritualmente fortes e trabalhando juntos.

As primeiras congregações também se encontraram como um grupo maior. Embora os apóstolos

visitassem as casas regularmente, eles também foram encontrados no templo pregando e ensinando, junto

com os discípulos (Atos 2:46). Em Atos 5:12, “… todos eles estavam de comum acordo no pórtico de

Salomão.” O pórtico ou alpendre de Salomão era uma grande área coberta no lado leste do templo – perfeita

para se reunir como um grupo maior. Da mesma forma hoje, as Redes de Grupos de Estudos Bíblicos em

Casa podem alugar um espaço maior para realizar um congresso. Alguns grupos se reúnem para um

congresso mensal, bimestral ou trimestralmente. Outros se reúnem semestral ou anualmente. Devido ao

tamanho maior dessas reuniões, uma estrutura mais formal geralmente é mais eficaz. Por exemplo, aqueles

com o dom de ensinar podem apresentar informações práticas ou conduzir estudos bíblicos. A adoração em

grupo com hinos, oração, testemunhos, discursos e, claro, refeições, são parte desses congressos.

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No entanto, surge uma pergunta: Se os Grupos de Estudos Bíblicos em Casa vão se reunir periodicamente

como um grupo maior, para um congresso, por que não comprar uma propriedade?

Alguns grupos foram transferidos para um local permanente e conseguiram manter a intimidade de

pequenos Grupos de Estudos Bíblicos em Casa. No entanto, essa é uma tarefa significativa e inclui decisões

e processos complexos em torno da aquisição e manutenção do local, considerações legais e assim por

diante, bem como recursos significativos – tanto dinheiro quanto tempo. Além disso, devido à

complexidade, mais sobrecarga deve ser administrada. As Redes de Grupos de Estudos Bíblicos em Casa

podem ser mantidas por um custo e esforço mínimos, liberando os cristãos para que usem mais recursos para

ajudar mais pessoas. Por outro lado, ter um local permanente para congressos certamente tem muitas

vantagens, como comprovado membros de tais grupos. As Redes de Grupos de Estudos Bíblicos em Casa

que estão considerando a obtenção de um local devem abordar esta decisão com seriedade e em oração, e

buscar conselho de pessoas com experiência nesses assuntos.

Missão e divulgação são muito importantes para a vibrante vida do Grupo de Estudos Bíblicos em Casa. É

fundamental que o Reino de Deus seja modelado para que a região em volta possa observar (Mat. 5:14-

15). Caso contrário, os grupos podem se tornar voltados para dentro e com isso desenvolver uma atitude de

“nós quatro e mais ninguém”. Se olharmos para os primeiros cristãos, eles passaram um tempo cuidando uns

dos outros, mas também fizeram bem a todos os homens quando tiveram oportunidade (Gál. 6:10). Levar o

Evangelho a outros e ajuda-los a valorizar um relacionamento com Deus é o principal objetivo do grupo. A

mensagem interna para os santos é amadurecer plenamente na imagem de Cristo, para que possamos

participar do ensino e restauração à perfeição do mundo na Era do Reino. Tudo o mais que fizermos para

restaurar o mundo no tempo presente é secundário para esses objetivos. Mas onde a Providência Divina nos

dá oportunidade de fazer o bem, vamos ser rápidos em fazê-lo.

À medida que as Redes de Grupos de Estudos Bíblicos em Casa crescem e se expandem na região, elas

devem fornecer um refúgio espiritual para os pobres e solitários de espírito. Ao modelar o Cristianismo

simples e que muda a vida em ação, existe a oportunidade de atrair mais pessoas que não são cristãs para

Cristo. Que o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus receba toda a honra, louvor e glória!

Para aqueles que estão em busca de associação cristã mais significativa, o Grupo de Estudos Bíblicos em

Casa é uma boa opção. Esse empreendimento tem seus desafios, mas os benefícios superam amplamente os

custos. Fazer parte de um grupo atuante, conduzido pelo Espírito, equivale a estar perto do coração de Jesus.

Se você não puder encontrar uma perto de você, basta pedir a um amigo ou dois para vir à sua casa para um

estudo bíblico e uma refeição. Jesus promete estar lá (Mat. 18:20). Orem por direção. Orem uns pelos outros

e por outros necessitados. Cantem hinos. Sejam empáticos, pacientes e amorosos conforme o grupo cresce e

amadurece (Fil. 2:3). Estejam unificados naquilo que é essencial biblicamente, mas mantenham a liberdade

em coisas não essenciais (Rom. 14:5). Experimentem por si mesmos a paz e a alegria de adorar a Deus em

verdadeira liberdade cristã!

Isso nos leva ao fim de nossa série de artigos sobre os Grupos de Estudos Bíblicos em Casa. O propósito

deste guia é ajudar nossos irmãos e irmãs que precisam de associação cristã, mas não conseguem encontrar

próximo de sua casa. Nossa esperança é que esses artigos tenham fornecido algumas ideias sobre como

começar e manter um Grupo de Estudos Bíblicos em Casa e Redes de Grupos de Estudos Bíblicos em

Casa. Que Jeová Deus abençoe seus esforços!

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Parte VIII – Créditos dos Artigos Anteriores

Gordon Coulson.

Algumas referências bíblicas nesta tradução foram extraídas da NVI.

Christian Discipling Ministries International:

http://www.cdmi.org/articles/house-church-fellowship

Parte I – Como Começar:

http://www.cdmi.org/articles/house-church-fellowship/32-part-i-getting-started

Parte II - Formação, Turbulência, Normas, Realizações :

http://www.cdmi.org/articles/house-church-fellowship/33-part-ii-forming-storming-norming-performing

Parte III - Sendo Orgânico :

http://www.cdmi.org/articles/house-church-fellowship/34-part-iii-going-organic

Parte IV - Liderança :

http://www.cdmi.org/articles/house-church-fellowship/35-part-iv-leadership

Parte V - Doutrina :

http://www.cdmi.org/articles/house-church-fellowship/36-part-v-doctrine

Parte VI - Padrões e Práticas :

http://www.cdmi.org/articles/house-church-fellowship/37-part-vi-patterns-and-practices

Parte VII - O Caminho Adiante :

http://www.cdmi.org/articles/house-church-fellowship/38-part-vii-looking-ahead

Mentes Bereanas.

Artigo Original: Associação Cristã em Igreja nos Lares

http://www.mentesbereanas.info/igrejanoslares.html

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The following are references and suggestions for

further reading:

Authentic Relationships, Wayne Jacobsen & Clay

Jacobsen

Biblical Eldership, Alexander Strauch

Houses That Change the World, Wolfgang Simson

Nexus – The World House Church Movement

Reader, Rad Zdero

Paul’s Idea of Community, Robert Banks

The Body of Christ: A Reality, Watchman Nee

The Church Comes Home, Robert and Julia Banks

The Global House Church Movement, Rad Zdero

A seguir, são referências e sugestões para leitura

adicional:

Relações Autênticas, Wayne Jacobsen & argila

Jacobsen

Presbitério Bíblico, Alexander Strauch

Casas que Mudaram o Mundo, Wolfgang Simson

Nexus - A Casa Igreja Mundial Leitura do

Movimento, Rad Zdero

Ideia de Paulo da Comunidade, Robert Banks

O Corpo de Cristo: Uma Realidade, Watchman

Nee

A Igreja Chega em Casa, Robert e Julia Banks

O Movimento Global da Igreja em Casa, Rad

Zdero

NOTAS:

1 Este modelo foi proposto por Bruce Tuckman em 1965 para aplicação em administração comercial.

2 Veja, por exemplo, A History of Christianity [História do Cristianismo], Paul Johnson, Athenum, Nova

Iorque, 1985, pág. 43.

Estes artigos foram traduzidos, editado e adaptado para este PDF pela

Associação Cristã de Estudos Bíblicos.

Exceto o artigo do site Mentes Bereanas.

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Parte XI – Pontos Importantes

Muitos irmãos não tem um lugar para se reunir ou estão sozinhos na Fé, mas há algumas dicas que se

pode levar à não deixar a Fé:

1. Tenha um programa de estudo.

2. Seja constante.

3. Tentar organizar um dia determinado e horário determinado para o seu estudo.

4. Peça o guia de Deus, o seu Espírito Santo.

5. Fale para os outros da Fé e da Salvação.

6. Convide familiares ou amigos para a leitura da Palavra de Deus.

7. Use alguns artigos para o seu estudo.

Markos Menddietta

Argentina

Iglesia de Cristo

“Não estamos querendo formar uma organização ou refazer um movimento religioso. Queremos formar

grupos organizados, com o mínimo de estrutura possível e unidos uns com os outros.”

Flavio Hassis

Brasil

Associação Cristã de Estudos Bíblicos

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Parte XII – A Associação Cristã de Estudos Bíblicos e Associados

Somos um grupo cristão independente, não afiliado a nenhuma denominação religiosa estabelecida,

porque acreditamos que eles restringiram, através de muitos anos de história, a liberdade cristã. Somos uma

comunidade cuja irmandade é baseada em uma compreensão compartilhada da Bíblia. Reconhecemos que

há pequenos grupos na maior parte do mundo que compartilham nossas crenças, que nos unem, nos mantêm

vivos e em expansão, com convicções às quais cada membro chega de forma livre e independente.

Aceitamos a Bíblia como a Palavra Inspirada de Deus e a estudamos em sua totalidade, buscando a

completa harmonia da Bíblia Sagrada no Plano de Deus. (2 Tim. 3:16,17; Atos 17:11). Como um grupo

cristão independente, não temos uma sede, mas mantemos uma associação fraterna com outros grupos

cristãos que compartilham pensamentos e crenças semelhantes em todo o mundo. Em nossas reuniões,

geralmente realizadas nas casas, estudamos e consideramos diferentes temas bíblicos que se aplicam à nossa

vida cotidiana e à nossa esperança como cristãos, seguindo o exemplo deixado pelos cristãos do primeiro

século.

A Associação Cristã de Estudos Bíblicos e Associados não atua como uma entidade supervisora dos

grupos que estão associados com ela. Reconhecemos o direito soberano de cada grupo, não importa quão

pequeno seja, para conduzir seus próprios assuntos em harmonia com seus próprios desejos. Nos oferecemos

para cooperar com os irmãos em todos os lugares em que haja aqueles que estão desejosos em edificar um

ao outro espiritualmente.

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De acordo com este Guia, a Associação Cristã de Estudos Bíblicos e Associados

seguem a seguinte estrutura:

1. O Grupo de Estudos Bíblicos é autônomo e independente. (Pag. 4)

2. Não devemos julgar quem tiver pontos de vista diferente do Cristianismo. (Pag. 5)

3. Rotatividade de locais para reunião. (Pag. 5)

4. Reuniões com leitura e estudo da Bíblia. (Pag. 5)

5. Um Grupo de Estudos Bíblicos pode ser formado por no mínimo 2 pessoas. (Mat. 18:20) (Pag. 6)

6. Comunicação clara e honesta entre os membros. (Mat. 5:37) (Pag. 7)

7. Os cargos nos Grupos de Estudos Bíblicos não são estáticos. (Pag. 7)

8. Direção rotativa nos Estudos Bíblicos. (Pag. 8)

9. Principio doutrinário nos Grupos de Estudos Bíblicos: Unidade no essencial, Liberdade no não

essencial e amor em todas as coisas. (Pag. 9)

10. Exercer dons espirituais. (Pag. 10)

11. Alimentar pela Palavra e orar pedindo o Espírito Santo. (Pag. 11)

12. Anciãos, superintendentes, servos e servas são reconhecidos pelo Grupo de Estudos Bíblicos. (Pag.

12)

13. Anciãos e superintendentes são responsáveis pela necessidade espiritual do Grupo. (Pag. 13)

14. Servos e servas são responsáveis pela necessidade material do Grupo. (Pag. 13)

15. Anciãos do Grupo designam novos anciãos e servos. (Pag. 13)

16. O objetivo do Grupo de Estudos Bíblicos é ajudar a cada membro a ter um relacionamento achegado

com Jeová por meio de Cristo. (Pag. 14)

17. Nossa principal doutrina é o Evangelho e o Reino de Deus. (Pag. 15)

18. A associação cristã é encerrada em casos de imoralidade persistente e sem arrependimento. (1 Cor.

5:1-3) (Pag. 16)

19. Não impor ideias pessoais. (1 Cor. 4:6) (Pag. 17)

20. Dividir a doutrina em essencial e não essencial. (Pag. 17)

21. Principio das duas ou três testemunhas. (Pag. 17)

22. Analisar textos do Antigo com o Novo Testamento. (Pag. 17)

23. Participação do membros do Grupo de Estudos Bíblicos nas reuniões. (Pag. 17)

24. O Fundamento do Cristianismo é Jesus Cristo. (1 Cor. 3:11) (Pag. 18)

25. Orar, louvar a Deus com hinos, aprender, ensinar e compartilhar são fundamentos cristãos. (Pag. 19)

26. Evangelizar quem ainda não é cristão. (Pag. 20)

27. Dividir o Grupo de Estudos Bíblicos quando estiver com 15 ou 20 membros, para manter o

crescimento do grupo. (Pag. 21)

28. Conexões entre os Grupos de Estudos Bíblicos. (Pag. 21)

29. Desenvolver o conceito de circuito, com irmãos maduros visitando outros Grupos de Estudos

Bíblicos. (Pag. 21)

30. Se reunir para congressos periodicamente. (Pag. 22)

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Parte XIII – Sugestões Para Reuniões e Congressos:

Sugestão para Reuniões 1

Hino e Oração Inicial (5 min.)

Leitura da Bíblia (15 min)

Estudo do Texto (30 min)

Hino e Oração Final (5 min.)

Tempo Total: 55 minutos

Sugestão para Reuniões 2

Hino e Oração Inicial (5 min.)

Discurso (30 min.)

Hino (5 min.)

Leitura da Bíblia (15 min)

Estudo do Texto (30 min)

Hino e Oração Final (5 min.)

Tempo Total: 1 hora e 30 minutos

Sugestão para Congressos

Manhã

Boas-vindas, Hino e Oração Inicial (5 min.)

Discurso (30 min.)

Intervalo (15 min.)

Reunião de Testemunho (30 min.)

Intervalo (15 min.)

Discurso* (30 min.)

Hino e Oração (5 min.)

Tempo: 2 horas e 10 minutos

Intervalo Para o Almoço e Associação Cristã (60 min.)

Tarde

Hino e Oração (5 min.)

Discurso (30 min.)

Intervalo (15 min.)

Sessão de Perguntas e Respostas — Com Participação da Assistência (30 min.)

Intervalo (15 min.)

Discurso (30 min.)

Despedida, Hino e Oração Final (5 min.)

Tempo: 2 horas e 10 minutos

Tempo Total: 5 horas e 20 minutos

* Caso tenha irmãos ou irmãs para serem batizados, será feito o Discurso Batismal.

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