guia ecológico doméstico - maurício waldman dan schneider

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Maurcio Waldman Dan Schneider

GUIA ECOLGICO DOMESTICO

MAURCIO WALDMAN DAN MOCHE SCHNEIDER

Para Cacilda Lanuza, indomvel militante ambientalista.

SUMRIO

INTRODUO I - CULTIVANDO EM CASA Alimentos produzidos industrialmente O cheque sem fundo da agricultura m o d e r n a Praticando a agricultura ecolgica O que composto orgnico? Fazendo o composto orgnico Materiais da sua casa que podem ser compostados Tcnicas de compostagem O mtodo do caixo neozelands Outras tcnicas existentes Controle da compostagem Aplicando o composto orgnico Como cultivar hortalias Onde plantar? Como plantar e preparar a terra? Semeando e transplantando Cultivando rvores frutferas Um pomar diretamente na terra O seu pomar em vasos7

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Os cuidados a serem tomados com o seu pomar As espcies indicadas para a sua casa Espcies para o clima tropical Espcies para o clima subtropical Espcies para o clima temperado Como montar u m jardim Mantendo as plantas em recintos fechados Os cuidados bsicos da jardinagem domstica Como manter suas plantas vistosas e saudveis Hidroponia: cultivando sem terra As modalidades da hidroponia As vantagens da hidroponia Fazendo sua horta hidropnica H - BOM APETITE! Pensando antes de c o m e r A farsa dos transgnicos Carne para poucos ou alimentos para muitos? Como escolher frutas e verduras O cru e o cozido Alimentando-se de vegetais e frutas cruas As frutas Aproveitando tudo A casca da banana A casca da batata A casca do maracuj Folhas e talos O po velho O arroz cozido Os nabos O caroo da jaca Dicas para aproveitar os minerais dos alimentos Processos simples e eficientes para conservar os alimentos Processo de armazenamento de cereais em gros Processo com gelo-seco Processo com leo Processo da queima de oxignio

35 35 36 36 36 37 37 38 40 41 43 43 44 45 45 45 47 51 52 53 54 57 58 58 58 58 59 59 60 60 60 62 62 63 63 64

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Fazendo conservas de frutas Preparando o xarope das conservas de frutas As etapas da elaborao das conservas de frutas Fazendo conservas de cogumelos Fazendo conservas de legumes, verduras e feijes Conservas de carne bovina Fazendo a conserva tradicional Fazendo carne-de-sol Mtodos para conservar ovos Mtodo do papel de seda Mtodo da gua de cal III - EVITANDO O DESPERDCIO Valorizando os recursos As grandes fontes de desperdcio Combatendo o desperdcio Dicas para economizar energia Economizando com a geladeira Economizando na hora de ligar o chuveiro Economizando na hora de ligar a luz Economizando na hora de ligar a televiso Economizando na hora de ligar o ferro eltrico Economizando na hora de ligar a mquina de lavar Economizando na hora de ligar o ar-condicionado Economizando na hora de ligar a torneira eltrica Economizando na hora de ligar o forno de microondas.. Diminuindo o consumo no horrio de pico Combatendo os vazamentos de energia eltrica Dicas para economizar gua Detectando evidncias de vazamentos Testando vazamentos Economizando na hora de abrir a torneira Economizando na hora de ligar o lava-louas Dicas para economizar gs Aproveitando melhor o gs Cuidados necessrios com o gs Usando energias alternativas Utilizando a energia solar em sua casa Utilizando a energia elia na sua casa9

64 64 65 66 67 68 68 69 69 69 70 71 71 72 74 76 77 78 79 80 82 82 83 84 84 85 85 86 89 89 90 92 92 93 93 95 96 99

IV - LIXO: ACERTANDO NA CESTA O problema do lixo Solues gerais existentes para o lixo Mudando o seu modo de vida Diminuindo a gerao de resduos Ajudando a manter o mundo limpo Gerando menos problemas com as embalagens Gerando menos problemas com as pilhas Impedindo a transformao do papel em lixo Impedindo a transformao do vidro em lixo Impedindo a transformao do plstico em lixo Impedindo a transformao dos metais em lixo Impedindo a transformao do vesturio em lixo Impedindo a transformao das suas utilidades domsticas em lixo Impedindo a transformao de qualquer tipo de substncia ou material em lixo Utilizando produtos ecolgicos Identificando o "marketing verde" Reciclando recursos vitais Conhecendo a coleta seletiva Fraes seca e molhada Os cdigos de cores da reciclagem Os rejeitos O que as prefeituras tm feito O que os catadores tm feito O que voc pode fazer Reciclando papel na sua casa Reciclando papel fora da sua casa Organizando um programa local de coleta de papel Implantando e monitorando o programa Organizando o espao para armazenagem do papel Organizando a coleta de papel Registrando os custos do programa local Registrando os benefcios do programa local V-LIMPANDO ECOLOGICAMENTE Alternativas aos pesticidas e desodorizadores Combatendo as formigas10

101 101 104 104 105 105 105 108 108 110 111 113 114 115 116 116 119 119 120 121 122 122 122 124 125 125 126 126 127 128 128 128 129 131 131 132

Combatendo Combatendo Combatendo Combatendo Combatendo Combatendo Combatendo Combatendo Combatendo

as moscas (sem trguas) as baratas os piolhos os insetos de plantas as pulgas nos animais as traas os cupins os pernilongos os insetos voadores

133 133 134 134 134 135 135 136 136 136 138 138 138 139 139 139 139 139 140 140 140 141 141

Alternativas aos produtos de limpeza Fazendo detergente caseiro e sabo lquido para pia e limpeza em geral Fazendo sabo novo para lavar loua com restos de sabo velho Alternativas para afastar odores inconvenientes Perfumando sua cozinha Desodorizando a cozinha Desodorizando os ambientes em geral Desodorizando o cheiro dos animais domsticos Desodorizando sapatos e tnis Desodorizando pinturas de parede Como fazer saquinhos de cheiro Rosa, jasmim e lavanda: misturando aromas Pout-pourri de rosa Pout-pourri de sndalo doce (mistura mida)

Alternativas para limpezas especficas 142 Limpando o carpete 142 Limpando o tapete 142 Limpando os mveis dos plos dos animais domsticos 142 Limpando as janelas 142 Limpando metais e louas sanitrias 143 Limpando cermicas e azulejos em geral 143 Dando brilho nos mveis 143 Amaciando roupas em geral 143 Amaciando roupas de l 143 Evitando o mofo e a umidade 143 Alternativas para tirar manchas Tirando manchas da porcelana Tirando manchas da parede8

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Tirando Tirando Tirando Tirando Tirando Tirando

manchas manchas manchas manchas manchas manchas

do bronze do cobre das pias dos estofados de pano dos tapetes dos tecidos

144 145 145 145 145 146 147 151 151 153 154 156 156 156 157 157 157 157 157 158 158 159 l60 161 163 163 163 164 164 165 165 166 166 166 166 166

Cuidados c o m os animais VI - REFORMULANDO A FARMCIA Uma sociedade doente Contando c o m o prprio c o r p o Algumas regras bsicas de higiene fsica e mental Fazendo preparados medicinais Preparando compressas Preparando extratos simples Preparando leos fixos Preparando pasta de amido Preparando ps medicinais Preparando uma decoco Preparando uma infuso Preparando uma tintura Preparando xaropes Plantas utilizadas na medicina alternativa Um jardim medicinal e m casa Espcies que podem ser cultivadas e m casa Indicaes do receiturio caseiro Medicando o reumatismo, artrite, torceduras e dores musculares Medicando a diarria Medicando a conjuntivite Medicando a tosse Medicando o nariz entupido Medicando gripes e resfriados Medicando a sinusite Medicando a bronquite Medicando a garganta inflamada Medicando a dor de cabea Medicando a dor de dente

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Medicando a ressaca Medicando as queimaduras do sol Medicando pequenos cortes Medicando priso de ventre Medicando picadas de abelhas e marimbondos Medicando picadas de pernilongos e borrachudos Medicando casos de vermes e de solitria em crianas Medicando dores estomacais Fortalecendo os seus dentes e as suas gengivas Limpando suas fossas nasais Cicatrizando ferimentos Cuidados a serem tomados numa farmcia REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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INTRODUO

A alegria de uma casa, em bem pouco se resume: Beijos, abraos, canes, gua, po, flores e lume.

A crise ambiental um fenmeno que nos anuncia a morte das flores e das canes, o envenenamento da gua e do po, sem contar a crescente escassez de alimentos, quase sempre mascarada pela m distribuio da riqueza gerada pela sociedade. Essa crise revela-se tambm em dados (Worldwatch Institute), como os cinco bilhes de dlares anuais gastos pelos norte-americanos em dietas para diminuir o seu consumo de calorias, enquanto centenas de milhes de pessoas no mundo acham-se to subnutridas que seus corpos e mentes esto sofrendo prejuzos irreversveis. Pressionados a enfrentar a crise, os centros de poder mundial insistem exclusivamente numa abordagem defensiva, que busca evitar a todo custo os efeitos indesejveis da poluio, encobrindo ao mesmo tempo a raiz do problema: o modelo de civilizao existente, que se reproduz semeando desejos que, ao serem transformados em necessidades crescentes, vampirizam a Natureza e engendram desigualdade, frustrao, dependncia e alienao. Antes de tudo, preciso lembrar que a luta por um ambiente sadio no pode ser estritamente voltada para a preservao das es-

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pcies animais e vegetais - cuja sobrevivncia est ameaada pela poluio e pela degradao do ambiente natural - mas tambm para o homem, que tambm uma vtima da catstrofe planetria. O enorme conjunto de seres humanos que habitam condomnios, casas e apartamentos, localizados em paisagens urbanas em todo o mundo, so geralmente compreendidos como "seres distantes da Natureza". Mas ser que isso mesmo? A Natureza est fora de casa, longe da cidade? At que ponto a casa no se refere a uma ecologia prpria? Lembre-se de que por entender que a Natureza algo "externo" aos homens e s mulheres que muitas vezes as pessoas deixam de pensar o que seria uma prtica ecologicamente correta a ser realizada no bairro, no local de trabalho, na escola ou no interior do lar. No perodo em que hoje vivemos, a vida urbana incentiva e condiciona hbitos de esbanjamento e de destruio, que so uma barreira proteo da Natureza. O seu grande motor o consumismo, que se tornou smbolo da liberdade individual. Essa idolatria do consumo nos convence, por todas as maneiras, de que a aquisio de bens tem relao direta com a felicidade. Ou seja, quanto mais se consome, mais se feliz. Ora, essa relao no verdadeira. Os ensinamentos de muitas culturas assim esclarecem. Pode ser uma frase batida, mas o fato que, para alm do nvel de suficincia material, dinheiro no compra felicidade. Romper com essa situao no nada fcil. Acostumados que estamos em consumir, agir de outra forma pode ser impossvel, caso no tenhamos um mnimo de bom senso. Essa qualidade surge quando compreendemos que podemos possuir menos coisas (e que, portanto, "menos coisas nos possuem"), fortalecendo assim a nossa soberania e auto-suficincia. esse sentimento de simplicidade voluntria que pode nos conduzir a uma menor dependncia com relao a tudo, partindo das grandes matrizes produtoras de energia e materiais at os meios que garantiro a nossa sobrevivncia material. Numa nica expresso, ser simples ser independente. Raramente poderemos governar uma casa saudvel se no iniciarmos esta higiene dentro de ns. A dependncia pode oferecer facilidades, mas apenas a independncia nos produz a sensao de crescimento interior e de amadurecimento pessoal. A casa pode ser pensada como espao de resistncia tendncia de consumo, matriz de um comportamento social capaz de

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colaborar na proteo do ambiente. Ao contrrio de um ecossistema, a casa uma unidade de consumo e processamento de energia, alimentos e materiais, dependente de fontes produtoras distantes e ignoradas e que no recicla a enorme e heterognea quantidade de resduos que gera. Na verdade, a casa o reflexo do que somos, ou melhor, do que fomos treinados a acreditar que somos: consumidores que se realizam adquirindo produtos e servios, em detrimento de nossa criatividade inata do fazer, curar, aprender, construir. H detalhes aparentemente secundrios do ambiente domiciliar que formam hbitos de preservao dos recursos, de melhor utilizao e de transformao dos produtos, de reduo do lixo. Uma casa deteriorada ou bagunada forma ou confirma uma mentalidade destruidora e esbanjadora. A desordem e a degradao fsica do ambiente conduzem perda da harmonia e do prazer que o gosto esttico incentiva. um estmulo insatisfao e ao conflito entre os que a permanecem. Por nenhum outro motivo que no este, no se registram casos de pessoas ou casais em desarmonia cujas residncias sejam limpas, operacionais, saudveis ou prazerosas. Quando estamos arrumando a nossa casa, estamos tambm arrumando o nosso interior e retirando dele aquilo que nos agride e nos fragiliza emocionalmente. Desse modo, nunca se deixe enganar: quando muito lixo permanece na^asa, porque no estamos limpando devidamente o nosso interior e estamos resistindo em nos desvencilharmos do que no serve mais. Para ajudar na procura do equilbrio, para nossas casas e para ns mesmos, podemos, a princpio, nos perguntar: Consigo distinguir necessidade de desejo? Preciso realmente de todas as coisas que compro? Significam um desperdcio de recursos? Podem ser reutilizadas ou recicladas? H algum terreno livre que eu possa cultivar? Caso exista, que tipos de plantas silvestres, arbustos e plantas medicinais posso cultivar? H desperdcio de energia eltrica e gua em minha casa? Estou me alimentando com alimentos frescos ou com produtos industrializados? Espremidos em trens, abrindo caminho no meio de multides sufocantes ou vendo diante de si apenas um casario infinito e

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milhares de edifcios que parecem brotar do cho, cabe a ns enfrentar o maior desafio destes tempos, viver melhor num ambiente que oferece margens de manobra cada vez menores. A redescoberta do lar surge num momento em que as pessoas esto desiludidas com muitos valores da modernidade, como o anonimato, a carncia de laos duradouros entre as pessoas, os polticos e os seus partidos. A partir do envolvimento transformador com a rotina dos domiclios, com a vizinhana, com nossos hbitos de consumo, a casa aparece como um meio para fortalecer e tornar as pessoas mais combativas. Muitos so os depoimentos e avaliaes que apontam os fatores econmicos, sociais, polticos e religiosos como sendo as grandes foras atuantes na transformao das sociedades. No entanto, lembre-se de que aos indivduos isoladamente tambm est colocada a possibilidade de mudar, inclusive a de mudar-se. Toda opo social comea primeiramente pela opo dos indivduos por um determinado caminho. Dizemos isto porque tornou-se lugar-comum, para muitos atores sociais, propor que as grandes causas so aquelas que resolvero os problemas do homem. E, no caso da ecologia, essa opo deve obrigatoriamente ser concreta. A ecologia tem que se tornar um modo e no um meio de vida. Assim, convencido do importante papel que lhe cabe para mudar a sua vida que voc deve comear a mudar a sua casa. A casa um espao privilegiado, ntimo, local em que podemos criar e recriar relacionamentos, alimentao, repouso e explorar as dimenses no materiais de nossa vida, buscando uma qualidade melhor e diferenciada, muito distinta daquela que hoje nos altera a presso e o humor. O lar pode ser um centro ativo no qual as pessoas voltem a falar entre si, engendrem seus sonhos e desejos, anseios, expectativas, afetos e, particularmente, suas esperanas! casa rae, votada para dentro, aeita caCma do cu, embelezada peio e[emento feminino da gua, autocontida e tranqiiita, a anttese de[i6erada do mundo spero do traaHo, da guerra e do comrcio, o reino da muCher. paCavra ra6e sakan, que designa casa, e apaavra sabina, tranqio e sagrado, tm a mesma origem, enquanto a pa[avra haran, que significa mutfier, e haram, sagrado, que designa os aposentos onde afama vive, na casa rae, tm iguamente raizes comuns.Hassan Fathy

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CULTIVANDO EM CASA

AUMENTOS PRODUZIDOS INDUSTRIALMENTEA sociedade industrial tambm deixou a sua marca nos alimentos. Os supermercados esto repletos de produtos atraentes, um grande mosaico composto por latas multicoloridas, supercongelados e pacotes que convidam compra imediata. Nos rtulos, algumas informaes so enigmticas ao consumidor, chegando a passar despercebidas. Termos como saborfantasia, flavorizantes, edulcorantes e siglas, tais como EPI, HI, PIV e C U so alguns dos sinais da crescente artificialidade dos alimentos, compostos pelos mais variados tipos de aditivos, usados para acentuar-lhes a cor, o sabor e o aroma. Naturalmente, ningum pretenderia com essas observaes negar a necessidade de aditivos. O homem os tem utilizado desde que aprendeu a cozinhar. O sal e o acar, por exemplo, so alguns deles. Os temperos, as especiarias, os leos e os compostos criados para a conservao dos alimentos so outros bons exemplos de aditivos que so colocados na nossa alimentao. Hoje em dia, porm, o uso de aditivos ultrapassou os limites do razovel. Atualmente, so mais de 2.500 substncias, naturais19

ou sintticas, utilizadas pela indstria alimentcia, algumas posteriormente descobertas como nocivas sade. Por exemplo, o ciclamato, um adoante artificial, tem despertado forte polmica, pois suspeita-se que seja causador de cncer. Outra substncia, o glutamato monossdico, tem sido apontado nos Estados Unidos como substncia txica, relacionada com a Doena de Kwok, tambm denominada Sndrome do Restaurante Chins, isto porque seus sintomas lembram as dores de cabea, tonturas e nuseas que certas pessoas sentem em razo da intolerncia pela culinria chinesa. Existem tambm casos de "alimentos" absolutamente artificiais, como as margarinas cujo consumo se justifica apenas em razo de campanhas milionrias de divulgao. Num esforo para se diferenciar das demais, cada nova margarina batizada com um nome suave e, numa custosa estratgia de seduo, associada a imagens de sade (modelos atlticos e bronzeados), pureza (crianas) e natureza (paisagens buclicas).Mas que comido e s t a que requisita investir t a n t o dinheiro em maquiagem e espetculos que estimulem a sua venda? E claro que ningum nunca explodiu ao comer margarina. Mas, s e levantarmos o vu das propagandas, cada vez mais belas, criativas e sofisticadas, o que encontraremos? Vejamos como o professor Aldo Rangel, da Universidade Rural do Rio de Janeiro, j em 1 9 7 7 , ensinava como s e fabrica a margarina que gulosamente esparramamos sobre um pozinho francs: "Uma medida de gordura vegetal hidrogenada e cido sulfrico neutralizado com um pouco de soda custica; tudo isso aquecido a 150 graus, a c r e s c i d o de cido benzico, cido butil-hidroxianisol e butilhidroxitolueno (explosivo). Depois acrescentado gaiato de propila, leite, gaiato de duocila e sal refinado. Tudo isso corado com corantes artificiais (CI), aromatizado artificialmente com FI e FIV, conservado a r t i f icialmente com PI e PIV, acrescido dos antioxidantes AV, AVI e AXI; alm disso, acrescentam-se c e r c a de 2 0 . 0 0 0 unidades internacionais de vitamina A sinttica ( a c e t a t o de vitamina A)". E... bom apetite!

No "menu de opes" disponveis nas gndolas dos supermercados, encontramos ainda alimentos poludos por agrotxicos e antibiticos, pouco nutritivos, processados com altas doses de substncias qumicas artificiais, enlatados, plastificados e embalados em sonhos esterilizantes, em embalagens esbanjadoras de mat20

rias-primas e energia, produzidos por empresas cuja primeira preocupao no a Para completar, em nome de um "tempo escasso", cada vez mais transferimos para terceiros a responsabilidade e o < f //f^ v, ~

^ f )

paro de nossa comida. Mal ^^^^ sobra tempo para desfrutarmos o sabor dos alimentos, ^ \ I seu aroma, cor e consistncia; ignoramos nomes, variedades (([P^w^H^V y K ^ ^ ^ M W e propriedades medicinais do ^RN^B^^IBBP^ \ que comemos. Apesar de desconhecermos a origem e a forma do processamento dos alimentos, comemos apressados e despreocupados com a qualidade daquilo que ingerimos e que afeta diretamente a nossa sade. Afinal, estamos garantidos pelos mesmos tcnicos que, h pouco tempo, juravam que o leite de vaca - aquele processado e embalado pelas empresas nas quais trabalham - substitua, com vantagem, o leite materno. Assim, da mesma forma que existem cada vez mais mulheres que precisam ler um tratado de pediatria para amamentar, vamos trocando a nossa capacidade inata de fazer coisas pela possibilidade de escolher entre esta ou ac

0 CHEQUE SEM FUNDO DA AGRICULTURA MODERNABasicamente, a rpida obteno de lucros que determina o modelo extremamente dependente de insumos qumico-industriais da agricultura moderna. Por meio da monocultura, do uso macio de fertilizantes sintticos e de agrotxicos e da intensa mecanizao (e, conseqentemente, a expulso do trabalhador do campo para a cidade), a agricultura moderna vem quebrando recordes de produtividade, medidos em toneladas e dlares. O discurso desse modelo enfatiza que, se a Natureza lenta, que mal h em ajud-la a produzir mais alimentos, em menor tempo, para um mundo esfomeado? O problema que os indicadores de "toneladas e dlares" da agricultura nada informam acerca dos conte21

dos nutritivos, dos insumos energticos e principalmente, das condies essenciais para a continuidade da prpria agricultura, ou seja, no contabilizam o esgotamento dos sistemas de suporte naturais e as dvidas ambientais que se acumulam em razo desse mesmo modelo. Alm disso, com relao populao de famintos, podemos assinalar que esta cresceu juntamente com a produo de alimentos, o que significa que no h falta de alimentos^ mas sim desequilbrios na sua distribuio e disparidades na apropriao da renda. No mundo atual, no ocorre fome por falta de po, mas, antes, pela ausncia de ganha-po. Em resumo, entre as principais conseqncias negativas da agricultura moderna temos: & perda ou desgaste do solo agrcola. O Worldwatch Institute estima que 24 bilhes de toneladas da camada superior do solo das terras frteis do mundo se perdem anualmente em razo da eroso ocasionada por um manejo inadequado do solo. Isso ocorre em razo da destruio da estrutura fsica do solo, provocada pela compactao do solo e pelo no retorno da matria orgnica, alm da inibio da bioestrutura do solo pelo uso de agrotxicos e fertilizantes;xr

Segundo estimativas de um estudo\ de 1983, aproximadamente 10 mil

& os efeitos nocivos a sade provocados pelos alimentos. Os prejuzos propessoas morrem por ano nos pavocados pela agricultura moderna so ses em desenvolvimento em virtuconsiderveis e nem sempre conhecidos de do envenenamento por pesem profundidade. Segundo amostra do ticidas e cerca de 4 0 0 mil so gra vemente afetadas por eles. " Conselho de Pesquisa Nacional dos EUA, referente a 65.725 substncias qumicas de uso comum, s 10% dos praguicidas e 18% das drogas tinham os dados necessrios para avaliaes completas sobre riscos para a

. ,

J

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sade. No havia dados sobre a toxicidade para cerca de 80% dos agentes qumicos usados em produtos e processos comerciais inventariados pela Lei de Controle de Substncias Txicas.

PRATICANDO A AGRICULTURA ECOLGICAToda crtica desacompanhada de uma proposta alternativa e exeqvel , pelo menos, uma abstrao sem sentido. E, assim sendo, qual seria a contraproposta agricultura dita "moderna"? Respondendo rapidamente, cultivar sem veneno, o que no s possvel, como tambm rentvel. o que o agrnomo Nasser Yussef Nasr comLocalizada em Botuprova no Centro de Cultura Natural Augusto Ruscatu (SP), a Fazenda chi, no municpio de Cachoeiro do Itapemirim, Demeter, ligada agrino Esprito Santo. Usando mtodos "no convencultura biodinmica, cionais" (leia-se agricultura orgnica), conseguiuum dos mais renomados se produzir dez caixas de laranja por p, uma centros produtores de produtividade cinco vezes maior que a mdia alimentos naturais. nacional. Conhecido popularmente como Horto, o centro visitado por dezenas de espcies de pssaros que se aninham pelas rvores. So comuns os ninhos de rolinhas, sabis, joes-de-barro e at coleiros. Os pssaros so atrados por milhares de insetos que povoam o ambiente, livre de qualquer agrotxico. A agricultura ecolgica composta por uma diversidade de correntes que j provaram que podem ter uma produtividade similar

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agricultura moderna, agregada a aspectos superiores, como qualidade dos alimentos, melhoria da capacidade produtiva do solo, preservao do meio ambiente e distribuio de renda. As correntes mais conhecidas so a agricultura orgnica, agricultura biolgica e a agricultura biodinmica, todas representadas no territrio brasileiro. As diversas vertentes da agricultura ecolgica possuem como metas comuns, conforme apontado no Primeiro Encontro Brasileiro de Agricultura Alternativa (1981): gerao de alimentos de alta qualidade biolgica, respeitando a Natureza, trabalhando com ela e no contra ela, operando com base num balano energtico equilibrado; manuteno da fertilidade do solo, com a generalizao da policultura e da integrao de lavoura e criao, realizando, assim, o controle da eroso e a preservao da gua potvel; excluso do emprego de agrotxicos poluidores dos alimentos e do ambiente. Utilizao de tcnicas biolgicas de controle das pragas nas lavouras; & utilizao mnima de insumos industriais, por meio do reaproveitamento dos resduos de produo agrcola; entendimento do solo como um organismo vivo, manter e melhorar seus parmetros de produtividade;Cadeia alimentar: Trata-se do sistema no qual se processa a transferncia de energia, de organismos vegetais para uma srie de organismos animais, por intermdio da alimentao e por meio de reaes bioqumicas. Cada elo da cadeia alimentar alimenta-se do organismo precedente e, por sua vez, alimenta o seguinte. ,

S reutilizao ao mximo os resduos orgnicos no mbito do prprio cultivo, reabastecendo a cadeia alimentar (uso dos processos de compostagem) No h nenhum problema "moderno" que uma ecologia bem aplicada no resolva! Procure se alimentar com produtos provenientes da agricultura ecolgica. Essa pequena atitude produz reflexos positivos, tanto para a sade do nosso corpo, como para o equilbrio de ecossistemas, s vezes, bastante distantes de ns.

0 QUE COMPOSTO ORGNICO?O composto orgnico um produto homogneo, obtido por meio de processo biolgico, pelo qual resduos formados por matria orgnica so convertidos em outro material, mais estvel, em24

razo da atuao dos microorganismos j presentes no prprio resduo ou introduzidos por meio de agentes inoculadores. Aps processamento, essa matria orgnica transforma-se no composto orgnico, um tipo de adubo muito apreciado. Embora a maior parte da compostagem seja feita com restos animais e vegetais, o lixo constitui outra possibilidade. Nesse caso, o processo de compostagem trabalhar pois com a chamada frao molhada do lixo, ou seja, com os seus componentes orgnicos. Estes incluem restos de comida, talos, cascas, p de caf, folhas, poda de jardim etc.; materiais no geral provenientes das residncias. A compostagem constitui uma forma bastante eficiente de devolver matria orgnica para o mundo natural. H lostagem: mtodo sculos, ou mesmo milnios, a adubao orgni- / Compi ca praticada em todo o mundo, baseando-se na de tratamento dos resrestituio de restos das culturas e do esterco ani- duos slidos do lixo pela fermentao da matria mal ou humano ao solo. orgnica contida neles, Nos grandes centros urbanos, esse trabalho conseguindo-se sua estaexecutado por usinas de compostagem que, no bilizao sob a forma de entanto, reciclam muito pouco e, alm disso, no um adubo denominado produzem composto de boa qualidade. Isso de"composto". corre da prpria irracionalidade com a qual o sistema atualmente existente opera. Vejamos como o sistema trabalha: o lixo domstico de cada residncia resulta de uma profusa mistura de lixo de vrios recintos da casa: cozinha, banheiro, escritrio e quintal, materiais muito diversificados quanto sua natureza e composio; essa mistura de resduos ensacada pelos cidados e, posteriormente, depositada em determinados pontos da calada; & em seguida, um caminho, que nas mdias e grandes cidades um caminho compactador, amassa e mistura todos os ingredientes de milhares de sacos de lixo, transportando a massa de resduos para uma usina de compostagem; na usina, esses ingredientes so novamente separados; como a mistura de resduos diferentes foi intensa, muito material se perde e, numa grande usina, em mdia, de cada cem toneladas de lixo que entram, saem cinqenta toneladas de rejeito;25

& alm disso, substncias perigosas provenientes de pilhas, tubos de luz fosforescente, frascos de remdios, latas de veneno, sprays de todos os tipos, recipientes com resduos de produtos de limpeza etc. (previamente esmagados pelos compactadores) podem estar misturadas no composto orgnico, comprometendo sua qualidade. A soluo bvia para o problema uma s: coletar separadamente os materiais, reaproveitando uma frao muito maior dos rejeitos e maximizando o trabalho nas usinas, inclusive as que operam com o sistema atual. Resumidamente, se houvesse coleta seletiva de matria orgnica, o aproveitamento do material seria muito maior, e a Natureza aplaudiria!

FAZENDO 0 COMPOSTO ORGNICOVoc pode produzir seu prprio composto orgnico e desse modo contribuir para a minimizao do volume de material orgnico presente na composio do lixo, transformando os restos de alimentos da sua casa em composto. Dessa forma, voc tambm estar contribuindo para a retomada dos ciclos de matria orgnica, tais como a Natureza estabeleceu desde a aurora dos tempos.A matria orgnica h muitos milnios foi d e s c o b e r t a como o f a t o r primordial para manter a fertilidade do solo. Vrios povos indgenas da Amrica, quando plantavam milho, colocavam um peixe no fundo da cova, como oferenda aos deuses. Desse modo, faziam uma adubao orgnica com matria-prima de fcil decomposio.

MATERIAIS DA SUA CASA OUE PODEM SER COMPOSTADOSPara iniciar um processo de compostagem, precisamos de alguns "ingredientes bsicos", tais como: cascas de ovos, de frutas e de vegetais, p de caf, restos de comida e resduos provenientes de jardinagem. Devemos excluir os leos, a carne e os resduos de queijos, pois podem atrair animais (ratos, baratas, vermes etc.). Pensando no material a ser compostado a partir de algumas categorias comuns a muitas residncias, podemos ressalvar: lixo domstico-, quase todo lixo orgnico de cozinha, com exceo dos leos e da gordura animal, um excelente material para compostagem;26

cinzas-, as cinzas de madeira, provenientes da lareira ou de fogo lenha, so um ingrediente de grande valor na compostagem, pois so importante fonte de potssio; & aparas degrama-, a reutilizao orgnica das aparas de grama pode ser feita simplesmente deixando-as no gramado ou adicionando-as pilha do composto; apodas de arbusto-. embora normalmente volumosos, esses resduos podem ser picados ou retalhados, para obter-se um volume de fragmentos de granulao e clivagem diferenciados. Agregueo ao composto em formao. Ressalve-se que a presena de material volumoso de origem orgnica contribui para a aerao do composto, atuando como ingrediente necessrio para uma evoluo mais veloz e eficiente da compostagem; &folhas: so um pouco lentas na decomposio. Picadas, porm, se decompem numa velocidade quatro vezes mais rpida; ervas daninhas-, uma vez expostas s altas temperaturas comumente atingidas nas pilhas de composto, a maioria das sementes de ervas daninhas no consegue sobreviver e, assim, aproveita-se a matria orgnica desse material.

TCNICAS DE COMPOSTAGEMExistem diversos mtodos que podem ser usados para a preparao do composto orgnico, diferenciados basicamente pela utilizao ou no do ar, ou seja, temos os processos aerbios (nos quais o oxignio est disponvel) e os anaerbios (nos quais o oxignio est ausente).

0 MTODO DO CAIXO NEOZELANDSO mtodo do caixo neozelands bastante usado como tcnica alternativa. Trata-se de um engradado sem fundo e sem tampa, podendo conter o correspondente a um metro cbico ou um quarto desse volume. Recipientes de plstico ou uma tela tambm podem ser utilizados. Um caixo para um quarto de metro cbico um engradado com cinqenta centmetros nas trs dimenses. interessante construir as faces do engradado de maneira que fiquem independentes, formando quatro painis. As ripas que formam os painis devem ser pregadas de modo que permanea um espao entre elas, possibilitando que o material seja aerado.27

Aps a montagem do engradado, podemos iniciar seu preenchimento com o material a ser compostado: restos vegetais (a carga principal) e restos animais. No havendo restos animais (esterco de galinha, de vaca etc.), pode-se adquirir um saquinho de composto para vaso de plantas, terra escura de jardim ou sobras de frango, peixes e suas vsceras, batidas em liqidificador com um pouco de gua. Esse material importante pois constitui o inculo, isto , o material que contm os microorganismos que daro incio fermentao da matria orgnica. Na falta de inculo, podemos separar uma parte do material no qual a compostagem est em fase avanada de fermentao numa caixa e ir acrescentando aos poucos, na medida em que se vai preenchendo a caixa principal. O monte de composto deve ser revirado a cada trinta dias. Caso o material esteja seco, acrescente gua. O processo de compostagem pode durar de 90 a 120 dias. Baldes plsticos com capacidade de at cinqenta litros, perfurados no fundo e nas laterais tambm podem ser usados. O revolvimento pode ser feito a cada sete dias, transferindo-se o material de um balde para outro.

OUTRAS TCNICAS EXISTENTESAlm da tcnica do caixo neozelands, voc pode apelar para diversos outros sistemas. A tabela a seguir apresenta diversos outros tipos, elencando as vantagens e desvantagens pertinentes a cada um deles.28

Tipo Pilha lenta ao ar livre

Vantagens Fcil de ser instalada e de se adicionar material

Desvantagens Pode demorar trs meses ou mais para decompor; nutrientes so perdidos por lixiviao; pode apresentar mau cheiro e atrair moscas e animais

Pilha quente ao ar livre

Decomposio rpida, morte E preciso trabalho de revolvimento e controle do de sementes de ervas processo (temperatura, daninhas e patgenos umidade) Boa aparncia; impede o acesso de animais Exige a construo das caixas

Cestos e caixas Tambor rotativo

Fcil de ser aerado por meio Volume pequeno, funciona de revolvimento bem com material adicionado de uma vez Rpido e fcil; no exige ma- Bom somente para pequenas nuteno nem investimento quantidades Pode processar grandes quantidades de matria orgnica; no so necessrios recipientes Fcil de fazer ao longo do ano; pode ser feito em pequenas reas Exige trabalho para no incorporar o material ao solo

Compostagem em cova Compostagem em trincheira

Saco plstico ou lata de lixo

A compostagem anaerbia, ocorre na ausncia de oxignio. Pode apresentar mau cheiro e atrair moscas Exige alguns cuidados na adio de novos materiais e na retirada do vermicomposto; minhocas devem ser protegidas de temperaturas extremas; pode atrair moscas

Ver micom postagem Fcil; inodoro, pode ser feito em local fechado; pode ser feita adio contnua de matria orgnica

Fonte: Campbell. Manual de compostagem para hortas e jardins, So Paulo: Nobel, 1990.

CONTROLE DA COMPOSTAGEMDurante a compostagem, ocorre reduo de volume de at um tero e a cor passa de acizentada e sem brilho para escura e brilhante, quando mida. O controle do processo uma pea fundamental para obter-se um bom composto orgnico. Para avaliar o material, voc pode fazer alguns testes, dentre eles o teste da vara de madeira e o teste da mo.29

O teste da vara de madeiraO t e s t e realizado com a introduo de uma vara de madeira no material compostado profundamente. Ao retirarmos a vara poderemos const a t a r as opes abaixo descritas; a vara apresenta-se fria e molhada: no e s t ocorrendo fermentao, talvez por excesso de gua; & apresenta-se levemente morna e seca: a pilha precisa de mais gua; '& apresenta-se quente, mida e parda: condies adequadas. Quando o composto apresentar-se livre de barro preto, com cheiro de mofo, e s t a r pronto para ser usado.

O teste da m @ Adote os seguintes procedimentos: H toma-se pequena amostra bem umedecida; & molda-se com as pontas dos dedos; S esf rega-se contra as palmas das mos. O composto curado apresenta-se com aspecto de graxa preta.

APLICANDO 0 COMPOSTO ORGNICO O composto poder ser usado em vasos e hortas, nas seguintes propores: vasos ornamentais: 50% de terra mais 50% de composto orgnico; % hortas: vinte litros de composto por metro quadrado, incorporados terra. COMO CULTIVAR HORTALIAS

No precisamos morar no campo para ter a gostosa satisfao de produzirmos parte dos alimentos presentes na nossa mesa. ONDE PLANTAR? No quintal de casa ou no jardim, nas varandas e sacadas, enfim, em qualquer espao onde haja luz, gua e terra. Algumas plantas requerem insolao direta, outras preferem uma meia-sombra. Mas, no geral, todas precisam de, pelo menos, cinco horas de luz diria, direta ou indireta. COMO PLANTAR E PREPARAR A TERRA? No quintal e/ou no jardim, limpe primeiramente a rea e retire em seguida uma camada com um palmo de profundidade. Preen30

cha a cavidade com adubo ou composto orgnico, na proporo de vinte litros por metro quadrado. No caso de sua casa no dispor de um quintal com terra, providencie vasos, caixotes ou latas que tenham, pelo menos, vinte centmetros de profundidade. Prepare esses recipientes de acordo com as seguintes instrues: 8 faa furos no fundo do recipiente para drenar a gua; % cubra a seguir os furos com caco de telha ou de um vaso de barro quebrado; & por cima dos cacos, coloque sucessivamente uma camada de pedregulho (de dois a cinco centmetros) e outra de areia lavada (de rio ou de construo); 5 por cima das camadas anteriores, disponha uma boa camada de terra fofa, preparada com composto orgnico que voc j aprendeu a preparar neste captulo ou esterco bem curtido, terra vegetal, serralho de madeira e adubo de minhoca. Lembre-se de que, caso o composto ainda no esteja maduro, existe tambm a opo de administrar hmus no solo, na proporo de dois litros para cada metro quadrado.

SEMEANDO E TRANSPLANTANDOO primeiro passo a ser tomado no cultivo escolher as hortalias a serem cultivadas. As que oferecem menores dificuldades para os iniciantes seriam, entre outras, a alface, a cebolinha, a couve e a cenoura. Outro cuidado importante est relacionado com o clima ou com as suas variaes. As hortalias que produzem frutos, como o caso do tomate e da berinjela, adaptam-se melhor aos climas quentes. No entanto, para nosso benefcio, praticamente todos os invlucros de sementes indicam a poca mais apropriada para o cultivo. Podemos semear ento em canteiros ou pequenos caixotes provisrios ou no local definitivo, seguindo uma rotina milenar: 6 alise a terra com delicadeza, abrindo pequenos sulcos paralelos com meio palmo entre eles; S distribua as sementes nos sulcos, cobrindo-as com terra fina; regue de manh cedinho e tarde, at as sementes espreguiarem. Depois, basta regar uma vez por dia; proteja a sementeira cobrindo com tela a dois palmos da terra.31

Para realizar o transplante, atente para a poca indicada na tabela abaixo. Escolha ento um dia nublado ou um final de tarde. A seguir, siga as orientaes que seguem: Sabra as covas e retire as mudas com o pouco da terra que vem agregada s razes; coloque as mudas nas covas, acrescentando terra e apertando at sentir que as mudas ficaram firmes; & regue os canteiros. Enquanto as hortalias se fortalecem, regue apenas uma vez, quando o sol no estiver forte; & procure eliminar as pragas, aplicando as receitas apresentadas no Captulo V.Semear em sementeiras Hortalias Agrio Alface (i) Alface (v) Berinjela Brcoli (i) Brcoli (v) Cebola Cebolinha Chicria Couve-manteiga Couve-chinesa Couve-flor (v) Couve-flor (i) Pimento Repolho (i) Repolho (v) Meses ano todo fevereiro - agosto setembro - maro agosto - janeiro fevereiro - junho setembro - fevereiro maro - junho ano todo ano todo ano todo maro - setembro fevereiro - junho setembro - maro agosto - fevereiro fevereiro - junho outubro - fevereiro Semear em canteiros definitivos Hortalias Almeiro Acelga Alho Beterraba Cenoura (i) Cenoura (v) Espinafre Quiabo Rabanete Rcula Salsa Meses ano todo maro - setembro maro - junho ano todo fevereiro - junho outubro - fevereiro maro - julho agosto - fevereiro ano todo ano todo ano todo Colher (dias) 40 -50 70 160 - 1 8 0 80-90 90 90 50 - 60 70-120 25 - 30 40 70 Transplante (dias) 15 4-6 4-6 30-40 30 30 40 - 60 30 30 30 30 30 30 30-40 30 30

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CULTIVANDO RVORES FRUTFERASAs plantas frutferas, na hiptese de voc contar com um quintal, so uma excelente alternativa para tornar a sua residncia ecologicamente equilibrada. Outra possibilidade aproveitar espaos vazios nas proximidades da sua casa, em caladas ou trechos de terra abandonados, com o que voc contribui tambm para melhorar o seu entorno. Por fim, caso voc no disponha de espao, h tambm a opo de criar um pomar de pequeno porte, cultivado em vasos.

UM POMAR DIRETAMENTE NA TERRAPrimeiramente, escolha as rvores frutferas que sero plantadas no seu quintal, calada ou rea prxima desocupada. Para a escolha das mudas, devemos prestar ateno quanto sua procedncia, isto , que sejam de viveiristas de reconhecida idoneidade. As mudas frutferas usadas em grandes plantaes so em geral pouco resistentes s pragas e doenas do solo. Prefira as enxertadas sobre as variedades mais rsticas e resistentes, que produzem frutos mais saudveis e nutritivos. A escolha deve considerar ainda a adaptao da rvore ao clima brasileiro. Voc pode obter seu exemplar de rvore frutfera no comrcio paisagstico, nos grandes fornecedores, no varejo, ou ainda, obter

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mudas gratuitamente em determinados servios municipais ou em entidades ambientalistas. Dentre os benefcios proporcionados pelas rvores frutferas, podemos mencionar: as rvores frutferas deixam o ambiente mais bonito, florido e perfumado; as frutferas resultantes de enxertos fornecem muita fruta, com vrias floradas ao longo do ano; & como todas as rvores, atuam como um dispersor de energia dos ventos, retm a umidade do solo e tambm fornecem sombra; alm de fornecer frutos para os homens, as frutferas atraem os pssaros; & como as frutas so sazonais, tambm explicitam aos homens os ritmos da natureza.

0 SEU POMAR EM VASOSO fato de voc no dispor de um quintal na sua casa no impeditivo de iniciar o cultivo de um pomar. Nos pases europeus e na Amrica do Norte, o cultivo de rvores frutferas em vasos constitui uma caracterstica comum a muitas moradias, servindo tanto como um hobby, quanto como uma fonte de frutas frescas. Dentre as frutferas que se adaptam aos vasos, podemos assinalar a nectarina, ameixa, rom, abacate, pitanga, caqui, limo, jabuticaba, pssego, mamo, acerola, laranja kin-kan, goiaba etc. A principal pr-condio para a atividade a questo do espao, pois os vasos, no geral, dispem de oitenta centmetros de dimetro e oitenta de altura. O comrcio de plantas oferece ampla variedade de vasos para o cultivo de frutferas. Existem os de cimento, os de cermica e at de plstico, que ao ver dos autores desta publicao, devem ser repudiados. Uma vez que a frutfera cultivada em vasos no ter sua disposio o contato com a natureza, deve-se tomar cuidado especial com relao ao solo, proporcionando as condies propcias para um desenvolvimento satisfatrio da frutfera. Para tanto, o solo deve ser resultante de uma mistura em partes iguais de terra vegetal, hmus de minhoca e areia. Quanto ao vaso, este deve ser impermeabilizado na sua parte interna, impedindo a propagao de mofo e de fungos prejudiciais ao desenvolvimento da planta. No fundo do vaso, coloque uma34

camada de pedra ou de argila expandida para permitir a drenagem da gua.

OS CUIDADOSA SEREM TOMADOS COM 0 SEU POMARPara o plantio e a manuteno da rvore frutfera escolhida, voc deve adotar alguns cuidados, dentre eles: 8 usar exclusivamente mudas certificadas, evitando mudas doentes ou suscetveis a pestes e doenas; & usar exemplares de rvores enxertadas, mais adequadas aos ambientes urbanos; manter uma distncia mnima entre espcies diferentes, aproximadamente dois metros; no caso do pomar cultivado em vasos, recomendvel uma troca de vasos a cada dois anos para manter saudvel o crescimento da planta; Pregar diariamente nos primeiros trinta dias aps o plantio. Entre duas e trs regas dirias, posteriormente.

AS ESPCIES INDICADAS PARA A SUA CASAA incorporao de qualquer planta ao seu ambiente domstico deve, antes de mais nada, respeitar o mandamento nmero 1 da ecologia, que o respeito s caractersticas e aos ciclos naturais do espao vivido. Em se tratando de vegetais, a adequao ao ambiente

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solicita, antes de mais nada, espcies relacionadas com o clima da regio. Sempre voc poder dispor de uma espcie bonita e vistosa, adaptada aos ciclos climticos da rea em que vive. No se esquea: vivemos no Brasil, terra de Natureza dadivosa.

ESPCIES PARA 0 CLIMA TROPICALAs plantas adaptadas a este clima no suportam temperaturas baixas, so muito sensveis s geadas e devem ser cultivadas em regies cuja temperatura mnima no ultrapasse os dez graus. Podese indicar para este tipo climtico: variedades de laranjeiras, tangerineiras e limoeiros da regio, bananeira, mamoeiro, coqueiro-ano, tamareira, jabuticabeira, araazeiro, jenipapo, abacateiros (de variedades diferentes), mangueira, abricot do Par, cambucazeiro, sapotizeiro, cajueiro, maracujazeiro, cidreira, abieiro, caramboleiro, cerejeira-das-antilhas, caj-manga, jaqueira, pitangueira, anona, romzeiro, guabiroba, grumichama, tamarindeiro, cambuci, mangusto, massala, ameixa-de-madagascar, cabeludinha, figueira-da-ndia, jambolo, pitomba, uvaia.

ESPCIES PARA 0 CLIMA SUBTROPICALAs plantas deste clima preferem temperaturas mais ou menos elevadas. No entanto, resistem a pequenas geadas. Variedades de laranjeiras, tangerineiras e limoeiros da regio, bananeira, pereira, anona, mamoeiro, figueira, ameixeira, macieira, pessegueiro, marmeleiro, jabuticabeiro, caquizeiro, nogueira-pec, goiabeira, araazeiro, mangueira, abacateiro (de variedades diferentes), maracujazeiro, cidreira, cajueiro, pitangueira, caramboleiro, sapotizeiro, jaqueira, cambucazeiro, romzeiro, abieiro, cabeludinha, uvaia, cerejeira-do-rio-grande, lichia, guabiroba, cambuci, cainito, caj-manga, coqueiro-ano, figo-da-ndia, grumichama, jenipapo, jambeiro, mangusto, tamarindeiro.

ESPCIES PARA 0 CLIMA TEMPERADOEmbora no Brasil no ocorra qualquer tipo de clima temperado, o fato no impede a adoo de espcies temperadas. Isto pelo fato de que a presena de uma poca fria marcante j propicia a sobrevivncia das espcies de clima temperado. Assim, podemos contar com as laranjeiras, tangerinas e limoeiros da regio, pereira, videira, figueira, pessegueiro, ameixeira, casta36

nheiro, macieira, marmeleiro, caquizeiro, nogueira-pec, amoreira, nectarineira, cerejeira-europia, damasqueiro, avelaneiro, jabuticabeira, pitangueira, araazeiro, goiabeira, nespereira, abacateiro (de variedades diferentes).

COMO MONTAR UM JARDIM MANTENDO AS PLANTAS EM RECINTOS FECHADOSExcluindo uma minoria que dispe de um espao suficientemente amplo para abrigar um jardim em sua moradia, normalmente, nos dias de hoje, as casas e os apartamentos no deixam "vago" nenhum espao, sendo o dos jardins um dos primeiros a ser sacrificado nos projetos modernos. Alm de no possuir reas abertas, as dimenses das moradias so bem menores do que as do passado, impondo diversas limitaes (impacto da luz solar, umidade, aerao etc.) ao cultivo de plantas. Para enfrentar esses problemas, floricultores e paisagistas podero oferecer-lhe uma excelente consultoria paisagstica para orientlo. Voc tambm pode apelar para uma literatura de "cunho prtico" disponvel nas livrarias e nas diversas "feiras do verde" que ocorrem no pas. Por fim, possvel acompanhar diversas boas experincias pela leitura dos jornais dominicais, que quase sempre consagram algum espao para o tema. No geral, o comrcio do verde dispe de vrias alternativas vlidas para ambientes fechados, plantas que requerem pouca luz solar e/ou sombra para sua sobrevivncia. Os exemplos clssicos de plantas que necessitam de pouca luz solar so os seguintes: ficus, rvore da felicidade, fnix, avencas, violetas, palmeiras e a ansevria (mais conhecida como lana ou espada-de-so-jorge). As samambaias constituem outra opo muito comum nos lares brasileiros. Dentre as plantas que solicitam pouca terra e, portanto, vasos pequenos, poderamos menfelicidade, rio esquecionar a jibia, o mini-antrio e o cissus. Por a que os orientais cosrequererem pouca luz solar direta e tolerarem tumam plantar dois bem a umidade, so ideais para os banheiros. exemplares: um macho Para ambientes maiores, voc pode optar pela e outro fmea. rvore da felicidade, pela fnix ou pela espadade-so-jorge.

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Outra excelente opo so as rvores frutferas. Criadas em ambientes fechados, tendem a no conquistar tamanho muito grande. Alm disso, existem tambm espcies enxertadas de mangueira, pitangueira e jabuticabeira, entre outros exemplos, cujas dimenses so mais reduzidas, alm de frutificarem em menos tempo de vida. No geral, esse tipo de planta fornece generosa quantidade de frutos vrias vezes ao ano. Nas varandas, nos espaos externos das sacadas ou junto a portas e janelas, voc pode optar por pequenas rvores frutferas como a jabuticabeira, a pitangueira e a romzeira. Particularmente, a romzeira aprovada por muitos floricultores por resistir aos ventos, ao sol e a muita chuva. Uma boa dica evitar plantas com folhas muito largas, como a bananeira, cujas folhas acabam quebrando com o vento. O cacto, embora no tolere umidade, requer bastante luz solar e pode ser colocado em pontos de impacto da luz, mas distante da gua. Uma planta muito verstil para ambientes bastante iluminados a popular "maria-sem-vergonha". Trata-se de uma planta que fornece flor o ano inteiro. Seu nome decorrente do fato de ela se enraizar em qualquer solo, mesmo os mais pobres em nutrientes. Outras sugestes de plantas amantes do sol so a boca-de-leo, a grbera e as rosas. Neste ltimo caso, o Brasil dispe de "cepas" adaptadas ao pas e, portanto, essas espcies devem possuir precedncia sobre as estrangeiras, de cultivo mais difcil. A trepadeira outra planta que deve ser recordada. Apresentando diversas espcies, muito pouco exigente em nutrientes e se adapta bem com qualquer ambiente externo. Dado que recobre as paredes, tem sido adotada como um recurso eficaz para evitar as pichaes. Regue normalmente a trepadeira para limpar suas folhas da poeira. Dentre as plantas que requerem alguma luz solar, umidade e ventilao (e, portanto, devem ser dispostas nas proximidades das janelas ou nas sacadas), temos a hortel e o manjerico, ambos muito vistosos e bonitos e, tambm, uma fonte permanente de tempero para a sua cozinha. O ch de hortel possui efeitos reconhecidamente relaxantes.

OS CUIDADOS BSICOS DA JARDINAGEM DOMSTICAPara garantir s suas plantas as condies bsicas de desenvolvimento, voc deve adotar algumas estratgias fundamentais, dentre elas:38

recorrer aos adubos, alguns dos quais especficos para plantas domsticas. Os mais conhecidos so a farinha de osso (rica em fosfato, elemento que estimula a florao), a torta de mamona e a uria. As samambaias e violetas dispem, por sua vez, de ampla variedade de produtos prprios; procure cultivar espcies nacionais. Flores como as tulipas e as rosas importadas, embora tambm vistosas, requerem uma gama muito mais intensa de cuidados, nem sempre com resultados satisfatrios; Spara cultivar suas plantas, utilize um bom vaso. As floriculturas e lojas de material de construo oferecem grande variedade de vasos, floreiras e jardineiras, geralmente confeccionados em cimento, cermica ou terracota;

Originalmente, as tulipas eram cultivadas nos Pases Baixos em funo dos seus bulbos largamente consumidos em saladas - e no por

& evite adquirir vasos de xaxim, pois a conta da beleza das suas flores. demanda tem provocado grandes danos em reas florestais, de onde so retirados. Em substituio, existem vasos ecologicamente corretos, produzidos com casca de coco, ideais para fixar na parede; evite igualmente vasos fabricados com plstico, especialmente os que imitam cermica. Pelo menos por enquanto, ainda no falta argila no mundo. & sempre mantenha seu vaso pousado num pratinho, preferencialmente de terracota. Outra opo, mais preocupada com a esttica, so os cachepots;

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o vaso ou a floreira que iro abrigar a planta devem atender prioritariamente funo de escoar gua e permitir um bom desenvolvimento das razes. Sempre coloque no fundo dos vasos e floreiras uma camada de cacos de telha ou de vaso quebrado, seguido de uma camada de areia e por uma ltima de terra; por fim, no deixe de comprar um jogo de ferramentas de jardinagem. O gasto com a aquisio ser pequeno, mas retribuir em maior eficincia para seu hobby, evitando o supremo mau gosto em improvisar ferramentas com facas sem cabo, tesouras antigas enferrujadas, garfos com dentes tortos etc.; & um bom jogo de ferramentas deve ser composto basicamente por uma p pequena, um ancinho, uma tesoura para grama e outra para poda das plantas, garfo para arrancar as plantas e tridente para o revolvimento do solo.

COMO MANTER SUAS PLANTAS VISTOSAS E SAUDVEISPor fim, algumas dicas finais para voc manter as suas plantas vigorosas e bonitas: ll no geral, as plantas de interiores requerem como solo uma mistura de areia, terra e de p de xaxim antes de colocar uma planta nova em sua casa, cultive o hbito de requerer instrues do paisagista e do floricultor para cada uma das suas plantas; & mantenha a sua planta distante de qualquer agente fitotxico e tampouco permita que algum fumante impertinente transforme a sua planta num "cinzeiro vegetal";

)

& nunca regue demasiadamente suas plantas, pois o excesso de gua pode

apodrecer as razes; ... H9 . . , S n a o se esquea de que as plantas de folhas grossas e suculentas j possuem uma reserva natural de gua, dispensando regas sucessivas; um teste simples sobre a umidade do vaso enfiar o dedo na terra. Caso a terra fique grudada no dedo, a umidade estar no ponto; Pregue periodicamente suas plantas, verificando se as folhas esto cobertas de p. Borrife-as delicadamente com gua, facilitando sua respirao;40

' faa adubao e afofamento constante da terra dos vasos; '& aproveite a primavera para fazer seu jardim. No por mero acaso que a estao celebrada como a poca mais colorida de flores do ano inteiro; caso queira iniciar a primavera com um jardim florido, planeje a semeadura com antecedncia mnima de dois a trs meses. Outra opo adquirir mudas;

Rosa, violeta, primula, lrio da paz, cineraria, buqu-de-noiva, frsia, sapatinho de Vnus, petnia, crisntemo, primavera, kalanchoe, calistemo, begnia, salvia e a margarida so algumas das espcies identificadas com a primavera.

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no permita que as pragas proliferem. Elas devem ser combatidas imediatamente, logo na primeira manifestao; acima de tudo, voc deve gostar das suas plantas. Tratandoas com carinho, elas retribuiro os cuidados adotados.

HIDROPONIA: CULTIVANDO SEM TERRAA hidroponia uma tcnica para o cultivo de plantas e alimentos sem o uso de terra, substituda por solues compostas por gua e sais minerais. A palavra tem origem no idioma grego, resultando de hydro ("gua") e de ponos ("trabalho"). Seu significado evidente: "trabalhar com a gua". De ponto de vista conceituai, a hidroponia uma das aplicaes do conceito de "ecossistema fechado" (tambm conhecidos como closed sistems) na agricultura, desenvolvida especialmente nas ltimas dcadas em diversos centros de pesquisa em todo o mundo, em especial nos pases desenvolvidos.

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Embora observada com antipatia por algumas correntes da agronomia, que chegam a elaborar apaixonados discursos condenando essa forma de cultivo como "artificial", a hidroponia, no entanto, constitui, em muitas situaes, a nica forma realmente prtica de resgatar algum tipo de vnculo com a Natureza. A hidroponia, tendo se popularizado apenas no final do sculo xx, no se trata, em absoluto, de uma idia nova. Na antiga Mesopotmia, por volta de 3000 a.C., os sumerianos faziam canais e poos para a passagem da gua pela areia, irrigando desse modo as suas plantaes. Entre os nabateus, povo da antiga Jordnia, existem evidncias do uso da hidroponia para o cultivo de alimentos. Os lendrios Jardins Suspensos da Babilnia, uma das sete maravilhas do mundo antigo, tambm eram baseados no princpio da hidroponia. O cultivo das plantas era feito em terraos isolados um dos outros por uma camada de folhas metlicas, recobertas por um substrato composto essencialmente de areia, um pouco de terra e limo. A gua, ao irrigar os jardins, caa "em cascata" de terrao em terrao, carregando consigo os nutrientes vitais, reabastecidos constantemente nos terraos superiores por funcionrios dirigidos e organizados por uma equipe de especialistas. Mas foi somente na dcada de 1930 que o Dr. William F. Gericke, da Universidade da Califrnia, transformou a cultura sem terra, antes restrita aos laboratrios, em uma tcnica de utilizao prtica e geral. Para ele, a possibilidade de se cultivar, dispensando a terra como suporte, seria uma conquista de grande e real valor, pois existe uma escassez crescente, em nvel planetrio, de locais apropriados para a agricultura e a jardinagem tradicionais, devido a problemas climticos e de solo. A tcnica de cultivo sem terra recebeu um incentivo adicional com a ecloso da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). O exrcito norte-americano e a Real Fora Area instalaram unidades de hidroponia nas suas bases militares, produzindo para consumo dos soldados aliados, durante o perodo do conflito, milhares de toneladas de legumes e verduras pelo mtodo hidropnico. Em 1949, o governo de Bengala Ocidental (ndia) instalou um centro de hidroponia em uma estao experimental prxima a Darjeeling, no norte do pas, com o propsito de desenvolver um mtodo simples e barato de jardinagem sem terra. O projeto deveria contemplar duas pr-condies bsicas:

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^ deveria servir de base para produo agrcola em larga escala; simultaneamente, deveria ser adequado para uso por qualquer pessoa sem nenhum treinamento especial. Obtendo sucesso em um perodo relativamente curto, os resultados obtidos possibilitaram a introduo e a difuso da hidroponia em diversos outros pases.

AS MODALIDADES DE HIDROPONIAA cultura hidropnica, de acordo com o tempo dirio disponvel, espao reservado para a atividade, tipo de produto ou quantidade esperada de produo, pode ser praticada de inmeras maneiras, de acordo com as necessidades e as condies existentes. A diferena entre os diversos mtodos est na estrutura do recipiente e dos grnulos, assim como do meio de cultura, que fornecem suporte e sustentao para as plantas. As mudanas somente no ocorrem quanto s exigncias essenciais referentes luz, gua, ar, calor e nutrientes. A luz, a gua e o ar so fornecidos pela Natureza. Em substituio terra e ao esterco, usam-se grnulos para suporte das razes e uma soluo aquosa de sais minerais, que faz o fornecimento de nutrientes. O calor pode ser solar ou ento, proveniente de uma fonte artificial.

AS VANTAGENS DA HIDROPONIAOs produtos de origem hidropnica tm se transformado crescentemente numa alternativa atraente tanto para os produtores agrcolas como para importantes parcelas de consumi- ^ dores em todo o mundo. Pedologia: cincia que Isto em decorrncia das vantagens apresenestuda os solos e a sua classificao. tadas pela hidroponia, quais sejam: a hidroponia indiferente s dificuldades da agricultura convencional, que est sujeita s mais diferentes variaes climticas e pedolgicas, todas de difcil manuteno em termos do equilbrio natural; & a hidroponia, ao produzir vegetais limpos e mais saudveis, oferece produtos de uso mais prtico; & a hidroponia no administra agrotxicos s plantas que produz e, portanto, oferece produtos de melhor qualidade;

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como todas as condies de vida so oferecidas por um sistema fechado, o crescimento das plantas nas hortas hidropnicas mais rpido; & a hidroponia promove economia de tempo e trabalho, pois tarefas como covear, carpir e estercar so eliminadas; os custos de produo so menores; & ausncia de sujeira e odores; controle de pragas e doenas; & resultados consistentes; & produo o ano todo.

FAZENDO SUA HORTA HIDROPNICAUm elemento importante, que deve pesar na sua deciso de iniciar uma cultura hidropnica, ser a questo do consumo de energia e a eventual economia - ou no - a ser obtida com sua cultura hidropnica domstica. Assim sendo, para evitar que a hidroponia transforme-se em um estorvo para o seu bolso, faa, antes de tomar a iniciativa, um clculo preciso sobre o custo da empreitada. A hidroponia pode tambm se constituir no ncleo de uma pequena atividade empresarial, pois trata-se de um trabalho de grande rentabilidade, abastecendo um mercado no saturado, que pelo contrrio, est em plena ascenso. A cultura hidropnica solicita de seu aderente ordem, disciplina, higiene e cuidado. tambm considerada uma arte, pois para qualquer que seja o produto cultivado, so requeridos arranjos harmoniosos e organizao adequada. No referente educao, proporciona maior entendimento sobre a Natureza, assim como melhor conhecimento de biologia. A cultura hidropnica no demanda conhecimentos tcnicos e tampouco nvel escolar elevado, apenas vontade de aprender e gosto para lidar com cultivo de plantas e alimentos. Somente no caso da produo comercial em larga escala tornam-se necessrios os controles tcnicos peridicos. Enfim, em razo da prpria diversidade de cultivos possibilitada pela hidroponia, cada projeto deve ser pensado individualmente e, assim sendo, deve-se buscar acesso na literatura especializada, adequada para cada caso particular.

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BOM APETITE!

PENSANDO ANTES DE COMERSe o ato de comer no fosse importante, argumentam vrios telogos, Deus no teria discriminado alimentos puros, prprios para o consumo, e impuros, tidos como imprprios.

A FARSA DOS TRANSGNICOSAlimentos transgnicos so aqueles que sofrem alterao no cdigo gentico, ou seja, foi realizada uma transferncia artificial de genes de um organismo para outro. Com isso, so transferidas as qualidades desejveis de um organismo para outro, aumentando assim os valores nutricionais de uma espcie domstica, seja ela vegetal ou animal. Realizado contrariamente ao estabelecido pela Natureza desde o incio dos tempos, esse processo pode favorecer o aparecimento de toxinas, enfermidades e debilidades em geral. Imperfeies no cdigo gentico podem fragilizar de modo irreversvel plantas, animais e seres humanos. Indiscutivelmente, os produtos geneticamente manipulados oferecem maiores riscos sade do que os alimentos naturais.

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Experimentos realizados em empresas de biotecnologia desenvolvem plantas N o ano 2 0 0 0 , o poder executivo resistentes a herbicidas e com isso fazem apresentou emenda constitucional uso em excesso desses produtos, causanque declara como bem da Unio do a contaminao dos alimentos e da o patrimnio gentico brasileiro. O gua potvel. projeto tem como objetivo garanDessa forma, os cultivos so modifitir a soberania do pas no tocante cados a fim de produzirem seus prprios aos genes, combatendo a biopesticidas e herbicidas, o que provoca o pirataria sobre os ecossistemas e reaparecimento de insetos resistentes que tirar o pas da condio de mero destroem insetos teis e organismos do supridor de matria-prima. solo, alm de causar danos sade dos consumidores. No Japo, em 1989, a alterao gentica fez com que uma bactria natural produzisse uma substncia altamente txica, sendo responsvel por 37 mortes e a invalidez permanente de outras 1.500 pessoas. Recentemente, a contaminao de alimentos na Blgica mereceu grande destaque na imprensa mundial. Esses so apenas alguns dos muitos exemplos do que podem provocar produtos geneticamente alterados. Uma pesquisa realizada em janeiro de 1999 atestou que 78% dos suecos, 77% dos franceses, 65% dos italianos e holandeses, 63% dos dinamarqueses e 58% dos ingleses so contrrios ao consumo de alimentos geneticamente modificados. Busca-se atualmente que os alimentos geneticamente modificados sejam etiquetados e identificados como tal, pois dessa forma o

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consumidor poder escolher o que comer e, se assim entender, se proteger.

CARNE PARA POUCOS OU ALIMENTOS PARA MUITOS?No que diz respeito ao meio ambiente, qual seria a dieta menos impactante e adequada preservao dos recursos? Existiriam alimentos que em si mesmos seriam atentatrios ao meio ambiente? Para esta ltima pergunta, a realidade parece dar alguma razo para os chineses da regio de Canto. Para esses chineses, conhecidos como glutes incorrigveis, "tudo o que for vivo, e se mexer, d para comer". Talvez no seja necessrio levar esse ditado ao p da letra. Mas, com certeza, ele esclarece sobre uma verdade fundamental: do ponto de vista do gnero humano como um todo, o homem come praticamente de tudo, e isto desde a pr-histria. A alimentao, ao lado do idioma, um dos traos caractersticos de todas as culturas e civilizaes. O que permitido ou no para uma populao comer no necessariamente o ser para outra. Mesmo os ecologistas variam suas afinidades "eco-alimentares", de acordo com os padres culturais dos quais so originrios. Sabese, por exemplo, que os ecologistas gachos, aps suas reunies, fecham a noite numa boa churrascaria. Por sua vez, populaes tradicionais como os seringueiros, castanheiros, ndios e ribeirinhos da Amaznia, para horror dos "ecologistas urbanos", incluem no seu cardpio pratos como veado do mato na castanha, sopa de tucano e carne de macaco na brasa.Em resumo, existem dois princpios ecolqicos que voc sempre deve t e r em vista toda vez que o assunto em pauta for ecologia e alimentao: 1) No coma alm do necessrio. No tendo "os olhos maiores do que a boca", voc e s t a r s e alimentando de forma mais equilibrada e, alm disso, e s t a r evitando que preciosos recursos sejam transformados em lixo ou ento metabolizados como gordura no seu corpo. 2 ) Prefira os alimentos provenientes da agricultura ecolgica e / o u naturais. Os alimentos industrializados so caros e muitas vezes no so nutritivos. Evite os enlatados e empacotados. Eles contm aditivos prejudiciais, a curto ou a longo prazo, sua sade.

Nos ltimos dez anos, estudos intensos tm demonstrado que o mundo ocidental se alimenta com uma dieta excessiva de prote47

na, gordura saturada com colesterol, pesticidas e pouca fibra. Esse tipo de dieta est ocasionando enormes custos mdicos e de sade, matando as pessoas e destruindo o ambiente. Essa dieta responsvel pelo desaparecimento das pequenas propriedades e pelo avano do latifndio e da agricultura industrializada, nunca beneficiando o trabalhador do campo. A dieta predominante dos chineses rica em alimentos derivados de plantas e pobre em carne de vaca, aves e laticnios. Estudos sobre a populao chinesa mostram um nvel baixo de ocorrncia de doenas causadas por uma dieta predominantemente ocidental. Contudo, quando essas pessoas migram para o Ocidente e adotam uma dieta rica em gorduras e protenas e pobre em fibras, elas contraem as mesmas doenas relacionadas com a dieta alimentar dos ocidentais. O excessivo consumo de carne, correspondente atual dieta das classes sociais mais abastadas, colabora em grande medida com o agravamento de muitos dos principais problemas ambientais, tais como a desertificao, escassa disponibilidade de gua fresca, destruio das florestas tropicais, eroso dos solos e mudanas climticas. Alm disso, a importao - ou melhor, imposio - dos hbitos alimentares, ocidentais em diversos pases africanos, asiticos e latino-americanos tem ocasionado a perda de precioso conhecimento dos produtos locais, que tradicionalmente tm saciado a fome de bilhes de pessoas.Por meio da o f e r t a de alimentos gratuitos e baratos, os exportadores ocidentais geram novos hbitos alimentares nos pases compradores, criando novos mercados para as e x p o r t a e s comerciais. A ocidentalizao do consumo atinge primeiramente os grandes cent r o s urbanos e, em seguida, s e propaga em direo ao campo. Enquanto um campons do Senegal consome por ano 158 kg de milho mido, 19 kg de a r r o z e 2 kg de trigo, seu concidado de Dacar (a capital do pas) consome respectivamente 10 kg, 7 7 kg e 33 kg.

A propaganda induz tambm ao consumo de bebidas e alimentos muitas vezes inadequados s necessidades nutricionais da populao. Cada mexicano bebe em mdia 65 litros de refrigerantes por ano, ou seja, uma quantidade trs vezes maior do que bebem de leite, apesar de este ser mais nutritivo.

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Para exemplificar de maneira bem clara o que foi exposto, analisemos os dados que se seguem, fornecidos por vrias organizaes ambientalistas, entre elas, a EarthSave Foundation. O O gado para alimentao - cabras, ovelhas, bois e porcos somam 15 bilhes de indivduos, mais do que toda a populao humana, quase trs animais de rebanho para , cada ser humano. O pasto ocupa ainda pro- / Um novilho no pasto requer 3 , 2 kg de cereal poro considervel das terras arveis do mundo, para cada 0,5 kg de peso um absurdo se pensarmos nas multides de semque acumula; um moderterra dispersas pelo globo. O Aproximadamente 33% dos gros produzidos no mundo e 70% dos gros produzidos nos Estados Unidos esto voltados para a alimentao dos animais criados para o consumo.no avicultor, precisa de pouco mais de 900 g de cereal para produzir 0,5 kg de carne. Num mundo deficitrio de energia, e

comeremos mais aves O Esse modelo de produo de alimentos est voltado para os setores privilegiados, que \ menos carne de boi. consomem a maior parte da carne produzida no mundo. Cerca de 25% da humanidade come carne de animais que foram alimentados com cerca de 40% da produo mundial de gros.

O A criao de gado o maior agente poluidor das guas nos Estados Unidos, acima de qualquer indstria produtora de lixo txico. Alm disso, grande parte dos fertilizantes qumicos e pesticidas incorporados nos gros que alimentam os animais so posteriormente absorvidos pelo organismo humano.

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O o prprio mtodo de criao dos animais tem sido alvo de denncias incessantes. Ao contrrio das imagens buclicas que vemos na televiso, os animais vivem enjaulados, em lugares apertados e fedorentos, sofrendo um brutal e incessante stress para crescer mais rpido e serem mortos o quanto antes, muitas vezes de modo cruel. Tudo isso em flagrante desrespeito Declarao Universal dos Direitos dos Animais, da Unesco. O Muitas das naes pobres plantam e exportam gros para alimentar o gado das naes ricas, enquanto sua populao passa fome. Fazendas de gado tm destrudo mais florestas do que qualquer outra atividade na Amrica Central. O H questes ticas ligadas ao abate nos matadouros. Em pases como o Brasil, os animais so submetidos a uma infindvel srie de sofrimentos, at porque no existe qualquer legislao que proponha o chamado "abate humanitrio". O Por fim, o consumo exagerado de produtos animais na dieta ocidental responsvel pelo alto ndice de mortes causadas pelas seguintes doenas: ataque cardaco, artrite, obesidade, pedra nos rins, diabetes etc.Consumo de carne Estados Unidos Hungria Austrlia Frana Alemanha Argentina Ex-Unio Sovitica Brasil Japo China Coria do Sul Egito ndia m m m

per capita em112 108 104 91 89 82 70 47 41 24 19 4 2

alguns pases do mundo*

* Em kg/ano. Dados incluem carne de vaca, de porco, de carneiro, de cordeiro e de aves domsticas, baseado no peso das carcaas. As cifras para aves domsticas so de 1989. Dados de Institute.

Qualidade de Vida 1992, WorldWatch

Os pargrafos anteriores no significam que voc deva abolir a carne. Voc pode (e deve) diminuir seu consumo e, como cidado, posicionar-se favoravelmente em relao s propostas como a do "abate humanitrio".50

COMO ESCOLHER FRUTAS E VERDURASCaso voc ainda no tenha iniciado a sua horta domstica, so vlidas algumas dicas para a hora de adquirir suas frutas e verduras. Vamos a elas. O Nas feiras e nos mercados, escolha sempre as hortalias que paream mais rsticas e pequenas. No caso da hortalia orgnica, lembre-se de que as suas dimenses tambm so grandes. O No se deixe enganar pelo tamanho. Uma cenoura grande, por exemplo, geralmente est inchada de adubo e gua, significando na realidade "gua a preo de cenoura". As cenouras pequenas so menos aguadas e mais saborosas. O No exclua a priori verduras com sinais de ataques de insetos. Atente para o fato de que as verduras que j foram mordiscadas pelos insetos, geralmente, esto sem inseticidas, o que significa uma procedncia ambientalmente menos impactante. O Evite comprar frutas de outros pases. Esses produtos j foram pulverizados pelo menos uma vez para serem transportados por milhares de quilmetros. O Muito cuidado com a higiene. Nunca se esquea de lavar muito bem, com jatp forte da torneira e com o auxlio de uma escovinha, todas as frutas e verduras que sero consumidas, mesmo as que vo ser cozidas. Se for o caso, descasque-as, preferencialmente, se possvel raspando sua superfcie. Mergulhe verduras e legumes lavados em gua com vinagre antes de fazer a salada ou o prato de sua preferncia.

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O Prefira as frutas e verduras mais baratas. Os produtos mais baratos, geralmente, so da poca e da regio e, portanto, mais frescos e saudveis. O Evite as verduras mais procuradas. Produtos como a alface e o tomate, em razo da grande demanda, esto geralmente muito "protegidos", concentrando elevadas dosagens de produtos qumicos. O Esteja atento para o prazo de validade dos produtos. Evite consumir legumes, frutas e verduras que estejam h mais de uma semana ou dez dias na geladeira.Embora o pas tenha, em diversos sentidos, ingressado na modernizao, os mercados e as feiras livres continuam a ser bastante freqentados no pas. Em geral, as feiras apresentam muitos produtos que so mais baratos do que os oferecidos nos supermercados, sem contar que so mais f r e s c o s e com opes de compra muito maiores. No caso das feiras livres, o cidado ainda pode aproveitar o final da feira para obter melhores preos.

0 CRU EO COZIDOSabe-se que perdemos boa parte dos nutrientes ao cozinharmos os alimentos. Exatamente por isso que devemos aproveit-los ao natural. A cenoura, por exemplo (uma importante fonte de vitamina A), cozida numa panela comum, chega a perder 40% de vitamina C, 30% de vitamina B 25% de B2, alm de outras vitaminas e sais minerais.

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Esse exemplo vlido para qualquer coco de alimentos. O calor do fogo sempre prejudica o aproveitamento dos nutrientes. Quanto mais tempo no fogo e/ou maior a intensidade da chama, maior ser a perda de nutrientes. Obviamente no se pretende defender a eliminao do cozimento. Em primeiro lugar, pelo fato de existirem tipos de cozimento que minimizam a perda de nutrientes. Na Polinsia, por exemplo, costume cozinhar os alimentos envoltos em folhas de bananeira, de modo tal que os alimentos so preparados no seu prprio lquido, reduzindo-se a diminuio de seu valor alimentcio. Em segundo lugar, devemos considerar que o cozimento funciona como uma pr-digesto, facilitando bastante o trabalho do organismo. Exatamente por essa razo, praticamente todos os povos do mundo utilizam o fogo para cozinhar e no abrem mo dele, mesmo que custa do desmatamento e da desertificao de vastas reas. Em terceiro lugar, abdicar do fogo implicaria severo desconforto trmico nos pases frios e/ou durante o inverno, sem contar no abandono da possibilidade de nos deliciarmos com vrias maravilhas culinrias, que no apenas o corpo, mas igualmente a alma, solicitam para nossas vidas.

ALIMENTANDO-SE DE VEGETAIS E FRUTAS CRUASExiste uma grande quantidade de legumes, verduras e frutas que no apenas podem, como devem, na perspectiva de uma vida mais saudvel, ser consumidas cruas, em saladas ou na forma de sucos, tais como a couve, a cenoura e a beterraba, entre outros. O uso mais intenso de alimentos crus, inclusive para tratamento mdico, ocorre principalmente nos pases da Europa. Porm, em razo da globalizao, tornou-se uma tendncia muito forte, e at certo ponto popular, nos mais variados pases do mundo. Segundo a Dra. Gudrun Krkel Burkhard, as verduras cruas, quando ingeridas, ativam o organismo, despertando as suas foras curativas naturais. Ainda de acordo com a Dra. Gudrun, os vegetais que podem ser consumidos crus so:53

O couves: acelga, repolho e repolho roxo; rio, como desintoxicante e no combate ao reumatismo. Carqueja-, indicada para m digesto, azia e problemas intestinais. Catuaba-, considerada como um excelente tnico, digestivo e potente afrodisaco. < Coentro-, efeito estomacal. > < Damiana-, utilizada para combater a debilidade e o esgotat > mento nervoso. Funchoao estomacal e expectorante. Guaran-, efeito tnico, estomacal e como estimulante do sistema nervoso. Linhaa (sementes): usadas como laxante e para o tratamento dos intestinos e vias urinrias. Malva-, indicada para casos de bronquite, laringite e indigesto. Mate-, combate a fadiga e o reumatismo. Melissa-, indicada para casos de desmaio, vertigens, palpitaes, insnia e dor de cabea. Mutamba-, indicado para o tratamento de cabelos fracos.159

Panam: indicada para sudorese, bronquites e tratamento de eczemas. Pedra-ume: indicada para tratamento da diabete. < Pico-branco: t > indicado para molstias do fgado e intestinos. Quebra-pedra: usada para molstias das vias urinrias. # Quina: indicada para a cura de febres, cibra muscular, indigesto e problemas com o ritmo cardaco. Rosa-. ao adstringente, combatendo olheiras e problemas de pele. ifasa (fruto)-, indicada para casos de inflamao intestinal e tratamento das vias urinrias. < Sabugueiro-, ao sudorfera e expectorante. t > Salsaparilha-, ao depurativa, combatendo o reumatismo e a gota. Tlia-, ao sudorfera. Valeriana-, ao calmante, utilizada para o tratamento do sistema nervoso.

um MIWIM MSMCMI

M CASA

Muitos remdios tiveram, e ainda tm, origem em conhecimentos indgenas e em prticas populares. Para muitas doenas, o longo tempo de uso de alguns remdios provaram que eles so to eficazes quanto os medicamentos modernos, e eventualmente, at melhores. Geralmente, so tambm mais baratos e menos perigosos. Lembre-se por fim de que a prtica conta com o apoio de Organizaes como a O S - Organizao Mundial da Sade - ligada MONU.

Apesar do Brasil possuir uma das maiores floras medicinais do planeta, existem poucos estudos cientficos aprofundados. No mximo, conhec e - s e com c e r t a profundidade c e r c a de 2 0 % das 4 7 0 plantas mais consumidas no pas.

Apesar das limitaes possveis, podemos cultivar uma farmcia em casa. Atente para os seguintes cuidados: Sementes: escolha as maiores e de melhor aspecto. Estas so as melhores. Caso no encontre boas sementes no mercado, h a possibilidade de procur-las nos jardins botnicos e hortos florestais.

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Adubao: preferencialmente, deve ser feita com adubao orgnica e hmus. Plantio: a maioria das ervas medicinais pode ser cultivada em jardins ou em vasos, obedecendo s mesmas orientaes do plantio de hortalias apresentadas anteriormente. Colheita: o ideal conhecermos poca em que a planta apresenta maior concentrao de princpios ativos, o que varia de espcie para espcie. Sabe-se tambm que esses princpios ativos so fortemente influenciados por diversos fatores, dentre os quais, insolao, clima, tipo de solo, fertilizante usado, poca de plantio e de colheita. Procure pois cercar-se de uma boa literatura a respeito da flora medicinal, no s quanto colheita, mas tambm quanto ao plantio e utilizao.

ESPCIES QUE PODEM SER CULTIVADAS EM CASA Alecrim (Rosmarinum officinalis)-. o ch de alecrim, servido bem quente, costuma cortar a gripe pela raiz, alm de ser um excelente tempero para frango e carnes. um dos principais componentes dos banhos calmantes (os chamados "banhos de sete ervas"). 0 Arruda (Ruta graveolens): para diminuir a clica intestinal, fazemos um ch (infuso) com um ou dois raminhos em meio litro de gua. Tomar um copo duas vezes ao dia. Para combater o mau hlito, bochechamos duas a trs vezes ao dia com um ch feito com dois raminhos de arruda. Em caso de sarna, feivemos folhas de arruda em um litro de gua. Deixamos esfriar e lavamos as leses, evitando que fiquem expostas ao sol.161

Babosa (Aloe vera)-, para caspa e queda de cabelo, duas vezes por semana molhe o cabelo, passe o suco da folha da babosa, espere quinze minutos, depois lave e enxge. Para tratar de queimadura de primeiro grau ou queimadura de sol, passe o suco da folha de babosa ou coloque um pedao de babosa depois de tirar a pelcula (para tirar a pelcula, passe o pedao no fogo). Para hemorridas, preparamos um suco feito da seguinte maneira: tiramos a casca grossa da babosa, cortamos a parte interna e esprememos. Fazemos uma massagem suave nas hemorridas, noite, at que a hemorrida desaparea. Este suco tambm pode ser usado para aliviar a coceira causada por oxiros ou uma inflamao do reto. Banana (Musa paradisaca, Musa sinensis, Musa sapienturri)-. para estancar o sangue de uma ferida, colocamos sobre ela o lquido do talo da folha da bananeira. Boldo (Coleus barbatus)-. sua infuso ou extrato um excelente alvio para os males do fgado e do humor. Calndula (Calendula officinalis)-. a tintura e a infuso das suas folhas secas possui ao anti-sptica e cicatrizante. Camomila (Matricaria chamomilla)-. para dor de barriga, gases e diarria, preparamos uma infuso usando uma colher de ch de erva para cada copo de gua. Capim-limo ou Capim-santo (Cymbopogon citratus)-. sua infuso possui efeito calmante e combate a insnia, alm de possuir ao analgsica e estomacal. Chuchu (Sechium edule): em caso de presso alta, preparamos o chuchu da seguinte maneira: lavamos o chuchu usando uma escovinha para tirar eventuais agrotxicos da casca. Depois, cortamos em fatias e batemos no liqidificador com um pouco de suco de laranja. Comos e tomamos duas a trs vezes ao dia. Constitui um timo diurtico, enriquecendo ainda o organismo com potssio. Fazemos uma infuso com trs folhas e um copo de gua. Tomamos dois a trs copos por dia. Ewa-cidreira (Melissa officinali): uma infuso preparada com suas folhas secas possui ao calmante e digestiva. Guaco (Mikania glomerata)-. um xarope das folhas frescas ou a infuso das suas folhas secas constitui um excelente expectorante para todas as idades.162

Hortel (Menta spicata): usado como vermfugo (salada) e digestivo (infuso). Inhame (Colocasia sp): alm de timo alimento, o inhame tem enorme valor medicinal. Ele faz uma verdadeira limpeza no organismo atravs da pele, dos rins e dos intestinos. O emplastro do inhame pode ser usado contra dores, feridas inflamadas, tumores e hematomas. Tambm ajuda a puxar espinhos, estilhaos de vidro, quistos sebceos, furnculos e unha encravada. Maracuj (Passiflora edulis)-. a decoco das folhas constitui um renomado calmante e diminui a ansiedade, corrigindo a insnia e distrbios nervosos. Preparamos a decoco com uma ou duas folhas para uma xcara de gua. Tomamos duas a trs xcaras por dia. O fruto fornece um suco bastante apreciado. Mentrasto (Ageratum conyzoides% utiliza-se a parte area da planta seca em infuses ou tinturas com ao analgsica e antiinflamatria. Mil-folhas (Achillea millefolium): a infuso das suas flores e folhas possui ao antiinflamatria. Slvia (Salvia officinalis): uma planta com poder digestivo, expectorante (por meio de infuso ou da vaporizao dos ambientes) e antiinflamatrio (compressas). Poejo CMentha pidegia): o ch de poejo muito usado para acalmar clicas dos bebs assim como para cortar resfriados. Tambm se pode mastigar a sua folha fresca, tal qual um chiclete, para sentir bem-estar nas vias respiratrias. INDICAES DO RECEITURIO CASEIRO

MEDICANDO 0 REUMATISMO, ARTRITE TORCEDURAS E DORES MUSCULARES# Utilizamos 1 xcara de alho em pedacinhos, outra de gengi> bre em pedacinhos e mais uma de pimenta amassada. Esquentamos trs xcaras de leo de coco e acrescentamos os ingredientes. Deixamos ento a mistura em fogo baixo de cinco a dez minutos, retiramos do fogo e aps ter esfriado, aplicamos no local e massageamos.

MEDICANDO A DIARRIA Tiramos 3. casca. de uma banana verde. A seguir, cortamos a $ banana em rodelas finas e a deixamos secando ao sol por um dia.

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Trituramos o produto num pilo e guardamos o p em vidros bem fechados. O p de banana pode ser misturado com alimentos moles como a papa de arroz. Trs folhas de cada uma das seguinte rvores: abacateiro, goiabeira e pitangueira. Acrescentamos dois copos de gua e fervemos durante dez minutos. Aps cada evacuao, tomamos 1 copo da soluo. Alm da soluo, importante beber soro preparado com uma pitada de sal e uma colher rasa de ch com acar.

MEDICANDO A CONJUNTIVITE Fervemos um copo de gua e despejamos sobre um punhado $ de folhas e flores de alecrim ou camomila, pico ou jasmim colocados num copo. Tampamos o recipiente durante 15 minutos, comos e deixamos esfriar. Usamos de duas a trs gotas em cada olho, a cada duas ou trs horas.

MEDICANDO A TOSSEPara preparar um expectorante para tosse, siga as seguintes instrues: usamos trs punhados de folhas frescas de tamarindo e um gengibre de tamanho mdio. Cortamos o gengibre em rodelas finas. Colocamos as folhas de tamarindo no fundo da panela de barro e, a seguir, as rodelas de gengibre em cima das folhas; acrescentamos dois copos de gua. Fervemos durante trinta $ minutos ou at que permanea o volume equivalente a apenas um copo de lquido. Comos. Acrescentamos um copo de acar e meio copo de gua. Fervemos at a mistura alcanar o ponto de um xarope grosso; < aps a mistura ter esfriado, acrescentamos o suco de um a t > trs limes. O xarope deve ser tomado a cada trs a quatro horas. Para o adulto, a dosagem uma colher de sobremesa, para crianas, uma colher de ch e para bebs, meia colher de ch; < outra alternativa fazermos um xarope de agrio. Para fazer t > o xarope, socamos algumas folhas de agrio e tiramos o sumo. Misturamos uma parte de mel de abelhas com uma parte de suco de limo e batemos tudo com sumo de agrio at ficar bem misturado. A criana recebe uma colher de ch duas a trs vezes ao dia; uma outra alternativa ainda preparar um ch de folha de guaco. $ no caso da tosse com catarro, recorremos ao xarope (lambe$ dor) de mamo verde. Cortamos a tampa de um mamo verde e164

tiramos as sementes. Colocamos rapadura e tampamos novamente. Deixamos no forno, em fogo baixo, at ficar marrom. Tiramos a tampa e observamos se a rapadura se desfez, pois a consistncia final deve ser semelhante do mel.

MEDICANDO 0 NARIZ ENTUPIDO Prepare uma soluo misturando um copo de gua fria com $ uma colher de caf. Pingue a seguir no nariz, com moderao.

MEDICANDO GRIPES E RESFRIADOS Prepare um ch de alho, na proporo de um dente amassa$ do para cada xcara de gua. Outra alternativa derreter duas colheres de acar numa $ panela com dois pedaos de canela. Derramamos o lquido num copo de leite morno e acrescentamos um clice de conhaque. Contando com os poderes do alho0 alho uma planta de extrema utilidade para a nossa sade. Ele tem a t propriedades antibiticas e mata diversos vrus. Vamos destacar algumas das suas aplicaes: para estimular o apetite, colocamos um dente de alho cru picado na $ comida; para baixar a presso sangnea, comemos de um a t r s dentes de t alho cru por dia durante as refeies. O alho no produz efeitos colaterais e age de maneira mais duradoura do que outras substncias que fazem baixar a presso; 0 para apressar a cicatrizao do herpes simples, esfregamos um pouco de alho esmagado no local.

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MEDICANDO A SINUSITE Faa uma inalao de vapor de gua quente, tomando cuidado $ para no se queimar. MEDICANDO A BRONQUITE Aquecemos fub com gua, enrolamos num lenol e colocamos sobre o peito. MEDICANDO A GARGANTA INFLAMADA Podemos fazer gargarejos trs vezes ao dia com ch de camo$ mila e gua morna com sal ou suco de abacaxi ou ento suco de limo acrescido gua morna. MEDICANDO A DOR DE CABEA Coloque uma bolsa de gua quente na testa ou na nuca. Tome uma xcara de caf. $ Faa um ch de capim-limo. $ MEDICANDO A DOR DE DENTE Voc pode atenuar a dor, mastigando alguns cravos. Podemos tambm esfregar uma pasta preparada a partir de folhas de manjerico ou gengibre ralado com uma pitada de sal na gengiva prxima ao dente. MEDICANDO A RESSACA Beba bastante gua, mel e suco de frutas. $

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MEDICANDO AS QUEIMADURAS DE SOL Para obter efeito cicatrizante, use a polpa da babosa, retirada $ diretamente da planta. Molhe o local com gua fria. Cubra, a seguir, com gema de ovo ou maisena.

MEDICANDO PEQUENOS CORTES< Podemos passar acar mascavo para estancar o sangue. t >

MEDICANDO PRISO DE VENTRE Coma ameixa fresca. Caso tenha disposio apenas ameixas $ secas, coloque trs frutos num copo de gua e beba o lquido na manh seguinte, logo ao acordar.

MEDICANDO PICADAS DE ABELHAS E MARIMBONDOS Se voc no for alrgico ao veneno desses insetos, retire o $ ferro e passe mamo esmagado no local. Uma fatia de cebola alivia a dor. $

MEDICANDO PICADAS DE PERNILONGOS E BORRACHUDOS Fazemos compressas de gelo ou uma pasta de gua com $ bicarbonato.

MEDICANDO CASOS DE VERMES E DE SOLITRIA EM CRIANAS Junte duas ou trs colheres de ch do leite que escorre $ quando cortamos a fruta verde (se for possvel, tambm podemos recorrer ao tronco da rvore). Misturar a seguir com igual quantidade de me