guia de projetos 1 -...

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Guia PGuia PGuia PGuia PGuia Pararararara Elabora Elabora Elabora Elabora Elaboração de Pração de Pração de Pração de Pração de Projetojetojetojetojetos Sociaisos Sociaisos Sociaisos Sociaisos Sociais

Luis StephanouLúcia Helena Müller

Isabel Cristina de Moura Carvalho

2a Edição – 2003

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AutoresLuis Stephanou

Lúcia Helena MüllerIsabel Cristina de Moura Carvalho

Projeto gráficoCristina Pozzobon

RevisãoSusanne Buchweitz

FotosLuis Abreu (capa e páginas 24 e 42)

Paulino Menezes (página 10)René Cabrales (capa)

Produção GráficaGráfica Sinodal

ImpressãoGráfica Pallotti

© Editora Sinodal, 2003Caixa Postal 1193001-970 São Leopoldo - RSFone/fax: (51) 590-2366e-mail: [email protected]: www.editorasinodal.com.br

Co-editora:Fundação Luterana de DiaconiaRua Senhor dos Passos, 202 - 5° andar - CentroCaixa Postal 287690001-970 Porto Alegre - RS - BrasilFone: +55 0xx (51) 3221-3433Fax: +55 0xx (51) 3225-7244e-mail: [email protected]: www.fld.com.br

Cip – CCip – CCip – CCip – CCip – Caaaaatalogtalogtalogtalogtalogação na Pação na Pação na Pação na Pação na PublicaçãoublicaçãoublicaçãoublicaçãoublicaçãoBibliotecária Responsável: Cristina Troller CRB10/1430

s827g STEPHANOU, LuisGuia para elaboração de projetos sociais / Luis Stephanou; Lúcia Helena Müller;

Isabel Cristina de Moura Carvalho – São Leopoldo, RS: Sinodal, Porto Alegre/RS: FundaçãoLuterana de Diaconia, 2003.

96p.

ISBN 85-233-0703-6

1. Projeto Social 2. Projeto Social 3. MÜLLER, Lúcia Helena 4. CARVALHO, IsabelCristina de Moura I. Título

CDU – 316.4

Outubro 2003

5Sumário

Apresentação 6

Introdução 8

Por que projetos sociais? 10

O que são projetos sociais? 24

Itens de um projeto social 42

Conclusão 88

Fontes de consulta virtual 89

Bibliografia 93

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Foi com grande prazer que recebi o convite para escrever algumaspalavras de apresentação deste Guia, produzido a seis mãos pelosamigos Luis, Lúcia e Isabel.No atual contexto de crescente complexificação da ação social, deaparentes consensos sobre o que seja uma boa prática na área social, eda universalização dos projetos sociais como instrumento de ação, deparceria e de captação de recursos, torna-se fundamental conceber aação social através de projetos como espaços e processos de caráterestratégico. Estratégico no sentido de que ali - no curso das ações, nosespaços de reflexão, na gestão dos conflitos, na interlocução com outrosatores e na celebração das vitórias – vão aos poucos emergindo novossaberes, novas percepções, novas relações, novas energias, enfim, vão seinstituindo novos sujeitos. Se um projeto social contribuir de formarelevante para fazer brilhar a luz interior de cada indivíduo no processode constituição de novos sujeitos coletivos, então ele terá promovido oresgate da dignidade humana, em suma, terá sido exitoso.Este Guia para elaboração de projetos sociais representa uma

Apresentação

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inovadora contribuição neste sentido. Ele é um bem-vindo resultadoda rica e diversificada experiência pessoal e profissional de cada umdos autores e da sua profícua colaboração nos últimos anos.Um dos grandes méritos do Guia é sua abordagem ampla, densa ecomplexa mas, ao mesmo tempo, objetiva, didática e tecnicamentesólida da problemática dos projetos sociais. Outro destaque é a formainovadora do Guia, intercalando e integrando orientações gerais, fichasde síntese (lâminas) e exemplos. Muito útil a todos aqueles envolvidosna área social é a apresentação de fontes de consulta na internet, bemcomo da bibliografia de interesse. Tudo isso torna este Guia uminstrumento inovador, de alta qualidade e muito agradável de ler.O leitor/ativista social tem em mãos a melhor publicação brasileirade orientação prática sobre projetos sociais.Diante disso, acho que, em nome dos leitores, posso agradecer aos três.Um abraço,

DomingDomingDomingDomingDomingos Armanios Armanios Armanios Armanios Armani

8 Introdução

Nas últimas décadas o Estado e a sociedade brasileira,fortemente influenciados pelo contexto internacional,passaram por profundas mudanças nas suas relações,formas de organização e na própria gestão das políti-cas públicas.

Num sentido, o processo de globalização e a atual re-volução nas formas de produção e reprodução do ca-pital condicionam nossas vidas (e das organizaçõesque criamos) do ponto de vista social, econômico, po-lítico e cultural.

Em nosso país, saímos de um contexto de ditadura militarpara um longo (e lento!) processo de democratização. Nomomento em que escrevemos estas palavras, assistimosa eleição de uma liderança popular, formada nas lutas dosmovimentos sociais, para presidente da nação.

Nestes 20 ou 25 últimos anos, tendo a Constituição de1988 como um marco do processo democrático, houveimportantes mudanças na forma de organização do Esta-do e na sua articulação com a Sociedade Civil.

Em primeiro lugar, com a consolidação de um quadroplural de partidos políticos e a realização constante deeleições para os mais diversos níveis, conseguiu-se aimplementação de orientações políticas diversificadas,tanto do ponto de vista de idéias e prioridades comoem seus métodos de gestão. A condução do Estado setornou mais plural; o próprio Estado passou a ser vistocomo algo plural.

Contudo, é preciso reconhecer que nesta pluralidadeprevaleceram as políticas neoliberais, que priorizamajustes econômicos em detrimento de políticas sociais.Assim, apesar da democratização política, neste períodoaumentou a concentração de renda e, em conseqüência,também aumentou a massa de deserdados do campo eda cidade. Os resultados estão aí: a fome e a exclusão

são hoje, tanto ou mais do que há cinqüenta anos atrás,parte dramática de nossa realidade.

A Sociedade Civil brasileira, com seus movimentos e organi-zações também se transformou e, ao mesmo tempo, foiimportante agente de algumas destas mudanças. Em me-nos de três décadas saiu de um contexto de resistência aoregime político para um processo de mobilizações sociais(eleições livres e diretas, constituinte, greves, impeachment)e, posteriormente, tornar-se sujeito da construção de políti-cas sociais, através da utilização de canais ou mecanismosde participação na gestão pública.

Assim, na atualidade tem-se um quadro no qual Estado eSociedade Civil interagem com mais freqüência e intensi-dade do que em outros períodos. Este processo vem pro-vocando mudanças, das quais destaca-se o crescimentodo que se convencionou chamar de terceiro setor e, parti-cularmente, o fortalecimento de determinada espécie deorganizações da Sociedade Civil – as chamadas ONGs.

As organizações que formam o terceiro setor não têm uni-formidade de ações ou de visão de mundo entre suas orga-nizações. Contudo, apesar das origens, trajetórias e perspec-tivas tão diferenciadas é inegável a presença e a visibilidadeque, enquanto “bloco”, este conjunto de organizações soci-ais vem logrando construir. Essa presença é cada vez maisnotável do ponto de vista político e social, mas tambémcomo catalisador de atividades econômicas.

Dentro deste amplo guarda-chuva, vem crescendo onúmero e a importância das ONGs para a vida social noBrasil. Há, inclusive, importantes mudanças na legisla-ção. A lei 9790/99, ao definir o marco das Organizaçõesda Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIPs e suaspossibilidades de parceria com organizações do Estado,busca redefinir o perfil destas relações, tradicionalmen-te ancoradas no assistencialismo e em organizações decaráter filantrópico.

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Todas estas mudanças contribuem para o crescimentode intervenções públicas sob a forma de projetos. Otrabalho que segue, de certa forma, também é um fru-to deste novo contexto.

Este Guia para Elaboração de Projetos Sociais começoua ser pensado a partir de cursos, encontros e semináriosque, nos últimos três anos, seus autores vêm desenvol-vendo com organizações governamentais e fóruns deentidades ou grupos da Sociedade Civil e universidades.Também contribuiu na reflexão sobre os projetos a lei-tura de propostas que solicitaram apoio junto à Funda-ção Luterana de Diaconia. A soma das experiências deaula e a leitura de muitos projetos nos convenceram daimportância de um material que sistematizasse nossotrabalho. Assim nasceu este guia.

O texto está dividido em três partes:Numa primeira, expomos algumas questões que ten-tam responder a seguinte pergunta: por que projetossociais?Na segunda parte trabalhamos aspectos conceituais, embusca de algumas definições que consideramos essenci-ais em torno de projetos sociais.Finalmente, na terceira parte, sob a denominação de“itens de um projeto”, analisamos e comentamos o quepode ser uma proposta de projeto, tratando de destacarum esquema lógico no qual praticamente qualquergrupo ou iniciativa poderá estruturar seu trabalho ousuas demandas.Em anexo, destacamos uma bibliografia e fontes de con-sulta virtual sobre o assunto e alguns temas relacionados.

Os leitores irão perceber que há uma dinâmica deapresentação de gráficos e, na seqüência, rápidos co-mentários sobre estes esquemas visuais. Os comentá-rios não são cópias exatas dos gráficos, pois estes ser-vem como um fio condutor das questões que conside-ramos mais importantes em cada ponto. Também pro-

curamos, na medida do possível, extrair exemplos con-cretos de projetos existentes para colaborar no enten-dimento de alguns pontos.

Cabe destacar que este trabalho não teria sido possívelsem o apoio de muitos amigos e amigas. Gostaríamos deagradecer aos grupos, citados no decorrer do texto, quecederam parte de seus projetos para serem citados. À Soci-edade de Pesquisa em Vida Selvagem e EducaçãoAmbiental – SPVS, na figura de seu diretor, o senhor ClóvisRicardo Borges, agradecemos a cessão de extratos do livro“Práticas para o sucesso de ONGs ambientalistas”. A equi-pe da Fundação Luterana de Diaconia – FLD e o pessoal dasede da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil –IECLB prestaram apoio, suporte logístico e animaram nos-so trabalho. Domingos Armani, além de gentilmente sedispor a escrever a apresentação, nos transmitiu confiançaa partir de seus comentários. Cristina Pozzobon e SusanneBuchweitz, responsáveis pelo projeto gráfico e pela revisão,fizeram muito mais do que isto; estiveram nos apoiando etranqüilizando durante os momentos de incerteza. A todosestes grupos e pessoas, muito obrigado!

Este material – que já está na segunda edição – foi pen-sado para o público com o qual freqüentemente trabalha-mos. Assessores de Organizações Não-Governamentais,lideranças de grupos sociais, associações comunitárias eservidores de órgãos públicos. A todos desejamos boa lei-tura e que algo deste material seja útil em suas iniciativas.

Luis StephanouLuis StephanouLuis StephanouLuis StephanouLuis StephanouLúcia Helena MLúcia Helena MLúcia Helena MLúcia Helena MLúcia Helena MüüüüüllerllerllerllerllerIsabel Cristina de MourIsabel Cristina de MourIsabel Cristina de MourIsabel Cristina de MourIsabel Cristina de Moura Ca Ca Ca Ca Carararararvvvvvalhoalhoalhoalhoalho

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Por queprojetos sociais?Por queprojetos sociais?

11Por que projetos sociais?

Os projetos sociais nascem dodesejo de mudar uma realidade.Os prOs prOs prOs prOs projetojetojetojetojetos são ponos são ponos são ponos são ponos são pontes tes tes tes tes enenenenentrtrtrtrtreeeee ooooodesejo e a rdesejo e a rdesejo e a rdesejo e a rdesejo e a realidadeealidadeealidadeealidadeealidade..... São açõesestruturadas e intencionais, deum grupo ou organização social,que partem da reflexão e do diag-nóstico sobre uma determinadaproblemática e buscam contribuir,em alguma medida, para “um ou-tro mundo possível”. Uma boadefinição é formulada por Domin-gos Armani:

“Um projeto é uma ação socialplanejada, estruturada em objeti-vos, resultados e atividades, base-ados em uma quantidade limita-da de recursos (...) e de tempo”(Armani, 2000:18).

Os projetos sociais tornam-se,assim, espaços permanentes denegociação entre nossas utopiaspessoais e coletivas – o desejo demudar as coisas –, e as possibilida-des concretas que temos para rea-lizar estas mudanças – a realidade.

A elaboração de um projetoimplica em diagnosticar uma rea-lidade social, identificar contextossócio-históricos, compreender re-lações institucionais, grupais e co-munitárias e, finalmente, planejaruma intervenção, considerando oslimites e as oportunidades para atransformação social.

Os projetos sociais não são rea-lizações isoladas, ou seja, não mu-dam o mundo sozinhos. Estão

sempre interagindo, através de di-ferentes modalidades de relação,com políticas e programas volta-dos para o desenvolvimento social.Um prUm prUm prUm prUm projetojetojetojetojeto não é uma ilhao não é uma ilhao não é uma ilhao não é uma ilhao não é uma ilha.....

Neste sentido, os projetos soci-ais podem tanto ser indutores denovas políticas públicas, pelo seucaráter demonstrativo de boaspráticas sociais, quanto atuaremna gestão e execução de políticasjá existentes.

Políticas públicas são aquelasações continuadas no tempo, fi-nanciadas principalmente com re-cursos públicos, voltadas para oatendimento das necessidades co-letivas. Resultam de diferentes for-mas de articulação entre Estado esociedade. A tomada de decisãoquanto à direção das ações de de-senvolvimento, sua estruturaçãoem programas e procedimentosespecíficos, bem como a dotaçãode recursos, é sancionada por inter-médio de atores governamentais.Num modelo de gestão participati-va, é desejável que estas políticasresultem de uma boa articulaçãoda Sociedade Civil com o Estado,permitindo que a Sociedade Civilcompartilhe não apenas a execu-ção, mas, sobretudo, os espaços detomada de decisão, atuando noplanejamento, monitoramento eavaliação destas políticas.

O desafio das políticas públicasé assegurar uma relação de partici-

pação e boa articulação entre ossetores sociais envolvidos nas ins-tâncias de gestão compartilhada.Este é o caso dos conselhosgestores que vêm se estabelecen-do em várias áreas das políticassociais tendo como finalidade ummodelo de gestão participativa

Um projeto social é uma uni-dade menor do que uma política ea estratégia de desenvolvimentosocial que esta implementa. Osprojetos contribuem para trans-formação de uma problemáticasocial, a partir de uma ação geral-mente mais localizada no tempo efocalizada em seus resultados. Apolítica pública envolve um con-junto de ações diversificadas econtinuadas no tempo, voltadaspara manter e regular a oferta deum determinado bem ou serviço,envolvendo entre estas ações pro-jetos sociais específicos.

Finalmente, vale lembrar quehá também muitos projetos soci-ais que não estão diretamenteligados a uma política pública go-vernamental. Operam com recur-sos públicos e privados provenien-tes de agências de cooperação in-ternacional. Mas, ainda assim,nestes casos, os projetos estarãoocupando um espaço de media-ção e interlocução com as políti-cas públicas nacionais no campodo desenvolvimento social. Ouseja, também são públicos.

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Por que projetos sociais?

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Os projetos sociais são umaimportante ferramenta de ação ,amplamente utilizada peloEstado e pela Sociedade Civil.Para entender porque os proje-tos sociais tornaram-se estaferramenta tão difundida, énecessário perceber as mudan-ças ocorridas nas últimasdécadas, tanto nas esferasestatais como na Sociedade Civilbrasileira. Tais mudançasapontam para formas alternati-vas de implementação daspolíticas sociais.Em outras palavras, houve umademocratização em aspectosfundamentais da intervenção doEstado na sociedade, tais como

��Por que, atualmente, se fala tanto em projetos sociais?��Por que, cada vez mais, as formas de intervenção ou iniciativas de ação social acontecem emforma de projetos?��Por que, de forma crescente, o mais variado tipo de instituições vêm exigindo a apresentação deprojetos?

eleições livres e diretas,descentralização, formação demecanismos mais amplos decomunicação e de controlesocial, implementação deinstrumentos de governançacom maior visibilidade, além denovas formas de participação naelaboração dos orçamentos edas políticas públicas. Estamosfalando de orçamentosparticipativos, conselhos dedireitos, elaboração de estatutosde cidadania, fóruns, entreoutras formas de democratiza-ção das atividades do Estado.Ao mesmo tempo em que aSociedade Civil, com suaheterogeneidade, vem se

fortalecendo e desenvolvendonovas formas de organizações(não-governamentais, redes,entre outras), ela se converte emprotagonista da ação social. Istoquer dizer que vem atuando deforma direta nas questõessociais e também participandoativamente na elaboração depolíticas públicas. Atualmente,um amplo conjunto de organiza-ções sociais consegue umamelhor articulação entre si ecom o Estado no desenvolvimen-to de agendas de ação conjunta.A partir dessas mudanças, seconfigura um novo quadro derelações entre o Estado e aSociedade Civil.

Por que projetos sociais?

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NoNoNoNoNovvvvva fa fa fa fa formaormaormaormaormatação das rtação das rtação das rtação das rtação das relaçelaçelaçelaçelaçõesõesõesõesõesenenenenentrtrtrtrtre Ee Ee Ee Ee Estado e Sociedade Civilstado e Sociedade Civilstado e Sociedade Civilstado e Sociedade Civilstado e Sociedade Civil

��DescDescDescDescDescenenenenentrtrtrtrtralizalizalizalizalização do Eação do Eação do Eação do Eação do Estadostadostadostadostado��PPPPParararararticipação da Sociedade Civil orticipação da Sociedade Civil orticipação da Sociedade Civil orticipação da Sociedade Civil orticipação da Sociedade Civil orggggganizanizanizanizanizadaadaadaadaada��NoNoNoNoNovvvvva ca ca ca ca configuronfiguronfiguronfiguronfiguração das fração das fração das fração das fração das fronononononteirteirteirteirteiras enas enas enas enas entrtrtrtrtreeeee

públicpúblicpúblicpúblicpúblico e privo e privo e privo e privo e privadoadoadoadoado��CCCCCompleompleompleompleomplexidade no quadrxidade no quadrxidade no quadrxidade no quadrxidade no quadro de implemeno de implemeno de implemeno de implemeno de implementaçãotaçãotaçãotaçãotação

de políticas sociaisde políticas sociaisde políticas sociaisde políticas sociaisde políticas sociais��RRRRRedefinição de estredefinição de estredefinição de estredefinição de estredefinição de estraaaaatégias de artégias de artégias de artégias de artégias de articulaçãoticulaçãoticulaçãoticulaçãoticulação

destas políticas sociaisdestas políticas sociaisdestas políticas sociaisdestas políticas sociaisdestas políticas sociais

15O novo formato das relações

A partir da Constituiçãobrasileira de 1988, queuniversalizou direitos até entãorestritos a certas camadas dapopulação, houve um aumentodas demandas sociais dirigidasao Estado.

A percepção de que as açõespúblicas seriam mais efetivas eteriam maior controle social se aação do Estado fosse descentra-lizada fez com que se desenca-deasse um processo deregionalização e municipaliza-ção de políticas públicas. Issoproduziu uma nova divisão (re-partição) entre receitas e encar-gos públicos, o que não ocorreusem contradições e conflitos.

Além disso, a valorização docontrole democrático da açãopública fez com que a participa-ção da Sociedade Civil se tornas-se um elemento indispensável noplanejamento, implementação econtrole das ações sociaispromovidas pelo Estado.

As fronteiras entre público eprivado se redefiniram. O Estadodeixou de ser o único executorde políticas sociais e começou apriorizar seu papel de

articulador e regulador destaspolíticas. Com isto cresce aparticipação de outros atores,tais como a iniciativa privada, asorganizações não-governamen-tais, organismos internacionais,movimentos sociais e outrosgrupos organizados.

Estes diferentes atorescomeçam a participar nadefinição, implementação efinanciamento de políticassociais, o que torna mais com-plexo o quadro de articulaçãodestas políticas. Para qualquerdemanda ou questão social hámuito mais interlocutores elógicas institucionais a seremcontemplados.

Tal complexidade exige adefinição de novas estratégiasde ação, com capacidade deestabelecer acordos queenvolvam um espectro cada vezmais amplo de atores sociais.Isto envolve as diferentesesferas dentro do próprioEstado (federal, estadual emunicipal) e diversos setores nointerior do mesmo âmbito degoverno (diversos poderes oudiferentes órgãos de adminis-tração). Também engloba

parcerias com a iniciativaprivada, movimentos sociais,organizações da Sociedade Civil,entre outros. Tais acordos dizemrespeito à definição de priorida-des nas demandas sociais eformas de atendê-las, o queimplica em estabelecer clara-mente os objetivos, metas,responsabilidades e os critériosde avaliação, de forma a garan-tir a racionalização na gestão eo bom uso dos recursos.

O novo formato das relaçõesentre Estado e Sociedade Civil,quando bem construído, podegarantir um maior compromissonas ações com interesse público.

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O lugar dos projetos sociais

Projeto social é uma ferramenta de ação que delimitauma intervenção quanto aos objetivos, metas, formasde atuação, prazo de execução, responsabilidades ecritérios de avaliação.

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Projeto Social é uma ferra-menta adequada para dar contadessa nova complexidade,porque uma de suas característi-cas principais é a de delimitar aação social.

Essa delimitação da açãopropicia uma avaliação contínuado que está sendo feito e,quando necessário, oredirecionamento para acorreção de rumos da atuação.

A ferramenta Projeto Socialtambém tem a qualidade defacilitar a articulação entrevários agentes e mecanismos deação social porque dispensa oestabelecimento de umaintegração interinstitucionalmais formal ou permanenteentre eles. A parceria éestabelecida nos limites da açãoproposta, por exemplo: atravésde um projeto de ação que visa aprevenção de doenças, pode-searticular a atuação conjunta dediversos setores do estado e deorganismos da Sociedade Civilque atuam na área da saúde, dosaneamento, da habitação, daeducação etc., sem que sejacriado um novo órgão ouinstituição permanentes.

O projeto social facilita oestabelecimento de parceriasentre atores sociais que, emboranão compartilhem a mesmavisão em termos de políticaglobal, estão dispostos a agirconjuntamente em intervençõesdelimitadas (parcerias inter-governos que possuem progra-mas diferenciados; parceriasentre órgãos públicos e ainiciativa privada, organizaçõescomunitárias, ONGs etc.).

A delimitação da ação sob aforma de Projeto Social tambémpermite o estabelecimento decritérios mais transparentes quefacilitam a definição da compe-tência e a avaliação das respon-sabilidades dos diversos atoressociais envolvidos na ação social.

A transparência na definiçãoda ação a ser realizada, nadefinição de competências eresponsabilidades é uma formade democratizar as informaçõese o controle público sobre aação social.

No âmbito do Estado, oprojeto social deve ser encaradocomo uma etapa ou uma formade trabalho que se reporta

necessariamente a objetivosglobais de uma política públicagovernamental.

No âmbito da Sociedade Civil,os projetos sociais são capazesde produzir experiências inova-doras, contribuindo para oenraizamento e/ou a renovaçãode políticas sociais. Com isso,promovem o fortalecimento dosgrupos sociais envolvidos e ademocratização da sociedade.

O lugar dos projetos sociais

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Riscos da ação social sob a forma de projetos

� FFFFFrrrrragmenagmenagmenagmenagmentação das açtação das açtação das açtação das açtação das açõesõesõesõesões� EEEEExxxxxcccccessivessivessivessivessiva dependênciaa dependênciaa dependênciaa dependênciaa dependência������FFFFFalta de legitimidade ou ralta de legitimidade ou ralta de legitimidade ou ralta de legitimidade ou ralta de legitimidade ou repreprepreprepresenesenesenesenesentatatatatatividadetividadetividadetividadetividade������Indefinição de rIndefinição de rIndefinição de rIndefinição de rIndefinição de responsabilidades e méritesponsabilidades e méritesponsabilidades e méritesponsabilidades e méritesponsabilidades e méritososososos������DescDescDescDescDescononononontinuidadetinuidadetinuidadetinuidadetinuidade������BaixBaixBaixBaixBaixo co co co co cononononontrtrtrtrtrole da efole da efole da efole da efole da efetividade das açetividade das açetividade das açetividade das açetividade das açõesõesõesõesões������Dificuldade na inDificuldade na inDificuldade na inDificuldade na inDificuldade na interprterprterprterprterpretação deetação deetação deetação deetação de

desdobrdesdobrdesdobrdesdobrdesdobramenamenamenamenamentttttos do pros do pros do pros do pros do projetojetojetojetojetooooo

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Projeto social é uma ferramen-ta de ação, e como tal deve ser en-carada. Isso significa que sua apli-cação tem limites e acarreta riscosque devem ser alvo de constanteatenção. Vejamos alguns deles:

No âmbito do Estado ou de pro-gramas de ação social de larga am-plitude, a ação realizada exclusiva-mente sob a forma de projetos so-ciais pode levar à perda de escala, àduplicidade de ações empreendi-das, a desperdícios eirracionalidades na implementa-ção de políticas sociais. Isto podeacontecer em razão da fragmenta-ção da ação entre diversos agentes,que tendem a estabelecer metas,procedimentos e formas de avalia-ção autônomos e exclusivos. Quan-do excessiva, essa autonomia podecolocar em risco a articulação maisglobal da ação e os objetivos depolíticas sociais mais amplas.

Sendo também um instru-mento para a obtenção de finan-ciamento, os projetos sociais po-dem se tornar instrumentos dedependência em relação àsagências mantenedoras. A de-pendência financeira pode levaros executores das ações sociais(Estado ou organismos da Socie-

dade Civil) a adequarem-se apolíticas e linhas de ação quenão estão necessariamente emconsonância com as suas.

Quando o financiamento dasações sociais é de origem pública,a parceria continuada pode criaruma excessiva dependência dosparceiros não-governamentais,que passam a utilizar os projetossociais como garantia de sua so-brevivência institucional. Essa de-pendência pode levar a distorçõesque, no Brasil, já foram a tônicadas relações entre o Estado e asorganizações da Sociedade Civil,tais como o clientelismo, o uso daspolíticas públicas em função deinteresses privados etc.

A parceria entre agentes oriun-dos de diferentes setores da socie-dade pode colocar em questão alegitimidade dos atores queimplementam a ação social. Po-dem surgir dúvidas a respeito dequem deve arcar com a responsa-bilidade sobre a implementaçãode um determinado projeto; ousobre quem tem direito a receberos créditos por seus resultados.

Por outro lado, se ficarem ex-cessivamente identificados com

os organismos sociais (instituiçãocomunitária, ONG, organizaçãoprivada) ou com o plano de gover-no que promoveu sua implemen-tação, os projetos sociais podemlevar a uma descontinuidade dasações sociais, pois deixarão de serapoiados, financiados ou tomadoscomo modelos de ação pelos ato-res que não se identificarem comseus implementadores originais.

Por ser uma ferramenta deação que se define justamentepela delimitação dos objetivos,das metas, do universo a ser atin-gido, dos custos e dos prazos deexecução, a intervenção sob a for-ma de projeto social dificulta aavaliação precisa quanto àefetividade de seus resultados.Isto acontece porque, apesar dadefinição da ação social pressupora realização de um diagnóstico decausalidade dos problemas sociaisa serem atacados, as mudançasefetivas no quadro das condiçõessociais mais amplas que geraramos problemas dependem da im-plementação de diversas açõesque tenham continuidade notempo, o que extrapola o âmbitode qualquer projeto social especí-fico. Um exemplo: um projeto quetenha como objetivo contribuir

Projetos sociais e riscos

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para diminuição da mortalidadeinfantil junto a uma determinadapopulação pode atacar uma dascausas da mortalidade, através deuma ação educativa que incentivaas mães a amamentarem seusfilhos durante mais tempo. Esteprojeto pode ter seus objetivosatingidos (aumento do número demães amamentando suas crian-ças por mais tempo), mas a mu-dança nos índices de mortalidadeinfantil dessa população só deveráocorrer se o projeto for acompa-nhado por um conjunto de outrasações, cujos efeitos se darão a mé-dio e longo prazo (fornecimentode saneamento básico, atendi-mento à saúde materno-infantil,mudanças no padrão alimentardas crianças, etc). Desta forma,não é possível estabelecer de for-ma precisa o grau de contribuiçãodos resultados do projeto específi-co nas mudanças ocorridas noquadro das condições sociais nonível mais global.

Projetos sociais bem sucedi-dos podem ter como impactos,em geral não previstos, a geraçãode novas demandas sociais ou asofisticação de demandas jáatendidas, gerando avaliaçõesnegativas e insatisfações em rela-

ção ao agente que implementoua ação social, no lugar de aprova-ção. Por exemplo, um projeto queestimule a freqüência escolarpode resultar em maiores exigên-cias quanto à qualidade de ensi-no, maior demanda por materialdidático ou por equipamentosesportivos. A criação de um novoposto de saúde gera maior de-manda por exames laboratoriais,medicamentos e por tratamentosmais sofisticados.

Para que estes impactos sejampercebidos, é preciso saber inter-pretar os resultados dos projetos,avaliando as transformações queeles provocaram no contexto so-cial e levando em conta eventuaismudanças na qualidade das opi-niões e demandas dos grupos so-ciais que foram alvo da ação.

É claro que estes riscos, senão podem ser eliminados, aomenos podem ter diminuidassuas possibilidades de “atrapa-lhar”. Para isso, sempre será im-portante uma espécie de “vigi-lância” dos atores envolvidos,tratando de identificar situa-ções e necessidades de mudan-ça no projeto.

Projetos sociais e riscos

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������CCCCCapacidade de capacidade de capacidade de capacidade de capacidade de comunicação e de negomunicação e de negomunicação e de negomunicação e de negomunicação e de negociaçãoociaçãoociaçãoociaçãoociação������CCCCCapacidade de definirapacidade de definirapacidade de definirapacidade de definirapacidade de definir,,,,, deleg deleg deleg deleg delegar e car e car e car e car e cobrobrobrobrobrararararar

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22 O gestor de projetos sociais

O novo contexto social einstitucional em que se dá aprática da ação social exige umaredefinição da qualificação dosagentes que atuam nessa área, deforma especial dos coordenadorese gestores de projetos sociais. Aprincipal mudança está no fatodos agentes que atuam na áreasocial não poderem mais restrin-gir sua competência aos aspectostécnicos do planejamento e daimplementação da ação.

A gestão da ação social soba forma de projetos exige, emprimeiro lugar, o conhecimentodo contexto em que os projetossociais estão inseridos. Esteconhecimento compreende acapacidade de diagnóstico dasquestões sociais a seremabordadas pelo projeto; acapacidade de identificar esaber motivar os atores sociaisenvolvidos na ação (público-alvo e parceiros); de identificare perceber qual oposicionamento de grupossociais, de organizações einstituições que possam vir aauxiliar (apoiar, financiar,divulgar) ou dificultar(desmobilizar, boicotar) asações propostas.

Também é necessário conhe-cer o contexto institucional epolítico mais amplo, com oobjetivo de orientar o encami-nhamento dos projetos àsagências da Sociedade Civil ousetores governamentais quepossam apoiá-los financeira,institucional e politicamente(conhecer as agências e osmecanismos de apoio e financia-mento; saber quem financia oque; quem apóia que tipo deação; quem já tem experiêncianas áreas em que o projetopretende atuar).

Os projetos sociais propiciam aarticulação entre atores sociais quese encontram em diferentesposições em relação ao contextoou objeto da ação social – morado-res, usuários de serviços públicos,líderes locais, profissionais queatuam na área social, ocupantes decargos políticos, voluntários,representantes de ONGs, técnicosda área privada, militantes demovimentos sociais. Tais atores sãoportadores de interesses diferen-ciados, de lógicas institucionais epolíticas diversas e possuemdiferentes visões acerca darealidade social sobre a qual sedará a ação. O gestor de projetos

sociais precisa ser capaz de exercero papel de mediador e, muitasvezes, de intérprete entre essesatores, a fim de facilitar a comuni-cação e a negociação entre eles.

O projeto social é uma açãoem equipe que deve mobilizartodos os atores envolvidos –proponentes,implementadores, parceiros,público-alvo. Sendo assim, ogestor deve saber motivar aspessoas, articular as ações egerenciar o trabalho dasequipes. Isto implica em saberdefinir com clareza as tarefas aserem realizadas, identificandoas qualidades dos diferentesmembros da equipe paradelegar as tarefas de formaadequada. Implica, também,em saber distribuir e cobrarresponsabilidades. Além disso,o gestor precisa ter sempre emmente o processo global daação, saber avaliar e ter agilida-de para propor mudanças ecorreções de rumo quandoestas se fizerem necessárias,sem que haja rupturas nasrelações entre os membros daequipe. Ou seja, deve ser capazde administrar os conflitos e asfrustrações que surgem ao

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longo da ação, transformandoos desacertos em processos deaprendizagem.

O gestor também deve sercapaz de acionar todos osrecursos disponíveis para darvisibilidade ao projeto e à suaequipe. Isto pode ser feito sob aforma de divulgação junto aouniverso do projeto e à socieda-de (via mídia), e sob a forma dedefesa do projeto junto ainstituições financiadoras e ainstâncias superiores dasinstituições e órgãos participan-tes do projeto – apresentando oprojeto em eventos de divulga-ção da ação social, em espaçosde debates acadêmicos, cursos,palestras, em publicações ouinscrevendo o projeto emconcursos.

A visibilidade de um projetopode, em muitos casos, garan-tir sua viabilidade em termoseconômicos, em termos deapoio institucional ou políticoe, ainda, em termos de adesãoe engajamento dos beneficiári-os. A divulgação de um projetobem sucedido pode assegurarsua continuidade e viabilizarnovas ações propostas pela

mesma equipe ou voltadaspara o mesmo contexto social.

Ainda, a visibilidade dada aum projeto pode fazer dele umareferência para outros projetosno campo da ação social, trazen-do reconhecimento a todos osenvolvidos na ação – proponen-tes, executores, financiadores,parceiros, apoiadores e beneficiá-rios. O reconhecimento obtidotambém tem o efeito de estimu-lar os profissionais envolvidos –servidores do Estado, profissio-nais da iniciativa privada, doterceiro setor –, militantes evoluntários dos movimentos ecausas sociais. Por fim, o reconhe-cimento público de um projetopode contribuir para o fortaleci-mento dos grupos sociaisenvolvidos e ajudar a garantir acontinuidade da ação.

Seria o gestor um super-homem ou uma mulher maravi-lha? Aqui apontamos as caracte-rísticas que consideramosimportantes mas, é claro, cadaagente responsável pela gestãode projetos tem seu “estilo” eseus altos e baixos. Há os maiscriativos, os mais agregadores,os que desenvolvem melhor a

articulação política e assim pordiante. Vale lembrar que agestão é um aprendizadocontínuo e que não precisa estarconcentrada numa única pessoa.

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PrPrPrPrProjetojetojetojetojetos sociais sãoos sociais sãoos sociais sãoos sociais sãoos sociais sãoiniciainiciainiciainiciainiciativtivtivtivtivas de gruposas de gruposas de gruposas de gruposas de grupos,,,,,instituiçinstituiçinstituiçinstituiçinstituições ou setões ou setões ou setões ou setões ou setorororororesesesesesgggggooooovvvvvernamenernamenernamenernamenernamentais quetais quetais quetais quetais queestejam restejam restejam restejam restejam relacionadoselacionadoselacionadoselacionadoselacionadosa uma amplaa uma amplaa uma amplaa uma amplaa uma amplapossibilidade de açpossibilidade de açpossibilidade de açpossibilidade de açpossibilidade de açõesõesõesõesõese objetive objetive objetive objetive objetivos.os.os.os.os. De De De De Devvvvvemememememter em cter em cter em cter em cter em comum oomum oomum oomum oomum odirdirdirdirdirecionamenecionamenecionamenecionamenecionamentttttooooode esfde esfde esfde esfde esforororororççççços e oos e oos e oos e oos e oplanejamenplanejamenplanejamenplanejamenplanejamenttttto a paro a paro a paro a paro a partirtirtirtirtirde dirde dirde dirde dirde diretrizetrizetrizetrizetrizes ees ees ees ees emetmetmetmetmetodologias vodologias vodologias vodologias vodologias voltadasoltadasoltadasoltadasoltadasparparparparpara a açãoa a açãoa a açãoa a açãoa a ação.....

O quesão projetossociais?

O quesão projetossociais?

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25O que queremos dizer com isso?

Projetos sociais são uma formade organizar ações para transfor-mar uma determinada realidadesocial ou institucional. Projetos sãoferramentas (instrumentos) de tra-balho, articuladas de forma a me-lhorar as ações e resultados desen-volvidos por alguma organização.

Portanto, projetos sociais nãoexistem a partir de si mesmos. Emgeral, são construídos a partir deorganizações que têm intervençõessociais de maior amplitude do queos próprios projetos. Também nãose desenvolvem sem a formulaçãode políticas e diretrizes mais am-plas, cujas finalidades superam aspossibilidades da própria organiza-ção. Projetos costumam ter um ciclode vida determinado e somentepodem ter seus objetivos mais ge-rais alcançados num tempo e comum conjunto de iniciativas superio-res aos seus limites. Assim, estãorelacionados com visões de mundo,articulações e políticas sociais.

Os proponentes de um projetosocial podem ser associações, gru-pos de interesse, movimentos soci-ais, organizações não-governamen-tais, organismos de gestão pública,entre outros. O importante é que aação proposta tenha finalidades

públicas, isto é, esteja voltada paramelhoria da qualidade de vida e aoacesso a direitos e serviços sociais.

Isto exclui, portanto, o campode atores e ações orientados exclu-sivamente para o mercado, onde“projetos” objetivam benefíciosprivados. De forma distinta dosnegócios, o horizonte dos projetossociais é o de contribuir para a am-pliação dos direitos sociais, e estesnão podem ser tratados comobens privados: se tornam entãomercadorias, perdendo a caracte-rística de bens públicos.

Há muitos projetos sociais degeração de renda que apóiam co-operativas e empreendimentosprodutivos (confecções, panifica-doras, grupos de artesanato). Oque distingue esses projetos deum empreendimento ou de umaempresa privada é o caráter co-munitário de sua organização, asua finalidade social e o retornosocial dos seus rendimentos.

O projeto social de geração derenda tem como finalidade não olucro, mas o fortalecimento de gru-pos vulneráveis (mulheres, popula-ções empobrecidas, agricultoresfamiliares, jovens em situação de

risco, desemprego etc) e, por con-seqüência, o combate às desigual-dades sociais. Esses projetos bus-cam o retorno social dos benefíci-os, por exemplo, através da gera-ção de fundos rotativos para novosprojetos e/ou oferta de espaços decapacitação para outros grupos emigual situação de carência.

Outro ponto a ser consideradoé que projetos sociais têm nature-za diferente de projetos orientadospara a pesquisa científica. Estesúltimos têm ênfase na construçãodo conhecimento sobre a realida-de. No entanto, isto não retira dasuniversidades e institutos de pes-quisa a possibilidade de elaborarprojetos sociais – com freqüência ofazem, embora não seja seu objeti-vo principal. Como veremos maisadiante, os projetos sociais tam-bém podem realizar pesquisas egerar conhecimento, mas não é oseu objetivo principal.

Diferente de uma concepçãoassistencial, os projetos sociais seinscrevem num horizonte de cons-trução de direitos e afirmação cida-dã. Sua ênfase é a noção de justiçasocial, o que somente pode ser al-cançado através da participação edo exercício da cidadania.

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Projetos sociais

27Articulação de projetos sociais

Projetos se articulam a partirde redes de relações. Istosignifica que os atores quedesenvolvem projetos necessi-tam “conversar” com váriasinstituições e com outrosagentes. Nenhum projeto podeesperar apoio a partir da boavontade de alguma relaçãoconstruída de maneira ocasio-nal ou do conhecimento diretoda realidade com a qual opróprio projeto se defronta. Abusca de parcerias ou outrasformas de apoio pode estarassociada a três níveis dearticulação:

a) apoio e fomento;b) mediações;c) gestão local.

No nível do apoio e fomentoestá a articulação com grandesdoadores ou financiadoresindividuais, agências (em geralinternacionais) de cooperação,bancos, fundos governamentais,grandes fundos de empresasprivadas, organismos de igrejas,entre outros. Neste nível, asorganizações que buscamsuporte para seus projetospoderão obter apoio financeiroe, em menor escala, apoio para aformação ou treinamento de

recursos humanos – o que, emgeral, também significa apoiofinanceiro, pois trata de recursospara a contratação de serviçosem educação. Nesta dimensão, éimportante considerar asdefinições em torno de políticaspúblicas nacionais ou globais,programas institucionais e operfil dos doadores. Ou seja,deve-se saber que tipo deprojeto, tanto do ponto de vistaideológico como temático, podeser apoiado em cada “local” emque está sendo articulado.

No nível das instituiçõesmediadoras, o projeto se articulacom outras organizações não-governamentais, organizaçõessociais ou comunitárias denatureza diversa ou também comorganismos públicos, sobretudode abrangência local ou regional.As organizações podem buscarrecursos financeiros, mastambém buscam parcerias paraa implantação conjunta dedeterminados projetos. Nesteaspecto, as questões maisrelevantes são a missão e asatribuições institucionais decada organização vinculada aoprojeto. Deve-se buscar afinida-des entre as organizações, para

evitar possíveis problemas nasua implantação.

Por fim, no nível de gestãolocal, o projeto vai se articularcom a população beneficiária dasações e os recursos aí colocados.Trata-se da articulação comgrupos de base e lideranças locaisque forem considerados impor-tantes para o desenvolvimentodo trabalho, pois nenhum projetovai adiante sem apoio local.

Aqui, é importante a leiturada realidade social e culturallocal. Isto significa perceber assituações de vulnerabilidadesocial, econômica, cultural e acarência de serviços, mastambém as situações de solida-riedade e as lutas por reconheci-mento de direitos que a popula-ção articula. Em resumo, trata-sede realizar uma análise darealidade local e conseguir oapoio de atores neste contexto.Este apoio será de fundamentalimportância no desenvolvimen-to do trabalho, mas tambémpoderá contribuir na efetivaçãoeconômica do projeto. Umacreche comunitária, por exem-plo, terá neste nível de articula-ção de base um apoio dos pais

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em serviços e decisões políticasou administrativas, mas tam-bém poderá ser apoiada atravésdo recebimento de mensalida-des. Mesmo que só cubrampequenas despesas, estas têmum sentido prático e simbólicoimportante no processo deadesão do conjunto de famíliasbeneficiadas ao projeto. Estesapoios financeiros, em nívellocal, têm o mérito de combateras práticas de assistencialismo.

É muito difícil que projetossociais consigam bons resulta-dos se não considerarem, em suaimplementação, estes três níveisde articulação. Quando sedireciona os esforços de formaconcentrada para a obtenção derecursos e não se opera naarticulação política intermediá-ria ou local, o projeto acaba nãoobtendo resultados maisamplos, pois não conta commecanismos adequados paragarantir a participação dapopulação.

Quando o projeto se desen-volve somente no nível de base,tem dificuldade de se viabilizarem termos financeiros. Sedeterminada organização não

realiza esforços de articulaçãocom outras organizações para odesenvolvimento de seu projeto,terá dificuldades deimplementar um leque de açõesmais amplas e alcançar resulta-dos mais profundos e duradou-ros. Portanto, a sabedoria naarticulação de projetos sociaisestá em construir relaçõesdiferenciadas em níveis dearticulação também diversos.

Sustentabilidade vai muitoalém de conseguir recursos parapagar os custos de funciona-mento de uma organização.Significa, basicamente, incidir deforma equilibrada sobre estesníveis de articulação.

Articulação de projetos sociais

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Construindo um projeto social

30 Construindo um projeto social

Para ganhar vida e desenvol-ver-se, qualquer projeto socialnecessita de um ambiente favo-rável. Este ambiente é formadopelas potencialidades políticas,sociais e materiais existentespara o seu desenvolvimento. Aconstrução das condições deviabilidade de um projeto exigeque se saiba identificar essaspotencialidades.

O que queremos dizer comisto? Projetos são relaçõessociais. E são sempre construídosa partir de forças que se articu-lam. Para compreender o quadrodinâmico de relações no qualum projeto se insere, é necessá-rio adotar uma atitudeinvestigativa, que deve estarpresente em todos os momentosdo projeto.

Investigar significa buscarconhecer os atores envolvidos noprojeto, seus interesses emotivações, suas afinidades,diferenças e divergências.Significa fazer com que os atoresparticipem da produção deconhecimento a respeito darealidade que vivenciam e quesejam capazes de se reconhecerno conhecimento produzido.

Para isso, é necessário que osdiversos grupos sociais sejamenvolvidos na identificação dosproblemas existentes, nadefinição de prioridades, naformulação de estratégias deação e nos exercícios de avalia-ção do projeto.

Este esforço é essencial paraque a população se aproprie doconhecimento que já existe arespeito de sua realidade (fontesde dados e resultados depesquisas disponíveis), mastambém para que aprenda eincorpore novas formas deproduzir tal conhecimento. Paraauxiliar nesta tarefa, existe umgrande repertório demetodologias participativas quepodem ser utilizadas. Elas sãomuito eficientes na realização depesquisas que visam a levantardados sobre a realidade local,identificar potenciais atores erecursos, colaborar nos projetosde avaliação da ação social.Estamos falando de pesquisaparticipante, pesquisa-ação,técnicas de construção de matrizde planejamento – marco lógico,planejamento estratégico etécnicas de avaliação a partir degrupos de discussão. Na biblio-

grafia deste guia há referênciassobre estas metodologias.

Em resumo, a criação de umprojeto social vai além da suaarticulação financeira oueconômica. Implica, fundamen-talmente, escolher caminhos poronde as organizações e apopulação envolvida entendemser mais importante ou adequa-do trabalhar.

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Identificação de necessidades,potencialidades e atores

� Quais as nec Quais as nec Quais as nec Quais as nec Quais as necessidades da população?essidades da população?essidades da população?essidades da população?essidades da população?������Que necQue necQue necQue necQue necessidades se essidades se essidades se essidades se essidades se trtrtrtrtraduzaduzaduzaduzaduzem em demandas?em em demandas?em em demandas?em em demandas?em em demandas?������Quais as prioridades?Quais as prioridades?Quais as prioridades?Quais as prioridades?Quais as prioridades?������Quais as potencialidades das orQuais as potencialidades das orQuais as potencialidades das orQuais as potencialidades das orQuais as potencialidades das orggggganizanizanizanizanizaçaçaçaçações?ões?ões?ões?ões?������CCCCComo podem ser oromo podem ser oromo podem ser oromo podem ser oromo podem ser orggggganizanizanizanizanizadas as radas as radas as radas as radas as reivindicaçeivindicaçeivindicaçeivindicaçeivindicações?ões?ões?ões?ões?������Que outrQue outrQue outrQue outrQue outros aos aos aos aos atttttororororores podem apoiar as açes podem apoiar as açes podem apoiar as açes podem apoiar as açes podem apoiar as ações?ões?ões?ões?ões?������Quais aQuais aQuais aQuais aQuais atttttororororores se opõem ao nosso pres se opõem ao nosso pres se opõem ao nosso pres se opõem ao nosso pres se opõem ao nosso projetojetojetojetojeto?o?o?o?o?������Que aQue aQue aQue aQue atttttororororores podem ser ces podem ser ces podem ser ces podem ser ces podem ser conquistados paronquistados paronquistados paronquistados paronquistados paraaaaa

nosso prnosso prnosso prnosso prnosso projetojetojetojetojeto?o?o?o?o?

32 Necessidades, potencialidades e atores

Há ocasiões em que iniciativasnaufragam porque seus atores“esqueceram” de fazer a si mes-mos perguntas vitais para o de-senvolvimento do projeto.

Um grupo de perguntasrelaciona-se com a identificaçãode necessidades, demandas eprioridades. Será que aquela ONG,realmente compreende as neces-sidades da população com a qualtrabalha? É comum surgirem sur-presas quando se verifica as ex-pectativas com relação a um pro-jeto. Muitas vezes, as organizaçõesestabelecem mediações com lide-ranças políticas ou sociais locaisque nem sempre representam osinteresses da população. Issopode tornar o projeto inviável oupouco efetivo.

Há uma diferença importanteentre necessidades e demandas.Nem todas as necessidades setransformam em demandas.Uma demanda é uma necessida-de que encontrou vontade políti-ca de ser enfrentada, respaldoativo em determinada populaçãoe condições de ser atendida atra-vés de um projeto. Além disso,nem todas as demandas são prio-ridades. Muitas vezes, somente

as mais urgentes e mobilizadorassão efetivamente articuladas emprojetos. As carências financeirastambém contribuem para o esta-belecimento de prioridades.

Outro grupo de perguntasestá relacionado às condições dasorganizações e/ou pessoas envol-vidas no projeto. Será que nósmesmos podemos implantar esteconjunto de ações? Não seria maisrazoável começar com um peque-no grupo, através de um projetopiloto? A demanda não é muitogrande para o tempo e os recursosde que vamos dispor? Como o pro-blema pode realmente ser enfren-tado? Estas são questões que de-vem ser pensadas antes do proje-to “ganhar as ruas”. Um maudimensionamento das potenciali-dades poderá trazer frustraçõesou desistências.

Também é preciso fazer per-guntas sobre o perfil dos atores.Esses são indivíduos, grupos, orga-nizações, representantes políticos,que se relacionam na esfera públi-ca de desenvolvimento das ações.Há atores que desde o início esta-rão engajados na construção ativado projeto, e outros que o apoia-rão de forma eventual. São os alia-

dos. Outros, contudo, farão oposi-ção ao projeto. Talvez por que nãoo compreendam com exatidão,mas também por que possuemuma visão de mundo oposta aoque se tenta desenvolver. Há ou-tros que não estão diretamenteinteressados nos resultados doprojeto e, portanto, não estabele-cem um compromisso de apoio ouuma estratégia de enfrentamento.Com um esforço articulado, é pos-sível conquistar novos parceirosque, num primeiro momento, se-quer haviam sido detectados. Oenvolvimento de novos atores per-mitirá solucionar questões queainda estavam em aberto ou in-corporar novas propostas.

Num esforço de planejamento,será importante reforçar os víncu-los com os aliados e parceiros, es-tratégias de enfraquecimento ouisolamento dos opositores e, prin-cipalmente, pensar em formas deconquistar o apoio de quem não écontra mas também não está en-tusiasmado por nossas propostas.

Em resumo, responder com cla-reza e honestidade a estas ques-tões colabora decisivamente nadiminuição e solução das crisesque sempre estarão presentes.

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Articulação entre atores

34 A articulação de atores

A articulação entre os atoresconsiste no estabelecimento deum consenso mínimo em tornodo plano de ação: nem todos osatores precisam estar de acordocom todos os pontos; esperar quetodos concordem é paralisar aexecução de um projeto.

Quando se está trabalhandoem projetos de maior porte, se tor-na impossível estabelecer acordosabsolutos. Além disso, acordos ouconsensos se estabelecem histori-camente. Em outras palavras, o quehoje é conformidade entre os ato-res do projeto, amanhã poderá serfruto de intensas discussões e dis-putas. O contrário, é claro, tambémé verdadeiro. Assim, a obtençãode um consenso mínimo deve gi-rar em torno de dois acordos:��EnEnEnEnEntrtrtrtrtre pre pre pre pre proponenoponenoponenoponenoponentes:tes:tes:tes:tes: um proje-to no qual diversas organizaçõesse apóiam mutuamente na exe-cução de ações deve estabelecercom clareza as atribuições decada grupo, bem como quem re-presenta o projeto em determi-nadas instâncias e como se socia-lizam os méritos dos resultadosdo trabalho. Cobranças em rela-ção a problemas de execuçãotambém devem ser construídasem torno de acordos.

As regras que valem para gru-pos envolvidos no projeto tambémsão adequadas para os indivíduosde cada organização participante.As crises em torno da ocupação deespaços e construção das “autori-dades” relacionadas ao desenvolvi-mento do projeto não devem serencobertas ou decididas por pe-quenas instâncias de mando. Hánecessidade de se estabelecer diá-logos francos e conduzidos dentrode tempo e condições adequadas,o que muitas vezes é difícil.

Os acordos entre proponentespodem ser relativamente simplesnum primeiro momento (quandohá boa vontade de todos), massão difíceis de serem administra-dos no cotidiano. Em outras pala-vras, trata-se da complicada con-dução em torno do poder.��EnEnEnEnEntrtrtrtrtre pre pre pre pre proponenoponenoponenoponenoponentes e benefites e benefites e benefites e benefites e benefi-----ciáriosciáriosciáriosciáriosciários: trata-se da articulação en-tre as organizações envolvidas di-retamente na implantação doprojeto e a população (comunida-de, grupo social etc) do local ondeo projeto se desenvolverá. Comojá foi dito anteriormente, esta po-pulação tem interesses diversifi-cados e não está associada de for-ma homogênea às propostas. Oacordo passa por construir com-

promissos públicos que venham acontribuir para o estabelecimentode garantias da execução do pró-prio projeto. Os compromissos vãomuito além do repasse correto deinformações e do andamento dasações: trata-se de incorporar aspopulações nas rotinas de tomadade decisões, mesmo considerandoas contradições presentes nesteprocesso. A credibilidade de umprojeto se estabelece através des-tas relações entre proponentes ebeneficiários.

O pacto em torno destes doisitens implica em construir al-guns pontos relativamenteconsensuais, tais como:��Acordo em torno do diagnósti-co: todos devem concordar que aquestão é um problema social;��Acordo sobre as formas de in-tervenção na realidade: as estra-tégias básicas devem estar cla-ras e assumidas por todos;��Acordo relacionado aos objeti-vos: devem ser comuns, princi-palmente entre as organizaçõesque estão à frente do projeto;��Acordo em relação aos resulta-dos: há necessidade de uma visãosemelhante entre organizações epúblico beneficiário quanto aosresultados desejáveis.

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Viabilidade do projeto

36 Viabilidade do projeto

Os aspectos a serem conside-rados para verificar se um proje-to é viável ou não dependemmuito da sua natureza e do con-texto de sua realização. Pode-sefalar em viabilidade financeirade um projeto, de viabilidadetecnológica, política, social, cul-tural ou ambiental. No entanto,é possível identificar alguns as-pectos que condicionam a viabi-lidade de qualquer projeto sociale que, de maneira ampla, podemser abrigados sob as categorias“aspectos econômicos” e “as-pectos sociais”.

A viabilidade de um projetodepende fortemente da suacapacidade de obter os recursosnecessários à sua implementa-ção. Sendo assim, faz parte daelaboração de qualquer projetoum levantamento prévio queidentifique o tipo e a quantidadede recursos que serão necessári-os. Também é preciso considerarque as fontes financiadoras têmpolíticas de ação variadas. Muitasdelas dirigem sua atuação paraáreas bem específicas. Alémdisso, as fontes costumamoferecer diferentes modalidadesde financiamentos – recursos afundo perdido, linhas de crédito

subsidiado, empréstimos,incentivos fiscais – e atuaratravés de mecanismos diversifi-cados – editais públicos, concur-sos, fluxo contínuo, através decontatos diretos.

É preciso conhecer os diferen-tes tipos de fontes financiadorasexistentes e, principalmente,identificar quais oscondicionantes e procedimentostécnicos específicos de cada umadelas para a solicitação deauxílio. Só assim será possíveldirecionar o projeto para fontesde financiamento adequadas,nos momentos adequados.

Para que a escolha se concre-tize em aporte de recursos, osproponentes da ação socialdevem ser capazes de ofereceraos agentes financiadoresindicações de que suas solicita-ções são consistentes. Istosignifica demonstrar que oprojeto é economicamenteviável e que os recursos deman-dados são qualitativamente equantitativamente justificáveis.

Para que o aporte derecursos se torne uma parceriaduradoura, é preciso que haja

uma boa comunicação entre asinstituições e os gruposenvolvidos no projeto(financiadores, executores egrupos beneficiados). O ideal éque se crie uma dinâmica emque seja possível negociarentre as exigências técnicas eformais colocadas pelofinanciador e as necessidadesimpostas pela ação socialconcreta. Trata-se decompatibilizar as urgências eprioridades determinadaspelas demandas sociais e anecessidade de transparênciano uso dos recursos.

No entanto, para que osprojetos sociais se viabilizem,não basta o apoio financeiro dequem os promove (organismosgovernamentais, agênciasinternacionais, fundações,instituições comunitárias, igrejasetc). Também é fundamentalque estas instituições apóiem osprojetos que patrocinam,responsabilizando-se por suasustentação política e técnica,comprometendo-se com objeti-vos e resultados das açõesempreendidas. Além disso, devehaver empenho destas institui-ções na promoção dos projetos

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junto à sociedade mais ampla,dando-lhes visibilidade pública ecredibilidade.

Em nível local, é muito impor-tante que os projetos tenham oapoio das instituições que atuamjunto aos grupos sociais beneficiá-rios. Este apoio é essencial para acriação e manutenção de canais decomunicação entre os gruposenvolvidos no projeto, a fim de queas propostas ganhem sustentação,criando-se uma conjunção deesforços na mesma direção.

Vimos anteriormente queum projeto só pode ser conside-rado social quando sua imple-mentação estiver firmada naparticipação ativa da população,e que tenha como objetivo ofortalecimento da cidadania.Sendo assim, uma das condi-ções para a efetivação e osucesso deste tipo de projetoserá o enraizamento da açãoproposta junto aos grupossociais que ela quer beneficiar.Quanto mais os grupos sociaisforem agentes ativos doprocesso, estando diretamenteenvolvidos na definição do quedeve ser feito, na construção doplano de ação, em sua execução

e avaliação, maior será oengajamento e o compromissodos grupos com os resultados ea continuidade do projeto.

Outro aspecto que pode serdeterminante para a viabilida-de dos projetos sociais relacio-na-se com a dimensão culturalda vida social. Por mais que umprojeto queira transformardeterminada realidade atravésda promoção de mudanças naforma de pensar e agir daspessoas, é fundamental quehaja o reconhecimento erespeito às representações esaberes próprios ao universocultural das populaçõesenvolvidas, sob pena do projetonão atingir seus objetivos. Nãohá dúvidas de que as mudan-ças nos padrões culturaisfazem parte das transforma-ções da vida social. Contudo,propor mudanças não significaimpor códigos de valores e deconduta, por mais corretos quepossam parecer a quem estápropondo a ação.

Para que novas propostassejam compreendidas e incorpo-radas pela população beneficia-da por um projeto social, é

necessário, antes de tudo, queseus executores conheçam,respeitem e dialoguem com asrepresentações, os valores e ossaberes próprios aos grupossociais com os quais pretendemtrabalhar.

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Projetos sociais

39Passado, presente e futuro

Ao elaborar uma proposta, opensamento está direcionadopara o futuro. São ações a seremimplantadas, objetivos a serematingidos, recursos a serem capta-dos e resultados que se quer al-cançar. Tudo remete a um tempoque há de vir.

Porém, a elaboração de umprojeto necessariamente estarápondo em diálogo três dimen-sões de tempo: passado, presen-te e futuro.

Qualquer organização socialtem uma história. Pode ser umahistória mais extensa, por teruma vida mais longa do que ou-tras organizações. Pode ser maisintensa, por ter vivido experiên-cias de maior impacto ou commaior intensidade. Pouco impor-ta. O essencial é que na históriade cada organização se encontrasua memória. Qual é a relaçãodisto com projetos sociais? Amemória é uma importante fon-te de construção da identidadede qualquer grupo.

Assim, na elaboração de umprojeto é importante considerar opassado de quem está conceben-do a proposta. Isto vai muito

além de questões como a idonei-dade da organização (passadocontábil ou administrativo) ouresultados obtidos em outrosprojetos (passado político ou so-cial). Significa manter certa fideli-dade às linhas temáticas que aorganização já vem desenvolven-do, e não apresentar propostaspor que em determinado mo-mento algum grupo social ou de-manda “virou moda”.

Através de projetos, qualquerorganização está voltada para ofuturo e é condicionada pelo pas-sado. Mas também deve conside-rar o presente. Ou seja, há umcontexto e condições concretasnas quais o projeto vai se materi-alizando numa proposta de tra-balho. Nem sempre este con-texto ou as condições são asmais favoráveis, pois é comumque responsáveis por trabalhossociais (seja na Sociedade Civil ouno Estado) tenham que elaborarpropostas urgentes: o “prazo doedital está vencendo”, “tivemosinformação sobre esta oportuni-dade, perfeita para o nosso gru-po, na semana passada”.

Assim, trata-se de vislum-brar um horizonte de desejos e

utopias do que se pretendeconstruir, a partir da conjunturaatual, com a história passada dogrupo/instituição proponentecomo referência. Isto significaentrelaçar um capital de experi-ências e aprendizagens anterio-res com as oportunidades e ne-cessidades de intervenção.Quanto mais a ação presenteestiver em sintonia com a iden-tidade e a trajetória do grupo/instituição, mais poderá se be-neficiar dos aprendizados e dosreconhecimentos já conquista-dos e contribuir para as trans-formações esperadas.

Por isso, é recomendável bus-car a maior sinergia possível en-tre o que se está propondo e/ouimplementando e a trajetóriapessoal e institucional. É funda-mental também ter clareza sobreo horizonte das expectativas, de-sejos e utopias que animam oprojeto. O horizonte utópico é oleme que estabelece a direçãoque se quer imprimir à ação; semele, o projeto pode se perdernuma realização meramente ins-trumental ou burocrática.

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O caminho dos projetos

Adaptado de Møgedal/NORAD, 1989:29, parte II

41Por onde andam os projetos

Um projeto não começa nemtermina na elaboração de sua pro-posta. Há um caminho a ser per-corrido. Em geral, no início, há umconjunto de idéias e desejos (maisou menos vagas) a respeito de al-guns objetivos ou do que se querfazer. Estas idéias provêm do tra-balho que o grupo já realiza ou dealgum problema em vias de trans-formar-se em demanda.

Com freqüência, entre o pro-blema e a elaboração propriamen-te dita do projeto, existe um perío-do de consultas e estudos prelimi-nares em que se busca informa-ções sobre as questões mais im-portantes e se procura estabelecercontatos preliminares com possí-veis parceiros. Esta fase combinapesquisa e articulação.

Após este momento, se efetu-ará o trabalho de redação da pro-posta. Em geral, ele é desenvolvi-do pelo núcleo central do projeto.São algumas pessoas de uma or-ganização ou representantes dasentidades que serão responsáveispela implementação de um planode trabalho. Em alguns momen-tos, há necessidade de consultas eparticipação ampla dos protago-nistas, mas a maior parte da ela-

boração fica ao encargo dessa pe-quena comissão.

Com uma proposta redigida,fica mais fácil estabelecer contatose articular parcerias ou apoios.Mesmo que ainda existam pontosobscuros ou idéias imprecisas,qualquer interlocutor sempre terámais segurança em apoiar o proje-to se conseguir visualizá-lo no pa-pel. Por isso, o esforço para a arti-culação de um projeto ocorre apóssua formulação. Na maioria dasvezes, as articulações implicarãoem mudanças no que já havia sidoescrito. E isso é muito positivo.

A implementação do projeto éum processo constante de pensar erepensar as ações, resultados e indi-cadores nos quais se quer chegar.Significa estabelecer processos de

monitoramento e avaliação, bemcomo um contínuo esforço de arti-culação e mobilização de recursosem torno dos objetivos do projeto.

A conclusão de um projetopressupõe uma avaliação final erelatórios. Em algumas ocasiões,por compromissos com finan-ciadores e pela dificuldade deagrupar todos participantes, o re-latório acaba sendo terminadoantes da avaliação final. A conclu-são de um projeto nem sempre éseu fim. É comum que surjam ou-tras idéias ou desafios, que podemse transformar em novos projetos.Também é comum que o mesmoprojeto – ou uma versão seme-lhante –, tendo obtido êxito emum local, seja adotado por outrosambientes. Assim, um bom proje-to pode e deve se multiplicar.

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Itens de umprojeto socialItens de umprojeto social

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Uma vez que os principaisconceitos e elementos relacio-nados à gestão dos projetos so-ciais (o que são e por que de-senvolver projetos) já foram ex-postos, vamos agora trabalhar aredação de um projeto – a ela-boração da proposta.

Estamos denominando “ela-boração de projetos sociais” agestão como um todo destesprojetos, ao passo que denomi-namos “elaboração da propos-ta” somente os aspectos relaci-onados à redação do projetopropriamente dito. Com isto,queremos ressaltar a impor-tância de entender a elabora-ção de um projeto de formamais ampla.

Nas páginas seguintes, vamosapresentar um esquema lógicopara construir o texto de umprojeto. Pode-se dizer que esteesquema é um “esqueleto”composto por itens que, ao serempreenchidos pelo conteúdo dotrabalho de cada grupo, acabamtransformando algumas idéiasou desejos numa proposta clara ecoerente, capaz de ser entendidae – o que é mais importante – serapoiada por quem a lê.

No que consiste um bomprojeto social? Em nossa experi-ência entendemos que um bomprojeto é aquele que consegueresponder a seis questões:

Quem Quem Quem Quem Quem identifica o proponen-te do projeto. O queO queO queO queO que consisteem definir objetivos e ações.PPPPPor queor queor queor queor que mobilizará a organiza-ção que elabora uma propostapara justificar aquele trabalho.CCCCComoomoomoomoomo se refere à metodologia.QuandoQuandoQuandoQuandoQuando e OOOOOndendendendende dizem respei-to ao tempo e ao espaço emque se desenvolverá o projeto.QuanQuanQuanQuanQuantttttooooo, por sua vez, temrelação com os recursosnecessários para sua execução.

Uma proposta possui sempreduas preocupações. De um lado,tem os aspectos de negociaçãoexterna, que consistem emorganizá-la para que tenha boas

���Quem?���O qu���Por qu���Como?���Quando?���Onde���Quanto?

A lógica de uma proposta

condições de requerer recursos.De outro lado, tem os aspectosde negociação interna. Nestes, omais importante é reforçar asolidez, segurança e identidadedas pessoas que compõem ogrupo responsável pelo projeto esuas parcerias.

Como se pode observar, osdois aspectos são fundamentais.Quando um deles não é desen-volvido na proposta, o projetoacaba sendo prejudicado.

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Itens de um projeto

45Itens de uma proposta

A redação de uma propostasignifica seguir um roteiro básicode questões que devem serrespondidas para os leitores.Como foi dito anteriormente, hápontos básicos que devem seresclarecidos ao longo da redaçãode uma proposta. Para isto o textodeve ser organizado em itens.

Duas observações sãoimportantes: em primeiro lugar,os itens representam umaorganização lógica do pensa-mento, transformando idéias edesejos num futuro projeto.Esta organização poderia serdiferente. Há muitos editais deagências, concursos de empre-sas ou regras estabelecidas porfundos de apoio a projetos quefornecem um modelo específicodo que deve ser escrito, definin-do partes e títulos de cada item.Com a Internet, se torna cadavez mais comum o preenchi-mento e o envio on-line deformulários e propostas.

O que cabe aqui é demonstrara importância do desenvolvimen-to de determinados conteúdosem qualquer projeto, indepen-dente do nome ou formato quevenha a ter em sua redação final.

Muitas vezes alguns itens nãoaparecem na proposta ou estãocondensados dentro de umbloco. Tampouco seguem,necessariamente, a ordem deapresentação em que são aquiexpostos. O resumo, porexemplo, é a primeira parte quedeve aparecer após a capa. Aqui,pelo fato da redação ser posteri-or ao restante do projeto,aparece no final.

Portanto, não há uma normaque diga que este ou aqueleprojeto obedece a um esquema“melhor” ou “pior”. Tudodependerá de como os redato-res organizam o texto e, princi-palmente, dos pontos que ainstituição para onde forencaminhado o projeto conside-ra mais relevantes.

Em nosso esquema lógico,distinguimos uma proposta apartir de cinco áreas.

A primeira parte é a deapraprapraprapresenesenesenesenesentaçãotaçãotaçãotaçãotação, onde aparecemas informações que constróem aimagem inicial. Aqui estão acapa, o resumo e a apresentaçãoda organização que encaminhao projeto.

A segunda parte do esquemaprioriza os aspecaspecaspecaspecaspectttttos os os os os teóricteóricteóricteóricteóricososososos daproposta. É aqui que se desen-volve a argumentação em tornodas idéias centrais que moverãoo futuro projeto. A redação deum projeto não é compostasomente de ações e articulações.Os elementos conceituais e asanálises teóricas também sãoimportantes. Assim, este é omomento de situar o contextono qual o projeto se enquadra eescrever sua justificativa.Também associamos a estemomento a construção dosobjetivos e a definição douniverso do projeto, mesmo queestes itens tenham um certocaráter operacional. O fato deentrarem nesta parte da redaçãopermite uma seqüência deleitura fácil e lógica, que colabo-ra para a compreensão daproposta.

A terceira parte do trabalho éa de articulação. Aqui está oquadrquadrquadrquadrquadro de metaso de metaso de metaso de metaso de metas,,,,, que une aparte teórica com a parte práticado projeto – principalmenteatravés da combinação deobjetivos e orçamento. Tambémserá o primeiro local a serrevisto, caso a proposta venha a

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ser aprovada por algumainstituição de apoio e necessiteser detalhada.

Na quarta parte, encontrare-mos os aspecaspecaspecaspecaspectttttos operos operos operos operos operaaaaativtivtivtivtivososososos daproposta. Aí estão metodologia,equipe e parcerias, cronograma eorçamento. Como se podeconstatar, trata-se de aspectosoperacionais que determinarãoa consistência das ações.

Na quinta e última parte denosso esquema se encontramalgumas itens citens citens citens citens complemenomplemenomplemenomplemenomplementa-ta-ta-ta-ta-rrrrreseseseses. Aqui, entram os anexos, aproposta de avaliação e o jácomentado resumo. Como sepode notar, não é exatamenteuma área da proposta, mas umapanhado de elementos quetambém cumprem seu papel enão haviam entrado em nenhu-ma outra parte.

Nas próximas páginas,trataremos de detalhar cadaitem.

Itens de uma proposta

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Modelo de capa

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A função da capa é identificaro projeto. Sendo responsávelpela primeira impressão, deveser simples, bonita e conter ape-nas as informações essenciais:nome do proponente, título doprojeto e data. No cabeçalho,pode estar o nome da entidadeque está propondo e/ou encami-nhando o projeto.

A escolha do título tambémmerece atenção: ele será um ele-mento importante para o reco-nhecimento do projeto junto aosgrupos sociais envolvidos. Sendoassim, é interessante que o pro-jeto tenha um título sugestivo ecom significado para a popula-ção envolvida e os possíveisapoiadores. Pode-se usar um tí-tulo “fantasia”, que sugere ou serefere a algum aspecto que dis-tinga aquela ação social – emfunção do problema a ser abor-dado, do grupo social a ser bene-ficiado, da metodologia a ser uti-lizada, da organização ou grupoque está fazendo a proposta.

Quando bem escolhido, o títu-lo pode ajudar um projeto a setornar referência para a popula-ção. Além disso, se o projeto forbem sucedido, seu nome torna-se

uma “marca”, isto é, uma referên-cia que garante créditos paraquem propôs e para quem partici-pou da ação. Isto pode facilitarpara a obtenção de novos apoios efazer daquela ação um casoexemplar a ser seguido por outrosgrupos sociais.

Há que se ter um cuidado:em geral o nome do projeto nãodeve ser o nome da própria enti-dade que o apresenta. Nestecaso, fica uma imagem inicial deque é um projeto que prioriza apromoção da instituição.

Na capa de uma proposta, otítulo “fantasia” pode ser seguidode um subtítulo que tem a funçãode complementar o título. Eledeve apontar para informaçõesmais descritivas a respeito do quese pretende fazer, quais os grupossociais envolvidos e, em algunscasos, indicar o local onde será de-senvolvida a ação.

Embora a capa deva ser sim-ples e com poucas informações,também deve ser bonita. Algunsprojetos trazem desenhos nassuas capas, panos de fundo, usode cores, letras diferentes e ou-tros recursos para valorizar a pri-

meira impressão.

AAAAAlguns elguns elguns elguns elguns exxxxxemplos de emplos de emplos de emplos de emplos de títulos cria-títulos cria-títulos cria-títulos cria-títulos cria-tivtivtivtivtivos e inos e inos e inos e inos e interterterterteressanessanessanessanessantestestestestes��A Associação Cubatense de

Capacitação para o exercício daCidadania (ACCEC), mantém emCubatão (SP) um projeto denomi-nado “Zanzalá – uma alternativade vida para meninos em situa-ção de risco”. Neste caso, Zanzaláé uma palavra que só se entendeno contexto local, mas sua sono-ridade é muito boa. O subtítulo ébem explicativo.��Em Rolândia (PR), a Socie-

dade Ambiental, Cultural e Edu-cacional (SOAME) desenvolve oprojeto “Não damos o peixe...”.Uma referência direta a uma fra-se muito conhecida, que nestecaso permite ao leitor perceberque não se trata de um trabalhoassistencialista.��Que tal este? “Liberdade

no mar. Vinte catadores de ca-ranguejo no sistema artesanal”.O nome é de fácil memorização,poético, e define quem são osprotagonistas e qual o tema doprojeto. Foi construído pelo Cen-tro Agroecológico Maranhense,em São Luis (MA).

Capa

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Entidade/Organização

50 Dados sobre a organização

Nesta parte, quem está pro-pondo o projeto apresenta suascredenciais. Devem constar to-dos os dados necessários para aidentificação, a localização e aavaliação da qualificação da or-ganização (ou organizações).

Além dos dados de identifica-ção e de localização institucional– nome, endereço, registros fis-cais, números de telefone, ende-reços eletrônicos – homepage, e-mail – é importante que as orga-nizações envolvidas no projetoapresentem algumas informa-ções sobre a sua trajetória e queofereçam alguns indicadores desua qualificação para atuaremcomo agentes sociais.

Para isso, devem apresentarum brevíssimo texto institucional,no qual constará um pequeno his-tórico da organização que enfatizesuas qualidades para a ação pro-posta. O texto pode, por exemplo,mostrar que a origem da organi-zação está vinculada ao campoem que ela pretende atuar; que ainstituição tem tradição de atua-ção na área social; que estáenraizada no grupo com o qualpretende trabalhar; que seusmembros possuem qualificação

técnica e/ou experiência práticaacumulada através de ações so-ciais similares.

Esse texto também deve falarde experiências anteriores quetenham sido bem sucedidas eapresentar eventuais indicadoresdo reconhecimento positivo des-sas experiências – prêmios rece-bidos; reconhecimento públicopor parte de entidades comunitá-rias e governamentais; referênci-as em fóruns da área social. Masatenção: as referências devem serbreves. Não é intenção da propos-ta louvar o trabalho de uma orga-nização, mas sim apresentar ex-periências e ações no trato de de-terminados problemas.

Nem sempre quem propõe aação social será seu executor. Emalguns casos, a organização quelevará a cabo o projeto não teminfra-estrutura ou estatuto jurí-dico necessários para se apre-sentar como a responsável for-mal e financeira das ações, de-vendo recorrer a alguma entida-de maior, mais bem equipada oujuridicamente qualificada parafazê-lo. Aqui também cabe umalerta: muitas agências não acei-tam apoiar organizações que

não tenham “vida jurídica”.

Em outras ocasiões, o projetoé promovido por uma entidade(órgão governamental, funda-ção, organizações sociais) quetem a função de fomentar eacompanhar ações sociais que,por sua vez, serão colocadas empráticas por outros atores sociaisde menor porte – por exemplo,organizações comunitárias.

Nos dois casos é necessárioque se faça a identificação decada uma dessas organizações,ficando bem definida a funçãode proponente ou executora.

A apresentação das organiza-ções envolvidas no projeto – in-dependente se proponentes ouexecutoras – deve situá-las emrelação a outras instituições,mostrando com quem trabalhamou já trabalharam e de quais ins-tituições já obtiveram apoio.

Tudo isso permitirá a quemler a proposta conhecer e avaliarde forma consistente o perfil, acapacidade e a credibilidade dasorganizações e pessoas envolvi-das no projeto.

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O contexto do projeto

52 O contexto do projeto

Uma proposta deve iniciarsituando o leitor em relação aocontexto e o tema sobre o qual oprojeto social irá intervir.Significa que deve ser capaz dedemonstrar a quem a lê que osseus proponentes conhecem arealidade social na qual oprojeto se insere e que soube-ram diagnosticar os problemas enecessidades que pretendematacar. E mais: esta realidadedeve ser adequada à realizaçãodo projeto.

De um lado, a análise decontexto demonstra umasituação de fragilidade e neces-sidade mas, por outro lado, fazcompreender que ali também hápossibilidades e forças que vãocontribuir para o desenvolvi-mento do projeto.

Para fazer isso, é precisoapresentar uma descriçãosucinta e objetiva do contextodo projeto, um breve históricoque expresse como os proponen-tes compreendem o problemasocial que será alvo da ação e asalternativas para abordá-lo.

Para respaldar essa explana-ção, podem ser utilizados dados,

informações e referênciasprovenientes de diversas fontes,desde que auxiliem efetivamen-te na caracterização da realidadeda região e/ou da população queparticipará do projeto. Pode-setrabalhar com dados estatísticosoficiais; textos científicos,notícias e artigos de jornais quedocumentem fatos relevantespara a compreensão do contex-to; mapas, gráficos e imagensque ilustrem aspectos relevantesdessa realidade; relatórios, atas,diários de campo resultantes deprojetos anteriores ou depesquisas realizadas sobre essemesmo contexto.

É preciso lembrar que aelaboração da proposta escritade um projeto social faz com quea equipe de trabalho se questio-ne e consiga ter clareza sobretais questões.

Por outro lado, também épreciso lembrar que, em muitoscasos, a proposta escrita é aúnica forma de contato quealgumas instituições (agênciasfinanciadoras; fundações; órgãosgovernamentais, concursos deprojetos) terão com o contextodaquele projeto. Sendo assim, o

texto deverá apresentar todas asinformações e argumentosnecessários para o entendimen-to da situação. Além disso, épreciso levar em conta o grau defamiliaridade que as agênciasfinanciadoras/apoiadoras têmcom a realidade social em que sedará a ação, para avaliar o tipode dados a ser fornecido, sobpena das informações setornarem inúteis ou, ao contrá-rio, da proposta não ser devida-mente compreendida.

Isso significa que o texto e asinformações fornecidas devemestar adequados aos destinatá-rios. Um exemplo: se a propostafor enviada a uma agênciainternacional, visando a obtençãode recursos para a implementaçãode um projeto social numa regiãodo Brasil em que essa agêncianunca atuou, é necessáriooferecer informações mais amplassobre o país, sobre a diversidadede sua realidade social e sobre aespecificidade da região em queserá realizada a ação.

Propostas sobre meio ambien-te, por sua vez, devem fornecerinformações específicas sobre asituação ambiental da região.

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Justificativa

54 Justificativa

Uma vez definido o problema,o contexto no qual ocorre, a formacom que se pretende enfrentá-lo etendo sido apresentadas ascredenciais de quem se propõema realizar essa tarefa, chega-se aomomento de equacionar todosesses elementos: é a justificativade um projeto.

Este item pode ser conside-rado como sendo a defesa daproposta. Ele deve ser capaz derelacionar o conteúdo dos itensanteriores, dando-lhes umencadeamento lógico e, princi-palmente, de apresentar osargumentos para que o leitor e/ou avaliador da proposta acompreenda e se sensibilizepara apoiá-la.

A justificativa deve sercapaz de demonstrar e conven-cer o leitor de que o projetoproposto baseia-se numa visãoconsistente acerca dos proble-mas sociais; que apresentaformas adequadas e eficientesde abordá-los; que quempropõe o projeto tem qualifica-ção e legitimidade socialnecessárias para executá-lo eque este é o momento adequa-do para fazê-lo.

É preciso lembrar ainda que,apesar de fundamental, aconsistência da argumentaçãosobre a importância de umprojeto não garante, por si só, aobtenção do apoio ou de financi-amento para a sua execução. Issotambém vai depender domomento em que ele está sendoproposto. Há ocasiões em que umprojeto, que pode ser consideradobom e viável, trata de questões,grupos sociais ou regiões para asquais ainda não há um reconhe-cimento social mais amplo.Ainda não há capacidade desustentar a mobilização porparte dos agentes que poderiamapoiá-lo, ou capacidade degarantir sua priorização emtermos de investimentospolíticos e econômicos.

Mesmo assim, a não obten-ção do apoio esperado não devefazer com que se desista.Muitas vezes, o apoio pode serobtido a partir de umareavaliação da forma com que oprojeto foi proposto, de umaredefinição das agências àsquais ele deve ser encaminhado,ou num prazo mais longo, doresultado de um trabalho desensibilização, de mobilização

pública e institucional para osproblemas que se deseja atacar.

Em outras palavras, nemsempre um projeto não aprova-do deve ser descartado.

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Objetivos

56 Objetivos

No trabalho de redação daproposta os objetivos ocupamum lugar especial. É neste itemque se expressa com mais exati-dão o que efetivamente o grupoquer fazer e onde quer chegar.Nos objetivos, de forma maisacentuada do que em outrosmomentos, encontramos a visãode mundo (de sociedade), as pri-oridades políticas e as opções demudança de cada grupo. Talvezcom certo exagero, poderíamosafirmar que aí se vislumbra “aalma” de um projeto.

Os objetivos são de dois ti-pos: gggggerererereral e específical e específical e específical e específical e específicos.os.os.os.os.

No objetivo geral se procuraapontar para uma transforma-ção mais ampla, relacionadacom a missão da organizaçãoproponente. Esta mudança é de-nominada pela literatura especi-alizada de “impacto do projeto”.Não é somente através do proje-to que ela é alcançada, mas simatravés de um conjunto de fato-res e intervenções. Portanto, écomum que o objetivo geral te-nha uma redação abstrata – ain-da pouco vinculada a ações ouresultados efetivos que se querchegar pelo próprio projeto. Ve-

jamos alguns exemplos:��Instituto Beneficente Es-

cola Para a Vida, de Ariquemes(RO), desenvolve trabalhos comcrianças em situação de risco e,em seu plano operacional de2002, propõe o seguinte objeti-vo geral: “Envolver as crianças eadolescentes empobrecidos, esuas famílias, num conjunto deações integradas que possibili-tem a construção da cidadaniae o desenvolvimento físico, psi-cológico e educacional dosmesmos”.��Já a Casa da Mulher Traba-

lhadora (CAMTRA), no Rio de Ja-neiro (RJ), tem como objetivo ge-ral: “Estimular e promover açõesvoltadas à formação das mulhe-res numa perspectiva de colabo-rar com o seu processo de auto-nomia, como parte integrante detransformação da sociedade”.��Uma proposta, dependen-

do do seu alcance, tambémpode ser formulada com um ob-jetivo geral mais limitado. É ocaso do projeto “Alfabetizando eFormando Mulheres e Jovens daGrota da Alegria”, desenvolvidopelo Centro de Educação Popu-lar e Cidadania Zumbi dosPalmares, em Maceió (Al). EstaONG se propõem a “alfabetizar

e formar mulheres e jovens dacomunidade da Grota da Ale-gria, na perspectiva de melhorintervirem na realidade social,provocando assim mudanças”.Este objetivo se enquadra per-feitamente com os princípiosmais amplos da organização; osobjetivos específicos estarãodimensionados a partir desteobjetivo aqui considerado geral.

Dependendo do conteúdo decada projeto, no objetivo geralsão comuns termos como “quali-dade de vida”, “melhoria naauto-estima”, “cidadania”, “apoioà socialização”, “maiorintegração na comunidade” etc.

CCCCCada prada prada prada prada projetojetojetojetojeto o o o o tem um objetivtem um objetivtem um objetivtem um objetivtem um objetivooooogggggerererereral.al.al.al.al. Se houv Se houv Se houv Se houv Se houver mais de um,er mais de um,er mais de um,er mais de um,er mais de um,há mais de um prhá mais de um prhá mais de um prhá mais de um prhá mais de um projetojetojetojetojetooooo.....

Os objetivos específicos, porsua vez, são de caráteroperacional. Vejamos um exem-plo: a partir do objetivo geral“consolidar, na região da Serra eno Litoral Norte, uma rede deprodução e circulação de produ-tos orgânicos...”, os responsáveispelo Centro Ecológico, com sedeem Ipê (RS), desenvolveram osseguintes objetivos específicos:

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“1.“1.“1.“1.“1. Aumentar o número de agri-cultores ecologistas vinculadosà rede...;2.2.2.2.2. Ampliar a capacidade da redede produzir, processar e distri-buir alimentos orgânicos,...;3.3.3.3.3. Reforçar uma cultura de soli-dariedade e transparência entreprodutores e consumidores...;44444..... Implantar nas regiões da Serrae Litoral Norte, núcleos da redeEcovida, assegurando o funciona-mento de um sistema partici-pativo de certificação por rede;55555..... Construir, (...), umametodologia de trabalho quepossa contribuir para a implan-tação de novas redes.”

Os objetivos específicosapontam para os resultados con-cretos do projeto. São questõesque podem ser alcançadas a par-tir do próprio projeto. Em muitoscasos, seus resultados podem – edevem – ser quantificados.

Ao contrário do objetivo geral,os específicos dificilmente serãosomente um. Apenas com umconjunto de objetivos específicoso projeto obterá resultados.

Os objetivos de um projetose relacionam tanto com a justi-

ficativa como com o quadro demetas. O objetivo geral está vin-culado aos motivos pelos quaiso projeto deve ser desenvolvido,ao passo que os objetivos espe-cíficos estão vinculados com asações e resultados que se espe-ra que o projeto atinja.

Em decorrência, o grupo res-ponsável por um projeto deveesforçar-se para que os objeti-vos específicos sejam atingi-dos. Um prUm prUm prUm prUm projetojetojetojetojeto é efo é efo é efo é efo é efetivetivetivetivetivo nao nao nao nao namedida em que cmedida em que cmedida em que cmedida em que cmedida em que consegueonsegueonsegueonsegueonsegueaaaaatingir as metas prtingir as metas prtingir as metas prtingir as metas prtingir as metas propostas aopostas aopostas aopostas aopostas aparparparparpartir de seus objetivtir de seus objetivtir de seus objetivtir de seus objetivtir de seus objetivos espe-os espe-os espe-os espe-os espe-cíficcíficcíficcíficcíficos.os.os.os.os. E E E E Esta noção sersta noção sersta noção sersta noção sersta noção será fun-á fun-á fun-á fun-á fun-damendamendamendamendamental partal partal partal partal para a aa a aa a aa a aa a avvvvvaliação dealiação dealiação dealiação dealiação dequalquer prqualquer prqualquer prqualquer prqualquer projetojetojetojetojetooooo.....

Na redação da proposta, osobjetivos têm um importantepapel político. É neste local daproposta que se materializamos acordos, os pactos dentrodo grupo e com seus parceiros.É comum que uma propostaseja redigida por um pequenogrupo dentro de uma organi-zação. Contudo, é fundamentalque os objetivos sejam debati-dos com o grupo mais amplo,incluindo parceiros. Duas outrês pessoas podem fazer a re-

dação, mas todos devem terclareza de quais serão os obje-tivos daquele projeto.

Os objetivOs objetivOs objetivOs objetivOs objetivososososos,,,,, mais do que mais do que mais do que mais do que mais do quequalquer outrqualquer outrqualquer outrqualquer outrqualquer outro item,o item,o item,o item,o item, sempr sempr sempr sempr sempreeeeedededededevvvvvem ser amplamenem ser amplamenem ser amplamenem ser amplamenem ser amplamente de-te de-te de-te de-te de-bababababatidos.tidos.tidos.tidos.tidos.

Muitas propostas oferecemredação confusa entre objetivogeral, objetivos específicos eações. Isso é muito comum, pelarelação direta existente entreestas partes.

Para evitar ou diminuir estetendência sugerimos uma medi-da prática: numa folha escreva osdiferentes objetivos propostos.Examine-os, verificando a sua hi-erarquia. O que for superior (maisamplo) é o objetivo geral, o quefor intermediário são os objetivosespecíficos e as questões de or-dem mais prática são ações.

Escrever um projeto é umexercício, assim como executá-lo.Com o tempo, o grupo e os reda-tores ganharão mais segurançanestes aspectos.

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Universo do projeto

59Universo do projeto

O universo do projetotambém pode ser denominadode público alvo ou área deabrangência. Preferimos aexpressão “universo do projeto”,pois público alvo dá um sentidode passividade para umapopulação que deveria estarativamente construindo oprojeto. Área de abrangência,por sua vez, transfere umsentido muito geográfico aotermo. Pensamos que universodo projeto é a melhor combina-ção entre a população e o localem que se desenvolvem asações. Porém, não há problemaem utilizar os outros termos(público alvo, com efeito, élargamente utilizado).

Um projeto quase sempreenvolve populações de duasformas: direta e indireta. Apopulação diretamente envolvi-da é aquela que se relaciona deforma concreta e imediata com otrabalho. São os agentes deimplantação das propostasconstruídas em comum. Oprojeto é construído para eles e,em grande parte, seu êxitodependerá da sua participação.Mas, há também um públicoindireto, mais distante que se

relaciona de forma mais passivacom o projeto. É uma parcelaque, indiretamente, tambémusufruirá dos benefícios doprojeto – caso este seja bemsucedido, mas não participaráativamente de sua implantação.A proposta deve tentar mapearestes dois públicos. Na medidado possível, o público direto deveser quantificado e o públicoindireto estimado.

Um bom projeto sempreestará preocupado em transfor-mar uma parte do públicoindireto em população direta-mente envolvida, aumentandoseu alcance. Isso significa tentarampliar os acordos, ampliar o raiode ação do projeto e articularpolíticas de alianças e estratégiasde inclusão de outras questõessociais ou públicos existentes emseu local de atuação.

Mais uma vez, aparece aimportância do estabelecimentode relações políticas, pois não setrata somente de uma questãoquantitativa. No universo doprojeto, inclusive na proposta, éimportante considerar questõesrelacionadas com gênero,minorias étnicas, populações

expostas a situações de risco oucom necessidade de políticascompensatórias. Dificilmenteum projeto social estará alheio aestas questões, que tambémpodem ser descritas no contextoou na justificativa da proposta.

Mesmo sendo a população oitem mais importante nouniverso do projeto, não deve-mos esquecer do local. Emprojetos desenvolvidos emfavelas ou bairros populares, porexemplo, é muito importantedefinir com quem se estátrabalhando, a partir do local. Asrelações entre grupos tambémse organizam pela ocupação deespaços. Nem todos, por mora-rem no mesmo local, se sentirãopertencentes àquele espaçopropriamente dito. Isso ésocialmente construído e oprojeto deve fazer esforços parapercebê-lo. Assim, o universo doprojeto é uma espécie de mapa,envolvendo um local e suasrelações sociais.

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Quadro de metas

61Quadro de metas

O quadro de metas é parteessencial de uma proposta. É olocal onde os objetivos específicosse traduzem em ações e resulta-dos. Pode-se dizer que ele comple-ta a tarefa, iniciada nos objetivos,respondendo o que se quer de umprojeto e onde se pretende che-gar. A existência de um quadro demetas – que pode ter outras de-nominações – bem elaborado éum aspecto que confere consis-tência à proposta. Leitores comdisposição de apoiá-la sentirãoque o projeto não é somenteretórico, mas tem muita clarezade onde quer chegar. Para o grupoproponente, o quadro de metasajuda no amadurecimento da im-plementação do projeto.

Qual o formato mais ade-quado para um quadro de me-tas? Dependerá, mais uma vez,de como cada grupo conduz aelaboração de suas propostas. Apartir da nossa experiência,existem três elementos que de-vem ser priorizados: ações, indi-cadores de resultados e meiosde verificação.

As ações, também chamadasde ações estratégicas, operações,atividades ou ações nuclea-

doras, são o conjunto de ativida-des práticas que respondem,para cada objetivo, à demandaou ao desafio que a propostatorna explícita. É importantelembrar que cada objetivo espe-cífico será trabalhado a partir deum conjunto de ações. Da mes-ma forma que não se alcançaum objetivo geral sem a existên-cia de objetivos específicos, tam-bém um objetivo específico ne-cessitará ser respondido a partirde um conjunto de ações. Porisso mesmo, é útil que no quadrode metas sejam colocados, naprimeira coluna, os objetivos es-pecíficos. Desta forma, será maisfácil verificar se o conjunto deações propostas é suficiente.

Por ações deve-se entenderos procedimentos necessáriospara a realização dos objetivosespecíficos. Em termos de elabo-ração do projeto, por exemplo,uma proposta que tenha comoobjetivo geral a melhoria naqualidade de vida e educaçãode uma população empo-brecida, um objetivo específicopoderá ser a alfabetização. Oobjetivo alfabetização necessi-tará de uma série de ações, taiscomo: obtenção de um local

para as aulas, contratação deprofessores, previsão de outrasatividades pedagógicas. Odetalhamento das ações – tipode material a ser adquirido,quais professores ou quais ativi-dades serão desenvolvidas –não precisam ser descritas noquadro de metas. Algumas ou-tras questões aparecerão emmomentos diferentes na pro-posta – como o orçamento,equipe e parcerias – enquantooutras podem ser apontadas noposterior planejamento.

Sempre que possível, asações devem ser quantificadas.No exemplo acima o ideal seriaquantificar as pessoas a seremalfabetizadas. Isto permite asse-gurar uma melhor relação entrea execução e a avaliação. Umprojeto com ações pouco defini-das terá poucas condições de seravaliado.

Os indicadores de resultadossão desejos práticos de onde sequer chegar. Logo adiante serãocomentados com mais detalhes.

Os meios de verificação res-pondem de forma complementarà questão: como posso saber se

62

1 Marco Lógico é uma metodologia deplanejamento que vem sendo largamente

utilizada por agências de cooperaçãointernacional. Beaudoux et alli (1992:54)

apresentam um bom resumo. Armani (2000)desenvolve o trabalho de elaboração de

projetos, incluindo exemplos de uso destametodologia.

os resultados serão alcançados?Significa estabelecer um sistemade coleta de informações, pesqui-sas e avaliações – assim se conse-guirá perceber em que medida asações foram desenvolvidas e seos resultados foram alcançados.

Voltando ao exemplo acima,teremos um objetivo específico dealfabetização e um conjunto deações. O resultado será 200 alunosalfabetizados após um ano de tra-balho. A verificação desta nova rea-lidade será feita através de exercíci-os de leitura e escrita.

Há, também, diversas possibili-dades de associar outras informa-ções ao quadro de metas. Noexemplo apresentado a seguir, daONG Mãe Terra, vê-se que o qua-dro de metas foi elaborado a par-tir de cada objetivo específico(aqui transcrevemos só um) e trazoutras informações que poderiamser colocadas em outros momen-tos. Neste caso, no entanto, seapresentam bem ligadas ao textomais amplo da proposta. Em resu-mo, o quadro de metas pode teruma estrutura aberta.

Se o grupo ou agência/localpara onde se direciona a solicita-

ção utilizar a metodologia doMarco Lógico para desenvolver aproposta, deve-se nesta parteorganizar o quadro a partir damatriz desta propostametodológica.1

Neste sentido, percebe-seque o quadro de metas tem es-treita vinculação com o planeja-mento. Se uma proposta foraprovada, será a partir deste“momento do texto” que se co-meçará o trabalho de planejar aexecução do projeto.

O quadro de metas, por suaassociação com os objetivos es-pecíficos, lida com resultados.Mas um projeto também faz sur-gir impactos – que são resulta-dos de longo prazo, nãoverificáveis no tempo de suaexecução ou avaliação. Assim, aelaboração da proposta trabalhacom resultados, mas a organiza-ção deverá considerar que resul-tados também terão conseqüên-cias – impactos – para a vida daspessoas envolvidas. A visão delongo prazo, em qualquer proje-to, sempre é muito importante.

Quadro de metas

63

ObjetivObjetivObjetivObjetivObjetivos os os os os (específic(específic(específic(específic(específicososososos))))) AAAAAtividadestividadestividadestividadestividades MetMetMetMetMetodologiaodologiaodologiaodologiaodologia RRRRResultadosesultadosesultadosesultadosesultados RRRRRecursos físicecursos físicecursos físicecursos físicecursos físicososososos PrPrPrPrPrazazazazazooooo

Formar Divulgar o A divulgação do Inscrições de, Papel ofício, DezembroMultiplicadoras início do projeto será nas no mínimo, caneta, micro e de 2002 eno ramo projeto junto reuniões e 60 mulheres; impressora; janeiro deda alimentação às celebrações e 2003;saudável e comunidades; associações daexecutoras comunidade;de eventos(coquetéis, lanches, almoços,jantares).

selecionar as observaremos a seleção de sala, cadeiras, janeiro eparticipantes; renda familiar pessoas com papéis e canetas; fevereiro

das interessadas renda familiar de 2003;e realizaremos de até doisentrevista; salários

mínimos;

aulas semanais participativa, interesse e apostilas, março edo módulo oportunizando participação de material escolar, abrilbásico; o diálogo no mínimo 70% material de de 2003;aulas semanais aberto e das aulas pelas limpeza,do módulo discursivo; aulas do módulo utensíliosespecífico da básico e 80% domésticos,formação em pelas aulas alimentos;alimentação; do módulo

específico;

visitar visitaremos conhecimento ônibus, abrilexperiências de experiência de de experiências telefone; de 2003;cooperativas coletivos que concretas deligadas à trabalham coletividade ealimentação; solidariamente alimentação

na área de alternativa;alimentação;

preparar preparo de conhecimento e insumos abril, maioalimentos. alimentos prática na necessários e junho

utilizando apenas área da na preparação de 2003.insumos alimentação desaudáveis. saudável por alimentos

parte de 80% saudáveis.das participantes.

Adaptado do projeto “Formação e Capacitação de Multiplicadores em Alimentação Saudável”, da ONG Mãe Terra, Porto Alegre – RS, agosto de 2002.

Quadro de metas – um exemplo

64

Indicadores de resultados*

65Indicadores de resultados

Aqui serão apresentadasalgumas questões relacionadascom indicadores de resultados.Na elaboração de uma proposta,é suficiente indicar os resultadosaos quais se pretende chegar.Não há necessidade de muitodetalhamento.

Os indicadores de resultadoestão diretamente associados àavaliação do projeto. Podem,inclusive, ser denominadosindicadores de avaliação. São, nadefinição de Valarelli, 1999:“...parâmetros qualificados e/ouquantificados que servem paradetalhar em que medida osobjetivos de um projeto foramalcançados, dentro de um prazodelimitado de tempo e numalocalidade específica. Como opróprio nome sugere, são umaespécie de ‘marca’ ou sinalizador,que busca expressar algumaspecto da realidade sob umaforma que possamos observá-loou mensurá-lo”.

Nesta definição, o autordestaca que indicadores deresultados são referências queapenas apontam a realidade quese quer construir. Não são aprópria realidade.

Uma família de camponesesque tira seu sustento da produ-ção de leite pode elaborar um“projeto” que tenha como um deseus objetivos específicos dobrara produção em dois ou três anos.Para atingir este objetivodesenvolverá ações, tais como acompra de novilhas einseminação. O resultadopretendido será o dobro de leiteproduzido após a introdução dasmelhorias. Os meios de verifica-ção serão demarcados através damedição diária de litros de leite.Contudo, o resultado está sujeitoa muitas variáveis que oscamponeses não dominam –condições climáticas, acidentescom os animais, aumento nopreço de insumos, quebra deuma máquina, doenças nafamília, praga na lavoura. Casoos indicadores sejam bemconstruídos eles consiguirão aomenos estimar os resultados daação, apesar destesimponderáveis.

Contudo, nem sempre oresultado previsto se transformano produto que se deseja ter. Noexemplo, pode ocorrer umadesvalorização no valor do leite eos esforços de duplicar a produ-

ção não resultarão em melhoriana qualidade de vida destafamília. É claro que há o outrolado: caso a produção nãotivesse sido duplicada, acontece-ria uma piora nas condiçõesdesta família.

Portanto, indicadores medemresultados quantitativos equalitativos. De certa forma, aênfase se coloca nos aspectosquantitativos, pois são maisfáceis de se verificar e têmvisibilidade que lhes dá umsentido exato. Em geral, setraduzem em quantidade debens adicionais que o projetoproporciona à população deonde transcorre. No exemplo,seriam os litros de leite extra.

Nos aspectos qualitativos, osindicadores “medem” a qualidadede utilização de algo que o projetoconstruiu e a profundidade dasmudanças que ocorreram. Sãoaspectos abstratos. De novo, noexemplo, tais indicadores deveri-am responder até que ponto oslitros de leite adicionais melhora-ram a vida daquela família.

66

Metodologia de trabalho/procedimentos

67Metodologia

Metodologia é um termo queestá normalmente associado aocampo da investigação científica.No caso dos projetos sociais, estapalavra assume um sentido bemmais amplo, que pode ser traduzi-do pelas expressões “maneira deagir”, “modo de proceder” ou, deforma mais poética, pela palavra“caminhos”2 .

No caso específico dos proje-tos sociais, é natural que se penseem “metodologias”, assim, no plu-ral. Neles deve sempre haver ummomento em que se fará a descri-ção dos caminhos, dos procedi-mentos, das maneiras pelas quaisse pretende organizar, efetuar eavaliar as ações propostas, em to-dos os seus níveis.

Caso seja necessária a reali-zação de uma pesquisaexploratória ou de um levanta-mento de dados para subsidiaras ações propostas pelo projeto,os métodos empregados nestasinvestigações devem ser indica-dos no item metodologia.

Em muitos projetos sociaistambém é necessário um trabalhoprévio de sensibilização da popula-ção envolvida. Outras vezes, é pre-

ciso fazer um cadastramento oumesmo uma seleção das pessoas,famílias ou grupos que irão partici-par da ação. Nestes casos, a pro-posta deve trazer descritos os ca-nais e as formas através dos quaisse pretende estabelecer o contatocom a população – se através deorganizações comunitárias, dasescolas, da rede de serviços públi-cos, das igrejas, dos meios de co-municação com penetração local -.Também é importante indicarquais os instrumentos que serãoutilizados para informar e mobili-zar esta população – cartazes, pan-fletos, programas de rádio, pales-tras, feiras, festas, oficinas – e osmétodos que serão empregadospara vincular os participantes aoprojeto – formas de inscrição, deseleção, de engajamento.

Se a ação envolver o empregode ferramentas de ação (pedagó-gica, de organização, de divulga-ção, de produção etc) ou detecnologias inovadoras ou poucoconhecidas, deve aparecer na pro-posta do projeto uma breve des-crição dos métodos e técnicas.Também é interessante oferecerreferência que dê sustentaçãocientífica ou institucional à novametodologia proposta – biblio-

grafia ou referência a experiênci-as similares já realizadas.

Na metodologia também de-vem aparecer as formas pelasquais se dará a participação dasorganizações e dos indivíduos par-ceiros na ação. Isto inclui clarezasobre os estatutos jurídicos dasparcerias institucionais: se já exis-te ou será firmado um convênioentre as organizações envolvidas;se ocorrerá a criação uma coope-rativa; definição das regras e con-tratos que irão reger as relaçõesdos grupos executores com os or-ganismos financiadores. Inclui,também, a definição legal dos vín-culos a serem estabelecidos comos indivíduos participantes: traba-lho voluntário, trabalhocooperativado, trabalho assalaria-do, participação eventual, partici-pação permanente; e definição arespeito dos direitos desses parti-cipantes sobre os resultados daação: direitos autorais, direitos deregistro de descobertas científicase tecnológicas, direitos sobre re-sultados financeiros etc.

2 Ver Novo Dicionário Aurélio. Ed. NovaFronteira, 1975, p. 919.

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Equipe e parcerias

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Na proposta escrita de umprojeto é importante que sedefina de forma clara quem seráresponsável pelas ações. Issosignifica que, antes mesmo de seredigir a proposta, já deve estarformada, ao menos em parte, aequipe que irá executar o projetoe também escolhidos econtatados os eventuais parcei-ros de trabalho.

Na identificação dos partici-pantes do projeto, pode cha-mar-se de “equipe direta” ogrupo formado pelas entidades,grupos ou indivíduos queexecutarão as ações. São elesque colocarão “a mão namassa”, interagindo diretamen-te com os grupos sociaisenvolvidos e sendo os respon-sáveis imediatos pelos resulta-dos das ações propostas.

Já a “equipe indireta” écomposta pelos setores, gruposou indivíduos que, emboraligados à equipe que executa oprojeto, não participam necessa-riamente de forma direta dasações. São aqueles que traba-lham na retaguarda, dandoapoio, mantendo a infra-estrutu-ra necessária, acompanhando e/

ou monitorando o desenvolvi-mento do projeto.

Parceiros em um projeto, porsua vez, são as instituições ouindivíduos que, embora partici-pando diretamente da ação, nãosão os responsáveis pelos objeti-vos ou pelos resultados globais.Os parceiros podem atuardiretamente junto à populaçãoenvolvida no projeto, responsabili-zando-se pela execução de algumaspecto de sua implementação,ou por ações que se dão emperíodos temporalmentedelimitados (consultorias,auxílios, avaliações), sem quesejam confundidos com a equipeque está implementandodiretamente o projeto.

Quando se pensa em equipeou parcerias é importantedestacar duas questões.

A responsabilidade deexecução é da equipe (organiza-ção, grupo, pessoal) diretamentevinculada ao projeto. Não sepode responsabilizar outrosatores, que dão apoio, pelosresultados do projeto.

Por fim, a constituição de

equipes, apoios indiretos eparcerias deve ser parte dametodologia de trabalho e algoa ser constantementeincrementado. Um bom projetonecessariamente agrega maispessoas, grupos ou instituiçõesem torno de si. É este esforço dearticulação que permite ofortalecimento contra as crises eo avanço em direção à novosprojetos.

Equipe e parcerias

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Cronograma

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Conta a mitologia grega3 queKhronos, após as constantes ecaracterísticas lutas pelo poderentre as divindades, assume oposto de rei dos deuses e senhordo mundo. Como nada é eterno,ele sabia que seria destronadopor um de seus filhos. Assim, paraevitar a queda, decide devorarseus filhos, um a um, logo após onascimento. Como se pode ver, éfácil imaginar por que em certasalusões, Khronos aparece identifi-cado como o tempo.

Cronograma, derivativo deCronos, é o esforço de organizaro tempo de existência doprojeto – para que as pessoas egrupos que o desenvolvem nãosejam “devorados” por este serimpiedoso. De fato, isso tam-bém ocorre na vida de cada um– se não nos organizamos emtorno de instrumentos demensuração e controle dotempo, calendários, agendas ourelógios, logo vamos perceberque se foram os dias ou meses enão foi possível fazer o que sehavia planejado.

Com um projeto não é diferen-te. É preciso organizar o tempo dedesenvolvimento das ações.

Neste caso, o mais comum émontar uma planilha, semelhan-te ao esquema da páginaanterior. As linhas podem ser asações ou atividades a seremdesenvolvidas e as colunas, osintervalos de tempo para realizaras ações. Os intervalos de tempopodem ser medidos em meses,bimestres, semestres. Tudodependerá da complexidade e doprazo de desenvolvimentopensado para o projeto. A medidade tempo mais utilizada é a domês (mensal).

Também é possível, nocronograma, usar períodos detempo, sem mencionar datas. Ouseja, não se coloca um mêsespecífico para o início do projeto,e sim a marcação de “mês 01”. Istoevita que a implementação doprojeto comece defasada emrelação à proposta, pois é muitocomum que um grupo nãoconsiga dimensionar comexatidão o período de negocia-ções – normalmente maior do queo previsto. É mais fácil mensurar operíodo das ações do projeto.

O cronograma está direta-mente vinculado ao quadro demetas. Com freqüência, ocorre

que esteja exposto neste item –veja no exemplo apresentado.

Mas na verdade, a apresenta-ção em separado é mais interes-sante, uma vez que permitevisualizar melhor o conjunto deações e sua distribuição no tempo.

Esta nos parece ser a funçãomais importante docronograma: permitir ao grupouma disposição espacial dotempo em que cada ação serádesenvolvida. Assim, é possívelsaber se um período está muitoocupado e outro pouco preen-chido. Também fica claro quaisações devem ser executadasantes de outras para permitir ocorreto andamento do projeto.

Cronograma

3 Maiores detalhes podem ser encontrados emKury, Mario da Gama. Dicionário de Mitologia

Grega e Romana. Rio de Janeiro, Jorge ZaharEditor, 1990, pgs. 96-97.

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Orçamento

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O orçamento é um itemdecisivo para a aprovação de umprojeto pois é nele que se indicaexatamente o que se solicita àinstituição financiadora. Umbom orçamento deve ser claro,objetivo e suficientementedetalhado, indicando os itens esub itens de despesa dentro deum cronograma de desembolsosao longo do tempo de duraçãoda proposta. No orçamento éimportante deixar claro, porexemplo, quando e quantosserviços e pessoas serão contra-tados, equipamentos adquiridos,viagens, seminários e cursosrealizados.

Devemos sempre lembrar queas propostas são escritas paraviabilizarem recursos para oprojeto. Portanto, o orçamentoassume um papel decisivo, pois éa materialização do projeto emseus aspectos econômicos.

É fundamental que o orça-mento seja compatível com oconjunto do projeto, demons-trando uma relação de adequa-ção entre as ações propostas, ositens de despesa e seus valoresde mercado. É recomendável,após a conclusão da proposta,

revisar o orçamento e checar secada item de despesa estádevidamente explicitado notexto da proposta, fazendo asmodificações necessárias ecorrigindo possíveis distorções.

Dentro do conjunto dedespesas orçadas deve-se indicarquais compõem o montantesolicitado ao financiador e quaispodem ser assumidas pelosproponentes comocontrapartida. A contrapartidainclui recursos materiais ehumanos já existentes e/ou quepodem ser mobilizados pelosproponentes como, por exemplo,trabalho voluntário, doações,equipamentos, local etc. Aexistência de contrapartida é umindicador de capacidadeorganizativa dos proponentes ea sustentabilidade do projeto.

Nem sempre a contrapartidaoferecida pelos proponentespode ser contabilizada de formaprecisa em termos monetários.Nesses casos, vale a penaacrescentar uma observação aoorçamento, onde conste areferência e uma breve descriçãodos recursos que serãodisponibilizados para o projeto

(recursos humanos, materiais,tecnológicos etc.). No caso daparticipação de organismos ouinstituições públicas, é impor-tante que essa referência sejafeita a fim de que o uso derecursos públicos nessas açõesseja reconhecido e devidamentevalorizado.

A organização do orçamentosupõe muitas vezes a adequaçãoaos critérios de financiamentodas fontes para as quais sedestina o projeto. Por exemplo,há situações em que determina-das agências não financiamrecursos humanos permanentes.Nesse caso, não adianta remeteruma proposta cujo orçamentosolicite pagamento de pessoalpermanente. Outro critério a serlevado em conta é a duração doprojeto. Há agências que já temfixado um tempo para o apoio(trienal, bienal etc). É importanteter estas informações paraaproximar a proposta doscritérios e da disponibilidade dasagências apoiadoras.

Para orçar a maioria dasdespesas é recomendável umaboa pesquisa de preços demercado!

Orçamento

74 Orçamento

Nos dois quadros adianteapresenta-se o mesmo orça-mento, disposto sob formasbastante diferentes. No primei-ro caso, o orçamento se organi-za num quadro sem maioresdetalhes. É praticamenteimpossível saber quais osgastos exatos em cada parteorçada, pois os itens não estãodiscriminados. Assim, é muitogenérico (e pouco confiável)colocar “despesas com recursoshumanos”. Há a necessidade deestipular quais são os recursoshumanos, quanto se pagarápara cada um e por quantotempo. O mesmo ocorrerá nosdemais itens.

Uma boa proposta terá umorçamento detalhado, poissomente sabendo as quantida-des de cada espécie de recurso éque os possíveis apoiadoresterão segurança em liberarestes recursos. Qual é o custo dedeterminado projeto? Serãomesmo necessários R$ 25 mil oué possível implementar asmesmas ações propostas comR$ 20 mil. Se não houver umadiscriminação dos gastos éimpossível responder essapergunta. Muitas vezes não é

possível detalhar tanto como noexemplo apresentado, massempre deve ser feito o esforçode prestar o maior número deinformações. Em algumasocasiões, dependendo do item(máquinas, por exemplo) podeser interessante apresentarduas ou três tomadas de preços.Com isso, haverá certeza sobre ovalor necessário.

Por fim, vale lembrar que asgrandes agências financiadoras,inclusive as do Estado, costu-mam ter modelos próprios paraa apresentação de orçamentose/ou resumos de despesas(muitas vezes fornecidos sob aforma de formulários) aos quaisé preciso adequar-se para que aproposta de um projeto sejaavaliada. Considerando que ummesmo projeto pode ser enca-minhado para diversas agênciasde apoio, e que o orçamentodeve ser um instrumento capazde auxiliar a própria equipe doprojeto no gerenciamento desuas despesas, o ideal é produzirum orçamento completo eadequado às necessidades doprojeto e modificá-lo à medidadas exigências dosfinanciadores.

De qualquer maneira, odetalhamento do orçamento éuma condição inegociável paragarantir a transparência daproposta apresentada. A organi-zação ou grupo, se for fiel a estaproposta ( já considerandopossíveis ajustes) estará consoli-dando uma marca de seriedadecom o trato dos recursos erespeito aos apoiadores.

Em outras palavras, confecci-onar um bom orçamento é maisdo que levantar números “quefecham”.

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Orçamento para o projeto “Equipandoguardas-florestais para administração eproteção de um parque

Item R$Supervisão/pessoal 70.500Publicações 1.700Equipamento 1.220Abertura de trilhas 1.775Veículos 27.500Pesquisa 12.000Divulgação comunitária 3.750Administração do projeto 4.125Treinamento 1.700Avaliação 1.000Total 125.370

Fonte: Urban/SPVS, 1997:15. A moeda foi substituída pelo Real (R$)

Um mau exemplo de orçamento

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Um bom eUm bom eUm bom eUm bom eUm bom exxxxxemplo de oremplo de oremplo de oremplo de oremplo de orçamençamençamençamençamentttttooooo

Orçamento para o projeto “Equipando guardas-flo-restais para administração e proteção de um parque”

Item Ano1 Ano 2 Ano 3 TotalDiretor do projetoSalário 18.000 20.000 22.000 60.000Benefícios 3.000 3.500 4.000 10.500Subtotal 21.000 23.500 26.000 70.500

PrPrPrPrPreparepareparepareparação de mapas/ação de mapas/ação de mapas/ação de mapas/ação de mapas/guiaguiaguiaguiaguiaConsultor editorial (2 meses a R$ 300/mês 600 - - 600Cachê de artistas 200 - - 200Impressão de 1.000 exemplares 500 - 500 1.000Subtotal 1.300 - 500 1.800

ArArArArArtigtigtigtigtigos de escritos de escritos de escritos de escritos de escritório parório parório parório parório para a sede do para a sede do para a sede do para a sede do para a sede do parquequequequequeComputador 2.000 - - 2.000Impressora 1.000 - - 1.000Disquetes e artigos de computador 200 200 200 6002 mesas 300 - - 3003 arquivos 225 - - 225Subtotal 3.752 200 200 4.125

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EquipamenEquipamenEquipamenEquipamenEquipamenttttto de campo paro de campo paro de campo paro de campo paro de campo para guara guara guara guara guardas-flordas-flordas-flordas-flordas-florestais (6)estais (6)estais (6)estais (6)estais (6)2 barracas 100 - - 1006 sacos de dormir 435 - - 4356 pares de botas 180 - 180 3606 capas de chuva 100 - - 1006 mochilas 225 - - 225Subtotal 1.040 - 180 1.220

Construção de trilhas/transporte paraequipe de voluntários a 30 c/milha 225 300 225 775Almoços (30) 100 100 100 300Materiais de construção paraoperários de estradas 300 200 200 700Subtotal 625 600 550 1.775

1 caminhão com tração nas4 rodas para uso noprojeto pelo diretor e guardas-florestais 25.000 - - 25.000Manutenção 500 1.000 1.000 2.500Subtotal 25.500 1.000 1.000 27.500

Orçamento

Um bom exemplo de orçamento

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Pesquisa: 4 bolsas de 3 meses para estudantesda Universidade Nacional, realizandotrabalhos de campo no parque 4.000 4.000 4.000 12.000Subtotal 4.000 4.000 4.000 12.000

Divulgação comunitária(2 workshops 20 pessoas); equipe de viagem 1.000 1.000 1.000 3.000Material 150 150 150 450Impressão/correio 100 100 100 300Subtotal 1.250 1.250 1.250 3.750

Treinamento da equipe responsável pelo projetoAssistência ao semináriointernacional sobre administraçãode parques, junho de 1988 - San José 1.400 - - 1.400Assinaturas 100 100 100 300Subtotal 1.500 100 100 1.700

Avaliação do projetoHonorários dos consultores - - 1.000 1.000

Total 59.940 30.650 34.780 125.370

Fonte: Urban/SPVS, 1997:16. A moeda foi substituída pelo Real (R$)

Orçamento

Um bom exemplo de orçamento

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Resumo

80

O resumo é um item muitoimportante. Ele é feito paraleitores que não conhecem oprojeto. Será responsável porformar nestes leitores umaprimeira idéia sobre as questõesessenciais da proposta, tornan-do-a atraente ou não. Vaiconvidar para a leitura ouafastar o interesse de possíveisapoiadores. Um resumo bemfeito causará uma boa impres-são inicial e pode ser decisivo naaprovação do projeto.

O resumo vem logo depois dacapa e contém informaçõesbásicas sobre o perfil do projeto.Deve indicar, em linguagemdireta e enxuta, qual a proble-mática social em questão, arelevância das ações, apresentara organização proponente, osobjetivos do projeto e, finalmen-te, os recursos solicitados e acontrapartida oferecida.

O rO rO rO rO resumo não deesumo não deesumo não deesumo não deesumo não devvvvveeeeeultrultrultrultrultrapassar uma página.apassar uma página.apassar uma página.apassar uma página.apassar uma página.QuanQuanQuanQuanQuanttttto menoro menoro menoro menoro menor,,,,, melhor! melhor! melhor! melhor! melhor!

Embora seja a primeira partea ser lida, é a última a ser escrita,quando os outros itens jáestiverem redigidos e todas as

questões ajustadas. Uma boaidéia é escrevê-lo depois dedeixar o documento “descansar”por um tempo e só então relertudo para escrever o resumo.

Outra idéia interessante éconseguir ajuda para a elabora-ção do resumo. Neste caso, deveser de uma pessoa com ótimacapacidade de sistematização,que escreva bem. Também éinteressante que ela possuaalguma relação com o projeto,embora não seja necessário quefaça parte da equipe ou dasparcerias. Este “redator” teráacesso ao projeto já pronto erapidamente fará uma síntese,o resumo.

Nem sempre isso é possível,mas é desejável!

Resumo

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Resumo um bom exemplo

“A pressão dos estabelecimentoshumanos nas áreas protegidas daBolívia e de toda a América Latina éum grave problema que ameaça aconservação da impressionantediversidade biológica ali abrigada. Aimplantação de medidas de prote-ção é uma condição necessária paraa conservação das áreas protegidas,mas não é suficiente somenteabordar as causas das crescentespressões humanas que ameaçamestas áreas.A Fundação Amigos da Natureza(FAN), uma fundação boliviana semfins lucrativos, que atualmentepresta assistência vital a mais de 2,5milhões de hectares no país, reco-nheceu esse problema. A Fundaçãodesenvolveu, então, uma propostasobre planejamento comunitáriodos recursos do Parque NacionalAmboró, de 607.500 hectares, queconstitui uma zona de enormeimportância biológica e social.

O objetivo do projeto ParqueAmboró é reduzir a pressão humanasobre a área no prazo de três anos,motivando as cinco comunidades decamponeses localizadas na parte suldo parque para que planejem o usosustentável de sua base de recursos.Isso vai requerer a adoção de umametodologia participativa, a avalia-ção da base de recursos e, por último,a preparação de planos locais. Ametodologia adotada para o projetoe seus resultados serão divulgadosaos diretores e ocupantes de outrosparques, por meio de workshops e depráticas.Com essa finalidade, a FundaçãoAmigos da Natureza respeitosa-mente solicita da Fundação ................a soma de US$ .........., que representa40% dos gastos do projeto. Estetrabalho oferece uma esperançapara o futuro da diversidade bioló-gica da Bolívia.”Fonte: Urban/SPVS, 1997:17

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Anexos

83Anexos

Os anexos, como o nome jáindica, não fazem parte donúcleo do texto que foi elabora-do. Mas podem ser utilizados deforma complementar à propos-ta, como material de apoio.

Nesta condição – material deapoio – jamais devem conteruma idéia, conceito ou informa-ção que seja fundamental para odesenvolvimento da proposta.Se é algo tão importante edecisivo, deve constar no corpoda proposta de projeto.

Os anexos servem parailustrar com mais detalhes einformações alguma questãofundamental no texto. Podemosutilizar materiais anexos quereforcem informações sobre aentidade que está apresentandouma proposta (folders, brevecurrículo das pessoas responsá-veis, alguma notícia publicadaem jornal ou revista...), queapóiem o contexto no qual oprojeto está inserido (dadosestatísticos, mapas, fotos etc..)ou também que sirvam desustentação política ou adminis-trativa (cartas de apresentação,documentação legal). Essesdados devem ser claros (de nada

adianta uma foto que nãomostra com nitidez o que se estáquerendo dizer) e precisos(informações que não reforcemo projeto não devem aparecer,mesmo sendo interessantes).

Se os anexos não devemconter materiais fundamentaistambém é adequado que nãosejam mais volumosos do que oprojeto. Ou seja: tampoucodevem exceder o projeto emquantidade de informações.Ninguém irá ler 50 ou 70páginas de anexo (nem mesmo30!) de um projeto com dez ou 15páginas. Portanto, aí não épreciso despejar tudo que aorganização acumulou em seutrabalho. Os leitores não irão sedeter em dezenas de recortes dejornal sobre o importanteprojeto daquela organização,que recebeu um prêmio (bastauma ou duas matérias) etambém não são todos osgráficos, fotos, tabelas, depoi-mentos e cartas que necessitamser colados no projeto.

As propostas não são aprova-das pelo volume. Ao contrário doque se pode imaginar, umcalhamaço de dezenas de

páginas, se causar forte impres-são, será negativa.

84

Avaliação

85Avaliação

Assim como os indicadoresde resultados, a avaliação é umprocesso mais amplo do que asreferências que devemos fazerna hora de escrever a proposta.Já indicamos mais atrás, aocomentarmos sobre o caminhodos projetos, o papel fundamen-tal das avaliações no processo deconstrução dos projetos, emespecial nos seus momentos deimplementação.

Como o tema que aquitrabalhamos não é avaliação deprojetos sociais, faremos apenasalgumas observações sobre suainserção na proposta.

Algumas questões nosparecem importantes queapareçam nesta breve descrição.

Em primeiro lugar, a avalia-ção deve ser compreendidacomo uma parte do processode construção do projeto, e nãouma tarefa a ser feita necessa-riamente em separado e quenos exige “deixar o trabalho delado, para avaliar”. Avaliaçãotambém é trabalho e tem amesma importância (muitasvezes mais!) do queimplementar ações.

Em decorrência, devemospensar a avaliação não como ummomento do projeto – aquelaparada no final de ano na qual agente senta e avalia o que fez.Devemos organizar o projetopara que as avaliações sejamcontínuas, ao longo do desenvol-vimento do trabalho. Isso nãosignifica que se ficará avaliando,sem fazer nada mais. Somentequeremos destacar o perigo dese cair no oposto: fazer muito,sem avaliar nada. Embora acultura do ativismo esteja sendocriticada e, de fato, se percebammudanças na forma de trabalhode muitas organizações, elaainda está presente com certafreqüência em número significa-tivo de projetos.

Portanto, no cronograma daproposta a avaliação deve serinserida não apenas como ummomento do projeto. É interes-sante inserir três, quatro ou maismomentos de avaliação. Alémdisso, afirmar claramente quehaverá um acompanhamentoconstante ao desenvolvimentodas ações e resultados noquadro de metas. Com isto, sebusca um equilíbrio entre aexecução das ações propostas e

um olhar crítico sobre seusresultados, ou seja, de como oprojeto vem mudando (paramelhor?) a vida das pessoas.

Há vários tipos de avaliação,diversos momentos, formas deorganizar uma avaliação epropósitos. O formato dasavaliações também estarásempre relacionado com otamanho do projeto, a complexi-dade dos temas trabalhados e asrelações construídas com apopulação e organizaçõesparceiras. Neste sentido, é quaseinviável formular avaliaçõessomente a partir de modelos.Nos parece fundamental que osmodelos e, inclusive as experiên-cias de outras organizações,sirvam de material de trabalhopara que cada grupo ou organi-zação construa suasmetodologias de avaliação.

A aA aA aA aA avvvvvaliação dealiação dealiação dealiação dealiação devvvvve sere sere sere sere serccccconstruída a paronstruída a paronstruída a paronstruída a paronstruída a partir de actir de actir de actir de actir de acororororordosdosdosdosdosno grupo e parno grupo e parno grupo e parno grupo e parno grupo e parccccceriaseriaseriaseriaserias

Avaliação é diferente demonitoramento. As diversaspossibilidades de avaliaçãooperam sobretudo em algunsmomentos do projeto, tratando

86 Avaliação

de deter-se mais nos objetivosgerais e nos impactos de largoprazo que este projeto produz napopulação. Já o monitoramento,por muitos grupos chamado deacompanhamento, funciona nocotidiano do projeto, revisandoobjetivos específicos, ações,metodologias, resultados ourecursos. O monitoramento sedetém nos resultados concretose praticamente imediatos.Portanto, monitoramento é umaforma específica de avaliação.

Há muitos aspectos de umtrabalho que podem ser avalia-dos (ou monitorados).

Como foi comentado acima,podemos rever um projeto a partirde seus objetivos, suas ações eresultados, de sua metodologia,do funcionamento das equipes eparcerias e também dos recursosdisponíveis. Portanto, a avaliaçãonão pode ser restrita ao quadro deações (o que fizemos e o que nãofoi feito), pois esta perspectiva émeramente ativista. A avaliaçãotambém não deveria se transfor-mar num mero exercício de poder.

Por fim, quando estamosescrevendo uma proposta de

projeto consideramos o itemavaliação de forma maisoperacional. Trata-se de situar oleitor ou leitora em relação àforma como procederemos aavaliação do projeto, caso elevenha a ser apoiado e suas açõestenham condições de seremimplementadas.

Neste sentido, avaliação podeser uma das questões expostasna metodologia. Mas tambémpode ser um item separado. Nãohá uma maneira certa ou errada.

87

Tendo abordado os itens fundamentais quedevem constar em uma proposta de projetosocial, cabe lembrar que o texto é, muitas vezes, aúnica forma pela qual os indivíduos e/ou institui-ções tomarão conhecimento do projeto que estásendo proposto. Sendo assim, vale a pena cuidarcom muito carinho de sua redação e apresenta-ção. Para ajudar nessa tarefa, a seguir apresenta-mos algumas sugestões e reforçamos questõesque já apareceram ao longo do texto:

Em primeiro lugar, é bom lembrar que aproposta de um projeto é um texto de trabalho enão uma produção literária. Deve ser completamas enenenenenxxxxxutautautautauta. Sua redação deve ter como princípiobásico o uso de frases claras e diretas, procurandonão utilizar termos rebuscados ou pomposos.

Caso seja necessário incluir planos ou infor-mações mais detalhados, esses devem ser coloca-dos em aneaneaneaneanexxxxxooooo, no final da proposta, e apenasmencionados no texto. Mesmo quando colocadoem anexo, o uso de material para ilustrar eenriquecer a proposta (fotos, mapas, ilustraçõesgráficas) deve ser muito criteriosocriteriosocriteriosocriteriosocriterioso..... Deve serutilizado somente na medida em que for capaz deagregar informações que tornem a proposta maisinteressante. O ideal é que as propostas nãodesanimem seus leitores. Isso significa que elasnão devem ser longas (mais de 20 páginas jáalcança a saturação). Em geral, os anexos nãodevem ultrapassar 50% do volume do projeto.

Não esqueça, no final da redação, é fundamen-tal que se faça uma ruma ruma ruma ruma reeeeevisão gvisão gvisão gvisão gvisão gerererereral do al do al do al do al do tetetetetextxtxtxtxtooooo.

Quanto à apresentação, vale a pena escolherum mamamamamaterial que terial que terial que terial que terial que tttttorne a prorne a prorne a prorne a prorne a proposta aoposta aoposta aoposta aoposta atrtrtrtrtraenaenaenaenaentetetetete,desde que ele seja adequado e que não sejaoneroso. Por exemplo, pode-se utilizar materialreciclado ou ilustrações relacionadas ou produzi-das pelos grupos sociais envolvidos no projeto.

Também é importante lembrar que toda a vezem que um projeto for enviado a algumainstituição ou agência para solicitar apoio,recursos ou qualquer outra forma de auxílio, eledeve ser acompanhado de uma carcarcarcarcarta de aprta de aprta de aprta de aprta de apre-e-e-e-e-sensensensensentaçãotaçãotaçãotaçãotação que recomende o projeto, que reforceseus pontos fortes e explique a quem recebe osentido daquele contato.

Por fim, é bom ter sempre em mente que acredibilidade a ser obtida por uma proposta deprojeto social depende diretamente de sua efetivaexecução.

Sugestões gerais

88 Conclusão

Chegamos ao final desse Guia tendo apresen-tado uma série de noções e conceitos relacionadoscom a atuação social sob a forma de projetos.

Em primeiro lugar, fizemos uma brevíssimaanálise dos processos que, ao longo das últimasdécadas, transformaram as relações entre o Estadoe a sociedade e fizeram com que os projetos sociaisse tornassem uma ferramenta muito utilizada naimplementação de políticas e ações sociais.

Mas o objetivo principal do Guia para aElaboração de Projetos Sociais foi o de ofereceruma orientação prática para a elaboração denovos projetos sociais, não importando o seuformato. Isso significa que os diversos aspectosque foram descritos e analisados ao longo desselivro não devem ser encarados como itens de umformulário a ser preenchido. Eles formam umaseqüência lógicaseqüência lógicaseqüência lógicaseqüência lógicaseqüência lógica,,,,, composta por informações,interpretações, acordos e proposições que devemestar presentes em qualquer projeto social, nãoimportando os títulos que forem dados a cadaum desses elementos, nem a forma ou a ordemem que eles aparecerem.

Na expectativa de ter alcançado esses objeti-vos, resta ressaltar algumas idéias importantesque devem estar sempre presentes na mente dequem vai elaborar uma proposta de projeto social.

Em primeiro lugar, vale relembrar que osprojetos sociais são ffffferrerrerrerrerramenamenamenamenamentas de açãotas de açãotas de açãotas de açãotas de ação..... Sendoassim, eles devem ser utilizados somente namedida em que forem considerados úteis eadequados às realidades sociais em que se

pretende atuar. Além disso, os pros pros pros pros projetojetojetojetojetos não são eos não são eos não são eos não são eos não são enão denão denão denão denão devvvvvem ser cem ser cem ser cem ser cem ser consideronsideronsideronsideronsiderados a única fados a única fados a única fados a única fados a única ferrerrerrerrerramen-amen-amen-amen-amen-ta a ser utilizta a ser utilizta a ser utilizta a ser utilizta a ser utilizada na implemenada na implemenada na implemenada na implemenada na implementação de açtação de açtação de açtação de açtação de açõesõesõesõesõesou políticas sociaisou políticas sociaisou políticas sociaisou políticas sociaisou políticas sociais.....

Um dos principais méritos deste instrumentoestá no fato dele exigir que os proponentes de umprojeto social tenham uma cuma cuma cuma cuma compromprompromprompreensão preensão preensão preensão preensão préééééviaviaviaviaviada rda rda rda rda realidade que serealidade que serealidade que serealidade que serealidade que será alvá alvá alvá alvá alvo de suas aço de suas aço de suas aço de suas aço de suas açõesõesõesõesões..... Alémdisso, os projetos sociais são instrumentos úteispara ccccconstrução de aconstrução de aconstrução de aconstrução de aconstrução de acororororordos endos endos endos endos entrtrtrtrtre os age os age os age os age os agenenenenentestestestestesenenenenenvvvvvolvidosolvidosolvidosolvidosolvidos na ação social pois, como já vimos, elesdevem ser elaborados a partir de uma articulaçãoprévia entre os participantes, que produza umconsenso mínimo quanto às questões a seremabordadas e sobre as formas de fazê-lo. Isso significaque os pros pros pros pros projetojetojetojetojetos sociais cos sociais cos sociais cos sociais cos sociais começam,omeçam,omeçam,omeçam,omeçam, na v na v na v na v na verererererdade,dade,dade,dade,dade,muitmuitmuitmuitmuito ano ano ano ano antes de sua ftes de sua ftes de sua ftes de sua ftes de sua formulação escritaormulação escritaormulação escritaormulação escritaormulação escrita.....

Sendo assim, a elaboração de um bom prum bom prum bom prum bom prum bom projetojetojetojetojetooooosocial não desocial não desocial não desocial não desocial não devvvvveria ceria ceria ceria ceria começar pelo oromeçar pelo oromeçar pelo oromeçar pelo oromeçar pelo orçamençamençamençamençamentttttooooo, issoé, ele não deveria ser construído exclusivamente apartir da busca por recursos financeiros ou comouma forma de adequar a ação a recursos que sefizerem eventualmente disponíveis. Pelo contrário,os projetos devem surgir de avaliações e acordossobre as necessidades e prioridades locais ou deavaliações mais amplas, que orientam a imple-mentação de programas sociais de larga escala(políticas públicas).

Da mesma forma, a elaboração de um bomum bomum bomum bomum bomprprprprprojetojetojetojetojeto social não deo social não deo social não deo social não deo social não devvvvveria ceria ceria ceria ceria começar pelasomeçar pelasomeçar pelasomeçar pelasomeçar pelasaçaçaçaçaçõesõesõesõesões, isto é, ele não deveria ser proposto com oobjetivo exclusivo de obter recursos para a

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manutenção de alguma ação já existente, pormelhor que ela seja, sem que essa ação fossesubmetida a um processo de avaliação quereafirmasse sua prioridade e que fosse estabeleci-do um acordo entre os atores sobre a oportunida-de de sua manutenção, modificação e/ou articula-ção com outras ações.

Por fim, é necessário lembrar que os projetossó podem ser ferramentas úteis para a ação socialna medida em que não se tornem “camisas-de-força”, que não enrijeçam as práticas, pois osssssprprprprprojetojetojetojetojetos sociais são cos sociais são cos sociais são cos sociais são cos sociais são como a vida:omo a vida:omo a vida:omo a vida:omo a vida: nunca podem nunca podem nunca podem nunca podem nunca podemser ser ser ser ser tttttotalmenotalmenotalmenotalmenotalmente orte orte orte orte orggggganizanizanizanizanizadosadosadosadosados. Eles devem serconduzidos de forma maleável, ser constante-mente monitorados e avaliados e estar abertospara a incorporação de atualizações e modifica-ções que sejam propostas a qualquer momentopelos atores envolvidos.

Por tudo o que vimos, podemos afirmar que osprojetos sociais são instrumentos importantespara a promoção da justiça social e do exercícioda cidadania.

Bom trabalho!

90 Fontes de consulta virtual

AL DE IGREJAS-CMI www.wcc-coe.org e a FEDERAÇÃOLUTERANA MUNDIAL – FLM www.lutheranworld.org.ADVENIAT www.adveniat.de é uma agência católica da Ale-manha. Também neste país, porém luterana, encontramosPÃO PARA O MUNDO www.brot-fuer-die-welt.de. Tambémcom vinculação luterana, mas na Noruega, há a AJUDA IN-TERNACIONAL NORUEGA, www.nca.no . Do Reino Unidodestacamos OXFAM www.oxfam.org.uk ou OXFAMINTERNATIONAL em www.oxfam.org, e CHRISTIAN-AIDwww.christian-aid.org.uk Do Canadá transcrevemos a loca-lização de DESENVOLVIMENTO E PAZ www.devp.org , daEspanha MÃOS UNIDAS www.manosunidas.org e dos Esta-dos Unidos a INTER-AMERICAN FOUNDATION www.iaf.gov,Fundação do Congresso Norteamericano. Da Holanda, entreoutras, assinalamos ICCO www.icco.nl e do Japão a FUNDA-ÇÃO ASHOKA, www.ashoka.org

4.Saindo do mundo das agências de apoio, também há quedestacar um crescente envolvimento de empresas e organi-zações de origem empresarial (Institutos e Fundações) comprojetos sociais. A FUNDAÇÃO MAURÍCIO SIROTSKY SOBRI-NHO está em www.fmss.org.br . Outras possibilidades sãoo INSTITUTO ALCOA www.alcoa.com.br, o INSTITUTO C&A,em www.institutocea.org.br, a FUNDAÇÃO FORD,www.fordfound.org e a FUNDAÇÃO O BOTICÁRIO DE PRO-TEÇÃO À NATUREZA em www.fundacaoboticario.org.br. ANATURA, por sua vez, se encontra em www.natura.net, oINSTITUTO ETHOS EMPRESA E RESPONSABILIDADE SOCIALem www.ethos.com.br. A FUNDAÇÃO SEMEAR está emwww.fundacaosemear.org.br e a FUNDAÇÃO KELLOG emwww.wkkf.org. A FUNDAÇÃO ABRINQ PELOS DIREITOS DACRIANÇA E DO ADOLESCENTE tem o endereçowww.abrinq.org.br. Nesta área, um endereço muito reco-mendado é o do GRUPO DE INSTITUTOS, EMPRESAS E FUN-DAÇÕES - GIFE, localizado em www.gife.org.br.

5.Ainda neste contexto, também se recomenda a consulta àsorganizações do empresariado, em especial as Federaçõesde Indústrias, Comércio ou Agricultura dos diversos estados.

FFFFFononononontes de pesquisa e actes de pesquisa e actes de pesquisa e actes de pesquisa e actes de pesquisa e acesso a indicadoresso a indicadoresso a indicadoresso a indicadoresso a indicadores eces eces eces eces econômi-onômi-onômi-onômi-onômi-cccccos e sociaisos e sociaisos e sociaisos e sociaisos e sociais,,,,, or or or or orggggganizanizanizanizanizaçaçaçaçações públicas ou do ões públicas ou do ões públicas ou do ões públicas ou do ões públicas ou do terterterterterccccceireireireireirooooosetsetsetsetsetor e outror e outror e outror e outror e outros ros ros ros ros relacionados celacionados celacionados celacionados celacionados com prom prom prom prom projetojetojetojetojetos sociaisos sociaisos sociaisos sociaisos sociais

Abaixo segue uma relação de locais na Internet que po-dem ser de interesse para o trabalho de gestores de proje-tos sociais. Cada um tem suas particularidades, aqui breve-mente resumidas. É navegar e descobrir suaspotencialidades. Não se trata de uma lista exaustiva, masapenas algumas referências iniciais. Seria impossível fazerum levantamento razoável em termos de quantidade, porisso priorizamos destacar alguns. Como se pode ver, procu-ramos separá-los por local de origem e tipo de atividade.

FFFFFononononontes de ctes de ctes de ctes de ctes de consulta vironsulta vironsulta vironsulta vironsulta virtualtualtualtualtual

1.Em primeiro lugar queremos destacar nosso site. Emwww.fld.com.br se encontram informações detalhadassobre a FUNDAÇÃO LUTERANA DE DIACONIA. Notícias,objetivos, critérios e tipos de projetos que podem serapoiados etc.

2.Há diversas entidades similares, todas trabalhando noserviço de apoio aos projetos. Destacamos aCOORDENADORIA ECUMÊNICA DE SERVIÇO – CESEwww.cese.org.br, o CENTRO DE ESTATÍSTICA RELIGIOSA EINVESTIGAÇÕES SOCIAIS em www.ceris.org.br, a FEDERA-ÇÃO DE ÓRGÃOS PARA A ASSISTENCIAL SOCIAL E EDUCA-CIONAL – FASE www.fase.org.br e o INSTITUTO MARISTADE SOLIDARIEDADE – IMS em www.ims.org.br. A CÁRITASbrasileira www.caritasbrasileira.org e a ASSOCIAÇÃO DEAPOIO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTEwww.amencar.org.br também são boas fontes.

3.As agências de apoio estão disseminadas em todos locais.Transcrevemos o endereço de algumas: www.act-intl.org éa localização de ACT, que trabalha com emergências e ca-tástrofes. É uma agência vinculada ao CONSELHO MUNDI-

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As organizações do chamado “sistema s” – SENAC, SEBRAE,SENAI, SESC também são uma boa base de consulta. Fica acargo de cada um organizar uma lista, pois em geral estasorganizações tem uma base mais regional.

6.A ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS - ONU, tem di-versos endereços que podem ser consultados. Aqui colo-camos somente o mais geral: www.un.org

7.Muitos bancos também são fonte de consulta. Aqui, sãoos bancos mesmo e não suas Fundações ou Institutosvoltados para a área social. Veja, por exemplo, o BANCOMUNDIAL www.worldbank.org ou o BANCO NACIONALDE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL – BNDESem www.bndes.gov.br. OIKOCREDIT www.oikocredit.orgé uma Sociedade Cooperativa Ecumênica de Desenvolvi-mento localizada em diversos países, inclusive Brasil. Jáo SICREDI, www.sicredi.com.br, é a mais antiga institui-ção financeira cooperativada da América Latina. A INSTI-TUIÇÃO DE CRÉDITO PORTOSOL, www.portosol.com, tra-balha com micro-crédito na cidade de porto Alegre.

8.O Governo Federal tem uma ampla variedade de endere-ços virtuais. Antes de mais nada, o ótimo site oficial do Go-verno do Brasil: www.brasil.org. Aí se encontram informa-ções sobre todas políticas públicas e muitas outras ques-tões de interesse geral. Transcrevemos também algunsespecíficos, tais como o do MINISTÉRIO DA SAÚDE,www.saude.gov.br ou o MINISTÉRIO DO DESENVOLVI-MENTO AGRÁRIO, em especial sobre o PROGRAMA NACIO-NAL DE FORTALECIMENTO DA AGRICULTURA FAMILIAR –PRONAF que está em www.pronaf.gov.br e o MINISTÉRIODO MEIO AMBIENTE em www.mma.gov.br. O MINISTÉRIODA EDUCAÇÃO tem o seguinte endereço: www.mec.gov.br

9.Pesquisa é uma questão muito importante para o desen-volvimento de projetos sociais. Assinalamos três sites, de

caráter nacional, muito úteis. O INSTITUTO BRASILEIRO DEGEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE, no www.ibge.gov.br for-nece dados estatísticos e sociais oficiais, a partir dos censose outras pesquisas importantes. A FUNDAÇÃO GETÚLIOVARGAS www.fgv.gov.br, é fonte indispensável de consultas.Sugerimos também que se consulte o INSTITUTO DE PES-QUISAS ECONÔMICAS APLICADAS www.ipea.gov.br. O IPEA,vinculado ao Governo Federal, tem um banco de dados so-bre economia e desenvolvimento e faz pesquisas sobre aação social de empresas. Há, também, muitas Fundações ouInstitutos de Pesquisa com acento regional. Não os nomea-mos, pois aumentaria muito a lista. Fica a sugestão paracada leitor desenvolver.

10.Praticamente todas as homepages de universidades indicampesquisas, investigações, grupos de pesquisadores, trabalhosde extensão e outras possibilidades de relação com projetossociais. Digite a palavra “universidades” em qualquerbuscador e comece a ver o que encontra. Ainda neste campo,outra possibilidade é o acesso a uma rede que congrega uni-versidades e instituições relacionados com o mundo do tra-balho , a UNITRABALHO, em www.unitrabalho.org.br

11.Em www.eb-brazil.com/gestaolocal se pode encontraruma rede de bancos de dados sobre gestão local, abran-gendo todo Brasil.

12.O vasto mundo das organizações da sociedade civil tam-bém já é significativo no mundo virtual. Destacamos doissites. Na REDE DE INFORMAÇÕES SOBRE O TERCEIRO SE-TOR - RITS www.rits.org.br é possível encontrar o maiorcatálogo do terceiro setor brasileiro, além de boas seçõescom temas relacionados. O www.abong.org.br é o site daASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ONGs - ABONG.

13.Há algumas ONGs brasileiras que se destacam por suaatuação na construção de políticas públicas. Dentre ou-

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tras, o INSTITUTO BRASILEIRO DE ANÁLISES SOCIAIS EECONÔMICAS - IBASE: www.ibase.org.br; o INSTITUTO DEESTUDOS SOCIOECONÔMICOS - INESC:www.inesc.org.br e o INSTITUTO DE ESTUDOS DA RELI-GIÃO - ISER, encontrado em www.iser.org.br . O INSTITU-TO DE ESTUDOS, FORMAÇÃO E ASSESSORIA EM POLÍTI-CAS SOCIAIS POLIS, www.polis.org.br, se destaca emquestões urbanas e o DEPARTAMENTO INTERSINDICALDE ESTATÍSTICA E ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS -DIEESE, www.dieese.org.br é uma fonte primordial paraquestões sindicais ou do mundo do trabalho.

14.Também gostaríamos de assinalar alguns endereços deONGs que trabalham com temas mais específicos, nestecaso as prioridades de apoio da Fundação Luterana deDiaconia. Na área de educação com ênfase em criança eadolescente, destacamos o site da AGÊNCIA DE NOTÍCIASDOS DIREITOS DA INFÂNCIA - ANDI, em www.andi.org.br eo INSTITUTO AYRTON SENNA – http://senna.globo.com/institutoayrtonsenna/, que trabalha com projetos de edu-cação e esporte. O MOVIMENTO NACIONAL DE MENINOSE MENINAS DE RUA -MNMMR se encontra emwww.mnmmr.org.br

15.Na área de geração de renda e construção de uma eco-nomia solidária encontramos, entre outros, o site da CO-OPERAÇÃO E APOIO A PROJETOS DE INSPIRAÇÃO ALTER-NATIVA - CAPINA, www.capina.ong.org e a ASSOCIAÇÃONACIONAL DOS TRABALHADORES EM EMPRESAS DEAUTOGESTÃO E PARTICIPAÇÃO ACIONÁRIA – ANTEAG queestá em www.anteag.org.br .

16.Em relação à questão agrária temos o MOVIMENTO NA-CIONAL DOS TRABALHADORES SEM TERRA – MST, emwww.mst.org.br, A COMISSÃO PASTORAL DA TERRA –CPT, da Igreja Católica tem seu endereço emwww.cptnac.com.br e o CENTRO DE APOIO AO PEQUE-NO AGRICULTOR – CAPA da Igreja Luterana, está em

www.capa.org. O DEPARTAMENTO DE ESTUDOS SÓCIO-ECONÔMICOS RURAIS - DESER, www.deser.org.br, desen-volve um importante trabalho de pesquisa nesta área.

17.Na área da saúde destacam-se ONGs que lutam contra aepidemia da aids. O site da ABIA – ASSOCIAÇÃO BRASILEI-RA INTERDISCIPLINAR DA AIDS, em www.abiaids.org.br,permite consulta ao acervo de centro de documentaçãoespecífico ao tema, bem como outras consultas interes-santes. Também há os MÉDICOS SEM FRONTEIRA – MSFque estão em www.msf.org.br

18.Em relação ao meio ambiente encontramos a página doSOS MATA ATLÂNTICA em www.sosmatatlantica.org.br, aSOCIEDADE DE PESQUISA EM VIDA SELVAGEM E EDUCA-ÇÃO AMBIENTAL - SPVS em www.spvs.org.br e o INSTITU-TO SÓCIOAMBIENTAL em www.socioambiental.org. Já oGREENPEACE está em www.greenpeace.org.br

19.Falando em sociedade civil fica a pergunta: um outromundo é possível? Talvez, quem sabe? Acreditamos quesim! Uma sugestão é dar uma olhada no endereço doFORUM SOCIAL MUNDIAL - FSM. Está emwww.forumsocialmundial.org.br

20.Por fim, um aviso: lembre-se que muitos sites desapare-cem da internet sem aviso prévio, outros se criam todosos dias. A rede é uma selva de informações. Em nossalista tentamos fornecer endereços de instituições ou ini-ciativas consistentes, com maiores chances de perma-nência no mundo virtual. Contudo, vale a pena utilizar osrecursos de um buscador para tentar manter sua lista defavoritos relativamente em dia. Há muitos. Sugerimoswww.google.com, tanto para localizar sites perdidoscomo para buscar as novidades.

Fontes de consulta virtual

93Bibliografia

A listagem apresentada a seguir inclui a bibliografia que serviu de referência para a elaboração desse Guia e, também,referências de diversas outras publicações cuja leitura poderá ser muito útil e interessante para quem busca conhecere, sobretudo, para quem quer trabalhar no campo das ações e políticas sociais.

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Bibliografia

95Sobre os autores

Luis StephanouLuis StephanouLuis StephanouLuis StephanouLuis Stephanou formou-se emCiências Sociais pela Universida-de Federal do Rio Grande do Sul– UFRGS, é doutorando noPrograma de Sociologia Urbanada Universidade de Zaragoza,Espanha. Tem experiência deassessoria para grupos popula-res urbanos e trabalhou naprefeitura de porto Alegre, emplanejamento e gestão deprojetos de reforma urbana.Atualmente trabalha comoassessor de projetos na Funda-ção Luterana de Diaconia e vematuando com avaliação, acompa-nhamento e planejamentoestratégico para diversasorganizações sociais brasileiras.É professor de elaboração deprojetos sociais na Fundação deDesenvolvimento e RecursosHumanos – FDRH, do Estado doRio Grande do Sul.

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Lúcia Helena MüllerLúcia Helena MüllerLúcia Helena MüllerLúcia Helena MüllerLúcia Helena Müller é Doutoraem Antropologia Social pelaUniversidade de Brasília; Profes-sora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociaisda PUC-RS. Atuou como pesqui-sadora e professora em projetosde educação popular (GEEMPA eUFRGS). Tem experiência emelaboração e avaliação deprojetos de extensão universitá-ria (como técnica e membro daComissão de Extensão do IFCH/UFRGS). Foi responsável peloNúcleo de Informações eProjetos do IFCH/UFRGS. Atuoucomo consultora em pesquisasocial aplicada (subsídios para aconstrução de instrumentospara o gerenciamento social domeio ambiente). Atua comoprofessora em cursos de elabora-ção de projetos sociais (UFRGS;UNISC; FDRH).

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Isabel Cristina de MourIsabel Cristina de MourIsabel Cristina de MourIsabel Cristina de MourIsabel Cristina de MouraaaaaCCCCCarararararvvvvvalhoalhoalhoalhoalho é psicóloga, formadapela PUC-SP, especialista emeducação não-formal pelaUniversidade Santa Úrsula (RJ),mestre em psicologia da educa-ção pelo IESAE/FGV – RJ edoutora em Educação pelaUFRGS. Tem atuado comopesquisadora, gestora e avalia-dora de projetos sociais. Traba-lhou em ONGs no Rio de Janeiro,tais como IBASE e ISER. Temparticipado como avaliadora epesquisadora na área de proje-tos sociais e ambientais junto adiversas instituições. No RioGrande do Sul, foi assessora daEMATER e é professora colabora-dora do Curso de Elaboração eAvaliação de Projetos Sociais eCulturais da UFRGS. Atualmenteleciona no curso de Pós-gradua-ção em Educação e na Faculdadede Psicologia da UniversidadeLuterana do Brasil - ULBRA

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A FFFFFundação Luterundação Luterundação Luterundação Luterundação Luterana de Diacana de Diacana de Diacana de Diacana de Diaconia – FLD –onia – FLD –onia – FLD –onia – FLD –onia – FLD – foi criadaem 17 de julho de 2000 por decisão do Conselho daIgreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil –IECLB. É uma entidade com personalidade jurídica dedireito privado, sem fins lucrativos, e é definida cé definida cé definida cé definida cé definida comoomoomoomoomoorororororggggganizanizanizanizanização de sociedade civil de diração de sociedade civil de diração de sociedade civil de diração de sociedade civil de diração de sociedade civil de direiteiteiteiteito público público público público públicooooo. Éherdeira do Serviço de Projetos Desenvolvimento daIECLB e de sua experiência de mais de 34 anos na áreade projetos de desenvolvimento comunitário emterritório brasileiro.

Através do serviço aos excluídos, a Fundação testemu-testemu-testemu-testemu-testemu-nhanhanhanhanha o Evangelho de Jesus Cristo, que diz: “Eu vim paraque tenham vida, e a tenham em abundância” (João 10.10). Na prprprprpromoção e defomoção e defomoção e defomoção e defomoção e defesa da vidaesa da vidaesa da vidaesa da vidaesa da vida a Fundaçãobaseia-se em princípios éticos cristãos proclamados nae pela Igreja Evangélica de Confissão Luterana noBrasil – IECLB.

Propõe-se a prprprprprestar serestar serestar serestar serestar serviçviçviçviçviços à sociedadeos à sociedadeos à sociedadeos à sociedadeos à sociedade, principal-mente aos empobrecidos, sem discriminação de raça,gênero ou credo religioso.

Sua missão é apoiar e acompanhar programas e proje-tos de grupos organizados da sociedade civil quepromovam qualidade de vida, cidadania e justiça social.

A FLD realiza sua missão dando prioridadeprioridadeprioridadeprioridadeprioridade a programase projetos que promovam a igualdade de gênero e ocombate ao racismo e à violência, nas seguintes áreas:Geração de emprego e renda;Educação popular;Ecologia e meio ambiente;Agricultura;Saúde comunitária.

Outras informações podem ser obtidas junto àFFFFFundação Luterundação Luterundação Luterundação Luterundação Luterana de Diacana de Diacana de Diacana de Diacana de DiaconiaoniaoniaoniaoniaRua Senhor dos Passos, 202 – 5O Andar – CentroCaixa Postal 287690.001-970 – Porto Alegre – RS – BrasilTelefone (+55) 0 xx 51 3221 34 33Telefax (+55) 0 xx 51 3225 72 44Correio eletrônico [email protected]

Fundação Luterana de Diaconia

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