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Guia de potenciais destinos para as lamas de processamento da pedra incluindo simbioses industriais

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Qualificação | 2020

Ecoeficiência e competitividade Entidade promotora: ANIET Objetivo: Reforçar capacidades de inovação organizativa das PME e aumentar a qualificação da oferta nacional

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INDICE

OBJETIVO ...................................................................................................................................... 4

1. ENQUADRAMENTO GERAL DA INDÚSTRIA EXTRATIVA ....................................................... 4

2. CARATERIZAÇÃO DO SETOR DA ROCHA ORNAMENTAL .................................................... 7

2.1. CARACTERIZAÇÃO GERAL DO SETOR .................................................................................................... 7 2.2. DESCRIÇÃO DO TIPO DE ROCHAS ORNAMENTAIS ................................................................................. 11

3. PRODUÇÃO DA ROCHA ORNAMENTAL ............................................................................... 14

3.1. EXTRAÇÃO ....................................................................................................................................... 15 3.2. TRANSFORMAÇÃO ............................................................................................................................. 16

4. TIPOLOGIA DOS RESÍDUOS NA INDÚSTRIA DA ROCHA ORNAMENTAL ........................... 17

5. CARATERIZAÇÃO DAS LAMAS GERADAS ........................................................................... 21

6. POTENCIAIS DESTINOS DAS LAMAS E RESTOS/APARAS DE PEDRA .............................. 24

7. EXEMPLOS DE APLICAÇÃO/CASOS PRÁTICOS .................................................................. 28

8. CONCLUSÕES ........................................................................................................................ 29

9. BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................ 31

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Objetivo O presente relatório reflete algumas tarefas desenvolvidas no âmbito do projeto SIAC n.º 16121, promovido pela ANIET (Associação Nacional da Indústria Extrativa e Transformadora) e con-cretizado pelo CTCV (Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro), concretamente a tarefa incluída na atividade “Promover processos de ecoeficiência e cooperação entre empresas e entidades tecnológicas”, nomeadamente: Estudo de valorização de lamas do processamento da Pedra: Guia ou estudo de mercado de potenciais destinos para as lamas de processamento da Pedra, incluindo simbioses industriais.

Este estudo tem como objetivo fazer uma caracterização ao sector das rochas ornamentais, identificando as várias possibilidades de melhoria da sua gestão de resíduos de modo a imple-mentar medidas para a prevenção da poluição e pavimentar a sua evolução para uma economia circular.

1. Enquadramento geral da indústria extrativa Portugal tem uma área terrestre relativamente pequena, mas a sua diversidade geológica é enorme, tendo um forte potencial para a exploração de variados recursos minerais, essenciais para a vida moderna, sendo que os recursos geológicos são finitos, não renováveis e existem onde a natureza os colocou.

Os recursos geológicos são essenciais para a vida moderna, na medida em que, constituem a matéria-prima de um grande número de atividades económicas e para um número razoável de indústrias transformadoras, aumentando a sua importância com o desenvolvimento da socie-dade.

O exponencial desenvolvimento e avanço tecnológico das nações coloca em causa a capaci-dade de resposta do planeta à demanda mundial, especialmente em termos de recursos mine-rais, o que leva à discussão do conflito entre o crescimento e consumo exponencial de matérias-primas e os limites da geologia.

É estimado que nos próximos 30 a 35 anos, para responder às necessidades do mercado, a indústria mineira deve produzir um volume de recursos similar a tudo o que produziu até hoje, agravando o facto de esta não ter desenvolvido grandes avanços ou descobertas no setor e o facto de alguns dos grandes jazigos convencionais terem sido esgotados. (DGEG, 2015).

A atividade mineira é caracterizada por um conjunto de fases que evoluem no tempo, desde a identificação do jazigo mineral até à desativação e ao abandono controlado da área afetada, passando pela caracterização e avaliação do potencial mineiro, pelo licenciamento da unidade extrativa e pela exploração do recurso mineral.

A exploração responsável dos recursos geológicos constitui um meio importante de desenvol-vimento, sendo uma alavanca para a melhoria do desempenho da economia nacional. Como tal, é crucial consolidar as políticas e medidas de sustentabilidade, nomeadamente no campo

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da economia circular, de forma a contemplar de modo integrado as vertentes económica, social e ambiental, bem como a definição de um quadro legal e institucional eficiente, neste sentido, Portugal através da Resolução do Conselho de Ministros n.º 78/2012 estabeleceu um plano de ações, com um horizonte temporal até 2020: Estratégia Nacional para os Recursos Geológicos – Recursos Minerais.

A prevenção da produção de resíduos e o fomentar da sua reutilização e reciclagem com vista a prolongar o seu ciclo de vida e desenvolver estratégias de economia circular deve ser cada vez mais uma prioridade do setor, tendo em conta que os resíduos gerados neste setor são uma das maiores fontes de resíduos na União Europeia (UE), os quais se caracterizam princi-palmente pelo material removido da superfície para permitir a exploração, resíduos de rochas e minerais gerados durante a atividade e os remanescentes após o fim da exploração.

O plano de ação desenvolvido pela União Europeia para a problemática da gestão dos recursos passa pela implementação da economia circular, um modelo económico sustentável e inovador baseado nas interações observadas nos mecanismos naturais dos ecossistemas. O objetivo final centra-se na utilização eficiente dos recursos, otimizando os ciclos de vida dos produtos e serviços através da eco inovação e ecodesign para a requalificação, reaproveitamento, preven-ção e mitigação dos resíduos gerados nas atividades industriais.

Neste contexto, a economia circular funciona como uma base estratégica para o desenvolvi-mento da sustentabilidade no setor extrativo e transformador dos recursos geológicos. A apli-cação destes princípios e metodologias no setor da pedra contribui para a melhoria do aprovei-tamento e utilização dos recursos utilizados, levando assim à diminuição dos impactes ambien-tais gerados e contribui para a gestão sustentável dos recursos minerais.

A indústria extrativa nacional que assume um papel importante no comércio internacional, com um valor total de 859 milhões de euros em exportações no ano de 2015 (dados preliminares), atualmente, tem procurado introduzir alternativas dentro do seu setor de forma a dar resposta a este conflito: a mineração do solo marinho utilizando métodos de laboração ambientalmente sustentáveis (DGEG, 2015) e a aposta na economia circular, desenvolvendo uma gestão raci-onal e holística dos processos e recursos, priorizando a reutilização e minimizando o desperdí-cio.

Neste setor, destaca-se o das rochas ornamentais com 377 milhões de euros em exportações que, juntamente com o setor dos minérios metálicos, dominam a globalidade das exportações nesta indústria, representando, respetivamente, 43% e 49% das mesmas (DGEG, 2016b). O setor das rochas ornamentais assume assim um cariz de elevada importância na economia nacional, com impactes sociais importantes e positivos na população e impactes positivos nas atividades económicas a jusante e a montante (INETI, 2001).

As rochas ornamentais são definidas como “matéria-prima de origem mineral utilizada como material de construção com funções essencialmente decorativas” (Carvalho, 2011).

De entre os resíduos gerados no setor das rochas ornamentais, nomeadamente na transforma-ção da pedra, destacam-se o pó de pedra, as lamas da ETAR, que na maioria das empresas são reaproveitadas para pavimentação de caminhos, material para fundações, como ligante em

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obras de construção civil (ex: em calçada portuguesa) e aterro e os restos/aparas de pedra, que têm como destino a construção civil ou como material de enchimento na recuperação paisagís-tica de pedreiras.

Estes materiais embora com possibilidade de reutilização são considerados resíduos, de acordo com o Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de junho, que transpõe para o direito interno a Diretiva 2008/98/CE, do Parla-mento Europeu e do Conselho, de 19 de novembro, na medida em que, a empresa se desfaz deste tipo de material, embora com valorização externa.

No caso dos restos de pedra, resultantes de cortes dos produtos finais e o pó de pedra, resul-tante de várias atividades polvorentas na extração e transformação, estes resíduos têm um cariz inorgânico inerte, possuindo a mesma composição/caraterísticas dos produtos finais, apre-sentando um destino final diferenciado. As lamas da ETAR também têm um caracter inerte, tendo em conta que são uma mistura dos produtos finais moídos com água.

O diploma referente ao regime geral da gestão de resíduos, o DL n.º 73/2011 estabelece requi-sitos para que substâncias ou objetos resultantes de um processo produtivo possam ser consi-derados subprodutos e não resíduos, quaisquer substâncias ou objetos resultantes de um pro-cesso produtivo cujo principal objetivo não seja a sua produção, devendo ser apresentado um pedido junto da ANR (Autoridade Nacional dos Resíduos), individualmente ou através da res-petiva associação setorial. Para esse efeito a ANIET pretende com este estudo obter parâme-tros de caracterização que possam contribuir para a reclassificação de resíduos, nomeada-mente pó de pedra, as lamas e os restos/aparas de pedra provenientes do setor das rochas ornamentais.

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2. Caraterização do setor da rocha ornamental 2.1. Caracterização geral do setor

A indústria da pedra ornamental é um setor relevante do tecido empresarial nacional, com uma vasta gama de produtos fabricados para as mais diversas utilidades. Este setor engloba dois tipos de atividades económicas: a extração (Divisão CAE 8) e a transformação (Divisão CAE 23), conforme divisão apresentada na Figura 1.

Figura 1 - Divisão das atividades económicas abrangidas pelo setor da pedra ornamental

A atividade extrativa engloba a extração dos maciços de rocha ornamental em locais favoráveis à sua ocorrência. Verificando-se que em Portugal, a maioria das pedreiras de exploração de rocha ornamental são à superfície, ou seja, em céu aberto.

A atividade transformadora de rochas ornamentais tem como principais processos o corte e dimensionamento das rochas nas dimensões pretendidas, seguido de vários processos de po-limento e acabamentos através de máquinas industriais de corte preciso ou artesãos especiali-zados (Velho et al, 1998).

Apesar da diversidade existente, a designação comercial para os vários tipos de rocha orna-mental engloba apenas os seguintes tipos: mármore, calcário, granito e ardósia, cuja compo-nente estética, juntamente com a resistência mecânica e durabilidade, tornam estas rochas bastante apelativas no mercado (Velho et al, 1998).

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O sector da rocha ornamental é um dos mais antigos setores da indústria da pedra com maior interesse e potencial, constituindo o setor de maior valor acrescentado, cujo produto é essenci-almente para exportação. O setor produz uma variedade de alternativas para o revestimento de paredes e de pavimentos (como, por exemplo, a famosa calçada portuguesa), bem como blocos de grandes dimensões para variadas funções, desde estátuas a pedras tumulares, entre outros (Carvalho, 2011).

Segundo Montani (2015), em 2014 Portugal foi o 9º maior produtor de rochas ornamentais do mundo (Tabela 1).

A Figura 2 aglomera dados estatísticos fornecidos pelo INE, de forma a retratar o setor da rocha ornamental entre os anos de 2013 e 2016, onde se pode verificar que, em 2015, o setor possuía um total de 2 312 empresas, empregando 12 804 trabalhadores.

Em 2015, foram extraídas 2 872 900 toneladas de rochas ornamentais (mais 0,6% relativamente a 2014, 7% do total de minerais de construção extraído), correspondente a 165 965 000€, 52,9% do valor da extração total de minerais de construção (DGEG, 2016b), como se verifica na Tabela 2. As exportações no ano de 2015 chegaram a 98,6% do total de exportações de minerais de construção da indústria extrativa (DGEG, 2016a).

Tabela 1 - Principais países extrativos da pedra ornamental (adaptado de Montani, 2015)

Extração de rochas ornamentais

Posição Mundial Países 2014

[103 ton] stock de ações

1 China 42 500 31.1

2 Índia 22 000 14.7

3 Turquia 11 500 8.4

4 Brasil 8 750 6.4

5 Irão 7 000 5.1

6 Itália 6 750 4.9

7 Espanha 4 850 3.6

8 Egipto 4 200 3.1

9 Portugal 2 750 2

10 EUA 2 650 1.9 MUNDO 136500 100

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Figura 2 – Evolução das empresas do setor de rochas ornamentais (Fonte: INE)

Tabela 2 - Evolução da produção e exportação de rochas ornamentais (fonte: DGEG, 2016b)

Extração de rochas ornamentais

Ano Quantidade [ton]

Valor [103€]

Exportações [103€]

Valor relativo ao total de minerais de construção

extraídos [%]

Valor relativo ao total de minerais de cons-

trução exportados [%]

2015 2 872 900 165 965 377 134 52.9% 98.6%

2014 2 856 542 166 665 368 003 53.5% 98.4%

2013 2 918 199 165 831 372 730 52.2% 98.9%

Relativamente às rochas ornamentais produzidas, verificou-se que em 2015 (Figura 3) a maior percentagem corresponde aos granitos e rochas similares (41%), seguida dos mármores e cal-cários (29%) e pedra para calcetamento (22%) e em menor percentagem temos a pedra rústica (6%) e ardósia e xistos (2%).

No entanto, em termo de valores da produção, em 2015 (Figura 4), as rochas ornamentais que se destacam com maior percentagem são os mármores e calcários (55%) e depois os granitos e rochas similares (23%), pedra para calcetamento (11%), pedra rústica (6%) e ardósia e xistos (5%).

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Figura 3 - Quantidade de rochas ornamentais produzidas em 2015 (fonte: DGEG, 2016b)

Figura 4 - Valor da produção de rochas ornamentais em 2015 (fonte: DGEG, 2016b)

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2.2. Descrição do tipo de rochas ornamentais

O granito é a rocha ornamental com maior quanti-dade de explorações em Portugal, especialmente no norte do país (Figura 5), em que o seu valor depende da tonalidade, textura e estado de fracturação. As variedades acinzentadas e azuladas são as mais abundantes e ocorrem um pouco por todos os maci-ços graníticos do país (LNEG, 2016).

A formação desta rocha resulta do arrefecimento em profundidade e de forma lenta, originando minerais com dimensões consideráveis (LNEG).

Comercialmente, a designação de granito inclui to-das as rochas feldspáticas com grão visível sem ou com textura gnaissosa, como o gabro, sienito, gnaisse e outras rochas. Quando a rocha é com-posta por grãos muito finos e de cor escura, como sucede no basalto, pode ser comercialmente desig-nada por granito preto.

O mármore tem características únicas, sendo o mais explorado e procurado no estrangeiro. Proveniente da região de Estremoz–Borba–Vila Viçosa (Figura 6) e de origem carbonatada, a sua composição é praticamente uniforme, sendo composto quase integralmente por cal-cite ou, no caso dos mármores dolomíticos, por uma percentagem de dolomite. Pode também conter outros minerais como micas, grafite, ser-pentina, entre outros. A sua formação é devida à recristalização consequente do metamor-fismo de contacto ou do metamorfismo regional em regiões de rochas carbonatadas que sofre-ram fenómenos metamórficos relacionados com processos orogénicos e, por isso, são re-lativamente comuns nas zonas montanhosas (LNEG). O mármore, devido à sua baixa resis-tência às agressões ambientais, é usado es-sencialmente para interiores de edifícios, ex-ceto no caso de regiões de climas favoráveis.

Figura 5 - Revestimento de pavimento com granito

Figura 6 - Revestimento de paredes e pa-vimento com mármore

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O calcário é extraído na região de Lisboa, Algarve e no Maciço Calcário Estremenho (Figura 7), po-dendo ser microcristalino (Lisboa e Sintra com reser-vas muito reduzidas), sedimentar (Santarém e Lei-ria, no maciço Calcário Estremenho) ou brecha cal-cária (Faro e Setúbal) (LNEG, 2016).

O principal mineral desta rocha é a calcite, po-dendo ser encontradas pequenas quantidades de aragonite, dolomite, quartzo, entre outros. Os calcá-rios formam-se por deposição, compactação e trans-formação em rocha (litificação) de lodos produzidos pela acumulação de enormes quantidades de con-chas de microrganismos crescidos em pleno oceano ou por alguns tipos de corais. Na sua designação es-tão incluídos os calcários que, apesar de terem a mesma composição química e mineralógica dos mármores, têm uma constituição de calcite ou dolo-mite sob a forma micro ou criptocristalina. Estas for-mas ocorrem nos arredores de Lisboa (Velho et al, 1998).

A ardósia (ou lousa) é uma rocha metamórfica, de origem argilosa e silto-argilosa, que foi su-jeita a baixo grau de metamorfismo (Figura 8). Estas rochas são encontradas na região de Barrancos (variedade Xistos de Barrancos), no distrito da Guarda (variedade Xistos do Poio) e entre os concelhos de Valongo e Penafiel, na Formação Xistos de Valongo (Lousas de Va-longo) (LNEG, 2016). Possuem uma cor cin-zenta escura e microgranular, derivado de se-dimentos argiláceos ricos em matéria orgânica, caracterizada por um estreito espaçamento dos planos de descontinuidade (clivagem ou xisto-sidade). Estes planos permitem uma fácil remo-ção sob a forma de placas (Velho et al, 1998).

Figura 7 - Azulejos de calcário

Figura 8 - Telhado de ardósia

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Com o desenvolvimento das técnicas de acabamento das pedras ornamentais, estas começa-ram a ser amplamente utilizadas para revestimento sofisticados, havendo produtos com eleva-das características de beleza, funcionalidade, facilidade de aplicação, durabilidade e personali-zação (Instituto Euvaldo Lodi, 2013). A aplicação destas rochas é, sobretudo, na construção civil em edifícios, monumentos, como material de revestimento de superfície em paredes ou pavimentos, seja no interior ou no exterior, sendo também utilizada para a estatuária e no ramo funerário. Na Figura 9 estão indicadas as principais ocorrências de explorações de rochas or-namentais em Portugal continental.

Figura 9 – Principais ocorrências de explorações de rochas ornamentais (fonte: LNEG)

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3. Produção da rocha ornamental As atividades extrativas e transformadoras no setor das rochas ornamentais englobam um con-junto complexo de processos e maquinaria para realizar a sua atividade. Muitas empresas es-pecializam-se num dado subsetor para realizar um conjunto determinado de processos auxilia-res na extração e transformação da rocha ornamental. Na Figura 10 apresenta-se um fluxo-grama geral da produção da rocha ornamental.

Figura 10 – Fluxograma geral da pedra ornamental (adaptado de INETI, 2001)

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3.1. Extração Os locais de extração variam muito na sua dimensão tanto a nível de superfície como de pro-fundidade, podendo os materiais mais brandos ser explorados de forma mais simples sem re-curso a explosivos (ex: calcário de Ançã) e os mais duros com extração através de explosivos (ex: mármore de Vila Viçosa) (Carvalho, 2011).

Relativamente à ocorrência, localização e avaliação dos depósitos destes recursos, a determi-nação do espaço a explorar é feita através de métodos de análise e determinação de critérios geológicos e mecânicos, como a cartografia geológica, o estudo de fracturação dos maciços rochosos e amostragens. Estas ferramentas são fundamentais à avaliação dos critérios de de-cisão para a prospeção de rochas ornamentais, estando relacionados especificamente com o dimensionamento e homogeneidade das unidades geológicas e o seu estado de fracturação (Carvalho, 2011).

A tecnologia associada à extração varia conforme o tipo de pedreira e o tipo de rocha em ques-tão. Em Portugal, a maioria das pedreiras de exploração de rocha ornamental são à superfície, ou seja, em céu aberto, o que traz várias vantagens como maior produtividade, melhor gestão de recursos humanos, maior recuperação com menor diluição, não havendo limites a nível do tamanho e peso do equipamento utilizado (Silva, 2014).

As principais operações realizadas na extração da pedra ornamental são: furo, corte, derrube, esquartejamento, extração e acabamento (INETI, 2001).

De modo a alcançar os elementos rochosos de interesse é necessário remover as camadas superficiais existentes, gerando uma elevada quantidade de material estéril. Seguidamente é feita a remoção do material através de perfuração, explosivos ou serragem com fio diamantado (INETI, 2001). Atualmente as empresas estão a substituir os explosivos pelo fio diamantado, devido aos diversos constrangimentos e legislação a cumprir na utilização dos explosivos.

As rochas são extraídas recorrendo normalmente a sondas de pedreira (perfuradora), instru-mentos mecânicos como bulldozers, pás mecânicas e reboques, e a fios de aço diamantados (Velho et al, 1998).

Após a individualização de cada talhada, é feito o derrube e esquartejamento do maciço em blocos, identificando os que possuem valor comercial. Valoriza-se a homogeneidade, a aplica-bilidade e a dimensão do bloco, sendo estes levados para armazenamento e encaminhados mais tarde para indústrias especializadas na transformação da pedra no produto final preten-dido.

O corte da pedra deve ser de tal forma que proporcione a obtenção de blocos com dimensões adequadas. Normalmente, os blocos de rochas ornamentais em bruto, são separados do ma-ciço aproveitando as fraturas naturais ou então por intermédio de pequenos rebentamentos, furos pouco espaçados, corte com fio diamantado ou corte à lâmina. Os blocos sem interesse comercial (estéreis) são removidos de forma a não impedir a exploração da massa mineral (Silva, 2014).

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A atividade extrativa está regulada por legislação nacional e europeia. O Decreto-Lei n.º 90/90, de 16 de março, estabeleceu o regime geral dos recursos geológicos, remetendo, no seu artigo 51º, para legislação própria a fixação de disciplina específica aplicável a cada tipo de recurso. Recentemente este diploma foi revogado pela Lei n.º 54/2015, de 22 de junho, que estabelece as bases do regime jurídico da revelação e do aproveitamento dos recursos geológicos exis-tentes no território nacional, incluindo os localizados no espaço marítimo nacional.

O Decreto-Lei n.º 89/90, de 16 de março, aprovou o regulamento de pedreiras, tendo sido re-vogado pelo Decreto-Lei n.º 270/2001, de 6 de outubro, que aprovou o regime jurídico da pes-quisa e exploração de massas minerais (pedreiras), indo de encontro com os objetivos referidos na Comunicação da Comissão de 3 de maio de 2000 (COM (2000) 265 final) para promover o desenvolvimento sustentável da indústria extrativa não energética da UE, de reabilitar as pe-dreiras e minas abandonadas e não reabilitadas e melhorar o desempenho ambiental da indús-tria extrativa.

Em 2007 este diploma sofreu uma profunda alteração, tendo sido republicado com o Decreto-Lei 340/2007, de 12 de outubro, retificado pela Declaração de Retificação n.º 108/2007, de 11 de dezembro.

Relativamente à gestão dos resíduos, o Decreto-Lei n.º 10/2010, de 4 de fevereiro, alterado pelo Decreto-Lei n.º 31/2013, de 22 de fevereiro, estabelece o regime jurídico a que está sujeita a gestão de resíduos das explorações de depósitos minerais e de massas minerais, transpondo para a ordem jurídica interna a Diretiva n.º 2006/21/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 15 de março, relativa à gestão dos resíduos das indústrias extrativas.

3.2. Transformação Sempre que possível, a transformação da rocha é feita no mesmo local que a sua extração, o que permite otimizar o processo e reduzir as operações de transporte. No entanto, os blocos são geralmente encaminhados para oficinas de tratamento nas imediações da pedreira ou para oficinas especializadas.

As principais fases de transformação da rocha ornamental são a serragem, transformação do bloco em chapa, corte e polimento, transformação da chapa ou bloco em ladrilho ou mosaico, e seleção e acabamento.

A serragem consiste no esquadrejamento dos blocos dando-lhes uma forma paralelepipedal, geralmente através do uso de equipamentos de corte diamantado. Este equipamento possui um sistema de refrigeração por injeção de água. No caso de calcários, há também a possibili-dade de utilizar engenhos de serragem com areia siliciosa. Para os blocos de granito é utilizada uma mistura abrasiva e lâminas estriadas para efetuar a serragem. Esta mistura abrasiva, cons-tituída por granalha de aço, cal, água e estéreis produzidos durante o processo de serragem são importantes para a qualidade do produto serrado (INETI, 2001).

Após a serragem, os blocos são cortados (através de processos mecânicos automatizados ou manualmente) utilizando água em circuito fechado, que se mistura com as partículas e poeiras

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geradas durante o corte da pedra, formando lamas. Os blocos são transformados em pequenas peças (ladrilhos, mosaicos ou cantarias) de dimensões personalizadas (Brodkom, 1999).

Segue-se o polimento com abrasivos e, se necessário, o corte com as medidas pretendidas, seguindo para a biselagem e polimento dos topos.

Finalmente, a fase de seleção e acabamento é um trabalho manual feito por operários especi-alizados (INETI, 2001).

Assim, as indústrias de transformação da rocha ornamental elaboram diferentes tipos de peças conforme a sua função, utilizando equipamentos especializados de modo a conferir caracterís-ticas e acabamentos únicos ao produto final.

4. Tipologia dos resíduos na indústria da rocha ornamental Os impactes ambientais gerados por explorações a céu aberto destacam-se pela degradação visual do local. As consequências desta atividade residem, além da degradação na paisagem, a destruição do habitat, afetando a fauna e flora local, a descarga direta de efluentes da explo-ração que pode originar contaminação dos solos e das águas, ocorrendo ainda a formação de poeiras e libertação de gases nocivos e ruído, colocando em risco a qualidade do ambiente circundante e das populações locais (Velho et al, 1998).

Além destes impactes, a indústria de extração de pedra gera grandes volumes de resíduos (de materiais naturais inertes), por exemplo, na indústria de mármore, os resíduos podem repre-sentar 80-90% do total de solo e pedra extraídos (Sardinha et al, 2016). A forma como estes resíduos são tratados afeta diretamente os impactes gerados nesta indústria, bem como o de-sempenho ambiental dos materiais produzidos.

Os resíduos gerados na indústria transformadora das rochas ornamentais são criados maiori-tariamente nas fases de corte e de serragem que geram partículas sólidas ao cortar a pedra. Quanto maior o corte, mais material é destruído pelo processo e a eficiência do recurso torna-se menor. Cerca de 5% destas partículas são emitidas para o ar e o restante é removido pela corrente de água de arrefecimento, que é subsequentemente submetida a um processo de de-cantação resultando em resíduos sob a forma de lamas (Mendoza et al, 2014).

Assim, verifica-se que as atividades da extração e transformação da rocha ornamental geram um grande volume de resíduos inertes, maioritariamente sólidos na extração e lamas na trans-formação (INETI, 2001).

De seguida descrevem-se os principais materiais inertes resultantes destas atividades, cons-tantes na tabela seguinte:

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Tabela 3 – Materiais resultantes das atividades da extração e transformação

Material produzido Código LER Designação

Terras da cobertura - -

Material estéril - -

Pó de pedra 010410

010413

Poeiras e pós, não abrangidos em 010407 Resíduos do corte e serragem de pedra, não abrangidos em 010407

Lamas 010504

190814

Lamas e outros resíduos de perfuração, con-tendo água doce Lamas de outros tratamentos de águas resi-duais industriais, não abrangidas em 190813

Restos/aparas de pedra 010408 Gravilhas e fragmentos de rocha, não abran-gidos em 010407

As terras da cobertura são retiradas no processo inicial de exploração do local, antes de iniciar a exploração das matérias-primas, na medida em que é necessário proceder à desmatação para retirar o coberto vegetal existente, seguida da decapagem das terras vegetais.

A espessura destes solos é bastante irregular e o seu armazenamento deve ser feito de forma a conservar o seu estado original, nomeadamente em pargas (dentro da área da pedreira), para permitir posteriormente o seu espalhamento superficial na recuperação paisagística da área de exploração. No entanto, nem sempre isto acontece, por vezes o seu destino final é a sua utili-zação como base da escombreira (INETI, 2001). Este material não é considerado resíduo, na medida em que, é utilizado, na sua totalidade, na própria exploração.

O material estéril constitui a massa mineral rejeitada, sem valor para a exploração em questão, como areias e rochas com defeito ou sem aproveitamento possível. A sua constituição varia conforme as características geológicas do local e dos métodos utilizados na exploração para extrair a rocha ornamental.

O desenvolvimento das tecnologias utilizadas e a diminuição da utilização de explosivos na extração da pedra ornamental tem reduzido a produção destes resíduos. No entanto, este mesmo desenvolvimento permitiu melhorar o rendimento da exploração, ao possibilitar explorar novas zonas, levando assim ao aumento de estéreis da pedreira (INETI, 2001).

Estes estéreis são, inicialmente, colocados em depósitos temporários para depois serem enca-minhados para o interior da área explorada, logo que houver espaço disponível para os acomo-dar, ou são colocados de imediato nas zonas a recuperar, constituindo assim, material de en-chimento para recuperação paisagística das pedreiras, substituindo outros materiais não resi-duais que, caso contrário, seriam utilizados para esse fim, operação já preconizada na proposta de revisão da Diretiva Quadro dos Resíduos (COM(2014) 397 final, de 2 de julho de 2014), apresentada pela Comissão Europeia no âmbito do Pacote da Economia Circular.

Também este material estéril não é considerado resíduo, tal como as terras, são utilizados na sua totalidade, na própria exploração.

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O pó de pedra ocorre durante os vários processos da extração e transformação da rocha or-namental. Segundo o INETI (2001), no setor de extração da rocha ornamental, esta poeira é gerada nos processos de perfuração, desmonte, carga, transporte e descarga de material. Re-lativamente ao setor de transformação, é gerado pó de pedra essencialmente nos processos de polimento e acabamento, na personalização do produto final. Nos processos de serragem e corte, a geração deste resíduo seria espectável, mas com a utilização da água no corte da pedra, a sua formação é evitada.

Este pó é um resíduo inerte, tendo em conta que como constitui uma fração fina do produto comercializável possuí a mesma composição. Este material pode ser utilizado em pavimentação de caminhos e como material ligante em obras de construção civil (ex: muros), mas o seu des-tino mais comum atualmente é em aterro.

As lamas surgem na extração de pedra ornamental nas operações de desmonte com fio dia-mantado e de beneficiação do bloco devido à utilização de serras de corte, empregando água, que auxilia na limpeza, arrefecimento e lubrificação dos processos. Constituem uma mistura de água e partículas finas de rocha e alguns aditivos como cal e granalha (abrasivo que atua como desagregador de partículas, comum na serragem e corte de granito). Quando estas águas são sujeitas a decantação, as partículas finas de rocha sedimentam formando uma lama, que é encaminhada como material de enchimento para recuperação de pedreiras (INETI, 2001).

Segundo Cândido (2017), na transformação da rocha ornamental, as lamas são geradas em grandes quantidades num circuito fechado de circulação de água pelos vários processos de serragem e de corte, onde esta se mistura com as partículas de rocha, sendo depois enviada para um decantador, onde é feita a sedimentação das partículas sólidas através de floculantes, formando assim as lamas.

Após a sedimentação, a água é enviada de novo para o circuito e as lamas remanescentes vão para um filtro prensa de forma a aumentar a sua concentração e diminuir o seu volume. Estas lamas são normalmente depositadas em aterros, o que pode gerar graves impactes ambientais, tais como:

• Destruição de solo e alterações das condições de drenagem;

• Contaminação de linhas de água superficiais e subterrâneas;

• Perturbação dos ecossistemas;

• Poluição do ar;

• Modificação e destruição da paisagem natural (Impacte visual).

Uma alternativa de fim de vida destas lamas é a sua incorporação como matéria-prima em processos de fabrico de outros produtos e processos construtivos como pavimentação de ca-minhos, material para fundações ou mesmo como ligante em trabalhos da construção civil (ex: em calçada portuguesa).

Entretanto, como exemplificado no capítulo seguinte, atualmente existem vários estudos que analisam a possibilidade de incorporar as lamas provenientes do setor da rocha ornamental em

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vários outros setores, nomeadamente na construção civil e na agricultura, possibilitando a miti-gação ou até mesmo a prevenção dos impactes ambientais gerados por estas lamas no seu fim de vida, contribuindo para o desenvolvimento da economia circular no setor da rocha ornamen-tal.

No processo de transformação da rocha ornamental, os restos/aparas de rocha surgem devido aos ajustes das características do bloco de pedra às necessidades da maquinaria de corte e às especificidades do produto final a conceber, gerando resíduos como material com defeito ou partido e extremidades da chapa serrada sem utilidade, constituindo assim resíduos inertes, em medida em que, possuem uma composição igual à do produto comercializável.

Estes processos geram resíduos de grandes dimensões, que, sempre que possível, são rea-proveitados para o fabrico de outros produtos de dimensões diferentes e recuperados, sendo também encaminhados para a construção civil. As aparas sem possibilidade de recuperação e reutilização são muitas vezes encaminhadas para a recuperação paisagística de pedreiras.

Esta indústria é ainda responsável pela produção de outros tipos de resíduos, constituindo uma pequena fração dos resíduos produzidos e associados principalmente a operações de manu-tenção, os quais são encaminhados para operadores de gestão de resíduos devidamente licen-ciados. Alguns exemplos dos resíduos (perigosos e não perigosos) mais comuns produzidos na indústria extrativa, identificados através dos seus respetivos códigos LER´s:

130208* (outros óleos de motores, transmissões e lubrificação)

150202* (Absorventes, materiais filtrantes (incluindo filtros de óleo sem outras especifica-ções), panos de limpeza e vestuário de proteção, contaminados por substâncias perigosas)

150203 (Absorventes, materiais filtrantes, panos de limpeza e vestuário de proteção não abrangidos em 15 02 02)

160103 (pneus usados)

160107* (Filtros de óleo)

160601* (Acumuladores de chumbo)

200140 (Metais)

010499 (resíduos sem outras especificações) – exemplo - calços de polimento

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5. Caraterização das lamas geradas Por forma a verificar o carácter inerte das lamas geradas no setor das rochas ornamentais, ou seja, que constituem um “resíduo que não sofre transformações físicas, químicas ou biológicas importantes e, em consequência, não pode ser solúvel nem inflamável, nem ter qualquer outro tipo de reação física ou química, e não pode ser biodegradável, nem afetar negativamente ou-tras substâncias com as quais entre em contacto de forma suscetível de aumentar a poluição do ambiente ou prejudicar a saúde humana, e cuja lixiviabilidade total, conteúdo poluente e ecotoxicidade do lixiviado são insignificantes e, em especial, não põem em perigo a qualidade das águas superficiais e/ou subterrâneas”, foram realizadas análises químicas a lamas e ao respetivo lixiviado, de acordo com a metodologia indicada no Decreto-Lei n.º 183/2009, de 10 de agosto, resultantes da atividade de transformação de várias empresas do setor (granito).

As várias amostras ensaiadas foram lixiviadas com água em condições definidas: adicionou-se a quantidade de água calculada após o teste de humidade, de forma a obedecer uma relação líquido sólido (L/S)=10 l/kg, durante a extração. A lixiviação decorreu à temperatura de 20±5ºC, durante 24 h±0,5 h, num agitador a 10 rpm.

Após as 24 horas os componentes não dissolvidos são separados por filtração e a concentração dos componentes a serem determinados são medidos no filtrado (eluato), usando métodos ade-quados.

Os resultados obtidos para a ecotoxicidade constam nas tabelas 4 e 5 e são comparados, para efeitos de classificação de resíduos como inertes, não perigosos ou perigosos, com os valores constantes da Tabela 2 e 3 da Parte B do Anexo IV do referido diploma.

Aqueles valores permitem classificar as lamas analisadas como “inertes”, de acordo com os critérios de aceitação estipulados no DL n.º 183/2009. Salienta-se que o parâmetro fluoreto encontra-se no limite do critério dos resíduos “inertes”, o qual poderá ser consequência da com-posição química das matérias-primas naturais em apreço.

Verifica-se, ainda, que a maioria dos parâmetros analisados encontra-se abaixo do limite de quantificação do equipamento, nomeadamente, parâmetros orgânicos (COT, BTEX, PCB, óleo mineral, HAP), As, Cd, Cr, Cu, Hg, Mo, Ni, Pb, Sb, Se, Zn, cloreto, sulfato e índice de fenol.

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Tabela 4 – Análise química das lamas

Parâmetro (mg/kg)

Valor obtido Valor limite

1 2 3 4 DL 183/2009 Holanda

COT <10 000l.q. <10 000l.q. <10 000l.q. <10 000l.q. 30 000 -

BTEX <0,028 l.q. <0,028 l.q. <0,028 l.q. <0,028 l.q. 6 4,75

PCB <0,023 l.q. <0,023 l.q. <0,030 l.q. <0,025 l.q. 1 0,5

Óleo mineral <200 l.q. <200 l.q. <200 l.q. <200 l.q. 500 500

HAP <0,023 l.q. <0,023 l.q. <0,030 l.q. <0,025 l.q. 100 50

< l.q. – inferior ao limite de quantificação COT: Carbono Orgânico Total BTEX: Benzeno, tolueno, etilbenzeno e xileno PCB: policlorobifenilos 7 congéneres HAP: Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos

Tabela 5 – Análise química do eluato das lamas

Parâmetro (mg/kg) Valor obtido Valor limite DL 183/2009

Valor limite Holanda

1 2 3 4 Inertes Não peri-gosos Perigosos

pH (Escala de Sorensen) 7,8 7,7 7,6 7,6 - - - -

Condutividade (25ºC) (µS/cm) 174 94 102 132 - - - -

Arsénio (As) <0,10l.q. <0,10l.q. <0,10l.q. <0,20l.q. 0,5 5 25 0,9

Bário (Ba) 0,296 0,139 0,293 0,260 20 100 300 22

Cádmio (Cd) <0,01l.q. <0,01l.q. <0,01l.q. <0,01l.q. 0,04 2 5 0,04

Crómio total (Cr) <0,05l.q. <0,05l.q <0,05l.q. <0,05l.q. 0,5 20 70 0,63

Cobre (Cu) <0,6l.q. <0,6l.q. <0,6l.q. <0,6l.q. 2 50 100 0,9

Mercúrio (Hg) <0,005l.q. <0,005l.q. <0,005l.q. <0,005l.q. 0,01 0,5 2 0,02

Molibdénio (Mo) 0,100 <0,030l.q <0,030l.q 0,043 0,5 10 30 1

Níquel (Ni) <0,25l.q. <0,25l.q. <0,25l.q. <0,25l.q. 0,4 10 40 0,44

Chumbo (Pb) <0,05l.q. <0,05l.q. <0,05l.q. <0,05l.q. 0,5 10 50 2,3

Antimónio (Sb) <0,010l.q. <0,010l.q. <0,010l.q. <0,010l.q. 0,06 0,7 5 0,16

Selénio (Se) <0,010l.q. <0,010l.q. <0,010l.q. <0,010l.q. 0,1 0,5 7 0,15

Zinco (Zn) <0,2l.q. <0,2l.q. <0,2l.q. <0,2l.q. 4 50 200 4,5

Cloreto <100l.q. <100l.q. <100l.q. 110 800 50 000 25 000 616

Fluoreto 9 10. 7 8 10 250 500 18

Sulfato 437 325 <100l.q. 911 1 000 20 000 50 000 1 730

Índice de fenol <0,10l.q. <0,10l.q. <0,10l.q. <0,10l.q. 1 - - 1,25

COD 32 34 21 36 500 1 000 1 000 -

SDT 1000 450 540 530 4 000 60 000 100 000 -

< l.q. – inferior ao limite de quantificação COD: Carbono Orgânico Dissolvido SDT: Sólidos Dissolvidos Totais

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Naqueles quadros encontram-se ainda os valores limite quantificados na legislação holandesa relativa ao solo – Dutch regulations on dangerous substances - Soil quality decree, os quais foram aplicados noutros estudos de lixiviação efetuados a materiais de construção. Estes limi-tes, considerados como uma referência na área, apresentam-se genericamente menos exigen-tes que os da legislação portuguesa, para a deposição de resíduos inertes em aterro, conse-quência dos diferentes objetivos pretendidos.

Se considerarmos estes limites holandeses, os valores obtidos no estudo realizado encontram-se consideravelmente inferiores, nomeadamente, o valor de fluoreto que no DL 183/2009 se encontrava no limite.

Pelo exposto, pode-se verificar que a deposição de lamas, assim como pó de pedra e res-tos/aparas de pedra (referido anteriormente como inertes) diretamente nos solos não gera ris-cos para o meio ambiente, podendo ser mesmo um dos materiais mais adequados para a pavi-mentação de caminhos, material de enchimento em obras de construção civil, material para fundações, ligante em trabalhos da construção civil, entre outros trabalhos no setor da constru-ção civil e mesmo na correção de solos, contribuindo para o fecho do ciclo de vida do produto, facto que sustenta a proposta da Comissão, da introdução da definição de “backfilling” (deposi-ção em aterro), na versão revista da Diretiva Quadro dos Resíduos.

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6. Potenciais destinos das lamas e restos/aparas de pedra A produção de quantidades significativas de pó de pedra, lamas e restos/aparas de pedra no setor das rochas ornamentais, conforme referido anteriormente, tem proporcionado um contí-nuo estudo e desenvolvimento de novas tecnologias e aplicações, não só com o intuito de so-lucionar problemas ambientais, mas também, para encontrar novas sinergias e simbioses in-dustriais que possam promover estratégias de economia circular, que contribuam para novos ciclos de vida de novos produtos de diferentes características e potenciais de utilização.

As soluções de valorização destes resíduos são várias e alguns sectores industriais têm de-monstrado disponibilidade para os incorporar nos seus processos produtivos, assim como ocorre a sua reutilização no próprio setor de rochas ornamentais, nomeadamente quando os restos/aparas de pedra são reaproveitadas para o fabrico de outros produtos de dimensões diferentes e/ou utilizadas na recuperação paisagística de pedreiras.

O mármore e o granito são as rochas ornamentais mais relevantes do setor. O mármore é um calcário metamórfico cristalino, basicamente constituído por calcite (CaCO3) e o granito é uma rocha ígnea, constituída principalmente por feldspatos, quartzo e micas.

Em geral, resíduos de mármore e granito apresentam um comportamento não plástico e os seus principais constituintes químicos, expressos na forma de óxidos, são a sílica (SiO2) e a alumina (Al2O3), seguidos pelo cálcio (CaO) e os óxidos alcalinos (Na2O, K2O), com teores de óxidos de ferro possivelmente significativos (Silva et al, 2005).

Os impactes associados ao fornecimento de recursos minerais naturais para a atividade indus-trial são cada vez maiores, tanto a nível ambiental como a nível económico. Neste contexto, torna-se interessante promover a utilização de desperdícios (resíduos e/ou subprodutos) de sectores industriais como o da pedra ornamental, em matérias-primas alternativas noutros sec-tores, em substituição de matérias-primas virgens, diminuindo o impacte ambiental e custos associados.

Têm vindo a ser efetuadas diversas investigações no sentido de avaliar a viabilidade da incor-poração de lamas e restos/aparas de pedra em diversos tipos de materiais de construção civil, nomeadamente, na produção de betão, argamassas, produtos cerâmicos e vidro. Os estudos realizados consistem, sobretudo, na determinação de propriedades específicas dos materiais com a incorporação dos resíduos em apreço, com o objetivo de comparar a sua performance com o material convencional.

A utilização de lamas torna-se mais complicada em indústrias com especificações mais exigen-tes quando as unidades transformadoras trabalham com rochas ornamentais de diversa natu-reza, originando uma mistura da qual é difícil garantir as caraterísticas, no entanto, nesse caso podem ser utilizadas em aplicações menos exigentes do ponto de vista químico.

A utilização destes resíduos como inertes na pavimentação de caminhos, material de enchi-mento em obras de construção civil, material para fundações, ligante em trabalhos da constru-ção civil, são exemplos de soluções de reciclagem possíveis.

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Na Figura 11 apresenta-se um esquema simplificado das possíveis aplicações destes resíduos (as mais referidas), incorporando-os ou como matéria-prima no ciclo de vida de outros produtos ou conferindo-lhes novos propósitos.

Os componentes químicos mais relevantes da composição das lamas e aparas, geradas na indústria da rocha ornamental, são elementos bastante utilizados para o setor da construção, podendo também ser empregues noutras atividades económicas.

O setor da construção é considerado um dos setores que mais consome energia na UE, repre-sentando quase 40% do consumo total de energia e contribuindo com quase 36% para as emis-sões de gases com efeito de estufa (GEE) da UE. Além das emissões geradas, consome tam-bém uma quantidade muito significativa de materiais e recursos naturais (energia, água, maté-rias-primas), gerando emissões para o ar, água e solo, a deposição e a eliminação de resíduos.

Figura 11 – Possíveis aplicações das lamas e aparas geradas na extração e transformação da

rocha ornamental

Os produtos de cerâmica têm sido alvo de vários estudos (Monteiro et al, 2004; Torres et al, 2004, 2007, 2009; Vieira et al, 2004; Segadães et al, 2005; Acchar et al, 2006; Ventura et al, 2009; Hojamberdiev et al, 2011; Aguiar, 2012; Cândido, 2017) para determinar a viabilidade da incorporação de lamas de granito como matéria-prima no seu fabrico, sendo utilizadas como substituto do feldspato, areia e de alguma parte dos minerais de argila necessários. Mendoza et al (2014) analisou, também este caso de estudo, referindo que as lamas de granito podem servir como substitutos dos aditivos pigmentares nos corpos cerâmicos após cozedura.

Estas lamas facilitam a fase de secagem através da diminuição da água necessária e permitem diminuir as temperaturas de aquecimento nas operações de secagem e de cozedura. Verificou-se que os produtos com as lamas de granito têm propriedades técnicas semelhantes ou mesmo superiores às dos produtos convencionais.

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Yeşilay et al (2017) estudou a reciclagem de resíduos de mármore na produção de cerâmicos em grés como matéria-prima para a sua fabricação, tendo obtido uma incorporação ótima até 27%.

Silva et al (2015) refere que é possível incorporar concentrações elevadas de lamas de már-more em composições cerâmicas. Segadães et al (2005) verificou que é possível adicionar 30% de lamas de mármore na pasta de produção de azulejos, não só sem a diminuição das propri-edades do produto final, mas também com a possibilidade de utilizar temperaturas de cozedura mais baixas.

O betão e argamassas foram também alvo de estudos como possíveis destinos dos resíduos do setor da pedra. Um dos exemplos, segundo Rodrigues et al (2015), é a possibilidade das aparas de mármore e de granito poderem substituir o cimento (até 30%) no fabrico de betão.

Gonçalves (2000) comprovou que era possível produzir betão de qualidade, substituindo 10% dos requisitos de cimento por lamas de granito.

Segundo Mashaly et al (2016), as lamas de mármore podem ser incorporadas até 20% do peso volúmico total em compostos de betão e betão convencional para melhoria das propriedades físicas e mecânicas. Sardinha et al (2016) também comprovou que é possível adicionar até de 20% de lama de mármore e superplastificante no betão convencional.

No caso das argamassas, Mendoza et al (2014) indica que as lamas de mármore podem subs-tituir completamente o material de enchimento de CaCO3 na produção de argamassa em estu-que, com a função complementar de proporcionar cor.

Hamza et al (2011) analisou a substituição dos agregados convencionais (dolomite e areia) utilizados no fabrico de tijolos de betão por aparas e pó de pedra de granito e mármore. A sua capacidade de enchimento e a distribuição no tamanho dos seus grãos permite um bom de-sempenho na substituição dos materiais convencionais. Os resultados deste estudo revelaram que os tijolos fabricados com resíduos reciclados têm propriedades físicas e mecânicas que os tornam qualificados para utilização no setor de construção, atingindo valores ótimos em termos de características técnicas e mecânicas, com 10% de incorporação de resíduos.

Os restos/aparas de pedra, conforme a sua dimensão, podem ser reutilizadas em recuperação ou decoração paisagística, como, por exemplo, colocadas estrategicamente formando cami-nhos (Shirazi, 2011).

Desta forma, o aproveitamento de resíduos da indústria da pedra no setor da construção é uma solução que pode contribuir grandemente para a diminuição do consumo significativo de recur-sos e para a diminuição de resíduos depositados em aterro.

Também a indústria do vidro pode reciclar resíduos do setor da pedra ornamental, Davini (2004) refere que as lamas de mármore podem ser utilizadas no fabrico de vidro de cor para substituir a areia de sílica, ou como material de enchimento na moldagem de plásticos como o PVC.

Ahmed et al (2013) verificou que as lamas de mármore podem, também, ser utilizadas como material de enchimento para compostos de borracha natural, de forma a reduzir custos.

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Relativamente a outras atividades, especificamente no tratamento de solos, Silva et al (2005) determinou que as lamas de granito são uma alternativa eficaz aos corretivos alcalinizantes tradicionais usados na neutralização ácida de solos agrícolas e florestais, atuando como fonte de nutrientes essenciais para as plantas. Desta forma, a agricultura pode constituir uma aplica-ção para estes resíduos para regularizar a acidez dos solos, tendo em conta que em Portugal 80% dos solos são ácidos.

Pérez-Sirvent et al (2007) indica que as lamas de mármore podem ser adicionadas a sedimen-tos poluídos com metais pesados, levando à diminuição das formas metálicas disponíveis e à toxicidade do sedimento.

Barrientos et al (2010) analisou as propriedades das lamas de granito e comprovou que estas podem ter uma aplicação adequada e duradoura nos aterros, como material de vedação para aterros sanitários municipais e possível solução impermeável devido à sua baixa expansão e baixa permeabilidade, baixo conteúdo orgânico e elevada segurança quando colocados ao lado ou sob estruturas de betão.

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7. Exemplos de aplicação/casos práticos Atualmente, existem no mercado casos de reaproveitamento de resíduos do setor da pedra ornamental. Um deles é o Papel de Pedra, uma combinação de CaCO3 com uma pequena quantidade de resinas não-tóxicas de Polietileno que age como ligante. Este produto reapro-veita os minerais presentes nos resíduos do setor da pedra para produzir um tipo de papel duradouro, resistente a fungos e impermeável.

Existem vários tipos de Papel de Pedra já presentes no mercado, com múltiplas aplicações. Este tipo de papel não só possui características técnicas vantajosas como gera menos impactes ambientais que o papel convencional. Segundo os seus fabricantes (Karst Stone Paper, The Stone Paper Company, Heart Stone Paper, On The Rocks e EmanaGreen S.L.), a sua produção não requer água, cloro, ácidos nem outros produtos químicos perigosos, contrastando com o papel convencional que necessita de grandes volumes de água e de várias substâncias quími-cas e ácidas para o seu fabrico.

A principal utilização dos resíduos da extração de rochas ornamentais é na construção civil e em obras públicas tais como estradas e barragens. A construção civil em Portugal incorpora, em várias atividades (pavimentação de caminhos, material de enchimento, material para funda-ções, material ligante), resíduos provenientes do setor da pedra ornamental (granito e mármore) como matérias-primas secundárias (MPS), reduzindo desta forma o consumo de matérias-pri-mas naturais e promovendo um destino final mais sustentável para os resíduos que, de outra forma, poderiam ter como destino a deposição em aterro, promovendo deste modo simbioses industriais de valorização de recursos.

O aproveitamento destes materiais em aterros não exige uma separação por dimensões, ao contrário da aplicação em camadas de pavimentos que exige uma separação por gamas de granulometrias, pelo que pode ser conveniente uma seleção dos vários tipos de materiais em escombreira para as aplicações pretendidas. Após a sua submissão a um processo de britagem podem ser utilizados em camadas granulares de sub-base ou base, misturas betuminosas para camadas de base ou de regularização e misturas em cimento para camadas de sub-base ou base.

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8. Conclusões Ao longo dos processos de extração e transformação da rocha ornamental são gerados vários tipos de resíduos. Os principais resíduos gerados são as lamas, o pó de pedra e os restos/apa-ras de pedra que, por possuírem basicamente os mesmos componentes do produto final, po-dem ser considerados inertes. Estes resíduos são produzidos em grande quantidade e volume, sendo em grande parte encaminhados para enchimento na recuperação paisagística das pe-dreiras, o que gera vários problemas ambientais.

A melhoria das tecnologias e ferramentas para avaliação dos critérios de decisão na prospeção de rochas ornamentais, bem como das tecnologias de serragem e corte da rocha ornamental têm vindo a aumentar a eficiência do setor, diminuindo as perdas de matéria-prima e, conse-quentemente, reduzindo a produção de resíduos. A recuperação e reutilização de restos/aparas de pedra com valor comercial em produtos de menores dimensões tem contribuído também para uma melhor gestão dos recursos, impedindo a sua colocação na recuperação da pedreira como resíduo.

No entanto, as lamas, pó de pedra e restos/aparas de pedra são ainda produzidos em grande volume no setor, o que causa constrangimentos no seu tratamento e armazenamento. Estes resíduos inertes são compostos por minerais e matéria-prima com valor económico, principal-mente no setor da construção civil. Assim, têm sido desenvolvidos vários estudos sobre a sua utilidade e aplicabilidade em vários produtos de construção como cerâmicos, betão e argamas-sas, permitindo poupar em matéria-prima e produzir produtos de qualidade.

Estes resíduos também têm vindo a provar a sua utilidade na área de tratamento de solos agrí-colas e de aterros sanitários, entre outras áreas, atestando a sua versatilidade e a existência de variadas alternativas no mercado para estes resíduos serem incorporados como matéria-prima.

No entanto, apesar dos inúmeros estudos comprovando a aplicabilidade destes resíduos, exis-tem ainda diversos constrangimentos legais e técnicos na sua implementação na prática.

Neste contexto, as lamas, pó de pedra e restos/aparas de pedra gerados na extração e trans-formação da rocha ornamental, classificados com resíduos, cumprem de forma inequívoca os requisitos definidos pelo Decreto-Lei n.º 73/2011, para poderem ser considerados subprodutos e não resíduos da produção, uma vez que são “quaisquer substâncias ou objetos resultantes de um processo produtivo cujo principal objetivo não seja a sua produção quando verificadas as seguintes condições:

a) “Existir a certeza de posterior utilização da substância ou objeto;”

As lamas, pó de pedra e restos/aparas de pedra podem ser utilizadas no próprio processo de transformação da rocha ornamental ou noutros processos industriais de diferentes setores in-dustriais (construção civil, cerâmica, betão, argamassas, controlo de aterros, agricultura, vidro, plástico, etc.);

b) “A substância ou objeto poder ser utilizado diretamente, sem qualquer outro processa-mento que não seja o da prática industrial normal;”

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As lamas, pó de pedra e restos/aparas de pedra podem ser utilizadas, nas diversas aplicações, diretamente ou após processos de redução da granulometria como seja a trituração ou moagem (nomeadamente para os restos/aparas de pedra), recorrendo à prática industrial normal.

c) “A produção da substância ou objeto ser parte integrante de um processo produtivo;”

No processo de extração e transformação da rocha ornamental são produzidos vários resíduos, entre os quais os que se pretendem que venham a ser considerados subprodutos, nomeada-mente as lamas (oriundas da extração e transformação quando as atividades utilizam água), pó de pedra (oriundo da extração e transformação –polimento e acabamento), os restos/aparas de pedra (inerente à transformação).

d) “A substância ou objeto cumprir os requisitos relevantes como produto em matéria am-biental e de proteção da saúde e não acarretar impactes globalmente adversos do ponto de vista ambiental ou da saúde humana, face à posterior utilização específica.”

O pó de pedra e os restos/aparas de pedra têm a mesma composição química dos produtos comercializáveis e como as lamas são resíduos inertes (conforme análises químicas e respetivo lixiviado), os quais podem ser diretamente ou após redução granulométrica, utilizados para o fabrico de outros materiais, promovendo-se a extensão do seu ciclo de vida, bem como simbi-oses industriais que promovem a economia circular.

Desta forma, a incorporação de resíduos da pedra ornamental no próprio setor ou noutros sec-tores, consiste numa forma ambientalmente correta de gerir aqueles resíduos, promovendo es-tratégias de economia circular e simbioses industriais, onde um “resíduo” de uma indústria se “transforma” em “matéria-prima secundária” de outra indústria, contribuindo para a sustentabili-dade e preservação ambiental.

Do referido anteriormente podemos concluir que a valorização dos principais resíduos do setor da pedra, poderá ser efetuada na setor ou noutros setores de atividade económica, melhorando a eficiência da gestão dos recursos minerais e mitigando os resíduos gerados na extração e transformação da rocha ornamental, levando assim à redução dos impactes ambientais gerados e contribuindo para a economia circular no setor, indo, assim, ao encontro do pretendido pela União Europeia, na revisão da Diretiva Quadro dos Resíduo.

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Coimbra, junho de 2018

Marisa Almeida Anabela Amado Responsável Técnico qualificado

Ambiente e Sustentabilidade

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