guia de pós-graduação e mba 2015

25
www.guiasdeeducacao.com.br 2015 Profissionais no topo do mercado revelam como o investimento em pós-graduação abriu perspectivas para transformar a carreira e a vida pessoal Mapa de oportunidades Infraestrutura, saúde, gestão: onde estão os melhores empregos Hora do intercâmbio Como funciona, na prática, um curso fora do país Prepare-se para estudar on-line Pós a distância exige disciplina, mas é cada vez mais valorizada INOVAÇÃO PESQUISADORA FALA SOBRE COMO ESTIMULAR BUSCA DE SOLUÇÕES CRIATIVAS CAMINHOS para o sucesso A executiva de marketing Fátima Bana ANO 19 • Nº 19 R$ 14,90

Upload: editora-segmento

Post on 08-Apr-2016

220 views

Category:

Documents


2 download

DESCRIPTION

Versão reduzida do Guia de Pós-graduação e MBA 2015 da Editora Segmento. Confira a edição completa: http://goo.gl/pAh7mV

TRANSCRIPT

Page 1: Guia de Pós-graduação e MBA 2015

www.guiasdeeducacao.com.br

2015

GU

IA D

E P

ÓS

-GR

AD

UA

ÇÃ

O &

MB

A 2

015

Pro� ssionais no topo do mercado revelam como o investimento em pós-graduação abriu perspectivas para transformar a carreira e a vida pessoal

Mapa de oportunidadesInfraestrutura, saúde, gestão: onde estão os melhores empregos

Hora dointercâmbioComo funciona, na prática, um curso fora do país

Prepare-se paraestudar on-linePós a distância exige disciplina, mas é cada vez mais valorizada

INOVAÇÃO PESQUISADORA FALA SOBRE COMO ESTIMULAR BUSCA DE SOLUÇÕES CRIATIVAS

CAMINHOSpara o sucesso

A executiva de marketing Fátima Bana

ANO 19 • Nº 19

R$ 14,90

01_CAPA_GUIA_POS_2015.indd 1 26/11/2014 16:04:47

Page 2: Guia de Pós-graduação e MBA 2015

Guia de Pós-Graduação & MBA 20156

10 ENTREVISTA A pesquisadora Aija Leiponen,

da Universidade Cornell (EUA), fala sobre como estimular a cultura de inovação

16 PANORAMA Tanto líderes quanto técnicos

encontram um vasto campo de aperfeiçoamento no Brasil, mas só diploma não basta

20 cARREIRA Saiba qual foi a importância da

educação continuada na vida de quatro profissionais rumo ao topo da carreira

32 INVESTIMENTO Setor público e instituições

bancárias mantêm linhas de incentivo à formação. Empresas também auxiliam os estudos

38 MERcAdO Prepare-se para o trabalho com

um mapeamento dos setores econômicos que estarão mais aquecidos em 2015

42 INfRAESTRuTuRA Profissional especializado deve

ganhar espaço com retomada de investimentos em aeroportos, portos e exploração de recursos

48 SAúdE Áreas voltadas à beleza e aos

cuidados pessoais atraem graduados em diferentes carreiras na busca por um mercado em ascensão

SuMáRIO

Book Guia POS 2015.indb 6 24/11/2014 17:27:28

Page 3: Guia de Pós-graduação e MBA 2015

Guia de Pós-Graduação & MBA 2015 7

cArtA Ao leitor

enxergar alémO leitor mais atento desta edição do Guia de Pós-

Graduação & MBA vai perceber que algumas tendências se repetem não importa qual seja o tema

abordado ou mesmo qual o especialista entrevistado. A principal delas está bem clara: uma pós-graduação precisa fazer sentido dentro do currículo do profissional. Diante de um cenário de mercado em que uma especialização ou MBA é praticamente um pré-requisito, sai na frente aquele candidato que seja capaz de explicar “como” aquele curso fez diferença. O “heart of operations” da empresa de seleção 99jobs, Alexandre Pellaes, diz claramente que o recruta-mento é muito mais pessoal e subjetivo. “O profissional precisa saber contar como ‘costurou’ aquela pós no seu currículo”, explica.

Entender isso é também entender que não necessaria-mente uma carreira de sucesso se mede pelo posto hierár-quico alcançado dentro da companhia. Um profissional com formação técnica pode encontrar lacunas no mercado e se especializar em uma faceta específica da sua área de trabalho – que muitos abandonaram pelo sonho de ser ge-rente ou diretor. Esse profissional, sim, é artigo raro e vai ser cada vez mais valorizado.

Esta edição também se volta para a inovação e o em-preendedorismo. Na entrevista de abertura falamos com a pesquisadora Aija Leiponen, da Universidade Cornell (EUA), como as soluções criativas em tecnologia podem ser desenvolvidas em mercados emergentes, como é o caso do Brasil. Mesmo dentro das organizações ganha espaço o profissional que sabe empreender e inovar além da própria função, em busca de eficiência nos resultados. A competição é acirrada, mas os ventos estão a favor do profissional que consegue perceber como tomar as rédeas de sua própria história e enxergar mais longe. Em relação a isso, vale ler neste número o que quatro profissionais bem-sucedidos têm a contar sobre sua própria trajetória. Aproveite a leitura!

Gabriel Jareta, editor

54 Gestão Capacidade de inovação

e empreendedorismo são habilidades valorizadas até dentro das empresas

58 ModAlidAdes Conheça as diferenças

entre cursos stricto sensu, lato sensu e MBAs

68 quAlidAde Indicadores oficiais e

muita pesquisa evitam arrependimento

70 eAd Pós a distância é

valorizada pelo mercado, mas exige disciplina

76 exterior Qual o momento da

carreira para investir em uma pós fora do país

86 idioMAs Saiba como encaixar o

estudo de uma língua na agenda corrida

06_07 SUMARIO_CARTA.indd 7 24/11/2014 17:43:22

Page 4: Guia de Pós-graduação e MBA 2015

Guia de Pós-Graduação & MBA 201588

O site do Guia de Pós-Graduação & MBA está de cara nova a partir do início de 2015. Parte do portal Guias de Educação (www.guiasdeeducacao.com.br), o canal apre-

senta reportagens exclusivas, artigos e dicas sobre tudo que envolve educação continuada no Brasil e no exterior. O site também traz uma agenda com cursos, palestras, seminários e eventos que dizem respeito à formação e ao desenvolvimento de carreira, além de outros canais com informações sobre educação a distância e educação profi ssional.

Entre os textos exclusivos do site, uma reportagem vai tratar da tendência crescente de educação executiva, uma forma de se atualizar de maneira rápida e que exige menos dedicação do que uma pós, além de trazer conhecimentos imediatamente aplicáveis. “Ao concluir um MBA, é complicado fazer outra pós. Os cursos ‘non degree’, de curta e média duração – que não são uma pós por causa da carga horária – surgem como uma alternativa para se manter atualizado e adquirir um conhecimento para toda a vida, trazendo novas competências para sua carreira”, afi rma Rodrigo Amantea, coordenador acadêmico de educação executiva do Insper.

FERRAMENTA COMPLETAOutro destaque do portal Guias de Educação é a ferramenta de

busca de cursos e instituições. É possível pesquisar entre mais de 20 mil opções de pós-graduação em todo o país, incluindo especia-lizações, MBAs, mestrados e doutorados, além de cursos livres e de idiomas. A busca pode ser feita por área do conhecimento, carreira, nível e modalidade (presencial e a distância) em centenas de cidades de todo o país. Acesse o portal e fi que por dentro.

De cara nova

www.guiasdeeducacao.com.br

O diferencial para a sua carreira você encontra na Universidade

Metodista de São Paulo.

METODISTAPÓS-GRADUAÇÃO

Com os cursos de pós-graduação da Metodista, você amplia o seu conhecimento com professores conceituados, tem contato com as

inovações e tendências da sua área de atuação, além da oportunidade de realizar módulos internacionais em universidades parceiras.

MBAMestrado

Pós-Graduação a Distância Pós-Graduação Presencial

VEJA NO SITE OS CURSOS OFERECIDOS NAS ÁREAS DE:• Comunicação

• Gestão e Negócios• Humanidades

• Saúde• Teologia

metodista.br/pos-graduacao Transforme sua vida. Transforme a realidade.

INOVAÇÃO DESDE 1938Qualidade | Inovação | Desenvolvimento Regional | Internacionalização

CREDENCIADAPELO

MECDESDE 2005

CREDENCIADAPELO

MECDESDE 2005

Portaria MEC244, 31/05/13Portaria MEC244, 31/05/13

EDUCAÇÃOA DISTÂNCIA:

CREDENCIADAPELO

MECDESDE 2005

CREDENCIADAPELO

MECDESDE 2005

Portaria MEC244, 31/05/13Portaria MEC244, 31/05/13

EDUCAÇÃOA DISTÂNCIA:

CREDENCIADAPELO

MECDESDE 2005

CREDENCIADAPELO

MECDESDE 2005

Portaria MEC244, 31/05/13Portaria MEC244, 31/05/13

EDUCAÇÃOA DISTÂNCIA:

CREDENCIADAPELO

MECDESDE 2005

CREDENCIADAPELO

MECDESDE 2005

Portaria MEC244, 31/05/13Portaria MEC244, 31/05/13

EDUCAÇÃOA DISTÂNCIA:

UM-0099-14 An. Pos Genérico.indd 1 17/11/2014 15:09:28

Diretor Editorial: Rubem BarrosEditor: Gabriel [email protected]

Fotografi a: Gustavo MoritaDiagramação: Cleber EstevamColaboradores: Angela Senra, Beatriz Rey, Christina Stephano de Queiroz, Jéssica Oliveira, Juliana Duarte, Marcelo Daniel, Michele Tieppo, Udo Simons (texto), Marcella Marer (foto), Fernando Brum (infografi a), Luiz Roberto Malta e Maria Stella Valli (revisão) Capa: Gustavo MoritaProcessamento de Imagem: Paulo Cesar Salgado Produção Gráfi ca: Sidney Luiz dos SantosPCP: Isabela Elias

REDAÇÃO WEB Editora: Carmen GuerreiroSubeditoras: Deborah Ouchana e Márcia SoligoEstagiárias: Lara Deus e Nathália Aguiar

PUBLICIDADEGerente: Marco Antonio [email protected] de Negócios: Milene Laviña [email protected] [email protected]

ESCRITÓRIOS REGIONAISBrasília – Sonia Brandão Tel.: (61) 3225-0944 / (61) 9973-4304 [email protected]á – Marisa Oliveira Tel.: (41) [email protected] de Janeiro – Edson BarbosaTel.: (21) 4103-3868 / 8881-4514 [email protected]

TECNOLOGIAGerente: Paulo CordeiroAnalista Programador: Diego de AndradeAnalista de Suporte: Nildo SilvaAnalista Web: Jonatas Moraes BritoDesenvolvedores Web Junior: Lucas Carlos Lacerda e Lucas Alberto da Silva

MARKETINGDiretora: Carolina MartinezGerente de Marketing Digital e Projetos: Fabiana GamaAnalista de Marketing Digital: Caroline FerrazAnalista de Marketing Institucional e Publicitário: Kátia HochbergAnalista de Marketing Circulação: Gabriela FróesCoordenador de criação e Designer: Gabriel AndradeDesigner: Rodrigo Cárcamo

EVENTOSCoordenadora: Priscilla RodriguesAssistente: Josiane RodriguesEstagiária: Radyjia Oliveira

OPERAÇÕESDiretora: Miriam CordeiroGerente de Assinaturas: Beatriz ZagotoEventos Assinaturas: Lúcia SousaVendas Governo: Cláudia SantosVendas Avulsas: Cinthya MüllerContas a Pagar: Simone MeloFaturamento: Weslley Patrik

Distribuição exclusiva para todo o Brasil:Dinap S/A – Distribuidora Nacional de Publicações

Rua Dr. Kenkiti Shimonoto, 1.678 – Jardim Belmonte – Osasco (SP) – CEP 06045-390

Guia de Pós-Graduação & MBA é um anuá rio da Editora Segmento. Esta publicação não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos

em artigos ou matérias assinadas, que expressam apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião do anuário.

EDITORA SEGMENTORua Cunha Gago, 412, 1o andar

CEP 05421-001 – São Paulo (SP)

CENTRAL DE ATENDIMENTO AO LEITORDe 2a a 6a feira, das 8h30 às 18h

Tel.: (11) 3039-5666 / Fax: (11) [email protected]

ou acesse www.editorasegmento.com.br

PRESIDENTE: Edimilson CardialDIRETORIA: Carolina Martinez

Márcio Cardial Miriam Cordeiro

Rita Martinez Rubem Barros

2015GUIA DE

ISSN 1676-99379771676993002 02015

NA INTERNET

08_09 SITE.indd 8 27/11/2014 15:53:29

Page 5: Guia de Pós-graduação e MBA 2015

Book Guia Boa Escola 2015.indb 53 22/09/2014 19:18:20

Page 6: Guia de Pós-graduação e MBA 2015

ENTREVISTA AijA Leiponen

Guia de Pós-Graduação & MBA 20151010

o salto da inovaçãoPara a pesquisadora Aija Leiponen, da Universidade Cornell (EUA), a cultura da busca por soluções criativas tem espaço para crescer nos países em desenvolvimento, mas ainda encontra barreiras na burocracia e na falta de preparo acadêmico

Theo

Mar

tins

Beatriz Rey, de Ithaca (NY)

O investimento em capi-tal humano é essencial para economias emer-gentes que desejam

se lançar no mercado de inovação tecnológica no futuro. É o que defende Aija Leiponen, professora de tecnologia e inovação estraté-gica da Universidade Cornell, nos Estados Unidos. Segundo a pes-quisadora, o foco em qualificação pode levar os países em desenvol-vimento a atuar como produtores, e não consumidores, de inovação. “Temos muitos exemplos de países que adotavam tecnologia, passa-ram a qualificar a sua população, e eventualmente começaram a ofertar suas próprias inovações tecnológicas, como o Japão e a Finlândia”, explica.

Formada em economia pela Uni-versidade de Helsinque, na Finlândia, seu país de origem, hoje ela se dedica ao estudo de inovação nas economias asiáticas, entre outros assuntos. Além do investimento em capital humano, a pesquisadora afirma que o desenvolvimento institucional e financeiro também serve como pro-pulsor da inovação. “Nos Estados Unidos, você consegue abrir uma empresa em alguns dias. Na África, pode levar alguns anos”, diz. Na entrevista a seguir, concedida em seu escritório na universidade, ela analisa as diferenças entre as eco-nomias desenvolvidas e emergentes no que diz respeito a processos ino-vadores e discute quais habilidades devem ser priorizadas na formação de futuros empreendedores.

Ao longo dos últimos anos, a indús-tria de serviços cresceu bastante. O processo de inovação é o mesmo para as indústrias de manufatura e de serviço?

O setor de serviços agora ocupa no mínimo 50% da economia dos paí-ses industrializados. Recentemente, os pesquisadores começaram a se perguntar exatamente isso: como se dá a inovação no setor de serviços? Porque, nesse caso, você não está lidando com um produto tangível. Em um estudo que fiz, descobri que mesmo no setor de serviços, você ainda precisa se engajar em um pro-cesso que chamamos de “pesquisa e desenvolvimento” (P&D). No caso das empresas de manufatura, por exemplo, como você cria um novo celular? Há dez anos, os celulares

Book Guia POS 2015.indb 10 24/11/2014 17:27:34

Page 7: Guia de Pós-graduação e MBA 2015

Guia de Pós-Graduação & MBA 2015 11

não tinham câmera fotográfica. Ao mesmo tempo, as câmeras digitais estavam ficando cada vez mais pe-quenas e baratas. E se acoplássemos uma tecnologia dessas ao celular? É claro que você não produziria câmeras sendo um desenvolvedor de celular. Falaria com alguém da indústria de câmeras que poderia vender os componentes. Isso tudo faz parte do processo de pesquisa sobre as possibilidades tecnológicas. Quem é bom em fazer o que gostaríamos de colocar em nosso produto? O que os nossos clientes querem? A “pesquisa” no P&D é justamente o processo de pensar e conceituar o produto. Já o “desenvolvimento” é quando você já tem clareza sobre o que quer fazer e precisa tirar a ideia do papel. Olhan-do para o celular e os componentes

da câmera, pensar: como fazer um desenho de celular? Esse desenho pode ser aplicado em larga escala? Há algo custoso no processo que faria com que a produção não seja eficiente? Quais seriam os canais de distribuição?

E como esse processo se dá na indústria de serviços?

No ensino superior, por exemplo, o que se oferece é um serviço. Se eu tiver uma ideia de um novo curso, precisarei pesquisar e ler a respeito dos conteúdos apropriados para esse curso. Ao mesmo tempo, precisarei desenvolver um currículo e as práti-cas que fazem parte do curso. Como vou apresentar o conteúdo aos alu-nos? Como engajá-los? O processo é semelhante ao que ocorre na indústria

de manufatura. A diferença é que as empresas de serviço são geralmente menores e têm menos capacidade em termos de desenvolver o P&D. O que argumento no meu estudo é que elas precisam adotar essa prática, até para se conectar com o que há de conhe-cimento para além das fronteiras da empresa. Quanto mais as empresas têm diferentes fontes de conheci-mento, maior a probabilidade de que elas consigam inovar. E o P&D acaba auxiliando nesse processo.

Há diferença entre a inovação pro-movida por países desenvolvidos e em desenvolvimento?

O desenvolvimento institucional e o financeiro são bastante diferentes. Propriedade privada, execução de contratos, facilidade de registrar sua

A pesquisadora finlandesa Aija

leiponen: inovação dentro das empresas

vem de diferentes fontes de conhecimento

Book Guia POS 2015.indb 11 24/11/2014 17:27:37

Page 8: Guia de Pós-graduação e MBA 2015

ENTREVISTA AijA Leiponen

Guia de Pós-Graduação & MBA 201512

empresa ou de fazer negócios de im-portação e exportação: quando você tem instituições econômicas fracas, essas coisas são complicadas. Nessas condições, um empreendedor ou um inovador gastará bastante tempo só para conseguir autorização para abrir a sua empresa, assinar o contrato de seus funcionários, ou fechar acordos com fornecedores. Dados do Banco Mundial mostram que se leva mais tempo para abrir ou fazer negócios nas economias emergentes. Nos Esta-dos Unidos, você consegue abrir uma empresa em alguns dias. Na África, pode levar alguns anos. No aspecto financeiro, a falta de desenvolvimen-to do setor bancário e do mercado significa que não há financiamento disponível para empreendedores.

A senhora teria algum exemplo específico desses contrastes?

Um dos artigos nos quais estou trabalhando busca entender como as empresas financiam inovação nas economias emergentes asiáticas. Quais empresas têm acesso a finan-ciamento externo, ou seja, aquele que não é gerado a partir do próprio lucro, e sim por fontes externas? Esse financiamento externo gera inovação adicional? Em todos os lugares do mundo, é possível pedir financiamento a bancos, governos, ou investidores. Nas economias emergentes, a inova-ção vem em grande medida do finan-ciamento obtido através da família e de amigos. É o financiamento baseado no network, no relacionamento. Isso também ocorre nos Estados Unidos, mas nos países em desenvolvimento acontece em uma escala muito maior. Quem tem acesso a esse tipo de finan-ciamento terá mais facilidade para inovar. Só que esse mecanismo não é eficaz do ponto de vista macroeco-nômico porque acaba operando como uma restrição financeira. Se você é um

“nas economias

emergentes, a

inovação vem em

grande medida

do financiamento

obtido através

da família e de

amigos.”

vendedor ambulante com uma ideia brilhante mas não dispõe desse net­work, não poderá inovar. Isso porque o setor bancário é pouco desenvolvido em muitas dessas economias, e os stock markets não estão ao alcance de todos. Entre as empresas que estudei na Ásia, apenas 9% delas têm capital aberto em bolsas de valores. Ou seja, as pequenas firmas dominam a econo-mia, e é delas que sai a maior parte da inovação. Como eles não têm acesso a financiamento, recorrem à família e aos amigos. É importante lembrar que há variação entre países nesse sentido: no Vietnã, por exemplo, as empresas usam o network e são pequenas, mas na Coreia as empresas usam o network e são grandes.

Mesmo nesse cenário, as economias emergentes têm conseguido ino-var. como a senhora explica isso?

Essas restrições impostas pelo desenvolvimento institucional e financeiro apenas diminuem o ritmo do processo de inovação, mas não anulam a sua existência. Meu ponto é que as economias emergentes pode-riam fazer mais se resolvessem esses

problemas. Um aspecto interessante da inovação nesses países é que há a necessidade de simplificar produtos para reduzir o preço e obter lucro. Por exemplo, o carro nano, desenvolvido pela empresa Tata Motors para o mer-cado indiano, que deveria custar US$ 1 mil. Acabou custando mais, mas a ideia era desenvolver um carro acessí-vel para os milhares de consumidores do país. Inclusive, essas inovações mais simples podem ser adotadas ou adaptadas para outros lugares do mundo. Temos muitos exemplos de países que adotavam tecnologia, passaram a qualificar a sua população, e eventualmente começaram a ofertar suas próprias inovações tecnológicas, como o Japão e a Finlândia. Na China, por exemplo, a Foxconn, empresa do setor wireless, emprega um milhão de pessoas. Eles constroem muitas partes do iPhone para a Apple, e para outras empresas que manufaturam celulares. Com o passar do tempo, começaram a fazer também o design desses produtos para algumas empre-sas (a Nokia é uma delas). A China investe bastante em capital humano, então isso foi possível. Acredito que esse tipo de processo deve mudar o balanço do poder inovador no mundo nos próximos anos.

A senhora defende que o inves-timento em capital humano cria condições para que um maior número de empresas inove. quais habilidades conduzem à inovação?

Depende muito da indústria onde a empresa está operando. De maneira geral, ser qualificado não significa somente criar uma nova tec-nologia, mas também saber adaptar tecnologias desenvolvidas por outras pessoas para a sua própria empresa. Os programas de pós-graduação que estão no topo do ranking, como o Massachusetts Institute of Techno-

Ensino deExcelência

Cursos de Especialização

360hFinanças360h

360h

400h

SaúdeMarketing

MBA Executivo

Extensão internacionalInternational Master in Business AdministrationExecutive MBA Consortium

ProjetosIn-Company

Programas similares aos abertos ou customizados de acordo com a demanda estratégica de cada empresa.

cursos de:

JovensProfissionais 160h

Finanças

LogísticaMarketing

Tel: (21) 3998-9898/[email protected]

www.coppead.ufrj.br

Book Guia POS 2015.indb 12 24/11/2014 17:27:43

Page 9: Guia de Pós-graduação e MBA 2015

ENTREVISTA AijA Leiponen

Guia de Pós-Graduação & MBA 201514

logy (MIT), são bem-sucedidos na tarefa de preparar as pessoas para desenvolverem pensamento criativo. Mas a maioria dos programas acaba replicando o conhecimento que já existe. Na verdade, os componentes de criatividade e inovação não estão no currículo como deveriam estar. Se você faz um curso de economia, por exemplo, o seu trabalho de conclusão de curso acabará replicando o que já existe com pequenos acréscimos. Ao mesmo tempo, muitos programas de pós-graduação estão pensando em como criar espaço para criativi-dade, mas ainda há receio de criar artigos acadêmicos ou produtos que estejam fora do que é considerado mainstream. Na academia, inova-se com sucesso quando se estabelecem objetivos de longo prazo. Por exem-plo, docentes que têm estabilidade de emprego têm um tempo considerável para criar algo significativo.

qual o quadro nesse sentido den-tro das empresas? quem está no mercado de trabalho está prepa-rado para inovar?

Nos Estados Unidos, o ensino superior e o setor de tecnologia são bastante avançados, mas há uma po-pulação enorme de baixa renda que não tem qualificação. Se você pensa na mentalidade e na filosofia dos países nórdicos, por exemplo, que é de ofertar educação de qualidade para toda a população, percebe que os Estados Unidos não estão fazendo um bom trabalho nesse sentido. Nos países nórdicos, quem tem talento e interesse pode trabalhar com tecno-logia e inovação em qualquer setor, independentemente do background da família. Se você é uma criança pobre e tem desejo e inteligência, você terá a chance de alcançar as crianças ricas nesse caminho. Isso não acontece aqui.

Mas se a desigualdade educacional é tão grande nos Estados unidos, como há tanta produção e inova-ção tecnológica no país?

Apesar desses obstáculos, o país ainda é um lugar produtivo para inovadores individuais, não atrelados a empresas. Além disso, há uma população de imigrantes muito grande nesse setor do país. Muitas empresas bem sucedidas no Vale do Silício foram fundadas por indianos ou asiáticos em geral, e acredito que também há representantes da Amé-rica do Sul. Eles entram no sistema educacional norte-americano e aca-bam ficando por aqui.

A senhora acredita que a era da inovação focada no iPhone já pas-sou? Esse tipo de inovação está ultrapassado?

Essa ideia paira no ar porque eles não criaram nada novo nos últimos anos, apenas lançam novas versões dos produtos que já existem, como o iPhone. Mas não diria que a era do iPhone passou. A Apple ainda pode ser considerada um exemplo de inovação bem-sucedido. Se você pensa na evolução do iPod, iPhone até o iPad, com o iTunes criando a economia de aplicativos, reconhece que a trajetória da empresa é exce-lente. É claro que isso pode mudar rapidamente, especialmente no meio de telecomunicação e de tecnologia de informação: a Nokia em 2010 era líder de mercado em celulares e smartphones, e hoje já não é mais.

Por que o curto tempo de duração das start-ups é tão comum?

Esse é um problema aqui tam-bém. Muitos empregos são criados e destruídos por start-ups no país. É uma questão de incerteza. Sempre que você começa algo novo, uma loja, por exemplo, você não sabe

quantas pessoas vão entrar na sua loja, se os produtos que você ofere-ce atrairão clientes. Toda empresa lida com esse tipo de incerteza, a não ser que o empreendedor compre uma firma que já existe e mude o seu nome. Você pode até fazer pesquisas antes de começar a start-up, mas é tudo hipotético. E quanto maior a inovação proposta pela sua start-up, maior a incerteza. Do ponto de vista da economia, isso é ótimo. Muitas start-ups dão certo, muitas dão errado, e é assim que a economia consegue experimentar para saber o que tem força para continuar existindo. Claro que é um processo dolorido para quem opta por inovar e criar a start-up por conta do investimento pessoal, mas essa é a natureza do capitalismo.

“Quanto maior

a inovação

proposta pela

sua start-up,

maior a incerteza.

Do ponto de vista

da economia,

isso é ótimo.”

Book Guia POS 2015.indb 14 24/11/2014 17:27:45

Page 10: Guia de Pós-graduação e MBA 2015

Guia de Pós-Graduação & MBA 201558

MOdAlIdAdES

Diversificação na oferta dos cursos de pós-graduação abre oportunidades

de reciclar conhecimentos e ascender na carreira profissional, mas é preciso

escolher a modalidade mais adequada aos objetivos futuros

christina Stephano de queiroz

no rumo

Se há 30 anos concluir a gra-duação já era considerado suficiente para garantir uma boa colocação no mercado

de trabalho, hoje há uma tendência de investir cada vez mais em formação continuada, um processo que pode du-rar toda a vida. Esse movimento ganha impulso por conta do crescente número de pós-graduações disponíveis no mer-cado, mas também está associado a uma mudança de visão nas empresas, que passaram a valorizar a contratação de profissionais com mais especialização, incluindo mestres e doutores, assim como pessoas capazes de trazer inova-ção e empreendedorismo para dentro das organizações.

Antes de escolher o curso de pós- graduação mais adequado ao seu perfil, no entanto, o profissional deve avaliar

as características de cada um deles, ten-do em conta as diferenças que separam os cursos stricto sensu daqueles que são lato sensu. De acordo com Mônica de Carvalho Magalhães Kassar, profes-sora da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e vice-presidente da As-sociação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped) para a região Centro-Oeste, a pós-graduação lato sensu, como a expressão em latim indica, é a denominação dada aos cursos “em geral” oferecidos após a graduação e que são conhecidos, também, por especializações. “Esses cursos atendem a demandas diver-sificadas, geralmente são voltados a um tema específico e podem ser de oferecimento temporário”, detalha a docente. Os cursos de MBA também são definidos como lato sensu.

certoFo

tolia

Book Guia POS 2015.indb 58 24/11/2014 17:29:24

Page 11: Guia de Pós-graduação e MBA 2015

Guia de Pós-Graduação & MBA 2015 59

Book Guia POS 2015.indb 59 24/11/2014 17:29:25

Page 12: Guia de Pós-graduação e MBA 2015

Guia de Pós-Graduação & MBA 201560

MOdAlIdAdES

e capacidade de reflexão, enquanto as formações lato sensu são orientadas a quem deseja melhorar a formação para o mercado de trabalho”, pontua.

No entanto, para Luis Antonio Vilalta, diretor de pós-graduação lato sensu das Faculdades Alfa, sediadas em Goiânia, os dois tipos de formação podem incentivar a evolução do espírito crítico dos indivíduos. “Todos os cursos de pós-graduação devem possibilitar esse movimento de aprendizagem, crítica e criação de novos saberes, formando pessoas com capacidade de estabelecer sua própria síntese de conhecimentos”, defende.

Na opinião de Edgar Jacobs, diretor técnico da Associação Bra-sileira das Instituições de Pós-Gra-duação (Abipg), antes de escolher qual pós-graduação cursar o aluno deve considerar as credenciais que adquire após obter cada diploma. “Se o estudante deseja um status de pesquisador ou estudioso, deve optar pelos cursos stricto sensu. No entanto, se busca um reconhecimen-to em relação à sua experiência de mercado, o ideal é escolher um MBA ou o mestrado profissional”, compa-ra. Jacobs aconselha os estudantes interessados em cursar MBA que

Em geral, esses cursos têm carga horária de 360 horas e são focados em um tema específico, que atende a demandas mais imediatas dos diferentes campos de trabalho. “Os cursos lato sensu são indicados para profissionais que pretendem aprimorar-se em um aspecto de seu campo de trabalho e, dentro de cada campo, há uma diversidade grande de opções”, explica Mônica. Segundo ela, as instituições não são obrigadas a atuar com esses cursos de forma con-tínua, de maneira que podem adequar sua oferta às variáveis do mercado e às demandas mais imediatas.

Já os cursos stricto sensu são os que fazem parte da estrutura dos programas de pós-graduação das universidades, ou seja, os mestrados e os doutorados. Eles tendem a durar de dois a quatro anos (respectivamente mestrado e doutorado) e têm como um de seus objetivos principais a formação de pesquisadores. São indi-cados a profissionais que pretendem seguir carreira acadêmica ou que encontram incentivos em seu espaço de trabalho à formação contínua e ao desenvolvimento de pesquisas. “Um título de mestre ou doutor é sempre valorizado. Principalmente em em-presas preocupadas com inovação”,

opina Mônica. Além disso, ela conta que no campo da educação há várias redes de ensino, sejam municipais, estaduais ou mesmo privadas, que têm valorizado a titulação de seu corpo docente por meio de incentivos salariais e bolsas de estudo.

OBJETIVOS dIVERSOSNo Brasil, o mercado de trabalho

ainda está pouco aberto para quem opta por um mestrado ou doutorado. O pró-reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Francisco Ramos, avalia que muitas compa-nhias brasileiras não contam com departamentos de pesquisa desenvol-vidos e estruturados – como já ocorre em corporações dos Estados Unidos, Europa e Japão – de forma que, na maioria dos casos, esses pesquisa-dores costumam ser empregados por centros de ensino e pesquisa.

Na opinião de Ricardo Paiva, di-retor de educação continuada, pesqui-sa e extensão da Anima Educacional, as formações stricto sensu encontram mais espaço dentro do trabalho desenvolvido em instituições edu-cacionais. “Mestrados e doutorados acadêmicos são adequados às pessoas que desejam gerar conhecimento e querem desenvolver seu senso crítico

» Stricto SenSu: são cursos de mestrado e doutorado que fazem parte da grade curricular permanente de universidades e faculdades. O mestrado profissional, apesar de algumas diferenças em relação ao conteúdo das aulas, funciona na linha das qualificações anteriores.

Tempo médio de duração: dois anos para o mestrado e quatro anos para o doutorado.Trabalho de conclusão: no mes-trado, o aluno desenvolve uma dissertação, enquanto no doutorado uma tese, que deve abordar um assunto inédito. Ambos precisam ser defendidos diante de uma banca de

professores. Em alguns mestrados profissionais se permite que o aluno elabore outros trabalhos e não so-mente a dissertação. Para quem são indicados: a quem deseja seguir carreira acadêmica, trabalhar em centros de pesquisa ou a pessoas que são estimuladas a fazer esse tipo de qualificação pelas

Entenda as diferenças

Book Guia POS 2015.indb 60 24/11/2014 17:29:25

Page 13: Guia de Pós-graduação e MBA 2015

Guia de Pós-Graduação & MBA 2015 61

fiquem atentos a respeito dos seus diferenciais. “Se o curso não facilitar experiências mínimas com questões internacionais e não oferecer contato com executivos ligados diretamente ao mercado de trabalho não pode ser considerado um MBA, sendo somente uma especialização”, alerta.

OfERTA ESPEcIAlIzAdASeguindo a linha do MBA, o

diretor da Abipg, menciona outro tipo de especialização que ganha cada vez mais espaço no mercado brasileiro e é voltado à área jurídica. Chamado de Master of Laws (LL.M), o curso pode ser feito em diversas áreas do direito. “Se a pessoa escolhe fazer um LL.M na área tributária, se tornará expert em tributação internacional”, detalha.

O vice-presidente da Abipg, Flávio Vellini, lembra, ainda, que as formações stricto sensu são regula-mentadas e avaliadas pela Capes (Co-ordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), órgão do Ministério da Educação (MEC) que se dedica à expansão e à consolidação dos cursos de mestrado e doutorado no Brasil. No entanto, para os cursos lato sensu ele considera que há uma legislação confusa, já que nem todos os diplomas são reconhecidos pelo

MEC. O órgão estipula que as espe-cializações só podem ser ministradas por algumas instituições de ensino superior credenciadas, sendo que elas devem ser diretamente responsáveis por todos os aspectos relativos ao curso – projeto pedagógico, corpo docente, metodologia etc. “Com isso, especializações oferecidas por estabelecimentos renomados como os hospitais Albert Einstein ou Sírio--Libanês não são reconhecidas pelo governo”, critica Vellini.

De acordo com ele, as especia-lizações médicas como as citadas precisam ser regulamentadas pelos conselhos regionais de medicina e associações de classe. Com isso, apesar de terem o reconhecimento do mercado, não apresentam vali-dade oficial, o que pode dificultar o trabalho dos interessados em ter seu diploma reconhecido no exte-rior. Vellini opina que os hospitais e centros odontológicos devem lutar para que seus cursos sejam regula-mentados e reconhecidos pelo MEC como formadores de especialistas. Além disso, esse reconhecimento deveria valer, também, para o caso de engenheiros que desejam se especia-lizar em plataformas de petróleo, por exemplo. “Nenhuma faculdade do Brasil oferece esse tipo de formação, que só pode ser adquirida quando o profissional trabalha diretamente nas plataformas”, diz.

Com a finalidade de resolver esse impasse, Vellini conta que o MEC estuda a criação de um marco regulatório para a pós-graduação lato sensu no país, de forma que os diplomas possam ser dados, também, por instituições do mercado, centros de pesquisa e escolas do governo – e não somente por faculdades.

empresas nas quais trabalham. Os mestrados profissionais também são indicados aos profissionais que desejam se aprofundar metodologi-camente em sua área de atuação.

» Lato SenSu: são cursos de especialização, que podem ser oferecidos conforme demandas

pontuais do mercado. O MBA é um curso de especialização com características próprias e voltadas a estratégias de negócios em diferentes áreas. Tempo médio de duração: um ano.Trabalho de conclusão: não é necessário produzir uma dissertação, porém o aluno deve

desenvolver um trabalho de conclusão, que varia conforme o tipo de curso e instituição. Para quem são indicados: a profis-sionais que desejam se aprofundar em um tema ou que assumiram cargos de liderança, assim como a executivos que precisam comple-mentar sua formação.

por falta de

departamentos

de pesquisa nas

empresas, egressos

de cursos stricto

sensu costumam ser

empregados por

centros de ensino e

pesquisa

Book Guia POS 2015.indb 61 24/11/2014 17:29:25

Page 14: Guia de Pós-graduação e MBA 2015

Guia de Pós-Graduação & MBA 201562

MOdAlIdAdES

negócioIndicado a pessoas com formações técnicas de diferentes áreas, o MBA permite desenvolver visão estratégica e habilidades de liderança a quem está subindo de posição na carreira

No universo das for-mações lato sensu, os MBAs (Master in Bu-siness Administration)

são aqueles cursos que têm como ob-jetivo abordar cientifi camente a área de negócios, atendendo à demanda de ensino específi co para profi ssionais em busca de cargos de gerência, gestão e direção. Além disso, pro-fi ssionais graduados em diferentes áreas (como aquelas ligadas ao setor da saúde, arquitetura e engenharias, entre outras) também optam por essa

modalidade de pós-graduação como forma de obter visão estratégica dentro de seu campo de atuação e de identifi car oportunidades de novos negócios. Muitos alunos de MBA acabam inclusive partindo para uma carreira “solo” após a conclusão do curso. Qualquer que seja o caminho, a ideia de um bom MBA é dar ao es-tudante condições totais de gerir um negócio – ou uma parte dele.

Armando Dal Colletto, diretor executivo da Associação Nacional de MBA (Anamba), opina que o

desenvolvimento de habilidades de liderança na carreira gerencial do executivo é uma das principais vantagens oferecidas pelos cursos de MBA reconhecidos pelo mercado. “Se o profi ssional deseja evoluir na carreira, mesmo o executivo com conhecimento técnico desenvolvido precisa agregar capacidades de co-municação e sensibilidade à sua for-mação, além de saber como analisar o potencial e motivar sua equipe”, observa. Colleto lembra que essas características são denominadas, em

MOdAlIdAdES – MBA

negóciono comando do

Foto

lia

Book Guia POS 2015.indb 62 24/11/2014 17:29:27

Page 15: Guia de Pós-graduação e MBA 2015

Guia de Pós-Graduação & MBA 2015 63

Para fi car atento

Ainda que os MBAs brasileiros não possam ser reconhecidos e avaliados ofi cialmente pelo Ministério da Educação – são considerados uma pós lato sensu, como as demais especializações –, um bom curso precisa preencher alguns critérios. De acordo com a Anamba, associação que reúne os MBAs do país, a duração mínima é de 18 meses (360 horas) e os professores precisam ter fortes vínculos com o mercado de trabalho. Além disso, a instituição precisa ter alguns critérios para aceitar os alunos, como um período mínimo de experiência (três a cinco anos depois de graduado) e uma avaliação rigorosa dos currículos. Uma tendência valorizada entre os MBAs é que eles ofereçam a oportunidade de um módulo no exterior com alguma instituição parceira. Ao fi nal do curso, esse pode ser um importante diferencial. Mais do que em outros cursos de pós-graduação, um curso de MBA é fortemente marcado pelo networking criado durante o período de estudos, tanto entre alunos quanto com professores. Por isso, conversar com ex-alunos atuantes no mercado é fundamental antes de tomar a decisão de escolher a instituição.

inglês, soft skills, e hoje são cada vez mais valorizadas entre os executivos. Essa capacidade de saber extrair o melhor das equipes e estabelecer boa comunicação internamente e com outros setores são habilidades tão ou mais requisitadas por recrutadores quanto o conhecimento acumulado ao longo da formação.

Para Colleto, outro ponto de des-taque dos MBAs é dar visão abran-gente sobre processos de gestão, permitindo ao estudante ir além do conhecimento específi co do negócio da sua empresa, algo que considera importante principalmente para pes-soas que se preparam para assumir posições executivas ou estão rela-cionadas a processos de tomada de decisão. “E uma visão setorizada ou somente técnica não será sufi ciente para quem assume cargos com esse perfi l”, reforça.

dIfERENÇASNesse sentido, o diretor da

Anamba explica que muitos estu-dantes que se graduaram em cursos de administração se formam com habilidades técnicas, mas necessi-tam dos conhecimentos adquiridos em um MBA para saber estabelecer relações entre sua área de atuação e questões econômicas e ligadas a estratégias empresariais. “No mundo corporativo, o MBA ainda é mais valorizado do que o mestrado ou o doutorado. A diferença prática é que as formações stricto sensu preparam o estudante também para desempe-nhar papéis acadêmicos, algo que o MBA não faz”, compara.

Além disso, a pós-graduação stricto sensu exige a elaboração de uma dissertação ou tese (para mestra-do ou doutorado), enquanto no MBA, como em qualquer outra especiali-zação, o estudante deve apresentar somente um trabalho de conclusão

de curso – que pode ser tanto uma monografi a como uma proposta de intervenção em uma empresa “real”, tendência que vem se consolidando entre as principais escolas.

A diferença básica entre os dois tipos de projeto é que em dissertações ou teses o aluno desenvolve sua ca-pacidade de pesquisa, de estabelecer relações novas entre temas ou inves-tiga um assunto inédito, enquanto no MBA o trabalho fi nal costuma tratar de questões práticas e temas relativos ao cotidiano de negócios.

ASSuMIR A lIdERANÇAFoi justamente a necessidade

de agregar conhecimentos abran-gentes sobre a área de negócios que motivou Thaís Moraes, super-visora de comunicação da Rexam na América do Sul, a fazer um MBA. Formada há dez anos em jornalismo, com ênfase em asses-soria de imprensa, Thaís atuava com a comunicação corporativa da companhia, que fabrica tampas e latas para bebidas, no Brasil.

No início de 2013, quando surgiu a oportunidade de passar a gerenciar os setores de comunicação das 13 fábricas na América do Sul, percebeu que não poderia desempenhar a nova função sem antes ampliar a pouca familiaridade que tinha com indica-dores fi nanceiros e questões estraté-gicas da indústria brasileira. “Quando o profissional assume cargos de supervisão ou gerência deve aprender a lidar com problemas que vão além do campo de conhecimentos que ad-quiriu na graduação”, comenta. Por isso, Thaís ingressou em um MBA sobre gestão e desenvolvimento de negócios, com conclusão prevista para o fi nal de 2014.

Independentemente da quali-dade das aulas, que, segundo ela, varia conforme cada professor ou

Book Guia POS 2015.indb 63 24/11/2014 17:29:28

Page 16: Guia de Pós-graduação e MBA 2015

Guia de Pós-Graduação & MBA 201564

MOdAlIdAdES

o MBA dá uma

visão abrangente

sobre processos de

gestão, permitindo

ao estudante ir além

do conhecimento

específico do

negócio da sua

empresa

MOdAlIdAdES – MBA

disciplina, a executiva considera que as discussões promovidas entre os alunos, que visavam resolver pro-blemas práticos de gestão e tratar das diferentes formas de atingir objetivos estratégicos, foram os pontos altos do curso. Como sua turma contava com a presença de gerentes, supervisores, analistas e diretores, as discussões eram feitas tendo em conta o ponto de vista e os problemas de diferentes cargos e setores empresariais.

Thaís conta que essas rodas de discussão ocorreram com frequência e a ajudaram, principalmente, quan-do ela teve de lidar com situações de mudanças estratégicas na cor-poração em que trabalha. “Durante o curso, assumi a responsabilidade por tratar dos temas de sustentabi-lidade da Rexam e essas conversas me deram uma base para pensar na nova forma com que a companhia abordaria o assunto na sua estratégia de comunicação”, diz.

MERcAdO BRASIlEIROSe por um lado Thaís buscou o

pela modalidade de curso por ne-cessitar ampliar a qualificação em assuntos específicos do mercado financeiro nacional.

Legare chegou ao Brasil em 2010 com a missão de abrir o primeiro escritório do banco no país, mas percebeu que precisava conhecer melhor o mercado de capitais local, que apresenta regu-lamentações e uma parte técnica específica, diferente de todos os países da África, Oriente Médio e Ásia em que havia trabalhado.

“Eu contava com ampla expe-riência internacional e precisava agregar conhecimentos locais à minha formação. Por isso, decidi cursar um MBA executivo em finanças no Brasil”, comenta. O curso, concluí do em 2013, também beneficiou o executivo no sentido de expandir sua rede de contatos. “Muitas pessoas que conheci no MBA me facilitaram, depois, o trabalho para criar parcerias com outras instituições e companhias”, assegura. (CSQ)

MBA para adquirir conhecimentos abrangentes sobre gestão do negó-cio, por outro Guillaume Legare, diretor para a América do Sul e representante chefe no Brasil do Banco Nacional do Canadá, optou

Mar

cella

Mar

er

A supervisora de comunicação Thais Moraes: MBA para se preparar para um posto de gerência

Book Guia POS 2015.indb 64 24/11/2014 17:29:32

Page 17: Guia de Pós-graduação e MBA 2015

Book Guia Boa Escola 2015.indb 53 22/09/2014 19:18:20

Page 18: Guia de Pós-graduação e MBA 2015

Guia de Pós-Graduação & MBA 201566

MOdAlIdAdES

66

Mestrado profissional desponta como tendência, na medida em que alia características acadêmicas a outras centradas nas demandas do mercado de trabalho

Viés

Criados pelo governo federal em 1999, os mes-trados profissionais têm se ampliado pelo país,

principalmente nas áreas de pedago-gia, temáticas multidisciplinares, ad-ministração, ciências contábeis e tu-rismo. Para os especialistas do setor, esse movimento é favorecido graças à ideia de que essa pós-graduação é capaz de estabelecer um meio-termo entre a especialização técnica e as formações acadêmicas, voltadas para a pesquisa, assim como também per-mite a aplicação dos conhecimentos ao cotidiano de trabalho.

O fato de esses mestrados profis-sionais darem ao aluno a oportunida-de de iniciarem carreira como docen-

MOdAlIdAdES – MESTRAdO PROfISSIONAl

te é outro fator que favorece a busca pelos cursos. Além disso, há inicia-tivas do Ministério da Educação, em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que oferecem bolsas aos estudantes que desejam cursar mestrado profissional nos Estados Unidos como parte do programa Ciências sem Fronteiras. Cursos sobre empreendedorismo, qualidade e competitividade são as principais áreas de interesse do pro-grama do governo.

Enquanto o MBA é pensado para dar ao aluno uma competência ou ha-bilidade específica e relativa ao merca-do de trabalho, o mestrado profissional pretende desenvolver a capacidade de pesquisa, mas com aplicação prática.

prático

Nesse sentido, Edgar Jacobs, diretor técnico da Associação Brasileira das Instituições de Pós-Graduação (Abipg) , dá um exemplo: um mestra-do profissional na área de saúde pode centrar-se na busca por melhorias no atendimento dos clientes. Então, nesse caso, os projetos finais dos estudantes criarão novos sistemas administrati-vos e de atendimento que permitam alcançar esses objetivos. “O mestrado profissional foi criado pensando nas pessoas que já estão no mercado de trabalho, mas desejam se aprofundar metodologicamente em seu campo de atuação”, resume.

A professora Mônica de Car-valho Magalhães Kassar, da Asso-ciação Nacional de Pós-Graduação

Book Guia POS 2015.indb 66 24/11/2014 17:29:34

Page 19: Guia de Pós-graduação e MBA 2015

Guia de Pós-Graduação & MBA 2015 67

estudar e concluiu a graduação em marketing aos 20 anos de idade, já tinha feito uma pós-graduação na área e queria complementar sua for-mação com um curso que permitisse diversificar seu currículo. Por isso, decidiu fazer o mestrado profissio-nal em administração, formação que concluiu há mais de seis anos.

A decisão foi facilitada pela própria empresa na qual trabalha-va na época, que permitia que ela dedicasse parte do seu horário de trabalho para estudar. “Escolhi fazer o mestrado em administração, e não em marketing, pois assim passaria a contar com um diferencial em re-lação a outros profissionais do meu mercado. Dessa forma, aumentei minha empregabilidade”, acredita.

Bianca explica que, apesar de am-bos se orientarem ao mercado de tra-balho, diferente do MBA o mestrado profissional ensina o aluno a investigar temas com mais profundidade e tam-bém a desenvolver seu pensamento crítico. “No MBA, grande parte das aulas se concentra na resolução de problemas pontuais sobre o mundo dos negócios”, compara.

Para a executiva, um dos mo-mentos mais satisfatórios do curso foi quando ela concluiu sua disserta-ção, que foi um estudo comparativo entre uma ferramenta de marketing de serviços dos Estados Unidos e uma solução brasileira. “Depois de escrever o trabalho, percebi como a área de marketing de serviços ainda pode se desenvolver no país”, conta. Além do olhar renovado em relação às suas tarefas laborais, outra van-tagem que o mestrado profissional trouxe a Bianca foi também a pos-sibilidade de dar aulas. Assim, hoje ela combina a carreira de executiva com a docência nos cursos de pós- graduação da Fundação Getulio Vargas no Rio de Janeiro. (CSQ)

Mar

cella

Mar

er

e Pesquisa em Educação (Anped), lembra que o mestrado profissional se direciona a demandas prementes de determinado campo de estudo e tem o propósito de qualificar para a prática. “Por esses objetivos, essa modalidade de pós-graduação enfatiza a apli-cabilidade técnica e o exercício da inovação”, diz. Como vantagens em relação às qualificações lato sensu, os titulados em cursos de mestrado pro-fissional têm os mesmos direitos que os mestres com títulos obtidos nos cursos acadêmicos, entre eles poder dar aulas em faculdades e participar de concursos que exijam essa titula-ção. Além disso, se para o mestrado e o doutorado acadêmicos são soli-citadas a apresentação e a defesa de

uma dissertação ou tese, no mestrado profissional o trabalho final pode ser, além da possibilidade da dissertação, uma revisão de literatura; apresenta-ção de artigos; desenvolvimento de aplicativos ou software; registros de propriedade ou outras pesquisas que tenham aplicação prática.

cuRRículO dIfERENTEEm busca de um conhecimento

mais aprofundado e crítico a respeito do seu âmbito de trabalho, Bianca Bozon Moreira Talassi, gerente de marketing, comunicação e eventos da Chemtech, empresa brasileira de en-genharia do grupo Siemens, decidiu ingressar no mestrado profissional. A executiva, que sempre gostou de

formada em marketing, a gerente Bianca Talassi fez um mestrado profissional na área de administração:

diferencial no mercado

Book Guia POS 2015.indb 67 24/11/2014 17:29:37

Page 20: Guia de Pós-graduação e MBA 2015

EAD

Guia de Pós-Graduação & MBA 20157070

Juliana duarte

on-line, mas EAd

exigentesCursos de pós-graduação a distância aparecem como boas opções para quem busca uma formação de qualidade aliada a preços mais acessíveis e um formato flexível, mas exigem comprometimento do aluno

Está na dúvida entre uma pós-graduação presencial ou a distância? A psicóloga Camila Olaya, de 25 anos, também enfrentou esse dilema e pode falar com

muita propriedade sobre o assunto. O motivo é sim-ples: ela faz as duas modalidades ao mesmo tempo. Além de trabalhar em uma consultoria de recursos humanos, a jovem se desdobra para acompanhar as aulas virtuais do curso de gestão estratégica de ne-gócios da Universidade Anhanguera de Niterói (RJ), e ainda comparecer três vezes por semana à sede do Ibmec, onde estuda gestão em recursos humanos. “Procurei uma instituição primeiro e, achando que não daria certo, decidi ir atrás de outra. Para minha surpresa, fui chamada por ambas no mesmo dia e não resisti, pois as grades curriculares me interes-savam muito”, conta.

Ponto para Camila: antes de fazer qualquer tipo de escolha em relação a um curso a dis-

A psicóloga camila Olaya faz duas pós, uma delas a distância: travessia de barca é oportunidade para estudar

Book Guia POS 2015.indb 70 24/11/2014 17:29:42

Page 21: Guia de Pós-graduação e MBA 2015

Guia de Pós-Graduação & MBA 2015 71

estabelecer horários para cada ati-vidade e fazer da organização a sua companheira inseparável. Roberto De Fino Bentes, diretor da Univer-sidade Positivo Online, diz que a jovem seguiu pelo caminho correto. Segundo ele, o primeiro passo para garantir qualidade de aprendizado é investir em um bom planejamento.

Um erro muito comum, de acordo com Luciano Sathler, diretor de pós-graduação da Universidade Metodista, é incorporar o curso a distância à rotina sem abrir mão de nenhuma atividade ou compro-misso. “Um curso presencial, por exemplo, exige a participação dos alunos, que já sabem previamente quais datas devem reservar para os estudos. Na EAD, as pessoas costumam incluir as aulas sem tirar nada da agenda, o que prejudica o processo”, afirma.

Em outras palavras, é impres-cindível estabelecer uma carga horária para estudar que seja fixa, e que pode ser diária ou semanal. Com isso, é possível evitar o acúmulo de aulas e leituras, situação que pode fazer o aluno perder ritmo e se distanciar da turma – uma das prin-cipais causas da evasão na modali-dade. “Vale reservar de nove a dez horas por semana para os estudos”, sugere Eloi Francisco Rosa, pró- reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão da Universidade de Santo Amaro (Unisa).

PlANO dE ESTudOSPara evitar esses problemas,

Camila decidiu montar um plano de estudos. Ela mora na cidade de Niterói e seu trabalho está localizado no centro do Rio de Janeiro. São três horas diárias só para ir, ou seja, a jovem fica pelo menos seis horas em trânsito. O período é longo e poderia M

arce

lla M

arer

tância, é fundamental conhecer as disciplinas e, principalmente, a metodologia de ensino da ins-tituição. Verifique como as aulas são ministradas, como é o funcio-namento do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), plataforma onde o aluno acessa os materiais

e interage com tutores e colegas, e analise com antecedência os prazos de entregas de todos os exercícios (os encontros são remotos, mas o calendário é fixo, então vale checar esses detalhes).

Com as matrículas feitas, Ca-mila teve de repensar a rotina,

Book Guia POS 2015.indb 71 24/11/2014 17:29:45

Page 22: Guia de Pós-graduação e MBA 2015

EAd

Guia de Pós-Graduação & MBA 201572

será absorvido como deveria. O me-lhor é negociar horários com a família e pedir aquele momento de “trégua”.

AGENdA dE AulASIsso acontece na casa de Camila,

mas mesmo assim ela não consegue estudar à noite, já que o cansaço fala mais alto. Para contornar o proble-ma, a jovem prefere assistir às aulas apenas aos fi nais de semana. “Com

ser ainda mais cansativo se ela não o aproveitasse de uma boa maneira – cada minuto é utilizado para colocar a leitura do curso da Anhanguera em dia, inclusive na travessia de balsa. Mais uma vez, Bentes, da UP On-line, vê com bons olhos a estratégia da estudante. “É sempre muito bom aproveitar os deslocamentos para fazer exercícios ou ler, já que são momentos de espera”, diz.

No entanto, isso só deve ser feito em ambientes mais tranquilos e sem muita movimentação, que poderiam atrapalhar a capacidade de concentra-ção. Seguindo essa linha, estudar em frente à TV, com redes sociais abertas na tela do computador, os fi lhos na sala ou os amigos por perto não é uma boa ideia – o conteúdo difi cilmente

Uma sigla tem movimentado o mer-

cado de ensino a distância nos últi-

mos dois anos: os MOOCs (Massive

Open Online Courses – cursos on-

line abertos e de massa, em portu-

guês). Os MOOCs são aulas e cursos

virtuais disponibilizados livremente

por instituições de ensino, que ofe-

recem conteúdo principalmente em

vídeo, além de grupos de discussão

capazes de permitir uma grande

interação entre alunos e professores.

A procura por esse formato tem

aumentado entre os estudantes que

desejam aperfeiçoar a formação ou

então buscar um diferencial, o que é

visto com bons olhos pelo mercado

de trabalho. “Quem faz um curso

aberto geralmente está sempre atrás

de novos conhecimentos, o que é

muito positivo profi ssionalmente”,

diz a consultora Andreia Inamorato

dos Santos, pesquisadora do Institute

for Prospective Technological Studies

(IPTS), com base na Espanha.

Para ela, a modalidade é uma grande

tendência por garantir acesso à edu-

cação em larga escala. “Há milhares

de pessoas matriculadas ao mesmo

Ensino compartilhado

vesp), Carlos Vogt, os cursos abertos

deverão ganhar ainda mais espaço no

Brasil. “O interesse já é muito grande e,

sem dúvida, aumentará. O investimen-

to em novas metodologias de ensino é

uma realidade, pois tratamos o conhe-

cimento como um bem público”, diz.

Atualmente, a instituição disponi-

biliza cursos livres, de graduação,

especialização e pós-graduação

(todos são gratuitos). As matrículas

nos três últimos só podem ser feitas

mediante aprovação. Já os livres são

acompanhados pelo canal da univer-

sidade no YouTube, que contabilizou

mais de 24 milhões de visitações, ou

então pelo site.

onDE EsTUDar:

» Udacity (www.udacity.com).

Plataforma americana, iniciada em

Stanford.

» edX (www.edx.org).

Parceria entre MIT e Harvard.

» FutureLearn

(www.futurelearn.com).

Reúne instituições do Reino Unido.

» Veduca (http://www.veduca.com.br).

Plataforma brasileira, com material

próprio e traduzido.

» Univesp (univesp.br). Criado pelo

governo paulista, oferece cursos livres.

tempo. Não estamos falando em grupos

pequenos”, afi rma. Além disso, Andreia

defende que uma das grandes vanta-

gens do formato está no desempenho

dos participantes – o aproveitamento

costuma ser maior, já que o curso não se

limita aos certifi cados tradicionais.

Instituições de renome pelo mundo têm

apostado nos MOOCs, entre elas Stan-

ford, Princeton, Harvard e o Instituto

de Tecnologia de Massachusetts (MIT).

No Brasil, a Universidade de São Paulo

(USP) e o portal de educação Veduca

lançaram em 2013 os primeiros cursos

da América Latina, que são ministrados

por docentes da instituição e veiculados

pela plataforma. O Veduca oferece até

mesmo um curso de MBA completo e

gratuito nesse formato.

Na opinião do presidente da Universida-

de Virtual do Estado de São Paulo (Uni-

fazer exercícios ou ler, já que são

Uma sigla tem movimentado o mer-

cado de ensino a distância nos últi-

Book Guia POS 2015.indb 72 24/11/2014 17:29:45

Page 23: Guia de Pós-graduação e MBA 2015

Guia de Pós-Graduação & MBA 2015 73

um lugar muito longe pode ser um empecilho ao longo do curso.

fAlTA dE TEMPOA professora Katia Nishimura

Dallas, 46 anos, desejava am-pliar os conhecimentos em sua área de atuação, mas não tinha

muito tempo disponível – ela dá aulas de inglês em duas escolas diferentes. Para fazer a pós--graduação que tanto desejava, a solução foi apostar no curso virtual

em gestão escolar, da UP Online. De acordo com o pró-reitor de

Educação a Distância da Uninter, Marco Antonio Eleuterio, a rotina atribulada é um dos caminhos que mais levam alunos à EAD. “A fl exibi-lidade atrai os estudantes, principal-mente aqueles que viajam frequente-mente a trabalho ou têm fi lhos”, diz. A modalidade também costuma ser bem aceita nas empresas, já que a jornada de trabalho dos funcionários não precisa ser comprometida devido ao horário das aulas.

No caso de Katia, ela conseguiu se organizar bem para conciliar as duas atividades sem que nenhuma das duas fosse prejudicada. O início foi repleto de adaptações ao ambiente de aprendizagem e à metodologia, considerada por ela muito mais dinâmica. Tal característica é uma das principais preocupações das instituições, que se organizam para oferecer um conteúdo envolvente, capaz de estimular a busca volun-tária pelo conhecimento. Na UP Online, por exemplo, os alunos dos cursos de gestão fazem atividades semanais que vão além da teoria. “A nossa grade curricular, por exemplo, é voltada para a prática. Temos até mesmo jogos virtuais relacionados à área de trabalho dos alunos, o que os estimula muito. O retorno é sempre positivo”, afi rma Bentes.

a mente relaxada consigo aproveitar melhor”, comenta. O único impasse é que muitos dos encontros da Anhan-guera acontecem ao vivo pela inter-net, mas a estudante só consegue vê-los em outros momentos, o que diminui a interação com os professores. Uma forma de compensar essa falta, na opinião de Sathler, é consultá--los sempre que aparecer uma dúvida ou então a necessidade de discutir determinado assunto. Lembre-se: no EAD, deixar algum questionamento passar batido pode se transformar em um problemão lá na frente.

PRÓS E cONTRASPara Camila, o saldo desse

primeiro ano de estudos em dose dupla foi positivo, apesar de ter sido bem puxado. As aulas virtuais a conquistaram pela praticidade e pela qualidade do conteúdo. “Não perdem em nada para o ensino presencial. Pelo contrário. É muito comum os professores das duas universidades usarem os mesmos autores ou então exercícios parecidos”, diz. Outra característica que a fez aprovar a mo-dalidade foi a motivação conquistada durante esse período. Ao longo do curso, ela chegou à conclusão de que o ensino a distância só faz sentido se o aluno estudar com vontade e se dedicar por completo.

O único lado negativo, na opi-nião dela, é o convívio prejudicado com os demais colegas. No Ibmec, por exemplo, Camila ampliou bastan-te a carteira de contatos profi ssionais, o que não tem acontecido com tanta frequência nas aulas de EAD. Tal problema pode ser amenizado de algumas maneiras simples, como fi car de olho no calendário de even-tos da instituição. Afi nal, participar desses encontros costuma render

um lugar muito longe pode ser um empecilho ao longo do curso.

fAlTA dE TEMPO

aulas de inglês em duas escolas diferentes. Para fazer a pós--graduação que tanto desejava, a solução foi apostar no curso virtual

em gestão escolar, da UP Online.

Educação a Distância da Uninter,

a mente relaxada consigo aproveitar melhor”, comenta. O único impasse é que muitos dos encontros da Anhan-guera acontecem ao vivo pela inter-net, mas a estudante só consegue

opinião de Sathler, é consultá-

Lembre-se: no EAD, deixar algum questionamento passar batido pode se transformar em um problemão lá

boas conversas, e criar grupos nas redes sociais (o Facebook é bastante utilizado nesses casos). “Ainda há a possibilidade de ir até a universidade sempre que for preciso, seja para a troca de conhecimentos com os co-legas ou o uso da biblioteca”, afi rma Rosa, da Unisa.

Aliás, é importante que a loca-lização da sede ou do polo de apoio da instituição seja analisada antes da matrícula. O aluno não deve esquecer que as provas realizadas regularmen-te são presenciais, portanto optar por

A localização do

polo de apoio deve

ser analisada antes

da matrícula. o

aluno não deve

esquecer que as

provas realizadas

regularmente são

presenciais

iSto

ckph

oto

Book Guia POS 2015.indb 73 24/11/2014 17:29:47

Page 24: Guia de Pós-graduação e MBA 2015

EAd

Guia de Pós-Graduação & MBA 201574

EAd

O que defi ne um curso a distância?

Mais de 70% do conteúdo deve ser

ministrado sem a necessidade de

encontros presenciais.

Quem costuma optar pelo EAD?

Atualmente, a modalidade tem sido

procurada por diferentes perfi s. O

público reúne jovens a pessoas mais

maduras, passando por quem já fez

pós-graduação até aqueles que estão

no primeiro curso.

O que é necessário fazer para

ingressar em uma pós a distância?

Ter concluído a graduação

normalmente e dispor de acesso à

internet.

Os cursos a distância demandam

alunos mais dedicados?

Grades curriculares bem planejadas

exigem bastante de seus alunos,

tanto na modalidade presencial

quando na EAD. No entanto, estudar

remotamente requer mais disciplina e

organização.

Os alunos são mais cobrados?

Sim. Como não há encontros físicos, o

estudante é avaliado e exigido a partir

das atividades realizadas.

Quem produz o conteúdo?

Professores com experiência na área

desenvolvem a grade curricular do

curso. Já o acompanhamento pode ser

feito por tutores.

Quais são os benefícios da pós-

graduação a distância?

Flexibilidade e preços mais

atrativos, já que as instituições

não têm os mesmos gastos

com infraestrutura. De acordo

com a Associação Brasileira de

Educação a Distância (Abed),

as mensalidades podem ser até

75% mais baixas. Além disso, o

quadro de professores costuma ser

uma mescla de profi ssionais com

titulação acadêmica e experiência

de mercado.

Como o conteúdo é

disponibilizado aos alunos?

As instituições trabalham

com Ambientes Virtuais de

Aprendizagem (AVAs), softwares

que permitem acesso às aulas,

aos exercícios e possibilitam

a interação entre professores,

tutores e alunos, entre outras

atividades.

O diploma tem o mesmo valor

dos cursos presenciais?

Sim. Tal valor é assegurado

pela Lei de Diretrizes e Bases da

Educação (LDB 9394/96).

No diploma há alguma menção

de que o curso foi realizado a

distância?

Não, pois as duas modalidades

têm o mesmo valor.

No mercado de trabalho ainda

existem preconceitos em relação

à modalidade EAD?

Para especialistas da área, esse

problema já foi superado e a

modalidade é reconhecida como

uma grande tendência.

É preciso fazer prova nos cursos

EAD? Como isso acontece se as

aulas acontecem a distância?

Sim. As provas são presenciais, por

isso é necessário checar o calendário

de atividades do curso. Elas podem

ser feitas na sede da instituição ou em

seus polos de apoio.

É necessário entender muito

de computador para fazer uma

pós-graduação a distância?

Não. Basta ter uma boa conexão, além

de noções básicas.

A duração do curso pode

variar de acordo com a

disponibilidade dos alunos?

Não. A Lei de Diretrizes e Bases diz que

a duração deve ser fi xa e ter cargas

horárias semelhantes às dos cursos

presenciais.

Há cursos stricto sensu em EAD ou

as possibilidades se restringem

ao lato sensu?

O aluno pode ter acesso aos dois.

Os mestrados a distância têm

crescido muito no Brasil e muitos

são disponibilizados por meio da

Universidade Aberta do Brasil (UAB),

um sistema criado pelo governo

federal que incentiva e apoia

instituições públicas a oferecerem

cursos a distância.

Como saber se um curso de

pós-graduação a distância é

reconhecido pelo MEC?

Basta consultar o site:

www.emec.mec.gov.br e verifi car

se o curso faz parte da lista.

Tire suas dúvidas sobre ensino a distância

Foto

lia

Fontes: Uninter, Unisa, MeC, Abed e Metodista.

EAd

Claretiano,Com a

você continuaevoluindo.

a distância doPós-Graduação

MAIS DE 75 POLOS PELO BRASIL

www.claretiano.edu.br0800 34 4177 | (16) 3660 1777

São mais de 50 cursos de Pós-graduação, além dos cursos de Graduação.

• Banco de Dados• Direito Civil • Direito do Consumidor• Direito Empresarial • Educação Física Escolar• Educação Musical• Ensino de Matemática • Gestão Ambiental

CONHEÇA ALGUNS CURSOS:• Gestão Educacional • Gestão em Saúde• Gestão Financeira• Gestão Pública• História da Arte• MBA – Gestão Empresarial• Pedagogia Empresarial• Teologia Contemporânea

INSCRIÇÕESABERTAS

Book Guia POS 2015.indb 74 24/11/2014 17:29:53

Page 25: Guia de Pós-graduação e MBA 2015

Gostou do

Guia de Pós-graduação

e MBA?Essa foi uma versão reduzida

da publicação. Para comprar a edição completa, acesse a Loja Segmento