guia de portugues ii

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Guia de Estudo Língua Portuguesa II Graduação Geral 2011 Porto Velho/RO 24/03/2009

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Page 1: Guia de Portugues II

Guia de Estudo - Língua Portuguesa II

Guia de Estudo

Língua Portuguesa II

Graduação Geral

2011

Porto Velho/RO 24/03/2009

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Guia de Estudo - Língua Portuguesa II

JOÃO JOSÉ DE OLIVEIRA

GUIA DE ESTUDO LÍNGUA PORTUGUESA II

Este Guia de Estudos servirá como base teórica complementar à bibliografia especificada no Plano de Ensino, para a disciplina de Língua Portuguesa II da Faculdade São Lucas. O Guia deverá ser uti-lizado em conjunto com a bibliografia apontada e também com outras fontes de pesquisa desenvol-

vidas pelo acadêmico.

Porto Velho/RO

2011

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Guia de Estudo - Língua Portuguesa II

Faculdade São Mateus Faculdade São Lucas

Coordenação de Educação a Distância - EAD

Faculdade de Tecnologia São Mateus - FATESM Rua. Alexandre Guimarães, 1927 - Areal

Porto Velho - RO - 78.916-450 Fone: (69) 3211-8076

Centro de Ensino São Lucas Rua. Alexandre Guimarães, 1927 - Areal

Porto Velho - RO - 78.916-450 Fone: (69) 3211-8076

Porto Velho/RO 2011

Page 4: Guia de Portugues II

Guia de Estudo - Língua Portuguesa II

DIRETORA GERAL Maria Eliza de Aguiar e Silva

VICE-DIRETORA

Eloá de Aguiar Gazola

COORDENADORA DE EAD

Hélia Cardoso Gomes da Rocha

SUPERVISORA PEDAGÓGICA Hélia Cardoso Gomes da Rocha

DESGIN INSTRUCIONAL

Humberta Gomes Machado Porto

REVISOR DE TEXTO João José de Oliveira

SUPERVISORA DE TECNOLOGIA

Sara Luíze Oliveira Duarte

ADMINISTRADOR DO AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM

José Gomes de Morais Neto Tarcísio Andril Pinto da Costa

DESIGN/DIAGRAMAÇÃO Diênife Silva de Miranda

O AUTOR

JOÃO JOSÉ DE OLIVEIRA - [email protected]

Graduado em Letras com habilitação em Língua Portuguesa e respectivas Literaturas pela Universidade Federal de Rondônia, UNIR/RO em 1989, Especialista em Metodologia do Ensino Superior pela Universidade Federal de Rondônia, UNIR/RO, em 1995 e Mestre em Linguística pela Universidade Federal de Rondônia, UNIR/RO, em 2004 Atualmente exerce docência como professor universitário em várias Instituições de Ensino Superior de Porto Velho.

Page 5: Guia de Portugues II

Guia de Estudo - Língua Portuguesa II

ÍCONES

Realize. Determina a existência de atividade a ser realizada. Este ícone indica que há um exercício, uma tarefa ou uma prática para ser reali-zada. Fique atento a ele.

Pesquise. Indica a exigência de pesquisa a ser realizada na busca por mais in-formação.

Pense. Indica que você deve refletir sobre o assunto abordado para responder a um questionamento.

Conclusão. Todas as conclusões sejam de idéias, partes ou unidades do curso virão precedidas desse ícone.

Importante. Aponta uma observação significativa. Pode ser encarado como um sinal de alerta que o orienta para prestar atenção à informação indicada.

Hiperlink. Indica um link (ligação), seja ele para outra página do módulo impres-so ou endereço de Internet.

Exemplo. Esse ícone será usado sempre que houver necessidade de exemplifi-car um caso, uma situação ou conceito que está sendo descrito ou estudado.

Sugestão de Leitura. Indica textos de referência utilizados no curso e também faz sugestões para leitura complementar.

Aplicação Profissional. Indica uma aplicação prática de uso profissional ligada ao que está sendo estudado.

CheckList ou Procedimento. Indica um conjunto de ações para fins de verifica-ção de uma rotina ou um procedimento (passo a passo) para a realização de uma tarefa.

Saiba Mais. Apresenta informações adicionais sobre o tema abordado de forma a possibilitar a obtenção de novas informações ao que já foi referenciado.

Revendo. Indica a necessidade de rever conceitos estudados anteriormente

Page 6: Guia de Portugues II

Guia de Estudo - Língua Portuguesa II

Conteúdo

1 APRESENTAÇÃO ........................................................................................... 7

2 A DISCIPLINA ................................................................................................. 8

2.1 Ementa .................................................................................................. 8

2.2 Interdisciplinaridade .............................................................................. 8

2.3 Considerações Iniciais .......................................................................... 8

2.4 Objetivos ............................................................................................... 9

2.5 Metodologia ........................................................................................... 9

UNIDADE 1 - TEXTO E CONTEXTO ............................................................... 10

UNIDADE 2 - AS INFORMAÇÕES IMPLÍCITAS .............................................. 34

UNIDADE 3 - COERÊNCIA TEXTUAL ............................................................. 40

UNIDADE 4 - COESÃO TEXTUAL ................................................................... 48

UNIDADE 5 - COLOCAÇÃO DA IDADE NO PAPEL ....................................... 58

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 72

Page 7: Guia de Portugues II

Guia de Estudo - Língua Portuguesa II

1 APRESENTAÇÃO

Prezado (a) Acadêmico (a), seja bem-vindo!!!

Iniciaremos mais um semestre de estudos e é muito prazeroso tê-lo (a) nesta

disciplina de Língua Portuguesa II. Este guia contém textos para análise, reflexão,

charges e exercícios dinamizados que objetivam auxiliá-lo (a), durante sua trajetória

neste semestre.

A disciplina de Língua Portuguesa II será ministrada em regime semipresen-

cial pelo Laboratório de Educação a Distância - LED. O Guia traz, de forma bem di-

dática, informações que facilitarão na sua compreensão, interpretação e produção

de texto com mais segurança e autonomia. Foram disponibilizados a você diversos

conteúdos sobre noção de texto, contexto, os princípios básicos do texto: redução,

extrapolação, contradição.

Assim, de maneira simples, objetiva e otimizada, o Guia de Estudos primou

em apresentar as interfaces para a produção de um texto bem redigido, tais como,

uso dos pronomes demonstrativos, coerência textual, elementos da coesão, pois,

para a maioria das pessoas transcreverem as ideias para o papel é como vencer

barreiras e ganhar num campo de batalha, pois é possível ter experiências exitosas

e avançar nesse processo gradual de aprendizagem.

Um estudo de excelência a você!

Prof. Ms. João José de Oliveira

Page 8: Guia de Portugues II

Guia de Estudo - Língua Portuguesa II

2 A DISCIPLINA

2.1 Ementa

Conceitos de texto. Contexto: redução, extrapolação e redução. Coerência e

coesão. Elementos de coesão: Pronomes Demonstrativos. Informações implícitas e

subentendidos no texto. Distinção entre tema e título. Elementos básicos da disser-

tação: Introdução, desenvolvimento (argumentação, expedientes de adversão) e

conclusão.

2.2 Interdisciplinaridade

A Língua Portuguesa promove um encontro interdisciplinar com as demais

disciplinas e é considerada uma forma de pensamento que procura explicar os fatos

sob diferentes pontos de vista. Daí resulta que a linguagem, objeto para o qual con-

vergem as diversas disciplinas, pode ser estudada, por exemplo, entre outras abor-

dagens do ponto de vista epistemológico, consistindo no método de pesquisa em

que haja comunicação entre as demais disciplinas, num processo que pode ir da

simples comunicação de ideias até a integração recíproca de finalidades, objetivos,

conteúdos. Na língua portuguesa, a interdisciplinaridade é um campo aberto para

que, de uma prática fragmentada por especialidades, haja o estabelecimento de no-

vas competências e habilidades. ―Escrever é praticar a magia delirante da lingua-

gem. É seduzir, encantar, atiçar o sonho no coração humano‖ (Stella Moris Resen-

de). A língua portuguesa promove esse encontro mediante a interdisciplinaridade,

pois, para escrever bem, são imprescindíveis leituras sistematizadas, objetivando

conhecer os elementos estruturais que compõem o texto e seus conectivos.

2.3 Considerações Iniciais

Convido você para adentrar na disciplina de Língua Portuguesa II, a fim de

ampliar seu conhecimento sobre texto, contexto e principalmente entender os ele-

mentos que compõem o texto escrito.

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Guia de Estudo - Língua Portuguesa II

2.4 Objetivos

Ao final da disciplina o aluno deverá ser capaz de:

Compreender o que é texto e contexto;

Perceber, no texto, as informações implícitas: os pressupostos e subentendi-

dos;

Perceber a coerência que deve ter um texto;

Empregar elementos que permitam a coesão textual;

Estabelecer diferença entre tema e título;

Produzir texto dissertativo/argumentativo.

2.5 Metodologia

Serão realizadas várias atividades de estudos teóricos e práticos, por meio de expo-

sições de vídeos, questões no AVA, produção de texto dissertativo/argumentativo,

bem como, exercícios complementares com orientação do professor.

Então, agora, arregace as manga, busque aquela força interior que você possuí

e bom estudo.

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Guia de Estudo - Língua Portuguesa II

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UNIDADE 1 - TEXTO E CONTEXTO

Ao final do estudo desta unidade o (a) acadêmico (a) deverá

ser capaz de:

Estabelecer diferenças entre texto e contexto;

Diferenciar o texto verbal do não-verbal;

Identificar as especificidades de um texto;

Distinguir as diferenças entre compreensão e interpretação

textuais;

Distinguir as diferenças entre leitura do texto e leitura de mun-

do;

Interpretar textos selecionados obedecendo aos princípios bá-

sicos de análise textual: extrapolação, redução e contradição.

1. O texto

1.1 O que é um texto?

Texto é tudo aquilo que nos permite uma leitura, ou seja,

uma interpretação, podendo ser verbal ou não-verbal.

O texto verbal é aquele que se utiliza da palavra (escrita ou

falada) para nos transmitir alguma mensagem, alguma informa-

ção. É uma ocorrência linguística falada ou escrita, de qualquer

extensão, dotada de uma unidade sociocomunicativa, semântica

e formal. O texto não-verbal possui a mesma função do texto ver-

bal, mas sem fazer uso da palavra, isso quer dizer que o texto

não-verbal não pode ser falado nem escrito, já que não faz uso da

palavra (escrita nem falada). O texto não-verbal pode ser repre-

sentado através de imagens, sons, cores, gestos etc., desde que

esses elementos transmitam uma mensagem, uma informação a

quem o está lendo.

Page 11: Guia de Portugues II

Guia de Estudo - Língua Portuguesa II

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1.2 O que é um contexto?

O contexto é uma unidade linguística maior onde se encai-

xa uma unidade linguística menor. Isso significa que ele é um to-

do significativo, mantendo uma unidade formal. Seus constituintes

linguísticos devem se mostrar reconhecidamente integrados, de

modo a permitir que ele seja percebido, compreendido como um

todo, pois as partes de um texto são entrelaçadas, interrelaciona-

das. Daí, podermos falar em textura ou tessitura de um texto –

rede de relações que garantem sua unidade. É um todo significa-

tivo e não fragmentos isolados justapostos. É sempre bom lem-

brar que a palavras texto provém do latim textum, que significa

―tecido‖, ―entrelaçamento‖. Há, portanto, uma razão etimológica

para nunca esquecermos que o texto resulta da ação de tecer,

entrelaçar unidades e partes a fim de formar um todo interrelacio-

nado a que chamamos de contexto.

2. A análise do texto

Para se analisar um texto, o leitor lança mão de sua leitura

de mundo e deve levar em conta as seguintes observações:

a) Uma boa leitura nunca pode basear-se em fragmentos iso-

lados do texto, já que o significado das partes sempre é de-

terminado pelo contexto dentro do qual se encaixam.

b) Uma boa leitura nunca pode deixar de apreender o pronun-

ciamento contido (a mensagem, a informação) contido por

trás do texto, já que sempre se produz um texto para mar-

car posição frente a uma questão qualquer.

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Guia de Estudo - Língua Portuguesa II

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ATIVIDADES

I – Texto para se comentar

Tiro certeiro: Estado americano limita porte de armas

No começo de 1981, um jovem de 25 anos chamado John

Hinckley Jr. entrou numa loja de armas de Dallas, no Texas, pre-

encheu um formulário do governo com endereço falso e, poucos

minutos depois, saiu com um Saturday Night Special – nome cria-

do na década de 60 para chamar um tipo de revólver pequeno,

barato e de baixa qualidade. Foi com essa arma que Hinckley, no

dia 30 de março daquele ano, acertou uma bala no pulmão do

presidente Ronald Reagan e outra na cabeça de seu porta-voz,

James Brady. Reagan recuperou-se totalmente, mas Brady desde

então está preso a uma cadeira de rodas. (...)

(Revista Veja)

II – Texto para análise

Leia o texto abaixo, uma adaptação da obra de Platão e Fiorin

(2000), para responder às questões propostas sobre ele.

Os desastres de Sofia

Qualquer que tivesse sido o seu trabalho anterior, ele o

abandonara, mudara de profissão e passara pesadamente a en-

sinar no curso primário: era tudo o que sabíamos dele.

O professor era gordo, grande e silencioso, de ombros con-

traídos. Em vez de nó na garganta, tinha ombros contraídos. Usa-

va paletó curto demais, óculos sem aro, com um fio de ouro enci-

mando o nariz grosso e romano. E eu era atraída por ele. Não

amor, mas atraída pelo seu silêncio e pela controlada impaciência

que ele tinha em nos ensinar e que, ofendida, eu adivinhara. Pas-

sei a me comportar mal na sala. Falava muito alto, mexia com os

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colegas, interrompia a lição com piadinhas, até que ele dizia,

vermelho:

-Cale-se ou expulso a senhora da sala.

Ferida, triunfante, eu respondia em desafio: pode me man-

dar! Ele não mandava, senão estaria me obedecendo. Mas eu o

exasperava tanto que se tornara doloroso para mim ser o objeto

do ódio daquele homem que de certo modo eu amava. Não o

amava como a mulher que eu seria um dia, amava-o como uma

criança que tenta desastradamente proteger um adulto, com a

cólera de quem ainda não foi covarde e vê um homem forte de

ombros tão curvos. (...)

(Clarice Lispector)

1. Nas linhas 4 e 5, a narradora afirma que o professor tinha

―ombros contraídos‖. Essa característica, fora do contexto em

que está inserida, pode sugerir várias interpretações, como,

por exemplo:

a) que o professor era velhinho;

b) que era frágil fisicamente;

c) que era corcunda:

d) que era acovardado e submisso às pressões sociais.

Mas, levando em conta o contexto, apenas uma dessas

possibilidades contém uma interpretação adequada. Indique, en-

tre as alternativas acima, qual é essa possibilidade e, com outras

passagens do texto, justifique a sua escolha.

2. Segundo o texto, os sentimentos da aluna pelo professor eram

ambíguos, isto é, eram sentimentos que se contrariavam.

a) Cite uma passagem em que se manifesta essa contradi-

ção.

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b) Qual o motivo dessa ambiguidade?

3. Na linha 9, o professor diz: ―- Cale-se ou expulso a senhora da

sala‖.

Perante essa explosão, a aluna tem dupla reação. Procure

explicar:

a) Por que ela se sentiu ferida?

b) Por que ela se sentiu triunfante?

4. Na última linha do texto, a menina diz que amava o professor

―com a cólera de quem ainda não foi covarde‖. Explique o

significado de ainda nesse contexto.

5. Segundo o texto, em que consistia a covardia do professor?

6. Como se sabe, todo texto contém um pronunciamento (uma

mensagem), que revela a visão de mundo de quem o produziu.

No caso desse texto, pode-se dizer que ele foi produzido para

mostrar que:

a) todo aluno nutre pelo professor um grande afeto e se irrita

quando não é correspondido.

b) o professor não tinha mais condições físicas para executar

o seu trabalho.

c) todo professor se dedica à tarefa de ensinar com extremo

cuidado e prazer.

d) a relação professor e aluno é sempre tensa e contraditória.

e) as condições da vida prática e a necessidade de seguir re-

gras e normas podem levar o homem a reprimir suas emo-

ções.

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Guia de Estudo - Língua Portuguesa II

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RESPOSTAS DAS ATIVIDADES DESTA UNIDADE

Atividade I: Comentário com o professor na aula presenci-

al.

Atividade II

1. Alternativa d.

Frases que comprovam a alternativa assinalada:

―... passara pesadamente a ensinar no curso primário.‖

―Em vez de nó na garganta, tinha ombros contraídos.‖

―... controlada impaciência...‖

―... um homem forte de ombros tão curvos (...).‖

2. a. ―E eu era atraída por ele. Não amor, mas atraída pelo seu si-

lêncio e pela controlada impaciência...‖ / ―Ferida, triunfante...‖ /

―Mas eu o exasperava tanto que se tornara doloroso para mim ser

o objeto do ódio daquele homem que de certo modo eu amava.‖

b. A menina descobriu que o professor não era autêntico, verda-

deiro e passou a in- comodá-lo para que ele demonstrasse sua

verdadeira personalidade.

3. a. A aluna sentiu-se ferida por causa da reação agressiva do

professor.

b. Porque conseguiu a reação do professor.

4. O advérbio ainda demonstra que a aluna assume a possibi-

lidade de um dia vir a ser covarde como o professor o é.

5. O professor era acovardado e não reagia perante as pres-

sões sociais.

6. Alternativa ―e‖.

Obs.: Se você acertou mais de 80% das questões, trabalhe a

Unidade II. Caso contrário, releia a Unidade I e refaça as

atividades propostas.

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Guia de Estudo - Língua Portuguesa II

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3. Princípios básicos de interpretação textual

3.1 Extrapolação

Trata-se de um erro muito comum. Ocorre quando saímos

do contexto, acrescentando ideias que não estão presentes no

texto. A interpretação fica comprometida, pois passamos a criar

sobre aquilo que foi lido. Frequentemente, relacionamos fatos que

conhecemos, mas que eram realidade em outros contextos e não

naquele que está sendo analisado no momento.

3.2 Redução

É um erro oposto à extrapolação. Ocorre quando damos

atenção apenas a uma parte ou aspecto do texto, esquecendo a

totalidade do contexto. Privilegiamo, desse modo, apenas um fato

ou uma relação que podem ser verdadeiros, porém insuficientes

se levarmos em consideração o conjunto das ideias.

3.3 Contradição

É o mais comum dos erros. Ocorre quando chegamos a uma

conclusão que se opõe ao texto. Associamos ideias que, embora

presentes, não se relacionam entre si. Muitas vezes, os testes de

interpretação apresentam palavras e expressões do texto, relaci-

onando-as de modo equivocado. Por isso, a alternativa parece ser

verdadeira quando, na verdade, não o é.

ATIVIDADES

I – Fragmentos comentados

Leia os fragmentos abaixo. No primeiro, coloque V, se a

afirmação for correta, e F caso o que se afirme seja falso, obser-

vando os princípios básicos de interpretação textual. No segundo

fragmento, atente-se para as observações colocadas em cada

alternativa.

Page 17: Guia de Portugues II

Guia de Estudo - Língua Portuguesa II

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1- ―Naquele dia, Pedro chegou do trabalho no horário de costu-

me. Brigou com a mulher e foi ao cinema‖.

Considere as seguintes afirmações para assinalar V ou F

em cada uma delas.

a) Pedro é um trabalhador. ( )

b) Pedro desentendeu-se com a mulher. ( )

c) Pedro brigou com a mulher para ir ao cinema. ( )

d) Pedro brigou com a mulher porque ela não queria ir ao ci-

nema com ele.

e) Pedro chegou ao trabalho no horário de costume para ir ao

cinema. ( )

Respostas desta atividade: V, V, F, F, F.

Obs.: Se você errou alguma alternativa, releia o texto e refaça a ativi-

dade.

2 – (FT/CAMP) A autoridade de que se reveste o Estado para

impor sacrifícios à coletividade é uma decorrência da capacidade

que revela no atendimento das necessidades e anseios dos

membros que compõem o organismo social. O fundamento do

direito de tributar, por exemplo, repousa no princípio de que a

produção dos serviços e bens públicos é o processo econômico

que garante a máxima satisfação social com o mínimo de sacrifí-

cio para os contribuintes.

Considere as seguintes afirmações sobre o trecho acima:

a) A capacidade que o Estado revela no atendimento das ne-

cessidades dos cidadãos decorre da autoridade que ele

tem para impor sacrifícios.

- A afirmação é falsa. Observe que a construção está inver-

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Guia de Estudo - Língua Portuguesa II

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tida. O correto é ―a autoridade que o Estado tem para im-

por sacrifícios decorre da capacidade que ele revela no

atendimento das necessidades dos cidadãos.

b) O Estado só tem o direito de tributar quando os contribuin-

tes acatam voluntariamente a tributação.

- A afirmação é falsa: a ideia de que o ―Estado tem o direito

de tributar quando os contribuintes ACATAM VOLUNTA-

RIAMENTE a tributação‖ não está no texto. Observe, aí,

que houve uma extrapolação.

c) A tributação imposta pelo Estado aos contribuintes deve re-

verter, com vantagens, em benefício destes.

- A afirmação é verdadeira.

d) A produção de serviços e bens públicos é um direito do Es-

tado, assim como usufruir desses serviços e bens é um de-

ver do contribuinte.

- A afirmação é falsa. Observe que as ideias de ―direito‖ e

―dever‖ estão invertidas. Houve, nesse caso, contradição.

II - FRAGMENTOS PARA INTERPRETAÇÃO

Nas questões seguintes, assinale apenas uma alternativa.

1. ―Se a mulher não participa nada, ou muito pouco, da vida soci-

al, isto não é devido a uma razão biológica inerente a seu se-

xo, mas sim a razões sociais que criaram obstáculos à sua

participação até agora. A revolta que atualmente anima as mu-

lheres é precisamente uma reação contra esta situação criada

pela ―sociedade dos homens adultos‖.

(Hernan S.Martin)

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Guia de Estudo - Língua Portuguesa II

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a) A mulher participa pouco da vida social por razões biológi-

cas e psicológicas inerentes a seu sexo.

b) Houve razões sociais que criaram obstáculos à participação

da mulher na vida social.

c) A revolta que atualmente anima as mulheres ocorre por ra-

zões biológicas e psicológicas.

d) A mulher não participa da vida social porque está revoltada

com sua condição biológica.

2. ―Em todo o mundo, as plantas medicinais voltam a suscitar

grande interesse. Preocupado com os excessos das civiliza-

ções industriais e com as ameaças que esses excessos tra-

zem à saúde física e moral, um número cada vez maior de

pessoas recorre a diferentes tipos de medicinas naturais, num

movimento de reconciliação com a natureza.‖

(Jean-Marie Pelt)

a) A indústria de plantas medicinais gera excessos que amea-

çam a saúde física e moral das pessoas.

b) Preocupado com os excessos das plantas medicinais, um

número cada vez maior de pessoas recorre a diferentes ti-

pos de medicinas naturais.

c) Os excessos das civilizações industriais ameaçam a saúde

física e moral, fazendo com que muitas pessoas recorram a

diferentes tipos de medicinas naturais.

d) N.d.a.

3. ‖Há não muitos anos (...), a função da educação no sentido de

uma contribuição para a prevenção do uso de drogas era prati-

camente ignorada. A ação baseava-se em outros meios como

a ação judiciária e a repressão do tráfico. Depois da guerra, a

própria evolução do fenômeno levou os especialistas ao reco-

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Guia de Estudo - Língua Portuguesa II

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nhecimento de que era preciso mobilizar também a educação

para tentar solucionar esse problema. Assim começou o de-

senvolvimento da educação preventiva.‖

(M. Raw)

a) Educação preventiva não ajuda a resolver o problema da

droga.

b) Há muitos anos, a educação era praticamente ignorada.

c) A ação judiciária e a repressão do tráfico depois da guerra

constituem o que os especialistas chamam de educação

preventiva.

d) Os especialistas perceberam, após a guerra, que a educa-

ção também deveria ser mobilizada na tentativa de solucio-

nar o problema da droga.

4. ―Para todos os países, especialmente os países em desenvol-

vimento, as novas tecnologias da tecnologia e da informação

oferecem um potencial enorme e possibilidades inimagináveis.

Se não puderem gozar dessas vantagens os países correm o

risco de permanecer na periferia do mundo, e suas populações

de ficar à margem das grandes correntes do mundo contempo-

râneo.‖

(M. Abdulaziz)

a) Devido a uma série de possibilidades inimagináveis, os paí-

ses correm o grande risco de permanecer na periferia do

mundo.

b) Se os países não puderem gozar das novas tecnologias da

comunicação e da informação, vão correr o risco de depen-

der dos progressos que ocorrem na periferia do mundo em

Page 21: Guia de Portugues II

Guia de Estudo - Língua Portuguesa II

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desenvolvimento.

c) Os países que não puderem gozar das novas tecnologias

da comunicação e da informação correm o risco de perma-

necer na periferia do mundo.

d) N.d.a.

5. ―Sem dúvida, a língua escrita, sob forma literária, sempre se

diferenciou das diversas modalidades de língua corrente. É,

porém, certo que, se em todas as épocas tiveram os escritores

a seu alcance uma soma de recursos intensificadores da ex-

pressão, modernamente esses mesmos recursos como que se

multiplicaram, passando a exigir da parte de quem escreve

maior aptidão para deles se beneficiar.‖

O autor desse texto diz que:

a) há duas modalidades de comunicação: a língua corrente e

a língua do dia-a- -dia

b) a língua, como forma de comunicação, é imutável.

c) Atualmente, torna-se mais difícil ser escritor, porque os

recursos da expressão são mais numerosos.

d) a língua culta é um reflexo da fala popular.

e) as alternativas a e d são corretas.

6. ―Se o homem fosse do tamanho de uma pulga, teria de ter o

número de neurônios que compõem o cérebro reduzido vá-

rias dezenas de milhões de vezes e, como a capacidade inte-

lectual está ligada ao número dessas células, a inteligência

do homem seria reduzida proporcionalmente

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Guia de Estudo - Língua Portuguesa II

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Infere-se do texto que:

a) o nível de inteligência atingido pela espécie humana nada

tem a ver com o tamanho do cérebro.

b) a inteligência das pulgas seria proporcional ao seu tama-

nho, caso seu cérebro fosse estruturado como o do ho-

mem.

c) o cérebro humano não contém mais do que algumas de-

zenas de milhões de neurônios.

d) o tamanho das células cerebrais aumenta ou diminui de

acordo com o tamanho do cérebro.

e) o cérebro as pulgas tem apenas algumas dezenas de

neurônios.

7. ―É alarmante o número de pessoas com curso superior que

estão desempregadas. Entre as circunstâncias que deter-

minam esta situação aponta-se a ausência de pesquisas

que permitam aos estudantes conhecer as mutações e as

tendências de mercado de trabalho. A criação indiscrimina-

da de escolas contribui também para a elevada taxa de de-

semprego. Alguns dados colhidos sem o necessário rigor

podem levar os estudantes a alimentar ilusões sobre de-

terminada carreira, o que fatalmente lhes causará frustra-

ção quando souberem da realidade.‖

Da leitura deste comentário jornalístico, infere-se que:

a) é muito difícil obter um emprego após terminar o curso

superior

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Guia de Estudo - Língua Portuguesa II

23

b) a má escolha da carreira, por falta de informação correta

sobre o mercado de trabalho, leva muitos recém-

formados a sentirem frustrações com relação à sua vida

profissional.

c) para obter logo um emprego são necessários competên-

cia e apadrinhamento.

d) antes de escolher uma carreira, os estudantes devem

pesquisar as mutações no mercado de trabalho.

e) o número excessivo de escolas é a causa principal da

saturação no mercado de trabalho.

8. ―As novas ofertas de emprego que surgem nas diversas ati-

vidades, básicas ou auxiliares, que se expandem com o uso

de robôs na indústria, ou naquelas que recebem a mão-de-

obra por ela liberada, só se traduzirão em aumento do em-

prego se forem superiores em número ao total dos empre-

gos que se perderam quando a máquina substituiu o ho-

mem.‖

De acordo com o texto:

a) a robotização da indústria exigirá a criação de novas in-

dústrias para fabricação de robôs, fato que só poderá be-

neficiar a mão-de-obra humana.

b) os empregos que aparecem em consequência da automa-

tização da indústria serão vantajosamente supridos pelos

robôs.

c) a substituição do homem pela máquina, na indústria, será

causa de desemprego generalizado, uma vez que deixará

sem outra aplicação a mão-de-obra consequentemente li-

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Guia de Estudo - Língua Portuguesa II

24

berada.

d) a expansão do número de robôs que substituirão o ho-

mem na indústria será acompanhada de considerável

aumento do número de empregos em outras atividades, a

não ser que se libere a criação de novas indústrias.

e) a utilização de robôs na indústria será vantajosa para a

mão-de-obra humana desde que se repita na oferta, em

novas atividades, de um número de empregos que ultra-

passe o dos lugares ocupados pelos robôs.

III – Texto para análise

Levando em conta o contexto político brasileiro atual, leia o

texto abaixo e, depois, assinale, em cada questão, apenas uma

alternativa.

Política e politicalha

A política afina o espírito humano, educa os povos no conhe-

cimento de si mesmos, desenvolve nos indivíduos a atividade, a

coragem, a nobreza, a previsão, a energia, cria, apura, eleva o

merecimento.

Não é esse jogo da intriga, da inveja e da incapacidade, a

que entre nós se deu a alcunha de politicagem. Esta palavra não

traduz ainda todo o desprezo do objeto significado. Não há dúvida

que rima bem com criadagem e parolagem, afilhadagem e ladro-

agem. Mas não tem o mesmo vigor de expressão que os seus

consoantes. Quem lhe dará com o batismo adequado? Politiqui-

ce? Politiquismo? Politicaria? Politicalha? Neste último, sim, o

sufixo pejorativo queima como um ferrete, e desperta ao ouvido

uma consonância elucidativa.

Política e politicalha não se confundem, não se parecem, não

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Guia de Estudo - Língua Portuguesa II

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se relacionam uma com a outra. Antes se negam, se excluem, se

repulsam mutuamente.

A política é a arte de gerir o Estado, segundo princípios defi-

nidos, regras morais, leis escritas, ou tradições respeitáveis. A

politicalha é a indústria de explorar o benefício de interesses pes-

soais. Constitui a política uma função, ou o conjunto das funções

do organismo nacional: é o exercício normal das forças de uma

nação consciente e senhora de si mesma. A politicalha, pelo con-

trário, é o envenenamento crônico dos povos negligentes e vicio-

sos pela contaminação de parasitas inexoráveis. A política é a

higiene dos países moralmente sadios. A politicalha, a malária

dos povos de moralidade estragada.

(Rui Barbosa)

1. De acordo com o texto:

(a) A política transformou-se em um jogo de intrigas e incapaci-

dades nos dias atuais, pois educa os povos no conhecimen-

to de si mesmos.

(b) O termo politicagem traduz perfeitamente todo o desejo do

objeto significado.

(c) O termo politicagem rima com parolagem e ladroagem, pos-

suindo o mesmo vigor de expressão que seus consoantes.

(d) N.d.a.

2. O termo ―politicalha‖:

(a) É o mesmo que politicagem.

(b) Assim como ―politiquice‖ desperta ao ouvido uma conso-

nância elucidativa.

(c) Confunde-se com ―política‖.

(d) Define, com o necessário vigor, o contrário de ―política‖.

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3. Política e politicalha:

(a) São distintas.

(b) Relacionam-se intimamente uma com a outra.

(c) Confundem-se.

(d) Causam repulsa.

4. Lendo o texto, no seu todo, pode-se concluir que:

(a) Apesar de desenvolver a imoralidade, a politicalha não se

confunde com a política que se define segundo princípios e

regras morais negligentes.

(b) Por se constituir no envenenamento crônico dos povos ne-

gligentes e viciosos pela contaminação de parasitas inexo-

ráveis, a politicalha diverge da política, que se baseia em

princípios definidos, regras morais e leis escritas.

(c) A política é a arte de gerir o Estado, segundo princípios de-

finidos, regras morais e leis escritas, tendo, portanto, estrei-

ta relação com a politicalha.

(d) N.d.a.

IV – Ainda, em relação ao texto Política e Politicalha , responda

às questões com base no código abaixo, colocando a letra

correspondente no parênteses em branco. Obs.: § significa

parágrafo.

A – Se apenas um item for verdadeiro.

B – Se apenas I e II forem corretos.

C – Se apenas I e III forem corretos.

D – Se apenas II e III forem corretos.

E – Se todos os itens forem corretos.

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1. Segundo Rui Barbosa, caracteriza a política:

I. o aperfeiçoamento do espírito humano (§ 1).

II. certa semelhança com a politicalha (§ 2).

III. o jogo da intriga, da inveja e da incapacidade (§ 2).

( )

2. O autor preferiu usar politicalha a politicagem porque:

I. a segunda, embora expresse o desprezo do objeto signifi-

cado, é muita corriqueira entre nós.

II. politicagem é mais suave do que seus consoantes criada-

gem, parolagem, afilhadagem e ladroagem.

III. o sufixo pejorativo de politicalha traz à palavra maior preci-

são de significado. ( )

3. Verifique o(s) par(es) que mostra(m) uma oposição de signifi-

cado:

I. ―arte de gerir o Estado‖ (§ 4) / ―jogo da intriga, da inveja‖ (§

2).

II. ―sufixo pejorativo‖ (§ 2) / ―um ferrete‖ (§ 2).

III. ―malária dos povos‖ (§ 4) / ―conjunto das funções‖ (§ 4).

( )

4. Indique o(s) caso(s) em que a palavra sublinhada foi corre-

tamente substituída pelo seu sentido contextual.

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I. ―Mas não tem o mesmo vigor de expressão que os seus

consoantes‖ (§ 2) = palavras que rimam.

II. ―...o sufixo pejorativo queima...‖ (§ 2) = insuportável

III. ―é o envenenamento crônico dos povos negligentes...‖ ( 4)

= entranhado

( )

V – Nas questões seguintes, extraídas do ENADE, as-

sinale apenas uma alternativa.

QUESTÃO 1

Quando o homem não trata bem a natureza, a natureza

não trata bem o homem.

Essa afirmativa reitera a necessária interação das diferen-

tes espécies, representadas na imagem a seguir.

Disponível em:

http://curiosidades.spaceblog.com.br

Acesso em 10 out. 2008.

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Depreende-se dessa imagem a:

A) atuação do homem na clonagem de animais pré-históricos.

B) exclusão do homem na ameaça efetiva à sobrevivência do pla-

neta.

C) ingerência do homem na reprodução de espécies em cativeiro.

D) mutação das espécies pela ação predatória do homem.

E) responsabilidade do homem na manutenção da biodiversidade.

QUESTÃO 2

A foto a seguir, da americana Margaret Bourke-White

(1904-71), apresenta desempregados na fila de alimentos durante

a Grande Depressão, que se iniciou em 1929.

STRICKLAND, Carol; BOSWELL, John. Arte

Comentada: da

pré-história ao pós-moderno. Rio de Janeiro: Ediouro

[s.d.].

Além da preocupação com a perfeita composição, a artista, nessa

foto, revela:

A) a capacidade de organização do operariado.

B) a esperança de um futuro melhor para negros.

C) a possibilidade de ascensão social universal.

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D) as contradições da sociedade capitalista.

E) o consumismo de determinadas classes sociais.

QUESTÃO 3

Revista Istoé Independente. São Paulo: Ed. Três [s.d.].

O alerta que a gravura acima pretende transmitir refere-se

a uma situação que:

A) atinge circunstancialmente os habitantes da área rural do País.

B) atinge, por sua gravidade, principalmente as crianças da área

rural.

C) preocupa no presente, com graves consequências para o futu-

ro.

D) preocupa no presente, sem possibilidade de ter consequências

no futuro.

E) preocupa, por sua gravidade, especialmente os que têm filhos.

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QUESTÃO 4

Os países em desenvolvimento fazem grandes esforços

para promover a inclusão digital, ou seja, o acesso, por parte de

seus cidadãos, às tecnologias da era da informação. Um dos indi-

cadores empregados é o número de hosts, isto é, o número de

computadores que estão conectados à Internet. A tabela e o grá-

fico abaixo mostram a evolução do número de hosts nos três paí-

ses que lideram o setor na América do Sul.

País 2003 2004 2005 2006 2007

Brasil 2.237.527 3.163.349 3.934.577 5.094.730 7.422.440

Argentina 495.920 742.358 1.050.639 1.464.719 1.837.050

Colômbia 55.626 115.158 324.889 440.585 721.114

Fonte: IBGE (Network Wizards, 2007).

Dos três países, os que apresentaram, respectivamente, o

maior e o menor crescimento percentual no número de hosts, no

período 2003-2007, foram:

A) Brasil e Colômbia.

B) Brasil e Argentina.

C) Argentina e Brasil.

D) Colômbia e Brasil.

E) Colômbia e Argentina.

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QUESTÃO 5

Entre 1508 e 1512, Michelangelo pintou o teto da Capela

Sistina, no Vaticano, um marco da civilização ocidental. Revoluci-

onária, a obra chocou os mais conservadores, pela quantidade de

corpos nus, possivelmente, resultado de secretos estudos de ana-

tomia, uma vez que, naquele tempo, era necessária a autorização

da Igreja para a dissecação de cadáveres. Recentemente, perce-

beram-se algumas peças anatômicas camufladas entre as cenas

que compõem o teto. Alguns pesquisadores conseguiram identifi-

car uma grande quantidade de estruturas internas da anatomia

humana, que teria sido a forma velada de como o artista "imortali-

zou a comunhão da arte com o conhecimento". Uma das cenas

mais conhecidas é "A criação de Adão". Para esses pesquisado-

res, ela representaria o cérebro num corte sagital, como se pode

observar nas figuras a seguir.

BARRETO, Gilson e OLIVEIRA,

Marcelo G. de. A arte secreta de

Michelangelo — Uma lição de

anatomia na Capela Sistina. ARX.

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33

Considerando essa hipótese, uma ampliação interpretativa

dessa obra-prima de Michelangelo expressaria:

A) o Criador dando a consciência ao ser humano, manifestada

pela função do cérebro.

B) a separação entre o bem e o mal, apresentada em cada seção

do cérebro.

C) a evolução do cérebro humano, apoiada na teoria darwinista.

D) a esperança no futuro da humanidade, revelada pelo conheci-

mento da mente.

E) a diversidade humana, representada pelo cérebro e pela me-

dula.

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UNIDADE 2 - AS INFORMAÇÕES IMPLÍCITAS

Ao final do estudo desta unidade o (a) acadêmico (a) deverá

ser capaz de:

Compreender o significado dos pressupostos e subentendidos

contidos no texto;

Analisar textos, buscando, nas entrelinhas destes, informa-

ções que permitam interpretá-los.

Um dos aspectos mais intrigantes da leitura de um texto é

a verificação de que ele pode dizer coisas que parece não estar

dizendo além das informações explicitamente enunciadas, exis-

tem outras que ficam subentendidas. Para realizar uma leitura

eficiente, o leitor deve captar tanto os dados explícitos quanto os

implícitos.

Leitor perspicaz é aquele que consegue ler nas entrelinhas.

Caso contrário, ele pode passar por cima de significados impor-

tantes e decisivos ou – o que é pior – pode concordar com coisas

que rejeitaria se as percebesse. Alguns textos exploram, com ma-

lícia e com intenções falaciosas, esses aspectos subentendidos e

pressupostos.

1. Pressupostos

Os pressupostos são ideias não expressas de maneira ex-

plícita, mas que o leitor pode perceber a partir de certos dados

linguísticos (palavras, expressões, sinais de pontuação) contidos

na frase.

Dessa forma, quando se diz ―O dia continua chuvoso”,

comunica-se, de maneira explícita, que, no momento da fala o

tempo é de chuva, mas, ao mesmo tempo, o verbo continuar

deixa perceber a informação implícita (o pressuposto) de que an-

tes o tempo já estava chovendo.

Na frase “Daniel deixou de fumar”, diz-se explicitamente

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que, no momento da fala, Daniel não fuma. O verbo deixar, to-

davia, transmite a informação (o pressuposto) de que Daniel fu-

mava antes.

Na leitura e interpretação de um texto, é muito importante

detectar os pressupostos, pois seu uso é um dos recursos utiliza-

dos com vistas a levar o ouvinte ou o leitor a aceitar o que está

sendo comunicado.

Os pressupostos são marcados, nas frases, por meio de

vários indicadores linguísticos, como, por exemplo:

a) certos advérbios

Os resultados da pesquisa ainda não chegaram até nós.

Pressupostos: Os resultados da pesquisa já deveriam ter che-

gado até nós.

Os resultados da pesquisa vão chegar mais tarde.

b) certos verbos

O caso do contrabando tornou-se público.

Pressuposto: O caso do contrabando não era de conhecimento

público antes.

c) os adjetivos

Os partidos radicais acabarão com a democracia no

Brasil.

Pressupostos: Existem partidos radicais no Brasil.

No Brasil, existem partidos que não são radicais.

Os partidos brasileiros que não são radicais

manterão a democracia em nosso país.

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36

e) As orações adjetivas

Oração adjetiva é aquela iniciada por um pronome relativo: o

qual, a qual, os quais, as quais, que (quando puder ser substituí-

do por o qual, a qual, os quais, as quais), cujo(s), cuja(s),

quanto, onde (= em que). É classificada em:

1º) Restritiva: restringe, limita os termos aos quais ela se re-

fere. Não possui vírgula.

2º) Explicativa: generaliza, totaliza os termos aos quais ela

se refere. Possui vírgula.

Observe a oração adjetiva que fuma nos períodos abai-

xo:

O homem que fuma vive pouco.

O homem, que fuma, vive pouco.

No primeiro caso, significa que somente o homem que

fuma vive pouco. O homem que não fuma vive mais tempo. Aqui,

há homens que não fumam.

No segundo período, todos os homens vivem pouco, pois

todos eles fumam.

2. Subentendidos

Os subentendidos são as insinuações escondidas por trás

de uma afirmação. Não há nenhum marcador para identificar qual

é a mensagem que se quer passar, por isso pode ser questiona-

do. Permite ambiguidade. Se você está lanchando e alguém che-

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ga e fala: ―- Me dá uma mordida?‖, pedindo um pedaço do seu

lanche, você pode, literalmente, dar-lhe uma mordida, alegando

que ele pediu uma mordida e não um pedaço de seu lanche. Isso

é possível porque não há nenhuma palavra ou expressão no

enunciado que remeta diretamente ao sentido de que o interlocu-

tor solicitou a você um pedaço do lanche.

ATIVIDADES

I – Qual das pessoas abaixo desmoraliza toda a classe de pes-

cadores? Explique por quê.

Pessoa A: ―Os pescadores, que contam mentiras, não devem

ser levados a sério.‖

Pessoa B: ―Os pescadores que contam mentiras não devem

ser levados a sério.‖

II – Explique se há diferença de sentido nas frases abaixo, com

ou sem uso das vírgulas.

a) O advogado do acadêmico, Pedro de Sousa, requereu on-

tem ao Superior Tribunal de Justiça a revogação da prisão

temporária de seu cliente.

c) O advogado do acadêmico Pedro de Sousa requereu on-

tem ao Superior Tribunal de Justiça a revogação da prisão

temporária de seu cliente.

III – Suponha que, a respeito dos acadêmicos de uma certa Insti-

tuição de Ensino Superior , sejam dadas duas versões para um

mesmo fato.

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NOTÍCIA A: Os acadêmicos que foram contaminados pelo vírus

H1N1 serão enviados ao Cemetron.

NOTÍCIA B: Os acadêmicos, que foram contaminados pelo ví-

rus H1N1, serão enviados ao Cemetron.

Qual delas subentende que, na Instituição de Ensino Superi-

or, continuará havendo acadêmicos? Justifique sua resposta.

IV – Leia os trechos abaixo e responda às questões propostas

sobre ele.

Reduit é leite puro e saboroso

Reduit é saudável, pois nele quase toda a gordura é retirada,

permanecendo todas as outras qualidades nutricionais. Reduit é

bom para os jovens, adultos e dietas de baixas calorias.

(Texto em uma embalagem de leite em pó.)

1) No texto acima, a gordura pode ser entendida também como

uma qualidade nutricional? Justifique sua resposta, transcrevendo

do texto a expressão mais pertinente.

2) As qualidades nutricionais de um produto, segundo o texto,

sempre fazem bem à saúde? Justifique sua resposta.

V – Os acidentados foram socorridos num pronto-socorro do

SUS, mas saíram de lá sãos e salvos.

O efeito de humor e o tom satírico desse enunciado é produzido

pelo uso inusitado da conjunção mas. Explique esse uso.

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Guia de Estudo - Língua Portuguesa II

39

RESPOSTAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS NA UNI-

DADE II

Atividade I

Alternativa A, pois generaliza toda a classe de pescadores,

afirmando que todos contam mentiras, uma vez que se trata de

oração adjetiva explicativa. Na alternativa B, somente alguns pes-

cadores contam mentiras, pois a oração é restritiva.

Atividade II

Na letra ―a‖, Pedro de Sousa é o nome do advogado.

Na letra ―b‖, Pedro de Sousa é o nome do acadêmico.

Atividade III

Na letra A, nem todos os acadêmicos foram contaminados

pelo vírus H1N1, pois se trata de uma oração adjetiva restritiva;

assim, continuará havendo acadêmicos na Instituição de Ensino

Superior.

Na letra B, todos os acadêmicos foram contaminados pelo vírus

H1N1 e, por isso, todos serão encaminhados ao Cemetron, Es-

vaziando-se a Instituição de Ensino Superior, pois se trata de uma

oração adjetiva explicativa.

IV – 1. Sim, pois nem toda a gordura é retirada, permanecendo

apenas aquela que é benéfica à saúde.

2. Não, pois, no texto, diz-se ―...quase toda a gordura é reti-

rada...‖, mostrando que nem toda a gordura e benéfica à

saúde.

V – A conjunção mas indica adversidade, contrariedade. Isso

quer dizer que o SUS não presta um bom atendimento a

quem o procura.

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UNIDADE 3 - COERÊNCIA TEXTUAL

Ao final do estudo desta unidade o (a) acadêmico (a) deverá

ser capaz de:

Diferenciar um texto coerente do não coerente;

Entender a logicidade das ideias presentes no texto.

Coerência deve ser entendida como unidade do texto. Um

texto coerente é um conjunto harmônico, em que todas as partes

se encaixam de maneira complementar de modo que não haja

nada destoante, nada ilógico, nada contraditório, nada descone-

xo. No texto coerente, não há nenhuma parte que não esteja li-

gada com as demais.

ATIVIDADES

I – Explique por que nos trechos abaixo há falta de

coerência.

1) ―É realmente apropriado que nos reunamos aqui, hoje,

para homenagear Abraham Lincoln, o homem que nas-

ceu numa cabana que ele construiu com suas próprias

mãos.‖ (Político, em um discurso, homenageando Lin-

coln)

2) ―Damos cem por cento na primeira parte do jogo e, se

isso não for suficiente, na segunda parte, damos o res-

to.‖ (Yogi Berra, jogador norte-americano, famoso por

suas declarações esdrúxulas)

3) ―Nós não temos censura. O que temos é uma limitação

do que os jornais podem publicar.‖ (Louis Net, ex-vice-

ministro da Informação da África do Sul)

4) ―Cuidado! Tocar nestes fios provoca morte instantânea.

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Quem for flagrado fazendo isso será processado.‖ (Ta-

buleta numa estação ferroviária)

5) ―Este é um grande dia para a França!‖ (Presidente Ni-

xon, ao comparecer ao enterro de Charles De Gaulle)

II – A figura abaixo é uma tela e a tradução do que se encontra

nela escrito é ―Isto não é um cachimbo‖. O texto verbal (a fra-

se escrita) tem coerência com o que nos apresenta o texto

não-verbal (a figura)? Explique sua resposta.

_____________________________________________________

_____________________________________________________

_____________________________________________________

III – Com base no princípio da coerência textual, assinale apenas

uma alternativa nas questões abaixo, extraídas do ENADE.

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QUESTÃO 1

Leia o esquema abaixo.

Com base na análise das informações acima, uma campa-

nha publicitária contra a prática do conjunto de ações apresenta-

das no esquema poderia utilizar a seguinte chamada:

A) Indústria farmacêutica internacional, fora!

B) Mais respeito às comunidades indígenas!

C) Pagamento de royalties é suficiente!

D) Diga não à biopirataria, já!

E) Biodiversidade, um mau negócio?

QUESTÃO 2

Leia o gráfico, em que é mostrada a evolução do número

de trabalhadores de 10 a 14 anos, em algumas regiões metropoli-

tanas brasileiras, em dado período:

1 Coleta de plantas nativas, animais silvestres, microrganis-mos e fungos da floresta amazônica.

2 Saída da mercadoria do país, por portos e aeroportos, ca-muflada na bagagem de pessoas que se disfarçam de turis-tas, pesquisadores ou religiosos.

3 Venda dos produtos para laboratórios ou colecionadores que patenteiam as substâncias provenientes das plantas e dos animais.

4 Ausência de patente sobre esses recursos, o que deixa as comunidades indígenas e as populações tradicionais sem os benefícios dos royalties.

5 Prejuízo para o Brasil!

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43

http://www1.folha/uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u85799.shtml, acessado em 2 out. 2009. (Adapta-

do)

Leia a charge:

www.charges.com.br, acessado em 15 set. 2009.

Há relação entre o que é mostrado no gráfico e na

charge?

A) Não, pois a faixa etária acima dos 18 anos é aquela responsá-

vel pela disseminação da violência urbana nas grandes cida-

des brasileiras.

B) Não, pois o crescimento do número de crianças e adolescentes

que trabalham diminui o risco de sua exposição aos perigos da

rua.

C) Sim, pois ambos se associam ao mesmo contexto de proble-

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mas socioeconômicos e culturais vigentes no país.

D) Sim, pois o crescimento do trabalho infantil no Brasil faz cres-

cer o número de crianças envolvidas com o crime organizado.

E) Ambos abordam temas diferentes e não é possível se estabe-

lecer relação mesmo que indireta entre.

QUESTÃO 3

O escritor Machado de Assis (1839-1908) retratou na sua

obra de ficção as grandes transformações políticas que acontece-

ram no Brasil nas últimas décadas do século XIX. O fragmento do

romance Esaú e Jacó, a seguir transcrito, reflete o clima político-

social vivido naquela época.

Os personagens a seguir estão presentes no imaginário

brasileiro, como símbolos da Pátria.

I

Disponível em: http://www.morcegolivre.vet.br/tiradentes_lj.html

II

ERMAKOFF, George. Rio de Janeiro, 1840- 1900: Uma crônica fotográfica.

Rio de Janeiro: G. Ermakoff Casa Editorial, 2006. p.189.

III

ERMAKOFF, George. Rio de Janeiro, 1840-1900: Uma crônica fotográfica. Rio de Janeiro: G. Ermakoff Casa Editorial, 2006. p.38.

Podia ter sido mais turbulento. Conspiração houve, decerto,

mas uma barricada não faria mal. Seja como for, venceu-se a

campanha. (...) Deodoro é uma bela figura. (...)

Enquanto a cabeça de Paulo ia formulando essas idéias, a de

Pedro ia pensando o contrário; chamava o movimento um crime.

— Um crime e um disparate, além de ingratidão; o imperador

devia ter pegado os principais cabeças e mandá-los executar.

ASSIS, Machado de. Esaú e Jacó. In:_. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1979. v. 1, cap. LXVII (Fragmento).

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45

IV

LAGO, Pedro Corrêa do; BANDEIRA, Júlio. Debret e o Brasil: Obra Completa 1816-1831. Rio de Janeiro: Capiva-ra, 2007. p. 78.

V

LAGO, Pedro Corrêa do; BANDEIRA, Julio. Debret e o Brasil: Obra Completa 1816-1831. Rio de Janeiro:

Capivara, 2007. p. 93.

Das imagens acima, as figuras referidas no fragmento do

romance Esaú e Jacó são:

A) I e III

B) I e V

C) II e III

D) II e IV

E) II e V

QUESTÃO 4

Cidadezinha qualquer

Casas entre bananeiras

mulheres entre laranjeiras

pomar amor cantar.

Um homem vai devagar.

Um cachorro vai devagar.

Um burro vai devagar.

Devagar... as janelas olham.

Eta vida besta, meu Deus.

Cidadezinha cheia de graça...

Tão pequenina que até causa

dó!

Com seus burricos a pastar

na praça...

Sua igrejinha de uma torre

só...

Nuvens que venham, nuvens

e asas,

Não param nunca nem num

segundo...

E fica a torre, sobre as velhas

casas,

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Guia de Estudo - Língua Portuguesa II

46

ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poe-

sia. In: Poesia

completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002, p.

23.

Fica cismando como é vasto

o mundo!...

Eu que de longe venho per-

dido,

Sem pouso fixo (a triste sina!)

Ah, quem me dera ter lá nas-

cido!

Lá toda a vida poder morar!

Cidadezinha... Tão pequeni-

na

Que toda cabe num só

olhar...

QUINTANA, Mário. A rua dos cataventos. In:

Poesia completa. Org. Tânia

Franco Carvalhal. Rio de Janeiro: Nova

Aguilar, 2006, p. 107

Ao se escolher uma ilustração para esses poemas, qual

das obras abaixo estaria de acordo com o tema neles dominante?

Di Cavalcanti

(A)

Tarsila do

Amaral

(B)

Taunay

(C)

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Manezinho Araújo

(D)

Guignard

(E)

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48

UNIDADE 4 - COESÃO TEXTUAL

Ao final do estudo desta unidade o (a) acadêmico (a) deverá

ser capaz de:

Definir o que é coesão dentro do texto;

Entender os mecanismos de ligação das ideias de um texto;

Usar os elementos de coesão no texto.

Coesão é o nome que se dá à conexão interna entre os vá-

rios enunciados presentes no texto. Diz-se, assim, que um texto

tem coesão quando seus vários enunciados estão organicamente

articulados entre si, quando há ligação entre eles. As palavras ou

expressões que promovem as relações entre os vários enuncia-

dos de um texto são chamados de elementos de coesão ou

conectivos.

1. EMPREGO DOS PRONOMES DEMONSTRATIVOS

Os pronomes demonstrativos podem agir como conectivos

(ou elementos de coesão).

I) Quanto à posição do emissor (falante) e recep-

tor (ouvinte)

1) Este/esta/isto: referem-se a algo que está próximo do fa-

lante e longe do ouvinte.

Ex.: Pedro disse a Paulo:

-Esta camisa que estou vestindo é minha.

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49

2) Esse/essa/isso: referem-se a algo que está perto do ou-

vinte e longe do falante.

Ex.: Pedro disse a Paulo:

-Essa camisa que você está vestindo é sua.

3) Aquele/aquela/aquilo: referem-se a algo que está longe do

falante e do ouvinte.

Ex.: Pedro disse a Paulo:

-Aquela camisa que José está vestindo é dele.

II) Quanto à citação

1) Este/esta/isto: referem-se a algo que será citado, dito

(termos catafóricos ou antecipação de termos: pa-

lavras ou expressões que indicam que algo será ci-

tado, dito).

Ex.: Lavoisier afirmou isto: ―Na natureza, nada se

perde, nada se cria; tudo se transforma.‖

2) Esse/essa/isso: referem-se a algo que já foi citado, dito

(termos anafóricos ou retomada de termos: pala-

vras ou expressões que indicam que algo foi citado,

dito).

Ex.: ―Na natureza, nada se perde, nada se cria; tudo se

transforma‖ – Lavoisier afirmou isso.

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Guia de Estudo - Língua Portuguesa II

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III) Quanto à substituição de termos na oração

1) Este/esta/isto: referem-se ao termo mais próximo (o úl-

timo escrito e depois substituído na oração).

2) Aquele/aquela/aquilo: referem-se ao termo mais distan-

te (o primeiro escrito e depois substituído na oração).

Ex.: José e Renato, apesar de serem gêmeos, são

muito diferentes. Por exemplo, este é calmo,

aquele é explosivo.

3. OBSERVAÇÕES NECESSÁRIAS PARA O BOM

USO DOS ELEMENTOS DE COESÃO

Cuidado para não quebrar a coesão, como nos exemplos

abaixo.

O homem que tenta mostrar a todos que a corrida armamen-

tista que se trava entre as potências é uma loucura.

Ao dizer que todo o desejo de que os amigos viessem à sua

festa desaparecera, uma vez que seu pai se opusera à realização

dela.

Cuidado para não causar ambiguidade pelo mau uso do

elemento de coesão, como nos exemplos seguintes:

Exemplo A

O PT entrou em desacordo com o PMDB por causa de sua

proposta de aumento de salário.

Podemos corrigir o trecho acima de acordo com a mensa-

gem que desejamos transmitir:

1. A proposta de aumento de salário formulada pelo PT pro-

vocou desacordo com o PMDB.

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Guia de Estudo - Língua Portuguesa II

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2. A proposta de aumento de salário formulada pelo PMDB

provocou desacordo com o PT.

EXEMPLO B

Via ao longe a lua e a árvore florida, que tingia a paisagem

com suas variadas cores.

CORREÇÃO

1. Via ao longe a lua e a árvore florida; esta tingia a paisa-

gem com suas variadas cores.

2. Via ao longe a lua e árvore florida; aquela tingia a paisa-

gem com suas variadas cores.

ATIVIDADES

I – Nas questões de 1 a 4, apresentamos alguns segmentos de

discurso separados por ponto final. Retire o ponto final e es-

tabeleça entre eles o tipo de relação que lhe parecer compatí-

vel, usando, para isso, os elementos de coesão adequados.

1) O solo do Nordeste é muito seco e aparentemente árido.

Quando caem as chuvas, imediatamente brota a vegetação.

2) Uma seca desoladora assolou a região sul, principal celeiro

do país. Vai faltar alimento e os preços vão disparar.

3) Vai faltar alimento e os preços vão disparar. Uma seca de-

soladora assolou a região sul, principal celeiro do país.

4) O trânsito em Porto Velho ficou completamente paralisado

dia 15, das 14 às 18 horas. Fortíssimas chuvas inundaram a

cidade.

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Guia de Estudo - Língua Portuguesa II

52

II – As questões seguintes apresentam problemas de coesão por

causa do mau uso do conectivo, isto é, da palavra ou expres-

são que estabelece a conexão entre os enunciados. A palavra

ou expressão conectiva inadequada vem em destaque. Re-

escreva os trechos, substituindo a forma errada pela correta.

1) Em São Paulo, já não chove há mais de dois meses, ape-

sar de que já se pense em racionamento de água e

energia elétrica.

2) As pessoas caminham pelas ruas, despreocupadas, como

se não existisse perigo algum, mas o policial continua fol-

gadamente tomando o seu café no bar.

3) Talvez seja adiado o jogo entre Botafogo e São Paulo,

pois o estado do gramado do Maracanã não é dos piores.

4) Uma boa parte das crianças mora muito longe, vai à escola

com fome, onde ocorre o grande número de desistências.

III – É compreensível o conteúdo do período que se-

gue? Explique por quê.

Chegaram instruções repletas de recomendações para que

os participantes do congresso, que, por sinal, acabou não se rea-

lizando por causa de fortes chuvas, que inundaram a cidade e

paralisaram todos os meios de comunicação.

IV – Leia o texto abaixo e responda às questões pro-

postas sobre ele.

Uma leitura eficiente do texto pressupõe, entre outros cui-

dados, o de depreender as conexões estabelecidas pelos conec-

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tivos e anafóricos. O texto que segue traz bons exemplos desses

elementos.

Pulo do gato

O grande perigo do jornalista que começa é o de cair na

presunção sociológica. É claro que, tratando da sociedade, o jor-

nalismo é também um pouco de sociologia – mas a sociologia

deve ir para o lugar próprio, os artigos elaborados com mais tem-

po, os editoriais e tópicos e, bem digerida em texto fluido, a repor-

tagem.

Jornalismo é razão e emoção. O texto apenas racional é

frio, e só comunica aos que se encontrem diretamente interessa-

dos no assunto. O texto deve saber dosar emoção e razão, e é

nesse equilíbrio que está o chamado ―pulo do gato‖. Muitos jorna-

listas acreditam que o adjetivo emociona. Enganam-se. Quanto

mais despida uma frase, mais cortante o seu efeito.

―E amolou o machado, preparou um toco para servir de

cepo, chamou o menino, amarrou-lhe as mãos, fez-lhe um sinal

para que ficasse calado, e rachou o seu corpo em sete pedaços.

O menino P., de cinco anos, não era seu filho e F. descobrira isso

poucos minutos antes, quando discutia com a mulher.‖ Leads co-

mo esse são sempre possíveis na reportagem de polícia: não ne-

cessitam de adjetivos. As tragédias, como os cantores famosos,

dispensam apresentações.

(Mauro Santayana)

Nota: Lead é palavra inglesa, usada no jornalismo para indicar um pequeno

texto de apresentação de um texto maior.

1) Qual é o antecedente a que se refere o pronome relativo

que na linha 1?

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2) Na frase ―O grande perigo do jornalista que começa é o de

cair na presunção sociológica‖, o o em destaque é um

pronome demonstrativo. A que elemento do texto ele

se refere?

3) Na linha 11, a quem se refere o lhe que ocorre em ―amar-

rou-lhe as mãos‖ e ―fez-lhe um sinal‖?

4) Na linha 11, está dito: ―e rachou o seu corpo‖; na linha

12, afirma-se : ―não era seu filho‖. A que termos se refere

o pronome possessivo seu em cada caso?

5) Na linha 12, afirma-se ―F. descobrira isso poucos minutos

antes... ‖

a. O pronome isso faz referência a que elemento do texto?

b. O advérbio antes reporta a que tempo?

6) Em ―Leads como esse‖, linha 13, o pronome esse a que

se refere? Por que o autor usou esse e não este?

V – Com base no princípio da coesão textual, assinale apenas

uma alternativa nas questões seguintes, extraídas do

ENADE.

QUESTÃO 01

A urbanização no Brasil registrou marco histórico na déca-

da de 1970, quando o número de pessoas que viviam nas cidades

ultrapassou o número daquelas que viviam no campo. No início

deste século, em 2000, segundo dados do IBGE, mais de 80% da

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população brasileira já era urbana.

Considerando essas informações, estabeleça a rela-

ção entre as charges:

PORQUE

BARALDI, Márcio.

http://www.marciobaraldi.com.br/baraldi2/component/joomgallery/?func=detail&id=178. (Acessado

em 5 out. 2009)

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Com base nas informações dadas e na relação proposta

entre essas charges, é CORRETO afirmar que:

A) a primeira charge é falsa, e a segunda é verdadeira.

B) a primeira charge é verdadeira, e a segunda é falsa.

C) as duas charges são falsas.

D) as duas charges são verdadeiras, e a segunda explica a pri-

meira.

E) as duas charges são verdadeiras, mas a segunda não explica

a primeira.

QUESTÃO 02

O Ministério do Meio Ambiente, em junho de 2009, lançou

campanha para o consumo consciente de sacolas plásticas, que

já atingem, aproximadamente, o número alarmante de 12 bilhões

por ano no Brasil.

Veja o slogan dessa campanha:

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57

O possível êxito dessa campanha ocorrerá porque:

I. se cumpriu a meta de emissão zero de gás carbônico estabele-

cida pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente,

revertendo o atual quadro de elevação das médias térmicas glo-

bais.

II. deixaram de ser empregados, na confecção de sacolas plásti-

cas, materiais oxibiodegradáveis e os chamados bioplásticos

que, sob certas condições de luz e de calor, se fragmentam.

III. foram adotadas, por parcela da sociedade brasileira, ações

comprometidas com mudanças em seu modo de produção e de

consumo, atendendo aos objetivos preconizados pela sustenta-

bilidade.

IV. Houve redução tanto no quantitativo de sacolas plásticas des-

cartadas indiscriminadamente no ambiente, como também no

tempo de decomposição de resíduos acumulados em lixões e

aterros sanitários.

Estão CORRETAS somente as afirmativas:

A) I e II.

B) I e III.

C) II e III.

D) II e IV.

E) III e IV.

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UNIDADE 5 - COLOCAÇÃO DA IDADE NO PAPEL

Ao final do estudo dessa unidade o (a) acadêmico (a) deverá

ser capaz de:

Estabelecer diferenças entre tema e título;

Reconhecer as partes que compõem um texto escrito;

Produzir texto dissertativo/argumentativo.

A DISSERTAÇÃO: DIFERENÇA ENTRE TEMA E TÍ-

TULO

Agora você estudará a dissertação. Fazer uma dissertação

consiste em defender uma ideia. Para organizá-la, convém seguir

certas instruções que iremos fornecer--lhe agora. O primeiro pas-

so, antes de começar, é reconhecer a diferença entre um tema e

um título. O tema é um assunto sobre o qual você irá escrever, ou

seja, a ideia que irá ser defendida ao longo de sua composição.

Por outro lado, o título é a expressão, geralmente curta, colocada

no início do trabalho; ele é, na verdade, apenas uma vaga refe-

rência ao assunto que você abordará. Observe a diferença entre

eles nos exemplos abaixo:

TÍTULO

O jovem e a política

TEMA

Ultimamente, temos notado um enorme interesse da maio-

ria dos jovens em participar da vida política desta nação.

TÍTULO

A importância da Península Arábica

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TEMA

Entendemos que a comunidade internacional deva preocu-

par-se com os acontecimentos que envolvam a Península

Arábica, já que grande parte do petróleo que o mundo con-

some sai desta região.

TÍTULO

As contradições na era da comunicação

TEMA

Vivendo a era da comunicação, o homem contemporâneo

está cada vez mais só.

É evidente que, para cada um dos títulos, poderiam caber

inúmeros outros temas deferentes dos que foram apresentados.

Da mesma forma, para cada um dos temas também poderiam ser

criados outros títulos. Por exemplo: para o título O jovem e a po-

lítica poderíamos, caso, preferíssemos, estabelecer outro tema

bastante divergente do anterior, como: “Infelizmente constata-

mos que a maioria dos jovens não só não se interessa pela

vida política, mas também desconhece quase todo o meca-

nismo que conduz ao poder e que determina os rumos da

nação”.

A partir dos exemplos apresentados anteriormente, consta-

tamos que existem as seguintes diferenças entre tema e título:

TÍTULO

1. É uma referência vaga a um assunto.

2. É uma expressão mais curta que o tema.

3. Na maioria das vezes, não contém verbo.

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TEMA

1. É uma afirmação sobre determinado assunto, em que se

percebe uma tomada de posição.

2. É uma oração que apresenta um começo, meio e fim.

3. Por ser uma oração, deve apresentar ao menos um verbo.

O ESQUEMA BÁSICO DA DISSERTAÇÃO

Imagine que você queira dissertar sobre o seguinte tema:

TEMA: Chegando ao terceiro milênio, o homem ainda não

conseguiu resolver graves problemas que preocupam a to-

dos.

Sua primeira providência deve ser copiar este tema em uma

folha de rascunho e fazer a pergunta: POR QUÊ?

Ao iniciar sua reflexão sobre o tema proposto e sobre uma

possível resposta para a questão, procure recordar-se do que já

leu e ouviu a respeito dele. É quase certo que você tenha ao me-

nos uma noção acerca de qualquer tema que lhe vier a ser apre-

sentado.

O ideal, para que sua dissertação explore suficientemente o

assunto, é que você obtenha duas ou três ―respostas‖ para a

questão formulada: estas ―respostas‖ chamam-se argumen-

tos. Vejamos agora quais argumentos poderíamos encontrar pa-

ra este tema. Uma possibilidade é pensar que um dos sérios pro-

blemas que o homem não consegue resolver é o da miséria.

Assim, já teríamos o primeiro argumento:

1.

Existem populações imersas em completa miséria.

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Pensando um pouco mais nos problemas que enfrentamos,

poderíamos formular o segundo argumento:

2.

A paz é interrompida frequentemente por conflitos inter-

nacionais.

Refletindo um pouco mais sobre as questões que afligem a

humanidade, logo lembramos do desequilíbrio ecológico,

que pode ser nosso terceiro argumento:

1.

O meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequi-

líbrio ecológico.

Viu como foi fácil? Os argumentos selecionados são exausti-

vamente noticiados por qualquer meio de comunicação.

TEMA

Chegando ao terceiro milênio, o homem ainda

não conseguiu resolver graves problemas que preo-

cupam a todos.

POR QUÊ?

1. Existem populações imersas em completa miséria.

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2. A paz é interrompida frequentemente por conflitos in-

ternacionais.

3. O meio ambiente encontra-se ameaçado por sério de-

sequilíbrio ecológico.

Você pode encontrar outros argumentos além desses apre-

sentados que justifiquem a afirmação proposta pelo tema. A única

exigência é que eles se relacionem com o assunto sobre o qual

está escrevendo.

Uma vez estabelecido o tema e os três argumentos, você já

dispõe do necessário para, agora, na folha definitiva, começar a

redigir sua dissertação. Deverá constar de três partes fundamen-

tais: Introdução, Desenvolvimento e Conclusão.

Vamos agora redigir o primeiro parágrafo, ou seja, a Intro-

dução, baseando-nos no que foi exposto. Para compô-la, basta

que você copie o tema e a ele acrescente os três argumentos,

assim como aparecem no quadro acima. Veja como poderia ser:

Chegando ao terceiro milênio, o homem ainda não con-

seguiu resolver graves problemas que preocupam a todos,

pois existem populações imersas em completa miséria, a

paz é interrompida frequentemente por conflitos internacio-

nais e, além do mais, o meio ambiente encontra-se ameaça-

do por sério desequilíbrio ecológico.

Observe que, na Introdução, os argumentos são apenas

mencionados. Neste primeiro parágrafo, informamos o assunto

de que a dissertação vai tratar: cada argumento será convenien-

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temente desenvolvido nos parágrafos seguintes. Repare nas pa-

lavras, pois, e além do mais, colocadas neste texto para ligar

as diferentes partes da Introdução. São elas que reúnem o tema

aos argumentos: são conectivos ou elementos de coesão.

Depois de terminado o parágrafo da Introdução, você poderá

passar ao Desenvolvimento, explicando cada um dos argumen-

tos expostos acima.

Assim, no próximo parágrafo, escreva tudo o que souber so-

bre o fato de existirem populações miseráveis, que é nosso

primeiro argumento.

Embora o planeta disponha de riquezas incalculáveis -

estas, mal distribuídas, quer entre Estados, quer entre indi-

víduos - encontramos legiões de famintos em pontos especí-

ficos da Terra. Nos países de Terceiro Mundo, sobretudo em

certas regiões da África, vemos, com tristeza, a falência da

solidariedade humana e da colaboração entre as nações.

Como você pode perceber, convém, vez por outra, lançar

mão de certos exemplos para comprovar suas afirmações.

No parágrafo seguinte, desenvolve-se o segundo argu-

mento:

Além disso, nestas últimas décadas, temos assistido,

com certa preocupação, aos inúmeros conflitos internacio-

nais que se sucedem. Muitos trazem na memória a triste

lembrança das guerras do Vietnã e da Coreia, as quais pro-

vocaram grande extermínio. Em nossos dias, testemunha-

mos conflitos na antiga Iugoslávia, em alguns países mem-

bros da Comunidade dos Estados Independentes, sem falar

da Guerra do Golfo, que tanta apreensão nos causou.

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Note a expressão ―além disso”, no início do parágrafo,

que estabelece a ligação com o parágrafo anterior. Ela deve ser

colocada para evidenciar o fato de que os parágrafos se relacio-

nam entre si. Esse tipo de elemento de coesão recebe o nome de

elemento relacionador, pois relaciona parágrafos.

Falaremos agora do terceiro argumento:

Outra preocupação constante é o desequilíbrio ecológico,

provocado pela ambição desmedida de alguns, que promo-

vem desmatamentos desordenados e poluem as águas dos

rios. Tais atitudes contribuem para que o meio ambiente, em

virtude de tantas agressões, acabe por se transformar em

local inabitável.

Observe a expressão Outra preocupação constante, co-

locada no início desse parágrafo. Ela é o elemento de ligação

com o parágrafo anterior do Desenvolvimento (é, também, um

elemento relacionador). Estabelece a conexão entre os argu-

mentos apresentados.

Para que sua dissertação fique completa, falta apenas ela-

borar um último parágrafo que se denomina Conclusão. Para

isso, é preciso que analisemos suas partes constitutivas.

A Conclusão pode iniciar-se com uma expressão que re-

meta ao que foi dito nos parágrafos anteriores (expressão ini-

cial). A ela deve seguir-se uma reafirmação do tema pro-

posto no inicio da redação. No final do parágrafo, é interessante

colocar uma observação, fazendo um comentário sobre os

fatos mencionados ao longo da dissertação.

Com base nessa orientação, já podemos redigir o pará-

grafo final, ou seja, a Conclusão.

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expressão inicial

reafirmação do tema

Em virtude dos fatos mencionados, acredita-se

que o homem está muito longe de solucionar os

grandes problemas que afligem diretamente uma

grande parcela da humanidade e indiretamente a

qualquer pessoa consciente e solidária. Deseja-se

que algo seja feito no sentido de conter essas forças

ameaçadoras para que se possa suportar as adver-

sidades e construir um mundo que, por ser justo e

pacífico, será mais facilmente habitado pelas gera-

ções vindouras.

observação (comentário final)

OBSERVAÇÃO:

Caso você deseje, é possível que a conclusão seja forma-

da apenas pelo comentário final, dispensando o início, constituído

pela expressão inicial e reafirmação do tema; eles atuam apenas

como reforço, como ênfase ao problema abordado.

Agora, reunindo todos os parágrafos escritos, temos a disser-

tação completa, acrescida de um título:

Terra: uma preocupação constante

Chegando ao terceiro milênio, o homem ainda

não conseguiu resolver graves problemas que preo-

cupam a todos, pois existem populações imersas em

completa miséria, a paz é interrompida frequente-

mente por conflitos internacionais e, além do mais, o

meio ambiente encontra-se ameaçado por sério de-

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sequilíbrio ecológico.

Embora o planeta disponha de riquezas incalcu-

láveis - estas, mal distribuídas, quer entre Estados,

quer entre indivíduos - encontramos legiões de fa-

mintos em pontos específicos da Terra. Nos países

do Terceiro Mundo, sobretudo em certas regiões da

África, vemos, com tristeza, a falência da solidarie-

dade humana e da colaboração entre as nações.

Além disso, nestas últimas décadas, temos as-

sistido, com certa preocupação, aos números confli-

tos internacionais que se sucedem. Muitos trazem na

memória a triste lembrança das guerras do Vietnã e

da Coréia, as quais provocaram grande extermínio.

Em nossos dias, testemunhamos conflitos na antiga

Iugoslávia, em alguns países membros da Comunida-

de dos Estados Independentes, sem falar da Guerra

do Golfo, que tanta apreensão nos causou.

Outra preocupação constante é o desequilíbrio

ecológico, provocado pela ambição desmedida de al-

guns, que promovem desmatamentos desordenados e

poluem as águas dos rios. Tais atitudes contribuem

para que o meio ambiente, em virtude de tantas

agressões, acabe por se transformar em local inabi-

tável.

Em virtude dos fatos mencionados, acredita-se

que o homem está muito longe de solucionar os

grandes problemas que afligem diretamente uma

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67

grande parcela da humanidade e indiretamente a

qualquer pessoa consciente e solidária. Deseja-se

que algo seja feito no sentido de conter essas forças

ameaçadoras, para que se possa suportar as adver-

sidades e construir um mundo que, por ser justo e

pacífico, será mais facilmente habitado pelas gera-

ções vindouras.

Caso você deseje fazer uma dissertação um pouco menor,

basta usar dois argumentos em vez de três.

ATIVIDADES

QUESTÃO 01 (Extraída do ENADE - 2007)

Leia, com atenção, os textos a seguir.

JB Ecológico, nov. 2005.

Revista Veja. 12 out. 2005.

Amo as árvores, as pedras, os passarinhos. Acho medonho

que a gente esteja contribuindo para destruir essas coisas.

Quando uma árvore é cortada, ela renasce em outro lugar.

Quando eu morrer, quero ir para esse lugar, onde as árvo-

res vivem em paz.

JOBIM, Antônio Carlos. JB Ecológico. Ano 4, n.o

41, jun. 2005, p. 65.

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Desmatamento cai e tem baixa recorde

O governo brasileiro estima que cerca de 9.600 km2 da flo-

resta amazônica desapareceram entre agosto de 2006 e agosto

de 2007, uma área equivalente a cerca de 6,5 cidades de São

Paulo.

Se confirmada a estimativa, a partir de análise de imagens

no ano que vem, será o menor desmatamento registrado em um

ano desde o início do monitoramento, em 1998,representando

uma redução de cerca de 30% no índice registrado entre 2005 e

2006.

Com a redução do desmatamento entre 2004 e 2006, o Bra-

sil deixou de emitir 410 milhões de 2 toneladas de CO (gás do

efeito estufa). Também evitou o corte de 600 milhões de árvores e

a morte de 20 mil aves e 700 mil primatas. Essa emissão repre-

senta quase 15% da redução firmada pelos países desenvolvidos

para o período 2008-2012, no Protocolo de Kyoto.

O Brasil é um dos poucos países do mundo que tem a opor-

tunidade de implementar um plano que protege a biodiversidade

e, ao mesmo tempo, reduz muito rapidamente o processo de

aquecimento global.

SELIGMAN, Felipe. Folha de S. Paulo — Editoria

de Ciência, 11 ago. 2007 (Adaptado).

Soja ameaça a tendência de queda, diz ONG

Mesmo se dizendo otimista com a queda no desmatamento,

Paulo Moutinho, do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da

Amazônia), afirma que é preciso esperar a consolidação dessa

tendência em 2008 para a ―comemoração definitiva‖.

―Que caiu, caiu. Mas, com a recuperação nítida do preço das

commodities, como a soja, é preciso ver se essa queda acentua-

da vai continuar‖, disse o pesquisador à Folha.

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69

―O momento é de aprofundar o combate ao desmatamento‖,

disse Paulo Adário, coordenador de campanha do Greenpeace.

Só a queda dos preços e a ação da União não explicam o bom

resultado atual, diz Moutinho. ―Estados como Mato Grosso e

Amazonas estão fazendo esforços particulares e parece que a

ficha dos produtores caiu. O desmatamento, no médio prazo,

acaba encarecendo os produtos deles.‖

GERAQUE, Eduardo. Folha de S. Paulo. Edi-

toria de Ciência. 11 ago. 2007 (Adaptado).

A partir da leitura dos textos motivadores, redija uma propos-

ta, fundamentada em dois argumentos, sobre o seguinte

tema:

Em defesa do meio ambiente

Procure utilizar os conhecimentos adquiridos, ao longo de

sua formação, sobre o tema proposto.

Observações:

• Seu texto deve ser dissertativo-argumentativo (não deve, portan-

to, ser escrito em forma de poema ou de narração).

• A sua proposta deve estar apoiada em, pelo menos, dois argu-

mentos.

• O texto deve ter entre 8 e 12 linhas.

• O texto deve ser redigido na modalidade escrita padrão da lín-

gua portuguesa.

• Os textos motivadores não devem ser copiados.

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QUESTÃO 02

Escolha uma das propostas abaixo para redigir uma disser-

tação com, no mínimo, 20 e, no máximo, 25 linhas.

Proposta 1

A verdadeira muralha da China –: Internet − fonte de alie-

nação ou de articulação social?

(Fonte: http://blig.ig.com.br/diversaocombomhumor/files/2009/09/charge001.jpg - Acesso em:

04.06.2010)

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Proposta 2

Redija um texto dissertativo em que você discuta a apro-

ximação entre Brasil e Estados Unidos e o efeito disso para

os brasileiros.

Lula é provocado por Barack Obama após dar uma camisa

da Seleção.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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GUIMARÃES, Elisa, A Articulação do Texto. 8ª ed. Ática: São Paulo, 2001 (Série Princípios). HOLANDA FERREIRA, Aurélio Buarque de. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2ª ed. Vozes: Petrópolis / RJ, 1986. MARTINS, Dileta Silveira e ZILBERKNOP, Lúbia Scliar. Portu-guês Instrumental. 25ª ed. Atlas: São Paulo, 2004. MARTINS, Eduardo. O Estado de São Paulo: Manual de Reda-ção e Estilo. 3ª ed. Moderna: SP, 2004. TERRA, Ernane. Curso Prático de Gramática. 5ª ed. Scipione: São Paulo, 2007. www.inep.gov.br/superior/enade/defaut.asp