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GUIA DE ESTUDOS AGNU (2017) A coalizão para o Oriente Médio e o Direito Humanitário Matheus de Abreu Costa Souza Diretor Daysi Tatiana Honores Diretora Assistente Guilherme Messias Diretor Assistente Pedro Aluízio Resende Leão Diretor Assistente

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GUIA DE ESTUDOS

AGNU (2017) A coalizão para o Oriente Médio e o Direito Humanitário Matheus de Abreu Costa Souza Diretor Daysi Tatiana Honores Diretora Assistente Guilherme Messias Diretor Assistente Pedro Aluízio Resende Leão Diretor Assistente

“A finalidade primordial do direito internacional

humanitário é tentar fazer ouvir a voz da razão

em situações em que as armas obscurecem a

consciência dos homens, e lembrar-lhes de que

um ser humano, inclusive inimigo, continua

sendo uma pessoa digna de respeito e de

compaixão.” (Christophe Swinarski)

SUMÁRIO 1 APRESENTAÇÃO DA EQUIPE ......................................................................................... 2 2 APRESENTAÇÃO DO TEMA ............................................................................................ 4 2.1. A evolução histórica do Direito Internacional Humanitário ..................................... 4 2.1.2. Princípios do Direito Internacional Humanitário .................................................... 8 2.2. Direito Humanitário versus Direitos Humanos .......................................................... 9 2.3. A Situação dos países no Oriente Médio .................................................................. 11 2.3.1. A atual situação do Iraque ....................................................................................... 12 2.3.2. A atual situação da Síria........................................................................................... 15 2.4. O combate ao terrorismo ............................................................................................ 17 2.4.1. A coalizão internacional no Oriente Médio ............................................................ 18 3 APRESENTAÇÃO DA ASSEMBLEIA GERAL ................................................................ 21 3.1. A Assembleia Geral e o Direito Humanitário ............................................................ 23 4 POSICIONAMENTO DOS PRINCIPAIS ATORES ........................................................... 24 4.1. Estados Unidos da América (EUA) ............................................................................ 24 4.2. Rússia ........................................................................................................................... 24 4.3. França ........................................................................................................................... 25 5 QUESTÕES RELEVANTES PARA A DISCUSSÃO ........................................................ 25 Referências ......................................................................................................................... 26 TABELA DE DEMANDAS DAS REPRESENTAÇÕES ....................................................... 31

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1 APRESENTAÇÃO DA EQUIPE

A mesa diretora do comitê Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) 2017

contará com a presença de um diretor geral e três diretores assistentes, que igualmente

auxiliaram no processo de formulação do tema do comitê e também deste guia. Assim, é

com enorme prazer que nos apresentamos aos senhores a seguir.

Olá, delegados! É com enorme prazer que me apresento como Diretor deste comitê.

Meu nome é Matheus de Abreu Costa Souza e atualmente estou no oitavo - e último -

período da graduação em Relações Internacionais na Pontifícia Universidade Católica de

Minas Gerais (PUC-MG), instituição que abriu portas para o meu desenvolvimento

acadêmico, pessoal e profissional. Dentre as inúmeras oportunidades que esta universidade

disponibilizou a nós alunos do curso de Relações Internacionais, uma delas foi a chance de

participar do Modelo Intercolegial das Nações Unidas (MINIONU) pela primeira vez em

2014, ano em que fui voluntário do comitê Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU)

2020 sobre Mídia e Terrorismo. Apaixonei-me pelo projeto e busquei novas oportunidades

na 16ª edição, em que desempenhei o cargo de Diretor Assistente no comitê AGNU (2030)

sobre a Situação dos Curdos. Ao fim da edição passada, senti a sensação de que cada

minuto de trabalho foram extremamente recompensantes, já que percebi o impacto e a

importância do MINIONU no processo de formação dos delegados como indivíduos capazes

de analisar os acontecimentos ao redor do globo com uma visão crítica. Por acreditar que

ainda tenho capacidade de promover impacto à vocês, me candidatei a Diretor de Comitê

para esta edição do MINIONU, com o objetivo de propagar valores fundamentais que hoje

faltam a parte da sociedade internacional. Dentre esses valores, acredito que os mais

importantes sejam o diálogo, a retórica e, principalmente, a maior humanização da

sociedade, sendo que estes três pontos influenciaram fortemente na confecção deste

projeto. Espero despertar em vocês a mesma vontade e necessidade que tenho em discutir

um tema que hoje é ignorado por parte dos países, que é o Direito Humanitário em zonas

conflituosas. Estou muito ansioso para o início das discussões e espero que os senhores

(as) também estejam! Grande abraço e até Outubro!

Olá, delegados! Meu nome é Daysi Meléndez Honores e sou a Diretora Assistente do

comitê AGNU 2017 no 17º MINIONU. Eu sou peruana e atualmente curso o terceiro período

de Relações Internacionais na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Na edição

passada do MINIONU tive a oportunidade de participar como voluntária no comitê da

Organização Mundial do Comercio (OMC) 2015 - Rodada de Desenvolvimento de Doha. Foi

uma experiência enriquecedora, cheia de aprendizagem e de convivência inesquecível. Será

um prazer contribuir com o projeto deste ano o qual permitirá ampliar nossos conhecimentos

3

e crescer ainda mais. Desse modo, espero que todos desfrutem e aproveitem ao máximo as

oportunidades proporcionadas pelo projeto que só tem a agregar a nossas vidas.

Senhores delegados, muito prazer! Meu nome é Guilherme Messias Junglaus, tenho

19 anos e sou estudante do quarto período de Relações Internacionais na PUC-Minas. Sou

do interior do Mato Grosso e me mudei para Belo Horizonte no início de 2015 para dar inicio

à graduação. Ano passado tive a oportunidade de ser Voluntário no 16° MINIONU. Esta foi a

minha primeira vez participando em um modelo de simulações das Nações Unidas como

voluntário do comitê do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) e

discutimos a questão dos apátridas, sendo esta uma experiência foi enriquecedora. Em

2016 serei um dos três Diretores Assistentes da AGNU 2017, e estou ansioso para aprender

mais sobre o tema do comitê e poder compartilhar tudo com vocês, senhores delegados.

Estou certo de que será um belo ano, e que o evento em outubro será muito rico.

Sou Pedro Aluízio Resende Leão, Diretor Assistente da AGNU 2017; 17° MINIONU.

Sou graduando em Relações Internacionais pela PUC Minas, onde curso o quarto período.

Integro-me a uma rede interinstitucional de pesquisa, junto ao Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com o tema "Religião e Relações

Internacionais". Fui voluntário do 16° MINIONU, na AGNU 2011, com o tema: 'Felicidade:

uma abordagem holística para o desenvolvimento'. Uma oportunidade extraordinária, a

vivência no último MINIONU me proporcionou experiência operacional e instrumental para

exercer minha nova função junto à equipe deste ano. Espero dar minha contribuição para o

sucesso do comitê e presto minha disponibilidade para atender a quaisquer demandas dos

delegados. Bem vindos ao MINIONU, bem vindos à Assembleia Geral das Nações Unidas

2017.

Todos nós, membros desta equipe, recomendamos que os senhores fiquem atentos

às nossas mídias sociais. Estamos presentes com uma página no facebook e um blog, e,

nestas mídias, compartilharemos diversas informações com os senhores acerca do tema do

comitê. Então, é necessário que todos os delegados visitem estas duas páginas com

frequência até outubro, pois muito conteúdo ainda será discutido por nós para que a

simulação ocorra da melhor forma nos dias do MINIONU. Aguardamos todos vocês!

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2. APRESENTAÇÃO DO TEMA

Ao longo do ano de 2014, uma coalizão internacional foi formada para combate ao

terrorismo no Oriente Médio, em especial ao grupo Estado Islâmico do Iraque e do Levante

(ISIS). Faz-se necessário, portanto, reunir as nações no seio da AGNU para discutir os

desdobramentos acerca da atuação desta coalizão na região. Neste sentido, o tema deste

comitê perpassa sobre questões relativas à atuação da coalizão no Oriente Médio, às

convenções de guerra, o combate ao terrorismo contemporâneo e a respectiva proteção dos

Direitos Humanos das sociedades inseridas em zonas de conflito. Estes tópicos serão

discutidos no decorrer deste Guia de Estudos para que a compreensão da temática seja

facilitada.

Assim, a primeira parte desta seção terá como objetivo abordar o surgimento e as

características do Direito Internacional Humanitário atual, discutindo, de forma conceitual, a

questão. Após aplicados os principais conceitos e ter elucidado sobre as principais questões

sobre o Direito Humanitário Internacional, iremos tratar da atual situação do Iraque e da

Síria tendo em vista os problemas domésticos destes países, bem como a atuação da

coalizão internacional, que, no comitê, deverá ser analisada tendo em vista os princípios e

as principais regulamentações postas pelo Direito Internacional Humanitário.

2.1. O Direito Internacional Humanitário

Para compreender o processo de consolidação do Direito Internacional Humanitário

(DIH), é necessário recorrer à história para identificar os efeitos das grandes guerras na vida

de civis militares, que fizeram com que os Estados repensassem a legitimidade de seus atos

em tempos de conflito. Até grande parte do século XIX, as guerras não eram

regulamentadas, muito em função da ausência de um fórum de discussão multilateral, e

produziam efeitos devastadores, como a morte de milhões de indivíduos, que nem sempre

tinham envolvimento direto com a guerra, como, por exemplo, a sociedade civil.

(CARVALHO e HAMANN-NIELEBOCK, 2008).

Os desdobramentos das grandes guerras, em especial o alto número de mortos

entre civis e combatentes, influenciaram os Estados a discutirem, por meio de Convenções,

medidas para minimizar os efeitos dos conflitos armados. Tratados foram estabelecidos em

prol deste objetivo, sendo que três momentos marcaram a história por demonstrem avanços

no que tange o estabelecimento do Direito Internacional Humanitário: i) Convenção de

Genebra em 1864; ii) Conferências de Paz de Haia entre 1899-1907; iii) Quatro Convenções

de Genebra, em 1949. (CARVALHO e HAMANN-NIELEBOCK, 2008).

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A primeira Convenção de Genebra, de 1864, teve grande influência de Jean-Henri

Dunant1, que relatou o embate entre austríacos e franceses em uma região italiana,

conhecido como Batalha de Solferino (1859), em seu livro “Memórias de Solferino”. Ao longo

da obra, Dunant relatou a situação no qual se encontrava os soldados no norte da península

italiana, como podemos perceber na passagem:

O sol do dia 25 de junho de 1859 iluminou um dos espetáculos mais horríveis que se possam imaginar. O campo de batalha está coberto de corpos de homens e cavalos; as estradas, os fossos, as ravinas, o mato, o prado estão semeados de cadáveres (...). Os infelizes feridos recolhidos durante todo o dia estão pálidos, lívidos e enfraquecidos. Uns, especialmente os que foram seriamente mutilados, têm um olhar ausente e parecem não compreender o que se lhes diz (...). Outros estão inquietos e agitados por um abalo nervoso e tremem convulsivamente. Outros ainda, com chagas abertas onde a infecção já começou a desenvolver-se, estão doidos de dor. Pedem que se acabe com eles e, de rostos contraídos, torcem-se nos últimos esgares da agonia. (DUNANT, 1862 apud BOUVIER, 2011, p. 5).

O livro de Dunant espalhou-se rapidamente, ganhando a atenção de grande parte da

população alfabetizada europeia. Embora a Batalha de Solferino não fosse o maior conflito

armado presenciado pelo continente, o momento em que Dunant publicou sua obra foi

oportuno para alavancar uma discussão sobre a necessidade de um pronto atendimento aos

combatentes feridos em conflitos. Neste sentido, convocaram-se grandes líderes para

discussão sobre o tema, sendo esta a grande influência de Dunant para o desenvolvimento

do Direito Internacional Humanitário. A Convenção de Genebra2 contou com a presença de

doze líderes europeus e surgiu justamente para versar sobre uma maior humanização das

guerras e estabeleceu regras que visavam pensar mais nos indivíduos envolvidos em

conflitos, em especial os combatentes. As regras estabelecidas nos 10 artigos da

Convenção foram aderidas de maneira voluntária pelos Estados, demonstrando significativo

avanço na priorização dos indivíduos. (BOUVIER, 2011).

Os dez artigos da Convenção de Genebra foram escritos após dez dias de reuniões,

em que se estabeleceu a necessidade de proteger “militares feridos, doentes e náufragos;

prisioneiros de guerra, civis em territórios ocupados; toda população civil.” (BOUVIER, 2011,

p. 9). O documento, produto da Convenção, assinado pelos países em 1864, é um marco na

história do Direito Internacional Humanitário no plano internacional, na medida em que

1 Jean-Henry Dunant (1828-1910) foi um filantropo suíço e o co-fundador da Cruz Vermelha Internacional - que, em um primeiro momento, foi nomeada de “Comitê Internacional de Pronto Atendimento a Soldados Feridos” - organização de grande relevância atual no que tange a assistência humanitária em zonas de conflito. (ALTMAN, 2012; BOUVIER, 2011).

2 Resumo das Convenções de Genebra e seus protocolos adicionais disponibilizados pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha: https://www.icrc.org/por/assets/files/publications/0368.007_resumo-das-conven%C3%A7%C3%B5es.pdf

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vincula os Estados e estabelece direitos das populações envolvidas em conflitos

específicos. (COMPARATO, 2003).

Outro avanço no campo do Direito Internacional Humanitário foram as Conferências

da Paz de Haia (1988-1907). O mundo, no período, tendia a uma maior humanização e

racionalização dos atos de guerra, conforme estabelecido em Genebra em 1864, e, assim,

os indivíduos deveriam ser protegidos para minimizar os reflexos dos combates. Os

Estados, preocupados com os crescentes avanços tecnológicos no campo bélico, reuniram-

se para discutir um cenário futuro em que as armas derivadas do avanço tecnológico, em

especial dos países europeus e dos Estados Unidos da América (EUA), poderiam

comprometer a segurança e os direitos previstos no acordo de Genebra, caso emergisse

uma guerra. (LAFER, s\d).

A Primeira Conferência de Haia3 (1889), compostas por vinte e seis países, sendo

vinte europeus, quatro asiáticos e dois americanos, surge como forma de tentar cessar a

corrida armamentista em que os Estados se encontravam. Neste sentido, a Conferência

vinculou os Estados a outras três convenções4 e teve como objetivo limitar as armas que

poderiam ser usadas em um conflito armado, estabelecendo a proibição de alguns artefatos,

como, por exemplo:

i) proibição de lançamento de projéteis e explosivos, dos balões ou por outros novos meios semelhantes; ii) proibição do emprego de projéteis que tivessem por fim único espalhar gases asfixiantes ou deletérios e; iii) proibição do emprego de balas que se dilatam ou se achatam facilmente dentro do corpo humano (balas dum-dum). (LAFER, s/d, p. 4).

A Segunda Conferência de Haia (1907) contou com a presença dos vinte e seis

países que estavam na primeira reunião, mas adicionou também outros dezenove Estados,

sendo um europeu e dezoito países da América. O maior número de delegações em Haia

tinha como objetivo ampliar a universalidade dos acordos traçados no que tange as regras

de combate e de proteção dos indivíduos inseridos em zonas conflituosas, visto que os

países europeus entendiam que era necessário difundir a importância do tema. O resultado

final vinculou os Estados à treze convenções5, sendo que as três da Primeira Conferência

3 Para mais informações: https://www.hcch.net/en/home

4 As três convenções que vincularam os Estados em 1889 foram: “(1) Convenção para a solução pacífica de conflitos internacionais; (2) Convenção concernente às leis e usos da guerra terrestre; (3) Convenção para a aplicação à guerra marítima dos princípios da Convenção de Genebra de 22 de agosto de 1864.” (LAFER, sd, p. 4).

5As treze convenções que vincularam os Estados em 1907 foram: “(1) Convenção para a solução pacífica de conflitos internacionais; (2) Convenção relativa à limitação do emprego da força para a cobrança de dívidas contratuais; (3) Convenção relativa ao início das hostilidades; (4) Convenção relativa às leis e usos de guerra terrestre; (5) Convenção concernente aos direitos das potências e das pessoas neutras em caso de guerra terrestre; (6) Convenção relativa ao regime dos navios mercantes inimigos no início das hostilidades; (7) Convenção relativa à transformação dos navios

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tiveram seu escopo ampliado. O objetivo das convenções estabelecidas era de instigar a

solução pacífica de conflitos e controvérsias, estabelecendo regras para a utilização da

violência em casos de conflitos armados. (LAFER, s/d; LAIDLER, 2011).

As Conferências de Haia demonstraram significativo avanço na questão do Direito

Humanitário e também do direito internacional de forma geral, na medida em que

estabeleceu convenções que convergiam para a maior proteção do indivíduo e menor

incitação do uso da violência por parte dos Estados. O documento final do encontro foi

extremamente significativo, mas não foi respeitado na primeira metade do século XX, em

especial na I Guerra Mundial e na II Guerra Mundial, período de maior caos e

descumprimento das normas institucionalizadas acerca do Direito Internacional Humanitário.

Embora tenha ocorrido descumprimento por parte de seus signatários, os documentos

estabelecidos foram de extrema importância na segunda metade do século, em que os

Estados se reuniram em Genebra no ano de 1949. Neste contexto pós II Guerra, discutiu-se

os rumos da segurança internacional, com o objetivo de regular as ações da Guerra e

estabelecer maiores vínculos entre os Estados na medida em que as cláusulas das

convenções anteriores também seriam complementadas para aumentar os mecanismos de

proteção do Direito Internacional Humanitário. (LAIDLER, 2011).

O documento final escrito em Genebra em 1949 utiliza das convenções

anteriormente citados, ficando conhecido como Convenções de Genebra, que contavam

também com protocolos adicionais, de 1977. Todas as cláusulas dos tratados buscam

favorecer - ou ao menos diminuir danos - os indivíduos inseridos em situações desastrosas

de conflitos, sejam eles internos ou internacionais, interestatais ou entre grupos, ou guerras.

(CHEREM, 2002).

O Direito Internacional Humanitário, pensado sob a ótica do arcabouço normativo até

hoje produzido no plano externo aos Estados, pode ser definido como um

[...] conjunto de normas internacionais, de origem convencional ou consuetudinária, especificamente destinado a ser aplicado nos conflitos armados, internacionais ou não-internacionais, e que limita, por razões humanitárias, o direito das Partes em conflito de escolher livremente os métodos e os meios utilizados na guerra, ou que protege as pessoas e os bens afetados, ou que possam ser afetados pelo conflito. (SWINARSKI, 1996, p. 9).

mercantes em navios de guerra; (8) Convenção relativa à colocação de minas submarinas automáticas, de contato; (9) Convenção relativa ao bombardeio por forças navais em tempo de guerra; (10) Convenção para a adaptação à guerra marítima dos princípios da Convenção de Genebra; (11) Convenção relativa a certas restrições ao exercício do direito de captura na guerra marítima; (12) Convenção relativa ao estabelecimento de um Tribunal Internacional de presas; (13) Convenção concernente aos direitos e deveres das potências neutras em caso de guerra marítima.” (LAFER, sd, p. 6). Para mais informações: http://funag.gov.br/loja/download/II-conferencia-da-paz-daia-1907.pdf

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Adicional à visão de Direito Internacional Humanitário de Swinarski (1996), também

se pode pensar o DIH com a definição do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV),

que propõe a seguinte definição: “[...] um conjunto de normas que procura limitar os efeitos

de conflitos armados. Protege as pessoas que não participam ou que deixaram de participar

nas hostilidades, e restringe os meios e métodos de combate.” (O QUE É..., 1998, s\p).

Partindo destas duas definições aqui apresentadas, é possível identificar duas principais

bifurcações do Direito Internacional Humanitário: i) Direito de Genebra; ii) Direito de Haia.

(BIERRENBACH, 2011).

O Direito de Genebra tem como objetivo a proteção dos militares que participaram de

combates e ficaram marcados - fisicamente ou psicologicamente - pelo embate, as pessoas

que não participam diretamente nas hostilidades, ou seja, a população civil. Já a vertente do

Direito da Haia, é responsável por regulamentar os atos de guerra, estabelecendo limites

para a atuação das partes beligerantes enquanto estiverem atuando militarmente em

determinada região. Embora haja esta diferenciação, ambas as vertentes estão incluídas no

mesmo contexto e são regidas pelos mesmos princípios norteadores do Direito Internacional

Humanitário. (BIERRENBACH, 2011).

2.1.2. Os princípios do Direito Internacional Humanitário

Os princípios do DIH determinam as regras mínimas que, na condução das

hostilidades, tem que garantir as partes em conflito com o fim de proteger as pessoas que

não participam ou tem deixado de participar nas hostilidades, assim como seus bens e

limitar o uso dos métodos e meios de fazer a guerra. De maneira prática podemos dizer que

os princípios do DIH se encontram compilados nos 5 seguintes princípios básicos.

O primeiro princípio é o Princípio da Distinção, que tem por finalidade a proteção da

pessoa humana em meio das hostilidades ao exigir que "as pessoas postas fora do combate

e as que não participam diretamente das hostilidades serão representadas, protegidas e

tratadas com humanidade". (PICTET, 1986, p. 75). Com este princípio, as partes em conflito

têm a obrigação de focar sua ação armada na neutralização do seu adversário, debilitando

seu potencial bélico com o mínimo de perdas entre os combatentes e de preferência

nenhuma perda entre a população civil. Portanto, exige-se que as partes em conflito sejam

distinguidas entre: população civil e participantes diretos nas hostilidades, e bens civis e

objetivos militares.

O segundo princípio é o Princípio de Proteção, no qual todas as partes em conflito

tem a obrigação de respeitar e proteger do perigo das hostilidades e brindar um trato

humano. Este princípio refere-se à: pessoas civis e população civil; feridos, doentes e

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náufragos, tenham ou não tomado parte nas hostilidades; pessoas privadas da liberdade e

pessoas em poder de uma das partes em conflito; pessoal religioso e quem exercem a

missão médica; membros das organizações humanitárias e de socorro. (CRUZ VERMELHA

COLOMBIA, s/d).

O terceiro princípio é o Princípio de proporcionalidade, que procura um equilíbrio

entre as ações de tipo militar que ofereçam uma vantagem concreta e direta sobre o

adversário e a proteção geral e especial da população e os bens de caráter civil. Este

princípio se baseia na obrigação de medir a necessidade do ataque com o fim de debilitar o

adversário, em relação com o dano que pode causar, a fim de que não haja danos

excessivos embora o objetivo militar seja de ilícito. (CRUZ VERMELHA COLOMBIA, s/d).

O quarto princípio é o Princípio da limitação, onde o direito das partes em conflito a

escolher os métodos e meios de guerra não é ilimitado. É importante salientar que até a

guerra tem seus limites. Assim, o DIH proíbe, em todo momento e lugar, utilizar métodos

(táticas e estratégias) e meios (armas) que causem danos excessivos e sofrimentos

desnecessários a pessoas e bens públicos, ou que possam afetar indiscriminadamente os

civis. Um exemplo de método proibido é a utilização de civis como escudos humanos para

proteger objetos militares contra os ataques ou a localização de tropas e/ou armas perto da

população civil. No caso de uso proibido de técnicas, como as armas biológicas ou gases

asfixiantes. (CRUZ VERMELHA COLOMBIA, s/d).

Por último, o Princípio da Precaução, que se baseia na necessidade de que os

ataques sejam realizados com um cuidado constante de preservar e proteger as pessoas e

a infraestrutura disponível aos civis. Assim a aplicação de este princípio se dá partindo de

dois âmbitos essenciais: por um lado, as precauções no ataque: as partes no conflito

deverão tomar todas as precauções factíveis na escolha dos métodos e os meios de guerra,

a fim de proteger a população civil. Por outro lado, as precauções contra os efeitos dos

ataques. As partes em conflito evitarão localizar tropas e armas perto ou em meio da

população civil. Além disso, é função dos países em afastar das civis de áreas de conflito,

bem como proteger os bens comuns, que não podem ser alvo de ataques militares das

partes envolvidas. (CRUZ VERMELHA COLOMBIA, s/d).

2.2. Direito Humanitário versus Direitos Humanos

Apesar de terem siglas e nomenclaturas similares, a diferenciação dos conceitos de

Direito Internacional dos Direitos Humanos (DIDH) e Direito Internacional Humanitário (DIH)

é de extrema importância para o correto entendimento dos acontecimentos da política

internacional e para aplicação coerente de medidas para a solução de conflitos e

10

transgressões aos direitos naturais do ser humano. O princípio norteador de ambos os

direitos é o mesmo: a defesa da vida, da dignidade e do bem estar da pessoa física e dos

direitos da pessoa jurídica. Entretanto, a diferenciação entre Direitos Humanos e o Direito

Humanitário está na especificidade da abordagem e no momento em que são evocadas

cada concepção. (CICV, 2004).

Em 1948 foi proclamada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que é o

reconhecimento geral e progressivo dos direitos inalienáveis da pessoa humana, não se

distinguindo raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de qualquer outra espécie,

nacionalidade, origem, propriedade, ou demais status social. Nesta declaração, constam os

direitos que homem, em qualquer época (de paz ou de guerra), pode esperar do Estado e

aponta ao Estado a obrigação de zelar pelos direitos naturais, econômicos, sociais e

políticos de seus cidadãos. (UNITED NATIONS, s/db.).

A DUDH tem como objetivo ser o suporte jurídico - normativo geral para a população

global e amparo legal no gozo dos direitos básicos da pessoa humana e dos grupos étnicos.

Tal é a generalidade e amplitude destes direitos, que foram realizadas convenções

internacionais para o seu detalhamento, complementação e sistematização, como as

Convenções relativas ao Genocídio (1948), à Discriminação Racial (1965) e Discriminação

contra a Mulher (1979). (UNITED NATIONS, s/da).

O Direito Humanitário é, entretanto, específico à regulamentação e proteção dos

direitos individuais em épocas de conflito armado internacional ou não internacional. É

concepção básica deste direito defender as garantias pessoais de saúde, dignidade,

comunicação e humanidade de todos os envolvidos no conflito (sejam militares ou civis):

feridos e enfermos de campanhas militares, náufragos, prisioneiros de guerra, deslocados e

refugiados, apátridas, mulheres, crianças, jornalistas e demais integrantes da sociedade

civil. (HELFER, 2015; UNITED NATIONS, s/db).

O DIH tem suas origens nas quatro Convenções de Genebra de 1949 e seus

protocolos adicionais são fundamentais para traçar distinções e limites dentro de um conflito

altamente destrutivo. É o Direito Humanitário que discerne quais alvos podem ou não ser

atacados ou quais pessoas são ou não combatentes (salvando-se os civis e militares

incapacitados). É o Direito Humanitário que prevê assistência social, alimentícia,

habitacional, sanitária, preserva a comunicação com presos políticos, garante a educação

em lugares conflituosos e demais assistências a direitos elementares. Além disso, ainda

protegem a atuação de organizações como a Cruz Vermelha e o Crescente Vermelho, que

trabalham na defesa e nos cuidados médicos e todos dos envolvidos no conflito, sem fazer a

distinção de lado combatente. (CICV, 2014; UNITED NATIONS, 2016).

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Em resumo, o Direito Humanitário existe para efetivar normas da guerra, de forma a

existir o mínimo reconhecimento mútuo de em conflitos armados. Consta nas convenções

de Genebra (1949), descumprimento destas normas é considerado crime de guerra, sendo

julgado pela Corte Penal Internacional e pelo Tribunal de Haia. (CICV, 2014).

Os Direitos Humanos e o Direito Humanitário têm uma semelhança significativa entre

si no que concerne à preservação dos direitos básicos individuais e da dignidade humana,

mas são distintos em sua profundidade e aplicação. Traçar esta diferenciação e entender a

proposta do Direito Humanitário é circunstancial para minimizar os efeitos colaterais da

guerra e manter o mínimo de humanidade mesmo em tempos de violência. (CICV, 2014).

2.3. A situação dos países no Oriente Médio

Com o advento dos ataques terroristas6 encabeçados pela Al-Qaeda aos Estados

Unidos da América (EUA) em 11 de Setembro de 2001, país com grande capacidade

econômica e militar da época, o mundo se viu diante de uma ameaça que antes se

manifestava localmente. Os ataques chocaram o mundo ocidental ao demonstrar enorme

capacidade de penetração dos terroristas, colocando em xeque a segurança coletiva

internacional. (WELLAUSEN, 2002).

Previamente e posteriormente aos atentados, grupos - insurgentes ou terroristas

transnacionais - se desenvolveram no território de alguns Estados em que foram

recentemente criados, como, por exemplo, a Al-Qaeda no Afeganistão. Além do

desenvolvimento destes grupos, passou-se a discutir a legitimidade em governar de alguns

líderes autoritários em certos Estados, como o governo repressivo de Saddam Hussein no

Iraque. Assim, difundiu-se a ideia, através de discursos de governantes e também através

da mídia, de que os Estados incipientes e instáveis seriam berços para o desenvolvimento

da atividade terrorista. A percepção do ocidente de que os grupos terroristas estavam

relacionados ao mundo muçulmano fez com que países como os EUA encabeçassem um

processo de intervenções militares em alguns Estados. (BROTAS, 2005; GOMES, REIS E

ESPÍNDOLA, 2014; SILVA, 2013).

Com o advento dos ataques de 11 de Setembro, intensificou o número de

intervenções feitas por coalizões militares, geralmente comandadas pelos Estados Unidos,

de acordo com os dados de Elvery (2014), no Oriente Médio. Essas intervenções alteram a

ordem regional na medida em que, historicamente, enfraquecem os Estados receptores de

tais intervenções, como será exemplifico no caso do Iraque abaixo.

6 Membros do grupo terrorista Al-Qaeda atacaram, quase que simultaneamente, a base do Pentágono - sede do Departamento de Defesa dos EUA - e o edifício World Trade Center. Estes ataques ocasionaram a morte de 2.819 pessoas. (WELLAUSEN, 2002).

12

2.3.1. A atual situação do Iraque

A relação conflituosa entre Estados Unidos e Iraque precede os acontecimentos de

11 de Setembro. Para compreender a situação atual do país, é preciso versar sobre as duas

intervenções realizadas no país, ambas lideradas pelos estadunidenses, sendo a primeira

em 1990, instituindo a Primeira Guerra do Golfo e a segunda em 2003, em que se

estabeleceu a “Operação Liberdade Iraquiana”. Conforme afirma Zahreddine e Teixeira

(2015), a Primeira Guerra do Golfo

[...] é fundamental para compreender a ordem regional do Oriente Médio na era pós-Guerra Fria, pois seus resultados geram mudanças importantes nas relações internacionais da região. Até então, o papel iraquiano como nova liderança do mundo árabe [...] será transformado, em função dos resultados da intervenção internacional liderada pelos Estados Unidos em 2 de agosto de 1990. Os resultados da intervenção foram desastrosos para o papel iraquiano no sistema árabe e para a ordem regional. A destruição da capacidade militar iraquiana, bem como a imposição de pesadas sanções econômicas ao país, geraram uma degradação gradativa da capacidade político-militar daquele Estado, bem como de sua capacidade de ordenar as relações entre os atores regionais. (ZAHREDDINE e TEIXEIRA, 2015, s/p).

Nota-se, portanto, um primeiro momento de enfraquecimento do Estado iraquiano,

que se encontrava em ascensão, devido às consequências da intervenção dos EUA no país,

em especial o embargo econômico imposto, que causou aversão da população para com o

país interventor. Já em março de 2003, identifica-se outro fatigante momento na relação

EUA-Iraque, devido a nova operação militar estabelecida pelo governo estadunidense de

George W. Bush no país. A operação estabelecida ficou conhecida como “Operação

Liberdade Iraquiana” - também referida como Segunda Guerra do Golfo, - uma das missões

da Operação Liberdade Duradoura7. Estas operações simbolizaram a resposta dos EUA aos

ataques de 11 de setembro de 2001, visando a intervenção em Estados que, sob a ótica

estadunidense, constituíssem uma ameaça à paz e à segurança internacionais. Assim,

eliminar as práticas de terror empregadas por grupos estabelecidos na região do Oriente

Médio, bem como destituir governos autoritários, era o objetivo central dos EUA. Este

período pós 11 de Setembro e as sucessivas intervenções dos EUA ficaram conhecidos

como Guerra ao Terror, em que os EUA se propõem a libertar os povos da tirania de grupos

e líderes locais, difundindo ideais civilizadores, como a democracia e o liberalismo.

(TUCKER, 2010). Dessa forma,

7 Do inglês Operation Enduring Freedom (OEF).

13

os Estados Unidos entendiam que a partir do momento em que a população desses países tivesse contato com uma nova forma de governo e organização política, tornariam o processo democrático mais rápido e dariam exemplo para os demais países da região. “Agiremos ativamente para levar a esperança da democracia, do desenvolvimento e do livre comércio para todos os cantos do mundo.” (NATIONAL SECURITY STRATEGY, 2002, apud LEITE, 2009, p. 46, tradução nossa).

8

Esta operação representou uma forma encontrada pelos Estados Unidos de difundir

o molde político – democrático partilhado em grande parte dos ocidentais, ou países

ocidentalizados. A Operação Liberdade Iraquiana teve como o seu principal objetivo

declarado livrar o povo iraquiano do regime imposto por Saddam Hussein, que foi destituído

nos primeiros dez dias após a invasão no Iraque. Contudo, a ausência de um projeto

conciso que lidasse com a reconstrução do Estado iraquiano dificultou a ação militar dos

EUA no país, tendo em vista que o Pentágono não estava preparado para lidar com a

ascensão de um movimento de insurgência contra a presença do governo estadunidense

em seu território. (NUNES, 2015; TUCKER, 2010).

Conforme dito por Nunes (2015), especialmente os grupos insurgentes sunitas9,

favorecidos pelo regime de Saddam - também da mesma etnia -, impuseram grande

dificuldade para a continuidade da operação, prolongando a presença dos EUA no país até

o ano de 2011, quando as tropas estadunidenses finalmente se retiraram após o insucesso

da operação. Assim,

com o egresso das tropas da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos da América no Iraque, a escalada de violência ganhou contornos extremos no país. Desde então tem havido um aumento significativo de conflitos entre os insurgentes (maioria de origem sunita) e o governo central, somado à violência sectária entre os diversos segmentos religiosos, principalmente entre sunitas e xiitas. (NUNES, 2015, p. 57).

Após a saída das tropas dos EUA, a Missão de Assistência das Nações Unidas no

Iraque (UNAMI) continuou seus trabalhos na tentativa de consolidar o que não foi feito pelo

país em sua missão no Iraque: reconstruir e solidificar as bases políticas e jurídicas, e tentar

garantir certa estabilidade para o período de transição do governo iraquiano. A UNAMI

segue no país devido às sucessivas renovações da missão de paz, haja vista que ainda há

dificuldade no diálogo entre insurgentes e grupos terroristas transnacionais na região.

(MISSÃO DA ONU…, s\d; PATEL, 2015; UZIEL, 2010).

8Finally, the United States will use this moment of opportunity to extend the benefits of freedom across the globe. We will actively work to bring the hope of democracy, development, free markets, and free trade to every corner of the world.

9Um exemplo de um forte grupo de origem sunita é o 1920 Brigades, que se fortaleceu ao se articular com outros grupos sunitas transnacionalmente e nacionalmente, com o objetivo de combater as tropas dos EUA instaladas no território iraquiano (ADNAN e REESE, 2014).

14

De acordo com Patel (2015) e Tucker (2010), o estabelecimento de um Estado

democrático no Iraque não agradou aos grupos sunitas na medida em que este grupo étnico

deixou de ser privilegiado pelas ações do governo, gerando revolta entre os rebeldes. Os

pequenos grupos de origem sunita no território decidiram, portanto, se filiar nacionalmente e

transnacionalmente na tentativa de dar maior expressão a sua causa. Alguns destes grupos

se filiaram ao Estado Islâmico, facilitando a penetração dos terroristas no território iraquiano.

Aliado a isto, o caos vivido pelo Iraque até 2009, e o período de instabilidade que ainda é

notável, abriu brechas para que o desenvolvimento dos rebeldes do Estado Islâmico e o

progressivo avanço e domínio de áreas pertencentes ao Iraque, hoje controladas pelo

grupo, conforme podemos notar na FIGURA 01 Abaixo:

FIGURA 01: ISIS zones of control, attack, and support throughout Iraq and Syria

Fonte: Elaborado por Institute of the Study of War (ISW), 2015.

As marcações em preto do gráfico representam as áreas totalmente controladas pelo

Estado Islâmico, as áreas em vermelho são aquelas em que o grupo é capaz de atacar, ou

seja, conduz ações ofensivas nestas regiões. As áreas em vinho, por sua vez, representam

áreas em que há grande suporte ao grupo, característica extremamente presente no

terrorismo transnacional, que é uma das manifestações do terrorismo. A região em verde

15

representa a Região Autônoma do Curdistão Iraquiano, sendo que esta área foi um dos

únicos pontos de paz no país na década passada. Atualmente, os curdos lutam por terra

contra a presença do grupo, que anseia avançar e dominar toda a região independente dos

curdos, já que este seria um ponto estratégico e economicamente benéfico devido a vasta

presença de petróleo. (COLLARD, 2014; ISW, 2015; SOUZA e VILELA, 2015).

O Iraque encontra-se, portanto, em um período de instabilidade, iniciado e agravado

pelas intervenções de 1990 e 2003. O país precisa lidar com a insurgência, produto da

intervenção estadunidense em 2003, além de se preocupar também em manter seu sua

soberania e território, já que o Estado Islâmico demonstrou grande capilaridade no país.

Para isso, a ajuda humanitária e a intervenção humanitária, via UNAMI, são pontos de apoio

para o país no combate ao grupo. (UZIEL, 2010; PATEL, 2015).

2.3.2. A atual situação da Síria

A Síria atravessa um período de grande instabilidade desde meados de janeiro de

2011, data em que o conflito interno no país ganhou contornos de uma guerra civil. A guerra

civil do país teve influência do movimento conhecido como “Primavera-Árabe”, em que a

população de países árabes, principalmente do norte da África e do Oriente Médio,

reivindicaram seus direitos perante aos seus governos, exigindo menor corrupção e tirania,

maior inserção da população na vida política, e, principalmente, melhoria das condições de

vida. (ARAB UPRISING: COUNTRY…, 2013).

No caso da Síria, uma das insatisfações da população se deu devido à presença do

presidente Bashar al-Assad, no poder desde os anos 2000, assumindo como uma sucessão

ao seu pai, Hafez al-Assad, que esteve na presidência desde 1971. O governo da família al-

Assad, que representavam o único partido da Síria, o Baa’th, emergiu no poder com uma

proposta de maior integração entre as diferentes etnias existentes no território, já que Hafez

era um alauíta, minoria no país.10 (PHILLIPS, s\d).

A grande diversidade étnica, por sua vez, surge como desafio para tentativa de maior

estabilidade, já que estes grupos apresentam várias peculiaridades que divergem nos

diferentes códigos comportamentais de cada grupo em questão. (ZAHREDDINE, 2013).

Contudo, embora o Estado não conseguisse equilibrar os interesses entre os diferentes

grupos, não houve até poucos anos previamente à guerra civil, uma forte tentativa de

modificar a ordem interna instaurada, sendo que dois fatores contribuíram para que não

houvesse ascensão de um movimento popular contra o governo:

10

As outras minorias no país são: i) cristãos, que são 10% da população; ii) druzos: que correspondem a 3% da população local e; iii) curdos: que representam 15%. A grande maioria étnica do país são os árabes sunitas. (PHILIPS, s/d)

16

1) a criação de um exército muito fiel ao seu presidente, e 2) pela utilização da violência para inibir qualquer perturbação da ordem pública, seja pelo uso das forças armadas ou das forças de segurança do Estado (serviço de inteligência). (ZAHREDDINE, 2013, p. 13).

A Primavera Árabe na Síria foi, desde 1971 – ano em que o pai de Bashar al-Assad

assumiu –, um dos poucos movimentos que demonstrou revolta popular para com o governo

de Bashar al-Assad. Contudo, os protestos foram extremamente repreendidos por parte dos

militares sírios, encabeçados pelo seu presidente. Os anseios da população, combinados à

revolta da sociedade com relação à maneira que o governo lidou com os protestos, fizeram

com que a violência no país atingisse contornos extremos. Assim, configurou-se, então, uma

guerra civil na Síria, que surge, portanto, contrária ao governo autocrático do país, que, por

anos, demonstrou evitar a maior inserção dos civis na vida política, repreendendo, inclusive,

pequenos movimentos populares que buscavam melhorias das condições de vida.

(SANTOS, 2015).

O movimento insurgente que crescia na Síria naquele contexto tornou-se ainda mais

forte diante do indiscriminado uso da violência por parte do governo para com os civis.

Assim, a insurgência teve um acréscimo ao número de militantes no país. Na medida em

que a insurgência ganhava força, Bashar al-Assad encomendava ainda mais ao exército

uma maior utilização da violência, que passou a utilizar, inclusive, de armas químicas contra

os civis, e realizou ataques aéreos às regiões em que os insurgentes se organizavam, o que

provocou a morte de membros dos grupos, mas também de civis inocentes que não

estavam diretamente envolvidos no conflito. (SANTOS, 2015).

A guerra civil na Síria se intensificou especialmente em 2012, escalando ainda mais

a violência no país. A grande resistência dos grupos insurgentes demandou do governo de

Bashar uma atenção redobrada na tentativa de cessar as hostilidades do grupo para com o

governo. A Síria, contudo, não apresentou sucesso na contenção dos grupos, e a violência

continuou, aumentando ainda mais a instabilidade no país. A insurgência ganhou força em

2013 e passou a controlar determinadas regiões, porém, alguns grupos passaram a ter

ideais extremistas que não condiziam com todos seus seguidores. Entretanto, grupos como

o Conselho Nacional Sírio, o Exército de Libertação da Síria e o Jabhat al-Nusra, este último

filiado à Al-Qaeda, estabeleceram controle em determinadas regiões e submeteram civis

sírios a suas regras. Este ambiente instável também favoreceu a maior penetração de

terroristas transnacionais no território sírio, que também iniciaram um processo de controle e

expansão em determinadas regiões, como é o caso do Estado Islâmico. (NUNES, 2015). O

controle das forças da oposição e do Estado Islâmico pode ser percebido na FIGURA 02

que segue:

17

FIGURA 02: Áreas controladas no território da Síria

Fonte: Elaborado por BBC, 10 jul. 2015.

O conflito na Síria, conforme podemos perceber pelos mapas, apresenta grande

complexidade. O governo sírio precisa combater duas partes: a insurgência e os grupos

terroristas transnacionais que se desenvolveram em seu território, já que, de um lado,

rebeldes lutam em uma incessante guerra civil; por outro lado, a instabilidade do país,

permitiu que grupos transnacionais penetrassem no território sírio estabelecendo forte

controle em algumas áreas, como podemos ver no mapa. Por esta razão, a coalizão

internacional considera necessário agir em prol não só do Iraque, mas também da Síria.

2.4. O combate ao terrorismo

O combate ao terrorismo moderno se intensificou no século XXI, tendo em vista o

grande número de ataques realizados em diversas regiões do globo, demonstrando uma

necessidade de haver maiores medidas em torno de combate ao terrorismo. Assim, o

18

presente comitê tem como objetivo principal analisar a atuação da coalizão internacional de

combate ao Estado Islâmico, que é foco deste comitê.

2.4.1. A coalizão internacional

A presença do Estado Islâmico do Iraque e da Síria (ISIS11) representa uma grande

ameaça à paz e a segurança internacional, trazendo grandes implicações para as regiões,

em que o grupo tenta instaurar um Califado12, e, respectivamente, instaurar uma jurisdição

própria que submete os povos árabes alocados nas regiões por eles dominadas. Conforme

apresentado anteriormente, Iraque e Síria são os países que mais sofrem na tentativa de

combater a presença do Estado Islâmico em seus respectivos territórios. (SOUZA e VILELA,

2015).

O grupo afirma que esta jurisdição é baseada em uma leitura estrita13 do Alcorão,

livro sagrado para o islamismo, e assim, se sentem no direito de estabelecer sanções aos

civis iraquianos e sírios em caso de descumprimento das “leis” por eles impostas em suas

áreas de domínio. O estabelecimento de certas sanções, como por exemplo, a mutilação

genital e a tortura em praça pública, comprometem fortemente a noção internacionalmente

firmada pelos países acerca dos Direitos Humanos e Direito Humanitário. (LOURO, 2015;

SOUZA e VILELA, 2015).

Com o objetivo de combate ao Estado Islâmico, criou-se uma coalizão militar em

2014, que tem como seus membros mais ativos países como Austrália, Bélgica, Canadá,

Dinamarca, Estados Unidos, França, Holanda, Reino Unido, Rússia e Turquia. Existe,

também, grande apoio por parte de países de menor porte, que são limitados em termos de

recursos – tanto humanos quando financeiros – para atuar diretamente no processo de

combate aos extremistas do grupo. (COSTA, 2015). Em termos de lançamento de bombas

pelo ar, identifica-se a maior presença de alguns países da coalizão, que podem ser

identificados. No GRÁFICO 01 abaixo, atualizada com dados de 2016, enquanto no

GRÁFICO 02, podemos perceber o número de ataques aéreos realizados em território do

Iraque e da Síria:

11

Sigla do inglês, Islamic State of Iraq and Syria (ISIS). 12

A palavra em árabe tem o significado de sucessão, que neste contexto se insere como a implementação de um novo regime político em uma região, prevista, segundo os extremistas, pelo Alcorão, com o objetivo de reunir os povos árabes (ENTENDA O QUE…, 2014).

13O ISIS tem como objetivo“(…) reviver o Islã, retomando sua forma pura, unindo o mundo muçulmano sob um regime verdadeiramente islâmico, e, assim, restaurar a dignidade e a grandeza do seu povo ao cumprir as ordens de Deus” (BARRETT, 2014, apud SOUZA e VILELA, s\p)

19

GRÁFICO 01: Ataques aéreos no Iraque da coalizão liderada pelos EUA

Elaborado por BBC, Islamic State group: Crisis in seven charts, 2016.

GRÁFICO 02: Ataques da coalizão na Síria e no Iraque

Elaborado por BBC, Islamic State group: Crisis in seven charts, 2016.

A coalizão tem como principais objetivos: a ampliação de apoio militar no processo

de combate aos extremistas do Estado Islâmico; fornecer armamentos e suporte militar aos

rebeldes – amplamente opostos aos governos do Iraque e da Síria – para que os mesmos

combatessem o avanço do grupo; reunir recursos financeiros da comunidade internacional

para sustentar os ataques militares, principalmente aéreos, e angariar recursos para

oferecimento de ajuda humanitária às comunidades alocadas na região e aos refugiados

vítimas do conflito. Nota-se, então, a falta de apoio militar por terra para prover ajuda aos

civis. (COSTA, 2015).

A coalizão apareceu em um primeiro momento como um fator positivo, pois

demonstrou uma mobilização internacional conjunta para combate ao Estado Islâmico.

Todavia, falhas estratégicas ficaram evidentes em diversos momentos em que o objetivo era

20

destruir importantes bases do grupo, com o objetivo de limitar, ou ao menos atrasar, suas

respectivas movimentações expansionistas para o território iraquiano e sírio. Ocorreram

diversos ataques aéreos às supostas bases, mas estes ataques acabaram saindo do

controle e atingiram também diversos hospitais, deixando centenas de indivíduos inocentes

mortos e feridos. Desde a atuação mais incisiva de EUA e Rússia, pelo menos quatro

hospitais foram bombardeados na Síria, sendo que alguns destes hospitais estavam sob o

comando de Organizações Não Governamentais (ONGs), como os Médicos Sem Fronteiras

(MSF). (COSTA, 2015; FOUR SYRIANS HOSPITALS..., 2015).

Conforme já pontuado, Iraque e Síria atravessam um momento extremamente

delicado em sua história, em que a presença de grupos opostos ao governo e grupos

terroristas, dificultam ainda mais o processo de reconstrução destes Estados por meio das

operações de paz das Nações Unidas. Os falhos ataques aéreos aos hospitais e às escolas

agem opostamente ao que é necessário, na medida em que agravam a crise humanitária já

vivida pela sociedade de ambos países. Entende-se por crise humanitária uma situação de

emergência em que uma sociedade específica não tem recursos para aguentar, sozinha, os

efeitos de um conflito armado, necessitando, então, de ajuda das ONGs relacionadas a

ajuda humanitária, bem como de outros Estados, que se inserem neste contexto como

provedores de recursos, sejam eles humanos ou financeiro. (WHAT IS A…, s\d).

O atual Secretário Geral das Nações Unidas (SGNU), Ban Ki-moon, se pronunciou

com relação aos recentes ataques e expôs para a comunidade internacional sua

preocupação com a recente atuação dos países da coalizão militar que hoje opera em

combate ao Estado Islâmico. O SGNU afirma que

Esses ataques são violações flagrantes de leis internacionais. Dentre outras consequências, os ataques estão degradando ainda mais o sistema de saúde já devastado e impedindo o acesso à educação na Síria. Estes incidentes lançam uma sombra sobre os compromissos assumidos na reunião do Grupo Internacional de Apoio a Síria em Munique em 11 de fevereiro. Devemos aproveitar os acordos alcançados e traduzi-los em ação, para que a credibilidade e confiança colocada no Grupo de Apoio a Síria Internacional e à comunidade internacional sejam justificadas. (BAN KI-MOON apud MISSILE ATTACKS KILL…, 2016, s\p, tradução nossa)

14.

Questiona-se, assim, se os ataques militares são a melhor saída para o problema da

Síria e do Iraque, e não a reconstrução destes dois Estados. Neste sentido, os ataques

desenfreados de alguns países demonstram certa ausência de comprometimento dos

14

Such attacks are blatant violations of international laws. Among other consequences, they are further degrading the already devastated health care system and preventing access to education in Syria. These incidents cast a shadow on the commitments made at the International Syria Support Group meeting in Munich on 11 of February. We must capitalize on the agreements reached and translate them into action if the credibility of and confidence placed in the International Syria Support Group and the international community are to be justified.

21

Estados da coalizão para com a população local da Síria e do Iraque, que já sofrem de uma

intensa crise humanitária. Estas falhas na estratégia de combate, por sua vez, não estão

regulamentadas na Convenção de Genebra – nome atribuído aos diversos tratados

assinado entre 1864 e 1949 no tocante da questão de normalização dos atos de guerra.

3 APRESENTAÇÃO DO COMITÊ

Com a catástrofe do conflito e as mazelas que a Segunda Guerra Mundial impôs à

maioria dos países do globo, a Sociedade Internacional de Estados viu a extrema

necessidade de atender às demandas dos povos por paz e a urgência em se criar uma

Organização Internacional que fosse eficiente na preservação da harmonia entre as diversas

nações do globo. Desta forma, no final da primeira metade do século XX, surge a

Organização das Nações Unidas (ONU), tendo a Assembleia Geral (AGNU) como comitê

recomendatório pivô das operações (UNITED NATIONS, s/d).

Em 10 de janeiro de 1946 ocorreu a primeira reunião de Estados soberanos visando

criar a nova organização que substituiria a antiga Liga das Nações. Esta reunião, que

aconteceu no centro histórico de Londres, tem seu registro como a primeira Assembleia

Geral das Nações Unidas. Duas mil pessoas, representantes de 51 países, estiveram

presentes na nascente Assembleia Geral, que teve seu primeiro discurso proferido em

francês (com tradução direta para o inglês) pelo presidente colombiano Zuleta Angel

(DEUTSCHE WELLE, s/d).

A Assembleia Geral da ONU já abrigou seções memoráveis, onde grandes avanços

foram galgados para o direito internacional e para o entendimento e cooperação entre os

Estados. Sendo possivelmente a seção mais famosa, a Assembleia do ano de 1948 abrigou

um grande passo para a construção da dignidade humana: a promulgação da Declaração

Universal dos Direitos Humanos. A carta foi confeccionada e publicada na seção de 10 de

dezembro de 1948, reservando os direitos naturais, sociais e políticos inalienáveis do

Homem. Outra Assembleia que marcou história foi a de 1950, que escrevia a resolução de

paz para a proteção da Coreia do Sul contra as invasões da Coreia do Norte. A guerra da

Coreia teve seu fim três anos depois, em 27 de julho de 1953 (UNITED NATIONS, s/d).

Hoje a Assembleia Geral ocupa uma posição central como chefe deliberativo, de

formulação de políticas e órgão representante das Nações Unidas. Ela é composta pelos

193 Estados membros das Nações Unidas e fornece um fórum para a discussão multilateral

de toda a gama de questões internacionais abrangidas pela Carta. Ela também desempenha

um papel importante no processo de estabelecimento de normas e codificação do Direito

22

Internacional. Ademais, a Assembleia realiza intensivamente sessão ordinária a cada ano a

partir de setembro a dezembro (AGNU, 2010).

Assim, de acordo com a Carta das Nações Unidas, a Assembleia Geral poderá: 1)

Examinar os princípios gerais da cooperação na manutenção da paz e segurança

internacional, incluindo o desarmamento, e fazer recomendações sobre o mesmo; 2)

Examinar qualquer questão relativa à manutenção da paz e segurança internacional e, a

menos que o Conselho de Segurança já esteja se encarregando de uma controvérsia ou

situação, formular recomendações sobre o mesmo; 3) Examinar, com a mesma exceção do

ponto anterior, os assuntos do âmbito da Carta ou que afetem as faculdades e funções de

qualquer órgão das Nações Unidas e fazer recomendações sobre o mesmo; 4) Iniciar

estudos e fazer recomendações para promover a cooperação internacional política, o

desenvolvimento e codificação do direito internacional, o gozo dos Direitos Humanos e das

liberdades fundamentais, e da colaboração internacional nas esferas econômica, social,

humanitária, cultural, educativa e de saúde; 5) Fazer recomendações para a solução

pacífica de qualquer situação que possam prejudicar as relações amistosas entre as

nações; 6) Receber e examinar relatórios do Conselho de Segurança e outros órgãos das

Nações Unidas; 7) Examinar e aprovar o orçamento das Nações Unidas e estabelecer as

contribuições dos Estados-Membros; 8) Escolher os membros não permanentes do

Conselho de Segurança e os membros dos outros conselhos e órgãos das Nações Unidas

e, por recomendação do Conselho de Segurança, nomear o Secretário-Geral (AGNU, 2010).

Dito isto, é necessário ressaltar a importância que esta Assembleia tem, visto que,

ela reúne todos os 193 Estados membros da ONU, desse modo, o que nela fica decidido

afetará a todos estes Estados. Dentre as diversas resoluções da AGNU (Assembleia Geral)

que envolvem questões de orçamento, paz, segurança, desarmamento, cooperação,

Direitos Humanos e outras, todos os Estados tem o direito a um voto, o qual não tem

diferença de valor entre o Estados. Desse modo, após a votação, a resolução será aprovada

ou não (CEDIN, 2014).

Por fim, quando aprovada, a resolução terá o caráter de funcionar como uma

recomendação, ou seja, não será uma resolução obrigatória aos Estados. Todavia, isto não

invalida a importância destas resoluções e isto não é um indicador de que os Estados não a

cumprirão. Na verdade, isto demonstra, que as decisões são muito importantes pois foram

postas com o consenso de todos os membros e por isso tendem a serem obedecidas

(CEDIN, 2014).

23

3.1 A Assembleia Geral e o Direito Internacional Humanitário

É necessário entender o papel da Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU)15

perante o Direito Humanitário e para isso, primeiramente, deve-se entender qual a

capacidade real que a Organização das Nações Unidas (ONU) tem em abordar esta

temática e lidar com questões humanitárias. Sabe-se que é papel primordial e essencial da

ONU manter a paz e a segurança no nível internacional, ademais a organização deve lutar

pela garantia dos Direitos Humanos e das liberdades fundamentais para todos.

Contudo, muitos destes papéis, no que tange ao Direito Internacional Humanitário

(DIH), são de fato efetuados pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU)16,

isto significa que, todos os membros das Nações Unidas devem aceitar e cumprir as

decisões do Conselho, e não, diretamente, pela AGNU, dado que este último é um órgão de

caráter recomendatório, ou seja, que possui legitimidade apenas para recomendar o que

deve ser feito por cada Estado ou não. Ao contrário tem-se o CSNU que pode agir mais

rigorosamente, ao impor, por exemplo, sanções. (ICRC, 2010).

Todavia, isto não demonstra incapacidade e/ou fragilidade da AGNU em discutir o

assunto. Foi declarado pela organização que é papel da mesma seguir três possíveis cursos

de ação para garantir o Direito Internacional Humanitário: o estabelecimento de normas, a

utilização da diplomacia e a jurisdição. O ponto é que a ONU tem percebido cada vez mais a

importância da questão humanitária para garantir o funcionamento das questões de

segurança e a busca e manutenção da paz, o que são seus objetivos primordiais, e

fundamentos de sua existência. Assim, a organização afirma que é necessário discutir

amplamente o Direito Humanitário em seus órgãos como mecanismo para assegurar seus

objetivos. (ICRC, 2010).

A visão da Assembleia Geral sobre questões de Direito Humanitário deve ser guiada,

como supracitado, por três princípios básicos: “limitação do direito de beligerantes de

escolher métodos ou meios de combate, a proibição de ataques na população civil, e o

princípio de distinção entre combatentes e não combatentes”. A sessão anual da AGNU de

1968, foi de grande importância pois foi ela que definiu estes princípios básicos. A sessão foi

nomeada de “Respeito aos Direitos Humanos em conflitos armados”. (ICRC, 2010).

Ademais, sessões passadas da AGNU discutiram as situações do Oriente Médio no

sentido de reafirmar a necessidade dos países da região em manterem os acordos das

Convenções de Genebra, o que garantiria a manutenção do Direito Humanitário. A

15

A AGNU é “(...) o principal órgão deliberativo da ONU. É lá que todos os Estados-Membros da Organização (192 países) se reúnem para discutir os assuntos que afetam a vida de todos os habitantes do planeta” (UNIC-RIO, s/d, s/p).

16 Único órgão da ONU que tem poder decisório.

24

Assembleia, por meio dos países que lá argumentaram, cobrou que os países “respeitem e

garantam respeito” aos acordos que foram por eles aderidos. (ICRC, 2010).

Por fim, desde as sessões de 1977 a Assembleia Geral da ONU, tem sempre

reafirmado a necessidade dos países se tornarem parte dos acordos humanitários

existentes que eles ainda não sejam membros. Há ainda, em particular, uma constante

cobrança à aderência aos dois protocolos adicionais de 1977, dado a sua relevância. (ICRC,

2010).

4 POSICIONAMENTO DOS PRINCIPAIS ATORES

Alguns atores estão diretamente envolvidos para com a atuação da coalizão, em

especial as organizações de ajuda humanitária, os países em que o Estado Islâmico está

alocado, bem como os países membros da coalizão. Para compreender, portanto, alguns

dos principais posicionamentos de atores chave para a discussão do tema, esta seção faz-

se necessária.

4.1 Estados Unidos da América

Os estadunidenses apresentam posição firme acerca da necessidade de combate do

Estado Islâmico, empenhando muitos recursos, militares e financeiros, para realização de

diversos ataques às bases militares do grupo terrorista. A retórica utilizada pelo presidente

Barack Obama é de que as respostas precisam ser dadas de forma rápida e efetiva,

considerando, portanto, os ataques militares como a melhor das alternativas disponíveis em

curto prazo. Já em longo prazo, na tentativa de solucionar a fragilidade governamental da

Síria, é proposto a retirada de Bashar al-Assad, atual presidente do país, e a implementação

de um molde políticos democráticos. Sobre os ataques errôneos, os EUA afirmaram que o

Estado Islâmico estava alocado em regiões próximas aos civis sírios, e, por esta razão, seria

necessário que se mantivesse os enfrentamentos. O país não propôs diferentes alternativas

de combate e afirmou que o combate aos militantes via terrestre não seria possível neste

momento, temendo o insucesso que ocorreu após a intervenção no Iraque em 2003.

4.2 Rússia

A Rússia apresenta posição similar à dos estadunidenses, admitindo a necessidade

de combate do Estado Islâmico via ataques aéreos. O país foi um dos que mais contribuiu

para com os ataques, mas, simultaneamente, foi o que mais atingiu civis inocentes. A

25

Rússia, por sua vez, não se pronunciou sobre os ataques, mas afirmou que utilizará dos

meios necessários para que as bases do grupo sejam destruídas. A Rússia entrou para a

coalizão militar após diversas rodadas de negociação, e fez uma ressalva: após a destruição

das bases do Estado Islâmico, o país irá se retirar da coalizão e apoiará a reconstrução do

Estado sírio junto a al-Assad, aliado russo no Oriente Médio.

4.3 França

Após os ataques encabeçados pelo Estado Islâmico à cidade de Paris, no dia 13 de

setembro de 2015, o presidente François Hollande adotou uma postura inflexível e não

pretende iniciar negociações para com o grupo. O objetivo principal do país é retaliar as

mortes, e, para isso, está intensificando cada vez mais o combate aéreo do grupo. A França

foi acusada de lançar diversas bombas, entre elas algumas bombas atingiram pequenos

vilarejos em locais que não se tinham bases do grupo, mas não se pronunciou sobre o

padrão de seus atos de guerra.

5 QUESTÕES RELEVANTES PARA O DEBATE

Considerando as atuais táticas adotadas pela coalizão militar que atua contra o

Estado Islâmico, algumas questões se mostram cruciais para o debate, e, por isso, é

importante refletir sobre para melhor entendimento da conjuntura atual do Oriente Médio.

• O terrorismo pode ser combatido se não por meio da atuação militar dos países?

• As táticas de guerra adotadas pela coalizão militar estão de acordo com o que propõe o

conjunto de tratados que configuram a Convenção de Genebra?

• A coalizão, tendo em vista sua recente atuação no Oriente Médio, pode ser considerada

legítima pela Assembleia Geral e pelo Conselho de Segurança?

• Qual o impacto dos bombardeios para a população local e no respectivo agravamento da

situação interna do Iraque e da Síria?

• Os ataques aéreos são as únicas medidas tomadas pela coalizão ou existem outras

medidas que estão sendo tomadas na tentativa de resolução dos problemas?

• Qual o tratamento, em termos de ajuda humanitária, foi (ou será) concedido pelos países

que vem bombardeando o território do Iraque e da Síria contra o Estado Islâmico?

• Existe a necessidade de reformular a atuação da coalizão internacional para o Oriente

Médio?

26

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31

TABELA DE DEMANDAS DAS REPRESENTAÇÕES

Na tabela a seguir cada representação do comitê é classificada quanto ao nível de

demanda que será exigido do delegado, numa escala de 1 a 3. Notem que não se trata de

uma classificação de importância ou nível de dificuldade, mas do quanto cada

representação será demandada a participar dos debates neste comitê. Esperamos que

essa relação sirva para auxiliar as delegações na alocação de seus membros, priorizando a

participação de delegados mais experientes nos comitês em que a representação do colégio

for mais demandada.

LEGENDA

Representações pontualmente

demandadas a tomar parte nas discussões

Representações medianamente

demandadas a tomar parte nas discussões

Representações frequentemente

demandadas a tomar parte nas discussões

Delegação Demanda

Afeganistão

África do Sul

Alemanha

Arábia Saudita

Argélia

Argentina

Austrália

32

Áustria

Bangladesh

Bélgica

Bielorrusia

Bósnia e Herzegovina

Brasil

Camarões

Canadá

Catar

Chile

China

Colômbia

Coreia do Norte

Coreia do Sul

Croácia

Cruz Vermelha

Cuba

Dinamarca

33

Egito

Emirados Árabes

Eslováquia

Eslovênia

Espanha

Estados Unidos da América

Estônia

Etiópia

Finlândia

França

Grécia

Haiti

Holanda

Hungria

Iêmen

Índia

Indonésia

34

Irã

Iraque

Irlanda

Israel

Itália

Jamaica

Japão

Jordânia

Kuwait

Letônia

Líbano

Libéria

Líbia

Lituânia

Luxemburgo

Malásia

Marrocos

Médicos Sem Fronteiras

35

México

Moçambique

Montenegro

Nigéria

Noruega

Omã

Paquistão

Peru

Polônia

Portugal

Reino Unido

República Tcheca

Romênia

Rússia

Santa Sé

Sérvia

Síria

Sri Lanka

36

Suécia

Suíça

Turquia

Venezuela

Vietnã