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Guia de Estudo Como é que se pode resistir? Histórias de trabalhadores numa fábrica americana COMO É QUE SE PODE RESISTIR? Histórias de trabalhadores numa fábrica americana

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Guia de Estudo Como é que se pode resistir? Histórias de trabalhadores numa fábrica americana

COMO É QUE SE PODE RESISTIR?

Histórias de trabalhadoresnuma fábrica americana

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Guia de Estudo Como é que se pode resistir? Histórias de trabalhadores numa fábrica americana

Índice

1100 17th St NW, Suite 950Washington, DC 20036P (202) 822-2127F (202) 822-2168

www.wheredoyoustand.info

http://www.americanrightsatwork.org

Introdução

Histórias

Kannapolis

Recursos

Organização:

Tradução de:

Apoios de:

Núcleo de Estudantes de Economia - AAC

António João Bettencourt Henriques,

actual presidente da AIESEC Coimbra NEFE

Faculdade de Economia

da Universidade de Coimbra

Caixa Geral de Depósitos

Fundação Luso-Americana

Fundação para a Ciência e a Tecnologia

Fundação Calouste Gulbenkian

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O que é que este filme nos traz:

Tópicos / Palavras chave

Público alvo

Sítios de Download

• Providencia um rápido olhar sobre o que acontece quando os trabalhadores tentam actualmente organizar um sindicato nos Estados Unidos.

• Estabelece a ligação entre importantes facetas da globalização e as lutas locais pelos direitos dos trabalhadores.

• Documenta uma história local, narrada pela gente local.

GlobalizationLabor/UnionsLocal HistoryNational labor Relations BoardOral HistoryOrganizingOutsourcingSouthern HistoryTextile Industry

ProfessoresDelegados sindicaisActivistas e organizadores <comunitáriosEstudantes

www.americanrightsatwork.org

www.workingfilms.org

www.newsreel.org

www.wheredoyoustand.info

Introdução

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Factos sobre direitos dos trabalhadores:

• 92% dos empregadores forçam os seus trabalhadores a assistir a reuniões de porta fechada anti movimento sindical.

• 78% dos empregadores forçam os seus trabalhadores a terem reuniões anti movimentos sindicais individuais.

• 75% dos empregadores contratam consultores para os ajudarem a enfrentar as tendências para a organização em sindicatos.

• 71% dos empregadores ameaçam fechar o local de trabalho caso o sindicato vença.

• 75% dos empregadores distribuem panfletos anti movimentos sindicais.

• 55% dos empregadores usam vídeos anti movimentos sindicais.

• 52% dos empregadores ameaçam apelar ao INS.

• 25% dos empregadores despedem ilegalmente trabalhadores pró sindicatos durante a organização de campanhas.

Desde os anos 90, 20.000 trabalhadores foram ilegalmente despedidos em cada ano ou, de outra forma, discriminados por tentarem formar um sindicato.

(Fonte: http://www.american rightsatworkorg/resources/statistics.cfm)

Factos legislativos:

O Employee Free Choice Act, introduzido na 108.ª sessão do Congresso, e que será brevemente reintroduzido aquando da 109.ª sessão, faria com que os trabalhadores obtivessem uma possibilidade justa de exercer o seu direito democrático em escolherem um sindicato. Mais especificamente, esta proposta iria:

• Permitir aos trabalhadores assinar cartões que mostrassem que apoiam o sindicato e que, quando a maioria dos trabalhadores assinasse esses cartões, fosse requerido ao empregador o reconhecimento do sindicato como o representante dos trabalhadores. Tal processo reduziria a possibilidade de os empregadores orquestrarem uma campanha de medo e terror durante as muitas semanas e meses que os trabalhadores têm de esperar por umas eleições supervisionadas pelo governo.

• Facilitar a obtenção do primeiro contacto. Presentemente, mesmo após os trabalhadores votarem por um sindicato, muitos empregadores arrastam as negociações por vários meses e até anos inclusive. A legislação iria exigir mediação e arbitragem de modo a que os dois lados pudessem obter o primeiro contacto rapidamente.

• Impor penalizações mais severas contra empregadores que violam as leis quando os trabalhadores tentam exercer o direito de escolher um sindicato.

Histórias

Leonard

Estas são histórias contadas por três dos trabalhadores da indústria têxtil que aparecem em Como é que se pode resistir? Histórias de trabalhadores numa fábrica americana.

Estas histórias espelham a experiência dos trabalhadores em qualquer lugar e exemplificam certas formas pelas quais forças sociais e económicas mais vastas têm impacto sobre as suas vidas do dia a dia.

Histórias

Trabalhei em Cannon Mills, Fieldcrestt-Cannon durante 37 anos. Tinha 19 anos quando comecei. As fábricas e a cidade estavam na altura sobre o sistema de segregação racial. Os negros apenas podiam trabalhar fora das fábricas.

Vivíamos numa área da cidade chamada Ni-Town. As casas das fábricas onde os brancos viviam eram muito maiores e estavam do outro lado da cidade.Quando cheguei à fábrica era um lugar antigo, grande e espectacular, com todos os tipos de actividade a serem desenvolvidas.

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Factos sobre o encerramento de fábricas:

• Apenas 29% de todas as deslocalizações na produção (encerramento de fábricas completa ou parcialmente devido ao outsourcing) têm sido em instalações com sindicatos, enquanto 71% destas ocorrem em instalações onde não há sindicatos – uma clara maioria.

• Uma proporção maior de postos de trabalho sindicalizados têm sido perdidos (39%), pois as fábricas com sindicatos tendem a ser unidades fabris de maiores dimensões de fabrico, de maiores volumes de emprego, enquanto as companhias sem sindicatos são companhias maioritariamente de comunicações, de tecnologias de informação, e de finanças, companhias menores, empresas com menores volumes de emprego.

• Muitos encerramentos de fábricas são devidos a inovações tecnológicas, a sub-contratação, a falências, ou devido ao facto das companhias serem vítimas de corrupção ou de serem vendidas ou privatizadas. A maioria dos encerramentos de fábricas tem ocorrido no sector dos serviços, com relativamente baixa organização sindical, que não podem ser deslocalizados e que por isso não entram para estas estatísticas. Assim, a percentagem de encerramentos de fábricas com sindicatos no geral pode ainda ser inferior aos 29% das deslocalizações que corresponderam a fábricas com sindicatos. A esmagadora maioria dos encerramentos de fábricas continua a ocorrer em fábricas sem sindicatos.

(Fonte: Kate Bronfenberger, Cornell University)

WARN Act

A lei Requalificação e Adaptação do Trabalhador (WARN) requer que cada empresa com mais de 100 empregados que vá fechar a sua fábrica ou despedir pessoal o comunique aos trabalhadores com pelo menos 60 dias de antecedência se 50 ou mais destes trabalhadores venham a ser afectados. Esta lei foi redigida pelo Senador Howard Metzenbaum, Democrata do Ohio, e entrou em vigor no dia 4 de Fevereiro de 1989.As empresas que não procedam aos avisos com o cumprimento destes prazos podem incorrer no pagamento de penalizações até 500 dólares por dia, e por cada dia que falhem desse mesmo prazo de 60 dias, até um total de 30.000 dólares.

O impacto da NAFTA na Carolina do Norte

A perda de empregos tem levado a uma pressão para a baixa de salários e dos padrões de vida. Um relatório de 2001 mostra que 32.000 postos de trabalho foram perdidos na Carolina do Norte e 766.000 postos de trabalho perdidos por todo o País desde a entrada na NAFTA.

Histórias

Estar envolvido com tanta gente branca era uma coisa nova para mim. Os supervisores eram terríveis para os negros. Mal podíamos respirar sem ele ficar louco por causa de qualquer coisa de pouca importância. Penso que simplesmente não apreciavam o facto de estarmos lá e queriam mostrar o seu poder sobre nós. As pessoas estavam a querer rapidamente avançar, mas depois de tantos anos de segregação, as coisas não podiam acontecer com muita facilidade.

A companhia sabia que os negros seriam mais propensos a apoiar o sindicato devido à história passada, devido à maneira como a empresa os tratara. Durante a campanha de 1991, a tal que poderiam perder, fê-los tomar medidas extra para garantir a vitória. Contrataram um grupo chamado "Cidadãos Preocupados de Carrabus e dos Condados de Rowan" e puseram anúncios nos jornais, escreveram cartas ao editor, puseram cartazes anti sindicatos por toda a cidade. Também conseguiram que sacerdotes negros falassem contra os sindicatos nas suas congregações.

O meu Pastor, P.C.Holland era anti sindicatos. Sempre que tinha oportunidade, dizia que o sindicato não era para nós, que não nos faria bem, que não era a altura certa e que estava errado. Estava no direito dele, suponho, mas nunca havia trabalhado na fábrica. Ele não sabia pelo que passávamos, mas mesmo assim tomou o lado da empresa. Algumas pessoas diziam que era suborno. Não quero, no entanto, acreditar que o meu Pastor aceitaria um suborno.

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Factos Históricos do Trabalho:

• Os sindicatos têm ajudado a fazer aprovar leis sobre o fim do trabalho infantil, sobre a determinação da duração do dia de trabalho em 8 horas, sobre o pagamento de horas extraordinárias, sobre a contagem da antiguidade, sobre a promoção da segurança e saúde dos trabalhadores (OSHA), assim como ajudado a criar a Segurança Social, o seguro de desemprego e o salário mínimo.

• Os sindicatos lideram a luta de hoje por melhores condições de vida para os trabalhadores, como por exemplo para a obtenção de cuidados médicos para as famílias alargadas (Family Medical Leave Act), protecção na saúde e melhores condições de segurança e acordos de comércio justo que aumentam os níveis de vida a trabalhadores em todo mundo.

• Trabalhadores sindicados auferem 27% mais que os trabalhadores não sindicados e têm maior probabilidade de receberem seguro de saúde e pensões que aqueles que não o são.

• Em 2003, o salário médio semanal para um trabalhador a tempo inteiro e sindicalizado era de 760 dólares, comparado com os 599 dólares dos seus colegas não sindicalizados.

Leis sobre o Direito ao Trabalho:

• "Direito ao trabalho" nada tem que ver com direito a trabalhar ou com um emprego. As erroneamente designadas leis sobre o direito ao trabalho impedem os trabalhadores – que por um voto maioritário decidiram formar um sindicato no seu local de trabalho – e empregadores de negociarem cláusulas sobre segurança sindical. Por lei, os Sindicatos devem representar todos os trabalhadores – membros e não membros – em negociações de contratos e outros assuntos do local de trabalho. Uma cláusula de segurança sindical não força os trabalhadores a pertencerem a um sindicato mas significa que os trabalhadores têm de pagar uma pequena parcela dos seus ganhos (uma quota) como contrapartida das vantagens advindas da representação sindical. As leis de "Direito ao Trabalho" permitem que os trabalhadores não membros do sindicato recebam todos os benefícios advindos da representação sindical sem terem que contribuir para os sindicatos, isto é, sem pagarem nada por essa representação de que beneficiam. Daqui resultam sindicatos mais fracos e com recursos inadequados para representarem os seus membros.

• Em 2005, um total de 22 Estados tinham leis de "Direito ao Trabalho". Todos os 12 Estados do Sul as têm: Virgínia, Carolina do Norte, Carolina do Sul, Geórgia, Florida, Tennessee, Alabama, Mississippi, Arkansas, Louisiana, Texas e Oaklahoma.

• O trabalhador num destes Estados com leis de "Direito ao Trabalho" aufere, em média, cerca de 5.333 dólares a menos anualmente que os outros trabalhadores nos restantes Estados.

(Fonte: Bureau of Labor Statistics, 2001)

Histórias

Sheila

Comecei a trabalhar na fábrica assim que deixei o liceu. Formei-me no 1 de Junho, tive o meu aniversário no dia 3 e entrei para a fábrica no dia 4 de Junho de 1969. Estive lá desde então.

Não há questão, a eleição de 1991 foi a mais difícil para a minha família, emocionalmente, financeiramente, espiritualmente e de todas as outras formas.O meu marido foi um dos 13 despedidos ilegalmente em 1991 devido a actividades sindicais, claro que com outras razões referidas à altura.

O supervisor achara que o meu marido tivera um papel vital em trazer o sindicato para a fábrica.

O supervisor tinha já avisado o meu marido de que se ele continuasse envolvido com o sindicato, o mais provável seria perder o emprego.

Ele foi despedido no dia da eleição. Disseram que ameaçou um supervisor.No dia em que ele foi despedido, tinha 33 anos de trabalho na fábrica, sem uma única citação na caderneta.

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Leis sobre o Direito ao Trabalho, continuação:

• Nos Estados com estas leis, mais de 21% das pessoas vivem sem seguro de saúde se compararmos com Estados em que há livre negociação.

(Fonte: State rankings 2000, A statistical View of the 50 United States, Morgan Quinto Press)

• A taxa de mortalidade no local de trabalho é 51% mais elevada nos Estados com leis de "Direito ao Trabalho".

(Fonte: Bureau of labour statistics, 2001; AFL-CIO, "Death on the Job" April 2002)

Factos sobre a Raça no local de trabalho:

• Antes dos anos 60, os homens Afro-Americanos só podiam obter trabalhos de baixa remuneração fora das fábricas de Kannapolis como os de contínuo ou na construção. Mulheres Afro-Americanas não podiam sequer trabalhar nas fábricas. Em 1964, o ano em que o Civil Rights Act foi aprovado no Congresso, os Afro-Americanos começaram a conseguir obter postos de trabalho em Cannon Mills. Por esta altura, representavam 18% da população de Kannopolis. No entanto, a maioria das empresas têxteis integravam-nos, colocando estes trabalhadores Afro-Americanos nos trabalhos mais duros e de piores condições, colocavam-nos nas tarefas menos desejáveis para todos.

• O título 7 do Civil Rights Act previa que as pessoas não poderiam ser discriminadas na contratação, nas promoções e nas condições de trabalho com base na distinção de raça, credo, cor, origem nacional, e que mais tarde viria também a incluir sexo e deficiência. O título 7 criou as bases para a sua integração nas empresas, integração feita através da ocupação de postos de trabalho, por todo o Sul e finalmente por toda a América.

• Em 1975, o nível de emprego de Afro-Americanos em Cannon-Mills excedia o rácio populacional e pelo início dos anos 80, estes trabalhadores eram apenas um pouco mais de um quarto da força de trabalho.

• Os Afro-Americanos mostram-se mais receptivos a serem membros de sindicatos. Cerca de 16% destes trabalhadores encontram-se sindicalizados, isto comparando com 13% de todos os trabalhadores.

• Ainda mais: os Afro-Americanos dizem-se disponíveis para se sindicalizarem se lhes fosse dada a oportunidade. Num inquérito de 1999, 80% dos Afro-Americanos sem sindicato disseram que de certeza ou muito provavelmente escolheriam ter um sindicato no seu local de trabalho; enquanto em 1997 foram 69% os Afro-Americanos que manifestaram igual posição.

Histórias

Não poderão imaginar o que é ver o vosso marido sentado e em choque numa mesa perguntando o que iríamos fazer. Nada mais interessava. Eu nunca, nunca mais quero ver isso a voltar a acontecer a alguém, nem mais uma vez que seja. Por isto é que trabalho tão arduamente para o sindicato, pois estou determinada a ajudar, para que isto não volte a acontecer ilegalmente a ninguém. Se acaso acontecer, lutarei com todas as forças para que a justiça seja reposta.

O meu marido tinha uma casa de família, uma cabana de madeira na serra que estava na sua família havia mais de 150 anos e que lhe tinha sido transmitida através das gerações, uma das poucas cabanas semelhantes com dois andares. Da forma como íamos aguentando, esta foi uma das coisas de que tivemos de abdicar.

O Ernest abraçou-me e fez-me uma promessa. Ele disse, "Eu nunca mais te deixarei ficar mal, e como marido vou fazer todos os possíveis por recuperar este emprego, tudo se resolverá." Eu sabia que ele era um homem de palavra e quando as coisas pareciam mesmo em baixo, ou telefonava a Vonnie e chorava ou lembrava-me da sua promessa. Algures entretanto, depois de muito tempo, se soubéssemos quanto iria demorar… porque não tínhamos ideia do que iríamos passar. Era incompreensível para nós.

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Factos sobre a Raça no local de trabalho, continuação:

• Os sindicatos ajudam a aumentar os salários de todas as pessoas trabalhadoras, em especial das minorias. Os trabalhadores sindicalizados auferem 27% a mais do que os trabalhadores não sindicalizados. Os trabalhadores Afro-Americanos sindicalizados auferem mais 35% do que os trabalhadores não sindicalizados. Para os trabalhadores latinos, a sindicalização significa-lhes que ganham mais 51% e para os Asiáticos representa um ganho de 11%.

Factos sobre o Género no local de trabalho:

• A indústria têxtil do Sul emprega geralmente uma grande percentagem de mulheres. Igualmente nas greves do sector têxtil de 1929 e 1934, as mulheres tiveram um papel significativo. Durante a operação Dixie (1945-55), as mulheres brancas constituíam 45% da força de trabalho têxtil do Sul.

• Durante este período, organizadores sindicais contam que as mulheres em Cannon Mills eram mais relutantes a movimentos de protesto, pois o paternalismo de Cannon era mais eficiente entre as trabalhadoras que temiam perder o seu emprego e as suas casas e que queriam esperar e "ver o que os homens iriam fazer". No boom do pós-Guerra, os salários aumentavam e Cannon Mills deu às mulheres trabalhos mais bem remunerados que em qualquer outra actividade para mulheres – e nas famílias em que tanto o homem como a mulher trabalhavam, obtinha-se um rendimento elevado. A Cannon também patrocinava clubes de mulheres muito populares em Kannapolis, o que lhes proporcionava quer uma via para se poderem organizar por si mesmas quer também uma forma de prestígio, pois as trabalhadoras das fábricas poderiam socializar-se com mulheres "da Alta".

• Os contratos colectivos de negociação de salários têm sido instrumentos para procurar nivelar as disparidades entre salários das trabalhadoras. Hoje, os trabalhadores sindicalizados auferem, em média, mais 27% nos seus salários médios semanais que os trabalhadores não sindicalizados. As mulheres sindicalizadas auferem 33% mais que as suas colegas não sindicalizadas.

• As mulheres estão a organizar-se em maiores número; 55% dos novos sindicalizados são mulheres.

Histórias

Cada vez que pensávamos que iríamos terminar num Tribunal, a companhia, claro, não concordava, e teríamos de ir ainda a outro Tribunal. E ganhávamos em todos. E todos os treze, cá estou eu a fazer parecer que ele fora o único, tínhamos amigos que passaram por esta situação também, e todos nós nos tentávamos apoiar mutuamente. Assim que terminávamos com um Tribunal, diriam "ok", que teríamos de ir para o seguinte. Pensámos que se passariam meses mas estes tornaram-se em anos e anos intermináveis. Quando começávamos a sentir que perdêramos toda a esperança, que haveria sempre outro Tribunal, afinal não houve, e finalmente, estava tudo acabado.

Foi porque acreditáramos tanto no que estávamos a fazer que fomos capazes, mas isto certamente que não tornou os sacrifícios mais fáceis.

Demoramos seis anos e meio nos tribunais de trabalho para conseguir de volta este emprego e quando ganhámos, com pagamento atrasados, e ele foi reintegrado, trabalhou durante mais dois anos e reformou-se.

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Delores

Acabei por ir trabalhar na fábrica 3 meses depois de acabar o Liceu. Foi um quebrar de coração para os meus pais mas uma grande decisão para mim. De seis crianças, era eu a única que tinha conseguido terminar o Liceu, e tinham grandes esperanças que eu continuasse os meus estudos e que me tornasse algo mais que uma operária fabril – pois era a última coisa que o meu pai alguma vez quisera que algum de nós fosse.

O meu pai começou em Cannon Mills quando tinha 15 ou 16 anos. Trabalhou como operário em máquinas para preparar o fio de algodão "slubber hand" num quarto de cartão. Enquanto eu crescia, ele trabalhava no terceiro turno e chegava a casa muito cansado cada manhã e dormia sempre até ao meio-dia pois lá no campo, de onde todos os seus irmãos e irmãs haviam partido, ele cultivava 20 hectares de terra para conseguir algum dinheiro extra para nos sustentar enquanto crescíamos. Então, trabalhava no campo até tarde, chegava a casa, ceava e ia para a cama dormir umas poucas horas, pois no dia seguinte teria de se levantar e ir trabalhar na fábrica. Ele era muito trabalhador, mesmo muito. Nunca faltou a um dia de trabalho, a não ser que um de nós estivesse doente ou que a mãe estivesse doente e isso quase nunca acontecia.Muitas pessoas me têm perguntado: "Dolores, porque te metes ao portão e lutas com tanta força?". Eu respondo que é pela maneira como trataram o meu pai, como se ele fosse nada. Ele deu-lhes 38 anos e trataram-no como se ele não fosse nada.

Histórias

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Charles Cannon era dono de Kannapolis. Tudo, e para onde nos virássemos era do Charles Cannon. Quero dizer, tínhamos de falar com Charles Cannon para isto, para aquilo. Ele controlava Kannapolis. Desde que tudo corresse calmamente e fosse à maneira do Charles Cannon, Oh Sim!, era um homem espectacular e digno, até alguém desafiar o sistema dele!

A Fieldcrest tinha turnos de 12 horas. Eles vieram e puseram-nos em turnos loucos, e nós tínhamos crianças pequenas, era muito duro. Eu tentava discutir com eles, vejam, nesta semana consegui algum tempo com os meus filhos, mas vem aí outra semana em que não vou conseguir ver os meus filhos sem ser em intervalos de 24 horas. A resposta deles era "Não é o nosso problema". "Porque não era problema deles?" Tinham sido eles que me tinham posto em turnos de 12 horas, tinham sido eles que me forçaram a arranjar uma babysitter disposta a ficar com eles inclusive por 12 horas. Foi quando o meu marido, Robert, foi para o turno C que não precisámos mais de uma babysitter. E então era: Olá Delores, Olá Robert, Olá Delores, Olá Robert… cruzávamo-nos apenas no caminho para o trabalho. Isto fez mossa no nosso casamento por um período, pois começou a deteriorar-se. Eu pedia-lhes, por favor, que não deviam ter começado com os turnos de 12 horas, ao que responderam que eram para o nosso benefício. Benefício, onde? Era para poupar nas horas extraordinárias, não queriam pagar horas extraordinárias.

O meu momento de maior raiva e o mais doloroso foi saber o quão perto estivemos de ganhar as eleições. Saber que tínhamos perdido devido às jogadas sujas que Jim Fitzgibbons tinha utilizado. Eu chorei, chorei com tanta força que penso que nunca alguma vez chorei tanto na vida, mas nunca deixei que chegasse ao ponto de deixar de lutar. Fez-me acreditar que um dia, qualquer dia, conseguiria uma eleição justa e que os abusos deixariam de se fazer sentir.

Histórias

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O texto que se segue é a história de 25 anos de luta para sindicalizar Cannon Mills, uma luta que se insere na história, mais vasta, da batalha pelos direitos do trabalho na América.

1906

1921

1929

1932–33

Por todo o País e Kannapolis, NC

James W. Cannon fundou a cidade de Kannopolis à volta das suas fábricas. Os Cannons viviam na vizinha Concord.

James Cannon morre. O seu filho, Charles Cannon, tomou conta da direcção da empresa. Em Junho, é convocada uma greve na indústria têxtil em Kannapolis e em Concord, por 3 meses. Depois de dois meses de greve, quando souberam que os grevistas estavam sem mantimentos, Charles Cannon e o Mayor de Concord chamaram a polícia estatal para reabrir as fábricas.

O mercado bolsista caiu a pique, provocando o início da Grande Depressão.

Roosevelt vence Hoover, arrastando consigo todos os Estados do Sul. Em Agosto de 1933, Roosevelt assina a National Industrial Recovery Act (NIRA) que passa a ser lei. Pensada para impulsionar a recuperação económica e fazer com que as pessoas voltassem a trabalhar, a nova lei estabelecia salários mínimos e as horas de trabalho para cada indústria. A secção (7a) deu aos trabalhadores o direito de se organizarem em sindicatos.

Resultados: com a jorna diária estabelecida agora, por lei, em 8 horas, os trabalhadores foram pressionados a trabalhar com maior intensidade para produzirem o mesmo que antes, quando trabalhavam 10 a 12 horas.

Kannapolis

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1934

1934

1939

1943-1946

1945-1946

Greves gerais ocorreram em quase todas as indústrias. As promessas de Roosevelt e da NRA caíram por terra porque os empregadores não respeitavam o direito legal dos trabalhadores em se organizarem. Os trabalhadores têxteis convocaram uma greve geral no dia do Trabalhador. Os trabalhadores das fábricas organizaram-se em equipas que andavam de fábrica em fábrica ao longo do Sul, tentando fazer com que mais pessoas se juntassem à greve. Depois da greve, 72.000 trabalhadores têxteis do Sul foram impedidos de entrar no seu local de trabalho e postos na lista negra.

Em Kannnapolis, Cannon chamou a Guarda Nacional para proteger as suas fábricas. Como resultado, muito poucos trabalhadores de Cannon se juntaram à greve.1937Os donos de fábricas no Sul responderam com o que se tornaria parte de um rol de tácticas repressivas que incluíam: despedimentos discriminatórios, ameaças e despejos de casas pertencentes às fábricas. Os sindicatos começaram também a ter dificuldade em obter contratos devido a uma táctica simples: o protelar das empresas.

O Sindicato dos Trabalhadores Têxteis da América (TWUA) foi formado e tornou-se numa força na batalha pelos direitos dos trabalhadores têxteis.

Durante a Segunda Guerra, o TWUA organizou com sucesso várias fábricas incluindo Cone Mills, Dan River Mills, e uma fábrica em Cannon. O The National War Labor Board ajudou-os nesses esforços ao levar as companhias a aceitar contratos mínimos por causa da necessidade intensa de produção em tempos de guerra.

No final da Guerra, 80% da indústria têxtil Americana localizava-se no Sul. Apenas 20% dos trabalhadores estavam sindicalizados com a TWUA.

Kannapolis

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1945-1946

1946-1953

1946

1951

1964

Cannon construiu a casa G.I., erigindo 150 casas para veteranos retornados que queriam voltar para a fábrica e começar nova vida. A renda era de 5 dólares por quinzena.

O Sindicato lançou a Operação Dixie, um esforço intenso para organizar todas as maiores indústrias nos 12 Estados do Sul. A indústria têxtil foi o maior objectivo da campanha com a vasta maioria dos recursos a serem enviados para as grandes fábricas têxteis, incluindo Cannon Mills, em Kannapolis. A campanha incluiu 86 fábricas e 64.000 trabalhadores.

A segunda metade do ano foi marcada pela campanha de TWUA em Kannapolis.

Muitas vezes ignorado pelos historiadores, este ano foi marcado pela segunda maior greve geral na história do Sul, quando a TWUA tentou fazer com que aumentassem os salários nas fábricas sindicalizadas, acima das não sindicalizadas. No entanto, ocorreu uma depressão não esperada depois do boom do pós-Guerra. A indústria tinha produzido em excesso durante este período e assim não foi afectada pela greve. O fracasso desta greve provocou a queda ou o enfraquecimento de estruturas locais do TWUA.

O Civil Rights Act foi aprovado. O Título 7 previa que as pessoas não poderiam ser discriminadas na contratação, nas promoções e nas condições de trabalho com base na distinção de raça, credo, cor, origem nacional, e que mais tarde viria também a incluir sexo e deficiência. O Civil Rights Act providenciou a base para a integração das pessoas levando à ocupação de postos de trabalho por todo o Sul e em última análise, por todos os E.U.

Kannapolis

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1964

1966

1970

1971

1974-1975

1974

Antes dos anos 60, homens Afro-Americanos só podiam obter trabalhos medíocres fora das fábricas de Kannapolis como os de contínuo ou de construção. As mulheres Afro-Americanas, de modo algum, poderiam trabalhar nas fábricas. Em 1964, o ano em que o Civil Rights Act foi aprovado no Congresso, os Afro-Americanos começaram a conseguir trabalhar na produção dentro de Cannon Mills. Por esta altura, representavam 18% da população de Kannopolis. Baseados na crença que os Afro-Americanos são mais propensos a sindicalizarem-se, futuros patrões esforçavam-se no sentido de manter a percentagem de Afro-Americanos abaixo de 25% do número total dos seus empregados, para se prevenirem da sindicalização.

45% de todos os empregos de indústria transformadora na Carolina do Norte estavam no sector têxtil.

Hicks e outros levaram Cannon Mills a tribunal com um processo contra práticas discriminatórias no local de trabalho e na contratação e tiveram como seus defensores a Chambers and Stein, a primeira firma integrada de advogados na Carolina do Norte.

Charles Cannon morre.

Uma pequena recessão na indústria acabou por ser o começo de um declínio económico de longo prazo, devido na sua maior parte ao aumento das importações após 1975. As importações de têxteis triplicaram entre os anos de 1975 e 1984, levando a encerramentos de fábricas desde os anos 70 até aos anos 90. Os têxteis continuaram a ser a indústria que mais pessoas empregava na Carolina do Norte, tendo no entanto a indústria experimentado um incremento nas consolidações.

Uma campanha dos sindicatos, começada pelo sindicato para os Trabalhadores Têxteis de Roupa e de Tecido Diversos (ACTWU). Bob Freeman geriu a campanha essencialmente sozinho, explicando aos trabalhadores quais os seus direitos. O Sindicato perdeu a votação por 6801 contra 8473, ou 44% contra 56%.

Kannapolis

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Março de 1982

1982

1984-1985

Outubro de 1986

David Murdock, um magnata do sector imobiliário comprou Cannon Mills e 660 hectares de propriedade aos herdeiros de Cannon, incluindo a Baixa Comercial e 1600 casas. Nesta altura, uma família normal pagava 36,83 dólares de renda por mês e a pensão de um trabalhador reformado era de 47,15 dólares mensais, depois de 35 anos de trabalho na fábrica. A conta de água era, em média, de 4 dólares por trimestre.

O processo em tribunal de Hicks vs. Cannon Mills, entrado em 1970, foi concluído por consenso mútuo em tribunal. O resultado foi que Cannon Mills teria de pagar 1,65 milhões de dólares a 3.700 trabalhadores Afro-Americanos.

A localidade de Kannapolis foi oficialmente incorporada em 6 de Novembro de 1984, passando de vila a cidade. A renda subiu de 40 dólares por mês para 320 dólares mensais. As casas na cidade subiram de tal forma que Murdock pôde construir um parque e um YMCA (Young Men's Christian Association).

O ACTWU movimentou uma campanha que durou 15 meses. O ACTWU perdeu a eleição em Outubro de 1985, 3.530 contra 5.982.

Em Dezembro de 1985, Murdock vendeu Cannon Mills a Fieldcrest Mills, por 250 milhões de dólares. Murdock manteve as áreas circundantes incluindo a Baixa Comercial, que renovou fazendo um Centro Comercial com uma cúpula ao estilo de Williamsburg.Murdock acabou com o plano de pensões e levou com ele os juros que o fundo de pensões tinha auferido, digamos algo como 39 milhões de dólares.

O ACTWU conseguiu indemnizações para os trabalhadores despedidos aquando da campanha de 1985.

O ACTWU processou Murdock em nome dos trabalhadores pela apropriação do dinheiro do Fundo de Pensões. O sindicato ganhou um milhão, mas ao dividi-lo com tantos trabalhadores, tal correspondeu apenas a um punhado de dólares por cada um.

Kannapolis

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1991

1991-1995

1994

1995

1995

A campanha mais cerrada do sindicato. A Fieldcrest contratou a B&C Associates para lutar contra os esforços associativistas, ao incidir sobre a comunidade Afro-Americana com propaganda anti sindicatos e recrutando sacerdotes para falarem contra os sindicatos. O ACTWU perdeu a eleição por 199 votos, 3.024 contra 3.233, com 538 votos a serem contestados. O ACTWU efectuou queixas junto da National Labor Relations Board, protestando contra o comportamento da Fieldcrest durante a campanha.

O caso fez o seu caminho através do sistema da National Labor Relations Board: uma audiência regional decidiu contra a Fieldcrest. A Fieldcrest apelou à NLRB nacional, em Washington. A NLRB federal respeitou a decisão da NLRB regional ao culpar a Fieldcrest de mais de 150 práticas de trabalho injustas durante a campanha de 1991. A Fieldcrest entretanto apelou desta decisão ao mais alto tribunal dos Estados Unidos.

A Associação Norte-Americana de Comércio Livre (NAFTA) foi implementada, facilitando a companhias americanas a possibilidade de beneficiarem de mais baixos custos salariais fora dos Estados Unidos.

O ACTWU fundiu-se com o Sindicato Internacional das Mulheres Trabalhadoras Têxteis (IGLWU) e formou-se assim o UNITE (Union of Needletrades Industrial and Textile Employees.

A Fieldcrest perdeu o seu recurso contra o National Labor Relations Board. O Tribunal de 4.º Circuito manteve a decisão da NLRB e pediu "soluções especiais" e uma nova eleição. A decisão do Juiz principal Wilkinson dizia que "A Fieldcrest simplesmente não respeitou nenhum quadro legal, adoptou uma espécie de política de terra queimada sem prisioneiros para parar o processo de sindicalização".

Kannapolis

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Fevereiro de 1997

12 de Junho de 1997

7 de Julho de 1997

21 de Julho de 1997

6 de Agosto de 1997

12 e 13 de Agosto de 1997

O Tribunal de 4.º Circuito nega uma petição da Fieldcrest para uma reapreciação do seu recurso, abrindo caminho a uma nova eleição.21 de Abril de 1997Os trabalhadores ilegalmente despedidos retornam ao trabalho: os trabalhadores que foram despedidos ilegalmente durante a campanha de 1991 retornam também ao trabalho como parte da decisão do NLRB contra a Fieldcrest.

O Sindicato acusa a Fieldcrest de novas violações: o Sindicato apresenta um processo contra práticas laborais injustas e contra a empresa por violar as determinações do NLRB ao despedir quatro trabalhadores por actividade sindical e por mostrar vídeos anti sindicatos.

Um período de 2 anos começou, no qual as "soluções especiais" do NLRB entrariam em vigor. De acordo com esta deliberação, o NLRB começou a ler aos trabalhadores uma lista oficial das violações da Fieldcrest durante a campanha de 1991.O UNITE começou a aceder às salas no intervalo dos trabalhadores.

O UNITE pediu que fosse marcada a data para as novas e repetidas eleições.

A NLRB elaborou uma petição de emergência com o Tribunal de Apelos de 4.º Circuito contra a Fieldcrest: a petição pedia uma imposição imediata para parar com as violações da Fieldcrest às regras especiais e às soluções ordenadas pelo Tribunal. A NLRB pediu ao tribunal para indicar um responsável especial para monitorizar a eleição.

O UNITE perdeu as eleições por 2.194 contra 2.267, com 60 votos contestados. O UNITE fez novamente uma queixa de práticas laborais injustas no NLRB, alegando que a conduta ilegal da Fieldcrest e a violação das soluções propostas pelo Tribunal haviam novamente adulterado esta eleição.

Kannapolis

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Setembro de 1997

Junho de 1999

22 e 23 de Junho de 1999

Novembro de 1999

Dezembro de 1999

Fevereiro de 2000

Novembro de 2000

Maio de 2002

Julho 30 de 2003

A Fieldcrest vendeu a Fielcrest-Cannon à Pillowtex Corporation por 700.000 dólares.

O UNITE começou uma nova campanha que durou 3 semanas.

O UNITE ganhou a eleição por 2.270 contra 2.120, com 285 votos contestados. A Pillowtex queixou-se ao NLRB.

A Pillowtex retirou a queixa. O Sindicato foi certificado pelo NLRB e isto foi anunciado numa conferência de imprensa conjunta.

Negociações por um novo contrato começaram em conjunto com os trabalhadores dos outros sindicatos de outras fábricas.

Um primeiro contacto foi recomendado aos membros pelo comité e ratificado por esmagadora maioria dos seus membros.

A Pillowtex apelou ao artigo 11 – Protecção de falência.

A Pillowtex emergiu a partir deste artigo 11 com uma anulação da dívida de 700 milhões de dólares.

A Pillowtex anunciou a sua liquidação total e imediata, fazendo uma nova petição de declaração de falência. De um dia para o outro, 7.650 pessoas perderam os seus empregos, 4.340 na área de Kannapolis. Foi o maior despedimento colectivo definitivo na história da Carolina do Norte.

Kannapolis

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Websites

Where Do You Stand? The Documentary

www.wheredoyoustand.info

On this site is a historical timeline of the Kannapolis struggle that places it within the larger history of the

ba le for labor rights in the U.S.

American Rights at Work

www.americanrightsatwork.org

American Rights at Work is an educational and advocacy organization dedicated to improving the climate in

which workers can exercise their rights in the workplace.

Economic Policy Institute

www.epinet.org

The Economic Policy Institute is a nonpro? t, nonpartisan think tank that seeks to broaden the public debate

about strategies to achieve a prosperous and fair economy.

AFL-CIO

www.a? -cio.org

The AFL-CIO’s mission is to bring social and economic justice to our nation by enabling working people to

have a voice on the job, in government, in a changing global economy and in their communities.

United for a Fair Economy

www.faireconomy.org

United for a Fair Economy is a national, independent, nonpartisan, non-pro? t organization that raises aware-

ness of how concentrated wealth and power undermine the economy, corrupt democracy, deepen the racial

divide, and tear communities apart.

Jobs with Justice

www.jwj.org

Founded in 1987, Jobs with Justice exists to improve working people’s standard of living, ? ght for job security,

and protect workers’ right to organize. The organization is made up of a network of local coalitions that con-

nect labor, faith-based, community, and student organizations to work together on workplace and community

social justice campaigns.

UNITE HERE!

www.unitehere.org

UNITE (formerly the Union of Needletrades, Industrial and Textiles Employees) and HERE (Hotel Employees

and Restaurant Employees International Union) merged on July 8, 2004 forming UNITE HERE. The union rep-

resents more than 440,000 active members and more than 400,000 retirees throughout North America.

United States Student Association (USSA)

www.usstudents.org

Founded in 1947, USSA is the country’s oldest and largest national student organization, representing millions

of students. USSA trains and organizes students to win concrete victories on their campuses—like stopping fee

hikes, expanding retention and recruitment programs for underrepresented students and improving campus

safety.

Recursos

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Websites

United Students Against Sweatshops (USAS)

www.studentsagainstsweatshops.org

USAS is an international student movement of campuses and individual students ? ghting for sweatshop-free

labor conditions and workers’ rights.

Institute for Southern Studies

www.southernstudies.org

Since its founding in 1970 by veterans of the civil rights movement, the Institute for Southern Studies has

established a national reputation as an essential resource for grassroots activists, community leaders, scholars,

policy makers and others working to bring lasting social and economic change to the region.

California Newsreel

www.newsreel.org

Newsreel is the oldest non-pro? t ? lm and video production and distribution center in the country, distributing

cu ing edge social interest documentaries to universities, high schools and public libraries.

Sugestões de leitura

“Unfair Advantage: Workers Freedom of Association in the United States under International Human Rights

Standards,” Human Rights Watch, August 2000. h p://www.hrw.org/reports/2000/uslabor/

Brofenbrenner, Kate, “Uneasy Terrain: The Impact of Capital Mobility on Workers, Wages, and Union Organiz-

ing,” Cornell University, September 2000.

Like a Family: The Making of a Southern Co on Mill World, by Jacquelyn Dowd Hall, James Leloudis, Robert

Korstad, Mary Murphy, LuAnn Jones, and Christopher B. Daly. (New York: W.W. Norton, 1987).

Nickel and Dimed: On (Not) Ge ing By in America, by Barbara Ehrenreich. Owl Books, 2001.

What Do We Need a Union For?: The TWUA in the South, 1945-1955, by Timothy J. Minchin. University of

North Carolina Press, 1997.

Hiring the Black Worker: The Racial Integration of the Southern Textile Industry, 1960-1980, by

Timothy J. Minchin. University of North Carolina Press, 1999.

Filmes/Documentários

Uprising of ’34, Produced/Directed by George Stoney and Judith Helfand, 1995

Norma Rae, starring Sally Field. Directed by Martin Ri , 1979

Roger and Me, 1989;The Big One, 1998. Wri en, Produced, and Directed by Michael Moore

At the River I Stand, Directed by David Appleby, Allison Graham and Steven Ross, 1993

Bread & Roses, starring Adrien Brody. Directed by Ken Loach, 2000

Matewan, John Sayles, 1987

The Killing Floor, Bill Duke,1984

Harlan County, USA, 1977; American Dream, 1990. Directed by Barbara Kopple

Recursos

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