guia de esporte e cidadania

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6 6 Guia de esporte e cidadania Selo UNICEF Município Aprovado 2013-2016 realização parceiros regionais apoio

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Page 1: Guia de esporte e cidadania

6666Guia de esporte e cidadaniaSelo UNICEF Município Aprovado

2013-2016

realização

parceiros regionais

apoio

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Fundo das Nações Unidas para a Infância – UNICEF

Gary StahlREPRESENTANTE DO UNICEF NO BRASIL

Esperanza VivesREPRESENTANTE ADJUNTA DO UNICEF NO BRASIL

Escritório do Representante do UNICEF no BrasilSEPN 510 – BLOCO A – 2º ANDAR. BRASÍLIA/ DF – 70750-521

EQUIPE DO UNICEF NA AMAZÔNIA

Antônio Carlos CabralClaudia PortoDariane SousaEliana AlmeidaEmly CostaFrancisca MorganaFábio MoraisIda OliveiraUnai Sacona

ELABORAÇÃO DO CONTEÚDO

Inácio França Diane Pereira SousaMaria Regina Martins Cabral(Instituto Formação)

REVISÃO DE TEXTO

Maura Dourado

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO

Libra Design

A reprodução desta publicação, na íntegra ou em parte, é per-mitida desde que citada a fonte.

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Fundo das Nações Unidas para a InfânciaGuia de Participação dos Adolescentes - Selo UNICEF

2013-2016/ Fundo das Nações Unidas para a Infância - Brasília: UNICEF, 2014.

37 p.: il.1. Cidadania - Criança e Adolescente. 2- Cultura

Indígena. 3- Cultura afro-brasileira. I. Título.

F981c

CDD 323.6

Sumário6 Apresentação8 Esporte & Cidadania: por que esse tema?10 A Participação Social na área da Educação Física12 Esporte e Cidadania14 Esporte com inclusão16 Ressignificando espaços comunitários de convivências e de práticas de esportes18 Sumário de Tecnologias / Metodologias20 Como os municípios podem se organizar

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Apresentação

O principal objetivo do eixo de Mobilização, Participação e Controle Social do Selo UNICEF Município Aprovado 2013-2016 é promover a capacidade dos municípios da Amazônia de articularem, envolverem e integrarem diferentes setores da sociedade na realização das políticas públicas.

Assim, como está estabelecido em praticamente todas as políticas nacionais, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e os parceiros do Selo compreendem que a redução das desigualdades só acontecerá de maneira sustentável com a presença da sociedade em todo o processo.

A sustentabilidade de uma política pública, portanto, depende da efetiva par-ticipação da sociedade em sua implementação, da ampla mobilização para que atinja todos os setores a serem beneficiados e do exercício do controle social para fiscalizá-la e monitorar seus resultados. Enfim, a comunidade é a verdadeira protagonista das trans-formações. Todas as atividades propostas pelo UNICEF e seus parceiros para esse eixo mantêm um estreito diálogo com as principais políticas nacionais para a redução das desigualdades.

O Selo reforça o potencial de escuta e ação da gestão municipal. Por essa razão, o município deverá ser capaz de garantir a participação de gestores(as), operadores(as) do sistema de garantia de direitos; professores(as), profissionais de saúde e de assistên-cia social; além de pais, mães e principalmente dos próprios adolescentes.

A participação dos adolescentes e também das crianças nas atividades desse eixo não deverá ser, jamais, figurativa ou meramente presencial. Deverá ser efetiva, com espaço assegurado para suas diferentes vozes, opiniões e questionamentos em todas as etapas de desenvolvimento do tema deste guia.

A participação concreta de adolescentes e crianças na execução, gestão e acompanhamento das políticas públicas é imprescindível para que o esforço pela redução de desigualdades e pela melhoria das suas condições de vida acon-teça de maneira contínua, equilibrada e permanente.

Por que é importante a participação concreta dos adolescentes? Nessa fase, uma grande reorganização cerebral propicia o aprendizado, intensifica a capacidade de ra-ciocínio abstrato, melhora a memória, começa a permitir o controle dos impulsos. No fim da adolescência, o indivíduo desenvolve o raciocínio consequente, que possibilita pensar nas consequências dos seus atos e amadurece o circuito social, permitindo que o adolescente se torne uma pessoa sociável, empática e solidária.

Dos processos de desenvolvimento da adolescência, três elementos se destacam: a construção da identidade, que gera questionamentos existenciais e permite uma nova maneira de se entender e se colocar no mundo; a sua capacidade de interação com outros adolescentes e com pessoas de diferentes idades, ampliando sua rede de re-lacionamentos e sua habilidade de convivência em grupo; e a conquista da autonomia,

quando o adolescente começa a assumir novas responsabilidades, buscar liberdade e fazer um plano de vida.

Afinal, além de serem os principais beneficiários – o que já seria motivação sufi-ciente para que se apoderem dos mecanismos que impactam suas vidas -, em poucos anos esses mesmos meninos e meninas deverão ser os responsáveis pela execução des-sas políticas. Daí o eixo de participação do Selo UNICEF Município Aprovado ter sido es-truturado para contribuir na formação e no desenvolvimento de cidadãos protagonistas e conscientes para atuar na vida social, política e administrativa dos seus municípios.

Nesse eixo, a participação da sociedade dar-se-á em atividades de Arte, Cultura e Comunicação para a Diversidade Étnico-racial; Mudança Climática e seus impactos sobre as crianças e adolescentes na Amazônia; Esporte & Cidadania; e, finalmente, na Semana do Bebê.

Este guia, destinado ao tema Esporte & Cidadania, orienta os municípios a esti-mularem e envolverem os gestores, a sociedade, suas crianças e adolescentes a lutarem pelo esporte seguro e inclusivo; desde a educação básica, nos ambientes escolares, mas também fora das escolas, nos ambientes públicos e comunitários. Nesse tema, as prin-cipais referências do Selo UNICEF são: Lei n° 8672/1993 e o Decreto n° 981/1993, que reforçam o conceito de Esporte Educacional.

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Esporte & Cidadania: por que esse tema?

Mais do que saudável, divertido e um direito de todos, o esporte também pode ser uma poderosa estratégia de mobilização social para a conquista e a garantia de outros direitos, pois é capaz de promover a inclusão de setores da população.

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A Participação Social na área da Educação Física

Desde o século XX, adotou-se (em eventos e por organismos internacionais) a prática de posicionar-se, declarar, escrever, agendar sobre diferentes conteúdos, como forma de se tentar construir um mundo melhor, pós–guerra; mesmo que por dentro de uma sociedade endemicamente destinada à exclusão - como a capitalista.

O início desse tipo de manifestação foi a Declaração Universal dos Direitos Hu-manos – pelas Nações Unidas, em 1948, e prosseguiu em vários outros eventos e mo-mentos, como o Manifesto 2000 - por uma Cultura de Paz e Não–Violência, do Grupo de Prêmios Nobel, em 1998.

Na área da Educação Física, a Carta Internacional de Educação Física e Esporte, escrita pela Unesco, em Paris, 1978, foi um marco importante. Seguiu-se a essa, a Carta dos Direitos da Criança no Esporte, Panathlon, Avignon, em 1995.

No Brasil, identificamos, inicialmente, na área da Educação Física e Esporte, duas manifestações importantes:

■ Carta de Belo Horizonte, 1984, assinada por intelectuais da Educação Física. ■ Carta Brasileira de Esporte Educacional assinada nos Jogos

Escolares Brasileiros, em 1989, que ressalta a importância do esporte ter uma concepção mais educativa.

Em 1999, quando todas as áreas eram conclamadas a se manifestarem e irradiarem suas reflexões na entrada do novo século, a área de Educação Física realizou três eventos com esse objetivo:

■ World Summit on Physical Education (Berlim) – que lançou a Agenda Berlim estabelecendo a necessidadede uma Educação Física de Qualidade.

■ III Encontro de Ministros e Responsáveis pelo Esporte e Educação Física, em Punta del Este, que divulgou documento com diretrizes para políticas públicas na área.

■ Congresso Mundial FIEP, em Foz do Iguaçu, que lançou o Manifesto Mundial da Educação Física- FIEP 2000, com a defesa do direito de todos à Educação Física, articulando essa área a outras, como Educação, Esporte, Cultura, Ciência, Saúde, Lazer e Turismo e interligando esse conteúdo a outros transversais, cuja superação eram importantes para uma sociedade mais humanizada, tais como: exclusão social, pessoas com deficiências , meio ambiente e cultura da paz. Esse documento sintetiza as defesas até então no âmbito da Educação Física e dos Esportes.

O conceito de esporte educativo aparece, portanto, desde a Carta Internacional da Educação Física, elaborada pela UNESCO. Tinha como objetivo renovar os conceitos que eram adotados antes e durante a Guerra Fria, em que existia uma ampla prática pela competição e era utilizado muito mais para a formação de “exércitos” do que pelo lazer e como um dos conteúdos formadores do “homem integral”.

Desde então, o esporte educativo é tanto praticado em sistemas de educação formal como no não formal, adaptando regras, estrutura, espaços, materiais e formas de se praticar de acordo com as regras construídas, as condições sociais e pessoais.

No Brasil, além do debate promovido a partir dos Jogos Escolares Brasileiros de 1985, algumas leis importantes foram aprovadas, tais como a Lei n°8672/1993 e o De-creto n° 981/1993. Em 1995, com a criação do Ministério Extraordinário do Esporte e do Instituto Nacional do Desenvolvimento do Esporte, foi elaborado um primeiro docu-mento com os princípios fundamentais do esporte educacional, que são:

1. Coeducação2. Cooperação3. Emancipação4. Participação5. Regionalismo6. Totalidade

Atualmente, essas discussões se mantêm em conferências que são realizadas no Brasil, também na área do esporte. A primeira aconteceu em 2004 e, desde então, três confe-rências nacionais foram realizadas.

O amadurecimento da democracia brasileira por meio da participação direta possibilitou que o Brasil adotasse esse modelo de conferências para construção de polí-ticas públicas, reconhecido internacionalmente por promover o diálogo entre governos e sociedade civil.

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Esporte e Cidadania

O esporte está organizado no Brasil em três perspectivas: ■ Esporte-educacional: com sentido educativo, vinculando-

se a três áreas de atuação pedagógica: interação social, desenvolvimento psicomotor e atividades físicas educativas.

■ Esporte-participação: referenciado como o princípio do prazer lúdico, que apresenta como finalidade o bem-estar social dos seus praticantes. Intimamente ligado ao lazer e ao tempo livre, busca como propósito a descontração, a diversão, o entretenimento, o desenvolvimento pessoal e as relações interpessoais.

■ Esporte-rendimento / performance: voltado para os êxitos esportivos, a vitória sobre os adversários, para os “talentos esportivos”, por isso mesmo excludente na sua concepção.

O esporte representa uma linguagem universal para milhões de crianças, adolescentes e jovens no mundo inteiro. Assim sendo, brincar e ter acesso à pratica esportiva segura e inclusiva não é um privilégio, mas um direito fundamental de todos. De acordo com o Artigo 31 da Convenção sobre os Direitos da Criança, adotada em 20 de Novembro de 1980 e retificada em 21 de Setembro de 1990, pela Assembleia das Nações Unidas.

Os “Estados Partes” reconhecem à criança o direito ao repouso e aos tempos

livres, o direito de participar em jogos e atividades recreativas próprias da

sua idade e de participar livremente na vida cultural e artística. (UNICEF).

O direito ao esporte está garantido no inciso II do Art. 217, da CF/88. Entretanto, como acontece em outras áreas sociais do Brasil, o que está garantido na Constituição Federal e em Leis complementares não tem necessariamente sido satisfatoriamente efetivado. No caso do direito ao esporte, a sua não universalização tem sido relativizada por pro-gramas pontuais, como o “Segundo Tempo” e “Mais Educação”, ou por iniciativas que combinam ação do Governo e da Sociedade Civil, ou simplesmente da Sociedade Civil em atividades que proporcionam a crianças, adolescentes, jovens e adultos de áreas rurais e periféricas das cidades algumas atividades de esportes via projetos que comple-mentam o processo educativo de estudantes e das populações dessas localidades. Mas essas ações pontuais não bastam!

Por isso, a importância desse tema como indutor no Selo. A defesa desse direito faz parte da garantia do próprio desenvolvimento saudável do ser humano desde sua infância, sendo que o lazer e a prática do esporte seguro e inclusivo são fundamentais para que isso ocorra, por várias razões:

■ fazem bem à saúde e estimulam a aprendizagem; ■ ampliam seu universo cultural; ■ desenvolvem suas potencialidades; ■ favorecem o relacionamento social; ■ proporcionam condições para uma vida com mais qualidade.

O esporte tanto de participação como educativo, ou mesmo o de desempenho, podem ser ferramentas eficientes de complemen-to à educação, contribuindo para o aumento do interesse dos estudantes na escola, além de ajudar a promover a inclusão social e o respeito à diversidade.

O cenário produzido pelos megaeventos realizados no Brasil, nesta década, não poderia ser mais propício para se refletir sobre o quanto o esporte é parte da vida e do imaginário de crianças, adolescentes e jovens ; mais do que isso, o quanto ele pode contribuir para a mobilização da sociedade, pela expres-são cidadã de sujeitos, na luta pela paz e como prática de combate ao preconceito.

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A partir de um objetivo mais amplo, voltado para a melhoria da qualidade de vida das pessoas, através dos esportes, podem ser definidos os objetivos de cada ação governamental ou comunitária que leve a um processo de inclusão. De todo modo, quando se almeja a inclusão de cada cidadão em atividades diversas do esporte e lazer, através das políticas públicas ou de iniciativas comunitárias e sociais, há que se consi-derar que:

■ todas as pessoas precisam ser cuidadas durante a prática desenvolvida, de modo particular crianças, adolescentes, jovens, idosos e pessoas com deficiências;

■ é importante valorizar as expressões culturais locais e respeitar a alteridade e os perfis diferenciados dos grupos onde desenvolvemos as práticas de esportes educativos e inclusivos;

■ promova-se ou estimule a integração dos diferentes grupos em comunidades globais de aprendizagem, cuja forma de funcionamento em redes de comunicação educativa possibilita elevar a qualidade de sua participação no desenvolvimento pessoal e local;

■ o fortalecimento de processos de planejamento e de práticas organizativas coletivas são fundamentais para a construção e fortalecimento de práticas esportivas de caráter eminentemente coletivo e educativo.

Quando se focaliza uma realidade para pensar um processo de inclu-são pelos esportes, pode-se fazer uma análise que implica:

■ compreender a ação de reciprocidade entre os sujeitos e a história, entre a objetividade dos dados da realidade e a subjetividade que direcionam o olhar na leitura das conjunturas;

■ identificar as potencialidades para que se possa interagir e transformar as situações concretas, a partir de iniciativas que promovam o autoconhecimento e, ao mesmo tempo, a investigação profunda sobre os elementos definidores das realidades;

■ avaliar as possibilidades de superação dessas conjunturas e de construção de novas formas de organização social, em que prevaleçam a democracia, a igualdade social, a paz, a tolerância e a cidadania.

Esporte com inclusão

Os processos de inclusão por meio do esporte têm se ampliado globalmente, sobre-tudo a partir da segunda metade do século passado. No Brasil, os cursos de Educação Física tiveram legislação específica que abordou essa temática, a partir da Resolução Nº 3/87, do Conselho Federal de Educação.

A literatura e a legislação no Brasil que abordam a inclusão nos esportes se referem mais ao processo de inclusão de pessoas com deficiências: deficiência física / motora, deficiência mental,deficiência visual, deficiência auditiva, o que em si é um avanço importante, que inclusive precisa ser materializado com todas as condições de acessibilidade necessárias.

Nesses casos, a Educação Física é adaptada para atender às especificidades de cada pessoa. "Todo o programa deve conter desafios a todos os alunos, permitir a parti-cipação de todos, respeitar suas limitações, promover autonomia e enfatizar o potencial no domínio motor". (PEDRINELLI, 1994, p. 69).

Entretanto, apesar de ser de grande importância essa perspectiva e a adequação dos espaços educativos e esportivos para garantia de acessibilidade às pessoas com deficiência, bem como o desenvolvimento de metodologias específicas para essa co-bertura, o conceito da inclusão pode contemplar também a perspectiva do direito à brincadeira, ao jogo, ao esporte, todos numa abrangência maior; ou seja, pessoas com ou sem deficiência, altos e baixos, gordos e magros, homens e mulheres, ricos e pobres, habitantes da zona rural, zona urbana, povos da floresta, comunidades indígenas, co-munidades quilombolas, ribeirinhas, das periferias das cidades pequenas, médias ou das metrópoles, de todas as etnias e raças.

É esse processo de inclusão que denotará o sentido do esporte educativo como um dos meios de construção de uma sociedade inclusiva, tolerante, pacífica, que respei-ta as diferenças e combate as desigualdades.

A ideia é que os processos de inclusão nos esportes e pelos esportes contribuam para um conjunto grande de superação de limites e de condições negativas que au-mentam os problemas de autoestima entre as pessoas. Ao se conhecer determinados contextos onde as práticas de esportes educativos se desenvolvem, será possível focar o que se deseja alcançar: a paz, a tolerância, a autoestima, o desenvolvimento pessoal e social, o combate ao bullying, o simples lazer, a construção de relações solidárias, a mobilização de pessoas, sentir-se saudável, a felicidade ou mesmo a competição nos pequenos, médios e megaeventos esportivos.

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Ressignificando espaços comunitários de convivências e de práticas de esportes

Muitas vezes para a prática dos esportes é criada uma dependência da existência de um campo de futebol ou de uma quadra coberta para que ocorra o jogo ou a brincadeira. Na falta desses espaços, as escolas públicas, em diversos casos, têm dado aula teórica e nenhuma prática de Educação Física para os estudantes.

Esses espaços devem sim ser construídos e mantidos pelo poder público, mas não podem ser considerados como condição indispensável, ou único lugar possível, para que se realizem práticas de esportes e de lazer educativo.

Afinal, as pessoas vivem hoje, é nesse tempo presente, independente de já exis-tir ou não uma construção arquitetônica, que elas precisam se reunir, brincar, jogar, de-senvolver-se. Dessa forma, a construção pedagógica, a prática educativa pode preceder o espaço físico. Quando a ideia é concebida e inicialmente operacionalizada antes da infraestrutura existir, pode potencializar e dar mais sentido para o espaço físico ser cons-truído na sequência ou simultaneamente.

Muitos outros espaços, além do campo, da quadra e das ruas, podem ser adapta-dos para a prática do esporte e do lazer, tanto em regiões rurais como urbanas: a praia, o rio, a várzea, o quintal, o pátio... o importante é a busca de soluções estar sempre presente e não se permitir que as dificuldades sejam mais fortes do que as soluções.

Ao mesmo tempo em que esses lugares podem ser inicialmente utilizados, de forma criativa e segura, de modo a se incluir todos na prática dos esportes e jogos edu-cativos, a luta pela consolidação dos esportes nas escolas e de espaços e praças públi-cos bem equipados deve ser contínua.

Qualquer espaço escolhido para a prática dos esportes educativos, quer seja a rua da casa ou a quadra da comunidade, deve possibilitar uma prática segura para crianças e adolescentes.

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Sumário de Tecnologias e Metodologias

Veja relação de tecnologias/metodologias de esporte educativo e links onde podem realizar mais consultas para aprofundar seus conhecimentos.

Bolação HTTP://WWW.ESPORTECIDADANIABR.ORG.BR/

Educar pelo futebol – meu time é nota 10HTTP://WWW.EDUCARPELOFUTEBOL.COM.BR/

Escola de mediaçãoHTTPS://ESCOLADEMEDIACAO.WORDPRESS.COM/

EsporteHTTPS://FUTEBOLDERUA.WORDPRESS.COM/

HTTP://FORMACAO.ORG.BR/SITE/INDEX.PHP?OPTION=COM_CONTENT&VIEW=ARTICLE&ID=284:EVEN-

TO5-HOMEPAGE&CATID=35:YOOCAROUSEL

Nucel – núcleos comunitários de esporte e lazer HTTP://WWW.ESPORTECIDADANIABR.ORG.BR/

RejupeHTTP://WWW.REJUPE.ORG.BR/

Vamos jogar?HTTP://VAMOSJOGAR.INFO/

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Page 11: Guia de esporte e cidadania

Como os municípios podem se organizar

As atividades dos temas do eixo de Participação Social exigem que os municípios se preparem e planejem o que vão fazer e como vão fazer para incluir na sua agenda de implementação ações que fortaleçam a diversidade social na implementação das polí-ticas públicas. Como já diz o próprio título do eixo, é necessário ir além daqueles que já compõem a comissão intersetorial e incorporar pessoas de outros segmentos da co-munidade. Isso é fundamental para que as atividades sejam realizadas de forma lúdica, com envolvimento de todos e muita interatividade.

A escolha do mobilizador

Antes de qualquer outra coisa, a primeira providência é a escolha de alguém que tenha alguma intimidade com o assunto para atuar como “mobilizador” do municí-pio para as atividades do tema. O articulador do Selo UNICEF Município Aprovado e a comissão intersetorial devem escolher a pessoa mais adequada para a função.

É recomendável que o “mobilizador” seja uma pessoa ligada à Secretaria Municipal de Educação ou de Esporte (se existir), pois a maior parte das atividades serão de-senvolvidas a partir das escolas (em contato direto com a comunidade) e deverão estar em sintonia com a proposta pedagógica adotada na rede municipal de ensino.

Não basta conhecer o assunto. O “mobilizador” terá de montar um grupo para trabalhar (por isso mesmo, vamos chamá-lo aqui de Grupo de Trabalho) e acom-panhar de perto como o tema está sendo desenvolvido no município.

Na hora de escolher o “mobilizador”, o articulador e a comissão precisam le-var em conta se a pessoa escolhida é animada, se está motivada para atuar no Selo, se é bem articulada e comprometida com a educação de qualidade e se é comprometida com o direito ao esporte e o esporte educacional. Essa pessoa deverá manter contato continuamente com a comissão interse-torial, tanto para mantê-la informada quanto para solicitar apoio.

Papel do mobilizador ■ Ser a principal referência na hora de colocar em prática as

propostas e tarefas recomendadas neste guia. ■ Formar o Grupo de Trabalho agregando mais pessoas interessadas

no tema e dispostas a apresentar, incentivar e acompanhar as ações a serem desenvolvidas nas escolas e na comunidade.

■ Incentivar a integração das escolas municipais nas atividades do tema. ■ Viabilizar as condições para que as atividades sejam documentadas. ■ Ajudar a organizar, juntamente com o Grupo de Trabalho, a

apresentação/exposição dos produtos desenvolvidos por ocasião do 2º Fórum Comunitário, conforme será detalhado mais adiante.

Organização do Grupo de Trabalho

A primeira tarefa do “mobilizador” será a escolha dos integrantes do Gru-po de Trabalho (GT) que irão se dedicar ao tema “Esporte & Cidadania”.

Podem fazer parte do GT, por exemplo, as diretoras ou coordenadoras pedagó-gicas das escolas participantes, representantes das secretarias municipais de Educação, de órgãos ou setores de esporte e educação física, representantes de organizações esportivas, pessoas que atuam em ONGs que trabalham com esporte e os adolescentes que participam do Selo por meio do Núcleo de Mo-bilização dos Adolescentes (ver o Guia de Participação dos Adolescentes).

Sempre é bom lembrar que a participação dos adolescentes nesse tema como em qualquer outra atividade do Selo não é facultativa nem deve acontecer apenas de maneira simbólica ou para executar as tarefas decididas pelos adultos. Afinal, como está dito no Guia de Participação dos Adolescentes, “é uma questão de coerência e não uma imposição arbitrária, pois interagir, participar e contribuir nas decisões é fundamental para o desenvolvimento das potencialidades de todo adolescente”.

Os municípios que já participaram das edições anteriores do Selo de-vem considerar a participação de quem já atuou nas outras oportunida-des, pois começar o trabalho com a experiência acumulada e a partir de algo já realizado pode facilitar o desenvolvimento das atividades.

Ao longo do processo, o GT não pode perder de vista alguns aspectos importantes: ■ Manter contato constante com o articulador municipal

do Selo e a Comissão Intersetorial. ■ Elaborar um plano de trabalho para a realização das

atividades propostas pelo Selo UNICEF para o tema. ■ Elaborar um plano de comunicação – envolvendo divulgação e mobilização. ■ Envolver e motivar a direção, os professores e os alunos das

escolas municipais, considerando o número mínimo proposto pelo UNICEF, conforme será detalhado mais adiante.

■ Estimular o registro das várias etapas das atividades em fotografias, vídeos, depoimentos em áudio etc. Isso será fundamental quando as equipes estiverem preparando a apresentação dos trabalhos.

■ Acompanhar o desenvolvimento dos temas nas escolas, receber os relatórios e sistematizar as informações tanto para a apresentação final quanto para o processo de avaliação.

■ Garantir apoio aos participantes na apresentação final das ações, por ocasião do 2º Fórum Comunitário.

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Elaboração do plano de trabalho

O primeiro passo para construir o plano para desenvolver as atividades desse tema é ler e compreender todo o conteúdo deste guia. Uma boa dica seria, depois que todos tivessem lido esse material, promover um encontro entre os integrantes do Grupo de Trabalho para uma troca de opiniões e um momento para tirar eventuais dúvidas.

Um plano de trabalho é, na verdade, uma lista completa de tarefas. Com isso, o GT poderá prever os desafios e dificuldades a serem superados e se programar para superá-los. Para organizar melhor o plano, a equipe do Selo UNICEF sugere fazer uma tabela para cada uma das duas atividades propostas nas páginas seguintes. As tabelas devem detalhar as seguintes informações:

AS AÇÕES A SEREM REALIZADAS ■ Os nomes dos responsáveis pela execução de cada uma dessas ações. ■ Data para início e fim das ações ou tarefas. ■ Descrição dos recursos materiais e/ou humanos necessários

para a realização (por exemplo: material de escritório, câmera fotográfica, meio de transporte etc.).

■ Ter clareza de quais públicos quer mobilizar e quais os materiais de comunicação mais adequados a cada um deles. Por exemplo, usar os barqueiros para divulgar as atividades para e com as comunidades ribeirinhas.

ATIVIDADES PROPOSTAS

I –Para mobilização e qualificação de pessoas e organizações, desenvol-ver políticas e ações inovadoras para a promoção do esporte e da cidadania.

Realizar: ■ Seminários locais – para discussão de ideias para Planos Municipais. ■ Programa de Formação de Profissionais de Educação Física em Esporte

Educativo / Educacional ¬ para inserção de novas metodologias nas escolas. Programa de Formação de Adolescentes em Esporte Educativo – para disseminação de metodologias em escolas e em espaços comunitários.

II –Para influenciar políticas públicas colocando a redução das iniquidades como prioridade da agenda dos governos nos níveis federal, estadual e municipal.

Realizar: ■ Eventos de prática de esporte em escolas e em cada

cidade – numa agenda permanente. ■ Evento territorial – regional – para socialização de agendas das

cidades, dos planos locais e construção de agenda territorial.

■ Debates nas Câmaras de Vereadores sobre o Direito ao Esporte e a elaboração de Leis Municipais para ajudar na sua estruturação local.

III – Para a garantia da sustentabilidade de ações em grande escala mediante uso de metodologias inovadoras inclusivas, a produção contínua de conhecimento, programas permanentes de forma-ção de profissionais e jovens e a articulação das experiências em redes.

Realizar e implementar: ■ Prática efetiva de esporte nas escolas. ■ Plano Municipal de Esporte e Cidadania.

Ao estimular a realização de atividades relacionadas ao tema deste Guia, o UNICEF reafirma a importância que tem o esporte para todas as pessoas, mas especialmen-te para crianças e adolescentes. A prática do lazer e esporte inclusivo possibilita que cada indivíduo entenda seu próprio corpo, amplie as possibilidades de intera-ção com a comunidade e alavanque a conquista de novos direitos. Tão importante quanto isso, é fundamental na mobilização da sociedade e como ferramenta pe-dagógica no estímulo à educação e à participação das crianças na vida escolar.

Com isso, o UNICEF estimula os municípios a ir além das práticas espor-tivas exclusivamente de competição, as quais podem reforçar ainda mais exclusão das crianças e adolescentes mais vulneráveis. Essa exclusão se reflete em políti-cas públicas que restringem o direito a es-paços de lazer e de brincadeiras. Ao propor a mobilização, a reflexão e ações sobre o tema, esperamos conseguir avançar visan-do desatar os nós produzidos em nossa teia social que impedem ou dificultam que algumas crianças e adolescentes tenham seus direitos garantidos.

Bom trabalho.

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Page 13: Guia de esporte e cidadania

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Endereços dos Escritórios do UNICEF

UNICEF – Brasília – Escritório do Representante do UNICEF no Brasil SEPN 510, Bloco A / 2º andar Caixa Postal: 08584Brasília, DF. CEP 70750-521Telefone: (61) 3035-1900/ Fax (61) 3349-0606E-mail: [email protected] Representante do UNICEF no Brasil: Gary Stahl

Escritórios que atuam na Amazônia Legal Brasileira

UNICEF em Belém Trav. Dom Romualdo Coelho, nº 500.Bairro Umarizal.Belém, PA. CEP 66055-190 Telefone: (91) 3073-5700 / FAX 3073-5709E-mail: [email protected]

UNICEF em Manaus Av. Darcy Vargas, nº 77.Secretária de Assistência Social do Estado do Amazonas, Bairro Chapada. Manaus, AM. CEP 69050- 020 Telefone: (92) 3642-8016E-mail: [email protected]

UNICEF em São LuísRua Santo Antônio, nº 246. Bairro Centro.São Luís, MA. CEP 65010-590Telefone: (98) 4009-5700Fax: (98) 4009-5708 E-mail: [email protected]

www.unicef.org.br www.selounicef.org.br