guia boas práticas agrícolas

Upload: gercivaldo-junior

Post on 07-Jul-2015

706 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Boas Prticas AgropecuriasUm guia para pequenos e mdios produtores do Estado de So Paulo

Secretaria de Agricultura e Abastecimento CATI - Coordenadoria de Assistncia Tcnica Integral FEAP - Fundo de Expanso do Agronegcio Paulista

So Paulo, 2010

COLABORADORESJos Luiz Fontes Coordenador da CATI Jos Alberto Martins Gabinete do Coordenador Ypujucan Caramuru Pinto Departamento de Comunicao e Treinamento (DCT) Maria Rita P. G. Godoy Centro de Comunicao Rural (CECOR) Miriam Abrao Gonalves Centro de Treinamento Mario Ivo Drugowich Centro de Informaes Agropecurias (CIAGRO) Armando Azevedo Portas Departamento de Sementes, Mudas e Matrizes (DSMM) Joo Brunelli Junior Diviso de Extenso Rural (DEXTRU) Maria ngela Sartori Centro Administrativo Euzi Dognani Assessoria de Comunicao FUNDO DE EXPANSO DO AGRONEGCIO PAULISTA (FEAP) wwww.agricultura.sp.gov.br/creditorural.asp Marco Antonio Trauzzola Secretrio-executivo COORDENADORIA DE ASSISTNCIA TCNICA INTEGRAL (CATI) www.cati.sp.gov.br Jos Luiz Fontes Coordenador Airton Ghiberti Luis Gustavo de Souza Ferreira Assessoria Tcnica de Gabinete

AUTORESAlcides Ribeiro de Almeida Jnior Alfredo Chaguri Junior Antonio Carlos Caetano Marchiori Beatriz Cantuzio Pazinato

Alberto GoldmanGovernador do Estado Joo de Almeida Sampaio FilhoSecretrio de Agricultura e Abastecimento

Carlos Pagani Neto Cllia M. Mardegan Elaine Cristine Piffer Gonalves Jos Fernando Simplcio de Oliveira Luis Antnio de Campos Penteado Mario Ivo Drugowich Norberto Luiz de Oliveira Filho Paulo Espndola Trani Ricardo Moncorvo Tonet Roberto Antonio Thomaziello Ryosuke Kavati Snia Terezinha Juliatto Tinoco

Antonio Julio Junqueira de QueirozSecretrio Adjunto

AGRADECIMENTOSMrcia Alves Dourado de Oliveira Katia Maria Giannini Guilherme Mattos Arajo Wilson Rodrigues Canelas

www.boaspraticasnaagricultura.com.br

Esta publicao foi criada numa parceria entre o FEAP e a CATI, dentro da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de So Paulo, com o objetivo de difundir o conceito e a aplicao de Boas Prticas Agropecurias (BPAs) aos pequenos e mdios produtores do Estado que utilizam as linhas de crditos e subveno do Seguro Rural do FEAP. Nas Casas da Agricultura, os produtores podem ter acesso a essas linhas de financiamento, por meio da emisso da Declarao de Aptido ao FEAP (DAF), e obter informaes sobre a subveno do Seguro Rural. Para o desenvolvimento de suas atividades os produtores contam ainda, com os servios de assistncia tcnica e extenso rural prestados pela CATI que iro orient-los a adaptar os seus sistemas de produo para uma agricultura sustentvel, socialmente justa e ecologicamente correta, permitindo a obteno de produtos de melhor qualidade, atendendo a um mercado consumidor que a cada dia se torna mais exigente. As Boas Prticas Agropecurias descritas neste manual apresentam os cuidados necessrios na gesto da explorao agrcola, com nfase no gerenciamento dos recursos materiais, humanos e financeiros, levando a uma diminuio dos riscos de seu negcio e elevao de sua rentabilidade. A aplicao dos princpios das BPAs presentes neste manual uma contrapartida obrigatria de um compromisso assumido pelo produtor ao receber beneficios e financiamentos agrcolas pelo FEAP.

Ao lanar esta publicao, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de So Paulo demonstra a importncia das Boas Prticas e da Governana na gesto da propriedade rural, considerando assim todo o processo produtivo e a sustentabilidade econmica, ambiental e social do seu agronegcio. As Boas Prticas Agropecurias constituem um dos principais instrumentos para demonstrar a gesto adequada de um estabelecimento rural, sendo pr-requisito de vrios protocolos requeridos pelo mercado interno e externo. o caminho para o acesso a canais de comrcio de maior valor agregado que trabalham com protocolos que, a princpio, esto fora do alcance dos mdios e pequenos produtores. As Boas Prticas so aplicveis a qualquer estabelecimento rural, seja qual for o tamanho. Ela organiza as atividades de produo e os respectivos registros com ateno s obrigaes perante empregados, governo e clientes e aos direitos em relao aos fornecedores e prestadores de servios. O foco do documento o nosso cliente do FEAP Fundo de Expanso do Agronegcio Paulista, orientando-o na busca das Boas Prticas Agropecurias, contrapartida obrigatria nos contratos de financiamento. O nosso desejo que esta cartilha se torne o livro de bolso do nosso produtor, colaborando para o sucesso da sua atividade.

Jos Luiz FontesCoordenador da CATI

Secretrio de Agricultura e Abastecimento

Joo Sampaio

SUMRIOApresentaoPor que um manual de Boas Prticas Agropecurias? O que so Boas Prticas Agropecurias (BPAs) Quem se beneficia com as BPAs? Implantando BPAs na sua propriedade 12 14 15 17 Caprinocultura Bovinocultura de leite Piscicultura Sericicultura Avicultura de Corte Flores 20 21 22 22 Ovinocultura Seringueira Reflorestamento 64 66 68 70 72 74 76 78 80

Os recursos naturaisEcossistema e equilbrio ecolgico Sol, gua e nutrientes Solo Indicadores Biolgicos

Boas prticas no dia-a-diaMinha Propriedade Recursos Humanos Recursos Naturais Recursos Animais Recursos Tecnolgicos Produo Ps-produo 28 30 32 38 40 41 42

Empreendedorismo RuralO produtor rural tambm um empreendedor! Identificando oportunidades Por que o produtor precisa se regularizar? O plano de negcios Riscos da oportunidade Divulgao da propriedade e dos produtos Planejamento Financeiro Crdito 86 87 87 88 90 90 92 95

Atividades Agropecurias do Estado de So PauloBanana Caf Citricultura Maracuj Olericultura Pupunha Apicultura Bubalinocultura 46 48 50 54 56 58 60 62

Anexo: fichas de registroIdentificao e Descrio da Propriedade e Funcionrios Animais e Equipamentos Fornecedores e Compradores Treinamentos e Controle de Doenas e Acidentes Controle de Qualidade de gua e Controle de Pragas e Roedores 97 98 99 100 101

BibliografiaFicha Tcnica

APRESENTAOA presente publicao foi criada numa parceria entre o FEAP e a CATI, ambos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de So Paulo, com o objetivo de difundir o conceito e a aplicao de Boas Prticas Agropecurias (BPAs) aos pequenos e mdios produtores do Estado. Busca-se aqui oferecer subsdios para que os produtores rurais desenvolvam suas atividades, tendo em vista:

A aplicao dos princpios das BPAs presentes neste guia a contrapartida obrigatria de um compromisso assumido pelo produtor ao receber benefcios e financiamentos agrcolas por parte do FEAP.

ganhar eficincia e produtividade, garantindo ao mesmo tempo a melhor qualidade do terreno agrcola, sem prejuzo ao meio ambiente obter produtos de maior qualidade, mais saudveis, incuos e no nocivos ao ambiente melhorar as condies de trabalho dos produtores, de suas famlias e de seus funcionrios adaptar seus sistemas de produo para uma agricultura sustentvel, segura e ecologicamente correta

O Fundo de Expanso do Agronegcio Paulista O Banco do Agronegcio Familiar apoia produtores rurais e pescadores artesanais, bem como suas cooperativas e associaes, em projetos e programas especficos. O FEAP oferece crdito rural e subveno do prmio de seguro rural.

As BPAs descritas neste manual mostram os cuidados necessrios na gesto da explorao agrcola, bem como na conservao do solo, da gua e dos aquferos, que caracterizam o correto ordenamento e a preservao do espao rural. O guia direcionado aos pequenos e mdios produtores agrcolas do Estado de So Paulo, beneficirios de algum tipo de financiamento ou crdito agrcola pelo governo. Trata-se de um guia para que desenvolvam suas atividades respeitando exigncias de proteo ao ambiente, de preservao dos recursos naturais, alm de melhorarem suas condies de trabalho e produtividade graas aos cuidados com a higiene, sanidade, etc. A Coordenadoria de Assistncia Tcnica Integral promove o desenvolvimento rural sustentvel, por meio da implantao de programas e projetos voltados ao desenvolvimento socioeconmico das comunidades envolvidas. A CATI considera a preservao do meio ambiente e possibilita a insero social.

POR QUE UM GUIA DE BOAS PRTICAS AGROPECURIAS?Para estar em sintonia com os novos critrios de qualidade para a produo de alimentos, as exigncias do consumidor e as questes ambientais, melhorando, assim, seus resultados

Cresce a cada dia no Brasil a preocupao com a qualidade dos produtos que comemos, as prticas utilizadas para produzi-los e, acima de tudo, a conservao do meio ambiente. A atividade agrcola, a pecuria, a criao de animais e a produo agroindustrial exercem um papel chave nesse contexto: suas aes esto intimamente relacionadas a uma vida mais saudvel, ao cuidado com os recursos naturais, e so a base de uma enorme cadeia de produo que termina na mesa do consumidor. Os consumidores - a populao brasileira, clientes finais da atividade agrcola - esto cada vez mais exigentes no que diz respeito qualidade dos alimentos que consomem e a forma como foram obtidos. Em resposta a essa demanda, as Boas Prticas Agropecurias tornaram-se uma ferramenta essencial para o agricultor do sculo XXI. Pode-se dizer que hoje existem necessariamente dois grandes grupos de produtores rurais no pas: aqueles que conseguiro se adaptar e mantero a competitividade neste enorme mercado que o Brasil, e os que sero marginalizados no processo por no seguirem as exigncias da natureza e do consumidor. Este guia fornece informaes e recomendaes simples, porm fundamentais, para ajud-lo a tornar sua produo melhor, mais saudvel e mais sustentvel. Abrace esta responsabilidade em relao a seu trabalho, a seus clientes e ao meio ambiente! Preste ateno! Ao longo do texto, voc encontrar o smbolo . Isto significa que no final do manual tem uma ficha para ser usada em sua propriedade sobre o assunto. Basta reproduzi-las quantas vezes for necessrio e partir para o trabalho.

SUSTENTABILIDADE NA AGROPECURIAUma agropecuria de sucesso uma agropecuria sustentvel em pelo menos quatro dimenses: Ambiental, Social, Econmica e Tecnolgica. Sustentabilidade Ambiental A ao do homem nas atividades agropecurias, substituindo vegetao e interferindo nos ecossistemas aquticos, um grande fator de impacto ambiental. Promover a sustentabilidade ambiental significa, portanto, buscar sistemas agropecurios que causem a mnima alterao possvel no ambiente, com uma reduo drstica no uso de recursos naturais no renovveis e insumos externos. Sustentabilidade Social A atividade agropecuria o principal fator que permite a fixao e a produo de renda do homem no campo. Assegurar direitos trabalhistas, condies dignas de trabalho e a garantia de renda justa aos trabalhadores rurais so objetivos importantes na busca da sustentabilidade social. Sustentabilidade Econmica O preo do que produzido no campo est diretamente relacionado com o valor agregado da atividade produtiva. A sustentabilidade econmica reside, portanto, na promoo de atividades que reduzam ao mximo perdas e desperdcios. A maior parte do investimento inicial deve ser revertida em produo e na manuteno da competitividade do produto atravs da busca por qualidade e diferenciao. Sustentabilidade Tecnolgica A atividade produtiva atual depende fortemente de recursos tcnicos e tecnolgicos. O desafio produzir e disseminar tecnologias que causem cada vez menos impactos no ambiente e que, ao mesmo tempo, assegurem um nvel ideal de produtividade, alimentando toda a populao com a devida segurana sanitria.

O QUE SO BOAS PRTICAS AGROPECURIAS (BPAs)So aes planejadas e sistemticas para fazer as coisas BEM feitas e assim colher EXCELENTES resultados

As BPAs comeam no campo e terminam na mesa do consumidor final Sua implantao cada vez mais importante e necessria, garantindo resultados em quatro nveis da cadeia de produo: Produtores rurais Produzindo alimentos de maior qualidade, o agricultor conquista acesso a mercados mais exigentes, graas a um maior valor associado ao seu produto. Em consequncia, pode se beneficiar de um aumento da lucratividade de sua propriedade. Alm disso, a boa aplicao de BPAs permite uma diminuio de gastos - atravs, por exemplo, do uso racional de insumos agrcolas como gua, fertilizantes e herbicidas e um aumento da produo graas diminuio das perdas e maior resistncia dos produtos. Trabalhadores Garantindo boas condies de trabalho aos empregados por meio do registro formal, da implantao de treinamentos peridicos e da aplicao de normas de segurana do trabalho , estes podero exercer suas atividades dirias de maneira mais segura e saudvel. Diminuiro as ocorrncias de acidentes e de licena mdica, ganhando-se tempo de trabalho efetivo. Alm disso, com seus direitos legais garantidos e um ambiente higienizado e prprio, os trabalhadores tambm contribuiro com uma maior produtividade. Consumidores As tcnicas seguras e sanitrias de plantio e de criao de animais garantiro ao consumidor final acesso a alimentos e produtos mais saudveis, com baixo risco de contaminao e transmisso de doenas. uma questo de segurana do cidado, que pode adicionalmente levar a uma confiana maior do consumidor em seus produtos e a uma maior fidelizao da clientela. Meio ambiente A utilizao de tcnicas agrcolas ambientalmente menos agressivas - como o uso racional de gua e agrotxicos, alm dos cuidados necessrios antes e depois do plantio resulta no menor desgaste do solo, na diminuio da alterao da biodiversidade local e, consequentemente, no menor impacto na natureza.

Boas Prticas Agropecurias O corao da agricultura moderna, ao abrigar sob um s conceito exigncias agronmicas e de mercado. Um componente de competitividade, que permite ao produtor rural diferenciar seu produto daquele de seus concorrentes, com todas as consequncias econmicas (maior qualidade, acesso a novos mercados e consolidao dos atuais, reduo de custos, etc.). Uma ferramenta cujo uso leva sustentabilidade ambiental, econmica e social das exploraes agropecurias, especialmente a dos pequenos produtores substanciais. Uma atividade planejada e constante para a obteno de produtos alimentares e no alimentares mais incuos e saudveis para o autoconsumo e para o consumidor.Fonte: Website das Organizaes das Naes Unidas para a Agricultura e Alimentao. Escritrio Regional para Amrica Latina e Caribe

QUEM SE BENEFICIA COM AS BPAs?Todo mundo se beneficia com a aplicao correta e sistemtica de BPAs As Boas Prticas Agropecurias so implantadas pelo produtor em suas terras, mas os benefcios derivados dessas tcnicas possuem um raio de atuao que vai muito alm das cercas da propriedade. PRODUTORES RURAIS

Obtm produtos em maior quantidade e com maior qualidade Reduzem desperdcios, custos de produo, nmero de reclamaes dos clientes Garantem um ambiente de trabalho mais agradvel, limpo e seguro, e, portanto, mais produtivo Ampliam seu espao de mercado graas a produtos com maior valor agregado

CONSUMIDORES

Tm acesso a alimentos de melhor qualidade e mais saudveis Beneficiam-se com uma melhor alimentao e uma melhor nutrio Passam a confiar na origem dos produtos que consomem

POPULAO BRASILEIRA

As Boas Prticas Agropecurias (BPAs) so um conjunto de princpios, normas e tcnicas que, aplicadas sistematicamente em uma propriedade agrcola, tm como resultado um aumento da produo de alimentos e produtos agrcolas mais seguros e saudveis. As BPAs tambm proporcionam um melhor desenvolvimento social, econmico e ambiental em toda a regio onde so implementadas. So recomendaes que se aplicam produo, ao processamento e ao transporte de alimentos, visando cuidar da sade humana, melhorar as condies dos trabalhadores e de suas famlias e proteger o meio ambiente.

Respira um ar mais puro Bebe uma gua mais limpa Alimenta-se de forma mais saudvel Desfruta de um meio ambiente mais acolhedor e agradvel

NOSSOS FILHOS E NETOS

Tero uma vida mais longa e saudvel Vivero numa terra mais limpa e hospitaleira Conhecero a mesma biodiversidade que ns Usufruiro de um meio ambiente equilibrado e no degradado

VANTAGENS E BENEFCIOS DAS BPAs PARA OS PRODUTORES RURAISPropriedades com BPA 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. Produtos sadios e de qualidade Trabalhadores saudveis Sustentabilidade e acesso a novos mercados Animais bem cuidados e saudveis Propriedade limpa, banheiros e depsitos funcionais Controle da produo, conhecimento das contas Melhores preos graas ao valor agregado Menores custos graas ao uso racional dos insumos Maior produtividade Menor impacto na natureza Propriedades sem BPA Produtos contaminados e em mau estado Trabalhadores doentes e cansados Perda de mercado e restries para venda Animais cansados e improdutivos Infraestrutura deteriorada e propriedade contaminada Confuso, perda de informaes e documentos Preos baixos por um produto de provenincia duvidosa Custos altos pelo excesso de uso de agrotxicos Perda da produo Solo gasto e improdutivo, pouca gua

IMPLANTANDO BPAs NA SUA PROPRIEDADEA implementao de BPAs na propriedade escolha do produtor! Implantar BPAs exige esforo e perseverana no projeto. Todas as prticas citadas na apostila podem ser adotadas pelos produtores, embora algumas apresentem maior complexidade ou a necessidade de alteraes na propriedade. Apesar das dificuldades, os resultados so facilmente perceptveis, desde as prticas mais simples at o conjunto completo da obra. importante que o produtor rural tenha em mente que as BPAs trazem benefcios ainda maiores quando implantadas em conjunto com outras propriedades de sua regio: os resultados derivados dessa associao podem ser impressionantes.

Lembre-se A implantao de BPAs uma escolha do produtor rural, visando o sucesso de sua propriedade Seu sucesso exige boa vontade e determinao preciso um planejamento cuidadoso e realista Sua aplicao deve ser sistemtica e constante

OS RECURSOS NATURAISO conhecimento bsico dos processos da natureza e das caractersticas naturais atuantes no local de sua propriedade tem um papel fundamental no sucesso de implantao das BPAs.

SOL, GUA E NUTRIENTESAssim como os seres humanos, as plantas necessitam de alimentos para crescer e se desenvolver. Os principais elementos para seu desenvolvimento so o sol, a gua e os nutrientes. O sol Por meio da energia dos raios solares, os vegetais conseguem sintetizar os compostos necessrios para seu crescimento. Esse processo, conhecido como fotossntese, tambm responsvel pela absoro de gs carbnico da atmosfera e pela produo de oxignio, o ar que respiramos. importante lembrar que nem todas as plantas necessitam da mesma quantidade e intensidade de sol. Assim, o agricultor deve estar sempre atento s caractersticas do clima de sua regio, antes mesmo da poca de cultivo, utilizando as variedades adaptadas ao seu local de plantio. Sabendo como a natureza funciona e como interage com sua plantao ou criao de animais, fica mais simples agir em favor de sua produo. Um melhor conhecimento da ao do sol, da gua, do solo, de sua fertilidade, do funcionamento das plantas e da ao das pragas evita impactos negativos ao meio ambiente e o desequilbrio ecolgico, que podem comprometer suas terras e sua produo. alterao em algum desses fatores pode causar efeitos positivos ou negativos em todo o sistema. Alteraes fazem naturalmente parte do dia-a-dia da propriedade rural. Quando utilizamos o solo para o plantio, alteramos o equilbrio natural presente na regio, e a queda da produtividade ou o ataque de pragas podem ser sintomas desse desequilbrio. No entanto, possvel manter o equilbrio ecolgico e continuar a plantar e produzir quando se aproveita da melhor maneira os recursos naturais. Para tanto, importante conhecer como o ecossistema funciona e o que se deve fazer para mant-lo vivo e frtil. A gua As plantas so basicamente constitudas de gua. Algumas possuem em sua composio uma quantidade em gua

superior a 90%. Ela auxilia no transporte de nutrientes atravs da seiva, na regulao da temperatura, alm de participar do processo de fotossntese. O acesso a este indispensvel componente pode ocorrer de diferentes formas: atravs do orvalho, da chuva ou da irrigao. A necessidade hdrica tambm varivel de acordo com a espcie vegetal utilizada, da a importncia de uma irrigao planejada, que supra as necessidades de sua plantao. Os nutrientes Os nutrientes so elementos qumicos essenciais para as plantas. atravs deles que ocorre a realizao das funes vitais, obteno de energia do sol e a resistncia a doenas, dentre outros processos. Essas substncias oxignio, hidrognio, nitrognio, potssio, clcio, fsforo, magnsio, enxofre e outros esto presentes no ar, na gua e no solo em diferentes nveis. Seu excesso ou falta causa sintomas visveis como a inibio do crescimento e a baixa produtividade da plantao. Da a necessidade de se conhecer os nutrientes presentes no solo de sua propriedade, como forma de planejar a utilizao racional de adubos e fertilizantes.

OXIGNIO GUA

ECOSSISTEMA E EQUILBRIO ECOLGICOO desequilbrio ecolgico provoca degradao e compromete a produtividade da propriedade Um ecossistema constitudo por um conjunto de fatores biticos (animais, plantas e outros seres vivos) e abiticos (clima, solo e gua) que interagem em uma mesma rea. Trata-se de um sistema vivo, que possui mecanismos naturais para manter boas condies de vida para todos os envolvidos. Um solo rico em organismos vivos e minerais mais nutriente e mais frtil. A fertilidade do solo permite que as plantas se desenvolvam melhor, o que ajuda a alimentar animais e pessoas, gerando mais produtividade. As relaes entre os fatores biticos e abiticos possuem um elevado grau de equilbrio e dependncia. Assim, uma pequena

GLICOSEEquilbrio dos ambientes aquticos Os ecossistemas aquticos so constitudos pelos rios, lagos e oceanos e possuem um funcionamento muito semelhante aos ambientes terrestres. Como na terra, os mecanismos de interao dos seres vivos formam um sistema equilibrado, onde um depende do outro para viver e se desenvolver. A contnua interferncia das atividades humanas nos sistemas aquticos produz impactos diretos ou indiretos, com conseqncias para a qualidade da gua, as populaes aquticas e o funcionamento de lagos, rios, represas e mares, podendo at causar extino de espcies.

ENERGIA SOLAR

GS CARBNICO

GUA E SAIS MINERAISFigura 1 relao entre o sol, a gua e os nutrientes na planta

SOLOSolo bom solo vivo. E a agricultura depende totalmente da qualidade do solo O solo o resultado de transformaes que ocorrem nas rochas. Fatores climticos como a chuva e o vento, associados presena de seres vivos, so os principais causadores dessas alteraes. O resultado principal a fragmentao da rocha matriz slida que, formando solo frtil, torna possvel a fixao e posterior colonizao de diferentes espcies de organismos vivos, incluindo as plantas. Calcula-se que os solos utilizados na agricultura podem levar mais de mil anos para se tornarem produtivos. pelo solo que as plantas tm acesso a gua e a muitos dos nutrientes que se fixam em suas razes. Alm disso, o solo armazena e transforma parcialmente minerais, gua e matria orgnica, atuando como um timo filtro que impede a passagem da poluio para o lenol fretico. A atividade agrcola no planejada pode causar uma srie de impactos negativos ao solo. Sua exposio exagerada, causada principalmente pela remoo descuidada da cobertura vegetal e pelo revolvimento do solo, pode conduzir a um intenso processo de eroso, devido perda de sua estabilidade. A utilizao constante de mquinas agrcolas e o pisoteio de animais conduzem o solo a um lento processo de compactao, que extremamente danoso para a produo agrcola. Isto inibe o crescimento de razes, fazendo com que as plantas tenham problemas em seu desenvolvimento. A compactao tambm diminui a movimentao da gua pelo solo, criando uma zona de alta umidade nas camadas superficiais. Em solos compactados a rea de reteno da gua muito reduzida, o que ocasiona graves problemas para algumas culturas vegetais em pocas de seca. A conservao dos solos , portanto, um ponto crucial para atingir a sustentabilidade na produo agrcola. Seu bom manejo consiste em permitir o uso e os cuidados adequados de acordo com suas caractersticas qumicas, fsicas e biolgicas, visando a manuteno do seu equilbrio. Atravs de prticas de conservao, possvel manter a fertilidade do solo e evitar os problemas mais comuns, como a eroso e a compactao. Algumas das principais alternativas, que podem

auxiliar o produtor na resoluo destes problemas, fazem parte do conjunto de tcnicas presentes no manual de Boas Prticas Agropecurias.

tomada. Fazendo mudanas na qualidade do solo (repondo, por exemplo, nitrognio ou potssio), o problema ser resolvido na raiz, sem a necessidade de utilizar recursos tcnicos mecnicos ou agressivos. Da mesma forma, pragas e doenas so boas indicadoras de alguma deficincia no solo. E, novamente, a soluo no precisa ser sua erradicao atravs de agrotxicos. Em geral, basta adotar uma prtica de manejo que permita recuperar as

condies de equilbrio do solo em questo, j que a maioria das pragas resultado de um provvel desequilbrio. As tabelas abaixo oferecem exemplos de plantas, pragas e doenas cujo aparecimento na propriedade pode indicar situaes relativas ao solo. Utilize-a sempre que possvel como guia. Mas, para obter certeza sobre os fatos, sempre recomendado o acompanhamento de um tcnico e uma anlise de laboratrio.

Ateno com os pastos! A conservao do solo importante para pastagens tambm. Recomenda-se: Preservar as matas ciliares (junto aos corpos dgua) que estiverem nas reas de pastagens Manter rvores ou pequenos bosques que sirvam de sombra para os animais No desmatar reas com declividade acima de 25% para implantar pastos Integrar agricultura e pecuria, por exemplo, cultivando leguminosas para recuperar reas degradadas

PLANTAS INDICADORASNome comum Azedinha Amendoim brabo Beldroega Nome cientfico Oxalis oxyptera Euphorbia heterophylla Portulaca oleracea Echinochloa crusgallii Carex ssp O que indica Solo argiloso, pH baixo, falta de clcio e/ou molibdnio. Desequilbrio de nitrognio c/ cobre, ausncia de molibdnio. Solo bem estruturado, com umidade e matria orgnica. Solo anaerbico, com nutrientes reduzidos. H substncias txicas. Solo muito exausto, com nvel de clcio extremamente baixo. Solo depauperado e muito duro, pobre em clcio. Planta de pastagens degradadas e com hmus cido. Solos que retm gua estagnada na estao chuvosa, pobres em molibdnio. Presena de nitrognio livre (matria orgnica). Solo infestado de nematides. Presena de boro. Solos cultivados com nitrognio suficiente, faltando cobre ou outros micronutrientes. Solos muito compactados. Excesso de nitrognio livre, terra fresca. Camada estagnante em 40 a 50 cm de profundidade,falta potssio. Solo arejado, deficiente em potssio. Solos carentes em boro e mangans. Solo com laje superficial e falta de zinco. Solos de mdia fertilidade. Solos cidos, adensados, mal drenados, possvel deficincia de magnsio. Excesso de alumnio txico. Excesso de nitrognio livre, carncia em cobre.

INDICADORES BIOLGICOSA natureza envia sinais que nos permitem analisar a qualidade do solo, sua estrutura, quantidade de nutrientes ou deficincias de minerais. Basta saber ler os indicadores Cada vez mais os agricultores tm se utilizado de recursos tecnolgicos para obter dados sobre as caractersticas de suas terras, auxlio no combate a pragas e na aplicao de fertilizantes. Apesar das alternativas tecnolgicas serem extremamente teis, uma grande parte dos produtores rurais de pequeno e mdio porte no possui acesso a tais recursos, principalmente devido ao seu alto custo. Uma tima alternativa nesse caso recorrer a um velho hbito da rotina rural, que foi sendo esquecido com o tempo: a observao atenta da natureza. Atravs da simples rotina de observar a propriedade rural, podemos coletar informaes surpreendentes que ajudaro o produtor nas suas tomadas de deciso. Algumas plantas, doenas e pragas em particular podem ser vistas como recursos teis para indicar mudanas nas caractersticas do solo de sua propriedade. Ao invs de considerar ervas daninhas, por exemplo, como problemas, possvel consider-las como o incio de uma soluo natural para determinada situao. Se elas vierem a aparecer na sua propriedade, significa que alguma ao talvez deva ser

Capim arroz Cabelo de porco

Capim amoroso ou carrapicho Cenchrus ciliatus Caraguat Carqueja Caruru Cravo brabo Dente de leo Fazendeiro ou pico branco Guanxuma ou malva Lngua de vaca Maria mole ou berneira Mamona Nabisco ou nabo brabo Papu Pico preto Tiririca Samambaia Urtiga Eryngium ciliatum Baccharis spp Amaranthus ssp Tagetes minuta Taraxum officinalis Galinsoga parviflora Sida ssp Rumex ssp Senecio brasiliensis Ricinus communis Raphanus raphanistrum Brachiaria plantaginea Bidens pilosa Cyperus rotundus Pteridium aquilinum Urtiga urens

Fonte: Meirelles e Rupp, 2005. (Adaptado de Primavesi, A. Agricultura Sustentvel, Nobel; So Paulo - 1992.)

DOENAS E INSETOS INDICADORESDoena ou inseto Cochonilhas Podrido apical Virose vira-cabea Podrido Mosca-branca (Bemisa tabaci) Vrus dourado Mldio (Erysiphe graminis) Ferrugem (Puccinia graminis tritici) Ferrugem (Puccinia glumarum) Mldio (Erysiphe cichoracearum) Mldio (Botrytis sp.) Lagarta do cartucho (Spodoptera sp.) Podrido-seca-da-espiga (Diploida zea) Sarna (Streptomyces scabiei) Brusone (Piricularia oryzae) Ferrugem (Puccinia graminis tritici) Ferrugem (Hemileia vastatrix) Infeces bacterianas Besouro serrador (Oncideres impluviata) Infeces bacterianas Ferrugem (Puccinia graminis tritici) Lagarta rosada (Platyedra gossypiella) Baixa resistncia Odio ou mofo branco Oidium hevea Fungo podrido-do-colo (Phytophthora sp.) Broca do colmo (Elasmopalpus lignosellus)Fonte: Meirelles e Rupp, 2005. (Adaptado de Primavesi, A. M. Curso de solos, 1989 ; Primavesi, A. M. Manejo Ecolgico de Pragas e Doenas, 1994)

A PROPRIEDADE RURAL UM ECOSSISTEMACultura Parreira Tomate Tomateiro Morango Feijoeiro O sol, a gua e o solo so as fontes bsicas de energia e alimento para as plantaes, sendo que cada um possui um papel muito importante no seu crescimento e desenvolvimento. J os trabalhadores realizam as modificaes necessrias na propriedade para que a produtividade atinja o maior nvel possvel. Essas alteraes causam o desequilbrio desse ecossistema, e, quando mal planejadas, podem ocasionar alguns problemas graves, como a queda na produo, devido principalmente a alteraes no solo como a eroso e Deficincia nutricional Clcio A propriedade rural um timo exemplo de ecossistema. As plantaes, os animais e os trabalhadores constituem sua parte viva (bitica). J a gua, o sol e o solo constituem a parte no viva (abitica).

a compactao. Uma das melhores formas de evitar esses problemas a observao atenta das caractersticas da sua propriedade. O manejo e o cuidado no agressivo, junto com um bom planejamento do plantio e da produo, reduzem ao mximo o desequilbrio ecolgico.

Cevada Trigo Girassol Couve-flor Milho Batata Melancia Batata-doce Arroz Trigo Cafeeiro Tomateiro Accia Aveia Trigo Algodoeiro Alfafa Seringueira Milho

Boro

Dicas de preservao Proteger os mananciais de gua, evitando sua contaminao com os dejetos originados na rea de produo animal Dar uma destinao adequada para os produtos qumicos usados (adubos, herbicidas, pesticidas, medicamentos veterinrios) e para o vasilhame (baldes, seringas, agulhas) Seringas e agulhas usadas para aplicao de medicamentos devem ser descartadas com cuidado, preferencialmente em locais destinados para lixo hospitalar

Cobre

Magnsio

Mangans

Molibdnio e fsforo Molibdnio Zinco

BOAS PRTICAS NO DIA-A-DIAAplicar as Boas Prticas Agropecurias no dia-a-dia exige comprometimento e organizao do produtor rural.

Para auxiliar a aplicar as BPAs no dia-a-dia de sua propriedade, o presente captulo foi dividido em sete partes: Minha Propriedade, Recursos Humanos, Recursos Naturais, Recursos Animais, Recursos Tecnolgicos, Produo e Psproduo. Essa diviso tem como finalidade demonstrar ao produtor a amplitude de aplicao das BPAs, que englobam desde o conhecimento de sua propriedade, o bem-estar do trabalhador, passando pelo preparo inicial do solo e o manejo dos animais, at a comercializao do produto. Procuramos aqui promover uma viso geral das tcnicas que podem ser aplicadas na grande maioria das propriedades. Aps a leitura desse captulo, de extrema importncia que o produtor rural prossiga com o estudo. Na segunda parte da apostila esto descritas diversas tcnicas de BPAs desenvolvidas especificamente para tipos especficos de cultivo ou explorao animal.

MINHA PROPRIEDADEAntes de agir, conhecer Atualmente o uso de bons mtodos de gerenciamento um quesito fundamental para o sucesso de qualquer empreendimento. A competitividade presente na agricultura moderna tem levado os agricultores a um alto grau de profissionalismo, no deixando espao para os improvisos. Dessa forma, conhecer melhor sua propriedade o primeiro passo para uma gesto competente de sua produo agrcola. O levantamento e a anlise das informaes referentes ao estado atual de sua propriedade imprescindvel para a otimizao do processo de implantao das BPAs. Esse conhecimento favorece as tomadas de deciso e o planejamento de aes futuras, levando a uma diminuio dos riscos de seu negcio e elevao de sua rentabilidade. Para auxiliar o produtor rural nesse processo, a presente cartilha traz em anexo fichas de controle com as principais informaes que devem ser conhecidas antes do incio de implantao das BPAs. Atravs dessas informaes, o produtor rural saber quais so as reas que merecem maior ateno, e, portanto, maiores investimentos, podendo planejar melhor o tempo e o aporte financeiro necessrio em cada etapa. As fichas so bastante simples, visando facilitar e incentivar a participao do produtor rural no processo. Devero ser adaptadas conforme a realidade de cada produtor, que poder, inclusive, criar novas fichas de acordo com suas necessidades. O essencial fazer um diagnstico claro e correto, que contenha, no mnimo, as informaes abaixo:

As informaes a seguir devem ser sempre registradas:DESPESAS

Registro de informaes O registro de informaes um conjunto de aes que visam proporcionar um maior controle da propriedade em todas as fases: produo, transporte, distribuio e comercializao. O registro dos dados visa auxiliar o produtor na obteno de um maior controle de sua propriedade. Dessa maneira possvel poupar dinheiro na produo, identificar onde esto os problemas, e, finalmente, melhorar a qualidade do produto. Alm disso, a escriturao zootcnica e econmica uma exigncia nos dias atuais. Lembre-se Os registros devem ser feitos todos os dias depois de terminado o trabalho. Os registros devem ser arquivados por pelo menos trs anos.

Preos e gastos na compra das sementes Preos e gastos na compra dos agrotxicos e fertilizantes Gastos em equipamentos Gastos com mo de obra Gastos totais de plantio Gastos totais de colheita Gastos na sade da famlia e dos trabalhadores Outros gastos (alimentao, vesturio, transportes, etc.)

RECEITAS

Preos de venda dos produtos Receita pela venda do produto Receita pelo trabalho fora da propriedade Outras receitas

PLANTIO E PR-COLHEITA

Quantidade de sementes utilizadas Origem e tipo de adubo Quantidade, dose aplicada de agrotxicos, fertilizantes e/ou adubos orgnicos Data de aplicao de agrotxicos, fertilizantes e/ou adubos Nome do agrotxico/fertilizante e de quem aplicou Praga ou doena que se combateu

COLHEITA

Data da colheita Quantidade de produto colhido Quantidade de aplicaes (agrotxicos/ fertilizantes) totais at a colheita Quantidade de trabalhadores envolvidos na colheita

Descrio da propriedade Quadro de funcionrios e responsabilidades Descrio dos equipamentos Levantamento dos fornecedores e clientes Preste ateno! As fichas disponveis no anexo do manual esto indicadas com o smbolo .

COMERCIALIzAO

Data de comercializao Quantidade de produto Dados do pomar (origem) Dados do comprador (destino) Guia da comercializao Dados do transportador

Fonte: IZQUIERDO, J. et al, 2007.

RECURSOS HUMANOSAs pessoas que trabalham na sua propriedade so seus principais recursos: sem elas nada acontece Os trabalhadores de sua propriedade so pea fundamental para a boa implantao das BPAs. Eles devem saber o que esto fazendo e ser competentes para exercer suas responsabilidades. Possuir trabalhadores que estejam bem treinados, que sigam as normas de higiene, que possuam equipamentos adequados e registro formal de emprego, o passo inicial para uma boa gesto de sua produo. Cabe ao produtor rural fornecer segurana, infraestrutura e informaes necessrias para o trabalho adequado e eficiente de seus empregados. Trabalhadores legais atravs do registro em carteira que os trabalhadores de sua propriedade tm todos os seus direitos assegurados. Estaro seguros quanto sua remunerao, de que tero auxlio do Estado em caso de problemas de sade e de que ao final da carreira tero sua aposentadoria garantida. Dessa forma, os trabalhadores se tornam mais dedicados ao trabalho e, portanto, mais produtivos. O empregador pode obter diversos benefcios ao praticar o registro dos trabalhadores de sua propriedade:

Preveno e conteno de acidentes e problemas de sade

Criar um programa de Sade e Segurana baseado numa avaliao dos riscos existentes na propriedade Dispor de equipamentos de primeiros socorros nos locais de trabalho Ter facilmente acessveis telefones de emergncia (bombeiros, polcia, hospital) Sempre utilizar equipamentos de proteo individual, sobretudo para a aplicao de agrotxicos Registrar todos os acidentes e doenas que ocorrem durante o trabalho Garantir uma boa sade para os trabalhadores e suas famlias atravs do incentivo visita regular ao centro de sade da regio, incluindo a avaliao da nutrio e sade das crianas

Tem o direito de beneficiar-se com programas de crdito e auxlio do governo Fica imune a processos trabalhistas Evita problemas com fiscalizao e gastos com pagamento de multas Efetua o recolhimento de tributos, que so a principal fonte de renda do governo, contribuindo assim para a melhoria dos servios pblicos prestados regio

Instrues gerais sobre higiene pessoal, preveno de acidentes de trabalho e contaminao dos produtos Treinamentos especficos para cada funo exercida na propriedade Reforos peridicos das sesses de instruo e treinamento Registro de todas as sesses de treinamento e dos funcionrios capacitados para cada funo Exigncia da participao de todos os funcionrios no processo de treinamento

Treinamento Trabalhadores bem treinados atuam como facilitadores da implantao das BPAs e so a chave de uma produo mais lucrativa. O treinamento deve ser estruturado de forma a proporcionar aos trabalhadores todo o conhecimento necessrio para o bom desempenho de sua funo. Isto inclui higiene, manuseio de maquinrio, proteo contra contaminao, acidentes, dentre outros. Os passos listados a seguir devem fazer parte de toda rotina de treinamento.

Higiene pessoal Produzir alimentos sem contaminao s possvel em uma propriedade onde as instalaes sejam adequadas para este fim e onde os trabalhadores sigam as normas de higiene. Para uma gesto adequada da higiene em sua propriedade o produtor rural dever: Providenciar acesso a instalaes sanitrias adequadas (e construdas de forma a prevenir a contaminao do solo), com latas de lixo, papel higinico, pia para lavar as mos, gua potvel, sabo e toalha

Educar os trabalhadores a respeito da importncia da lavagem correta das mos e dos momentos em que deve ser realizada Instruir os trabalhadores a evitar hbitos como fumar, cuspir ou se alimentar durante o trabalho, especialmente junto a animais Afastar do trabalho de produo funcionrios doentes Funcionrios machucados devem utilizar bandagens, luvas ou outros materiais necessrios para correta proteo dos ferimentos Implementar uma cultura geral de boa higiene pessoal, incentivando os funcionrios a fiscalizar a aplicao das normas por todos os companheiros.

Ateno! Consulte a NR-31, do Ministrio do Trabalho, sobre Segurana e Sade no trabalho rural. Ela tem por objetivo estabelecer os preceitos a serem observados na organizao e no ambiente de trabalho, de forma a tornar compatvel o planejamento e o desenvolvimento das atividades da agricultura, pecuria, silvicultura, explorao florestal e aquicultura com segurana e sade

Segurana e sade essencial que todos os trabalhadores e seus familiares estejam sempre seguros e saudveis. Reduzindo o nmero de acidentes e doenas, o trabalho se torna mais produtivo, sem interrupes desnecessrias.

RECURSOS NATURAISRecursos naturais so os elementos fornecidos pela natureza que sero utilizados em sua propriedade durante o cultivo ou a criao de animais O manejo adequado de uma propriedade comea pelo conhecimento do solo. Saber como a rea foi utilizada no passado, ou quais atividades esto em andamento nas propriedades ao seu redor, reduz bastante o risco de produzir numa regio contaminada por produtos qumicos, lixo ou outras substncias perigosas. Tudo isso pode prejudicar ou at mesmo inviabilizar a produo, alm de trazer riscos sade, no s dos trabalhadores e de sua famlia, mas tambm da populao consumidora.

PREPARO DO SOLOO solo a base da boa produo. O preparo do solo uma operao agrcola na qual se procura alterar seu estado fsico, qumico e biolgico de forma a proporcionar melhores condies para o mximo desenvolvimento das espcies cultivadas. Anlise do solo Antes de iniciar o preparo do solo imprescindvel realizar uma anlise deste, para determinar suas caractersticas, disponibilidade de nutrientes, potenciais carncias ou mesmo possveis barreiras qumicas. Dessa forma, as adubaes podem ser feitas de maneira mais correta e mais econmica, pois o mtodo mais barato, prtico e rpido para avaliar a fertilidade do solo. O importante colher uma boa amostra de solo, feita com critrio e representatividade, ou a amostra no ter valor. Um tcnico especializado ou mesmo o servio responsvel pela anlise poder auxiliar o produtor no processo de coleta. Descompactao O primeiro passo no preparo do solo consiste em afofar a terra para o plantio. Com a utilizao de um subsolador, as camadas mais duras do solo podem ser quebradas. Outra opo utilizar adubos verdes, como o nabo forrageiro, o feijo guandu ou a aveia preta, que causam efeito similar no solo.

Arao da terra: um excesso a ser evitado Na preparao do solo para o plantio, muitos agricultores tm o hbito de arar a terra de forma profunda, ou utilizam com muita frequncia o maquinrio agrcola. Essas prticas, no entanto, no so recomendadas, j que expem ao sol os micro-organismos responsveis pela fertilidade do solo, provocando sua morte e a compactao. Dessa forma, ele se torna mais sensvel eroso, podendo apresentar dificuldades para a fixao das razes e circulao da gua. Sistema de Cultivo Mnimo Este sistema consiste numa mobilizao reduzida do solo, com menor utilizao de maquinrio agrcola na propriedade. Dessa forma, o solo sofre um menor grau de compactao e menos eroso, e o produtor ainda poder perceber outras vantagens:

CONDICIONANTESAlguns cuidados devem ser tomados antes da implantao do sistema. Para tanto, necessria familiaridade com o histrico e condies gerais da propriedade no que tange fertilidade do solo, controle de ervas daninhas, clima e caractersticas fsicas do solo (como a ocorrncia de compactao e as alternativas de culturas em rotao). CORREO DAS CONDIES FSICAS - Deve-se verificar a existncia de camadas compactadas e sulcos de eroso, o que demandaria a operao de descompactao e nivelamento do solo. CORREO QUMICA DO SOLO - Alguns impedimentos qumicos afetam diretamente a produo, podendo significar o sucesso ou insucesso da empreitada. Tanto o solo como o subsolo (20-40 cm) devem ser corrigidos de forma a neutralizar o alumnio txico e a elevar a disponibilidade de clcio e magnsio na zona de desenvolvimento radicular. MANEJO DA PALHADA - O solo deve necessariamente ser protegido por resduos, atravs de cobertura morta ou viva, sendo considerado como ideal a formao de volumes acima de 15 t/ha de matria fresca, o que garantir eficincia no controle de ervas, atravs de abafamento ou alelopatia. EQUIPAMENTO - Busca-se promover o mnimo de mobilizao no ato do plantio, sendo que a diferena entre o equipamento convencional e o de PD a insero do disco de corte de palha ou faco ou botina aos demais componentes. O que determina a opo entre um ou outro elemento de corte a textura e o teor de umidade do solo, a situao da palha e o histrico da gleba. Cabe lembrar que os resultados de aumento da produtividade com reduo de custos e recuperao do solo no so conseguidos imediatamente. Entretanto, importante considerar o carter de sustentabilidade do sistema, que garantir a obteno de retorno econmico com o mnimo de impacto nos recursos naturais e por tempo indeterminado, ao contrrio do sistema convencional.Fonte: DRUGOWICH, 2009.

fundamental verificar: Se o terreno j foi utilizado para criao de animais, despejo de lixo ou resduos txicos. Se o terreno sofria aplicao abusiva de defensivos agrcolas, fertilizantes e outras substncias qumicas. Se existem atividades - como a aplicao de herbicidas, fertilizantes ou a criao de animais - nas propriedades vizinhas e qual o risco das substncias utilizadas nessas propriedades contaminarem o seu terreno.

Menor gasto com combustvel e manuteno do maquinrio Possibilidade de plantio em pocas chuvosas, o que pode reduzir o tempo de colheita em at alguns meses Possibilidade de uma utilizao mais intensa do solo, j que o intervalo entre a colheita e o replantio menor

Plantio Direto na Palha Uma excelente opo na produo agropecuria o sistema de plantio direto (PD), em que se evita a mobilizao do solo, procurando manter sua superfcie protegida por resduos, seja atravs da palha ou da cultura de rotao. Atualmente a tecnologia agrcola disponvel que mais se aproxima das condies em que a natureza opera. Ela inclui a preocupao de gerar lucro e ao mesmo tempo proteger o meio ambiente, inserindo a sustentabilidade nos processos produtivos. A prtica do PD propicia ao solo a melhoria da infiltrao e reteno de gua, a oxigenao, a reduo da amplitude trmica, a manuteno da umidade, alm da constante reciclagem de nutrientes. Prevenindo-se contra as intempries Aps a etapa inicial de preparo do solo, temos que garantir que ele no sofrer grandes alteraes ao longo do perodo de cultivo. O ideal impedir que o solo e as plantas sofram com o ataque de intempries como a chuva e o vento. So duas as principais formas de proteo da propriedade contra estes problemas: o plantio em curvas de nvel e a produo de quebra-ventos.

CURVAS DE NVEL - O agricultor deve procurar respeitar o relevo original do terreno durante o plantio. As reas de grande declividade podero sofrer com a eroso durante a poca das chuvas, causando perdas irreparveis para a propriedade. Por isto, o plantio em curvas de nvel a tcnica mais eficaz para a conteno e a diminuio da velocidade da enxurrada, atuando como protetor da camada superficial do solo. Em terrenos com baixa declividade, o simples plantio acompanhando suas curvas serve como medida protetora contra os efeitos negativos citados anteriormente. QUEBRA-VENTO - O vento pode causar uma srie de efeitos negativos em uma propriedade rural. Nas plantaes, causa ferimentos nas plantas aumentando a incidncia de ataque por pragas. Tambm diminui a umidade do solo e, ainda, causa eroso elica, o carregamento da camada frtil do solo. No caso das criaes de animais, o vento pode aumentar a incidncia de doenas nas vias respiratrias, principalmente nos mais jovens. Produzir um quebra-ventos para sua propriedade simples. Planta-se uma barreira de rvores em direo perpendicular aos ventos dominantes da regio. Na escolha das rvores, deve-se preferir aquelas adaptadas s condies climticas e de solo da regio, que possuem desenvolvimento rpido, copa no muito densa e porte ereto. importante lembrar que, dependendo do tamanho da propriedade, pode ser necessrio o plantio de mais de uma barreira de rvores para a conteno do vento. Evitando a degradao do solo Aps o plantio, ainda existem outros cuidados que o produtor deve ter com o solo para aumentar a produtividade e reduzir os custos de sua propriedade. O cultivo de apenas uma variedade vegetal tende a provocar degradao qumica, fsica e biolgica do solo, pois as plantas tendem a esgotar determinados nutrientes. O plantio alternado de diferentes espcies, conhecido como rotao de culturas, a melhor forma de solucionar este problema. ROTAO DE CULTURAS - A rotao de culturas consiste em alternar, anualmente, espcies vegetais, numa mesma rea agrcola. As espcies escolhidas devem ter, ao mesmo tempo, propsito comercial e de recuperao do solo. Alm de proporcionar a produo diversificada de alimentos e outros produtos agrcolas, se adotada e conduzida de

modo adequado e por um perodo suficientemente longo, essa prtica melhora as caractersticas fsicas, qumicas e biolgicas do solo. A prtica tambm auxilia no controle de plantas daninhas, doenas e pragas, repe matria orgnica e protege o solo da ao dos agentes climticos, gerando efeitos benficos sobre a produo agropecuria e sobre o meio ambiente como um todo. Para a obteno de mxima eficincia, na melhoria da capacidade produtiva do solo, o planejamento da rotao de culturas deve considerar, preferencialmente, plantas comerciais e, sempre que possvel, associar espcies de rpido desenvolvimento e que produzam grandes quantidades de biomassa , cultivadas isoladamente ou em consrcio com culturas comerciais. Nesse planejamento, necessrio considerar que no basta apenas estabelecer e conduzir a melhor seqncia de culturas, dispondo-as nas diferentes glebas da propriedade. Tambm preciso que o agricultor utilize todas as demais tecnologias sua disposio, entre as quais se destacam:

GUAA gua a seiva do nosso planeta. Ela a condio essencial de vida de todo ser vegetal, animal ou humano. Sem ela no poderamos conceber como so a atmosfera, o clima, a vegetao, a cultura ou a agricultura.Declarao dos direitos da gua, artigo 2, ONU, 22/03/1992

A gua um dos insumos mais importantes de uma propriedade agrcola. Alm de ser utilizada no cultivo e na criao dos animais, ainda serve para o uso pessoal dos trabalhadores, do agricultor e de sua famlia. Tal importncia faz da garantia de qualidade e fornecimento deste recurso um elemento fundamental na implantao das BPAs. O manejo da gua deve respeitar dois pontos principais: o acesso gua sem contaminao e a utilizao racional desse importante recurso. gua no contaminada A melhor forma de evitar a contaminao da gua utilizada em sua propriedade identificar suas fontes e pontos de passagem, realizando periodicamente uma anlise da gua utilizada .

irrigao escolhido e as caractersticas de solo e clima da regio, variando inclusive ao longo do ano ou de acordo com cada etapa da produo O no respeito a essas variveis leva ao desperdcio de gua e pode comprometer a produo, pois o excesso de gua pode inibir o crescimento das plantas importante deixar sempre livre de entulhos os canais por onde passa a gua Mantenha um registro do consumo de gua, do tempo e da quantidade de gua nas irrigaes

Lembre-se A propriedade deve contar com gua potvel de fcil acesso para os trabalhadores beberem, lavarem os corpos e as mos. Nunca deixar gua parada na propriedade, de modo a evitar a proliferao de mosquitos (em particular o da dengue) e de doenas.

tcnicas especficas para controle de eroso calagem, adubao qualidade e tratamento de sementes poca e densidade de semeadura cultivares adaptadas controle de plantas daninhas, pragas e doenas

de grande importncia que as espcies escolhidas para a rotao tenham arquitetura de razes e necessidades nutricionais diferentes, como o caso, por exemplo, do feijo e do milho.

Evitar o acesso de animais prximo s fontes No utilizar, ou armazenar, pesticidas, fertilizantes e outras substncias qumicas nas proximidades de passagem de gua Nunca usar gua contaminada para o cultivo ou para os animais Sempre consultar um tcnico para tirar dvidas a respeito da gua da propriedade

Uso racional da gua No adianta ter apenas o acesso gua de qualidade. essencial que sua utilizao acontea de forma racional, de maneira a evitar problemas futuros de falta deste recurso. A atividade que mais utiliza gua em uma propriedade rural a irrigao. Portanto, neste ponto que as BPAs podem fornecer o maior auxlio para o produtor no que diz respeito sua utilizao.

O produtor deve estar sempre atento quantidade de gua utilizada de acordo com o tipo de cultivo realizado, de maneira a no exceder a capacidade do solo e das plantas A necessidade de gua varia segundo o sistema de

ADUBAO E FERTILIzAOA adubao um mtodo para corrigir deficincias de algum nutriente importante para o crescimento das plantas ou para repor nutrientes removidos pelas colheitas. Implantar uma adubao correta, portanto, aumenta a produtividade agrcola. Nem sempre o solo presente na propriedade possui todos os elementos necessrios para o cultivo da espcie de interesse. Esses elementos tambm podem se encontrar reduzidos aps o perodo de cultivo. A adubao visa complementar o solo com os nutrientes necessrios de forma a recuperar ou garantir sua fertilidade. A escolha da melhor forma de adubao pode ser o fator mais importante para o aumento, ou a simples continuidade, da produo de sua propriedade. Esta seo do manual visa indicar ao produtor algumas tcnicas de adubao que dispensam os adubos qumicos. Lembramos sempre que a consulta a um tcnico especializado a garantia da melhor aplicao da tcnica de adubao escolhida. Adubao verde Consiste no cultivo de diferentes espcies vegetais que sero posteriormente fragmentadas e utilizadas como cobertura do solo at serem decompostas. A utilizao de leguminosas recomendada neste processo, pois suas razes possuem uma grande quantidade de nitrognio que prontamente disponibilizado no solo e absorvido pelas plantas. As espcies utilizadas como adubo verde devem ser cortadas e utilizadas antes do perodo de produo de sementes, do contrrio, podem germinar e atuar com competidoras com o cultivo de interesse da propriedade. Adubao mineral A adubao mineral feita com adubos minerais naturais de sensibilidade lenta, tais como: p de rochas, restos de minerao, etc. Esses adubos fornecem nutrientes como clcio, fsforo, magnsio, potssio e outros, em doses moderadas, conforme as necessidades da planta. Adubao orgnica uma tcnica na qual so aplicados no solo resduos orgnicos ainda no decompostos. Aps o perodo de decomposio, esses resduos disponibilizaro no solo todos os nutrientes necessrios para o desenvolvimento das

culturas. Os materiais utilizados podem ser de origem vegetal ou animal, como o esterco animal ou restos da colheita. O maior risco relacionado utilizao da adubao orgnica o da contaminao microbiolgica, devido aos organismos patognicos presentes no composto. Para reduzir estes riscos, opta-se pela utilizao de compostos orgnicos que passaram por pr-tratamento adequado de descontaminao. Existem tambm perodos nos quais est proibida a utilizao de compostos orgnicos em sua plantao. Um tcnico especializado poder fornecer mais informaes sobre quais adubos utilizar e em quais pocas do plantio. Composto orgnico Composto orgnico o nome que se d ao adubo obtido a partir de fontes de matria orgnica, em particular lixo orgnico domstico, mas tambm dejetos animais e restos de plantas. Trata-se de um processo biolgico aerbico e controlado, no qual restos orgnicos so transformados por micro organismos (fungos, bactrias, etc.), produzindo uma matria mais digerida ou estabilizada, o hmus. A compostagem pode ser realizada em ptios onde o material a ser compostado disposto em camadas, denominadas pilhas de compostagem. O local deve estar a, pelo menos, 30 metros de uma passagem de gua e ser protegido contra sol direto e ventos fortes. Convm no estar muito distante da fonte principal de matria prima.

Dejetos animais possvel utilizar dejetos animais como fertilizantes, pois so uma rica fonte de matria orgnica. Quando bem aproveitados, os excrementos ajudam a reduzir custos de produo: eles esto sempre disposio do produtor e podem suprir boa parte da necessidade de aplicao de fertilizantes. Alm disso, sua utilizao evita gastos com a disposio de resduos. As condies e a realidade de cada propriedade, solo e cultura iro determinar a melhor forma de usar os dejetos. Importante Lembrar que o esterco excelente fonte de nutrientes, desde que tenha sido bem estabilizado em esterqueiras ou bem fermentado em composteiras. Estabelecer um projeto de coleta, armazenagem, tratamento, transporte e disposio dos dejetos de acordo com as caractersticas da propriedade Cobrir as calhas de coleta com lquido suficiente para impedir que larvas de moscas vivam no esterco

ESTERCO DE GADO - rico em fibras, interessante para

hortalias que possam sofrer doenas de solo porque ajuda a desenvolver uma flora microbiana no solo. URINA DE VACA: excelente biofertilizante. Diludo a 1%, pode ser pulverizado em hortalias e frutferas.ESTERCO DE PORCO - relativamente rico em zinco. ESTERCO DE AVES - muito rico em nitrognio

prontamente assimilvel (mas pode trazer problemas para as culturas mais sensveis)COMPOSTO ORGNICO - produzido a partir de uma parte de

dejeto fresco e de duas a quatro partes de restos vegetais ricos em carbono.

PILHA DE COMPOSTAGEM Deve ser mais comprida (aproximadamente 2m) do que alta (mais ou menos 1,5m) Deve ser sempre aguada, mas no em excesso Primeira camada, 15 cm: material pobre em nitrognio (palha, tocos e gravetos) Segunda camada, 5 cm: material rico em nitrognio (esterco, folhas verdes, lixo orgnico domstico) Alternar as duas primeiras camadas at atingir 1,5m ltima camada: material pobre em nitrognio (palha) O composto fica pronto para utilizao aproximadamente 3 meses aps sua montagem.

RECURSOS ANIMAISAs BPAs tambm contemplam o bom manejo dos animais de sua propriedade. Sua aplicao envolve tanto os animais de trabalho, quanto os de produo Os custos iniciais de implantao do manejo adequado dos animais so bastante variveis e dependem das prticas que j so rotineiramente utilizadas em sua propriedade. O valor gasto tende a ser proporcionalmente mais alto nas propriedades que no possuem um plano de manejo estabelecido, mas o produtor deve estar ciente de que a aplicao dessas tcnicas diminui consideravelmente as despesas a mdio e longo prazo. Animais na propriedade No deixar os animais na rea de plantio quando no esto trabalhando Manter animais domsticos longe da rea de plantio e dos lugares onde so guardados defensivos e fertilizantes Os trabalhadores devem estar informados de que no podem entrar com animais na rea de plantio. Identificao e disposio dos animais Identificar e dispor corretamente os animais em sua propriedade a etapa inicial de um bom manejo animal. O descuido com este processo poder comprometer gravemente as prximas etapas. No processo de identificao essencial: Identificar individualmente todos os animais de sua propriedade Identificar e registrar a origem de todos os animais adquiridos de terceiros Acompanhar e manter registros produtivos e reprodutivos dos animais Proceder criteriosa seleo dos animais adquiridos ( recomendada a utilizao de animais adaptados s condies de clima da regio e ao tipo de criao utilizado na propriedade) Para uma disposio adequada dos animais na propriedade o produtor deve:

Realizar acompanhamento constante dos animais improdutivos e de baixo desempenho com a finalidade de solucionar rapidamente o problema Evitar o uso de mtodos agressivos no manejo e conduo dos animais Evitar o isolamento dos animais e manter, na medida do possvel, os animais soltos e ao ar livre Proporcionar espao de criao adequado e respeitar os limites de sua propriedade

Nutrio animal Um bom planejamento nutricional gera animais mais fortes e saudveis, o que leva invariavelmente ao aumento na quantidade e qualidade da produo. preciso manter uma composio nutricional adequada, respeitando as caractersticas e quantidades de alimento necessrias para cada espcie de sua propriedade. Animais bem alimentados tm sua imunidade natural aumentada, reduzindo assim o gasto com medicamentos no combate a doenas.

Proporcionar aos animais acesso gua e ao alimento sem contaminao e de acordo com as quantidades necessrias para cada espcie e etapa do ciclo de vida Ingredientes e produtos adquiridos de terceiros devem possuir rtulos em suas embalagens, identificando produto, origem, funo, prazo de validade e demais informaes Utilizar, sempre que possvel, alimento produzido na prpria propriedade: mais barato e mais seguro Administrar, sempre que possvel, uma grande variedade de alimentos Deve-se seguir a legislao vigente quanto ao uso de ingredientes e produtos na alimentao animal Devem-se realizar anualmente anlises fsicas, qumicas e microbiolgicas da gua fornecida aos animais

O uso de medicamentos deve ser sempre acompanhado de prescrio veterinria atualizada. Manter um registro constante e atualizado da aplicao dos medicamentos Todos os medicamentos devem ser armazenados em condies adequadas e apenas funcionrios treinados devem realizar sua aplicao.

Sade animal As etapas anteriores garantem indiretamente um bom nvel de proteo contra doenas e auxiliam o produtor na diminuio dos gastos com sade. Infelizmente, nenhum animal est imune a eventuais enfermidades, sendo, portanto, de extrema importncia que o produtor conhea e aplique em sua propriedade tcnicas de preveno e combate s doenas. muito importante observar cotidianamente os animais com sinais de enfermidade e trat-los, com a devida orientao veterinria.

RECURSOS TECNOLGICOSA expanso da agricultura e a utilizao de novas tecnologias levam a uma crescente utilizao de maquinrios agrcolas, buscando menor custo por unidade produzida, maior rendimento operacional, eficincia e facilidade de trabalho. No entanto, importante saber escolher os equipamentos realmente necessrios para o seu empreendimento. E preciso tomar cuidado para evitar que, por causa da utilizao inadequada e da falta de manuteno destes implementos, os objetivos de eficincia no sejam alcanados.

Principais cuidados Providenciar vacinaes, vermifugaes e tratamento dos ectoparasitos nas pocas adequadas. No caso das vacas em lactao, realizar apenas os tratamentos estritamente necessrios e usar produtos indicados para a lactao, observando as recomendaes que acompanham o produto quanto ao perodo de descarte do leite para consumo. Seguir rigorosamente os perodos de carncia recomendados pelos fabricantes dos medicamentos (prazos entre a aplicao da medicao e o dia da utilizao do leite para consumo)

Escolha dos equipamentos agrcolas Para escolher o tipo de equipamento necessrio mecanizao de determinada operao, essencial conhecer as condies em que o trabalho ser realizado e o perodo de tempo previsto para conclu-lo. Portanto, preciso:

Determinar o rendimento do equipamento e conhecer a rea destinada a cada uma das culturas e o tempo necessrio para execuo de cada uma das operaes Procurar um equipamento que satisfaa as condies tcnicas necessrias e tenha os custos mais baixos (considerar conjuntamente os custos de compra e os de uso) A programao de um parque de mquinas deve ser efetuada levando em considerao a intensidade de utilizao dos equipamentos, pois, caso esta seja pequena, os custos tornam-se elevados demais Algumas vezes a escolha de mquinas polivalentes, o aluguel ou a utilizao em comum so alternativas mais adequadas Uso dos equipamentos Procure manter um controle de uso dos equipamentos, para saber mais sobre seu consumo de energia, estado de manuteno, revises, troca de peas etc. Algumas sugestes de planilhas de controle: Controle de consumo de combustvel Controle de custo de manuteno Controle de manuteno e lista de checagem

Manuteno dos equipamentos A manuteno preventiva uma forma de se antecipar ao problema, ou seja, diminuir as chances dos problemas aparecerem. A falta de manuteno preventiva levar maior necessidade de manuteno corretiva, que, normalmente possui um custo mais elevado por ser feita quando j h maior comprometimento de todo o sistema do maquinrio. Cuidados a serem tomados Lavar, lubrificar, engraxar rolamentos, cobrir com produto anticorrosivo ao final de cada uso e guardar os equipamentos em local protegido Fazer fichas individuais para cada equipamento, monitorando a periodicidade da reposio de peas e da troca de leo quando necessrio Guardar equipamentos com molas soltas, evitando a perda da tenso Montar um estoque de peas que geralmente precisam de reposio Trocar peas desgastadas ou que apresentam defeito Durante a entressafra, fazer revises nos maquinrios que apresentam maior necessidade de manuteno

PRODUOCombate a pragas e doenas Os agrotxicos so produtos qumicos, fsicos ou biolgicos que combatem ou exterminam pragas ou doenas que atacam os cultivares agrcolas. Apesar de ainda representarem a primeira escolha do produtor, sua utilizao, alm de inadequada devido aos seus impactos negativos ao meio ambiente , est ficando ultrapassada. O avano cientfico tem permitido o aparecimento de inmeras tcnicas de combate a doenas, minimizando cada vez mais os impactos causados no ambiente e melhorando o acesso do produtor a essas alternativas. Devido atual preocupao dos consumidores com sua sade e ao aumento de tcnicas alternativas, os agricultores que diminuram ou deixaram de utilizar agrotxicos tm ganhado cada vez mais espao. Formas alternativas de combate s pragas e doenas Manejo integrado de pragas, para minimizar a possibilidade de infestao Limpeza da propriedade: remoo de dejetos animais para lugares afastados, limpeza de esgotos e bueiros Utilizao de armadilhas para insetos, como as luminosas, e telas protetoras em locais fechados Utilizao de coberturas protetoras durante o cultivo (ensacamento das frutas ainda no p e plasticultura) Uso de plantas resistentes Controle Biolgico e Fisiolgico de pragas Aplicao de agrotxicos Caso seja absolutamente necessrio aplicar agrotxicos em sua propriedade, no deixe de seguir as seguintes recomendaes: Aplique apenas a dose necessria, segundo a recomendao do tcnico Observe periodicamente a plantao para detectar os problemas, antes que se alastrem demais Respeite o perodo de carncia entre cada aplicao No deixe pessoas ou animais entrarem na rea imediatamente aps a aplicao Armazene as substncias qumicas em locais afastados e seguros Mantenha um registro das aplicaes de agrotxicos realizadas

Colheita O momento da colheita de extrema importncia na produo agrcola, pois quando pode haver perdas na produo e quando os produtos podem ser contaminados caso no sejam bem manejados. Sem contaminao Os trabalhadores devem ter as mos limpas, unhas cortadas, no fumar e nem beber durante a colheita Colher os produtos com cuidado, evitando batidas, e nunca pegar os frutos do cho As frutas e verduras devem ser colocadas em recipientes limpos (lavados ou novos) sem tocar no solo Nunca utilizar recipientes de produtos qumicos e de fertilizantes para a colheita Colocar as frutas e verduras na sombra, longe de animais e de depsitos de agrotxicos e fertilizantes

Regular o equipamento antes do dia em que for utiliz-lo

Manejo de pastos Assim como as plantaes, as pastagens e outras reas verdes da propriedade (como as capineiras e remanescentes florestais) devem ser devidamente cuidadas, de modo a criar um ambiente saudvel, seguro e sustentvel para os animais e para regio como um todo. importante considerar a qualidade do solo e sua aerao, a biodiversidade, as reas sombreadas, e, at mesmo, as fontes alternativas de renda para o produtor. Boa pastagem Utilizar adubao orgnica e verde nos pastos Considerar o pastoreio rotativo de capins e outras forragens Aplicar tcnicas de conservao do solo, de modo a aumentar seu tempo de vida Plantar rvores e arbustos que sirvam para a alimentao dos animais, para fazer sombra e que possam produzir lenha

PS-PRODUOTransporte O transporte de alimentos destinados ao consumo humano deve garantir a integridade e a qualidade dos produtos, evitando sua contaminao e deteriorao. de fundamental importncia que o produtor garanta a qualidade do transporte, pois todos os esforos e gastos despendidos nas etapas de cultivo podem ser desperdiados se os produtos sofrerem avarias no caminho at o consumidor. Bom caminho Utilizar apenas veculos limpos, em bom estado de conservao e de acordo com as normas de trnsito Respeitar a quantidade mxima de armazenamento do veculo e a disposio adequada de acordo com o grau de fragilidade do produto Em meios de transporte abertos, deve-se utilizar algum tipo de cobertura sobre os produtos No realizar o transporte de produtos conjuntamente com animais, fertilizantes, agrotxicos ou outros produtos qumicos

Os trabalhadores ou outros funcionrios que participam do processo de carga e descarga devem seguir todas as regras de conduta e higiene utilizadas na propriedade. Utilizar caminhes refrigerados sempre que possvel Fazer o registro completo dos produtos transportados, do transporte e de quem transportou

Informao ao consumidor Comunique seu diferencial ao consumidor final: a empresa que se preocupa com BPAs e aplica isto no seu dia-a-dia diferente das demais. Esta diferena pode atrair novos clientes e oportunidades de negcios. Como pode ser observado ao longo desta primeira parte da apostila, produzir utilizando BPAs oferece uma srie de vantagens ambientais, sociais e econmicas. Mas as vantagens associadas a esta prtica s sero efetivamente alcanadas se as informaes referentes aos produtos produzidos com as BPAs chegarem aos consumidores.

Comunicao Diferencie-se: identifique na embalagem que seu produto foi produzido utilizando BPAs Melhore suas condies de venda: mostre que seus produtos so superiores mdia Alcance o consumidor: ele poder reconhecer seu produto na prateleira do supermercado, atravs de um selo informando como foi produzido

Rotulagem dos alimentos fundamental seguir as normas legais

A rotulagem dos alimentos deve ser feita exclusivamente nos estabelecimentos onde ocorre a sua elaborao ou fracionamento A rotulagem deve apresentar, obrigatoriamente, as seguintes informaes:

Denominao de venda

Painel principal

Tabela nutricional

SUCO INTEGRAL DE LARANJA

Identificao de origem

Lista de ingredientes

Marca, nome fantasia, denominao

Instrues de uso / Modo de preparar Lote / Validade

SAC

Cdigo de barras

Indstria brasileira Contedo lquido (ml)

ATIVIDADES AGROPECURIAS DO ESTADO DE SO PAULOVOTUPORANGA

FERNANDPOLIS JALES

ORLNDIA SOJOSDORIOPRETO BARRETOS FRANCA

GENERALSALGADO ANDRADINA

CATANDUVA ARAATUBA DRACENA LINS TUP JABOTICABAL RIBEIROPRETO SOJOODABOAVISTA ARARAQUARA

PRESIDENTEVENCESLAU

PRESIDENTEPRUDENTE

MARLIA BAURU JA

LIMEIRA MOGIMIRIM

ASSIS PIRACICABA OURINHOS BOTUCATU CAMPINAS AVAR PINDAMONHANGABA BRAGANAPta GUARATINGUET

ITAPETININGA

SOROCABA SOPAULO

MOGIDASCRUZES

ITAPEVA

REGISTRO

BANANADistribuioGeogrficadereacultivadaenmerodeprodutores

duas semanas aps a emisso da ltima penca: esta prtica auxilia na preveno da traa da banana, alm de aumentar o peso dos frutos, melhorar sua qualidade e acelerar sua maturao. A tcnica do ensacamento protege os frutos, mantm uma temperatura constante e melhora a sua aparncia. Deve ser realizada juntamente com a eliminao do corao. Para o escoramento, recomenda-se o uso de fio de polipropileno, que apresenta boa durabilidade, baixo custo e fcil manuseio. Na irrigao, utilizar a tcnica do gotejamento ou, no mximo, a microasperso, como forma de preveno de doenas como as Sigatokas.

Preste ateno! Com a aplicao de doses adequadas de fertilizante e calcrio (definidas aps anlise do solo), obtm-se um aumento mnimo de 50% na produtividade. Os cuidados com a colheita so essenciais, pois podem colocar em risco o acesso a novos mercados e a aceitao do pblico pelo produto. A construo de cmaras de maturao uma alternativa que agrega valor ao produto, pois a banana j oferecida climatizada aos atacadistas.

rea Plantada (ha) BANANA 0,10-64,70 64,71-236,70 236,71-684,60 684,61-2175,40 2175,41-5711,60 RegionalAgrcola DivisoMunicipal

Cultivares principais Nanica, Prata, Terra, Ma, Mysore e Figo. Clima Tropical mido. Melhores limites trmicos: de 20C a 24C. Solo Terras aluviais profundas, ricas em matria orgnica, bem drenadas e com boa capacidade de reteno de gua. Preferir reas planas ou com declividade abaixo de 8%, profundas, com mais de 1 metro e sem qualquer impedimento.

Boas prticas de cultivo Verificar as necessidades especficas de espaamento de plantio, de acordo com a variedade a ser produzida. Preferir mudas de meristema, pois possuem melhor qualidade sanitria e so menos sujeitas a vrus e outros patgenos. Em reas com grande adensamento de bananeiras, no necessrio fazer capinas aps a formao. O sombreamento produzido inibe o crescimento de mato. Recomenda-se fazer o desbaste quando os rebentos tiverem aproximadamente 25 cm, eliminando completamente o ponto. Em variedades suscetveis ao mal-do-panam, a tcnica do desbaste deve ser realizada com muito cuidado, para evitar contaminao das plantas sadias. Usar as folhas secas da bananeira para proteger o solo: espalh-las nas ruas do bananal como cobertura morta, fornecendo matria orgnica ao solo. O emprego de grade ou enxada rotativa no recomendado, pois facilita a contaminao pelo mal-do-panam. A eliminao do corao da bananeira dever ser feita

Colheita e processamento A colheita no deve ser realizada com o fruto maduro. Neste estgio, ele extremamente sensvel ao transporte e possui curto perodo de validade. Para determinar o ponto de colheita, deve-se sempre levar em considerao o mercado para onde se destina o produto e a distncia a ser percorrida. Para evitar danos aos frutos, recomenda-se que, nas espcies de maior porte (Nanica, Prata, Terra), a colheita seja realizada por dois trabalhadores. Para aumentar a economia, pode-se utilizar as prprias folhas das bananeiras como forma de proteo aos cachos durante a colheita. No empilhar os frutos no galpo de processamento. Assim, evitam-se o atrito e as leses visveis na casca. Embalagem e transporte O transporte dever ser realizado apenas em caixas apropriadas ou com os frutos devidamente dispostos e protegidos no caminho. A classificao dos frutos por tamanho importante, pois facilita as operaes e valoriza o produto. Comercializa-se a banana em cachos, para as indstrias, em pencas, nas regies mais remotas, e em buqus (at nove frutas), nos centros maiores. Utilizar apenas embalagens adequadas para comercializao dos frutos e sempre respeitar o volume adequado de produto por embalagem. Utilizar material de proteo para separar os buqus dentro das caixas. Sempre colocar nas embalagens rtulos, marcaes e certificados.

CAFDistribuioGeogrficadereacultivadaenmerodeprodutores

rea Plantada (ha) CAF 0,1-25 25,1-250 250,1-2000 2000,1-5500 5500,1-9800 RegionalAgrcola DivisoMunicipal

Cultivares principais Bourbon Amarelo, Mundo Novo, Acai, Catua Vermelho, Catua Amarelo, Icatu Vermelho, Icatu Amarelo, Icatu Precoce, Obat, Tupi, Apoat. Clima Tropical. Temperatura mdia anual entre 18oC e 22oC. Importante evitar geadas. Solo O cafeeiro exige solos profundos com boa aerao e drenagem. Evitar terrenos ngremes e pedregosos. Boas prticas de cultivo Sempre que possvel, adquirir as sementes para formao das mudas junto aos rgos oficiais. Assim, garante-se a utilizao de linhagens e cultivares adaptados e de alto padro fitossanitrio. recomendado o plantio de variedades resistentes ferrugem (como o lcatu, o Catua, o Obat e o

Tupi), visando diminuir a utilizao de insumos para controle dessa doena. A utilizao da palha de caf como cobertura morta nas ruas do cafezal inibe o desenvolvimento de plantas daninhas e contribui para o aumento da produtividade. O plantio de leguminosas nas entrelinhas dos cafeeiros contribui para a fixao de nitrognio no solo, o fornecimento de cobertura morta e a reteno da umidade, alm de reduzir o crescimento de ervas daninhas. O plantio em conjunto com leguminosas arbreas, frutferas ou outras espcies de maior porte promove o sombreamento do cafezal. Esta prtica pode melhorar a produo e fornecer alternativas nos perodos de quebra de safra atravs da comercializao da cultura adicional. Realizar a arruao quando os frutos estiverem prximos da maturao, antes que comecem a cair.

Colheita e processamento Limpar e reparar terreiro, lavadores, secadores, tulhas de armazenamento e mquinas de beneficiamento antes de iniciar a colheita. O caf s dever ser colhido quando os frutos estiverem no estgio de cereja (nunca colher frutos verdes). Alm disso, a colheita no deve ultrapassar um perodo de 2 a 3 meses. Para aumentar a qualidade do produto, recomenda-se a utilizao de colheita manual atravs de catao e derria no pano. Os frutos cados do origem a um produto de qualidade inferior e podem ser contaminados por fungos do solo, produtores de micotoxinas. Portanto, no os misture com o caf derriado no pano. Transporte o caf para o local de secagem, o mais rpido possvel. Jamais o deixe amontoado dentro ou fora do cafezal. Os frutos devem ser lavados e separados de gros chochos, pedras, paus e gros verdes. Procure obter a secagem mais uniforme possvel dos gros, esparramando-os no terreiro em camadas finas. Enleirar o caf todas as tardes e moviment-lo bastante para acelerar a secagem: somente amontoar o caf aps a meia-seca. Antes de armazenar ou beneficiar o caf, mant-lo no terreiro at que atinja 12% de umidade; convm sempre o cobrir noite e em caso de chuva. O armazenamento deve ser feito em local adequado: com baixa luminosidade, com condies de temperatura e umidade constantes e com bom arejamento. Para prevenir a reumidificao, somente carregar e descarregar os frutos em dias secos ou sob cobertura. Providenciar para que permaneam cobertos durante o transporte. Beneficiamento e estocagem Realizar o beneficiamento pouco tempo antes da comercializao do produto. Isso porque o caf em coco pode ser armazenado por longo perodo sem perder suas caractersticas como cor natural e graus de umidade. Fazer sempre o beneficiamento em equipamento adequado, o que oferece a segurana de obter-se um produto beneficiado de melhor qualidade. Para isso, as cooperativas agrcolas so uma boa opo.

Regular o descascador de acordo com especificao do fabricante. Assim, evita-se o surgimento de defeitos, como excesso de gros quebrados ou de marinheiros. O rebeneficiamento uma boa opo para melhorar a classificao comercial do produto. Para manter as caractersticas originais do caf, recomenda-se que a estocagem seja feita em local com baixa iluminao e em armazns bem construdos. Estocar as sacas de caf beneficiado em armazns de cooperativas uma excelente soluo para evitar maiores investimentos. Preste ateno! No deixe a qualidade e o valor do caf ser prejudicado pela falta de cuidado na colheita e no processamento. O caf orgnico um produto diferenciado, de maior valor agregado, cujo mercado tem crescido e se fortalecido ao longo dos anos. O cliente, sobretudo internacional, aprecia a qualidade do caf e paga mais por ela, o que compensa os eventuais acrscimos nos custos de produo.

CITRICULTURALARANJA Distribuio Geogrfica de rea cultivada e nmero de produtores

rea Plantada (ha) LARANJA 0,10-1243,40 1243,41-3887,30 3887,31-8441,50 8441,51-14791,50 14791,51-31671,40 RegionalAgrcola DivisoMunicipal

Cultivares copa Laranja: Lima, Hamlin, Salustiana, Pineapple, Bahia, Baianinha, Cara-cara, Rubi, Westin, Pra, Valncia. Tangerina e hbridos: Mexerica, Ponkan, Murcott, Lee, Nova, Page, Robinson. Limeira: Tahiti e Lima da Prsia. Pomeleira: Henderson, Flame e Star Ruby. Cultivares porta-enxerto Citrange: Carrizo, Morton, Troyer, Yuma Citrumelo: Sacaton, Swingle Limo: Cravo S, Rugoso Shaub, Volkameriano Tangerina: Clepatra, Sunki

Clima Subtropical e Tropical midos. Os frutos produzidos nos climas frios tm melhor colorao externa e tambm so dotados de acidez total mais equilibrada. Sob temperaturas mais altas, os frutos so menos coloridos externamente, com teores mais baixos de acidez, o que resulta em frutos mais doces, porm de paladar mais pobre. Solo Os solos de textura mdia so os mais indicados. Porm, as plantas adaptam-se a solos mais arenosos ou mais argilosos se os cuidados com a escolha do portaenxerto e/ou do sistema de irrigao forem adotados. A profundidade efetiva do solo deve ser de 1,00 a 1,20 m.

Boas prticas de cultivo Para a escolha da rea de implantao do pomar, o produtor dever levar em considerao os seguintes requisitos: acesso ao mercado consumidor, disponibilidade de gua no perodo de estiagem, clima, topografia e solo. A escolha de cultivares adaptados regio muito importante para a preveno de doenas e para a obteno de maior produtividade. O portaenxerto mais utilizado no Brasil o limo cravo. No entanto, recomenda-se que o produtor tenha em sua propriedade duas ou mais variedades de portaenxerto, pois a utilizao de apenas um favorece o aparecimento de doenas. O plantio dever ser realizado no incio da estao chuvosa, e a muda dever ser plantada acima do nvel do colo. Dessa forma, evita-se o afogamento do colo que favorece o aparecimento da gomose. Para um correto manejo da adubao, o produtor dever realizar a anlise do solo e a determinao do estado nutricional atravs de anlise foliar. Os espaamentos utilizados no incio do plantio facilitam o consrcio com outras culturas de ciclo curto e pequeno porte. Dessa forma, o produtor poder melhorar as caractersticas do solo, realizando o plantio conjunto de algumas leguminosas como o feijo-de-porco e a leucena. O controle de pragas dever ser realizado de forma parcimoniosa e sempre acompanhado por um tcnico. Dessa forma, evita-se o desequilbrio da populao de insetos, o que posteriormente auxilia na diminuio do ataque por pragas.

preferncia a utilizao de caixas plsticas limpas para evitar contaminao e danos aos frutos por amassamento. Deve-se evitar tambm o pisoteio da carga e a sobrecarga. Para a lavagem das frutas obrigatrio o uso de sanitizantes neutros, especficos para a cultura e recomendados pela legislao vigente. A qualidade da gua deve ser analisada periodicamente, e a gua residual dever ser encaminhada ao tratamento antes do retorno ao solo ou ao leito dos rios. Os principais produtos industrializados obtidos a partir de frutas ctricas so os sucos, apresentados em diferentes nveis de concentrao, e os subprodutos deste processamento, como leos, aromas e polpa.

Colheita e processamento Para a laranja que ser disponibilizada diretamente aos consumidores, deve-se efetuar a colheita com tesoura ou alicate de colheita, evitando a retirada de frutos com varas, ganchos ou pela agitao da plantas, pois estes procedimentos causam injrias aos frutos e a queda de flores. A colheita de laranjas destinadas para a indstria no necessita de tantos cuidados especficos. No colher os frutos molhados ou com orvalho, pois favorecem o apodrecimento e o aparecimento de manchas. Os frutos colhidos no devero entrar em contato com o solo, tambm no devem ser expostos ao sol, chuva ou misturados com frutos danificados e verdes. O transporte at a empacotadora deve ser feito em veculos e equipamentos adequados, limpos e higienizados. Dar

Embalagem e comercializao Os materiais utilizados nas embalagens devem estar em conformidade com as normas e recomendaes de sade e higiene, de forma a no causar danos aos frutos e permitir a paletizao, conforme o Palete Padro Brasileiro. No caso de comercializao em sacos, estes devem ser acondicionados em embalagens que atendam os requisitos de paletizao. As embalagens devem ser armazenadas, obrigatoriamente, em locais protegidos da entrada de pragas e outros animais, guardando-se as novas em local separado das usadas. Todas as embalagens devem ser rotuladas de acordo com a legislao vigente para identificao do produto e fins de rastreabilidade. O rtulo deve estar visvel ao comprador, mesmo quando as embalagens estiverem paletizadas, empilhadas ou em exposio. Os produtos devero ser armazenados em temperatura ideal e baixa umidade para evitar danos na etapa de comercializao. Preste ateno! As condies de armazenagem dependem da variedade, do local de cultivo e do estgio de maturao dos frutos. O processo de classificao dos frutos muito importante para a unificao da linguagem de mercado. S assim obteremos transparncia na comercializao, melhores preos para produtores e consumidores, menores perdas e melhor qualidade. Diversos outros produtos podem ser obtidos a partir das frutas ctricas, embora menos expressivos comercialmente, como pectina, gomos de fruta em calda, albedo em calda, albedo cristalizado, gelias, doces em massa, xaropes, licores, etc.

CITRICULTURATANGERINA Distribuio Geogrfica de rea cultivada e nmero de produtores LIMA Distribuio Geogrfica de rea cultivada e nmero de produtores

rea Plantada (ha) TANGERINA 0,10-28,70 28,71-88,70 88,71-211,60 211,61-450,90 450,91-811,00 RegionalAgrcola DivisoMunicipal

rea Plantada (ha) LIMA 0,10-6,20 6,21-21,70 21,71-50,00 50,01-185,90 185,91-554,60 RegionalAgrcola DivisoMunicipal

LIMO Distribuio Geogrfica de rea cultivada e nmero de produtores

LARANJA AZEDA Distribuio Geogrfica de rea cultivada e nmero de produtores

rea Plantada (ha) LIMO 0,10-79,60 79,61-316,50 316,51-1046,70 1046,71-2462,70 2462,71-3932,40 RegionalAgrcola DivisoMunicipal

rea Plantada (ha) LARANJA AZEDA 0,10-2,20 2,21-6,80 6,81-15,70 15,71-53,00 53,01-182,00 RegionalAgrcola DivisoMunicipal

MARACUJDistribuioGeogrficadereacultivadaenmerodeprodutores

Os frutos destinados ao processo industrial no requerem classificao. Neste caso, so comercializados a granel ou em sacos de nilon, tipo rede. Os maracujs devero ser embalados em locais cobertos, secos, limpos, de fcil higienizao e ventilados com dimenses de acordo com os volumes a serem acondicionados. Assim, os efeitos prejudiciais qualidade e conservao dos frutos so evitados.

rea Plantada (ha) MARACUJ 0,1-10 10,1-40 40,1-80 80,1-160 160,1-600 RegionalAgrcola DivisoMunicipal

Cultivares A espcie mais cultivada o maracuj amarelo. O maracuj roxo mais indicado para locais de alta altitude e climas mais frios. Clima Tropical e Subtropical. A faixa de temperatura mais favorvel entre 21C e 25C. Umidade relativa do ar em torno de 60%. Solo Os solos mais indicados so os arenosos ou levemente argilosos, profundos e bem drenados.

Boas prticas de cultivo A propagao por sementes mais adequada realidade brasileira, pois o mtodo mais barato e de mais fcil execuo. Utilizar sementes provenientes de vrios frutos colhidos em diferentes plantas, e no de muitos frutos da mesma planta, de modo a diminuir a incompatibilidade da lavoura. Instalar o viveiro em local de fcil acesso, plano ou levemente ondulado, distante de outros plantios de maracujazeiro ou estradas e prximo a uma fonte de gua de boa qualidade. A instalao de quebra-ventos importante no manejo das principais doenas bacterianas e fngicas que atacam a cultura. Para este procedimento, utilizar capim napier. A melhor poca de plantio de maio a outubro, em virtude da menor incidncia de pragas e doenas. A melhor prtica para eliminao de ervas daninhas a capina manual, associada ao uso de roadeira nas entrelinhas. Evitar a capina mecnica, pois esta pode trazer danos s razes. A polinizao artificial um passo importante no aumento da produtividade do maracujazeiro, pois eleva a taxa de

pegamento dos frutos em mais de 30% se comparada polinizao por insetos. A cada perodo de dois anos, dever ser realizada a renovao da cultura.

Colheita e processamento A colheita dever ser realizada atravs do corte do pednculo quando o fruto apresentar a colorao verde-amarelada. Evitar a catao dos frutos cados, pois reduz a vida de prateleira da fruta. Manusear os frutos com cuidado durante a colheita para evitar injrias e manter 0,5cm do pednculo para evitar perda de peso e ataque de micro-organismos. Caso o destino da produo seja a indstria de sucos, deve ser realizada a colheita do fruto completamente maduro, pois, desta forma, obtido um suco de qualidade superior. A armazenagem dos frutos colhidos dever ser realizada em local diferente dos frutos embalados. Os frutos devero ser separados, selecionados e tratados de acordo com os requisitos do mercado para cor, tamanho, formato e qualidade.

Transporte e comercializao No transporte para a casa de embalagens, os frutos devem ser acondicionados em caixas, em camada nica, para evitar injrias. Transportar a fruta em paletes, evitando colocar as embalagens diretamente no cho. Evitar a manipulao excessiva do produto. No transportar os frutos conjuntamente com outros tipos de carga e utilizar somente unidades de transporte que estejam em temperatura adequada, de forma a evitar possibilidades de contaminao e de danos ao produto. Os frutos devero ser separados, selecionados e tratados de acordo com os requisitos do mercado para cor, tamanho, formato e qualidade. Uma tima alternativa para agregar valor aos frutos de qualidade infe